Buscar

DIREITO-APLICADO-À-INFORMÁTICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
SUMÁRIO 
1 DIREITO APLICADO À INFORMATICA ..................................................... 3 
1.1 Reconhecimento da identidade do Direito da Informática .................... 4 
1.2 Direito da Informática: ramo autônomo? Área de especialização? ...... 5 
2 HISTÓRIA DA INFORMÁTICA ................................................................... 8 
2.1 Síntese da evolução da informática e do surgimento do direito da 
informática ............................................................................................................. 8 
3 RELAÇÃO DO DIREITO ELETRÔNICO COM O DIREITO PENAL – 
DELITOS VIRTUAIS ................................................................................................. 12 
3.1 Crimes no âmbito digital ..................................................................... 13 
4 ASPECTO POLÊMICOS DO DIREITO DE INFORMÁTICA ..................... 14 
4.1 A prova e o direito digital .................................................................... 15 
5 REGULAMENTAÇÃO JURIDICA DA INFORMATICA NO BRASIL E SUA 
EVOLUÇÃO .............................................................................................................. 20 
5.1 Proteção jurídica do software ............................................................. 22 
5.2 Proteção jurídica do software no direito comparado .......................... 23 
5.3 Proteção jurídica do software nos tratados e convenções ................. 24 
5.4 Convenção de Berna .......................................................................... 24 
5.5 Direito do autor - Decreto 75.699/75 .................................................. 25 
5.6 Lei Nº 12.737/2012 (conhecida como Lei Carolina Dieckmann) ........ 26 
5.7 Decreto Nº 7.962/2013 - Lei do E-commerce ..................................... 28 
5.8 Marco Civil da Internet – Lei 12.965/14 .............................................. 31 
6 O dever jurídico de indenizar das empresas e-commerce ........................ 34 
7 Os contratos eletrônicos sob a égide do ordenamento jurídico brasileiro . 37 
7.1 Validade jurídica ................................................................................. 38 
7.2 Formação dos contratos eletrônicos .................................................. 41 
7.3 Classificação dos contratos eletrônicos.............................................. 43 
 
2 
7.4 Princípios fundamentais ..................................................................... 44 
7.5 Segurança jurídica do consumidor nos contratos eletrônicos ............ 45 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 
 
 
 
3 
1 DIREITO APLICADO À INFORMATICA1 
 
Fonte: www.cpst.org 
A Ciência do Direito, forjada através dos tempos, hoje se depara com notáveis 
dilemas postos pela Sociedade do Conhecimento. A Informática tem semeado novas 
noções de tempo e espaço, maximizando as potencialidades humanas e 
transformando as relações sociais e econômicas. 
À medida que se multiplicam as conexões estabelecidas em redes de 
comunicação eletrônica, o campo normativo afeto a questões cotidianas se alarga. 
Nesse diapasão, os tradicionais ramos do Direito se enriquecem com novas pautas 
para aplicação, porém se tornam mais carentes de transversalidade em sua 
integração sistêmica. 
Visto sob a perspectiva histórica, o Direito tem a capacidade de adaptar-se a 
novos fenômenos e de refleti-los. Com o mundo da Internet não poderia ser diferente. 
Portanto, neste momento incumbe aos operadores do Direito a compreensão 
das novas possibilidades existentes, para darem conta com maior eficácia dos 
desafios de hermenêutica que ora se estendem por todas as áreas do Direito. 
Parte desta compreensão se refere a como a disciplina jurídica do universo da 
Informática deve ser situada na taxonomia da Ciência do Direito e a como deve ser 
aplicada na prática. 
 
1 Texto extraído do link: 
http://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista42/Revista42_280.pdf 
 
4 
1.1 Reconhecimento da identidade do Direito da Informática 
A identidade do Direito da Informática foi oficialmente reconhecida pela 
Comunidade Europeia em 1980 e, em 1992, mediante expressa recomendação para 
que fosse ensinado como disciplina autônoma nas Faculdades de Direito. 
Ressalte-se que, no Brasil, ainda persiste largo desconhecimento desse campo 
de estudo por substancial parcela da comunidade jurídica, que ignora sua existência 
e razão de ser, ou descarta liminarmente qualquer cogitação sobre seu lugar na 
taxonomia do Direito. 
No tocante à terminologia “Direito da Informática”, ela parece ter se consagrado 
à falta de opção mais adequada, frente aos desafios encontrados. 
Por um lado, a Informática, como técnica e como aparato, transcende os 
aspectos meramente privatistas inerentes a uma “indústria” ou “mercado” em 
particular e abrange também os aspectos de interesse público. De outra parte, tal 
expressão evita a designação de um “atributo” qualificador estranho ao Direito. 
Nessa linha, apesar de haver quem defenda o contrário, não parece 
tecnicamente mais apropriado se referir a Direito Eletrônico, Direito Digital, e a outras 
denominações que, em tese, se adequariam bem mais à Informática Jurídica, eis que 
o Direito “da” Informática não há de ser confundido com Direito “Informático”. 
Há que notar, também, a dissensão sobre o escopo de abrangência do Direito 
da Informática e sobre os métodos de abordagem do seu estudo. 
Alguns autores chamam a atenção para que nem todas as intersecções do 
Direito com a Informática têm maior interesse jurídico. Há, ainda, quem se valha da 
distinção entre Direito Público e Direito Privado, transpondo-a para o estudo do 
universo da Internet. 
Por sua vez, embora agudize a polêmica em vários temas, a Internet ainda não 
parece reunir um contingente suficientemente distinto de implicações legais em 
relação àquelas já postas anteriormente pelos computadores e por outras redes de 
dados. Por essa razão, não parece merecer disciplina segmentada. 
 
5 
1.2 Direito da Informática: ramo autônomo? Área de especialização? 
 
Fonte: imagens.tiespecialistas.com.br 
Inobstante a identidade do Direito da Informática se encontrar hoje assente no 
mundo acadêmico, especialmente na Europa e nos EUA, pairam controvérsias na 
doutrina. 
Alguns autores veem na denominação Direito da Informática apenas uma 
comodidade de expressão, designativa de uma área de especialização, e não 
propriamente um ramo autônomo, ao passo que outros, tão reputados quanto os 
primeiros, defendem linha de pensamento exatamente oposta. 
Tais controvérsias parecem recomendar um aprofundamento sobre este 
debate à luz do retrospecto da história do Direito e das mais recentes teorias sobre 
sistema e princípios jurídicos. Relembre-se que, em suas primeiras conformações, o 
Direito ocidental contava com reduzido número de normas aplicáveis a determinado 
território ou grupo social, sem preocupação de sistematização. 
Todavia, à medida em que as transformações sociais requereram normas de 
conduta em maior volume e sofisticação, os operadores do Direito se viram às voltas 
com a necessidade de ordenação, o que tentaram atender inicialmente através de 
compilações e depois com a edição de códigos, num processo de crescente 
sistematização. 
 
6 
Efetivamente, a história da composição de conflitos de interesses na civilização 
ocidental se confunde com a evolução das iniciativas centradas na ideia-força da 
busca de sistematização. 
A ordenação das diversas regras e princípios informadores do ordenamentojurídico enseja a visualização de um autêntico sistema, desde cedo dividido em 
grandes ramos, conforme identificação de valores e grupamento de interesses 
próprios. 
O gênio romano vislumbrou a divisão do Direito em dois grandes grupos, 
compondo a summa divisio. Em que pese a divisão entre Direito Público e Direito 
Privado ser negada por alguns, ou ora restar superada, há aqueles que, a exemplo de 
Orlando Gomes, ainda a aceitam. Canaris, em aprofundado estudo, destaca a relação 
intrínseca entre direito e sistema, integrando o direito objetivo num contexto axiológico 
e finalístico consubstanciado por princípios. 
Autores mais modernos entendem, todavia, que o Direito do final do século XX 
e início do século XXI é cada vez menos comprometido com um ideal abstrato de 
sistema e com uma unidade inexistente, e cada vez mais preocupado em ser um 
sistema aberto e pluralista, empenhado na realização dinâmica do direito. 
Em paralelo a tais digressões doutrinárias, a crescente particularização de 
interesses sociais e de seu tratamento normativo justificou novas divisões na estrutura 
dos ramos do Direito, sob o crivo dos requisitos exigidos pelos doutrinadores quanto 
ao reconhecimento da autonomia de um novo ramo. 
Assim, na visão de Alfredo Rocco, a autonomia do Direito Comercial como ramo 
do Direito deveu-se à sua amplitude, à existência de doutrinas calcadas em conceitos 
distintos de conceitos informadores de outras disciplinas, e à existência de método 
próprio para o estudo do objeto das suas investigações. 
Por seu turno, Jean Calais-Aulois observa que, durante longo tempo, o único 
critério de classificação das disciplinas jurídicas foi a natureza das regras (direito civil, 
direito comercial, direito penal, direito processual, direito administrativo), e que este 
critério foi paulatinamente substituído por considerações funcionais. 
Para Tércio Sampaio Ferraz, o objeto e o método são o que distingue a Ciência 
do Direito, donde se pode inferir que distinguem também cada ramo, individualmente. 
Nesse passo, cabe perguntar: enquanto enfeixamento das relações jurídicas 
subjacentes ao mundo da Informática, o Direito da Informática consiste, efetivamente, 
em área autônoma? 
 
7 
Mais especificamente: se pode constatar no Direito da Informática a existência 
de princípios próprios, método característico, e suficiente acervo normativo? Em 
outras palavras, diante da nova concepção do Direito — como um sistema múltiplo e 
plural, comprometido com o seu resultado prático —, qual é o papel desempenhado 
pelo Direito da Informática? 
A propósito de tais questões, vale notar que, quando institucionalizaram o 
ensino do Direito da Informática, as autoridades comunitárias europeias assinalaram 
que ele apresenta diferencial metodológico, substancial acervo normativo, e 
relevância social. 
A particularidade metodológica reside no raciocínio indutivo, que, partindo da 
compreensão das especificidades da Informática, as enquadra no âmbito do Direito, 
em contraposição ao tradicional raciocínio dedutivo, que parte de abstrações jurídicas, 
moldadas por um momento histórico, o da Revolução Industrial, bastante diferente do 
atual. 
A produção normativa, por sua vez, é considerável e de crescimento 
exponencial, na medida em que convergem para a Informática (principalmente, para 
a Internet) as preocupações contemporâneas com privacidade, segurança, 
responsabilidade civil, propriedade intelectual etc. 
A relevância social, por fim, é manifesta, pois interessa à sociedade o estudo e 
o tratamento integrados das múltiplas facetas jurídicas do desenvolvimento, 
exploração e uso da Informática, as quais hoje alcançam a todos, direta ou 
indiretamente. 
A julgar pelas constatações resumidas nos parágrafos precedentes, o Direito 
da Informática reúne, substancialmente, as condições formais e materiais requeridas 
para se candidatar ao reconhecimento como ramo autônomo ou como área de 
especialização. 
Entretanto, carece de abordar aspecto possivelmente mais importante, o de 
sua funcionalidade nos meandros do sistema jurídico, vale dizer, a forma como seus 
princípios atuam e se relacionam com os princípios informados pelos diversos ramos 
do Direito. 
 
8 
2 HISTÓRIA DA INFORMÁTICA 
2.1 Síntese da evolução da informática e do surgimento do direito da 
informática 
O início das discussões jurídicas em torno do fenômeno da Informática coincide 
com a invenção do primeiro protótipo de computador, em 1937. Em meados da década 
de 50, com a popularização comercial do computador, as práticas contratuais 
peculiares desenvolvidas formaram as bases consuetudinárias iniciais do Direito da 
Informática, gerando os primeiros comentários de doutrina. 
Importante destacar que, na década de 50, os equipamentos então disponíveis 
eram muito grandes e caros, exigindo elevado investimento em sua aquisição, 
somente justificável para tratamento de grande volume de dados, o que tornava o uso 
dessa tecnologia um privilégio quase exclusivo da Administração Pública. 
Na década de 60, este fato chamou a atenção dos estudiosos, que passaram 
a atentar para as possibilidades e riscos do maior controle estatal sobre as atividades 
dos cidadãos. 
Na década de 70, instalou-se polêmica entre aqueles que, em nome da 
segurança ou da economia, pretendiam maximizar a informatização do governo e da 
sociedade, e os que criticavam a visão tecnicista da Informática, inspirando as 
primeiras leis de proteção da privacidade contra o poderio estatal dos bancos de 
dados. 
Este breve histórico retrata o cenário que serviu de pano de fundo para o 
nascimento da Informática Jurídica e do Direito da Informática. A primeira corresponde 
ao estudo, abordado pela doutrina desde pelo menos 1949, da implantação do uso da 
Informática no Direito, incluindo a sistematização de informações jurídicas para 
pesquisa e processamento, a informatização do Judiciário etc. 
O segundo trata das diversas implicações legais associadas à Informática. 
Segundo Losano, a Informática Jurídica se desenvolveu rapidamente, em resultado 
do “otimismo tecnológico” que vigorou até 1975. 
Sofreu, porém, em seguida, relativo declínio na vertente acadêmica e na 
aplicação prática, em virtude da reversão para o “pessimismo tecnológico” que então 
se seguiu em face da preocupação social com ameaças à privacidade dos cidadãos, 
das dificuldades para se avançar no domínio da inteligência artificial, da reduzida 
 
9 
percepção da importância de automatização de processos de gestão, e de outras 
razões. 
Já o Direito da Informática, que se nutre exatamente dos questionamentos 
sobre aspectos jurídicos e sociais decorrentes da Informática, amplia cada vez mais 
o seu escopo, a ponto de, hoje, no extremo, se perquirir sobre os limites da sua 
identidade e sobre sua possível “diluição” em face da assimilação segmentada de 
suas especificidades por parte dos ramos tradicionais do Direito. 
A evolução histórica da informática teve como marco inicial o ábaco, de origem 
oriental, que o ocidente conhece desde o século III A.C., e é utilizado por alguns 
Países do Ocidente, até os dias de hoje, sendo considerado o primeiro computador 
do mundo. 
Entre os séculos XVII e XIX, os matemáticos e filósofos John Napier (1614), 
Blaise Pascal (1624), G.W. Von Leibnitz (1671), Thomas de Colmar (1818) e Charles 
Babbage (1822) desenvolveram trabalhos na pesquisa daquilo que viria a ser o 
computador, como hoje o concebemos. 
O Americano Herman construiu em 1898 a primeira máquina para 
processamento de estatísticas demográficas do Censo Americano, reduzindo o 
trabalho de dez para dois anos. Criou-se assim a Tabulating Machine Company,que 
mais tarde tornou-se a International Business Machines, mais conhecida como IBM. 
 
 
Fonte: searcharchives.vancouver.ca 
 
10 
Alan Turing (1912), matemático inglês, possibilitou a construção do primeiro 
computador digital eletrônico a válvula, projeto esse que passou a ser chamado de 
Colossus. O matemático húngaro John Von Newman é considerado o arquiteto do 
computador moderno. 
Em 1951, Eckert e Mauchly construíram a Remington-Rand. Em seguida, 
surgiu o primeiro computador a ser produzido comercialmente: 
Daí houve um desenvolvimento generalizado, iniciando nos Estados Unidos, 
com o lançamento do IBM 701, e, na sequência, em países da Europa. Atualmente, o 
Japão e a Correia colocam-se na frente do desenvolvimento tecnológico em todo o 
mundo. 
Nos anos 60, surgem os computadores de 4.ª Geração; ou seja, a INTEL que 
projetou o microprocessador que veio a constituir a base para os microcomputadores 
atuais. 
O primeiro microcomputador colocado no mercado foi o ALTAIR. Em 1974, Bill 
Gates, estudante da Universidade de Harvard, junto com Paul Allen, desenvolveram 
o sistema operacional do ALTAIR, e, um ano depois, os dois fundaram a Microsoft. 
 
 
Fonte: upload.wikimedia.org 
No início dos anos 70, houve várias críticas a introdução da informática no 
campo do Direito, as quais, denunciando a criação de “legisladores e juízes 
 
11 
automáticos”, o que levou ao consenso de que a máquina jamais foi concebida para 
substituir o homem. 
Assim, segundo os críticos, estar-se-ia criando a Juscibernética como 
informática do Direito, hipótese que, em sentido lato sensu, conceberia o Direto como 
objeto da Informática, e não a Informática como objeto do Direito. O certo é que, in 
casu, a Informática não representa senão uma ferramenta do Direito, e não o contrário. 
O termo informática é um neologismo de origem francesa, derivado da 
expressão information automatique, adotada por Philippe Dreyfus em 1962, por 
analogia com o termo inglês datamation, forma aglutinada de data automation 
(automação de dados). 
Decorridos anos de constantes transformações tecnológicas constatou-se a 
necessidade de se criarem normas para disciplinar as relações sociais, descortinando 
assim as primeiras leis capazes de impor limites a determinadas situações. Foi então 
que nasceu a informática jurídica. 
O que não se imaginava é que a sociedade fosse projetar-se ao ambiente virtual 
de forma tão rápida que nem as próprias leis pudessem acompanhá-la. 
O Direito da Informática vem passando por muitas dificuldades, em face dos 
novos desafios das responsabilidades advindas de suas relações, com todas as 
consequências legais que daí decorrem, e em virtude da natureza ágil, dinâmica e 
principalmente informal dos contatos pelo computador. 
O manto que separa os agentes da informática e transforma a máquina no meio 
da informação faz do mundo virtual um desafio na procura de novos mundos e a 
facilidade e a segurança que ele pode nos fornecer. 
Não existe nenhum outro meio tecnológico que se tenha desenvolvido tanto e 
com tanta velocidade como o dos computadores, os quais se encontram inseridos em 
todos os ramos profissionais existentes, de forma direta ou indireta. 
Considerando o princípio omnis potestas a lege, fica evidente que a informática 
está diretamente ligada e subordinada ao Direito, e, em face da grande evolução dela, 
o ordenamento jurídico procura acompanhar essa constante propagação, de tal forma 
que o Direito jamais poderá ser o mesmo. 
Muito se tem dito que os computadores são instrumentos que estão alterando 
o mundo moderno, à medida que racionalizam, organizam e aumentam a qualidade 
das tarefas do profissional do Direito. Todavia, surgem desse meio tecnológico dois 
novos segmentos do Direito: 
 
12 
 O Direito Civil da Informática e o 
 Direito Penal da Informática, que formam, lato sensu, o relacionamento 
entre Direito e Informática. 
3 RELAÇÃO DO DIREITO ELETRÔNICO COM O DIREITO PENAL – DELITOS 
VIRTUAIS2 
 
Fonte: www.redefonte.com 
O Direito Penal pode ser definido como o ramo do direito público dedicado a 
cumprir e regular as normas criadas pelo Poder Legislativo para reprimir e prevenir 
que ocorram atos delituosos, estipulando para estas sanções. Logo, o Direito Penal 
tem o papel de definir o crime, afim de que as ações realizadas possam ser 
caracterizadas como tais, assim como para este mesmo crime, estipular uma pena ou 
sanção. 
Entende-se que o Direito Penal visa proteger os denominados bens jurídicos 
fundamentais, definidos pelo Prof. Figueiredo Dias como "expressão de um interesse 
de uma pessoa ou da comunidade, integridade do Estado, vão-se sentar na própria 
pessoa ou na comunidade". 
 
2 Texto extraído do link: http://ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19141 
 
13 
Logo, observado o que seria o Direito Penal e suas funções, devemos observar 
sua aplicação frente as relações estabelecidas no âmbito virtual. 
3.1 Crimes no âmbito digital 
O histórico dos crimes cibernéticos remonta à década de 1970, quando, pela 
primeira vez, foi definido o termo “hacker”, como sendo aquele indivíduo que, dotado 
de conhecimentos técnicos, promove a invasão de sistemas operacionais privados e 
a difusão de pragas virtuais. Contudo, a universalização do termo “hacker” 
acompanhou o crescimento e a popularização da internet, ocorridos na década de 
1990, sendo hoje muito comum, havendo inclusive subdivisões, como “hacker” 
(aquele que invade sistemas e computadores, furtando senhas, propagando vírus e 
cavalos de troia) e “cracker” (aquele que sabota e pirateia programas de computador, 
fornecendo senhas e chaves de acesso obtidas de forma ilegal), “lammer” (aquele que 
possui conhecimentos limitados de informática e não possui grande potencial 
ofensivo), “spammer” [aquele que invade a privacidade de outrem por meio da difusão 
de mensagens eletrônicas (e-mails) indesejadas], dentre outros termos 
Crimes contra a honra (injúria, calúnia e difamação), furtos, extorsão, ameaças, 
violação de direitos autorais, pedofilia, estelionato, fraudes com cartão de crédito, 
desvio de dinheiro de contas bancárias. A lista de crimes cometidos por meio 
eletrônico é extensa e sua prática tem aumentado geometricamente com a 
universalização da internet. Levantamento realizado por especialistas em Direito da 
internet mostra que atualmente existem mais de 17 mil decisões judiciais envolvendo 
problemas virtuais; em 2002 eram apenas 400. 
A internet ainda é tida por muitos como um território livre, sem lei e sem 
punição. Mas a realidade não é bem assim. Diariamente, o Judiciário vem coibindo a 
sensação de impunidade que reina no ambiente virtual e combatendo a criminalidade 
cibernética com a aplicação do Código Penal, do Código Civil e de legislações 
específicas como a Lei n. 9.296 – que trata das interceptações de comunicação em 
sistemas de telefonia, informática e telemática – e a Lei n. 9.609 – que dispõe sobre 
a proteção da propriedade intelectual de programas de computador. 
Na ausência de uma legislação específica para crimes eletrônicos, os tribunais 
brasileiros estão enfrentando e punindo internautas, crackers e hackers que utilizam 
a rede mundial de computadores como instrumento para a prática de crimes. 
 
14 
Para essa maioria de criminosos, a internet não é um campo novo de atuação, 
mas apenas um novo caminho para a realização de delitos já praticados no mundo 
real, bastando apenas que as leis sejam adaptadas para os crimes eletrônicos. 
É isso que a Justiça vem fazendo. Adaptando e empregando vários dispositivosdo Código Penal no combate ao crime digital. 
O crime que acabou se tornando bem comum no âmbito da internet, foi o de 
pornografia infantil, o qual tomou tamanha grandeza, devido a facilidade em que 
criminosos tem em conseguir fotos, vídeos e contatos com crianças, através de redes 
sociais, fóruns e grupos que tem os mesmos interesses. 
Assim, podemos observar que os crimes virtuais utilizam a mesma metodologia 
de crimes utilizados em crimes já conhecidos. Apenas a técnica empregada pelos 
praticantes se difere dos delitos convencionais presentes no ordenamento jurídico 
penal, mas o resultado pretendido por estes é o mesmo da conduta já tipificada. 
O método atualmente utilizado e difundido entre o judiciário se baseia na 
aplicação da legislação vigente, de modo a realizar uma "analogia" com o caso 
concreto do crime virtual enfrentado. 
4 ASPECTO POLÊMICOS DO DIREITO DE INFORMÁTICA 
 
Fonte: direcionalescolas.com.br 
 
15 
O meio de prova utilizado na informática é o mesmo que no meio convencional 
utilizado pelo Código de Processo Penal. No futuro, as regras relativas à admissão da 
prova na informática deverão harmonizar-se num plano de caráter internacional. 
O art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal estabelece: “São inadmissíveis no 
processo as provas obtidas por meio ilícito. ” 
O art. 332 do CPC diz que “todos os meios legais bem como os moralmente 
legítimos ainda que não especificados neste código são hábeis para provar a verdade 
dos fatos em que se funda a ação ou a defesa.” 
4.1 A prova e o direito digital3 
As questões envolvendo a tecnologia da informação, computadores, redes de 
informática, enfim, o “mundo virtual”, constitui um desafio constante para todos os 
operadores do Direito. A informação utilizada nos meios telemáticos é intangível, 
portanto não deixa de ser um obstáculo a mais para a realização de provas para a 
elucidação de um processo, seja cível ou penal. 
O primeiro óbice que vem à mente de qualquer jurista é sobre a aceitação ou 
não de provas produzidas por meio de meios eletrônicos. A nossa legislação, em 
especial a Constituição Federal e o Código Civil, admitem o uso do conjunto probatório 
obtido junto às tecnologias, sejam elas quais forem, conforme já mencionado (CF/88, 
art. 5º, LV e LVI). 
Já o artigo 225 do Código Civil determina que “reproduções mecânicas ou 
eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte, contra quem 
forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão”. 
Conforme se vê pela legislação citada, não há nenhum tipo de impedimento 
para a aceitação de provas eletrônicas em um processo. Não só isso, em lides que 
envolvem o “mundo virtual”, principalmente a Internet, muito provavelmente só se 
produzirá provas também virtuais. 
Patrícia Peck faz interessante comentário em sua obra: 
Não há nenhuma legislação brasileira que proíba ou vete a utilização de prova 
eletrônica. Ao contrário, o Código Civil e o Código de Processo Civil aceitam 
completamente o seu uso, desde que sejam atendidos alguns padrões 
 
3 Texto extraído do link: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11800&revista_caderno=17 
 
16 
técnicos de coleta e guarda, para evitar que esta tenha sua integridade 
questionada ou que tenha sido obtida por meio ilícito. Logo, o que realmente 
existe, novamente, é o preconceito quanto ao tipo de prova, pois todos nós 
temos medo (insegurança) daquilo que não conhecemos. 
À primeira vista pode transparecer que não há grandes problemas a serem 
enfrentados com a questão, no entanto, há sim muita controvérsia, principalmente 
com o fato de se ter que conciliar as particularidades existentes das ciências humanas, 
no caso, com o Direito, e as ciências exatas, nas quais se encaixa a tecnologia, o 
mundo virtual, enfim, tudo que é eletrônico. Isso porque para aqueles que convivem 
apenas com a tecnologia, tem-se a noção – errada, diga-se de passagem – que é tudo 
muito lógico, portanto seria tudo “preto no branco”. Porém tais pessoas começam a 
se desanimar quando percebem que não é bem assim. Para o Direito, provar um fato 
vai além da lógica pertinente àqueles que lidam com a tecnologia. 
 
 
Fonte: statig1.akamaized.net 
Para que a prova eletrônica tenha eficácia jurídica é essencial que tenha 
credibilidade, confiança e fiabilidade como reproduções de fatos, que terá que se 
firmar em dois pilares: genuinidade e segurança. Um documento só pode ser 
considerado genuíno quando não sofreu nenhum tipo de alteração e só poderá ser 
considerado seguro, quando for difícil de realizar alterações nele, aliado também à 
facilidade de se perceber quaisquer alterações que por ventura venha a sofrer e, por 
fim, à possibilidade de se reconstituir o original. 
 
17 
O imbróglio jurídico principal está firmado. As informações digitais têm em sua 
essência a característica de serem reproduzidas livremente e também de poderem 
ser alteradas à conveniência daquele que a está manuseando. Todo e qualquer 
arquivo digital possui diversas “camadas” que podem ser alteradas de acordo com o 
conhecimento do usuário que o está manipulando, sem contar ainda, que o sistema 
computacional geralmente altera algumas informações apenas com a visualização. 
A busca da verdade, então, é um desafio ainda maior quando se trata de fatos 
que envolvem sistemas digitais. Por exemplo, é possível que qualquer pessoa altere 
uma foto digital, colocando ou retirando elementos para que fique ao seu gosto. 
Porém, existem técnicos com conhecimento suficiente que podem realizar alterações 
diretamente no arquivo, sem a necessidade de programas de edição de imagens. Por 
certo que o nível de exigência de conhecimento técnico é muito mais elevado neste 
caso, mas a possibilidade é real e existe. Nem por isso a foto digital não deve ser 
utilizada dentro do processo, mesmo com a exigência do CPC de que deve vir 
acompanhada de negativo, vez que atualmente são praticamente inexistentes 
equipamentos que utilizem o negativo, com o mercado comercializando quase que 
exclusivamente máquinas digitais. Destarte, não bastará apenas alegar a falta de 
negativo da fotografia, mas sim impugnar a prova produzida. 
O magistrado, e as partes também, obviamente, enfrentam assim um desafio a 
mais ao tentarem provar um fato que dependa de arquivos eletrônicos, pois a “prova” 
propriamente dita não bastará para a comprovação do fato alegado, quem a produziu, 
provavelmente, também deverá provar que não houve qualquer tipo de alteração ou 
adulteração, ou seja, há no mínimo dois fatos a serem comprovados, o que dificulta 
ainda mais a obtenção da verdade dos fatos. 
Assim, além da prova eletrônica trazida aos autos, testemunhas podem e 
devem corroborar, auxiliando a busca da verdade. 
Também é comum atualmente em processos relacionados ao uso da tecnologia 
envolvendo crimes de calúnia, difamação ou injúria e também os de indenização por 
danos morais serem baseados na identificação do usuário por meio do endereço IP. 
O endereço IP, numa conceituação extremamente simplista, é um identificador que 
todo e qualquer dispositivo eletrônico que acessa a Internet possui. É impossível 
acessar a grande rede sem possuir um endereço IP. 
A crença da maioria dos operadores do Direito é que tal identificador é confiável 
o suficiente para que haja a responsabilização de determinado indivíduo. No entanto, 
 
18 
existem inúmeras tecnologias que contrariam tal suposição, inclusive, que são usadas 
a todo o momento pelas empresas que possibilitam a conexão com a Internet, sem o 
conhecimento do usuário. 
Assim, a realidade apresentada hoje em nosso país é que oendereço IP pode 
ser totalmente negligenciado pelas empresas responsáveis pelo acesso à Internet, e 
por tal motivo, tivemos a seguinte decisão em um caso concreto: 
“Ação civil pública ajuizada pelo Estado do Rio de Janeiro em face de Google 
Brasil Internet Limitada. Defiro os efeitos da antecipação de tutela para que o 
réu: a) mantenha IP de criação de qualquer comunidade ou perfil e conserve 
registros periódicos de “log” das comunidades; b) crie e mantenha sistemas 
aptos a identificar existência de perfis, comunidades ou páginas dedicados à 
pedofilia, interrompendo imediatamente seu funcionamento, comunicando tal 
fato imediatamente ao Estado e preservando, por um ano, os “logs” 
realizados até então; c) crie e mantenha sistemas aptos a identificar (em 
especial por meio de ferramenta que busque palavras constantes de lista a 
ser fornecida e atualizada pelo Estado) existência de perfis, comunidades ou 
páginas dedicadas à apologia ao crime, inclusive de marcação de brigas/rixas 
entre torcidas de agremiações esportivas rivais, comunicando a existência ou 
suspeita de existência imediatamente ao Estado, viabilizando ao Estado o 
acesso pleno ao respectivo conteúdo, preservando, por um ano, os “logs” 
realizados e interrompendo seu funcionamento ou limitando seu acesso, caso 
assim seja determinado pelo Estado; d) crie e mantenha sistemas e canais 
que permitam a qualquer usuário devidamente identificado, que tenha sido 
diretamente ofendido por conteúdo veiculado em perfis, páginas ou 
comunidades, requerer a supressão de tal conteúdo; e) promova campanha 
midiática a ser realizada na própria página do Orkut com o objetivo de alertar 
pais e responsáveis acerca dos riscos de utilização da rede mundial de 
computadores, e, em especial, do Orkut, fixando em 120 dias o prazo para a 
implementação de tais medidas, sob pena da incidência de multa diária no 
valor de R$50.000,00. Juíza Simone Lopes da Costa, da 10ª Vara da Fazenda 
Pública do Rio de Janeiro, processo número 0228160-97.2010.8.19.0001.” 
Conforme se vê, a juíza em questão não acredita que apenas o endereço IP 
seja meio suficiente para a correta identificação do usuário, motivo pelo qual ordenou 
medidas adicionais para a empresa, qual seja, o Orkut. 
No entanto, vem entendendo o STJ em sentido contrário, conforme se observa: 
“DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE 
CONSUMO. INCIDÊNCIA DO CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO. 
INDIFERENÇA. PROVEDOR DE CONTEÚDO. FISCALIZAÇÃO PRÉVIA DO 
TEOR DAS INFORMAÇÕES POSTADAS NO SITE PELOS USUÁRIOS. 
DESNECESSIDADE. MENSAGEM DE CONTEÚDO OFENSIVO. DANO 
MORAL. RISCO INERENTE AO NEGÓCIO. INEXISTÊNCIA. CIÊNCIA DA 
EXISTÊNCIA DE CONTEÚDO ILÍCITO. RETIRADA IMEDIATA DO AR. 
DEVER. DISPONIBILIZAÇÃO DE MEIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE CADA 
USUÁRIO. DEVER. REGISTRO DO NÚMERO DE IP. SUFICIÊNCIA. 1. A 
exploração comercial da internet sujeita as relações de consumo daí advindas 
à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de 
internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo 
"mediante remuneração" contido no art. 3º, § 2º, do CDC deve ser 
interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do 
 
19 
fornecedor. 3. A fiscalização prévia, pelo provedor de conteúdo, do teor das 
informações postadas na web por cada usuário não é atividade intrínseca ao 
serviço prestado, de modo que não se pode reputar defeituoso, nos termos 
do art. 14 do CDC, o site que não examina e filtra os dados e imagens nele 
inseridos. 4. O dano moral decorrente de mensagens com conteúdo ofensivo 
inseridas no site pelo usuário não constitui risco inerente à atividade dos 
provedores de conteúdo, de modo que não se lhes aplica a responsabilidade 
objetiva prevista no art. 927, parágrafo único, do CC/02. 5. Ao ser comunicado 
de que determinado texto ou imagem possui conteúdo ilícito, deve o provedor 
agir de forma enérgica, retirando o material do ar imediatamente, sob pena 
de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da 
omissão praticada. 6. Ao oferecer um serviço por meio do qual se possibilita 
que os usuários externem livremente sua opinião, deve o provedor de 
conteúdo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada 
um desses usuários, coibindo o anonimato e atribuindo a cada manifestação 
uma autoria certa e determinada. Sob a ótica da diligência média que se 
espera do provedor, deve este adotar as providências que, conforme as 
circunstâncias específicas de cada caso, estiverem ao seu alcance para a 
individualização dos usuários do site, sob pena de responsabilização 
subjetiva por culpa in omittendo. 7. Ainda que não exija os dados pessoais 
dos seus usuários, o provedor de conteúdo, que registra o número de 
protocolo na internet (IP) dos computadores utilizados para o cadastramento 
de cada conta, mantém um meio razoavelmente eficiente de rastreamento 
dos seus usuários, medida de segurança que corresponde à diligência média 
esperada dessa modalidade de provedor de serviço de internet. 8. Recurso 
especial a que se nega provimento.” (REsp 1193764/SP, Rel. Ministra 
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/12/2010, DJe 
08/08/2011) 
Conforme se observa, para o STJ o endereço IP já é prova suficiente para a 
correta identificação do usuário, no entanto, como não há nenhum tipo de regramento 
para que as empresas nacionais armazenem e identifiquem tal endereço de forma 
padronizada, não há como inferir que o mesmo representa a verdade dos fatos, 
mesmo que minimamente, o que sem dúvida fará que sejam necessários vários outros 
elementos para corroborar uma acusação para a correta identificação do agente. 
Destarte, mesmo com a apreciação das informações geradas pelos dispositivos 
eletrônicos, não pode o juiz ou as partes esperar que surgisse dali a verdade sobre os 
fatos ocorridos, o razoável, conforme já argumentado, é que haja um juízo de 
probabilidade, ou seja, que as provas obtidas pelos meios eletrônicos aparentemente 
demonstrem com intenso grau de certeza a realidade dos fatos que se quer provar. 
 
20 
5 REGULAMENTAÇÃO JURIDICA DA INFORMATICA NO BRASIL E SUA 
EVOLUÇÃO 
 
Fonte: image.slidesharecdn.com 
A Lei 7.232, de 29/10/1984, denominada de Lei da Informática, que teria por 
finalidade de proteger os elementos e efeitos da informática no âmbito interno, instituiu 
o Conselho Nacional de Informática e Automação – CONIN. Este seria um órgão de 
assessoramento imediato do Presidente da República, integrando-o a setor do 
Governo e da Iniciativa Privada, auxiliando na formulação de políticas voltada para a 
área da informática. 
O CONIN possuía como subordinada a Secretaria Especial de Informática – 
SEI, a qual se caracterizaria as normas citadas pelo Conselho. A Lei nº 8.090, de 
13/11/1990, em seu art. 4º, estabelece que a competência da SEI passaria a ser da 
Secretaria da Ciência e Tecnologia – SCT. A Resolução nº 22/1991 viria para facilitar 
a contratação das tecnologias internacionais, que era uma modificação na estrutura 
que até então dificultava e impedia tal procedimento. 
A Resolução nº 22/1991 deixou de lado o excesso de formalismo, simplificou 
processos, principalmente o de averbação de contratos de transferência de 
tecnologia; o requisito de consulta prévia não é mais obrigatório. 
 
21 
Outra novidade trazida pela referida Resolução é o observado no parágrafo 
único do art. 7º, que prevê, nos contratos de fornecimento de tecnologia, as cláusulas 
de sigilo e de indisponibilidade da tecnologia negociada. O licenciamento de 
tecnologia passa a ser promovido e o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – 
INPI expediu a Instrução Normativa nº1. A Resolução do CONIN nº 19/90, referia-se 
à atuação do fornecedor de tecnologia que determinava que este deveriaparticipar do 
capital da empresa brasileira, entretanto, sem ter direito a veto ou voto. A Lei nº 
8.248/1991 foi denominada a Nova Lei de Informática, revogando a Lei nº 7.232/1984. 
A Lei nº 8.248/91 foi revogada em 1999, sendo mantida por meio de medidas 
provisórias, até 1/1/2002, quando entrou em vigor a Lei nº 10.176/2001. 
Consideradas como leis da informática são as Leis nº 8.248/1991, 10.176/2001 
e 11.077/2004, as quais tratam da questão dos incentivos fiscais para empresas do 
setor de tecnologia (setores de hardware e automação), que invistam em Pesquisa e 
Desenvolvimento. 
Entre esses incentivos fiscais estão a redução do Imposto sobre Produto 
Industrializado – IPI dos produtos incentivados, sendo esta uma medida 
governamental para promover a inovação do setor. 
A Lei nº 11.077 de 30/12/2004 prorroga o benefício da Lei de Informática (LI) 
até 2019. 
O Decreto nº 5.906 de 26/09/2006 regulamenta a Lei nº 11.077/04 – Anexo I: 
Relação de bens de informática e automação incentiváveis. 
O Decreto nº 6.405 de 19/03/2008 dá nova redação e acresce dispositivos ao 
Decreto nº 5.906, de 26 de setembro de 2006, para adequação dos produtos que 
especifica com os respectivos códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), 
alterada a partir de 1º de janeiro de 2007. (Revogado pelo Decreto nº 7.010 de 2009). 
O Decreto nº 7.010 de 16/11/2009 dá nova redação ao Anexo I ao Decreto no 
5.906, de 26 de setembro de 2006, que regulamenta o art. 4º da Lei nº 11.077, de 30 
de dezembro de 2004, os arts. 4º, 9º, 11 e 16-A da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 
1991, e os arts. 8º e 11 da Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001, que dispõem sobre 
a capacitação e competitividade do setor de tecnologias da informação. O Anexo I ao 
Decreto nº 5.906, de 26 de setembro de 2006, passa a vigorar na forma do anexo. 
A Lei nº 13.023/14 prorroga o benefício da LI até 2029. 
 
22 
5.1 Proteção jurídica do software 
A Lei nº 9.609, de 1998, em seu art. 1º, define programa de computador, sendo 
que esse artigo, em verdade, é uma repetição do parágrafo único do art. 1º da Lei no 
7.646, de 1987. 
Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de 
instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de 
qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de 
tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos 
periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar 
de modo e para fins determinados. 
A Secretaria Especial de Informática, no Relatório da Comissão Especial de 
Automação de Escritórios, explicita que: “Estima-se que somente 1% de todo o 
software existente no mundo pode ser considerado como original e inovativo para ser 
caracterizado como patente”. Justamente por isso que os esforços para que os 
programas de computador fossem resguardados pelas patentes foram improdutivos e 
não tiveram êxito pela ausência da originalidade, sendo tutelados pelos direitos 
autorais. 
A Lei nº 7.232/1984 foi a primeira a dispor sobre o cadastramento de programas 
de computador, sendo alterada, mais tarde, pelo Decreto-Lei no 2.203/1984. Essas 
legislações ressaltavam além da questão da proteção da criação intelectual, mas 
também da comercialização no país, tanto com produtos nacionais quanto 
estrangeiros, criando regimes diferenciados, face da então orientação de reserva de 
mercado. 
Em 1987, publica-se a Lei nº 7.646, instituindo-se o registro de programas de 
computador perante o Conselho Nacional de Informática – CONIN, o qual se vincula 
à Secretaria Especial de Informática – SEI. A proteção atual encontra-se na Lei no 
9.609/1998, que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de 
computador, sua comercialização no País, e dá outras providências. 
A Lei nº 9.610/1998 é a Lei do Direito Autoral. Em seu art. 41, aduz que os 
Direitos Patrimoniais do autor perduram por 70 (setenta) anos, contados de 1º de 
janeiro do ano subsequente a de seu falecimento. Assim, cabe esclarecer que, 
primeiro, aplica-se a Lei do Software e, subsidiariamente, aplica-se a Lei de Direitos 
 
23 
de Autor. Seria um regime considerado sui generes na lei do autor que pode sofrer 
exploração econômica como propriedade4. 
5.2 Proteção jurídica do software no direito comparado 
5.2.1.1 Sistema de proteção das patentes 
O software não apresenta características estéticas e não pode ser catalogado 
como invenção. 
A criatividade contida no programa é de natureza intelectual e abstrata e 
consequentemente não patenteável. Antevendo as dificuldades existentes a 
convenção europeia sobre patentes exclui os programas de computador da proteção 
por patentes. 
 
5.2.1.2 Sistema de proteção ao direito autoral 
Direito Autoral ou Direitos Autorais são as denominações utilizadas em 
referência ao rol dos direitos dos autores de suas obras intelectuais que podem ser 
literárias, artísticas ou científicas. 
 
 
Fonte: irisbh.com.br 
 
4 Texto extraído do livro Direito Eletrônico e Perícia Forense, de Deborah Farah Sobrinho 
 
24 
A proteção do direito autoral no Brasil é proporcionada pela Constituição 
Federal em seu artigo 5º, parágrafos XXVII e XXVIII, bem como pelo Código Civil 
Brasileiro e pela Lei 9.610/98. 
O direito autoral também é regido por diversos acordos e convenções onde 
participam muitos Estados signatários. 
O Brasil é membro da Convenção de Berna (revista em Paris em 24.07.71 – 
Decreto nº. 75.699, de 06.05.75), da Convenção Universal sobre o Direito de Autor 
(Decreto nº. 76.905/1975) e da Convenção Interamericana sobre os direitos de autor 
em obras literárias, científicas e artísticas, também conhecida como Convenção de 
Washington (Decreto nº. 26.675/1949). 
Todas estas Convenções corroboram a proteção prevista na legislação pátria, 
estendendo tanto aos autores nacionais dos demais países signatários das 
convenções a proteção aos seus direitos no Brasil, como a proteção dos direitos de 
autores nacionais naqueles países5. 
5.3 Proteção jurídica do software nos tratados e convenções 
A Convenção Europeia excluiu a proteção nos termos do art. 5226, nega aos 
programas de computador a patenteabildiade por não os considerar invenções. Por 
outro lado, alguns países são a favor da adoção do sistema de patentes para dar 
proteção ao software. 
Hoje de acordo com a EUROPEAN PATENT CONVENTION que estabelece a 
EPO, muitos países aderiram a patentiabilidade dos softwares como invenção com 
efeitos técnicos. 
5.4 Convenção de Berna 
A Convenção de Berna foi o primeiro instrumento jurídico que tutelou os direitos 
autorais mundialmente. Ela estabeleceu o reconhecimento do direito de autor entre 
nações soberanas, tendo sido adotada em 1886. Antes de sua adoção, as nações 
frequentemente recusavam reconhecer em seus territórios os direitos de autor de 
 
5 Extraído do link: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7307 
 
25 
estrangeiros. Até então, obras protegidas em seu país de origem podiam ser 
livremente reproduzidas em outros países. 
A respeito do software, os problemas da classificação também trouxeram 
longas controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais que foram resolvidas pela maioria 
dos países, nos moldes da Convenção de Berna, estabelecendo que os programas 
de computadores são equiparados a obras literárias e, por conseguinte, recebem a 
tutela do Direito Autoral. 
No Brasil, a Convenção de Berna entrou em vigor em 1975. 
5.5 Direito do autor - Decreto 75.699/75 
 
Fonte: blog.crb6.org.br 
O referido decretopromulga a Convenção de Berna para a Proteção das Obras 
Literárias e Artísticas. 
Historicamente, os direitos autorais são decorrentes do século XVII e 
originaram-se na Inglaterra, passando a se expandir pela Europa, Estados Unidos e 
finalmente sendo introduzida no Brasil através da Convenção de Berna, datada de 
1886 e sendo recepcionada através do Decreto-Lei 75.699/75 que vigorou até a 
promulgação da Lei 9610/98, que é atualmente aplicada com relação aos direitos 
autorais no Brasil. 
Nesse sentido, o Direito Autoral está inserido na grande área do Direito da 
Propriedade Imaterial, que se desdobra em Direito Autoral, Direito da Propriedade 
Industrial e dos Direitos da Personalidade. 
 
26 
5.6 Lei Nº 12.737/2012 (conhecida como Lei Carolina Dieckmann) 
Anteriormente ao ano de 2012, a falta de legislação específica tornava muito 
difícil a apuração dos crimes virtuais, uma vez que a legislação até então vigente havia 
sido direcionada aos crimes de forma geral, independentemente do meio utilizado 
para a sua prática. Nesse sentido, podemos citar, dentre outros, o Código Penal (CP), 
o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90) e Lei dos crimes de software 
(ou lei antipirataria, Lei n. 9.609/98) e a Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83). 
Dessa forma, ante a não especificidade da legislação, era muito difícil a 
identificação dos sujeitos e a obtenção de provas para a condenação criminal quanto 
aos crimes virtuais, que exige certeza. 
Entretanto, no mês de maio de 2012, foi notícia na mídia a divulgação de 
imagens da intimidade da atriz Carolina Dieckmann em diversos sítios eletrônicos da 
rede mundial de computadores, o que causou uma grande comoção social, o que 
abriu campo para a edição da Lei n. 12.737, de 30/11/2012, publicada no DOU de 
03/12/2012, com vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias, apelidada de “Lei Carolina 
Dieckmann”, que, dentre outras providências, dispôs sobre a tipificação criminal dos 
delitos informáticos, introduzindo os arts. 154-A, 154-B, e alterando os arts. 266 e 298, 
todos do Código Penal. 
É importante destacar o art. 154-A do Código Penal, que trouxe para o 
ordenamento jurídico o crime novo de “Invasão de Dispositivo Informático”, 
consistente na conduta de “invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à 
rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e 
com fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização 
expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter 
vantagem ilícita”. A pena prevista para o crime simples é de detenção de 3 meses a 
um ano e multa, havendo, entretanto, a previsão das formas qualificada e causas de 
aumento de pena. 
Esmiuçando o art. 154-A do CP, chega-se ao bem jurídico tutelado como sendo 
a liberdade individual, a privacidade e a intimidade das pessoas como um todo. 
O crime em questão é comum, o sujeito ativo do crime cibernético pode ser 
qualquer pessoa (física ou jurídica, de direito público ou de direito privado), o mesmo 
se dizendo em relação ao sujeito passivo, que pode ser qualquer pessoa passível de 
sofrer dano moral ou material decorrente da violação do seu sistema de informática. 
 
27 
O tipo objetivo é o misto alternativo, sendo um crime de ação múltipla ou 
conteúdo variado, apresentando os núcleos “invadir” e “instalar”, podendo o agente 
praticar ambas as condutas e responder por crime único, desde que num mesmo 
contexto. 
Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do crime cibernético caracteriza-
se somente pelo dolo, não havendo a previsão legal da conduta na forma culposa. 
 
 
Fonte: img.ibxk.com.br 
Relativamente à consumação e tentativa, o crime do caput do art. 154-A é 
formal, que se consuma com a mera invasão ou instalação de vulnerabilidade, não 
sendo importante para a consumação a obtenção ou não da vantagem ilícita pelo 
agente. Já na forma qualificada (art. 154, § 3º, do CP), referida abaixo, o crime é 
material, pois exige para a consumação a obtenção efetiva de conteúdos ou o controle 
remoto não autorizado do dispositivo. 
O art. 154-A, § 1º, do CP, por seu turno, prevê a forma equiparada do crime 
cibernético, incriminando com a mesma pena do “caput” a conduta de quem “produz, 
oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o 
intuito de permitir a prática da conduta definida no caput”, sendo esse, também, um 
crime de ação múltipla que exige dolo específico, tal qual o caput do art. 154-A do CP. 
O art. 154-A, § 2º, do CP prevê causa de aumento de pena de um sexto a um 
terço, no caso da ocorrência de prejuízo de caráter econômico/financeiro para a 
 
28 
vítima, sendo tal causa de aumento aplicável somente para a forma simples do delito, 
e não para a forma qualificada, prevista no parágrafo seguinte, em razão da topografia 
do dispositivo em comento. 
O art. 154-A, § 3º, do CP prevê pena e regime prisional diferenciado (seis 
meses a dois anos de reclusão e multa) para as seguintes hipóteses: 1) quando a 
invasão possibilitar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas; 
2) quando possibilitar a obtenção do conteúdo de segredos comerciais ou industriais; 
3) quando possibilitar a obtenção do conteúdo de informações sigilosas, assim 
definidas em lei; e 4) quando possibilitar o controle remoto não autorizado do 
dispositivo invadido. Ressalte-se que as figuras qualificadas acima descritas 
configuram crime subsidiário, de subsidiariedade expressa, pois que em seu preceito 
secundário prevê a norma que ela somente será aplicada “se a conduta não constitui 
crime mais grave”. 
Por fim, os parágrafos 4º e 5º, I a IV, do CP, preveem causas de aumento de 
pena, aplicáveis somente para a forma qualificada do delito (§ 3º, do art. 154-A, do 
CP)6. 
5.7 Decreto Nº 7.962/2013 - Lei do E-commerce 
Regulamentou o Código de Defesa do Consumidor, para dispor sobre a 
contratação no comércio eletrônico. Traz diversos esclarecimentos sobre atendimento 
ao consumidor em relação às compras realizadas pela internet, direito de 
arrependimento em comércio eletrônico, aborda a necessidade de exibir, aos 
visitantes e clientes, informações claras sobre os produtos, serviços e fornecedores; 
prestar um atendimento facilitado ao consumidor; tratando até mesmo o tema das 
compras coletivas. 
De acordo com o referido decreto, os sites de comércio eletrônico devem 
destacar de forma explícita: 
 O seu nome empresarial e o número do CNPJ; 
 Os seus dados localização e contato, como endereço físico, telefone e 
e-mail; 
 
6 Texto extraído do link: https://jus.com.br/artigos/35796/os-crimes-ciberneticos-e-a-lei-n-12-
737-2012-lei-carolina-dieckmann 
 
29 
 As descrições essenciais dos produtos, incluindo os riscos à saúde e à 
segurança; 
 A especificação no preço de quaisquer custos adicionais, como 
despesas com frete ou seguro; 
 As condições globais da oferta, contendo a disponibilidade do produto 
ou de execução do serviço, meios de pagamento, promoções e formas 
e prazo de entrega; 
 As informações sobre possíveis restrições ao aproveitamento da oferta; 
 
 
Fonte: www.itforum365.com.br 
Conforme esse dispositivo, os sites que ofertam compras coletivas ou 
categorias semelhantes deverão, além dos deveres das lojas virtuais comuns citados 
nos tópicos anteriores, conter e mostrar: 
 A quantidade mínima de consumidores para a efetivação do negócio; 
 O prazo para utilizar da oferta pelo comprador; 
 A identificação do fornecedor responsável pelo site e do fornecedor da 
oferta com nome empresarial, número de CNPJ, endereçofísico e 
eletrônico. 
Objetivando garantir um atendimento facilitado ao consumidor no comércio 
eletrônico, essa regulamentação prevê que o fornecedor deverá: 
 Confirmar imediatamente o recebimento da aceitação da oferta; 
 
30 
 Prestar atendimento eficaz em meio eletrônico a fim de permitir que o 
consumidor obtenha informações, esclareça dúvidas, apresente 
reclamações e suspenda ou cancele o negócio (devendo a resposta ser 
fornecida pela empresa em até cinco dias); 
 Confirmar instantaneamente o recebimento da solicitação do 
consumidor pelo mesmo meio utilizado por ele; 
 Disponibilizar ferramentas eficazes ao consumidor para identificação e 
correção instantânea de erros ocorridos nas fases anteriores à 
conclusão da compra; 
 Utilizar mecanismos capazes de garantir a segurança para o pagamento 
e para o gerenciamento de dados do consumidor; 
 Apresentar um resumo do teor do contrato antes da contratação, com 
informações imprescindíveis para o consumidor tomar sua decisão, 
destacando os direitos e deveres de loja e cliente; 
 Fornecer o contrato ao consumidor para que ele possa ser conservado 
e reproduzido logo após a finalização da compra; 
 As contratações deverão observar o cumprimento dos termos da oferta, 
sendo que a entrega dos produtos e a prestação dos serviços 
respeitarão prazos, qualidade, quantidade e adequação inerente. 
Além disso, a Lei do E-commerce cuida do direito de arrependimento do 
consumidor, ao dispor que o fornecedor deve informar, nitidamente, os meios pelos 
quais este dispositivo pode ser exercido. O direito de arrependimento implica na 
rescisão contratual sem qualquer ônus para o consumidor, podendo ser exercido pela 
mesma ferramenta utilizada para a compra, sem prejuízo de outras disponibilizadas 
pela loja. 
Caberá ao e-commerce enviar a confirmação do recebimento da declaração de 
arrependimento ao consumidor. Além disso, a loja deverá comunicar imediatamente 
à instituição financeira ou à administradora de cartão de crédito para que a operação 
não seja lançada na fatura do consumidor; ou, caso o lançamento já tenha sido feito, 
o respectivo estorno. 
Conforme o art. 49 do Código de Defesa do Consumidor, o exercício do direito 
de arrependimento deve ser feito no prazo de sete dias, quando a contratação ocorrer 
“fora” do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou em domicílio. 
 
31 
O direito de arrependimento veio para coibir as compras por impulso, isto é, 
aquelas realizadas pelo consumidor sem que este tenha tido tempo para avaliar sobre 
a conveniência e a oportunidade de adquirir um produto ou serviço; e mais, apreciar 
se tem condições financeiras para arcar com a despesa. 
Assim, o Decreto tem por objeto dar mais garantias aos consumidores que 
compram pela internet, bem como estabelecer um comportamento mais adequado de 
vendedores, prestadores de serviço e intermediários. Assim, as relações jurídicas se 
tornam mais seguras e transparentes, o que facilita o acesso às informações sobre 
fornecedores, produtos e serviços no comércio eletrônico7. 
5.8 Marco Civil da Internet – Lei 12.965/14 
A referida lei regulamenta a utilização da internet, estabelecendo princípios e 
garantias que tornam a rede livre e democrática no Brasil. Em vigor desde 23 de junho 
de 2014, ela assegura os direitos e os deveres dos usuários e das empresas 
provedoras de acesso e serviços online. 
Antes de virar lei, a proposta foi lançada pela Secretaria de Assuntos 
Legislativos do Ministério da Justiça, em outubro de 2009. Nessa fase, os temas 
abordados foram desenvolvidos com ajuda da população por meio de audiências 
públicas em todo o Brasil. “Era possível opinar e comentar os artigos também pelo 
blog Cultura Digital e pelos portais e-Democracia e e-Cidadania, da Câmara dos 
Deputados e do Senado Federal”. 
 
5.8.1.1 Proteção à privacidade dos usuários 
 
A partir da entrada em vigor do Marco Civil da Internet a operação das 
empresas que atuam na web deverá ser mais transparente. A proteção dos dados 
pessoais e a privacidade dos usuários são garantias estabelecidas pela nova Lei. 
Isso significa, por exemplo, que as empresas de Internet que trabalham com os 
dados dos usuários para fins de publicidade – como aqueles anúncios dirigidos que 
aparecem no seu perfil nas redes sociais – não poderão mais repassar suas 
informações para terceiros sem o seu consentimento expresso e livre. 
 
7 Texto extraído do link: https://blog.vtex.com/pt/lei-do-e-commerce/ 
 
32 
A proteção aos dados dos internautas é garantida e só pode ser quebrada 
mediante ordem judicial. Isso quer dizer também que se você encerrar sua conta em 
uma rede social ou serviço na Internet pode solicitar que seus dados pessoais sejam 
excluídos de forma definitiva. Afinal, o Marco Civil da Internet estabelece que os dados 
são seus, não de terceiros. 
Outra inovação promovida pelo Marco Civil da Internet é a garantia da 
privacidade das comunicações. Até a Lei entrar em vigor o sigilo de comunicações 
não era válido para e-mails, por exemplo. A partir de agora o conteúdo das 
comunicações privadas em meios eletrônicos tem a mesma proteção de privacidade 
que já estava garantida nos meios de comunicação tradicionais, como cartas, 
conversas telefônicas, etc. 
A afirmação em Lei de que o conteúdo das comunicações privadas em meios 
eletrônicos é dado sigiloso é um avanço importante, que garante aos novos meios de 
comunicação a mesma proteção já garantida aos meios de comunicação tradicionais. 
 
 
Fonte: wsidm.com.br 
5.8.1.2 Liberdade de expressão e a retirada de conteúdo do ar 
 
Outro grande avanço garantido pelo Marco Civil da Internet é a maior proteção 
da liberdade de expressão na Internet. A Lei assegura a liberdade de expressão, como 
preconizado na Constituição de 1988, garantindo que todos sigam se expressando 
livremente e que a Internet continuará sendo um ambiente democrático, aberto e livre, 
ao mesmo tempo em que preserva a intimidade e a vida privada. 
 
33 
A grande mudança que a nova Lei promove é com relação à retirada de 
conteúdos do ar. Antes de sua entrada em vigor, não havia uma regra clara sobre este 
procedimento. A partir de agora a retirada de conteúdos do ar só será feita mediante 
ordem judicial, com exceção dos casos de “pornografia de vingança”. Pessoas vítimas 
de violações da intimidade podem solicitar a retirada de conteúdo, de forma direta, 
aos sites ou serviços que estejam hospedando este conteúdo. 
Nos casos em que ocorrer a retirada de conteúdo os provedores de acesso 
deverão comunicar “os motivos e informações relativos à não disponibilização de 
conteúdo, com informações que permitam o contraditório e a ampla defesa em juízo”, 
como atesta o artigo 20 da Lei. 
Ainda segundo a Lei, os Juizados Especiais serão os responsáveis pela 
decisão sobre a ilegalidade ou não dos conteúdos, antes que eles sejam retirados do 
ar. Isto se aplica aos casos de ofensa à honra ou injúria, que serão tratados da mesma 
forma como ocorre fora de Internet. Essas violações são analisadas pelo Judiciário, 
garantindo que todos tenham seus pedidos avaliados por um juiz e não pelo provedor 
de Internet, que pode ser pressionado a retirar ou censurar conteúdos por diversos 
motivos, como financeiros, políticos, religiosos entre outros. 
 
5.8.1.3 Garantia da neutralidade de rede 
 
Outro grande avanço promovido pelo Marco Civil da Internet é a garantia da 
neutralidade da rede, o que significa que os provedores de acesso devem tratar todos 
os dados que circulam na Internet da mesma forma, sem distinção por conteúdo, 
origem, destino ou serviço.Com a neutralidade, por exemplo, um provedor não pode beneficiar o fluxo de 
tráfego de um site ou um serviço em detrimento do outro. A neutralidade poderá ser 
excepcionada somente em caso de requisitos técnicos ou serviços de emergência. 
Assim, a Lei garante a liberdade de manifestação do pensamento, a escolha do 
usuário sobre o conteúdo que deseja acessar, a livre concorrência na rede e a 
possibilidade de inovação. 
 
Resumindo os principais direitos: 
 
34 
É obrigatória a retirada de conteúdos ofensivos de sites, blogs ou redes sociais. 
A determinação acontece por ordem judicial e responde ao delito quem produziu ou 
divulgou o material 
A privacidade e a proteção de dados do usuário na internet, incluindo e-mails e 
chats, só podem ser violadas em investigações criminais 
Sites só podem coletar dados com consentimento do usuário (que deve ser 
informado com clareza sobre como eles serão utilizados). É proibido passar essas 
informações adiante. 
As mesmas normas de proteção e defesa do Código do Consumidor valem para 
compras e vendas feitas na internet 
 
Resumindo os principais deveres: 
É proibido violar a intimidade ou vida privada de outros usuários e divulgar ou 
compartilhar mensagens, vídeos ou imagens ofensivas. 
A lei reforçou o veto de negócios virtuais ilícitos, como comercialização de 
armas de fogo, drogas, medicamentos etc., e venda de produtos sem nota fiscal ou 
manual de instruções 
Respeitar os direitos autorais. A reprodução de conteúdo (musical, literário, 
audiovisual etc.) sem autorização pode ser punida. 
Em caso de investigação, empresas de telecomunicações, portais e redes 
sociais devem identificar usuários acusados por infringirem o MCI. Nesses casos, o 
direito à privacidade e à proteção de dados é suspenso. 
6 O DEVER JURÍDICO DE INDENIZAR DAS EMPRESAS E-COMMERCE8 
O mundo moderno, a sociedade de massa e a velocidade das negociações 
deram azo ao chamado Comércio eletrônico, e-commerce, comércio virtual, venda 
não presencial, telemarketing, na qual o negócio jurídico (normalmente compra e 
venda) se concretiza invariavelmente por meio de equipamentos eletrônicos 
(computadores, notebooks, tabletes ou smartphones). 
 
8 Texto extraído do link: https://jus.com.br/artigos/62816/o-dever-juridico-de-indenizar-das-
empresas-e-commerce 
 
35 
Com a crescente informatização da sociedade, o mundo virtual é a experiência 
mais real da vida moderna. 
Com o desenvolvimento da Internet, as empresas passaram a ver o ambiente 
digital como um terreno fértil à produção de vultosos lucros. Ambiente caracterizado 
pela agilidade nas negociações. A rede mundial proporciona grande potencial de 
retorno sobre o investimento, devido a maior visibilidade do produto ou serviço. 
Porém, essa mesma visibilidade pode trazer maior número de críticas, aumentar o 
grau de insatisfação de clientes, elevar os números de evasão, bem como sujeitar a 
que pessoas mal intencionadas se utilizem do site para cometer crimes (estelionato) 
realizando golpes em terceiros de boa-fé, que acreditam estar negociando em um 
ambiente seguro e confiável. 
Com efeito, normalmente, o que o utente espera nesse tipo de negociação 
virtual é que seus provedores atuem baseados em segurança, criptografia, critérios 
rígidos de combate às fraudes e aos anúncios fraudulentos. 
As empresas que se prestam a exercer atividades de Internet, numa plataforma 
on-line de classificados gratuitos (ou não), torna-se responsável por gerir e publicar 
anúncios de toda monta na sua página na internet, e, por isso, deve prover melhor 
seus serviços, dando segurança e confiabilidade a quem faz uso dos seus serviços. 
Essas empresas de anúncios de produtos e serviços não podem, 
absolutamente, ser porta de entrada para bandidos e vitrines de anúncios fraudulentos 
com fomentação ao crime organizado em prejuízo ao patrimônio material alheio, 
sendo negligente quando não atua proativamente para inibir condutas ilícitas 
perpetradas por golpistas que se aproveitam da boa índole dos usuários. 
Nesse sentido, é evidente que essas empresas têm responsabilidade solidária 
no evento danoso que por ventura causarem danos aos seus usuários, pois os 
consumidores não podem ficar à mercê dos criminosos que utilizam do site para, por 
meio ardil, engodo ou fraude, enganar pessoas e causar lesão de toda monta. 
Ao permitir que criminosos anunciem em seu site, sem critérios de seleção e 
verificação prévia da veracidade das propostas nele lançadas, a empresa não garante 
ao usuário a segurança necessária e esperada para a concretização do negócio. 
Assim, se essas empresas de comércio eletrônico não fornecem a segurança 
necessária para que seus usuários concretizem suas compras, sendo elas 
enquadradas na categoria de fornecedora de produtos/serviços, incide o princípio da 
boa-fé e da responsabilidade objetiva, uma vez que o site transmite a impressão de 
 
36 
que as empresas/pessoas que expõem seus produtos pelo e-commerce são 
confiáveis. 
À evidência, devem as empresas de plataformas on-line responder pelos danos 
sofridos pelos usuários do serviço, a teor do que dispõe o artigo 7.º, do CDC, nas 
operações fraudulentas que eventualmente aconteçam no trato entre usuários e 
anunciantes. 
Nesses casos, a responsabilidade objetiva dos prestadores de serviços e 
produtos é objetiva, independem da demonstração de culpa pelo consumidor lesado 
(arts. 12 e 14, CDC). 
Nesse sentido, já decidiu o TJ de São Paulo: 
EMENTA: Prestação de serviços. Ação de indenização por danos material e 
moral. Site de intermediação de negócios por meio eletrônico. Consumidor 
vítima. Aquisição de celular junto à ofertante que promovia a venda 
ostentando falsa qualificação. Falso cadastro hospedado no domínio da 
empresa apelante. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor (artigo 
14). Responsabilidade objetiva do prestador de serviço. Relação jurídica de 
intermediação que não exonera o intermediador de responder pelos defeitos 
verificados na segurança das informações disponibilizadas que levaram ao 
usuário ao prejuízo experimentado. Dano material comprovado. Restituição 
do valor pago na falsa aquisição. Dano moral comprovado e fixado com 
moderação, observados os fatos, as condições das partes envolvidas e a 
repercussão do dano. Desnecessidade de qualquer redução. Correção 
monetária não se aplica do evento, mas da decisão que o arbitrou. Apelo 
provido em parte. (Apelação Cível 1.224.674-0/5). 
A empresa hospedeira de anúncios, mesmo que “gratuitos”, obtém lucro seja 
pela comissão obtida com a venda, seja pela exploração de publicidade, ou ainda pela 
oferta de serviços Upgrade para vender mais rápido, desse modo, não pode se isentar 
de responsabilidade, apenas por não ter participado diretamente da negociação, que 
gerou dano a outrem. 
Em que pese, não ter participado da negociação de forma direta, mas apenas 
intermediando, essas empresas de e-commerce possuem responsabilidade sobre o 
conteúdo anunciado, pois, como dito, a sua atividade se emoldura nas normas do 
Código de Defesa do Consumidor, como fornecedora de serviços, devendo responder 
objetivamente pelas falhas na prestação destes serviços. 
É corolário de sua atividade responder pelos danos sofridos por usuário que se 
utiliza da plataforma para negociar, devendo a empresa evitar que bandidos se 
utilizem do site para praticar crimes, em patente falha na prestação dos serviços. 
Assim, é certo que o fornecedor de serviços deve responder pelos riscos inerentes à 
 
37 
atividade negocial, em homenagem à “teoria do risco-proveito”, segundo a qual aquele 
que tira proveito do fato causador de dano à vítima deve tambémsuportar os 
respectivos riscos. 
Destarte, a teoria do risco-proveito (risco da atividade), que tem fundamento no 
art. 927, do Código Civil, considera civilmente responsável todo aquele que auferir 
lucro ou vantagem do exercício de determinada atividade, segundo a máxima “ubi 
emolumentum, ibi ônus” (onde está o ganho, aí reside o encargo). 
Consequentemente, às empresas de comércio eletrônico, além de aplicar 
comportamentos seguros, é crítico que se instale uma solução de segurança robusta 
em todos os dispositivos usados para realizar as operações negociais, intrínsecas aos 
serviços prestados, sob pena de, comprovada a falha na prestação de serviços (fraude 
de terceiro não evitada pelo fornecedor), gerar o inexorável dever jurídico de indenizar 
aos que, confiando na segurança e credibilidade do site, realizam transações com 
malfeitores, geradoras de prejuízos materiais e imateriais, até pelo fato de o usuário 
se encontrar em situação de vulnerabilidade frente ao porte técnico, jurídico e 
econômico dessas pessoas jurídicas. 
7 OS CONTRATOS ELETRÔNICOS SOB A ÉGIDE DO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO9 
Como os contratos fazem parte da realidade diária das pessoas, eles não 
poderiam deixar de ser estudados pelo ramo do Direito eletrônico. As formas com que 
se dá a comunicação digital são advindas de contrato, pois para acessar um e-mail, 
por exemplo, há a necessidade de realização de um contrato, por meio do qual há 
concordância com a política do serviço oferecido. Fala-se então em virtualização do 
contrato. 
O emprego do termo contrato eletrônico é mais comum, mas esse tipo 
contratual também recebe outras denominações, como por exemplo, contratos digitais 
ou cibernéticos. 
Na visão de Barbagalo (2001, p. 37), o contrato eletrônico é visto como “o 
acordo entre duas ou mais partes para, entre si, constituírem, modificarem ou 
 
9 Texto extraído do link: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/os-contratos-
eletr%C3%B4nicos-sob-%C3%A9gide-do-ordenamento-jur%C3%ADdico-brasileiro-0 
 
38 
extinguirem um vínculo jurídico de natureza patrimonial, expressando suas 
respectivas declarações de vontades por computadores interligados entre si”. 
A definição do tipo contratual, em evidência, é semelhante à dos contratos 
tradicionais. O posicionamento de Ângela Bittencourt Brasil (2002, p. 297) é 
justamente nesse sentido, ao dispor que os contratos eletrônicos “[...] nada mais são 
do que manifestações de vontade, voltadas para os interesses bilaterais que 
produzirão os mesmos efeitos jurídicos que os contratos até então por nós 
conhecidos.” 
As diferenças mais nítidas, então, entre essa nova modalidade contratual e dos 
demais contratos são o meio pelo qual há a exteriorização (internet) e como se dá a 
manifestação de vontade. 
 
 
Fonte: www.savoybeachhotel.it 
7.1 Validade jurídica 
Para que o contrato eletrônico tenha validade é preciso que haja os requisitos 
do art. 104 do Código Civil: capacidade do agente emissor da vontade; licitude e 
possibilidade do objeto, o qual deverá ser ao menos determinável e forma prevista 
pela lei ou não passível de proibição pela mesma. Tratam-se, então, respectivamente 
de elementos subjetivos, objetivos e formais. 
 
39 
Os contratos tradicionais, geralmente, são solenes, pois devem seguir forma 
prescrita ou não vedada por lei. Já os contratos eletrônicos utilizam como meio de 
concretização a internet, para a qual ainda não se estabeleceu a mesma solenidade. 
Há ainda a distinção quanto à manifestação de vontade. Nos contratos comuns, 
o interesse pode ser exteriorizado de diversas maneiras, como por exemplo, a 
assinatura ou pela própria verbalização, em caso de contratos verbais. Já no meio 
eletrônico há mensagens e acessos que quando providos de confirmação gera uma 
presunção de vontade. Essa confirmação é realizada por meio dos denominados 
“cliques”. A contratação é feita com um ente artificial, cuja vontade já foi programada 
anteriormente. 
A comunicação ocorre em tempo real por meio de alguns programas como, 
MSN, Facebook ou por meio de e-mail, pelo qual a comunicação não se dá de forma 
instantânea, mas mesmo assim é muito utilizado em praticamente todas as transações 
comerciais. 
O Direito eletrônico é contrário a ideia adotada pelos contratos clássicos de que 
somente os seres humanos podem realizar contratos. Há uma vontade indireta, pois 
um determinado indivíduo realizou a programação da contratação. Isso ocorre, por 
exemplo, no caso de solicitação de novas mercadorias ao fornecedor pelo próprio site 
em caso de ausência do produto no estoque. A realização da proposta implica em um 
contrato que será válido mesmo que a compra do produto não seja solicitada pelo 
empresário. Isso diz respeito à vontade da inteligência artificial. 
Conclui-se que no meio virtual, há outra visão sobre a vontade, a qual é indireta. 
Não há interação do ser humano com outra pessoa, mas sim com a máquina. O 
contrato eletrônico já é programado. Assim, este não pode ser visto apenas como um 
ato de vontade, já que esta é intermediada por um sistema de programação. 
Como não há legislação própria para o modelo contratual, aplicam-se por 
analogia as regras dos contratos gerais. No entanto, é um tema complexo, que pode 
gerar a remodelação das normas já existentes (LORENZETTI apud PEREIRA, [2004], 
p. 12). 
Além da manifestação de vontade retratada anteriormente, é preciso que haja 
capacidade das partes contraentes. O agente adquire capacidade civil, geralmente, 
ao completar 18 anos. No entanto, pode ocorrer a emancipação, que é o instituto que 
supre a incapacidade relativa em decorrência da idade. Há três espécies, quais sejam 
a voluntária, a judicial e a legal. 
 
40 
O incapaz somente poderá efetuar a realização de contratos caso seja 
representado (absolutamente incapazes) ou assistido (relativamente incapazes). Mas 
muitas crianças e jovens realizam contratos eletrônicos e a respeito disso surgem 
várias controvérsias a respeito de sua validade. Há vários entendimentos relativos a 
essa questão, pois há aqueles que consideram a validade somente se houver 
consentimento e responsabilidade dos pais e caso não se proceda dessa forma, o 
negócio jurídico será provido de nulidade. Há ainda a sustentação de que se o menor 
realizar determinado contrato, os pais terão a obrigação de efetuar seu adimplemento. 
Isso se fundamenta na responsabilidade objetiva prevista no art. 932, I do Código Civil. 
A identificação é, assim, um dos entraves do contrato eletrônico e que gera 
desconfiança das pessoas ao comercializar pelo meio virtual. O computador e e-mail 
utilizados não são técnicas suficientes para conhecimento do real usuário, pois 
qualquer pessoa pode criar um e-mail falso e utilizar um computador que não seja o 
seu. 
Alguns sites deixam clara a evidência que não contratam com menores e 
pedem o cadastro de informações pessoais, como CPF e RG para tentar coibir a 
prática de fraudes. No entanto, tais ferramentas não são suficientes. Nesse sentido, 
Ramos ([2009], p. 22) dispõe: 
Assim, foram desenvolvidos sistemas de biométricos, de criptografia, de 
assinatura digital e certificações eletrônicas para revestir de maior segurança 
os contratos celebrados pela internet, [...], pois é necessário que os 
documentos provenientes de meio eletrônico tenham validade semelhantes 
aos documentos físicos. 
É importante esclarecer que nas relações consumeristas, o fornecedor deve 
fornecer informações precisas sobre o produto oferecido, pois na contratação virtual 
também se aplica o art. 6º, III do CDC, além de outros dispositivos do mesmo diploma 
legal. 
Em relação ao

Continue navegando