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Cistos odontogênicos e não odontogênicos

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1 Propedêutica Cirúrgica II 
POPEDÊUTICA CIRÚRGICA II
Cistos 
Definição: Um cisto é uma cavidade 
patológica (muitas vezes preenchida 
por líquido ou material semissólido) 
que é revestida por epitélio. Há uma 
variedade de cistos do 
desenvolvimento de cabeça e 
pescoço. 
Classificação: 
1. Cistos não odontogênicos: 
- Cisto nasolabial; 
- Cisto do ducto nasopalatino; 
- Cisto palatino mediano; 
- Cisto dermoide; 
- Cisto do ductotireoglosso 
2. Cistos odontogênicos 
a. Cistos de origem inflamatória 
b. Cistos de desenvolvimento 
Cistos não odontogênicos 
Alguns foram historicamente 
considerados cistos “fissurais”, 
porque se acreditava que eles se 
originavam do epitélio aprisionado 
ao longo das linhas de fusão dos 
processos embrionários. Porém, o 
conceito de uma origem fissural 
para muitos desses cistos tem sido 
questionado nos últimos anos. Em 
vários casos, a patogênese exata 
dessas lesões é ainda incerta. 
Independentemente da sua origem, 
os cistos se desenvolvem na região 
oral e maxilofacial, tendem a 
aumentar aos poucos de tamanho, 
possivelmente em resposta a um 
discreto aumento da pressão 
hidrostática luminal. 
1. CISTO NASOLABIAL (CISTO 
NASOALVEOLAR, CISTO DE 
KLESTADT) 
O cisto nasolabial é um cisto do 
desenvolvimento raro que ocorre 
no lábio superior, lateral à linha 
média. A sua patogênese é 
desconhecida. Uma teoria considera 
o cisto nasolabial um cisto “fissural” 
originado de remanescentes 
epiteliais aprisionados ao longo da 
linha de fusão do processo maxilar, 
processo nasal mediano e processo 
nasal lateral. 
Características Clínicas e 
Radiográficas: O cisto nasolabial em 
geral se apresenta como um 
aumento de volume do lábio 
superior lateralmente à linha média, 
resultando na elevação da asa do 
nariz. Muitas vezes, o aumento eleva 
a mucosa do vestíbulo nasal e causa 
apagamento do fundo de vestíbulo. 
Em alguns casos, essa expansão 
pode resultar em obstrução nasal ou 
interferir na utilização de uma 
prótese. A dor é rara, exceto 
quando a lesão está 
secundariamente infectada. O cisto 
pode se romper de forma 
espontânea e drenar para a 
cavidade oral ou nasal. 
Os cistos nasolabiais são 
observados com maior frequência 
em adultos, com pico de 
prevalência na quarta e quinta 
décadas de vida. Existe uma 
predileção significante pelo 
gênero feminino. Como o cisto 
nasolabial origina-se nos tecidos 
moles, na maioria dos casos não 
há alterações radiográficas. Em 
 
2 Propedêutica Cirúrgica II 
alguns casos, pode ocorrer 
reabsorção do osso subjacente pela 
pressão exercida pelo cisto. 
 
Tratamento: O tratamento de 
eleição consiste na remoção 
cirúrgica total por acesso intraoral. 
Como a lesão geralmente está 
próxima ao assoalho nasal, muitas 
vezes é necessário retirar uma parte 
da mucosa nasal para garantir a 
remoção completa da lesão. No 
entanto, desenvolveu-se uma 
abordagem alternativa via cavidade 
nasal que permite a marsupialização 
endoscópica da lesão, convertendo 
o cisto em uma cavidade contendo 
ar com a sua abertura para o 
assoalho nasal. A recidiva é rara. 
2. CISTO DO DUCTO 
NASOPALATINO (CISTO DO 
CANAL INCISIVO) 
O cisto do ducto nasopalatino é o 
cisto não odontogênico mais 
comum da cavidade oral. Acredita-
se que ele se origine de 
remanescentes do ducto 
nasopalatino, uma estrutura 
embrionária que liga a cavidade 
nasal e oral na região do canal 
incisivo. 
Características Clínicas e 
Radiográficas: O cisto do ducto 
nasopalatino pode se desenvolver 
praticamente em qualquer idade, 
porém é mais comum entre a 
quarta e a sexta década de vida. 
Apesar de ser um cisto do 
“desenvolvimento”, o cisto do ducto 
nasopalatino é raramente observado 
durante a primeira década de vida. 
Tem predileção pelo gênero 
masculino. Os sintomas mais 
comuns incluem tumefação da 
região anterior do palato, 
drenagem e dor. Às vezes, os 
pacientes relatam uma história longa 
desses sintomas, provavelmente 
devido à sua natureza intermitente. 
Em raros casos, um cisto grande 
pode produzir uma expansão 
“completamente” flutuante, 
envolvendo a região anterior do 
palato e a mucosa alveolar. 
 
As radiografias geralmente 
exibem uma lesão radiolúcida 
bem circunscrita próxima ou na 
linha média da região anterior de 
maxila, entre os ápices dos 
incisivos centrais. A reabsorção 
radicular é raramente notada. A 
lesão em geral é redonda ou oval, 
com uma borda esclerótica. Alguns 
cistos podem ter um formato de 
pêra invertida, possivelmente 
devido à resistência das raízes dos 
dentes adjacentes. Outros casos 
podem exibir o formato clássico de 
coração, como resultado da 
sobreposição da espinha nasal ou 
pela chanfradura causada pelo 
septo nasal. 
 
3 Propedêutica Cirúrgica II 
 
3. CISTO PALATINO (PALATAL) 
MEDIANO 
Cisto fissural raro, teoricamente se 
desenvolve do epitélio retido ao 
longo da linha de fusão embrionária 
das cristas palatinas laterais da 
maxila. 
Características Clínicas e 
Radiográficas: O cisto palatino 
mediano se apresenta como uma 
tumefação firme ou flutuante na 
linha média do palato duro, 
posterior à papila incisiva. A lesão 
é observada mais frequentemente 
em adultos jovens. Muitas vezes, a 
lesão é assintomática, porém 
alguns pacientes relatam dor ou 
expansão. O tamanho médio desse 
cisto é de 2 x 2 cm, porém algumas 
vezes ele pode se tornar maior. As 
radiografias oclusais revelam uma 
lesão radiolúcida na linha média 
do palato duro. 
 
 
Tratamento e Prognóstico: O cisto 
palatino mediano é tratado pela 
remoção cirúrgica. A recidiva não 
é esperada. 
4. CISTO DERMÓIDE 
O cisto dermoide ou também 
chamado de epidermoide, consiste 
em uma malformação cística do 
desenvolvimento incomum. Tal cisto 
é revestido por epitélio semelhante 
à epiderme, e na parede, contém 
estruturas anexas da derme. 
Geralmente é considerado uma 
forma cística benigna do teratoma. 
Características Clínicas e 
Radiográficas: Os cistos dermoides 
ocorrem com mais frequência na 
linha média do assoalho da boca, 
ainda que às vezes estejam 
deslocados lateralmente no 
assoalho bucal ou em outras 
localizações. Pode desenvolver em 
diversas áreas do corpo, porém, é 
na boca a localização mais 
frequente. 
Quando o cisto se desenvolve 
abaixo do músculo gêniohióideo, 
uma tumefação sublingual pode 
deslocar a língua superiormente e 
causar dificuldades na deglutição, 
na fonação ou até na respiração. Os 
cistos que surgem acima do 
músculo gênio-hioideo produzem, 
muitas vezes, uma tumefação 
 
4 Propedêutica Cirúrgica II 
submentoniana, com aparência de 
“queixo duplo”. Os cistos dermóides 
da cavidade oral podem variar de 
alguns poucos milímetros até 12 cm 
de diâmetro. São mais frequentes 
em crianças e adultos jovens; 15% 
dos casos relatados são de origem 
congênita. Geralmente, a lesão 
cresce aos poucos sem provocar 
dor, se apresentando como uma 
massa borrachoide ou pastosa, 
que em geral retém a marca dos 
dedos após pressão digital. Pode 
haver infecção secundária, e a 
lesão pode drenar para o interior 
da cavidade oral ou para a pele. 
 
Tratamento e Prognóstico: Os cistos 
dermoides são tratados por 
remoção cirúrgica. Aqueles 
localizados abaixo do músculo 
gênio-hioideo podem ser removidos 
por incisão intraoral, e os situados 
abaixo do músculo gênio-hióideo 
podem necessitar de um acesso 
extraoral. A recidiva é incomum. 
São raros os relatos de 
transformação maligna em 
carcinoma epidermoide. 
5. CISTO DO DUCTO 
TIREOGLOSSO 
Este cisto é originário da 
proliferação de remanescentes 
epiteliais do trato tireoglosso 
embrionário (do forame cego da 
língua e a glândula tireoide). Em 
60% a 80% dos casos, o cisto se 
desenvolve abaixo do osso hioide. 
Características clínicas: Os cistos do 
ducto tireoglosso podem se 
desenvolver em qualquer idade,porém eles são mais 
diagnosticados nas duas 
primeiras décadas de vida. Não há 
predileção por gênero. 
Geralmente, o cisto apresenta-se 
como uma tumefação móvel, 
flutuante e indolor, a menos que 
se complique por uma infecção 
secundária. 
 
O seu desenvolvimento é lento, 
assintomático, podendo variar de 
tamanho e posição ao longo do 
trajeto entre o forame cego na 
língua e a região da glândula 
tireoide. 
Tratamento e Prognóstico: Os cistos 
do ducto tireoglosso são mais bem 
tratados pela técnica cirúrgica de 
Sistrunk. Nessa cirurgia, o cisto é 
removido junto com o segmento 
medial do osso hioide e uma ampla 
porção do tecido muscular ao longo 
de todo o trato tireoglosso. A taxa 
de recidiva associada a esse 
procedimento é baixa. O 
carcinoma que se origina do cisto 
do ducto tireoglosso é uma 
complicação rara que ocorre em 
aproximadamente 1% a 2% dos 
casos. Na maioria deles, são 
adenocarcinomas papilares da 
 
5 Propedêutica Cirúrgica II 
tireoide. Felizmente, as metástases 
do carcinoma do ducto tireoglosso 
são raras, e o prognóstico para os 
pacientes com esses tumores é 
bom. 
Cistos odontogênicos 
Em raras exceções, cistos com 
revestimento epitelial nos ossos do 
corpo são vistos somente nos ossos 
gnáticos. Com exceção de alguns 
cistos que devem ser oriundos da 
inclusão do epitélio ao longo das 
linhas de fusão dos processos 
embrionários, a maioria dos cistos 
são revestidos por epitélio, que se 
derivam do epitélio odontogênico. 
Eles são denominados cistos 
odontogênicos. 
Os cistos odontogênicos são 
subclassificados de acordo com a 
sua origem como de 
desenvolvimento ou inflamatório. Os 
fatores precipitantes que iniciam a 
formação dos cistos de 
desenvolvimento são 
desconhecidos, porém essas lesões 
não sugerem ser resultantes de uma 
reação inflamatória. Os cistos 
inflamatórios são resultado de uma 
inflamação. 
a. Cistos de Desenvolvimento 
1.Cisto dentígero; 
2.Cisto de erupção; 
3.Queratocisto; 
4.Cisto odontogênico ortoqueratinizado; 
5.Cisto gengival (alveolar) do recém-
nascido; 
6.Cisto gengival do adulto e Cisto 
periodontal lateral; 
7.Cisto odontogênico calcificante; 
8.Cisto odontogênico glandular; 
9. Cisto odontogênico botrioide. 
b. Cistos de origem Inflamatória 
Cisto radicular; 
Cisto residual (radicular); 
Cisto da bifurcação vestibular. 
Cistos odontogênicos de 
desenvolvimento 
1. CISTO DENTÍGERO (FOLICULAR) 
O cisto dentígero é definido como 
um cisto que tem origem pela 
separação do folículo que 
circunda a coroa de um dente não 
erupcionado. Este é o tipo mais 
comum de cisto odontogênico de 
desenvolvimento, totalizando cerca 
de 20% de todos os cistos com 
revestimento epitelial nos ossos 
gnáticos. O cisto dentígero envolve 
a coroa de um dente incluso e 
está aderido ao dente em sua 
junção amelocementária. A 
patogênese desse cisto é incerta; 
entretanto, aparentemente se 
desenvolve a partir do acúmulo de 
fluido entre o epitélio reduzido do 
esmalte e a coroa do dente. 
Características Clínicas e 
Radiográficas: Embora o cisto 
dentígero possa ocorrer em 
associação a qualquer dente 
incluso, é mais frequente o 
acometimento dos terceiros 
molares inferiores, sendo 
responsável por cerca de 65% de 
todos os casos. Outros sítios 
envolvidos relativamente frequentes 
incluem os caninos superiores, 
terceiros molares superiores e 
segundos pré-molares inferiores. É 
raro os cistos dentígeros 
acometerem os dentes decíduos 
não erupcionados. Apesar de os 
cistos dentígeros poderem ser 
 
6 Propedêutica Cirúrgica II 
encontrados em uma ampla faixa 
etária, eles são descobertos mais 
comumente nos pacientes entre 
os 10 e 30 anos de idade. Têm 
leve predileção pelo gênero 
masculino. Pequenos cistos 
dentígeros são assintomáticos e 
descobertos apenas em exames 
radiográficos de rotina, ou 
quando são realizadas imagens 
radiográficas para determinar a 
falta de erupção de um dente. 
Cistos dentígeros podem crescer 
até um tamanho considerável, e 
amplos cistos podem estar 
associados à expansão óssea 
dolorosa na região acometida. 
Lesões extensas podem resultar 
em assimetria facial. Grandes 
cistos dentígeros são incomuns, e a 
maioria das lesões que são 
consideradas cistos dentígeros 
extensos nos exames radiográficos 
podem, na realidade, tratar-se de 
queratocisto ou ameloblastoma. Os 
cistos dentígeros podem estar 
infectados e associados a aumento 
de volume e dor. Tais infecções 
podem aparecer em cistos 
dentígeros associados a dentes 
parcialmente erupcionados ou por 
extensão de lesão periapical ou 
periodontal que acomete os dentes 
adjacentes. 
 
Radiograficamente, os cistos 
dentígeros demonstram uma área 
radiolúcida unilocular associada à 
coroa de um dente incluso. É 
comum que a lesão radiolúcida 
possua margens bem definidas e 
em geral com margens 
radiopacas, porém um cisto 
infectado pode apresentar 
margens pouco definidas. Um 
cisto dentígero de grandes 
proporções pode dar a impressão 
de aspecto multilocular por 
apresentar persistência de 
trabeculado ósseo dentro da 
imagem radiolúcida. A relação cisto-
coroa demonstra diversas variações 
radiográficas. Na variante central, 
que é a mais comum, o cisto 
circunda a coroa de um dente e a 
coroa se projeta para dentro do 
cisto. 
 
A variante lateral é em geral 
associada a um terceiro molar 
inferior impactado com inclinação 
mesioangular parcialmente 
erupcionado. O cisto cresce 
lateralmente ao longo da 
superfície radicular e circunda de 
forma parcial a coroa do dente. 
 
 
7 Propedêutica Cirúrgica II 
Na variante circunferencial, o 
cisto envolve a coroa e estende-
se por uma determinada distância 
ao longo da raiz; com isso, uma 
parte da raiz aparente se encontra 
dentro do cisto. 
 
Os cistos dentígeros podem 
deslocar o dente acometido 
alcançando distâncias 
consideráveis. Pode acontecer 
reabsorção radicular de um dente 
adjacente erupcionado. 
Tratamento e Prognóstico: O 
tratamento mais comum para o 
cisto dentígero é a enucleação 
cuidadosa do cisto junto com a 
remoção do dente não 
erupcionado. Se a erupção do 
dente acometido é considerada 
possível, então se opta por deixar o 
dente na posição após a remoção 
parcial da parede cística. Alguns 
pacientes podem necessitar de 
tratamento ortodôntico para auxiliar 
no processo de erupção do dente. 
Extensos cistos dentígeros podem 
também ser tratados pela 
marsupialização. Esta técnica 
permite a descompressão do 
cisto, que tem como resultado a 
redução do tamanho do defeito 
ósseo. O cisto pode ser removido 
em momento posterior, em um 
procedimento cirúrgico menos 
extenso. O prognóstico para a 
maior parte dos cistos dentígeros 
é excelente, e a recidiva é rara 
após a remoção completa do 
cisto. 
2. CISTO DE ERUPÇÃO 
(HEMATOMA DE ERUPÇÃO) 
O cisto de erupção é um análogo, 
do tecido mole, do cisto dentígero. 
O cisto se desenvolve a partir do 
resultado da separação do folículo 
dentário que envolve a coroa de 
um dente em erupção que está 
recoberto pelos tecidos moles do 
osso alveolar sobrejacente. 
Características Clínicas: O cisto de 
erupção aparece como um 
pequeno aumento de volume, 
muitas vezes translúcido na 
mucosa gengival que se sobrepõe 
à coroa de um dente decíduo ou 
um dente permanente em estágio 
de erupção. A maioria dos 
exemplos é observada em 
crianças com menos de 10 anos 
de idade. Embora o cisto possa 
ocorrer em qualquer dente em 
erupção, a lesão é mais 
comumente associada aos 
incisivos centrais inferiores 
decíduos, aos primeiros molares 
permanentes e aos incisivos 
superiores decíduos. Trauma na 
região pode resultar em uma 
considerável quantidade de sangue 
na cavidade cística, que confere 
uma coloração de aspecto azulado a 
marrom-arroxeada. Tais lesões são, 
por vezes, referidascomo 
hematomas de erupção. 
 
 
8 Propedêutica Cirúrgica II 
Aspectos histológicos: O 
revestimento epitelial do cisto, 
originário do epitélio reduzido do 
esmalte, é constituído por 2 a 3 
camadas celulares de epitélio 
estratificado e, pela presença 
constante de células inflamatórias 
agudas. 
Tratamento e Prognóstico: Pode não 
ser necessário tratamento, pois o 
cisto em geral se rompe de forma 
espontânea, permitindo a erupção 
do dente. Se isto não acontecer, 
uma simples incisão no teto do cisto 
(ulotomia) geralmente permite a 
aceleração no processo de erupção 
do dente. 
3. QUERATOCISTO (CISTO 
PRIMORDIAL) 
Características clínicas e patogenia: 
O cisto primordial é pouco 
frequente, assintomático a menos 
que se torne secundariamente 
infectado e, raramente apresenta 
manifestações clínicas evidentes. 
Quando alcança um grande 
tamanho, geralmente envolvendo o 
ramo ascendente da mandíbula, 
pode apresentar tumefação e 
relato de dor. A mandíbula é mais 
envolvida em relação à maxila, 
ocorrendo a maior frequência na 
região de 3º molar inferior (76%), 
podendo, entretanto, desenvolver 
em qualquer parte dos maxilares, 
inclusive na linha média da 
mandíbula e maxila. A lesão é mais 
comum em homens e é 
diagnosticada usualmente entre a 
2ª e 3ª décadas. 
 
Características radiográficas: A 
imagem radiográfica apresenta 
áreas de lise óssea radiolúcidas 
arredondadas ou ovoides, uni ou 
multiloculares, com contornos 
nítidos (margem esclerosada 
radiopaca), podendo, em 
determinadas partes, apresentar 
limites não precisos (difusos). A 
presença de margem recortada 
sugere uma atividade desigual de 
crescimento em diferentes partes do 
revestimento cístico. Também pode 
ser observado expansão de cortical 
óssea, normalmente discreta, 
voltada tanto para o lado lingual 
como vestibular. Nos cistos que 
envolvem extensas áreas de 
mandíbula, pode ocorrer o 
deslocamento do canal alveolar 
inferior, reabsorção de cortical, bem 
como a perfuração óssea. 
 
Aspectos Histológicos: Este cisto, 
geralmente apresenta parede fina, 
tendo na superfície interna uma 
camada de poucas células (de 5 a 8 
camadas celulares) de epitélio 
pavimentoso estratificado, com 
presença de paraqueratina (80% 
dos casos), mas às vezes de 
ortoqueratina, regularidade de 
camada basal e ausência de 
projeções. 
 
9 Propedêutica Cirúrgica II 
Tratamento: O sucesso no 
tratamento deste cisto tem 
suscitado muita discussão entre os 
cirurgiões bucomaxilofaciais. Têm 
sido relatado sucessos e fracassos 
com procedimentos de enucleação 
e de marsupialização. Isto porque o 
êxito no tratamento não depende 
exclusivamente do procedimento 
terapêutico escolhido, mas também 
de outros fatores que são 
fundamentais para o sucesso do 
tratamento. Por exemplo, nos cistos 
grandes ou naqueles de difícil 
acesso, a enucleação deve ser 
cuidadosa e realizada de forma a 
remover todos os fragmentos do 
revestimento cístico, caso contrário, 
a possibilidade de recidivarem após 
o tratamento é grande. Outro dado 
importante que deve ser observado, 
tanto nos cistos multilobulares como 
uniloculares, é a presença de 
margens recortadas. Parede com 
limites difusos, observada na 
radiografia, propicia maior 
dificuldade ao cirurgião na sua 
remoção, podendo determinar 
futura recidiva do cisto. 
4. CISTO ODONTOGÊNICO 
ORTOQUERATINIZADO 
Características clínicas e 
radiográficas: Ocorrem com 
predominância em adultos jovens e 
acomete mais os homens. A lesão 
acomete mais frequentemente a 
mandíbula, com uma tendência 
maior de envolver as regiões 
posteriores dos ossos gnáticos. 
Eles não possuem características 
clínicas e radiográficas que os 
diferenciem de outros cistos de 
desenvolvimento ou inflamatórios. A 
lesão em geral surge como uma 
radiolucidez unilocular, porém às 
vezes podem se apresentar 
multilocular. Eles acometem com 
mais frequência o terceiro molar 
inferior incluso. O tamanho pode 
ser variável. 
 
Histologicamente é revestido por 
epitélio escamoso estratificado 
ortoqueratinizado. 
Tratamento e Prognóstico: A 
enucleação seguida de curetagem é 
o tratamento usual para os cistos 
odontogênicos ortoqueratinizados. 
As recidivas raramente têm sido 
observadas. 
5. CISTO GENGIVAL (ALVEOLAR) 
DO RECÉM-NASCIDO – LÂMINA 
DENTÁRIA 
Cistos gengivais do recém-nascido 
são pequenos, superficiais, 
preenchidos de queratina, sendo 
encontrados na mucosa alveolar 
de crianças. Esses cistos se 
originam dos remanescentes da 
lâmina dentária. São lesões 
comuns, tendo sido descritas em 
até a metade de todos os recém-
nascidos. Todavia, como eles 
desaparecem de maneira 
espontânea através de sua 
ruptura dentro da cavidade oral, 
as lesões raramente são notadas 
ou submetidas à biópsia. Cistos de 
inclusão similares (p.ex., pérolas de 
Epstein ou os nódulos de Bohn) 
são encontrados na linha média 
 
10 Propedêutica Cirúrgica II 
palatina ou lateralmente nos 
palatos duro e mole. 
Características Clínicas: Os cistos 
gengivais do recém-nascido 
geralmente surgem como múltiplas 
pequenas pápulas esbranquiçadas, 
na mucosa que recobre o processo 
alveolar dos neonatos. Os cistos 
individualmente, em geral, medem 
não mais do que 2 a 3 mm de 
diâmetro. O rebordo alveolar 
superior é acometido de forma mais 
comum do que o inferior. 
 
 
 
Características Histopatológicas: O 
exame de um cisto gengival do 
recém-nascido exibe um 
revestimento epitelial delgado e 
achatado, com uma superfície 
luminal de paraqueratina. O lúmen 
contém restos de queratina. 
Tratamento e Prognóstico: Nenhum 
tratamento é indicado para os cistos 
gengivais do recém-nascido, pois as 
lesões tendem a regredir 
espontaneamente como 
consequência da ruptura dos cistos 
e resultante contato com a 
superfície da mucosa oral. As lesões 
raramente são observadas após os 
três meses de idade. 
6. CISTO PERIODONTAL LATERAL 
E CISTO GENGIVAL DO ADULTO 
Características clínicas e Patogenia: 
Estas lesões têm a mesma 
histogênese representam as 
manifestações intra-ósseas (Cisto 
Periodontal Lateral) e extra-
ósseas (Cisto Gengival do Adulto). 
E elas têm a mesma origem 
epitelial. A ocorrência mais 
frequente dos cistos gengival do 
adulto e cisto periodontal lateral, é 
por volta da quarta década, e, 
localizados, preferencialmente, 
nas áreas de pré-molares e 
caninos inferiores, seguido pela 
região anterior da maxila. 
 
Características Radiográficas: No 
caso da lesão extra-óssea (Cisto 
Gengival do Adulto), pode não 
ocorrer alteração radiográfica 
 
11 Propedêutica Cirúrgica II 
alguma, ou existir apenas uma leve 
sombra arredondada indicativa de 
erosão óssea superficial. Quando a 
lesão está localizada no interior do 
osso (Cisto Periodontal Lateral), as 
radiografias mostram uma área 
radiolúcida arredondada ou ovoide, 
bem definida por uma margem 
esclerosada. Geralmente não 
ultrapassam 1cm de diâmetro, e 
estão localizados entre o ápice e 
margem cervical do dente. Acomete 
mais o IL, caninos e pré-molares 
inferiores. 
 
Aspectos Histológicos: De uma 
forma geral, elas apresentam um 
revestimento epitelial com poucas 
camadas de células, sem projeções 
e com focos de espessamento 
(placas) para o interior do lúmen. 
Este espessamento ou placa 
epitelial presente nas duas lesões, é 
que levam alguns autores a 
concluírem que os dois cistos se 
originam do mesmo epitélio. As 
células da placa às vezes são 
fusiformes, grandes e claras, ricas 
em glicogênio, com um aspecto de 
edema intracelular, além de 
apresentarem o núcleo pequeno e 
picnótico. A cápsula do cisto pode 
exibir uma zona de hialinização, 
focos de calcificação e restos de 
lâmina dentária. 
Tratamento: Na forma extra-óssea a 
remoção é realizada através de 
excisão cirúrgica. Quando está 
localizada no interior ósseoé tratado 
por enucleação cirúrgica, 
procurando evitar, sempre que 
possível, danos ao dente próximo a 
lesão. 
7. CISTO ODONTOGÊNICO 
CALCIFICANTE 
Características clínicas e Patogenia: 
A área mais afetada por este cisto é 
a região anterior. Este cisto tem 
manifestação clínica caracterizada 
pelo aumento de volume, 
usualmente sem sintomatologia. A 
maioria das lesões (1/3), 
desenvolvem-se em regiões extra 
ósseas e, distribuídas igualmente 
pela maxila e mandíbula (região 
anterior). Com relação à idade, 
parece haver uma distribuição 
bimodal com picos na segunda e 
sexta décadas. 
Características Radiográficas As 
lesões intra-ósseas podem 
apresentar diversas imagens 
radiográficas. Usualmente 
aparecem como uma área 
radiolúcida, de contorno regular e 
bem demarcado. Em outros casos, 
podem apresentar margens 
irregulares e pouco definidas. Em 
geral, quantidades de corpúsculos 
calcificados, de tamanho e 
opacidade variável, são observados 
no interior da área radiolúcida, 
podendo, algumas vezes, ocupar a 
maior parte da lesão. 
 
12 Propedêutica Cirúrgica II 
 
Aspectos Histológicos: A lesão 
mostra um revestimento epitelial 
com a camada basal constituída de 
células cúbicas ou colunares, e 
camada de células semelhantes às 
do retículo estrelado, do órgão do 
esmalte. O aspecto mais notável 
deste cisto é a presença de células 
fantasmas. Estas células são 
queratinizadas, com aspecto 
eosinófilo, apresentando perda de 
detalhes e da manifestação de 
contornos nucleares e 
citoplasmáticos. No interior das 
células fantasmas inicia-se a 
deposição de sais de cálcio, sob a 
forma de poeira, a qual vai se 
agregando e formando massas 
maiores. É comum encontrarmos na 
cápsula cística, a presença de 
calcificação distrófica, dentinoide, 
ilhotas de epitélio, cristais de 
colesterol e por vezes de pigmento 
melânico. 
Tratamento: Enucleação cirúrgica, 
sendo raras as recidivas. 
8. CISTO ODONTOGÊNICO 
GLANDULAR 
É um tipo raro de cisto 
odontogênico de 
desenvolvimento que pode 
apresentar um comportamento 
agressivo. Embora seja aceito 
como sendo de origem 
odontogênica, ele também exibe 
características glandulares ou 
salivares que, presumidamente, são 
uma indicação da 
pluripotencialidade do epitélio 
odontogênico. 
Características Clínicas e 
Radiográficas: O cisto odontogênico 
glandular ocorre, mais comumente, 
em adultos de meia-idade, com 
uma média de idade de 46 a 51 
anos no momento do diagnóstico; 
é raro acontecer antes dos 20 anos. 
Cerca de 75% dos casos relatados 
ocorreram na mandíbula. Este 
cisto possui uma forte predileção 
pela região anterior dos ossos 
gnáticos, e muitas lesões 
mandibulares atravessam a linha 
média. O tamanho do cisto pode 
variar desde uma pequena lesão, 
com menos de 1 cm de diâmetro, 
até grandes lesões destrutivas que 
podem envolver a maior parte da 
maxila ou da mandíbula. Pequenos 
cistos podem ser assintomáticos; 
entretanto, grandes cistos 
geralmente produzem expansão 
clínica que, às vezes, pode estar 
associada à dor e parestesia. 
 
 
13 Propedêutica Cirúrgica II 
Radiograficamente, a lesão se 
apresenta como uma imagem 
radiolúcida unilocular ou 
multilocular. As margens da lesão 
radiolúcida normalmente são bem 
definidas, apresentando margem 
cortical. 
Características Histopatológicas: O 
cisto odontogênico glandular é 
revestido por epitélio pavimentoso 
de espessura variada. A interface 
entre o epitélio e a cápsula de 
tecido conjuntivo fibroso geralmente 
é achatada. A cápsula fibrosa do 
cisto costuma ser desprovida de 
qualquer infiltrado inflamatório. As 
células epiteliais superficiais que 
revestem a cavidade cística tendem 
a ser cúbicas a colunares, 
resultando em uma superfície 
irregular e, às vezes, papilar. 
Normalmente a camada superficial 
inclui a produção de mucina de 
células caliciformes, e por vezes 
com a presença de cílios. Outra 
característica encontrada são 
espaços glandulares, semelhantes a 
ductos no interior do revestimento 
epitelial. Esses espaços são 
organizados por células cuboidais e 
frequentemente contém fluido 
mucicarmina-positivos. Em áreas 
focais, as células do revestimento 
epitelial podem formar nódulos 
esféricos, similares aos encontrados 
nos cistos periodontais laterais. 
 
Tratamento e Prognóstico: A maioria 
dos casos de cisto odontogênico 
glandular tem sido tratada mediante 
enucleação e curetagem. Contudo, 
esse cisto mostra uma propensão 
para recidiva, o que se observa em 
cerca de 30% dos casos. As 
recidivas parecem ser mais comuns 
dentre as lesões que possuem 
aspecto multilocular. Devido a sua 
natureza potencialmente agressiva e 
tendência a recidivas, alguns 
autores preconizam o uso de 
ressecção em bloco, 
particularmente para lesões 
multiloculares. Marsupialização e 
descompressão podem ser 
realizadas em lesões extensas para 
promover a redução do tamanho da 
lesão antes da cirurgia de remoção. 
9. CISTO ODONTOGÊNICO 
BOTRIÓIDE 
O cisto odontogênico botrioide é 
uma lesão rara caracterizada pelo 
aspecto multilocular típico 
semelhante a um cacho de uvas, 
com cavidades císticas de 
diferentes tamanhos, limitadas por 
finos septos de tecido conjuntivo 
contíguos à cápsula. A possibilidade 
de essa lesão representar uma 
variante clínica do cisto periodontal 
lateral é fonte de discussão, ocorre 
em pacientes mais velhos e 
apresenta proporções maiores que 
o CPL. A tendência de recorrência 
apresentada pela variante botrioide 
pode ser controlada por abordagens 
cirúrgicas complementares, como a 
osteotomia periférica e aplicação de 
Solução de Carnoy. O uso da 
solução de Carnoy (álcool absoluto, 
clorofórmio, ácido acético glacial e 
cloreto férrico) subsequente à 
enucleação cística é defendido para 
destruir os remanescentes epiteliais 
e da lâmina dentária com margem 
 
14 Propedêutica Cirúrgica II 
óssea e, assim, prevenir 
recorrências.

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