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Os Biomas Brasileiros Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Cintia Vieira da Silva Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Biomas Brasileiros • Biomas Brasileiros • Floresta Amazônica • Mata Atlântica • Pantanal • Cerrado • Caatinga • Pampas · Conhecer os biomas brasileiros, verificando sua diversidade e distribuição geográfica, a ação humana e os impactos ambientais. OBJETIVO DE APRENDIZADO Olá, aluno (a)! Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre um importante tema “Biomas Brasileiros”. Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao professor-tutor. Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, por favor, estude todos com atenção! ORIENTAÇÕES Biomas Brasileiros UNIDADE Biomas Brasileiros Contextualização Todos nós já devemos ter observado que existem diferenças nas fisionomias da vegetação brasileira, e notado que há diferenças nas características ambientais das diferentes regiões do país. Ex.: No Rio Grande do Norte, encontramos uma vegetação completamente diferente da vegetação encontrada no Rio Grande do Sul. O Brasil apresenta uma rica diversidade de espécies animais e vegetais, e essa riqueza é reconhecida em nível mundial. De acordo com os estados brasileiros, notamos que existe uma enorme variedade de espécies com formas, hábitos e cores de plantas que estão distribuídas de acordo com altitude, disponibilidade de água, luz, nutrientes etc. Nesta unidade, estudaremos as principais características físicas e biológicas dos biomas brasileiros, Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Caatinga e Pampas, e os mais graves impactos ambientais que esses biomas têm sofrido. Aproveite esta viagem e conheça mais sobre o nosso país. 6 7 Biomas Brasileiros Os biomas são diferenciados pela formação geográfica e influenciados princi- palmente pelo clima. Por isso cada bioma possui fisionomias distintas. Os biomas brasileiros abrigam cerca de 20% das espécies do planeta, além de proteger apro- ximadamente 12% da água doce do mundo, contribuem para o armazenamento de carbono, e esse processo auxilia a manter a temperatura constante ou equilibrada. Pelas boas características do clima e solo, ocorreu o grande desenvolvimento da agricultura, e, por isso, atualmente, somos uns dos maiores do mundo. E é nas terras brasileiras que encontramos grandes reservas de gás, minério e petróleo. No entanto, muitos impactos ambientais têm pressionado os biomas, diminuindo, assim, as espécies animais e vegetais brasileiros. Exemplo: atualmente, cerca de 60% dos brasileiros vivem no Bioma Mata Atlântica, e sua cobertura vegetal diminuiu a aproximadamente 12% da sua cobertura original. O Cerrado perdeu cerca de metade da sua área original devido aos avanços da agricultura. A Caatinga, por ser o bioma mais árido do Brasil, não sofre com os avanços da agricultura, em compensação, é prejudicado principalmente pelo desmatamento. O Brasil é formado por um mosaico socioambiental, que usa de forma inadequada os recursos naturais, provocando graves degradações ao meio ambiente, e esse impacto está aliado à pobreza e à desigualdade social. Estima-se que, até 2050, entre 15 a 37% entrarão em extinção no mundo. E esse prejuízo está associado principalmente às mudanças climáticas e à pluviosidade (chuvas). 0 400 800 1.200 km Marinho Costeiro BIOMAS DO BRASIL Biomas Terrestres Bioma Marinho Amazônia Cerrado Mata Atlântica Caatinga Pampa Pantanal Figura 1 – Mapa de distribuição dos biomas brasileiros Fonte: Wikimedia Commons 7 UNIDADE Biomas Brasileiros Floresta Amazônica Este bioma é a maior floresta tropical do mundo, que apresenta rica diversidade de espécies animais e vegetais, graças às suas diferentes fisionomias. Cerca de 60% da Floresta Amazônica ocorre no Brasil, fazendo fronteira com nove países da América do Sul: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Não se sabe ao certo o número de espécies que ocorrem na Floresta Amazônica, mas a estimativa é que ultrapassa 40 mil espécies somente de árvores, sem contar arbustos, ervas, trepadeiras e epífitas. É considerado um ecossistema em equilíbrio, pois sobrevive dos recursos hídricos, ciclos dos nutrientes e fluxo energético (através das cadeias alimentares). Auxilia na captura de carbono para a produção de fotossíntese, possui cerca de 20% da água doce do mundo, controla a distribuição de chuvas pelo Brasil (rios voadores) etc. Figura 2 – Vista aérea da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo Fonte: iStock/Getty Images Este bioma é constituído por cinco formações fisionômicas: mata de terra firme, mata de várzea, mata de igapó, campinarana e campo cerrado. Observe as principais características das fisionomias no quadro a seguir: Fisionomias Principais Características Mata de terra firme Sobre planaltos poucos elevados, onde não se acumula água no solo, formada por árvores delgadas, a floresta de terra firme produz madeiras de boa qualidade como Louro, Cedro, Cerejeira, Mogno, Ipê, Sucupira, Castanheira etc. e muitas trepadeiras ou lianas. Mata de várzea Em terrenos baixos, solo argiloso, possui solo mais fértil, as áreas de várzeas podem ser inundadas periodicamente de acordo com a sazonalidade da região. É formada por árvores altas como: Maparajuba, Embaúba, Pau-mulato, Seringueira etc. Mata de igapó Em terra com drenagem insuficiente e inundações – periódicas ou permanentes –, a mata é baixa e pobre com árvores afastadas. O que permite a entrada de mais luz e a presença de epífitas. Nessa formação, encontramos espécies como: açaí, buriti, por exemplo. 8 9 Campinarana O termo é aplicado à vegetação que se desenvolve sobre solos arenosos extremamente pobres. Apre- sentam um sub-bosque de porte baixo e irregularmente aberto, densidade alta de árvores pequenas e finas, escassez de árvores emergentes, lianas e epífitas, folhas esclerófilas perenes e pequenas, com aparência xeromórfica (plantas de ambientes secos), e valores baixos de diversidade. Essa vegetação exibe uma tendência pronunciada de dominância por uma ou poucas espécies. Campo cerrado Apresenta árvores baixas, com casca espessa, espalhadas aleatoriamente, formado por plantas herbáceas, principalmente gramíneas. Depósitos sedimentares terciários de terra �rme Solo sedimentar recente de várzea Depressão marginal sul-amazônica e planaltos residuais sul-amazônicos Planaltos das Guianas Serras Planalto norte-amazônico Mata de terra �rme Mata de várzea Mata de igapó Rio Amazonas Nível das águas altas (enchente) Sedimentos N S Figura 3 – Fisionomias da Floresta Amazônica variam de acordo com a proximidade de rios e o tipo de solo que apresentam Este bioma abrange cerca de 4,1milhões de km2 ocupando nove estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Importante! Com o avanço econômico do Brasil e com o desenvolvimento nesse bioma, foi instituída a Amazônia Legal pelo Governo brasileiro, a delimitação territorial foi criada com base em fatores políticos e não geográfi cos. Assim, na Amazônia Legal estão inclusos uma parcela do Bioma Cerrado no Mato Grosso e no Maranhão, possuindo uma área maior que a Floresta Amazônica. A área tem aproximadamente 5.220.000 km2, o que ocupa representa cerca de 60% do território nacional. Você Sabia? Acre Rondônia Mato Grosso Pará Roraima Amapá Tocantis Maranhão Amazonas Amazônia Legal Figura 4 – Estados brasileiros que pertencem a Amazônia Legal Fonte: Adaptado de iStock/GettyImages 9 UNIDADE Biomas Brasileiros O bioma mais rico do mundo sofre com as ações humanas, principalmente pelo uso indevido dos recursos naturais. Veremos, agora, os principais impactos gerados nessa importante formação vegetacional: · Desmatamento de grandes extensões florestais, que se iniciaram na década de 1970, mas que atualmente ainda gera muitos danos para a biodiversidade, esse desmatamento em 2008, correspondia a 14,7km2 da sua área original; · Extrativismo florestal de matéria-prima, isso inclui troncos, frutos, sementes, folhas, flores, carvão e lenha. É importante notar que a Floresta Amazônica é a maior produtora e exportadora de açaí, babaçu e castanha-do-pará; · Pecuária é muito presente nas regiões rurais desse bioma corresponde a cerca de 70% da área degradada da Floresta Amazônica. O principal foco da pecuária é a criação de gados na região; · Agricultura também é uma ameaça, já que a maioria da população é agricultora e está distribuída em 115 milhões de hectares. As produções são destinadas a mercados locais, regionais, nacionais e até mesmo internacionais (pimenta do reino e maracujá) e os principais produtos são: café, banana, borracha, dendê, soja e milho. · Mineração, atividade impactante, tem sido muito relevante no desenvolvi- mento econômico e social do Brasil como um todo. Na região, há a extração de diversos minérios como: ouro, prata, minério de ferro, bauxita, cobre, manganês, cromo, tântalo, entre outros. Outros produtos também são ex- traídos para a utilização de substâncias minerais nas indústrias, como, por exemplo, caulim, mina de calcário, gipsita potássio e rochas fosfáticas. A preocupação com a preservação do ambiente é mundial, e por isso são criadas Unidades de Conservação (UC) para garantir a sobrevivência de muitas espécies animais e vegetais. As unidades de conservação no Brasil podem ser divididas em duas categorias: unidades de conservação de proteção integral (que não é permitido nenhuma atividade econômica, nem a habitação pela população) e as de uso sustentável (que permitem a utilização de forma consciente, gerando desenvolvimento econômico e social). Exemplos de unidades de conservação: Estação Ecológica Grão-Pará (proteção integral) e a Floresta Estadual do Paru (categoria sustentável). Importante! O açaí somente se tornou conhecido no Brasil, em meados dos anos 2000, quando o consumo deixou de ser somente na praia e começou a ser consumido por frequentadores das academias de ginástica, por estar associado a uma vida saudável e por ser muito energético, além de ser muito nutritivo, pois é rico em fibras, vitaminas, proteínas e minerais, e por auxiliar na musculatura. Na região amazônica, é consumido com farinha de tapioca ou de peixes e camarões, ou em forma de sucos, vinhos, sorvetes e doces. E outra curiosidade é que o consumo de açaí não engorda, desde que seja apreciado com moderação e que não seja adicionado outros acompanhamentos calóricos. Você Sabia? 10 11 Figura 5 – Açaí, um dos produtos mais conhecidos do Brasil Fonte: iStock/Getty Images Mata Atlântica Assim como a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica é uma floresta tropical, e é reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como Reserva da Biosfera, devido à sua ampla diversidade de espécies da fauna e da flora. Apresenta alto grau de endemismo, ou seja, espécies que ocorrem exclusivamente neste bioma. Sua vegetação é exuberante, possuindo cerca de 15.700 espécies, o que corresponde a cerca de 5% da flora mundial. Esse bioma recebeu o nome de Mata Atlântica pela sua localização, pois tem à sua frente o Oceano Atlântico. Ocorria, originalmente, do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Os símbolos da Mata Atlântica são: palmito (Angiosperma) e o xaxim (Pteridófita), ambas as espécies quase entraram em extinção pelo uso abusivo dos recursos naturais. Atualmente, são espécies protegidas por lei. A Mata Atlântica é formada por morros arredondados, conhecidos de “mares de morros”. 11 UNIDADE Biomas Brasileiros Figura 6 – Vista geral da Mata Atlântica, formada por morros arredondados, conhecidos de “mares de morros”. Fonte: iStock/Getty Images Três eixos geográficos criaram uma biodiversidade muito específica e diversificada: altitude, pois apresenta formações desde o nível do mar até 2.500 m de altitude; a latitude, que não se compara com as demais vegetações do mundo; e a longitude, com florestas com diferentes fisionomias ao se distanciarem do oceano. A formação de rios, vulcões e erosão contribuíram para a formação de um monumento natural, tal como conhecemos. Como, por exemplo, A Serra do Mar e Morro do Pão de Açúcar (Rio de Janeiro). Sete das nove principais bacias hidro- gráficas do país estão neste bioma, e são utilizadas para gerar energia e para o abastecimento da população que vive na região. Devido à grande diversidade de animais e plantas, a Mata Atlântica é considerada como um hotspot, ou seja, uma propriedade para conservação de biodiversidade em nível mundial. Muitas espécies apresentam importância histórica e econômica, como: pitanga, palmito – jussara –, jabuticaba, pau-brasil, jacarandá, piaçava e araucária. Desde o início da colonização portuguesa, a matéria-prima do nosso país já vinha sendo explorada, como o pau-brasil. Porém, o crescimento das metrópoles (crescimento desenfreado), representa o maior fator de degradação e fragmentação dos remanescentes deste bioma. Na Mata Atlântica, desenvolveram-se alguns dos ciclos mais importantes econômicos do país, como da cana-de-açúcar, no Nordeste; da silvicultura, na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo; do café, em Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo; do cacau, na Bahia; do mate, no Sul do país; além das atividades agropecuárias. Este bioma é composto por seis fisionomias distintas: 12 13 Fisionomias Principais características Floresta ombrófila Possui dossel fechado, formado por árvores de até 25m, eventualmente, com algumas árvores com até 40m de altura. As florestas ombrófilas podem ser divididas em três grupos: - Floresta ombrófila densa; - Floresta ombrófila mista (também conhecida como Mata de Araucária); - Floresta ombrófila aberta. Florestas estacionais, deciduais e semideciduais São assim classificadas por perderem suas folhas em períodos desfavoráveis (seca). Sua classificação varia de acordo com a seca da região. Brejos interioranos e encraves florestais Surgem no interior do semiárido do Brasil, como consequência do clima úmido, que também é influenciado pelo seu relevo. Campos de altitude Apresenta uma vegetação típica de ambientes montanos e alto-montanos, formados principalmente por plantas herbáceas e arbustivas, que ocorrem no topo das montanhas, sempre em locais com maior altitude. Restinga Acompanham o litoral brasileiro, são ambientes abertos, com o solo arenoso, formando uma estreita faixa entre a praia e as formações florestais da Mata Atlântica. Manguezal É a área de transição entre o oceano e o continente; devido à ação das marés, o excesso de sal no solo, a baixa taxa de decomposição, muitas espécies não conseguem sobreviver nessa região; por isso a diversidade botânica é baixa, formada basicamente por três espécies conhecidas popularmente como: mangue vermelho, mangue branco e avicenia. É também um berçário para a vida marinha, já que muitas espécies animais têm seu ciclo de vida todo ou parcialmente nessa formação. Principais impactos ambientais na região são: · Extrativismo que gera o uso irregular de recursos naturais, tais como extração de xaxim, bromélias, orquídeas e palmito; · Falta de fi scalização para a proteção efetiva dos mananciais da Mata Atlântica. Para a efetiva proteção da Mata Atlântica, novas Unidades de Conservação devem ser criadas. As UC mais conhecidas deste bioma são: Parque Nacional Histórico do Monte Pascoal (Bahia), Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro), ParqueNacional da Tijuca (Onde está o monumento do Cristo Redentor, Rio de Janeiro), Parque Nacional do Iguaçu (Paraná), Parques Nacionais das Serras Gerais e Amparados da Serra (Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Parque Estadual do Rio Doce (Minas Gerais) e Parque Estadual da Serra do Mar (São Paulo). Figura 7 – Vista geral da Serra dos Órgãos – Rio de janeiro (esquerda) e Parque Estadual da Serra do Mar – São Paulo (direita) (Fotos: C.V. Silva) Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images 13 UNIDADE Biomas Brasileiros Pantanal Formado por uma grande planície, o Pantanal ocorre em três países da América do Sul: Brasil, Paraguai e Bolívia. No Brasil, é encontrado nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É a maior área úmida do mundo, possuindo uma extensão de 147.574 km2 de superfície. Assim como a Mata Atlântica, também é considerado uma Reserva da Biosfera pela UNESCO. Sua paisagem é formada por transições de ambiente terrestre e aquático. E, no Brasil, faz divisa com o Cerrado e Floresta Amazônica. Pertence à bacia do Rio Paraguai, que possui grande influência na fisionomia do local. Estando, portanto, boa parte do tempo inundada. As cheias e vazantes dos rios (períodos de muitas chuvas e períodos de secas) determinam a dinâmica fluvial da área e, consequentemente, a flora e fauna do bioma. Além de proteger os ambientes naturais contra a ação humana, como agricultura, por exemplo. Apresentam elevadas temperaturas, tendo em média 32°C no verão, e no inverno cerca de 20°C, a precipitação pluviométrica é de 100 a 140 cm por ano. As fisionomias deste bioma são apresentadas na tabela a seguir: Fisionomias Principais características Vegetação aquática Presente nas margens dos rios, é composta por plantas chamadas de emergentes porque ficam com as raízes fixadas no solo e com parte de caule e folhas fora da água, ou plantas flutuantes que fixam suas raízes no solo e ficam boiando na superfície da água, como a vitória-régia, por exemplo. Campos Naturais Fisionomia em que predomina a formação de campos de gramíneas, muitas vezes, usadas para a pecuária. Cerrado Constituído por uma vegetação esparsa onde as árvores não formam dossel contínuo, abundância de herbáceas e arbustos. Esta formação pode ser subdividida em: campo cerrado, cerrado sensu strictu e cerradão. Figura 8 – Vista aérea do Bioma Pantanal, uma grande planície que abriga uma das maiores bacias hidrográficas do mundo Fonte: iStock/Getty Images 14 15 Formado principalmente pela migração de espécies dos biomas vizinhos, não apresenta alto grau de endemismo, mas o que mais o caracteriza é o valor de conservação da região, que está ligada a agentes de transição do bioma e por abrigar um elevado número de espécies animais e vegetais. Estão catalogadas para a região cerca de 3.500 espécies de plantas. Devido aos fatores físicos, como posição do terreno, distância em relação os rios, tipos de substratos, podemos encontrar no bioma comunidades aquáticas, Cerrados e Florestas Estacionais. Figura 9 – Vista de uma área inundada do Pantanal Fonte: iStock/Getty Images No Pantanal, podemos encontrar formações vegetacionais denominadas de agrupamentos, onde há domínio de uma espécie numa determinada área. As principais formações são: cambarazais (cambarás); caronais (capim-carona); carandazais (palmeira carandá); paratudais (ipê); buritizal (buriti), entre outros. Figura 10 – Vista de um buritizal, formada por palmeiras de buriti, característica também presente no Brasil Central e denominado Veredas Fonte: iStock/Getty Images 15 UNIDADE Biomas Brasileiros Os principais impactos ambientais da região são: · Pecuária de corte é a base da economia da região, muito comum nas fazendas, o que gera muitos danos ao meio ambiente, pela dificuldade de se fazer o manejo das áreas de pastagens e dos rebanhos; · Atividades turísticas, também chamadas de ecoturismos, atrai anualmente um número elevado de pessoas para a região, trazendo, com isso, poluição sonora, atmosférica e das águas, por exemplo; · Introdução de espécies exóticas, principalmente de capim, que servirão de alimento para os ruminantes, e que se espalham facilmente e competem com as espécies nativas; · Agricultura, que não consegue se instalar devido às periódicas inundações na região. Mesmo assim, algumas espécies são cultivadas, como o arroz; · Mineração, pelas jazidas de calcário e minério de ferro, muitas mineradoras se instalaram nos municípios próximos à bacia do Rio Paraguai; · Usinas hidrelétricas, pois interfere de forma direta no regime dos rios e afeta consequentemente a dinâmica das inundações na região pantaneira. Cerrado O Cerrado é um dos biomas mais ricos em diversidade, podendo até mesmo ser comparado com as florestas úmidas, como a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica. Possui muitas nascentes e, até mesmo, a do Rio São Francisco. Ocupa cerca de 2 milhões de km2 , correspondendo a 22% da cobertura vegetal brasileira. Constitui um dos 35 hotspots de biodiversidade espalhados pelo mundo. Com elevado grau de endemismo, é o bioma brasileiro que mais se assemelha à Savana, e apresenta muitas gramíneas e árvores dispersas, com galhos tortuosos. Estima-se que, na região, existam aproximadamente 12 mil espécies de plantas, sendo que destas 44% são endêmicas de Cerrado. Figura 11 – Vista geral do Cerrado na Chapada Diamantina, Morro do Pai Inácio, Palmeiras, Bahia Fonte: iStock/Getty Images 16 17 De acordo com as suas variações físicas e químicas, há mudanças nas fisionomias da região, podendo ser encontrados: Fisionomia Principais características Campo limpo Formado principalmente por gramíneas, ou outras plantas herbáceas; Campo sujo Possui domínio de gramíneas, porém, com algumas árvores espalhadas esparsamente; Campo cerrado Apresenta maior concentração de arbusto e arvoretas, entretanto, com muita luminosidade e sem formar um dossel contínuo; Cerradão Ocorrem próximos de rios e riachos, apresenta um porte arbóreo, com dossel contínuo, se assemelhando à Floresta Atlântica; Campo rupestre É a vegetação que cresce sobre afloramentos rochosos. Uma característica marcante do Cerrado é a passagem de fogo, considerada fundamental para ciclagem de nutrientes na região. Esse processo facilita o desenvolvimento das gramíneas (capim), que serve como “combustível” para o fogo. O que difere dos incêndios criminosos que atingem grandes extensões e são gerados pela ação humana. Ex pl or A morfologia das plantas de Cerrado é bem variada e apresenta diversas adaptações para sobreviver nesse ambiente com sazonalidade bem marcada, como: · raízes com xilopódio: para armazenar nutrientes e água para períodos desfavoráveis; · raiz axial: uma raiz principal que capta água dos lençóis freáticos; · caules tortuosos: que auxiliam na produção de sombras para as plantas; · caule ressecado e quebradiço: que age como uma armadura para suportar a passagem do fogo; · folhas coriáceas: com aspecto de couro, rígida ou recoberta por tricomas para ajudar a refletir a luz solar etc. Figura 12 – Bioma Cerrado apresenta árvores com caule tortuoso, ressecado para suportar a passagem de fogo pela região Fonte: Wikimedia Commons 17 UNIDADE Biomas Brasileiros Principais impactos ambientais que ocorrem na região são: · Cultura de soja é uma das práticas mais comuns no Cerrado, causando a substituição das espécies nativas por espécies introduzidas ou exóticas; · Carvão vegetal produzido neste bioma corresponde a mais 34% do país todo; · Atividades agrícolas são muito comuns na região, além da soja temos outros produtos como: milho, algodão, cana-de-açúcar, arroz e café; · Pecuária é uma prática muito frequente, devido à geografia deste bioma, a criação de gado depende dos pastos e isso prejudica a flora local; · Hidrelétricas causam desequilíbrios ambientais, pois interferem na dinâmica dos rios e diminui a diversidade; · Mineração contamina o solo e promove a retiradada vegetação nativa; · Desmatamento apresenta perda da biodiversidade, a vegetação removida é usada para produção de móveis, carvão, produtos cosméticos, entre outros. Caatinga As condições ambientais caracterizam este bioma. Classificado como semiárido, o mais seco do Brasil, apresenta espécies altamente adaptadas para as condições climáticas desfavoráveis para a maioria das espécies. É o único bioma exclusivamente brasileiro e possui alto grau de endemismo. Possui a extensão de 845 mil km2, formando um mosaico de vegetação, pois pode possuir florestas secas, grandes campos e vegetação crescendo sobre rochas. Estão registradas para a região mais de 1.500 espécies de angiospermas (plantas com flores e frutos), as mais abundantes são as cactáceas. Na Caatinga, existem mais de 30 espécies endêmicas e as bromélias. A palavra Caatinga significa floresta branca, uma referência feita pela coloração da vegetação em períodos de seca, quando a vegetação fica esbranquiçada e árvores perdem as folhas. Figura 13 – Vista geral da Caatinga, vegetação com predomínio de bromélias Fonte: iStock/Getty Images 18 19 A Caatinga é o único bioma brasileiro que não possui atividades rentáveis na agricultura, devido às secas. A pluviosidade no local é de cerca de 20 cm por ano. A população nativa depende, por exemplo, da venda de frutos e sementes como umbu, cera de carnaúba e materiais diversos de oricuri (palmeira). A agricultura e a pecuária, na região, são de subsistência. A pastagem para a criação de bois e cabras e o uso de lenha nativa para fins energéticos (carvão) geraram muitos impactos ambientais, chegando até mesmo à desertificação de diversas regiões. As classificações das fitofisionomias da Caatinga variam muito, de acordo com a diversidade de espécies e porte da vegetação. Basicamente, podemos classificar em duas formações básicas: Fisionomia Principais características Agreste Localiza-se mais perto do mar, geralmente é mais úmido, solo mais profundo e aquífero, vegetação mais alta e densa. Lembra floresta na época da chuva. Sertão Ocorre mais para o interior do continente, sendo mais seco e quente, o solo é raso e/ou pedregoso, vegetação mais baixa e pobre, domínio de suculentas e cactos (mandacaru) (acumulam água) e esclerófitas (plantas adaptadas para acumular água e nutrientes). Figura 14 – Formações do bioma Caatinga: Agreste (esquerda) e Sertão (direita) Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images Pampas A palavra pampa significa terrenos planos ou levemente ondulados cobertos por pradarias e sem árvores. Ocorrem no sul do país nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possuem alta diversidade de espécies animais e vegetais, com muitas espécies endêmicas. Ocupa uma área de 237 mil km2. 19 UNIDADE Biomas Brasileiros Figura 15 – Vista geral do bioma Pampas, formado por morros levemente ondulados e pela grande concentração de gramíneas Fonte: iStock/Getty Images A grande diversidade de espécies se deve tanto à influência das florestas tropicais (Mata Atlântica) como das floras temperadas (oriundas do sul da América do Sul). Estes campos estão situados na região subtropical e apresentam uma grande quantidade de espécies de gramíneas (capim). Na região, encontramos ainda leguminosas, asteráceas e petúnias. Figura 16 – Nos Pampas, encontramos asteráceas (esquerda) e petúnias (direita) Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images e Wikimedia Commons Os principais impactos ambientais que ocorrem nos Pampas são: · Invasão de espécies exóticas, principalmente gramíneas, que são utilizadas para a alimentação de gados; · Pecuária, com a criação de equinos e bovinos; · Lavouras, com o cultivo de arroz, pois são utilizados herbicidas; · Assoreamento dos rios, com a remoção da vegetação, o solo no entorno é arrastado para dentro dos rios, podendo deixá-los mais rasos, ou até mesmo mudar seu percurso; · Silvicultura, com os cultivos de eucalipto, pinus, acácia-negra, essa atividade muda a fisionomia do local, pois as formações campestres são substituídas por florestas tropicais por exemplo. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros A Floresta Amazônica nas mudanças globais FEARNSIDE, P.M. A Floresta Amazônica nas mudanças globais. 2. ed. INPA. Manaus. 2009. 144p. Ecologia Vegetal FOX, G.A. et al. Ecologia Vegetal. 2. ed. Artmed Editora. 2009. 574p. Biomas Brasileiros: Retratos de um país plural SCARANO, F.R. et al. Biomas Brasileiros: Retratos de um país plural. Rio de Janeiro: Casa da Palavra e Conservação Internacional, 2012. Fundamentos em Ecologia TOWNSEND, Colin R., BEGON, Michael, HARPER, L. Fundamentos em Ecologia. 3. ed. ArtMed, 08/2011. VitalSource Bookshelf Online. 21 UNIDADE Biomas Brasileiros Referências CAIN, M.L.; et al. Ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2011. KAGEYAMA, P. Y. Restauração ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF, 2003. ODUM, E.P. & BARRET, G.W. Fundamentos em Ecologia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F. & EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007, 830p. 22
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