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Laura Crespo- 2026.2 1 Imunodiagnóstico das Doenças Infectoparasitárias Falaremos sobre isso hoje: Aplicação dos métodos imunológicos; Importância do diagnóstico individual e coletivo; Parâmetros sorológicos, como sensibilidade e especificidade, por exemplo; Fundamentos dos principais métodos do imunodiagnóstico. Diagnóstico das doenças infectoparasitárias: É baseado nesse trio parada dura: Avaliação clínica Investigação epidemiológica Diagnóstico laboratorial AVALIAÇÃO CLÍNICA É a famosa anamnese, então é o ato de tocar no paciente a fim de procurar algum sinal. De acordo com o professor, essa etapa é a “Arte da Medicina”. INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA Também de acordo com Valmir, essa etapa é a “Ciência da Medicina”, pois a Medicina se torna uma ciência a partir da epidemiologia (palavras dele). Então, perguntamos se o paciente fuma, onde mora, com quem mora... Temos que anotar a história da vida desse cara, pois às vezes nem será preciso pedir exames laboratoriais se já temos o histórico epidemiológico. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Só podemos pedir o exame laboratorial se já fizemos os outros 2 acima. O professor prefere o termo “Avaliação laboratorial”, afinal nós já fizemos anamnese e já encontramos a história epidemiológica do paciente, então agora falta só a confirmação através dessa avaliação. Aplicação dos métodos sorológicos: O método sorológico está dentro do grupo do teste imunológico, sendo que, esse sorológico é o mais recorrente entre os imunológicos. Esses métodos podem ser qualitativos ou quantitativos: Qualitativo- é o positivo ou negativo, reagente ou não, então é o tudo ou nada Quantitativo- deu positivo, mas aqui vejo se está em alta/baixa/média concentração através de vários critérios, tais como: o Critério das cruzes o Unidades internacionais o Diluição Aqui, aplicam-se: Pesquisa de imunoglobulina Pesquisa de antígeno PESQUISA DE IMUNOGLOBULINA Pode ser total ou específica (só 1 ou 2 tipos). Coleto o sangue do paciente, pego uma gota de seu soro e ponho para reagir com o antígeno conhecido que tenho no laboratório. O teste dá positivo quando tem imunoglobulina desconhecida contra esse antígeno conhecido, aí forma-se uma reação que depois será analisada. PESQUISA DE ANTÍGENO É o inverso da pesquisa de imunoglobulina. Coleto o sangue do paciente, pego uma gota da amostra e ponho para reagir com a imunoglobulina conhecida que tenho no laboratório. Depois que fizemos isso, veremos se a imunoglobulina capturou o antígeno (resultado reagente) ou não (não reagente ou indeterminado) a partir dos meios de revelação dessa interação antígeno-imunoglobulina ou antígeno-anticorpo, é a mesma coisa. Laura Crespo- 2026.2 2 Importância do diagnóstico: É importante sabermos que o diagnóstico pode ser individual ou coletivo, sendo mais específica, temos: INDIVIDUAL É baseado nesses fatores abaixo: Diagnóstico diferencial- tenho um caso onde há várias suspeitas clínicas e epidemiológicas, então como fica difícil separar qual é qual, o laboratório nos ajuda; Fase clínica da doença- importante para sabermos se está agudo, crônico ou curado; Prognóstico da doença- está melhorando, piorando ou na mesma? Avaliação da eficácia terapêutica dos medicamentos- usamos marcadores sorológicos de cura ou de agravamento para vermos se o medicamento é efetivo ou não; Identificação dos marcadores sorológicos Selecionar doadores e receptores de sangue e órgão- através de exames sorológicos, evitam- se transmissão de certas doenças por transfusão sanguínea ou até meio a rejeição ao enxerto no transplante; Avaliação da imunidade específica Identificação e classificação de antígenos- é mais usado na bacteriologia. Ex dado: temos o Streptococcus, ele é hemolítico ou não? Ele pertence a qual sorogrupo? Diagnóstico de fetopatias Eu sei que são diversos fatores e que já dei um spoiler sobre o que a maioria se trata, mas o professor separou um espaço para cada um que falarei daqui a pouco. COLETIVO É baseado na pesquisa de soroepidemiologia porque trabalhamos com grandes populações. Diagnóstico individual Falarei sobre todos os fatores do diagnóstico individual que foram enfatizados em aula. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL É importante para diferenciar patologias que se assemelham demais, então usamos o laboratório para nos ajudar. São exemplos de casos que precisam desse tipo de processo: Leishmaniose tegumentar difusa ou hanseníase lepromatosa? Leishmaniose visceral ou hepatite viral? Hepatite B ou C? Toxoplasmose congênita ou rubéola congênita? MARCADORES DE PROTEÍNAS DE FASE AGUDA/PFA Os marcadores de PFA mais relevantes são a PCR (proteína C reativa) e o SAA (soro amiloide A) presentes nesse gráfico que ele enfatizou bastante. Tanto a PCR quanto o SAA aumentam cerca de 100 a 3000x ou mais na fase aguda. Eles são bons marcadores dessa fase, pois tem meia-vida de 6 a 10h, então não demoram muito a sumir, afinal se demorasse para ir embora iria se prolongar para a fase crônica. PROGNÓSTICO DA DOENÇA Aqui, temos o marcador de recuperação e o de agravamento: Recuperação- ele deu o exemplo do Anti-HBe que é um marcador de bom prognóstico na Hepatite, caso esteja positivo; Agravamento- pode ser a pesquisa por autoanticorpos, depósitos de imunocomplexos principalmente nas articulações e nos glomérulos renais, aí causa a hipersensibilidade do tipo III, além dos marcadores PFA que já foi dito no tópico anterior. OBS: Se está na fase crônica e os marcadores de PFA estão presentes, de acordo com Valmir, não é certo chamar de reagudização, mas sim um marcador de agravamento. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA Aqui ele deu o exemplo da Sífilis, então um cara com Sífilis foi diagnosticado com o Treponema pallidum circulante e começou a ser tratado. Laura Crespo- 2026.2 3 Legenda dos gráficos: FTA IgM- anticorpo fluorescente do treponema IgM VDRL ou RPR- anticorpos anticardiolipínicos que são marcadores para o diagnóstico da Sífilis o O VDRL é muito usado no diagnóstico de várias doenças venéreas, mas aqui destaco a Sífilis o O problema é que o VDRL é muito inespecífico porque é baseado numa reação cruzada, pois antigamente não conseguia-se manter o Treponema numa cultura, mas sabia-se que cristais de colesterol conseguiam fazer uma reação cruzada com ele. Então os anticorpos que iam contra o colesterol também iam contra o Treonema FTA IgG- anticorpo fluorescente do treponema IgG que está relacionado ao anticorpo antitreponêmico/TPHA o Se teve IgG por um longo tempo, significa que é um bom prognóstico porque o cara está ficando imune TPHA- anticorpos antitreponêmicos através da técnica de hemagulinação para o Treponema pallidum o São anticorpos mais recentes Nesse primeiro gráfico, consegue-se perceber que o cara produziu bastante TPHA, mas depois caiu e se manteve num platô. Mas por que caiu e se manteve? Porque o VDRL e o FTA IgM (ambos marcadores de fase aguda) caíram, então a fase aguda passou porque ele está desenvolvendo imunidade, ou seja, o tratamento está sendo efetivo. No entanto, nesse segundo gráfico, a gente percebe que tem uma linha pontilhada do VDRL ou RPR que é como se seu nível continuasse elevado, então independentemente do TPHA e do FTA IgG, se o VDRL continuar elevado significa que esse cara não gerou imunidade e que a fase aguda se prolongou e está chegando na crônica, tudo isso porque o tratamento não está sendo efetivo. Resumo da ópera: Então, se houve a queda dos anticorpos anticardiolipínicos (VDRL) e platô dos anticorpos antitreponêmicos (TPHA), significa que ele está se curando. No entanto, se o VDRL não diminuiu, significa queele está piorando e que os Treponemas estão se proliferando freneticamente. Tabela verde que cai na PROVA: O vírus da hepatite B é envelopado, sendo que, nesse envelope tem a proteína HBsAg (antígeno de superfície da hepatite B). Na teoria, esse HBsAg estaria só presente na superfície do vírus, contudo ele é tão produzido que pode ser encontrado no plasma do contaminado como uma proteína solúvel. Além do HBsAg, também temos que levar em consideração o HBcAg e o HBeAg que estão no core viral. Diquinha pra lembrar: HBsAg- esse “s” é de superfície, já o HBcAg tem esse “c” de core. Esse HBeAg você tem que gravar, porque não consegui pensar em nenhuma associação pra facilitar nossa vida. Susceptível- quando ele não tem HBsAg, HbcAg nem HBeAg, então ele não tem nenhum anticorpo porque não tem antígeno nenhum. Esse cara precisa ser vacinado; Laura Crespo- 2026.2 4 Incubação- é o início do começo da hepatite, então nem sintoma o cara não tem, mas já tem HBsAg se proliferando, então nesse período, nós descobrimos se ele está contaminado ou não através do medidor HBsAg Fase aguda- ocorre quando ele tem HBsAg, HBeAg e IgM anti-HBc positivos, a IgG anti-HBc pode ser positiva ou negativa Aguda final ou hepatite crônica o A partir daqui HBsAg e anti-HBc IgG estarão positivos o Anti-HBc negativou Convalescência- não produz mais antígenos, mas tem anti-HBc IgM e anti-HBc IgG positivos, mas ele não está imunizado porque ainda não produziu anti-HBe nem anti-HBs Imunidade recente-produziu anti-HBc IgG, anti-HBe e anti-HBs o Se tem anti-HBe significa que o cara está evoluindo para a cura, então o bom prognóstico está vindo o Se tem anti-HBs significa que houve a produção de anticorpos contra esse vírus Imunidade- o anti-HBs normalmente continua dando positivo, mas pode dar negativo se essa infecção for muito antiga Vacinado- não tem nenhum marcador antigênico naturalmente, mas sim com o antígeno vacinal HBs, então ele produz anti- HBs somente. SELECIONAR DOADOR E RECEPTOR Questão de prova: Quais são as doenças que podem ser prevenidas através da testagem do sangue do doador antes da transfusão sanguínea? Doença de Chagas, Sífilis, HIV, Hepatite C e B HTLV é um vírus que causa um tipo de leucemia transmissível/T que também pode ser evitada o contágio do receptor através da testagem prévia Malária também pode, mas só fazemos teste de malária com ELISA e IF em áreas endêmicas AVALIAÇÃO DA IMUNIDADE ESPECÍFICA Aqui, nós procuramos saber se a imunidade é naturalmente adquirida (teve a doença, sobreviveu e está imune) ou artificialmente induzida (vacinação). Ele citou o exemplo de Cuba, mas creio que não seja importante sabermos para a prova, só que, como ele disse, vou contar. Em Cuba, a maioria das pessoas toma só a 1ª dose da vacina, aí fazem um teste para ver se houve soroconversão ou não. A pessoa só toma a 2 ª dose se não tiver feito soroconversão na primeira vez. IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ANTÍGENOS A principal via de identificação e classificação é pela sorotipagem, mas ela está sendo substituída pela genotipagem, só que, hoje falaremos mais sobre a sorotipagem mesmo assim, então abafa o caso. DIAGNÓSTICO DE FETOPATIAS NO PRÉ-NATAL O mais famoso é o teste do pezinho que procura IgM de Rubéola, Toxoplasmose, Sífilis e AIDS. Testamos IgM porque foi a criança que produziu. Aqui, ele deu o exemplo da Toxoplasmose: As melhores imunoglobulinas de fase aguda são IgA e IgE (ambas têm vida curta, então só duram na fase aguda mesmo), não é a IgM porque ela pode pegar um pouco da fase transicional e até da crônica como podemos analisar no gráfico acima. A IgM tardia, presente no perfil 2 que é a fase de transição para a latente, tem alta avidez, então não pode ser considerada como marcadora de fase aguda somente no Toxoplasma do imunocompetente. No perfil 1, pode-se perceber que a infecção é recente porque tem IgM, IgA e IgE. No perfil 2, é o período de transição onde ainda encontramos IgM, mas não tem mais IgA nem IgE. No perfil 3, pode ter IgM, mas com certeza tem IgG presente. Nós fazemos o teste de Hemaglutinação/HA para procurar imunoglobulinas totais, sendo que, a IgG é a mais predominante em TODAS as fases, mas ela não é marcadora de fase aguda porque tem vida longa. Roteiro para interpretação da sorologia para toxoplasmose em gestantes: PROVA Laura Crespo- 2026.2 5 Vou tentar resumir esse quadro colorido demais e muito confuso, vamos lá: Se deu IgG e IgM negativos, significa que a gestante não é imune. Se deu IgG + e IgM -, significa que a infecção é antiga, então ela já teve contato com o parasita antes de engravidar. Nesse caso, fazemos um acompanhamento de mês em mês. Se deu IgG positivo ou negativo, tanto faz, mas a IgM deu positiva, fazemos a técnica quantitativa e vemos a concentração de IgM. > 6 UI/mL de IgM significa que a infecção é recente, então é menor que 3 meses < 2 UI/mL de IgM signidica que a infecção é pregressa, então é maior que 3 meses Caso seja entre 2 e 6 UI/mL de IgM, precisamos fazer o teste de avidez de IgG para podermos definir se a infecção é recente ou não. Se a avidez for baixa, significa que é recente e que está no início da infecção. Em contrapartida, se a avides for alta, significa que a infecção é pregressa. Se a avidez por intermediária, significa que não conseguimos determinar se é pregressa ou recente, então mudamos o exame, ou seja, se estamos fazendo ELISA, a gente parte para outro teste como a IF, por exemplo. Diagnóstico coletivo/soroepidemiologia A importância da soroepidemiologia deve-se a: Identificação dos principais problemas sanitários Estabelecer a prevalência sorológica e a prioridade da vacinação Demarcar a distribuição das doenças Verificar a erradicação ou reintrodução de doenças Determinar a periodicidade epidêmica Avaliar as campanhas de vacinação Investigar as enfermidades descobertas recentemente, ou seja, doenças emergentes Soroarqueologia- é o estudo do coprólito (fezes fossilizadas), é o “cocô da múmia” Parâmetros sorológicos: Temos a distribuição dos títulos sorológicos semelhantes ao que se encontra habitualmente Legenda do gráfico: A- saudável B- infectada C- infectada que está dizendo que é saudável D- saudável que está dizendo que é infectada Nesse gráfico acima é como se fosse um teste sorológico hipotético para Doença de Chagas. Então, o ideal era que os 2 grupos ficassem bem distantes um do outro para que o “cut off”, que é a linha de corte, não pegasse e misturasse os 2 grupos. Esse teste é ruim, pois teve falso positivo para a doença (D) e falso negativo (C). Sensibilidade- é a probabilidade do teste identificar corretamente os doentes o 𝑎 𝑎+𝑐 Especificidade- é a probabilidade do teste identificar corretamente os saudáveis o 𝑑 𝑏+𝑑 Acurácia- é a soma dos verdadeiros positivos e verdadeiros negativos em relação ao número amostral da população estudada Laura Crespo- 2026.2 6 o 𝑎+𝑑 𝑛 Valores de predição/VP- pode ser positivo ou negativo: o VPP(+)- é a probabilidade do teste dar positivo verdadeiro em todos os testes positivos o VPN(-)- é a probabilidade do teste dar negativo verdadeiro em todos os testes negativos OBS: SEMPRE precisamos levar em consideração a prevalência, pois se não levarmos, o VPP não é confiável. Então, se não analisarmos a prevalência, vamos carregar uns processinhos nas costas. Fundamentos dos principais métodos do imunodiagnóstico: Primeiro, precisamos saber que os testes imunológicos são divididos em 2 grupos: 1. Resposta celular a. In vivo- testes intradérmicos b. In vitro- proliferação de linfócitos e citometria de fluxo (é a principalno in vitro) 2. Resposta humoral a. Diagnóstico imunossorológico Resposta Celular Temos o teste In vivo que é o teste intradérmico. Ele é importante no diagnóstico da Tuberculose. TESTE INTRADÉRMICO É baseado na hipersensibilidade tardia tipo IV. Consegue-se perceber a formação de uma pápula após a injeção de 0,1 mL do antígeno inerte (então se penetrar na corrente sanguínea, não vai te fazer contrair a doença não), se não formar a pápula é porque você fez errado, então fura o outro braço até formar a pápula. Depois que esse antígeno é inoculado, se o suspeito tem linfócitos pré-formados para esse antígeno, significa que, em 24 a 72h, esses linfócitos vão migrar para esse local de inoculação e vão chamar macrófagos e fagócitos em geral, aí forma-se uma área endurecida porque está inflamada, então fica avermelhado e edemaciado, além dos outros sinais cardinais da inflamação. Com isso, depois desse tempo nós medimos a pápula com a régua. Nós normalmente inoculamos soro fisiológicos no outro braço na mesma concentração de 0,1 mL para vermos se houve reação ou não, se houver reação contra o soro fisiológico, essa pessoa não é muito indicada a fazer testes intradérmicos porque quase tudo vai dar reagente. Então, normalmente não reage contra o soro não. OBS: Esse teste de Montenegro é para leishmaniose tegumentar, o PPD é para a tuberculose e o antígeno de Mitsuda é para hanseníase. Quanto aos testes In vitro, nós temos a proliferação de linfócitos (não usada mais) e a citometria de fluxo. CITOMETRIA DE FLUXO Temos que colher o sangue do paciente e separamos os linfócitos, mas se quisermos contar os linfócitos B é praticamente impossível o distinguir do linfócito T. Então, pego uma amostra com anticorpo Laura Crespo- 2026.2 7 corado com corante fluorescente contra CD20, pois CD20 é o marcador do linfócito B, sendo que, esse anticorpo só vai reconhecer o linfócito B e ponto, não tem essa de reconhecer o T não. Beleza, pegamos a amostra do sangue só com os linfócitos B e misturo com os anticorpos contra CD20. Depois colocamos essa mistura numa cubeta de fluxo, sendo que, nessa cubeta tem um capilar de cristal MUITO fino que só deixa passar uma célula de cada vez. Aí nós temos um laser que bate bem no fim desse capilar, então bate diretamente na célula que acabou de sair e, dependendo da granulosidade da célula, o laser vai para um ângulo e bate numa célula fotoelétrica que estava do lado da cubeta. Tá Laura, mas como que a gente vai conseguir perceber se o laser pegou o linfócito B? Vai brilhar, pois colocamos corante no anticorpo contra o CD20 que colou no linfócito. Resposta Humoral É o diagnóstico imunossorológico que tem várias vertentes. Nós coletamos a amostra clínica do paciente e separo antígeno e anticorpo para analisarmos o que queremos. Amostras clínicas: sangue, soro, plasma, fezes, urina, tecido, escarro, LCR, humor aquoso... Tem amostras ambientais também, mas como estamos focando no ser humano, é sobre isso que o professor falou. A base do diagnóstico imunossorológico é a associação entre o anticorpo e o antígeno, sendo que, o anticorpo se liga ao epítopo do antígeno. Tem uns testes que não empregam reagentes marcados, então vejo reações de precipitação, aglutinação e ensaios líticos. Em contrapartida, tem uns testes que empregam reagentes marcados, então são os testes mais “elegantes”, de acordo com o Valmir. Temos como exemplo o teste rápido de farmácia. TESTE DE PRECIPITAÇÃO O teste de precipitação inaugurou o diagnóstico imunossorológico. Ele consiste em pegarmos uma proteína solúvel e colocarmos no antígeno para vermos se houve precipitação ou não a olho nu. É feito com um tubo capilar, aí pegamos um soro com anticorpos conhecidos contra aquele antígeno/parasita e colocamos no tubo capilar. Beleza, depois colocamos uma solução antigênica da minha amostra do suspeito sobre esse antissoro (soro com os anticorpos conhecidos pela gente) e NÃO misturamos, mas sim deixamos eles ali por um tempinho. Se começar a formar um agregado entre o antígeno e o antissoro, é porque o teste deu positivo, pois esse agregado está separando os 2. Esse teste que falei acima é no meio líquido, mas também tem como fazer na lâmina de vidro se for sólido. Antigamente, usava-se esse teste para identificarmos se o conteúdo intestinal, vulgo fezes, do Laura Crespo- 2026.2 8 barbeiro estavam contaminadas ou não. Além do barbeiro da Doença de Chagas, também conseguimos fazer de outros insetos hematófagos como o Aedes das arboviroses. O teste em meio sólido que citei a existência acima, é esse daqui: Colocamos a gelatina agarose quente na lâmina de vidro e esperamos ela esfriar. Depois fazemos 3 furos nesse gel e vira uma espécie de poço onde depositamos os imunorreagentes. Então, coloco um Antígeno desconhecido líquido e pego 2 amostras controles, uma positiva e outra negativa. Os antígenos vão se difundindo até interagir com o positivo ou com o negativo. Depois lavamos essa lâmina para remover o material não ligado e deixamos o imunocomplexo formado que é grande e insolúvel, então fica retido na malha da gelatina, aí a gente o cora para vermos a precipitação. Demora 1 semana para fazer, então não é usado mais tanto assim e pode dar negativo ou positivo. TESTE DE AGLUTINAÇÃO Temos vários tipos, são eles: Contraimunoeletroforese (CIEF) Teste de aglutinação direta (TAD) Hemaglutinação indireta CIEF: Enquanto o teste de precipitação demora 7 dias, o CIEF é basicamente a mesma coisa só que demora 40min. Coloca-se as lâminas de vidro em cubas de eletroforese, sendo que, essa cuba tem polos positivo e negativo. O anticorpo é carregado positivamente, então ele migra para o polo negativo. Só que, os antígenos são tratados como negativos, então eles migram para o polo positivo. Com isso, eles se encontram mais rapidamente. Não há perda de nada, como era no de precipitação, onde na hora da lavagem sempre saía as moléculas que não formaram o imunocomplexo insolúvel. TAD: Aqui, pesquisamos diretamente aquilo que queremos encontrar. Então, coletamos uma amostra do suspeito e misturamos com anticorpos específicos para a suspeita. Valmir deu o exemplo viral, então se estamos procurando um vírus específico, nós pegamos uma amostra do suspeito e misturamos com anticorpos específicos contra esse antígeno. Mas nós conseguimos observar se houve reação viral com a vista desarmada, vulgo a olho nu? Não, mas conseguimos ver a aglutinação no microscópio, por isso que a TAD também é denominada como técnica de microaglutinação. Hemaglutinação indireta: Não precisa de microscópio, pois forma-se um tapete visível num tubo cônico. Primeiro, separamos os antígenos e o colocamos para reagir com a hemácia graças a alguma substância apropriada. Com isso, os antígenos grudam na hemácia. Laura Crespo- 2026.2 9 Depois, nós colocamos anticorpos na reação e onde esses anticorpos vão se ligar? Nos epítopos do antígeno que está em volta da hemácia. A força da gravidade joga tubo para baixo, então no fundo do tubo cônico onde isso tudo estava acontecendo, olhamos uma placa/tapete de hemácias aglutinadas entre si (quando é reagente a placa é grande) Se não for reagente, as hemácias vão rolando e formam um minitapete no fundo, mas pode dar indeterminado também. O grande problema dos testes de aglutinação é que para conseguirmos ver se houve aglutinação ou não, os antígenos e os anticorpos precisam estar na área de equivalência, ou seja, precisam estar em concentração equivalentes e isso é muito difícil, então vamos tentando e tentando até encontrar a equivalência. O excesso de anticorpo quando tem pouco antígeno faz a curva ascender e dáum falso negativo. A equivalência é observada quando a curva está num platô, pois o agregado fica concentrado ali e a gente consegue enxerga-lo. O excesso de antígeno quando tem pouco anticorpo faz a curva descender e dá um falso negativo também. Preciso ficar fazendo várias diluições até achar a fase de equivalência, então isso é uma grande limitação desses testes. TESTE CITOLÍTICO Está em desuso, mas cai em concurso. É basicamente a fixação do complemento que era usado para a Doença de Chagas, principalmente, e é feito em tubos ou microtubos. Primeiro, fragmentamos o parasita e colocamos proteínas que ele libera numa suspensão dentro do tubo de ensaio. Depois colocamos anticorpos controles ou amostras: Coloquei controle- o anticorpo interage com o antígeno proteico, mas está fora da zona de equivalência, então não pega. Coloquei amostras com anticorpos não específicos- não há ligação entre anticorpo e antígeno. Depois disso, coloco complemento que, por sua vez, só se liga ao anticorpo que está complexado, então como os anticorpos do controle e da amostra não se ligaram ao antígeno, não há formação de imunocomplexos, então o complemento não se liga em nada. Uso o sistema hemolítico que é o exemplo do coelho. Coleto sangue do carneiro e inoculo no coelho, depois de um tempo tiro o sangue do coração do coelho e ponho anticorpos para reagir. Depois aqueço o sangue do coelho a 56°C, em média, e isso mata o complemento, então forma-se o complexo anticorpo + antígeno e coloco uma gota desse complexo no tubo que o complemento tá livre e não se ligou (o tubo que eu disse no parágrafo anterior). Com isso, o complemento se liga ao anticorpo do sistema hemolítico e gera uma cascata onde há a formação da MAC (Complexo de Ataque à Membrana) que destrói a hemácia e libera hemoglobina. O tubo onde a hemácia foi lisada é não reagente, já o tubo que fica com o fundo preservado cheio de hemácias é reagente. É muito complexo e precisa de uma alta padronização dos componentes, então um errinho já altera tudo. Laura Crespo- 2026.2 10 MARCADORES TOPOGRÁFICOS Aqui temos: Corantes fluorescentes marcando a imunofluorescência Isótopos radioativos Imunoenzimático/ELISA Princípio do teste rápido/TR DPP IMUNOFLUORESCÊNCIA Imunofluorescência direta (IFD): Usa-se esse tipo de teste principalmente na pesquisa de antígenos difíceis de serem localizados e visualizados. Como exemplo, temos o Cryptosporidium nas fezes. Colocamos corantes fluorescentes no anticorpo conhecido, aí esse anticorpo se liga no Cryptosporidium (antígeno). Depois disso, colocamos essa lâmina no microscópio fluorescente que tem luz UV que excita o corante fluorescente. Imunofluorescência indireta (IFI): Esse teste é muito importante na pesquisa de anticorpos. Como exemplo, temos o antígeno promastigota da Leishmaniose. Pegamos a suspensão de leishmaniose morta e íntegra numa lâmina de vidro de microscopia. Diluo a amostra e ponho uma gotinha em cima desse antígeno conhecido, coloco essa lâmina na estufa por 30min e, se tiver anticorpo IgG na minha amostra, esse anticorpo se liga ao antígeno, aí eu lavo essa amostra, então se não tiver IgG não vai ter nada ali para o corante se ligar. Depois coloco o conjugado fluorescente e observo no microscópio. RADIOIMUNOENSAIO Isótopos radioativos É um tipo de radioimunoensaio denominado RIA. Coleto o sangue da pessoa e basicamente uso um radioisótopo marcador para identificar o antígeno ou o anticorpo que estou querendo. Ele passou bem rápido nisso. IMUNOENZIMÁTICO ELISA/Ensaio Imunoenzimático Serve para achar anticorpo ou antígeno. Ele é feito em microplacas de diluição com 96 pocinhos para destruirmos os imunorreagentes (amostras). Essa placa normalmente é feita de poliestireno que é positivamente polarizado. Ele tem vários tipos, mas o princípio é praticamente o mesmo. Colocamos o antígeno ou o anticorpo conjugado a uma enzima e depois vemos a cor por conta da enzima que converte o material incolor em colorido. 1- ELISA indireto- detecta principalmente anticorpo O antígeno (-) é adicionado e se adere na superfície da placa (+) porque negativo atrai positivo e vice-versa, em seguida, é feita uma lavagem para a retirada dos antígenos livres. Depois, a solução que está sendo pesquisada, vulgo o soro do paciente, é adicionada e, caso haja anticorpos no soro contra os antígenos presentes na placa, os anticorpos se ligam aos antígenos. Após isso, retiramos os anticorpos livres e depois adicionamos o conjugado que é o anticorpo específico + enzima (peroxidase) que estão ligados covalentemente. Esse conjugado se liga nos anticorpos do soro que foram postos no parágrafo anterior e depois fazemos outra lavagem para tirarmos os conjugados livres. Coloca-se um substrato promogênico que, se for oxidado pela peroxidase do conjugado, gera uma cor que será analisada. Laura Crespo- 2026.2 11 Esse substrato promogênico é uma solução reveladora que mostra se aconteceu interação antígeno-anticorpo. 2- ELISA direto/sanduíche- detecta principalmente antígeno O anticorpo conhecido é adicionado na placa e se prende à superfície dela. Em seguida, lavamos para que os anticorpos livres saiam. Adiciona-se a solução/amostra que estamos pesquisando. Se essa solução tiver o antígeno, ele se liga ao anticorpo específico que está na placa. Fazemos outra lavagem para que os antígenos livres saiam. Então, adicionamos o conjugado específico para esse antígeno procurado, fazemos outra lavagem para tirarmos os conjugados livres. Depois colocamos o substrato promogênico que, se for oxidado pela peroxidase, gera uma cor que será analisada. OBS: essas 2 de baixo ele só comentou a existência. 3- ELISA competitivo- detecta antígenos com baixo peso molecular 4- ELISA de captura- detecta anticorpos, principalmente IgM Uso o espectrofotômetro no ELISA que analisa a cor e decide se deu positivo ou negativo, pois a análise visual gera muita discordância, afinal o que é escuro para Maria pode ser médio para João. Posso usar o dot-ELISA ao invés da placa com os 96 pocinhos. Aí no dot nós temos uma membrana de nitrocelulose que é basicamente um papel onde colocamos o antígeno ou o anticorpo e depois o colocamos num tubo com a amostra, aí se tiver o anticorpo ou o antígeno específicos eles se ligam, depois venho com o conjugado enzimático e uso um revelador. Depois ponho numa maquininha que lê a cor e decide se deu reagente ou não. Procedimento de Western-blotting/ imunoeletrotransferência separa as proteínas da suspensão do antígeno e, como é uma cuba de eletroforese com gel de poliacrilamida, faz como se fosse uma eletroforese vertical, onde na cuba tem um lado positivo e outra negativa. Primeiro, depositamos o antígeno no gel, sendo que, esse gel se polimeriza e forma poros maiores perto do oxigênio e esses poros vão diminuindo de tamanho à medida que vão chegando mais perto da placa porque tem menos oxigênio, então as proteínas maiores ficam retidas em cima e as menores embaixo. Depois, transferimos para a membrana de nitrocelulose e ligamos a máquina. IMUNOCROMATOGRÁFICO Teste imunocromatográfico (teste rápido): Observações prévias: Temos um conjugado feito de proteína A + ouro coloidal, sendo que, a proteína A substitui o anticorpo secundário que seria preciso no ELISA, por exemplo. Essa proteína captura o anticorpo por sua parte Fc. Tem o papel de nitrocelulose com o antígeno e o anticorpo de controle no teste. Funcionamento do teste: Primeiro, coletamos a amostra do paciente e depois a colocamos no local indicado que tem a proteína A + ouro coloidal (conjugado). Depois, pomos uma solução-tampão aquosa resistente à mudanças de pH. Se tiver o antígenona amostra, ele se liga no conjugado e forma-se um complexo que migra por capilaridade e chega na fita de nitrocelulose, sendo que, nessa fita tem anticorpos contra esse antígeno presente no soro, aí se esse complexo se liga nesse anticorpo, haverá o aparecimento da linha de teste. Todo teste rápido tem que ter a linha controle que vem depois da linha de teste, se não tiver linha nenhuma significa que o teste está estragado, então jogamos fora e fazemos outro. OBS: a proteína A é extraída do Staphylococcus e do Streptococcus.
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