Buscar

Ensino da Flora Brasileira 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENSINO DA FLORA BRASILEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Letícia Estela Cavichiolo 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Na aula anterior, estudamos alguns dos principais sistemas de 
classificação adotados para classificar a flora brasileira ao longo dos anos, com 
destaque para a classificação segundo Andrade-Lima e Veloso. 
 Pudemos perceber que ao longo de diferentes contextos históricos, 
numerosas propostas de classificações foram empregadas para delimitar a 
biodiversidade do território brasileiro, revelando a dificuldade de compartimentá-
la (Coutinho; Lopes, 2017, p. 1). 
Destacamos que ainda há equívocos no uso dos termos utilizados nos 
artigos e demais publicações, conforme salientado por Maciel & Duarte (2014, p. 
1), Coutinho (2006, p. 14) e Batalha (2011, p. 22), razão pela qual a presente aula 
encontra importância. Isto se deve tanto pelo excesso de rigor semântico e 
sintático presentes em algumas classificações (Oliveira-Filho, 2009, p. 239), 
quanto pela alta complexidade da flora brasileira em si. 
Neste sentido, o “Manual Técnico da Vegetação Brasileira” publicado em 
1992 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) consiste em uma 
publicação que merece maior atenção, principalmente ao fato que esta 
classificação subsidia as leis, decretos e resoluções para a aplicação da 
legislação brasileira, razão pela qual possui destaque até a atualidade. Portanto, 
os principais termos e conceitos associados à esta classificação, cuja 
sistematização encontra-se na tabela 1, serão detalhados a partir deste momento. 
Mendes (2014, p. 17) destaca que, como houve um acúmulo de novos 
conhecimentos desde a publicação da primeira versão do “Manual Técnico da 
Vegetação Brasileira”, foi necessária uma segunda edição deste manual. 
Publicado em 2012, esta edição do manual conta com uma ampliação de 
conceitos, passando a “conter um novo subgrupo de formação, a Floresta 
Estacional Sempre-Verde, com três formações e duas fácies; um novo subgrupo 
de formação na Campinarana, com duas fácies; duas novas fácies da Savana 
Estépica; mais um tipo de contato nas áreas de tensão ecológica e novos tipos de 
áreas antrópicas”, segundo a mesma autora. Portanto, tais termos também serão 
aprofundados no presente texto. 
 
 
 
3 
Tabela 1 – Esquema da classificação da vegetação brasileira (IBGE, 1991) 
Império 
florístico 
De escala regional (1: 10.000.000 até 1:2.500.000) até escala exploratória (1: 1.000.000 até 1:250.000) 
Tipos de vegetação Formações 
Zona Região Classes de formações Subclasses de 
formações 
Grupos de 
formações 
Subgrupos de 
formações 
Formações 
(propriamente 
ditas) 
Subforma-ções 
N
e
o
tr
o
p
ic
a
l-
 P
ri
n
c
ip
a
is
 f
a
m
íl
ia
s
 e
n
d
ê
m
ic
a
s
 b
ra
s
ile
ir
a
s
: 
B
ix
a
c
e
a
e
, 
C
a
c
ta
c
e
a
e
, 
C
a
n
n
a
c
e
a
e
, 
C
a
ry
o
c
a
ra
c
e
a
e
, 
C
y
c
la
th
a
c
e
a
e
, 
c
y
ri
lla
c
e
a
e
, 
L
a
c
is
te
m
a
c
e
a
e
, 
N
a
rc
g
ra
v
ia
c
e
a
e
, 
Q
u
iin
a
c
e
a
e
, 
 S
a
rr
a
c
e
n
ia
c
e
a
e
 e
 o
u
tr
a
s
. 
C
o
m
 n
o
v
e
 r
e
g
iõ
e
s
 f
lo
rí
s
ti
c
a
s
 c
o
m
 u
m
 o
u
 m
a
is
 g
ê
n
e
ro
s
 e
n
d
ê
m
ic
o
s
 e
m
 c
a
d
a
 t
ip
o
 d
e
 v
e
g
e
ta
ç
ã
o
. 
Estrutura e formas de 
vida 
Clima/déficit 
hídrico 
Fisiologia/trans
piração e 
fertilidade 
Fisionomia 
(hábitos) 
Ambiente/relevo Fisionomia 
específica 
(fácies) 
Floresta 
(macrofanerófitos, 
mesofanerófitos, lianas 
e epífitos) 
Ombrófila (0 a 
4 meses 
secos) 
Higrofita 
(distróficos e 
eutróficos) 
Densa Aluvial 
Terras baixas 
Submontana 
Montana 
Altomontana 
Dossel 
uniforme 
Dossel 
emergente 
Aberta Terras baixas 
Submontana 
Montana 
Com palmeiras 
Com cipó 
Com bambu 
Com sororoca 
Mista Aluvial 
Submontana 
Montana 
Altomontana 
Dossel 
uniforme 
Dossel 
emergente 
Floresta 
(macrofanerófitos, 
mesofanerófitos, lianas 
e epífitos) 
Estacional (4 a 
6 meses secos 
ou com 3 
meses abaixo 
de 15°C) 
Higrófita/xerófit
a (alicos e 
distróficos) 
Semidecidual Aluvial 
Terras baixas 
Submontana 
Montana 
Dossel 
uniforme 
Dossel 
emergente 
Higrófita/xerófit
a (eutróficos) 
Decidual Aluvial 
Terras baixas 
Submontana 
Montana 
Dossel 
uniforme 
Dossel 
emergente 
Campinarana 
(Campinas) 
(Xeromorfitos, 
nanofanerófitos, 
caméfitos, geófitos, 
lianas, epífitos) 
Ombrófila (0 a 
2 meses 
secos) 
Higrófita (alicos 
e distróficos) 
Floresta 
arborizada 
gramíneo-
lenhosa 
Relevo tabular 
e/ou depressão 
fechada 
Com palmeiras 
Sem palmeiras 
Savana (Cerrado) 
(Xeromorfitos, 
microfanerófitos, 
nanofanerófitos, 
caméfitos, geófitos, 
hemicriptófitos, lianas, 
epífitos) 
Estacional (0 a 
6 meses 
secos) 
Higrófita (alicos 
e distróficos) 
Floresta 
arborizada 
Parque-
gramíneo-
lenhosa 
Planaltos 
tabulares e/ou 
planícies 
Com floresta-
de-galeria 
Sem floresta-
de-galeria 
Savana-estepica 
(Caatinga, Chaco, 
Campos de Roraima e 
parque de Espinilho de 
Quaraí) 
(microfanerófitos, 
nanofanerófitos, 
caméfitos, geófitos, 
hemicriptófitos, 
terófitos, lianas, 
epífitos) 
Estacional 
(com mais de 
6 meses secos 
ou com frio 
rigoroso) 
Xerófita/higrófit
a (eutróficos) 
Floresta 
arborizada 
Parque-
gramíneo-
lenhosa 
Depressão 
interplanaltica 
arrasada 
nordestina e/ou 
depressão com 
acumulações 
recentes 
Com floresta-
de-galeria 
Sem floresta-
de-galeria 
Estepe 
(Campanha gaúcha e 
campos meridionais) 
(nanofanerófitos, 
caméfitos, geófitos, 
hemicriptófitos, 
terófitos, lianas, 
epífitos) 
Estacional 
(com 3 meses 
frios e 1 mês 
seco) 
Higrófita/ 
Xerófita 
(eutróficos) 
Arborizada 
Parque-
gramíneo-
lenhosa 
Planícies e/ou 
pediplanos 
Com floresta-
de-galeria 
Sem floresta-
de-galeria 
 
 
4 
Fonte: IBGE, 1991, p. 13. 
TEMA 1 – CONCEITOS BÁSICOS, VEGETAÇÃO E AMBIENTE 
Muito são os conceitos que permeiam os estudos da flora brasileira. Na 
proposta de Veloso et al (1991) apresentada na tabela 1, podemos perceber a 
presença de termos específicos para a forma de vida dos vegetais, tais como 
macrofanerófitos, xeromorfitos e lianas, dentre outros. Esta obra propõe uma 
chave para a classificação das formas biológicas para, posteriormente, associá-
las às mais frequentes para cada tipo de classe de formação vegetacional. 
Baseada em classificações nomeadas por Raunkiaer, Ellemberg e Mueller-
Dombois, Veloso et al. (1991) adaptando as formas dos vegetais à seguinte chave: 
Chave para classificação das formas Biológicas 
1. Plantas autotróficas (com um só tipo de proteção do órgão de 
crescimento)...........................................................................................................2 
Plantas autotróficas (com dois tipos de proteção dos órgãos de 
crescimento)...........................................................................................................7 
2.Plantas perenes..................................................................................................3 
Plantas anuais reproduzidas por meio de sementes...................................Terófitos 
3. Plantas lenhosas com órgãos de crescimento protegidos por 
catafilos..................................................................................................................4 
Plantas soblenhosas e/ou herbáceas com gemas periódicas protegidas por 
catafilos, situadas até 1m do solo............................................................Caméfitos 
Plantas herbáceas com outros tipos de proteção dos órgãos de 
crescimento............................................................................................................5 
4. Plantas lenhosas eretas.....................................................................................6 
Plantas lenhosas e/ou herbáceas reptantes (cipós)......................................Lianas5. Plantas com gemas situadas ao nível do solo, protegidas pela folhagem morta 
durante o período desfavorável........................................................Hemicriptófitos 
Plantas com órgãos de crescimento localizados no subsolo.....................Geófitos 
6. Plantas cuja altura varia entre 30 e 50m..................................Macrofanerófitos 
Plantas cuja altura varia entre 20 a 30m........................................Mesofanerófitos 
Plantas cuja altura varia entre 5 e 20m..........................................Microfanerófitos 
Plantas cuja altura varia entre 0,25 a 5m ......................................Mesofanerófitos 
 
 
5 
7. Plantas lenhosas e/ou herbáceas com gemas periódicas protegidas por 
catafilos na parte aérea e com órgãos vegetativos subterrâneos.......Xeromórfitos 
Usualmente, as plantas podem ser diferenciadas de acordo com sua 
adaptação a água disponível no ambiente. Da menor para a maior disponibilidade 
de água no ambiente, temos os vegetais xerófitos, mesófitos e hidrófitos. Estes 
termos, detalhados por Warming (1909) e Fahn (1990), serão detalhados a seguir. 
O sufixo fito (que significa planta) é substituído por morfo (do grego morphe, que 
significa forma) quando nos referimos às características adaptativas que esses 
vegetais possuem. 
São consideradas xerófitas (do grego xero, que significa seco) as plantas 
que estão adaptadas às condições secas, tais quais climas semiáridos. No 
extremo oposto, encontramos as plantas hidrófitas, isto é, as plantas que se 
desenvolvem total ou parcialmente submersas. Entre estas duas condições, 
temos as plantas consideradas mesófitas, que ao se desenvolverem em 
ambientes com disponibilidade de água podem otimizar a fotossíntese à custa da 
evapotranspiração. Esses conceitos (plantas xerófitas, mesófitas e hidrófitas) 
serão relacionados aos tipos de biomas brasileiros e às formações vegetacionais 
propostas no “Manual Técnico da Vegetação Brasileira” (IBGE, 2012). 
As xerófitas, quando em condições de deficiência de água buscam reduzir 
a transpiração ao mínimo. Para tanto, esses vegetais apresentam caracteres ditos 
xeromorfos, tais como a presença de folhas pequenas, pilosas e com cutícula 
espessa, com lâminas foliares espessas e células reduzidas em tamanho, cujos 
estômatos encontram-se confinados em criptas ou protegidos por apêndices 
epidérmicos, além de células epidérmicas lignificadas, parênquima paliçádico bem 
desenvolvido e pouco espaço inter celular (Boeger, 2000, p. 7). 
As plantas mesófitas, geralmente apresentam folhas dorsiventrais, isto é 
com o parênquima clorofiliano paliçádico sob a epiderme superior (adaxial) e o 
parênquima lacunoso, restrito à face inferior da folha, sob a epiderme da face 
abaxial. Comumente possuem folhas anfiestomáticas, ou seja, em que os 
estômatos estão presentes nas duas faces da epiderme. São plantas que, em 
geral, não apresentam características de estresse hídrico. 
Nas plantas hidrófitas temos a presença de folhas submersas ou flutuantes, 
sendo comuns tecidos com câmaras de ar (aerênquimas) em diversos órgãos 
vegetais. Nessas plantas, a epiderme participa da absorção de água e nutrientes, 
 
 
6 
frequentemente apresentando paredes celulares e cutícula delgadas. São plantas 
que podem sofrer anoxia. Plantas do gênero Nymphaea são hidrófitas. 
A relação entre a evapotranspiração, temperatura e umidade do ar cria 
condições favoráveis às plantas de fisionomias semelhantes, dentro um tipo 
climático comum. Esta relação levou Leslie R. Holdridge a desenvolver um 
“Diagrama das zonas de vida do mundo” (Figura 1) por meio de um diagrama 
triangular das características supracitadas (Figueiró, 2012, p. 62). 
Figura 1 – Diagrama de Holdridge: distribuição das formações vegetais no planeta 
em função do controle climático 
 
Fonte: Figueiró, 2012, p. 62 
 Coutinho (2006, p. 13) destaca a relação entre parâmetros como 
fotossíntese, evapotranspiração e distribuição das raízes com mudanças na 
distribuição dos tipos morfofuncionais de plantas devido às mudanças climáticas 
e avanços nas fronteiras agrícolas. Tais mudanças alteram o balanço competitivo 
entre gramíneas e arbóreas, ou entre plantas C3 e C4, por exemplo, agravando a 
crise de extinção de espécies e de biomas. 
 Neste contexto, faz-se necessário compreender nos temas estudados a 
seguir, os principais tipos vegetacionais e biomas brasileiros, no sentido de 
servirem como referência tanto para o estabelecimento de políticas públicas 
 
 
7 
diferenciadas quanto para o acompanhamento das ações implementadas (IBGE, 
2004). 
TEMA 2 – FORMAÇÕES FLORESTAIS 
A classificação de Andrade-Lima e Veloso (1991) propõe o termo 
formações florestais, englobando as Florestas Estacional Tropical, Caducifólia 
Tropical e Subtropical. Estas são revisitadas e aprofundadas no “Manual Técnico 
da Vegetação Brasileira” (IBGE, 2012), conforme os itens a seguir. Lembre-se de 
recorrer à chave para classificação das formas biológicas apresentada no início 
deste texto para melhor compreensão de termos utilizados para descrever a 
vegetação, como macrofanerófitos, por exemplo. 
2.1 Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical) 
Segundo o IBGE (2012), o termo Floresta Pluvial Tropical, segundo Veloso 
et al (1991, p. 63), foi criado por Chimper em 1903 e é utilizado como sinônimo de 
Floresta Ombrófila Densa, criado por Ellemherg & Mueller Domhois dos anos de 
1965 e 1966. O autor destaca que tanto a palavra “pluvial”, de origem latina, 
quanto “ombrófila”, de origem grega significam “amigo das chuvas”. 
Esta formação se diferencia floristicamente das demais pela presença de 
macro e mesofanerófitos, lianas lenhosas e epífitas em abundância, e 
climaticamente pela presença durante todo o ano de temperaturas altas (médias 
de 25° C) acompanhadas por alta precipitação, o que favorece uma situação 
bioecológica de ausência de período seco. É subdividida em densa, aberta e mista 
(IBGE, 2012). 
2.2 Floresta Estacional Sempre-Verde (Floresta Estacional Perenifólia) 
Após uma série de estudos, a Floresta Estacional Sempre-Verde passou a 
fazer parte do Sistema de Classificação da Vegetação Brasileira adotado pelo 
IBGE (2012). Como o próprio nome sugere, sua vegetação é constituída por 
espécies de baixa decidualidade e até ausência de decidualidade durante o 
período de estiagem. Estima-se que estas plantas essencialmente amazônicas 
possuam capacidade de absorver água durante o período seco por meio de um 
sistema de raízes profundas. 
 
 
8 
 Segundo o IBGE (2012), esta região fitoecológica encontra-se subdividida 
em Formações Aluviais, das Terras Baixas e Submontana. 
2.3 Floresta Estacional Semi-decidual (Floresta Tropical Subcaducifólia) 
A Floresta Estacional Semi-decidual, também conhecida por Floresta 
Tropical Subcaducifólia, remonta à semideciduidade da folhagem das plantas que 
habitam esta região de clima estacional. O repouso fisiológico e queda parcial da 
folhagem ocorre como consequência de invernos com temperaturas inferiores à 
15°C, aos quais as suas espécies da zona subtropical estão expostas. Os gêneros 
amazônicos como Parapiptadenia, Peltophorum, Cariniana, Lecythis, 
Handroanthus e Astronium são dominantes nesta floresta, que pode ser subdividia 
em Aluvial, Terras Baixas, Submontana e Montana (IBGE, 2012). 
2.4 Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical Caducifólia) 
Esta floresta encontra-se sujeita à um período desfavorável, no qual mais 
de metade dos seus indivíduos (macro e mesofanerófítos de gêneros tipicamente 
amazônicos) perdem a folhagem. Na porção tropical deste tipo de floresta há uma 
estação chuvosa seguida de período seco, enquanto em sua zona subtropical se 
dá a ocorrência de “inverno frio (temperaturas médias mensais menores ou iguais 
a 15° C, que determina repouso fisiológico e queda parcial da folhagem” (IBGE, 
2012). É subdividida em Aluvial,Terras Baixas, Submontana e Montana. 
TEMA 3 – FORMAÇÕES NÃO FLORESTAIS 
A classificação de Andrade-Lima e Veloso propõe o termo formações não 
florestais para englobar a Caatinga, o Cerrado e o Campo. Tais termos são 
revisitados e ampliados no “Manual Técnico da Vegetação Brasileira” (2012) para 
os Campiranana, Savana, Savana-Estepica e Estepe, conforme os itens a seguir. 
3.1 Campirana (Caatinga da Amazônia, Caatinga-Gapó e Campina da 
Amazônia) 
Segundo o IBGE (2012), Campirana é uma denominação regional 
amazônica que quer dizer “falso campo”. Consiste em um tipo de vegetação 
adaptadas a solos quase sempre encharcados e o clima quente superúmido, com 
temperaturas médias em torno de 25°C e precipitações superiores a 3000mm 
 
 
9 
anuais. Esta formação encontra-se dividida nos seguintes subgrupos: Arbórea 
Densa ou Florestada; Arbórea Aberta ou Arborizada; e Arbustiva Gramíneo-
Lenhosa. 
 Campinarana Florestada: ocorre nos pediplanos tabulares, é dominada por 
nanofanerófitos situados ao longo dos rios de água preta, locais ricos em 
material turfoso. Como exemplos de plantas típicas deste subgrupo temos: 
Astrocaryum jauari Mart. (jauari), Leopoldinia pulchra Mart.; e Euterpe 
caatinga Wallace (açaí-chumbinho); 
 Campinarana Arborizada: dominado por plantas raquíticas e anãs em 
decorrência ao tipo de solo em que se encontram. Sobre as espécies 
xeromorfas ocorrem grupos do líquen Cladonia; 
 Campinarana Gramíneo-lenhosa: presente nas planícies encharcadas, são 
recobertas de geófitos e hemicriptófitos das famílias Poaceae (gramíneas) 
e Cyperaceae. 
3.2 Savana (Cerrado) 
O termo Savana tem preferência ao termo regionalista Cerrado, 
frequentemente usado para designar o mesmo tipo de formação. É constituída por 
uma vegetação xeromórfica que se desenvolve em solos lixiviados aluminizados 
e clima estacional com 6 meses secos. Segundo o IBGE (2012), possui os 
seguintes subgrupos: 
 Savana Florestada, que é restrita às áreas areníticas lixiviadas com solos 
profundos, apresenta espécies como Caryocar brasiliense Cambess. 
(Caryocaraceae – pequi); Salvertia convallariodora A. St. Hil. 
(Vochysiaceae – pau-de-colher); Bowdichia virgilioides Kunth (Fabaceae 
Papilionoideae – sucupira-preta) e Dimorphandra mollis Benth. (Fabaceae 
Mimosoideae – faveiro); 
 Savana Arborizada apresenta uma fisionomia hemicriptofítica graminoide 
que está sujeita ao fogo natural. Nos estados de São Paulo e Paraná, 
apresenta Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Fabaceae 
Mimosoideae – barbatimão) como espécie de destaque; 
 Savana Parque, possui um estrato graminoide, e outro com espécies de 
hemicriptófitos e geófitos que parecem ser plantados (daí a conotação 
parque); 
 
 
10 
 Savana Gramíneo-Lenhosa, de composição florística é bastante; 
diversificada, apresenta espécies lenhosas Andira humilis Mart. ex Benth. 
(Fabaceae Papilionoideae – angelim-do-cerrado) e Bauhinia spp. 
(Fabaceae Caesalpinioideae – unha-de-vaca) e graminioides como: 
Axonopus spp. (grama-do-cerrado), Andropogon spp. (capim-do-cerrado) 
e Aristida pallens Cav. (capim-barba-de-bode). 
3.3 Savana-Estépica 
Segundo o IBGE (2012), a Caatinga do Sertão Árido Nordestino 
corresponde a porção mais representativa da Savana-Estépica brasileira, por 
apresentar dois períodos secos: um longo e um curto. As chuvas entre os períodos 
são intermitentes, mas podem se tornar torrenciais após os períodos curtos de 
seca. Esta vegetação encontra-se dividida em quatro subgrupos (IBGE, 2012): 
 Savana-Estepica Florestada, que possui um estrato com prededomínio de 
nanofanerófitas e outro gramíneo-lenhoso. Os gêneros mais 
representativos desta flora são gêneros Cavanillesia e Ceiba; 
 Savana-Estepica Arborizada, que apresenta as seguintes espécies de 
destaque: Spondias tuberosa Arruda (Anacardiaceae), Commiphora 
leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett (Burseraceae), Cnidoscolus quercifolius 
Pohl (Euphorbiaceae); 
 Savana-Estepica Parque, apresenta de forma curiosa, pequenas árvores e 
arbustos espalhados (como que intencionalmente plantados) sobre um 
tapete de plantas herbáceas e gramíneas. Merecem destaque as seguintes 
espécies Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. (Fabaceae Mim), Auxemma 
oncocalyx (Allemão) Baill. (Borraginaceae - pau-branco); Combretum 
leprosum Mart. (Combretaceae - mofumbo) associados ao capim-panasco, 
do gênero Aristida; 
 Savana-estepica gramíneo-lenhosa, também é conhecida por campo 
espinhoso por apresentar plantas lenhosas anãs espinhosas 
(principalmente o pinhão-brabo, Jatropha sp.) entre gramíneas como 
capim-panasco (Aristida sp.). 
 
 
 
11 
3.4 Estepe (Campo) 
Segundo o IBGE (2012), utiliza-se o termo Estepe 
“para os campos brasileiros distribuídos desde o contato com a região 
da Savana (Cerrado) nas imediações da cidade de Ponta Grossa (PR), 
a cerca de 25º Sul, até o extremo sul do País, onde se integram aos 
extensos Pampas sul-americanos”. 
São divididas em: 
 Estepe arborizada; 
 Estepe parque (Campo sujo ou Parkland); 
 Estepe gramíneo-lenhosa (Campo limpo). 
A formação conhecida por Estepe arborizada, apresenta dois estratos 
distintos. O estrato superior é esparso e perenifoliado, no qual destacam-se 
espécies como o branquilho, Sebastiania commersoniana (Baill.) L. B. Sm. e 
Downs, o pau-ferro Myracrodruon balansae (Engl.) Santin, além de cactáceas dos 
gêneros Cereus e Opuntia. Já no segundo estrato várias espécies de gramíneas 
se fazem presentes, como Erianthus sp. (macega), Andropogon lateralis Ness 
(capim-caninha), Paspalum notatum Flüggé (grama-forquilha) e Axonopus 
fissifolius (Raddi) Kuhlm. (grama-tapete). Nesta formação há densos 
agrupamentos de plantas do gênero Eupatorium sp. (chirca), sinalizando que 
possivelmente sejam endêmicas do Uruguai e/ou do sudeste do Estado do Rio 
Grande do Sul (IBEGE, 2012). 
Segundo o (IBEGE, 2012), no Estepe parque (Campo sujo ou Parkland) 
Distinguem-se dois nítidos estratos: a) um superior arbóreo baixo, com 
indivíduos esparsos de várias famílias, sendo as mais representativas 
Lythraceae e Anacardiaceae, quais sejam, Schinus molle L. (aroeira-
salsa), Lythrea brasiliensis Marchand (bugreiro) e Myracrodruon 
balansae (Engl.) Santin (pau-ferro); e b) um inferior com predomínio das 
gramíneas Paspalum notatum Flüggé (grama-forquilha) e Axonopus 
fissifolius (Raddi) Kuhlm. (grama-tapete ou grama-jesuíta), Andropogon 
lateralis Ness (capim-caninha) e Stipa spp. (capim-flechinha); além de 
plantas anuais (terófitas) que imprimem ao Estepe Parque variações de 
tonalidade. 
A Estepe gramíneo-lenhosa (Campo limpo), que possui a maior extensão 
e representatividade dos campos do sul do Brasil, possui um único estrato 
composto sinúsias de hemicriptófitos e a dos geófitos, cuja pilosidade das folhas 
se constitui como adaptação aos ventos frios e escassez de água em solos secos, 
como arenitos e pedregosos (IBEGE, 2012). Para maior compreensão dos termos 
 
 
12 
hemicriptófitos e geófitos, sugerimos que revisite no início deste texto, a chave 
para classificação das formas Biológicas proposta por Veloso et. al (1991). 
Este tipo de Estepe, há muito tempo mal manejada pelo uso do fogo, 
atualmente é palco de um processo de desertificação crescente. Espécies dos 
gêneros Stipa, Andropogon, Aristida e Erianthus, podem ser encontradas em seu 
território (IBGE, 2012). 
TEMA 4 – FORMAÇÕES EDÁFICAS (FORMAÇÕES PIONEIRAS) 
As formações consideradas pertencentes ao “complexo vegetacional 
edáfico de primeira ocupação”, também conhecidas por Formações Pioneiras 
apresentam 
“...uma vegetação de primeira ocupação de caráter edáfico, que ocupa 
terrenos rejuvenescidos pelas seguidas deposições de areias marinhas 
nas praias e restingas, as aluviões fluviomarinhas nas embocaduras dos 
rios e os solos ribeirinhos aluviais e lacustres”. (IBGE, 2012) 
4.1 Vegetação com influência marinha (Restingas) 
Esta é a vegetação típica depraias. Recebendo influencia marinha direta, 
essa vegetação pode ser representada pelos gêneros Remirea, Salicornia, 
Paspalum e Hidrocotyle, além de Ipomoea pes-caprae (L.) R. Br e Canavalia rosea 
(Sw) DC. Nas dunas podem ser encontrados tipos nanofanerófitos, o Schinus 
terebinthifolius Raddi e a Lythrea brasiliensis Mar- chand. Nos Estados do Paraná, 
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul também se destacam “Cactaceae dos 
gêneros Cereus e Opuntia, além das muitas Bromeliaceae, dos gêneros Vriesea, 
Bromelia, Canistrum, Aechmea” (IBGE, 2012). 
4.2 Vegetação com influência fluviomarinha (Manguezal e Campos Salinos) 
Esta vegetação, popularmente conhecida como manguezal, se situa na 
desembocadura de rios e regatos no mar de ambiente salobro. Sobre seus solos 
limosos (manguitos), desenvolvem-se espécies microfanerófitica, além de 
espécies adaptada à salinidade das águas, como Rhizophora mangle L., 
Avicennia sp. e Laguncularia racemosa (L.) C. F. Gaertn. 
 
 
 
13 
4.3 Vegetação com influência fluvial (comunidades aluviais) 
 Esta é uma vegetação de terrenos alagadiços em decorrência das cheias 
dos rios nas épocas chuvosas ou das depressões alagáveis. Segundo 
IBGE (2012) as seguintes comunidades vegetais podem ser encontradas: 
 A pantanosa criptofítica (hidrófitos) até os terraços alagáveis; 
 Terófitos, geófitos e caméfitos, com destaque para açaizal e o buritizal da 
Região Norte do Brasil, devido aos gêneros Euterpe e Mauritia; 
 Gêneros Cyperus e Juncus (exclusivos das áreas pantanosas dos trópicos) 
nas depressões brejosas; 
 Comunidades campestres e os gêneros Panicum e Paspalum planícies 
alagáveis mais bem-drenadas; 
 Nanofanerófitos dos gêneros Acacia e Mimosa em terraços mais enxutos. 
TEMA 5 – BIOMAS BRASILEIROS 
Procurando fornecer definições diretas e mais objetivas possíveis, o IBGE 
publica em 2004 “Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente”, obra 
que contempla um amplo espectro dos termos próprios das ciências naturais e 
ambientais. 
Segundo essa publicação, bioma consiste em um “conjunto de vida (vegetal 
e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e 
identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história 
compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria” 
(IBGE, 2004), sendo que se reconhecem os seguintes biomas brasileiros: 
Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampa. Nas próximas 
aulas faremos o aprofundamento da flora de cada um destes biomas, estudando 
algumas espécies, características climáticas, semelhanças e diferenças. 
Coutinho (2006, p. 18) salienta que o conceito domínio fitogeográfico, por 
não necessariamente apresentar um ambiente uniforme, não deve ser utilizado 
como sinônimo de bioma. Vejamos o conceito de bioma proposto por este autor: 
Bioma é uma área do espaço geográfico, com dimensões de até mais 
de um milhão de quilômetros quadrados, que tem por características a 
uniformidade de um macroclima definido, de uma determinada 
fitofisionomia ou formação vegetal, de uma fauna e outros organismos 
vivos associados, e de outras condições ambientais, como a altitude, o 
solo, alagamentos, o fogo, a salinidade. Estas características lhe 
 
 
14 
conferem uma estrutura e uma funcionalidade peculiares, ou seja, uma 
ecologia própria. (Coutinho, 2006, p. 18) 
Nas próximas aulas faremos o aprofundamento dos biomas brasileiros 
Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Pampa, bem como sua 
relação com características climáticas e a flora presente em cada um destes. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BATALHA, M. A. O cerrado não é um bioma. Biota Neotropica, v. 11, n. 1, 2011, 
pp. 21-24. 
BOEGER, M. R. T. Morfologia foliar e aspectos nutricionais de espécies arbóreas 
em três estádios sucessionais de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, 
Paranaguá, PR. 188 f. Tese (Pós-Graduação em Engenharia Florestal) – 
Universidade Federal do Paraná, Paraná, 2000. 
COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Acta bot. bras., v. 20, n. 1, 2006, pp. 13-
23. 
COUTINHO, V. S.; LOPES, G. P. A. Mapeamentos Fitogeográficos do Brasil: Uma 
perspectiva Histórica da Classificação Florística Brasileira. In: Anais do XXVII 
Congresso Brasileiro de Cartografia XXVI Exposicarta, Rio de Janeiro, 2017, 
pp. 292-296. 
FAHN, A. Plant anatomy. 4. ed. Oxford: Pergamon Press Ltd., 1990. 
FIGUEIRÓ, A. S. Diversidade geo-bio-sociocultural: a biogeografia em busca dos 
seus conceitos. Revista Geonorte, Manaus, v. 4, n. 4, 2012, pp. 57-77. 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vocabulário Básico de 
Recursos Naturais e Meio Ambiente. Rio de Janeiro, 2004. 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico da 
Vegetação Brasileira, Rio de Janeiro, RJ – Brasil, 2012. 
MACIEL, E. A. DUARTE, M. C. Uma abordagem ao estudo da flora. Anais do 
XVII. Congresso de Iniciação Científica da Universidade de Mogi das Cruzes, 
2014. 
MENDES, L. S. Classificação fitofisionômica e sua aplicação na análise 
ambiental e valoração cênica da paisagem. 66 f. Monografia (Curso de 
Engenharia Florestal) – Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do 
Rio Janeiro, Seropédica, 2014. 
OLIVEIRA-FILHO, A. T. Classificação das fitofisionomias da américa do sul 
cisandina tropical e subtropical: proposta de um novo sistema – prático e flexível 
– ou uma injeção a mais de caos? Rodriguésia, v. 60, n. 2, 2009, pp. 237-258. 
 
 
16 
VELOSO, H. P.; RANGEL FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da 
vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE, Departamento 
de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro, 1991. 
WARMING, E. The Oecology of Plants, an Introduction to the Study of Plant 
Communities. Oxford: Clarendon Press. 1909. Disponível em: 
<https://nph.onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1111/j.1469-
8137.1909.tb05526.x>. Acesso em: 26 mar. 2020.

Continue navegando