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DIREITO PREVIDENCIÁRIO 4 O DIREITO PREVIDENCIÁRIO (CONCEITO E OBJETO DE ESTUDO). O Decreto nº 4.682/23 foi a primeira norma a tratar de Previdência Social, estabelecendo um sistema de benefícios para os ferroviários. A segunda norma previdenciária de relevo foi a Lei nº. 3.807/60, que estabeleceu a organização da Previdência Social, instituindo benefícios, tanto que foi chamada de Lei Orgânica da Previdência Social. As regras atuais sobre previdência social estão esculpidas nos arts. 201 e 202 da Constituição Federal. A Lei nº. 8.213, de 24-7-91, trata dos benefícios da Previdência Social. A Lei 8.212/91 trata do custeio da previdência. O Decreto nº. 3.048/99 é o regulamento da Previdência Social. 4.1 Denominação. A Constituição de 1934 utilizou pela primeira vez a expressão “previdência”, embora não a adjetivasse de “social” (art. 121, § 1º, h). A Carta Magna de 1937 empregou a expressão “seguro social”, que era a denominação empregada na época. Não era utilizada a expressão “previdência social”. É com a Constituição de 1946 que surge pela primeira vez a expressão “previdência social”. Na Constituição de 1967, a expressão usada era “previdência social” (art. 158, XVI). O Decreto nº 4.682/23 foi à primeira norma a tratar de previdência social, estabelecendo um sistema de benefícios para os ferroviários. O inciso XVI do art. 165 da Emenda Constitucional nº 1, de 1969, previa a previdência social para certas contingências. Indica o art. 194 da Constituição Federal de 1988 que a Seguridade Social é o gênero, sendo uma de suas espécies a Previdência Social. 4.2 Conceito. Previdência vem do latim pre videre, ver com antecipação as contingências sociais e procurar compô-las, ou de praevidentia, prever, antever. O art. 1º da Lei nº 8.213 dispõe que “a Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensável de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente”. Estabelece o art. 1º da Lei nº. 8.213 que a Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar a seus beneficiários meio indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. A definição de Previdência Social do art. 1º da Lei nº 8.213 toma por base a finalidade da previdência social quanto às contingências a serem cobertas. Wladimir Novais Martinez (1992:99) conceitua a previdência social “como a técnica de proteção social que visa propiciar os meio indispensáveis à subsistência da pessoa humana – quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes”. Segundo Nair Lemos Gonçalves (1976:18), “o evidente propósito de, antecipadamente, reunir recursos dos interessados e organizar mecanismos que pudessem e possam atender a contingências sociais prováveis e futuras. É isso a previdência social”. Segundo Sérgio Pinto Martins, “é a previdência social o segmento da Seguridade Social, composta de um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, contra contingências de perda ou redução da sua remuneração, de forma temporária ou permanente, de acordo com a previsão da lei”. A Previdência Social é de um dos segmentos, das partes do Direito da Seguridade Social. Este é o gênero, que abrange a Previdência Social com espécie. A Previdência Social não é, portanto, AUTÔNOMA em relação ao Direito da Seguridade Social, segundo Sérgio Pinto Martins. Para Sérgio Pinto Martins, podemos concluir que os princípios da Previdência Social estão previstos no art. 2º da lei nº 8.213. As principais regras são a Lei nº. 8.213/91, que trata dos benefícios da Previdência Social, e o Decreto nº. 3.048/99, que é o regulamento da Previdência Social. São as principais instituições o INSS e o Ministério da Previdência Social. Para Sérgio Pinto Martins, o objetivo da Previdência Social é estabelecer um sistema de proteção social para proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família. O regime previdenciário depende de contribuição por parte do próprio segurado, ao contrário do regime de assistência social, em que o segurado não precisa ter contribuído para ter direito ao benefício. Meios indispensáveis de manutenção do segurado dizem respeito à sua sobrevivência, a condições mínimas de vida. Pode-se verificar esses meios no inciso IV do art. 7º da Constituição Federal quando menciona os componentes do salário mínimo. Assim, seriam meios indispensáveis moradia, alimentação, educação, saúde, lazer vestuário, higiene, transporte. O benefício deve garantir também pelo menos um salário mínimo ao segurado (§ 2º do art. 201 da Constituição). É uma forma de preservar a dignidade da pessoa humana. As contingências são decorrentes de perda ou diminuição de ganhos, como: a) Causas decorrentes de questões relacionadas ao trabalho, em que são exemplos as doenças profissionais e acidente do trabalho; b) Causas não determinadas pelo trabalho, como maternidade, velhice, morte, doença não profissional; c) Causas econômicas, como o desemprego. As contingências previstas em lei são as seguintes: doença, invalidez, morte, velhice, maternidade, desemprego, conforme previsão do art. 201 da Constituição. Sérgio Pinto Martins ainda define previdência social da seguinte maneira: “Em verdade, a previdência social é eficiente meio de que se serve o Estado moderno na redistribuição da riqueza nacional, visando ao bem-estar do indivíduo e da coletividade, prestado, por intermédio das aposentadorias, como forma de reciclagem da mão-de-obra e oferta de novos empregos”. Já Carlos Alberto Pereira e João Batista Lazzari, no seu Manual de Direito Previdenciário, dizem que “Previdência Social é o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas a algum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardadas quanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a lei considera que exijam um amparo financeiro ao individuo (maternidade, prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefícios previdenciários) ou serviço. Desde a inserção das normas relativas ao acidente de trabalho na CLPS/84, e, mais atualmente, com a isonomia de tratamentos dos beneficiários por incapacidade não decorrente de acidente em serviço ou doença ocupacional, entende-se incorporada à Previdência a questão acidentaria. É, pois, uma política governamental”. Para eles “A Seguridade Social abrange tanto a Previdência Social como a Assistência Social (prestações pecuniárias ou serviços prestados a pessoas alijadas de qualquer atividade laborativa), e a Saúde Pública (fornecimento de assistência médico-hospitalar, tratamento e medicação), estes dois últimos sendo prestações do Estado devidas Porém, estes autos delimitam o Direito Previdenciário como ramo autônomo do Direito, dizendo que: “O Direito Previdenciário, ramo do Direito Público, tem por objeto estudar, analisar e interpretar os princípios e as normas constitucionais, legais e regulamentadores que se referem ao custeio da Previdência Social – que, no caso do ordenamento estatalvigente, também serve como financiamento das demais vertentes da Seguridade Social, ou seja, Assistência Social e Saúde –, bem como os princípios e normas que tratam das prestações previdenciárias devidas a seus beneficiários”. Completando, o manual destes autores nos ensina que “Fogem ao estudo do Direito Previdenciário as normas que tratam da atuação estatal no campo da Saúde e da Assistência Social, pois envolvem outros princípios e regras, guardando identidade apenas em relação ás fontes de custeio”. O manual destes autores nos ensina que “Fogem ao estudo do Direito Previdenciário as normas que tratam da atuação estatal no campo da Saúde e da Assistência Social, pois envolvem outros princípios e regras, guardando identidade apenas em relação ás fontes de custeio”. (Grifou-se) Esta visão é diferente da de Sérgio Pinto Martins, e é importante se estudar as duas para se perceber que o Direito Previdenciário ainda tem profundas divergências doutrinárias acerca de seu conceito. 4.2 Objetivo do Direito Previdenciário – Objeto de Estudo. Para este mesmo autor, “O Direito Previdenciário nasce com o Direito do Trabalho, tendo por objetivo minorar as diferenças de classes, de modo a assegurar uma vida digna ao trabalhador. Teve, também, por intuito, diminuir as diferenças sociais entre os trabalhadores e distribuir renda”. A Previdência Social consiste, portanto, em uma forma de assegurar ao trabalhador, com base no princípio da solidariedade, benefícios ou serviços quando seja atingido por uma contingência social. Entende-se, assim, que o sistema é baseado na solidariedade humana, em que a população ativa deve sustentar a inativa, os aposentados. As contingências sociais seriam justamente o desemprego, a doença, a invalides, a velhice, a maternidade, a morte etc. Assim, Sérgio Pinto Martins conclui que “Direito Previdenciário é o sistema que estabelece benefícios ou serviços para as contingências definidas em lei, mediante contribuição por parte do segurado. É uma espécie de política publica”. Porém, como já visto acima, Carlos Alberto Pereira e João Batista Lazzari, no seu Manual de Direito Previdenciário, têm visão diferente. O manual destes autores nos ensina que “Fogem ao estudo do Direito Previdenciário as normas que tratam da atuação estatal no campo da Saúde e da Assistência Social, pois envolvem outros princípios e regras, guardando identidade apenas em relação ás fontes de custeio”. (Grifou-se) Por fim, registra-se o entendimento que, em razão das significativas alterações introduzidas na ordem jurídica vigente pelas Emendas nº’s. 3/93, 20/98 e 41/2003, a relação jurídica envolvendo os ocupantes de cargos públicos efetivos e vitalícios e seus dependentes, no que tange às aposentadorias e pensões, e os entes públicos mantenedores dos regimes previdenciários de que trata o art. 40 da Constituição é de natureza eminentemente previdenciária, guardando cada vez mais similaridade com os benefícios do Regime Geral, razão pela qual pertence, desde então, ao campo de estudo do Direito Previdenciário, e não mais do Direito Administrativo, como tradicionalmente ocorria. Nesse diapasão, esta obra também faz menção aos direitos estampados no art. 40 da Carta Magna. TRABALHO Aluna: Amanda Izabele Lima Franquilin Período: 9º Turno: Noturno Turma: B Data:10/05/2022 Professor: Frederico Fernandes Dutra Exercício a ser realizado individualmente, em sala de aula, a ser entregue até o final da próxima aula. O trabalho deve ser digitado. O trabalho deve ter 02 (duas) laudas (páginas), aproximadamente. Valor do Trabalho = 03 (três) pontos. Responda as questões abaixo formuladas: 1 Para os doutrinadores, qual o fator preponderante para que uma ciência seja considerada autônoma em relação às demais ciências? E com relação aos ramos de uma mesma ciência? Quando se trata de decidir como a ciência existe e se desenvolve, cabe à própria comunidade científica escolher entre teorias (no termo de Lacey, valores cognitivos) de acordo com seus valores internos, o valor fundamental do próprio conhecimento como fim. Na concepção científica ortodoxa, todos esses valores são considerados universais e atemporais e, portanto, superiores aos valores sociais, que variam entre as culturas e ao longo do tempo. Mais especificamente, autonomia constitui a afirmação de que a prática científica está livre de interferências externas de natureza religiosa, política ou ideológica. Significa uma ciência não acima, mas ao lado de outras instituições e outras formas de conhecimento, incluindo o conhecimento tradicional. Um mestre da ciência que controla seu destino, mas cujas decisões são baseadas no diálogo com o resto da sociedade e outras visões de mundo. Uma ciência que ouve críticas sérias contra eles em vez de rejeitá-los como retrógrados, ignorantes e irracionais. Uma ciência que não despreza as artes e humanidades no âmbito acadêmico, não atua como potência imperialista e impõe suas formas práticas, métodos e critérios de avaliação a toda a universidade. Uma ciência capaz de autocrítica e capaz de perceber que toda crítica, no sentido pleno da palavra, envolve valores sociais e não pode ser realizada no mundo conceitual da ciência da desilusão. Na relação entre o homem e a natureza, há uma ciência não em harmonia com o gesto de controle, mas uma ciência em harmonia com o gesto de autocontrole. 2 Considerando a resposta da questão anterior. Considerando as diferentes visões dos doutrinadores Sérgio Pinto Martins e de Carlos Alberto Pereira e João Batista Lazzari, conforme exposto na apostila, defina qual o seu entendimento acerca da autonomia do Direito Previdenciário. Explique e fundamente sua resposta. Os institutos que informam o Direito Previdenciário O órgão que desenvolve o direito previdenciário possui conceitos, princípios e regras próprias, que definem o conceito de relação jurídica previdenciária, determinam o segurado, carência, filiação, benefícios, cadastro, carência, cálculo de custos, etc. Comparando ramos do direito, vale notar que nenhuma instituição previdenciária é derivada do vínculo empregatício, por exemplo, quando se percebe que todo empregado - sujeito do vínculo empregatício - é segurado, mas nem todos os inscritos previdenciários. empregado. Por fim, as relações de trabalho, e mesmo os empregos, são baseados na existência de contratos, enquanto os vínculos dos titulares de pensões são baseados na lei. São ramos do direito com a mesma origem, mas com regras e instituições completamente diferentes. 3 A diferença de visão entre os autores acima citados, acerca da autonomia do Direito Previdenciário, gera diferença de visão acerca do objetivo (objeto de estudo) do Direito Previdenciário? Explique e fundamente sua resposta. Sendo a previdência social uma forma de proteger os trabalhadores nos princípios da solidariedade, bem-estar ou serviço quando são afetados por contingências sociais. Assim, compreende-se, portanto, que o sistema se baseia na solidariedade humana, onde a população ativa deve apoiar os aposentados inativos. As emergências sociais são precisamente o desemprego, a doença, a invalidez, a velhice, o parto, a morte, etc. Percebe-se que apesar das dificuldades e tamanho do sistema previdenciário brasileiro, devemos sempre buscar atingir seus objetivos, pois esta é a forma mais eficaz de melhorar a qualidade de vida da sociedade.
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