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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Toxicologia Forense: Drogas De abuso
Elaboração
Camila Linhares Taxini
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO ................................................................................ 9
CAPítulo 1
DROGAS DE ABUSO ................................................................................................................. 9
CAPítulo 2
LEGISLAçãO APLICADA àS DROGAS ...................................................................................... 14
CAPítulo 3
DADOS InTERnACIOnAIS RELATIvOS A COnSUmO, PRODUçãO E TRáfICO DAS PRInCIPAIS 
DROGAS DE ABUSO ............................................................................................................... 20
unidAdE ii
PRInCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A COnTROLE ESPECIAL ......................................... 25
CAPítulo 1
DROGAS ILEGAIS ................................................................................................................... 25
unidAdE iii
nARCOTRáfICO ................................................................................................................................. 55
CAPítulo 1
SITUAçãO GLOBAL, UmA BREvE vISãO SOBRE O nARCOTRáfICO .......................................... 55
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 59
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
Na disciplina de “Toxicologia Forense: Drogas de Abuso”, estudaremos os aspectos 
sócio-legais das principais drogas de abuso, assim como veremos com mais detalhe 
as drogas ilícitas ou sujeitas a controle especial. Entre essas substâncias, teremos a 
cocaína, a maconha, a heroína, os alucinógenos, os estimulantes anfetamínicos e 
inalantes. Finalmente será apresentada uma visão geral do Narcotráfico no Brasil. 
objetivos
 » Promover uma visão holística sobre as principais drogas de abuso.
 » Analisar os aspectos histórico, sociocultural e legal da produção, do 
consumo e da oferta das drogas de abuso. 
 » Proporcionar ao aluno subsídios para transpor o conhecimento científico 
para a sociedade. 
 » Apresentar os assuntos de forma mais crítica e embasados na literatura.
8
9
unidAdE i
ASPECtoS 
SoCiolEgAiS dAS 
drogAS dE ABuSo
CAPítulo 1
drogas de abuso
Histórico
figura 1: Caravela durante as Grandes navegações. 
fonte: <http://revivendo-fatos-historicos.blogspot.ca/2010/06/as-grandes-navegacoes.html>.
figura 2: Revolução Científica. 
fonte: <http://www.ghtc.usp.br/server/Sites-Hf/felipe-Lourenco/inicial.htm>. 
10
UNIDADE I │ ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO
figura 3: Revolução Industrial. 
fonte: <http://www.grupoescolar.com/pesquisa/revolucao-industrial.html>.
O contato das civilizações com substâncias psicoativas ocorre há séculos. Durante 
as Grandes Navegações, no século XVI, os europeus introduziram essas substâncias 
com finalidades médicas e recreativas para a sociedade, mas foi durante a Revolução 
Científica (século XVI-XVIII) que os princípios ativos isolados foram obtidos mais 
facilmente, o que aumentou os relatos de complicações entre os usuários e acidentes, 
fazendo com que essas substâncias fossem responsáveis pela degradação moral e pelo 
vício do usuário, denominado mais tarde como dependência. 
As substâncias psicoativas passaram a ser tratadas como produtos comerciais apenas 
no período da Expansão Europeia e da Revolução Industrial – século XVIII (PASSETTI, 
1991, ESCOHOTATO, 1995), e século XIX tanto a Europa quanto os Estados Unidos 
tinham contato com uma grande variedade de novas drogas, como, por exemplo, 
compostos à base de cocaína e ópio que eram vendidos sem restrições (MUSTO, 1987; 
ESCOHOTATO, 1995). Entre 1839-1841, época conhecida como Guerras do Ópio, os 
britânicos possuíam o monopólio internacional sob o Extremo Oriente e o comércio em 
larga escala de substâncias psicoativas (PASSETTI, 1991). 
A proibição de substâncias psicoativas ganhou força em meadosdo século XX com o 
objetivo de diminuir os prejuízos clínicos, psicológicos e sociais. Por muitos anos, o uso 
e o tráfico de drogas foram regidos por uma política rigorosa a qual tinha por objetivo a 
redução da oferta e a repressão do uso de drogas. O trânsito de drogas como mercadoria 
ilegal era considerado como financiamento de outros crimes transnacionais (FORTE, 
2007), como, por exemplo, a compra ilegal de armas utilizadas para tráficos de seres 
humanos e órgãos, extorsão e corrupção de autoridades e políticos pagos com cocaína 
ou heroína (RIBEIRO; RIBEIRO, s/d).
11
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
relatório da unodC sobre o crime 
organizado transnacional
O escritório das Nações Unidas sobre drogas e crime (UNODC) lançou, em 17 de 
Junho de 2010, em Nova Iorque, um relatório sobre “A Globalização do Crime: 
uma avaliação sobre a ameaça do crime organizado transnacional”. O Relatório, 
que avalia a ameaça do crime organizado transnacional, foca os principais fluxos 
do mercado de drogas (cocaína e heroína), de armas de fogo, tráfico de pessoas 
(para exploração sexual ou trabalho forçado), contrabando de recursos naturais 
e de produtos falsificados, bem como a pirataria marítima e o cibercrime. Mostra 
como, por meio do recurso à violência e de subornos, os mercados do crime 
internacional tornaram-se grandes centros de poder e apresenta uma série 
de mapas e de gráficos, de alto impacto, sobre os fluxos ilícitos globais e seus 
mercados. Produzir este Relatório foi um desafio, dado que as provas obtidas, 
até agora, têm sido muito limitadas e irregulares. “Não obstante a dificuldade 
intrínseca à investigação criminal, a UNODC conseguiu documentar o enorme 
poder e o alcance global das máfias internacionais”, disse Mr. Costa. (Fonte: 
<http://www.dgpj.mj.pt/sections/relacoes-internacionais/eventos/tratados-
convencoes-e/relatorio-da-unodc-a/>.)
Em um cenário mais recente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a discutir o 
contexto como uma questão de saúde, acreditando que o controle é feito com prevenção 
de uso, tratamento e reinserção social (RITTER, 2010). Nesse contexto, os Estados 
Unidos (1906) passou a exigir detalhadamente a composição dos medicamentos, o 
que foi chamado de Pure Food and Drug Act. Em 1914, a cocaína e o ópio passaram 
a ser utilizados apenas com prescrição médica (MUSTO, 1987). Em 1909 foi criada a 
Comissão de Xangai para lidar com o comércio do ópio na China, porém nem todos os 
países estavam envolvidos nas discussões, então, apenas em 1945, com a criação da 
Organização das Nações Unidas (ONU), foi possível unir interesses e esforços mundiais 
para discutir e elaborar Protocolos para combater o tráfico e o consumo de drogas 
(BEWLEY-TAYLOR, 2003; BEWLEY-TAYLOR, 2005). 
A partir da Comissão de Xangai, os controles passaram a ficar mais estritos, 
notadamente após a Primeira Guerra Mundial, sob coordenação da Liga das 
Nações. O resultado foi a redução de 70% da produção de ópio em 100 anos, 
enquanto a população global no mesmo período quadruplicou. Não fosse esse 
esforço de controle, e se o aumento do consumo do ópio apenas acompanhasse 
o crescimento natural da população, hoje o consumo poderia estar treze vezes 
maior do que o verificado nos índices atuais. (Fonte: <http://www.unodc.org/
lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html>.) 
12
UNIDADE I │ ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO
Em 1946, a ONU estabeleceu a Commission on Narcotic Drugs (CND) para tratar das 
políticas relacionadas às drogas, possibilitando os Estados envolvidos analisarem a 
situação das drogas no mundo, dar continuidade às decisões da 22a Sessão Especial da 
Assembleia Geral e tomarem medidas em seu âmbito de ação. 
Como estratégia para controle e acompanhamento da diversificação das drogas, 
sintetização de narcóticos e de substâncias psicotrópicas, os países signatários aprovaram 
as três convenções sobre drogas as quais são complementares e, até hoje, são referências 
legal para todos os países participantes das Nações Unidas. A primeira convenção aconteceu 
em 1961, denominada Convenção Única sobre Entorpecentes que teve por objetivo 
o combate, por meio da cooperação internacional, às substâncias narcóticas tanto 
possuindo controle sobre as drogas exclusivas para o uso científico e médico, quanto 
no tráfico das drogas. Em 1968, foi estabelecida a Junta Internacional de Fiscalização 
de Entorpecentes (JIFE, International Narcotics Control Board – INCB em inglês), a 
qual é responsável pela fiscalização da implementação das Convenções Internacionais 
das Nações Unidas. 
A segunda, Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas de 1971, teve como objetivo 
abranger uma maior variedade de drogas, incluindo drogas sintéticas, medidas sobre 
tráfico e abuso de drogas. 
A terceira convenção foi contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias 
Psicotrópicas, em 1988, cujo controle estava direcionado ao tráfico de drogas, à lavagem 
de dinheiro e aos recursos químicos. (BEWLEY-TAYLOR, 2003; BEWLEY-TAYLOR, 
2005, UNODC). A implementação das três convenções internacionais de controle a 
drogas é monitorada pela CND, a qual atua em todas as áreas relacionadas ao assunto 
(UNODC).
Em 1998, na XX Sessão Especial da Assembleia Geral da ONU (UNGASS) foi 
estabelecida uma estratégica integrada com a elaboração de três principais documentos 
pelo seguinte idealismo “Um mundo livre de drogas – podemos consegui-lo!”, por meio 
da: declaração política cujo objetivo era a redução significativa, até 2008, da oferta e 
da procura de drogas; declaração dos princípios orientadores da redução da demanda e 
oferta de drogas por meio da organização de esforços dos países; e uma resolução para 
reforçar a cooperação internacional (UNODC). Após dez anos, em 2009, a CND fez a 
análise dos resultados obtidos pelos Estados-Membros, os quais, em grande maioria, 
obtiveram progressos significativos. Mesmo que em algumas regiões os resultados não 
foram como o esperado houve uma tendência geral de estabilização tanto na produção 
quanto no tráfico e no consumo de drogas. Assim, foi firmado um documento com o 
objetivo de, até 2019, diminuir ou acabar com a disponibilidade e com uso de drogas 
ilícitas (UNODC).
13
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
Vários países aderiram as Drug Courts, chamada no Brasil de Justiça Terapêutica, 
esta trata-se de um processo penal que ajuda diretamente ao não sobrecarregamento 
do sistema penitenciário. O Drug Court Moviment teve origem no estado de Flórida 
nos anos 1980. Os casos de menor gravidade como porte ou furtos com a finalidade 
de aquisição de drogas são encaminhados para reabilitação judicial supervisionada, o 
condenado recebe tratamento, diminuição das sanções penais, incentivos processuais 
e passam por testes de drogas periódicos. O programa Drugs Courts é aplicado em 
muitas cidades norte-americanas (US Department of Justice, 2004). Já nos estados 
europeus há uma diversidade na política de drogas, embora a tendência seja flexível à 
liberação, formalmente as políticas ditam a redução da oferta, da demanda e dos danos 
(RIBEIRO; RIBEIRO, s/d). 
Segundo Jean-Luc Lemahieu, diretor de Análise de políticas e Relações públicas do 
UNODC, “há uma expansão global sem precedentes do mercado de drogas sintéticas, tanto 
em extensão quanto em variedade […] As novas substâncias são rapidamente criadas e 
vendidas, desafiando os esforços da lei para prender os traficantes e conter os riscos de 
saúde pública.” (ONU, 2014). Vejamos o crescente número de substâncias psicoativas 
no mundo entre 1961 e 2013. 
figura 4: número de novas substâncias psicoativas, psicoativos que não estão sob controle internacional, e 
narcóticos sem controle internacional de acordo com as convenções internacionais sobre drogas, 1961-2013.
fonte: <http://www.unodc.org/documents/scientific/2014_Global_Synthetic_Drugs_Assessment_web.pdf>. 
Veremos, no próximo capítulo, como funciona a legislaçãono Brasil.
14
CAPítulo 2
legislação aplicada às drogas
As leis relacionadas aos usuários de drogas no Brasil evoluíram de totalmente 
proibicionistas para menos repressoras. A legislação sobre drogas ilícitas na maioria 
dos países do mundo tem por base as mesmas legislações das Convenções das Nações 
Unidas (ONU), vistas no capítulo anterior. O Brasil assinou e ratificou os tratados 
internacionais como estes. 
 » Convenção Única sobre Entorpecente. 
 » Convenção sobre Substâncias Psicotrópicas. 
 » Convenção contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e de Substâncias 
Psicotrópicas. 
 » Declaração dos Princípios Orientadores da Redução da Demanda.
O Decreto no 847 de 1890 determinou a punição com multa do crime de expor à venda 
ou ministrar substâncias classificadas como venenosas pelo art. 159 (VENTURA et al., 
2009) revogado pelo Decreto no 4.294 em 1921. Esse Decreto foi regulamentado no 
mesmo ano (1921) pelo Decreto no 14.969 o qual determinava a criação dos sanatórios 
para toxicônamos (PEDRINHA, 2009; BARATTA, 1992).
Art. 159. Expor à venda, ou ministrar, substâncias venenosas, sem 
legítima autorização e sem as formalidades prescritas nos regulamentos 
sanitários: Pena – de multa de 200$ a 500$000 (CUNHA, 2007).
Decreto no 4.294, que estabelece penalidade para os contraventores 
na venda de cocaína, ópio, morfina e seus derivados; cria um 
estabelecimento especial para internação dos intoxicados pelo álcool ou 
substâncias venenosas; estabelece as formas do processo o julgamento 
e, manda abrir os créditos necessários. 
Fonte: <http://www.arquivopublico.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/leidrogas.pdf>.
DECRETO NO 14.969, DE 3 DE SETEMBRO DE 1921
Aprova o regulamento para a entrada no País das substâncias tóxicas, 
penalidades impostas aos contraventores e sanatório para toxicômanos.
Fonte: Câmara dos Deputados <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/
decreto-14969-3-setembro-1921-498564-norma-pe.html>.
15
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
Em 1932, o Decreto no 20.930 fiscaliza a entrada e o comércio de substâncias tóxicas no 
País, e estabelece pena. Ele foi promulgado e, dois anos depois (1934), foi alterado pelo 
Decreto no 24.505, e, em 1938, foi revogado pelo Decreto-Lei no 891 que conduziu ao art. 
281 do Código Penal de 1940 (PEDRINHA, 2009; BARATTA, 1992). O Código Penal de 
1940 tinha como base não tratar o consumo de drogas como crime, porém, em 1964, 
com o golpe militar, essa ideia começou a ser mudada já que os investimentos nacionais 
e internacionais estavam direcionados ao combate às drogas, as quais eram vistas no 
mundo como elemento de desordem e revolução. Na década de 1970 as substâncias 
psicotrópicas, além de representar perigo aos usuários, passaram a ameaçar a sociedade, 
então, as leis tornaram-se opressoras.
DECRETO NO 20.930, DE 11 DE JANEIRO DE 1932 
Fiscaliza o emprego e o comércio das substâncias tóxicas entorpecentes, 
regula a sua entrada no País de acordo com a solicitação do Comitê 
Central Permanente do Ópio da Liga das Nações, e estabelece penas. 
Fonte: Câmara dos deputados <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/
decreto-20930-11-janeiro-1932-498374-publicacaooriginal-81616-pe.html>.
Art. 281. Importar ou exportar, vender ou expor à venda, fornecer, 
ainda que a título gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, 
guardar, ministrar ou, de qualquer maneira, entregar a consumo 
substância entorpecente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de um a cinco 
anos, e multa, de dois a dez contos de réis. 
Fonte: <http://jus.com.br/artigos/14470/a-evolucao-da-legislacao-brasileira-sobre-drogas>.
Assim, em 1971, a Lei no 5.726 passou a penalizar usuários e traficantes da mesma forma, 
até seis anos de reclusão privada de liberdade, essa política incriminadora elaborou e 
promulgou vários textos legais, como, em 1976, com a Legislação Antitóxicos, a Lei 
do Crime Organizado, a Lei de Crimes Hediondos, e a Lei no 6.368 a qual fortificou 
a relação entre dependentes e criminosos (BARATTA, 1992). No art. 36 da referida 
Lei, foi determinado que todas as substâncias que causassem dependência física ou 
psíquica, de acordo com o Ministério da Saúde, seriam consideradas “Substâncias 
entorpecentes” (Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas). 
LEI NO 5.726, DE 29 DE OUTUBRO DE 1971
Dispõe sobre medidas preventivas e repressivas ao tráfico e uso de 
substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou 
psíquica e dá outras providências. 
Fonte: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-5726-29-outubro-1971-358075-
norma-pl.html>.
16
UNIDADE I │ ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO
LEI NO 6.368, DE 21 DE OUTUBRO DE 1976
Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso 
indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência 
física ou psíquica e dá outras providências. 
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: <http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Art. 36. Para os fins desta Lei serão consideradas substâncias entorpecentes 
ou capazes de determinar dependência física ou psíquica aquelas que 
assim forem especificadas em lei ou relacionadas pelo Serviço Nacional 
de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde. 
Em 1980, o Decreto no 85.110 institui o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização 
e Repressão de Entorpecentes o qual tem a responsabilidade de prevenir, assim como 
fiscalizar e repreender o uso e o tráfico de drogas, e também é responsável pelas 
atividades de recuperação dos dependentes.
DECRETO no 85.110, DE 2 DE SETEMBRO DE 1980 
Institui o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão de 
Entorpecentes e dá outras providências.
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: <http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Devido ao desemprego e à marginalização da população, o empobrecimento reforçou 
a ideia da relação de usuários de drogas com a criminalidade, então, em 1988, foi 
determinado que o tráfico de drogas seria um “crime insuscetível de anistia e de graça 
determinando sua inafiançabilidade” (VENTURA 2011).
Na década de 1990, foi criado o Programa de Ação Nacional Antidrogas (PANAD) e 
a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) um reflexo da aprovação, pelo Congresso 
Brasileiro, da Convenção de Viena em 1991. Há nesse contexto duas situações distintas 
(PEDRINHA, 2009; BARATTA, 1992): 
 » os consumidores da classe social mais alta que recebem suporte médico;
 » por outro lado os vendedores da classe social mais baixa que são tratados 
como criminosos, esse é o cenário das drogas no Brasil. 
Por anos, o modelo adotado não teve sucesso na diminuição do uso e do abuso das drogas 
ilícitas, então, em 2002, a Lei no 10.409 foi promulgada afim de aproximar a legislação 
brasileira das convenções internacionais, as quais diferenciavam o tratamento do usuário 
vítima com medidas profiláticas e educativas, tratando e reabilitando aos portadores 
17
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
de substâncias tóxica para o uso próprio (FORTE, 2007). Contudo nesse momento a 
legislação antitóxicos tinha em vigor a lei de 2002 apenas na parte processual, na parte 
penal, a lei em vigor ainda era a de 1976. 
LEI NO 10.409, DE 11 DE JANEIRO DE 2002 
Dispõe sobre a prevenção, o tratamento, a fiscalização, o controle e a 
repressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícitos de produtos, substâncias 
ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica, assim 
elencados pelo Ministério da Saúde, e dá outras providências.
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: < http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Em 2006, foi promulgada a Lei no 11.343,a qual criou o Sistema Nacional de Políticas 
Públicas sobre Drogas (SISNAD), o art. 28 da referida Lei diferencia o usuário do 
dependente de drogas, permitindo que cada caso seja tratado de forma específica 
e com intervenção penal. O art. 75 revogou os documentos de 1976 e 2002 acima 
citados (PEDRINHA, 2009; BARATTA, 1992). Outra mudança na mesma lei foi 
nomear de “droga” as substâncias entorpecentes que causam dependência física 
ou psíquica. 
LEI NO 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – 
SISNAD; prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção 
e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece 
normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de 
drogas; define crimes e dá outras providências. 
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: < http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou 
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas: 
I – advertência sobre os efeitos das drogas; 
II – prestação de serviços à comunidade; 
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso 
educativo.
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: <http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
18
UNIDADE I │ ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO
Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1976, e a Lei no 
10.409, de 11 de janeiro de 2002.
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: <http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do art. 1o desta Lei, 
até que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no preceito, 
denominam-se drogas substâncias entorpecentes, psicotrópicas, 
precursoras e outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, 
de 12 de maio de 1998. 
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: <http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Até 2010 as Leis estavam focadas no consumo e na venda de bebidas alcoólicas. Em 
maio de 2010, o Decreto no 7.179 instituiu o Plano Integrado de enfrentamento ao Crack 
e outras Drogas o qual era responsável desde a prevenção, passando pelo tratamento e 
reinserção na sociedade chegando ao combate do tráfico.
DECRETO NO 7.179, DE 20 DE MAIO DE 2010
Institui o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e a outras Drogas, cria o 
seu Comitê Gestor, e dá outras providências. 
Fonte: Portal Ministério da Justiça, Política sobre Drogas, disponível em: <http://portal.mj.gov.
br/main.asp?View={EED8C7AA-2894-4544-BE3F-00DFE6A20A4B}>.
Como vimos, de modo geral, as leis têm por objetivo diminuir a oferta e a 
procura nas tentativas de sanar os direitos humanos dos usuários de drogas 
e tráfico, abrangendo as políticas de saúde pública e segurança. Em suma, 
em 1890 substâncias venenosas passaram a ser denominadas de “substâncias 
entorpecentes”. Em 1932 começaram a consolidar Leis Penais relacionadas 
com produção, distribuição e consumo de substâncias entorpecentes. Em 
1938, a proibição teve maior vigor, onde os toxicômanos eram internados, 
produtores, comerciantes e consumidores eram condenados a pena 
imponível. O proibicionismo, das drogas classificadas como ilícitas, dificultou 
o acesso à informação, ao controle da qualidade dessas substâncias para 
consumo, a assistência para usuários, o uso para fins medicinais e incentivou o 
consumo oculto e anti-higiênico propagando outras doenças como a hepatite 
e a AIDS. 
Em 1971, usuários e traficantes passaram a sofrer a mesma pena. Em 2001, houve uma 
implementação da interação entre o governo e a sociedade na intenção de descentralizar 
as discussões a fim de torná-la democrática, antes feita apenas com a participação 
do governo e da comunidade científica. Em 2006, houve a separação na forma de 
19
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
tratamento e pena entre usuários, dependentes e traficantes, e houve a autorização para 
a quebra de sigilo pessoal como dados bancários, telefônico, de imagens, como busca de 
prova contra si mesmo dos próprios atos criminosos, nesse mesmo ano as substâncias 
entorpecentes passaram a ser chamadas drogas (KARAN, 2010). 
20
CAPítulo 3
dados internacionais relativos a 
consumo, produção e tráfico das 
principais drogas de abuso
O abuso de drogas e o tráfico de ilícitos continuam tendo um impacto 
profundamente negativo para o desenvolvimento e a estabilidade 
em todo o mundo. Os bilhões de dólares gerados pelas drogas ilícitas 
alimentam atividades terroristas e estimulam outros crimes como 
o tráfico de seres humanos e o contrabando de armas e pessoas. As 
drogas ilícitas e as redes criminosas relacionadas enfraquecem o Estado 
de Direito. A impunidade com a qual esse negócio se sustenta provoca 
grande temor e semeia a decepção com a governança em todos os níveis 
diz Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU (ONU, 2010).
figura 5: Desenho ilustrativo do uso da Cocaína.
fonte: <http://tecciencia.ufba.br/a-liga-de-candeias/midiateca/videos/olha-o-cerebro-de-quem-usa-cocaina>.
Em Portugal, o uso de cocaína duplicou e as apreensões aumentaram sete vezes entre 
2001 e 2006, colocando-o em sexto lugar no ranking mundial. Em 2005, as mortes 
por overdose em Portugal, Austrália, Grécia e Finlândia apresentaram um aumento 
superior a 30% e, na mesma época, 2005 a 2007, o consumo de cocaína tendeu a 
aumentar em outros países Europeus como na França, Irlanda, Espanha, Reino Unido, 
Itália, Dinamarca (WORLD DRUG REPORT, 2009).
21
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
Entre 2006 e 2010, foi observada uma redução na produção global da cocaína, 
principalmente devido ao declínio da sua produção na Colômbia (Observatório 
Europeu das Drogas e Toxicodependência, 2008). Contudo o uso da cocaína continuou 
alto na América do Norte e continua a crescer na América do Sul, enquanto na África 
o uso da cocaína tem aumentado devido ao fato de ser uma rota de tráfico, e na Ásia o 
poder de compra da cocaína tornou alguns países desse continente vulnerável. 
figura 6: Cigarro de maconha. 
fonte: <http://russasnews.com.br/destaque/russas-policia-militar-prende-professor-com-10gr-de-maconha/>.
A Convenção Internacional das Nações Unidas de 1961, revista em 1972, incluiu a 
maconha no grupo dos narcóticos como a cocaína e a heroína. Foi na Convenção de 
Viena, em 1987, assinada por 168 países, que o uso da droga para fins que não médico 
ou científico passou a ser proibido. 
Quando se trata da maconha, França, Espanha, Irlanda, Grécia, Itália, Países Baixos 
e Portugal apresentaram um aumento de 20% no consumo entre 2004 e 2007, e, 
em 2006, a Itália passou a não distinguir mais drogas “leves” de drogas “duras”. 
Alguns países como Inglaterra, Austrália, Holanda e Suíça estão tentando resgatar 
suas políticas liberalizadoras, o índice do uso de maconha é de 11% na Inglaterra, 
15% na Holanda e 12% na Bélgica contra 20% na Espanha em que as políticas em 
relação ao uso de drogas são mais liberais (Observatório Europeu das Drogas e 
Toxicodependência, 2008). 
Em geral, o uso de maconha parece estar diminuindo embora em alguns estados 
dos EUA e no Uruguai, em determinadas condições, a planta é liberada para fins 
terapêuticos o que tem aumentado o consumo na América do Norte devido a essa 
percepção de causar pouco risco à saúde.
22
UNIDADE I │ ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO
figura 7: Drogas injetáveis e HIv. 
fonte: <http://www.abead.com.br/noticias/exibnoticia/?cod=173>.
Segundo o Relatório Anual sobre a Situação do País em Matéria de Drogas, em 2006, 
Luxemburgo foiclassificado como o país europeu com maior taxa de consumidores 
de drogas por via injetável, seguido por Portugal. Nesse mesmo ano, Portugal atingiu 
o topo da lista dos países europeus com um maior número de usuários de drogas 
injetáveis infectados com HIV, o número de novos casos de infecção por Hepatite 
C e HIV em toxicodependentes é oito vezes superior à média registrada em todos 
os outros países membros da União Europeia (Observatório Europeu das Drogas e 
Toxicodependência, 2007).
As drogas como cocaína, heroína, entre outras, matam 200 mil pessoas por ano, além 
de ajudar na disseminação do HIV e Hepatite, estão relacionadas a insegurança, crime 
e instabilidade, prejudicando o desenvolvimento econômico e social. Por exemplo, 
seria necessário 0,3% do PIB mundial, cerca de R$ 413 bilhões, para cobrir os custos 
relacionados ao tratamento de drogas, também há a perda de produtividade da 
sociedade equivalente a 0,9% do PIB, em alguns países como Irlanda do Norte e Reino 
Unido gasta equivalente a 1,6% do PIB com custos associados a crimes relacionados a 
drogas como assaltos, roubos e fraudes (PORTAL R7, 2012).
A UNODC publicou que aproximadamente 5% da população mundial entre 15 e 64 
anos, 230 milhões de pessoas, consumiram algum tipo de droga ilícita pelo menos 
uma vez em 2010, e 27 milhões delas são consideradas usuários com dependência ou 
apresentam distúrbios relacionados ao uso (ONU 2010). 
Entre as drogas mais consumidas estão as seguintes (ONU, 2010). 
 » Cannabis, da qual pode se obter a maconha, o haxixe e o skank, abrangendo 
aproximadamente 5% da população mundial. 
 » Cocaína é consumida por 0,4% da população mundial tendo como 
maiores consumidores a América do Norte, Europa e Oceania. 
 » Opiáceos por 0,5% da população adulta mundial.
23
ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO │ UNIDADE I
Na Europa, aproximadamente um quarto da população adulta (85 milhões) consumiram 
algum tipo de droga ilícita em algum momento da sua vida. Setenta e sete milhões delas 
afirmam ter consumido maconha, 14,5 milhões consumido cocaína, 11,4 milhões ecstasy 
(OBSERVATÓRIO EUROPEU DAS DROGAS E DA TOXICODEPENDÊNCIA, 2014). 
figura 8. Esquema da prevalência de drogas estimulantes na Europa. 
fonte: <http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/conteudo/web/noticia/ler_noticia.php?id_noticia=107729>.
O Relatório Mundial Sobre Drogas, em 2012, 2013 e 2014, mostrou que o uso de drogas 
em geral manteve-se estável. Embora drogas como heroína e cocaína parecem estar 
em declínio, o Afeganistão, maior produtor do mundo de papoula de ópio (80%), 
aumentou sua área de cultivo em 36% em apenas um ano (2012-2013). Curiosamente 
nos EUA usuários dependentes de opioides estão trocando opioides sintéticos por 
heroína, enquanto, nos países europeus, usuários de heroína têm trocado-a por opioides 
sintéticos, essa alternância deve-se provavelmente pelos baixos preços e acessibilidade. 
Segundo o chefe da UNODC, Fedotov, o sucesso no controle das drogas é fazer uma 
abordagem direcionada na oferta e na demanda baseando em evidências e focando 
na prevenção, tratamento, reabilitação e integração social, “Isso é particularmente 
importante na medida em que estamos nos aproximando da Sessão Especial da 
Assembleia Geral da ONU sobre o problema das drogas em 2016”.
Para complementar a Unidade I, seguem sugestões de sites para leitura e estudos 
complementares:
– ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL: 
<http://www.onu.org.br/index.php?s=drogas&x=0&y=0>
24
UNIDADE I │ ASPECTOS SOCIOLEGAIS DAS DROGAS DE ABUSO
– ESCRITÓRIO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DROGAS E CRIMES:
<http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/index.html>
– AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA:
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/agencia>
– OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS: 
<http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/index.php>
– MINISTÉRIO DA JUSTIÇA: POLÍTICAS SOBRE DROGAS: 
<http://portal.mj.gov.br/main.asp?Team=%7B941FFFEB-2CB3-443C-A432-
D715EF46D17C%7D>
– LAW ENFORCEMENT AGAINST PHOHIBITION: 
<http://www.leapbrasil.com.br/noticias/informes>
– COMISSÃO EUROPEIA:
<http://ec.europa.eu/health/drugs/portal/index_pt.htm>
– EUROPEAN COALITION FOR JUST AND EFFECTIVE DRUG POLICIES: 
<http://www.encod.org/info/spip.php?rubrique21>
25
unidAdE ii
PrinCiPAiS drogAS 
dE ABuSo, ilíCitAS 
ou SuJEitAS A 
ControlE ESPECiAl
CAPítulo 1
drogas ilegais
Classificação das drogas
A palavra “droga” teve origem na palavra holandesa “drogg” que significa folha 
seca. Atualmente, a palavra “droga” abrange mais do que os vegetais utilizados para 
medicamentos, segundo a OMS, droga é qualquer substância exógena capaz de 
atuar no sistema alterando seu funcionamento (OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE 
INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS, 2008). 
Assim, droga é qualquer substância capaz de modificar as funções fisiológicas e/ou 
comportamentais de um organismo vivo. Também são conhecidas como substâncias 
psicoativas por serem substâncias exógenas que modificam o funcionamento do 
sistema nervoso central, causando alterações no estado psíquico. A ação de cada droga 
é característica e depende da quantidade utilizada. As drogas de abuso são substâncias 
que alteram o funcionamento do sistema nervoso central, modificando o nível de 
percepção e/ou o humor do usuário, elas são classificadas em lícitas e ilícitas (CARLINI 
et al., 2001; GIL et al., 2008).
A dependência gera várias consequências relacionadas à saúde do usuário, à sociedade 
e à economia. A saúde do usuário muitas vezes fica comprometida, mas não é apenas 
isso. O relatório de Administração de Serviços para Abuso de Substâncias e de Saúde 
Mental (SAMHSA) apresentou um estudo nos Estados Unidos apontando que adultos 
que usam drogas ilícitas são mais propensos a pensar em suicídio. O pensamento 
suicida varia com o tipo da droga ilícita utilizada. Em 2013, foi relatado que 9,6% 
dos usuários adultos de maconha tiveram pensamentos séricos sobre suicídio 
26
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
enquanto 20,9% dos usuários de sedativos para fins não medicinais tiveram o mesmo 
pensamento. (OBID, 2014).
O Instituto Nacional de Drogas de Abuso (Nida/NIH), nos Estados Unidos, conta com 
a colaboração do Brasileiro Fábio Cardoso Cruz o qual define o comportamento de 
dependência como: 
[...] a dependência é um comportamento de aprendizado associativo. 
Quando um indivíduo começa a usar uma determinada substância, seu 
encéfalo associa o efeito da droga com o local em que ela está sendo 
consumida, as pessoas em volta e a parafernália envolvida, como 
seringas, por exemplo. Com o uso repetido, essa associação fica cada 
vez mais forte, até que a simples exposição ao ambiente, às pessoas ou 
aos objetos já desperta no dependente a fissura pela droga e acrescenta 
que: Quando o dependente depara com algo que o faz lembrar da 
droga, esses pequenos grupos neuronais são ativados simultaneamente 
e, dessa forma, a memória do efeito da droga no organismo vem à 
tona, fazendo com que o indivíduo sinta um desejo compulsivo pela 
droga que é capaz de controlar o comportamento e fazer com que o 
dependente em abstinência tenha uma recaída mesmo estando ciente 
de possíveis consequências negativas, como perda do emprego, da 
família ou problemas de saúde (OBID, 2013).
Confiar o link:
<http://learn.genetics.utah.edu/content/addiction/mouse/>
As drogas estão divididas em três grupos (Observatório Brasileiro de Informações sobre 
Drogas). 
 » DEPRESSORAS: fazem o cérebro funcionar mais lentamente 
diminuindo a atividade motora, concentração, atenção, capacidade 
intelectual, entre outras (inalantes, opiáceos etc.). 
 » ESTIMULANTES: aumentam a atividade alguns sistemas, como, por 
exemplo, acelerando processos psíquicos e provocando um estado de 
alerta exagerado (cocaína, anfetaminas etc.). 
 » PERTURBADORAS: também conhecidas como alucinógenos por 
causarem distorções qualitativas nofuncionamento cerebral, como 
alteração na senso-percepção, delírios e alucinações (maconha, ecstasy, 
alucinógenos, LSD etc.). 
27
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
figura 9: maconha, Ecstasy Cocaína, Heroína, Tabaco e Crack.
fonte: <http://www.paralelo.g12.br/default.asp?cod=34>.
A Anvisa separa as substâncias em três listas: Amarela, onde estão listados os 
entorpecentes de controle internacional; Verde com os psicotrópicos de controle 
internacional; Vermelha que possui os precursores e insumos químicos de controle 
internacional. Todas segundo as Convenções da Organização das Nações Unidas. 
Como exemplo, temos as anfetaminas inseridas na Lista-A3 das substâncias 
psicotrópicas; A Cannabis sativa na Lista-E das plantas proscritas que podem originar 
substâncias entorpecentes e/ou psicotrópicas; a cocaína e a heroína nas Lista-F1 das 
substâncias de uso proscrito no Brasil, substâncias entorpecentes. 
Segue o link com as listas completas:
<http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/biblioteca/documentos/329716.pdf>
Estudaremos, nos próximos tópicos, algumas substâncias importantes para 
nosso curso.
Cocaína
A cocaína é o principal alcaloide do arbusto Erythroxylon coca encontrado no leste 
dos Andes e acima da Bacia Amazônica, é cultivada em clima tropical em altitudes 
variando entre 450 m e 1.800 m acima do nível do mar (LEITE, 1999; FERREIRA; 
MARTINI, 2001). A cocaína apresenta 80% dos alcaloides presentes na folha da coca, 
entre eles também são encontrados morfina, nicotina, cafeína, tiamina, riboflavina e 
ácido ascórbico (FERREIRA; MARTINI, 2001). A palavra “coca” tem origem Inca e 
significa planta ou árvore em aymara, sua utilização data mais de 2.500 anos em que as 
folhas eram utilizadas em rituais religiosos. A prática de mascar as folhas tira a fadiga 
e a fome devido à sua ação psicoativa, os nativos da fronteira entre Brasil, Colômbia 
e Venezuela mascavam a folha da coca torrada e misturada com elementos alcalinos, 
conhecida como epadu, mas apenas na metade do século XX começou a extração da 
cocaína (GOLD, 1993; WEISS et al., 1994).
28
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
No Brasil, no século XX, a cocaína era comercializada legalmente tanto em sua forma 
pura quanto na fórmula de remédio (CARLINI et al., 1996), em apenas 30 anos a visão 
social sobre a cocaína passou de uma substância sem efeitos colaterais para uma droga 
com restrições severas (LEITE, 1999). O consumo de cocaína na população brasileira 
aumentou no final da década de 1980 e início da de 1990. Em 1987, o consumo de 
cocaína era de 0,5% e, em 1997, esse número quadruplicou passando para 2,0%. Entre 
1988 a 1999, as internações pelo uso de cocaína passaram de 0,8% para 4,6% (NAPPO, 
1996; GALDURÓZ et al., 1997; LEITE 1999). 
Segundo o Relatório Brasileiro sobre Drogas (2009) e o Instituto de Matemática e 
Estatística da Universidade de São Paulo, em 2005, o uso de cocaína no mês foi de 
0,4%, e, em 2007, as internações associadas a transtornos mentais e comportamentais 
pelo uso da cocaína foi de 5% (6.912) do total das internações por drogas, enquanto 
o número de óbito passou de 22 para 37 de 2001 para 2007. Perdendo apenas para 
o álcool (56,7%), o número de afastamento do trabalho por causa da cocaína, entre 
2001 e 2006, foi de 20,1% (8.691) do total de afastamentos por uso de drogas em geral. 
Os dados acima mostram uma pequena parte do grande impacto social da cocaína 
causado pelos conflitos profissionais e familiares, envolvimento com atividades ilícitas, 
velocidade com que o uso torna compulsivo, negligência com as obrigações, enfim, pela 
desorganização de um modo geral na vida dos usuários (OBID, 2014).
Há duas espécies de coca mais comuns no mercado, a huanuco que é a coca boliviana de 
folhas ovais e cor marrom-esverdeada, e a coca peruana, que tem muito mais alcaloide, 
possui folhas menores de cor verde-clara. Em 1960, Albert Niemann isolou o principal 
alcaloide da folha de coca, observou também seu sabor amargo e o efeito de entorpecer a 
língua, surgindo, assim, o primeiro anestésico tópico da medicina (DROGAS CAMINHO 
SEM VOLTA, s/d).
figura 10. folha de coca na Bolívia. 
fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq0510200607.htm>.
29
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
figura 11. folha de coca no Peru.
fonte: <http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2013/09/peru-e-o-maior-produtor-mundial-de-folhas-de-coca.shtml>. 
refino
Primeiramente, ocorre a germinação e o desenvolvimento da planta de coca nas 
sementeiras. Após alguns meses, a planta é transferida para a plantação direta. A 
produção começa um ano e meio após o plantio, sua colheita ocorre várias vezes ao 
ano e foi economicamente viável por quase trinta anos. As folhas são guardadas em 
barracões fechados e com piso de terra batida para que a umidade seja conservada, 
evitando, assim, que o calor decomponha os seus alcaloides (FERREIRA, 2009). As 
folhas são transportadas para terreiros cimentados e colocadas em camadas de 15 
cm a 20 cm para secarem aos poucos no sol, assim o calor elevado não decompõe os 
alcaloides e a cocaína não é perdida. As folhas secas são acondicionadas em fardos ou 
em tambores de 25 kg a 150 kg (MUAKAD, 2009).
Há duas formas diferentes para o refino da cocaína (MUAKAD, 2009). 
Vejamos primeiro o empregado em laboratórios autorizados. 
1. Moer as folhas de coca. 
2. Lavar o pó das folhas de coca com álcool em um tanque. 
3. Retirar a substância formada no fundo do tanque através de tubo que 
levará até o alambique para o álcool passar por destilação. Dessa forma 
as impurezas são perdidas e passa por novas lavagens. 
4. Passar a substância restante por uma serpentina refrigerada a qual se 
acumulará num tanque contendo cera. 
5. Misturar a cera com água, aquecer com vapor da serpentina até 60ºC e 
resfriar em seguida. 
30
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
6. Preencher o tanque com agua fria através das serpentinas e essa mistura 
ficará por horas cozendo. 
7. Passar a água, que contem a maioria dos alcaloides, por um filtro que 
bombeia essa água para fora; a cera solidifica-se na parte superior das 
serpentinas. 
8. Aquecer novamente a cera endurecida e passar pelo processo de destilação 
com ácido sulfúrico juntamente com carbonato de sódio para que os 
alcaloides da coca precipitem. 
9. Dissolver os alcaloides em querosene e resfriar a mistura. Na superfície 
do tanque formará uma camada pastosa em forma de cristais de cocaína 
natural. 
10. Retirar a camada pastosa e lavar com gasolina, os cristais retirados serão 
dissolvidos em ácido sulfúrico. 
11. Tratar a mistura com carbonato de sódio, os alcaloides precipitarão e 
depois de secos tratar com outras substâncias até formarem os cristais 
de cocaína.
São estas as Técnicas empregadas em laboratórios clandestinos (MUAKAD, 2009). 
1. Colocar 150 kg de folhas secas de coca em um buraco aberto no solo. 
2. Macerar com querosene. 
3. Colocar o produto em tanques com ácido sulfúrico, assim os alcaloides 
serão acidificados e formarão os sais, obtendo os sulfatos de cocaína, 
hygrina e outros solúveis em água. 
4. Tratar o líquido com substância alcalina, resultando assim na cocaína-
base que é solúvel em solventes orgânicos e insolúvel em água. 
5. Acrescentar solventes orgânicos voláteis para que depois de algum tempo 
evaporem ficando apenas a cocaína, sem odor. Caso haja enchido, é um 
indicativo de que é necessário um tempo maior de evaporação. 
Em Chapare, cidade Boliviana, durante a extração da cocaína 500 kg de folhas de coca 
são transformados em 2,5 kg de pasta de coca de onde é extraído 1 kg de sulfato de base 
da cocaína. Destilando 1 kg de sulfato de base da cocaína é extraído 1 kg de hidroclorido 
de cocaína que é misturada com talco e outros produtos para multiplicar a quantidade 
por8 até 12 vezes (MUAKAD, 2009). 
31
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
diferentes formas de apresentação da cocaína: 
crack, pasta base, sal, merla, misturas
A cocaína pode ser consumida de diversas formas. 
 » Crack: Mistura de cocaína refinada com substâncias alcalina, bicarbonato 
de sódio ou amônia, e um solvente como éter ou acetona. Apresenta em 
forma de pedras. A mistura é aquecida e precipita os cristais de cocaína. 
São fumados (UNIAD). 
A enzima butirilcolinesterase (BCHE) é sintetizada principalmente no 
fígado e é responsável por degradar a cocaína no sangue. A alteração no 
gene que codifica a BCHE pode influenciar na preferência dos dependentes 
de cocaína pela forma de crack, quanto mais enzimas ativas o usuário 
apresenta, menor a dose de cocaína que chega ao sistema nervoso central, 
diminuindo assim o efeito da droga (OBID, 2013). 
figura 12: Pedras de Crack.
fonte: <http://alcoholism.about.com/od/coke/ig/cocaine/cocaine08.htm>.
 » Pasta base: É um produto formado durante a fabricação da cocaína 
refinada, contém 40-90% de sulfato de cocaína e tem propriedade alcalina 
por isso pode ser fumada. Tem processamento mais simples e apresenta 
muitas impurezas, assim é mais barato. Geralmente é misturada com 
tabaco ou maconha (UNIAD). 
figura 13. Pasta Base. 
fonte: <http://www.24horasnews.com.br/noticias/ver/policia-civilapreende-cerca-de-125kg-de-pasta-base-autua-dois-e-apreende-um-
adolescente-em-querencia.html>.
32
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
 » Sal: O produto final do refino da cocaína em forma de cristal, ou pó branco, 
é amargo e sem cheiro. É a forma mais comum do cloridrato de cocaína. 
Pode ser inalado ou endovenoso quando diluído em água (UNIAD). 
figura 14. Cocaína em pó.
fonte: <http://vivabem.band.uol.com.br/comportamento/noticia/?Id=100000530450>.
 » Merla: De consistência pastosa e cores que variam de amarelo escuro 
à marrom. É a pasta base de coca, ácido sulfúrico, querosene, gasolina, 
cal virgem, éter e pó de giz. É fumada e mais nociva do que o crack, 
altamente tóxica aos pulmões (MUAKAD, 2009). 
figura 15. merla.
fonte: <http://quimicadapaz.blogspot.ca/2011/07/merla-uma-droga-brasileira.html>.
 » Misturas: Pode ser mascada, às vezes as folhas de coca são misturadas 
com cal ou cinzas para reduzir o sabor amargo. Pode também ser enjerida 
como chá de coca (MUAKAD, 2009). 
33
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
figura 16. folhas de coca.
fonte: <http://www.campinas.sp.gov.br/governo/seguranca-publica/prevencao-as-drogas/tipos-de-drogas.php>.
A meia-vida da cocaína é de aproximadamente 50 minutos, no entanto, quando 
ela é administrada via nasal o efeito é imediato, embora a concentração plasmática 
demore 60 minutos para ser atingida. Quando fumada, o efeito aparece em questão 
de segundos, os efeitos produzidos pela via pulmonar são mais intensos e rápidos, 
os usuários procuram por mais doses após apenas 10-30 minutos. Quando a cocaína 
é aspirada, leva em torno de três minutos e, quando administrada via intravenosa 
ou em forma de base livre fumada, o efeito é um pouco mais curto do que a meia-
vida, com duração de 40-45 minutos. O efeito mais demorado é quando a cocaína 
é administrada via oral, a cocaína demora em torno de 20 minutos para começar 
a fazer efeito e seu efeito finaliza em 90 minutos. A diminuição dos níveis de 
cocaína plasmáticos faz com que os usuários tenham desejo pela droga novamente. 
(RANG et al., 2001; BAUMKARTEN, 2002; GOLÇALVES, 2007; OGA, 2008; 
MOREAU, 2008).
A cocaína é um vasoconstritor o que faz com que a velocidade de absorção seja 
limitada, a velocidade de absorção pode ultrapassar a velocidade da eliminação 
(desintoxicação e excreção) tornando a cocaína extremamente tóxica (CARLINI 
et al., 2001; CUNHA, 2006). Os sintomas de envenenamento são mudanças no 
comportamento do indivíduo como inquietude, perturbação, ansiedade, reflexos 
aguçados, e os sintomas fisiológicos como frequência cardíaca aumentada, respiração 
irregular, dores abdominais, náuseas e vômitos. A intoxicação pode ser letal e os 
sintomas observados são aumento da frequência cardíaca e da temperatura corporal, 
diminuição das respostas dos estímulos verbais, delírios, convulsões, fibrilação 
ventricular até chegar ao coma (GONÇALVES, 2007).
Uma pesquisa realizada na Suíça discute o comportamento de usuários de cocaína. 
Segundo o estudo usuários de cocaína, quando comparado com indivíduos que não 
34
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
usuários de cocaína, têm dificuldade em sentir apatia por outras pessoas e também têm 
uma tendência menor de interagir socialmente. O estudo descobriu que os usuários em 
questão apresentam: dificuldade em entender a perspectiva mental de outras pessoas, 
demonstraram menos empatia emocional, acharam difícil identificar emoções nas vozes 
de outras pessoas, relatam menos interações sociais, demonstram menos engajamento 
durante interações sociais, as interações sociais são “menos recompensadoras para 
usuários de cocaína”. Assim, há a ideia de utilizar o “ensino de como interagir melhor 
com os indivíduos” no tratamento para a dependência, utilizando esse comportamento 
a favor do sucesso da recuperação (OBID, 2014).
diluentes, adulterantes e contaminantes 
frequentemente encontrados
As alterações no processo da fabricação da cocaína podem ocorrer de duas maneiras 
principais: Modificar a forma de apresentação utilizando produtos químicos, chamados 
contaminantes solventes, ácidos inorgânicos, substâncias alcalinizantes, agentes 
oxidantes) durante diferentes fases do processo, porém durante a purificação da droga 
parte das substâncias adicionadas são eliminadas; ou adicionar substâncias para 
aumentar o volume do produto, como adulterantes e diluentes. Os adulterantes são 
substâncias químicas que apresentam aspecto e propriedades farmacológicas similares 
à da droga (anfetaminas, lidocaína, cafeína), enquanto os diluentes são similares apenas 
no aspecto sem características farmacológicas semelhantes bicarbonato de sódio, sulfato 
de magnésio, amido, açúcar) (PASSAGLI, 2007).
A importância em detectar o tipo de contaminante é obter informações sobre os 
produtos químicos utilizados na produção da droga. Se o contaminante for constante 
nas amostras, pode-se controlar a elaboração do entorpecente. Da mesma forma, 
a identificação dos adulterantes e diluentes tem grande importância, pois sabendo 
a substância adicionada à droga pode-se obter informação em relação às atividades 
relacionadas ao tráfico, consultando os fornecedores dessas substâncias adicionadas, 
bem como é possível relacionar a região geográfica onde a droga foi elaborada, pois a 
associação entre cocaína e diluente ou cocaína e adulterantes pode ser característica de 
determinadas regiões (PASSAGLI, 2007; VARGAS, 2001).
Nos laboratórios de Toxicologia ou especializados em Química Forense, os procedimentos 
analíticos de rotina são a cromatografia de camada delgada (CCD) para a identificação 
da droga e, quando necessária, a cromatografia de gás (CG) para a confirmação ou 
quantificação da droga. Outra técnica utilizada para análise forenses de cocaína é a 
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), relatada na literatura, porém não muito 
35
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
usual. Os exames permitem detectar, identificar a substância, assim como inferir a 
forma de apresentação da substância. Para processo criminal, o ordenamento jurídico 
brasileiro não exige o conhecimento do grau de pureza da droga e nem a identificação e a 
quantificação de substâncias adulterantes e diluentes, salvo em casos especiais, as análises 
ajudam na comparação precisa entre amostras apreendidas em situações distintas e a 
fazer relação entre suas produções,importante para os procedimentos investigativos 
(ASDEP, 2010).
figura 17. Cromatografia de camada delgada.
fonte: <http://www.bio-rad.com/pt-br/applicationstechnologies/chromatography>.
figura 18. Cromatografia de gás.
fonte: <http://www.biomedicinabrasil.com/2012/10/metodos-cromatograficos.html>.
Maconha
Maconha, Cânhamo, Haxixe, Erva, Baseado, Marijuana, THC (9-tetraidrocanabinol), 
são os nomes dado a planta Cannabis sativa, ela se adapta com facilidade a diferentes 
tipos de solo, clima e altitude. Dependendo da região onde foi produzida e a forma em 
que foi ingerida, a maconha terá determinadas propriedades químicas (BERGERET; 
LEBLANC, 1991; COSTA; GONTIÈS,1997; NAHAS, 1986). Além da Cannabis sativa 
que é a mais comum, há outras duas espécies de Cannabis, a Cannabis indica com baixo 
teor de THC e a Cannabis ruderalis que não possui substâncias psicoativas (INABA; 
COHEN, 1991; PATRÍCIO,1997).
36
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
figura 19. folha da Cannabis sativa. 
fonte: <http://bioweb.uwlax.edu/bio203/s2009/beisker_shau/cannabis_sativa%201.jpg>. 
Geralmente, folhas e flores da maconha são secadas e trituradas para o fumo, seu 
efeito é imediato ou até 10 minutos após o consumo com o pico 30 minutos depois. 
Ela também pode ser consumida por meio de uma pasta semissólida em forma de 
bastões ou placas (até 28% de THC). Se enjerido, o THC é 90% absorvido, seu efeito 
aparece após 30 minutos e o ápice acontece 3 horas após a administração. As flores das 
plantas femininas possuem óleo com THC mais concentrado, quando extraído, o óleo 
pode ser aspirado ou injetado via venosa. O THC é metabolizado no fígado e gera um 
metabólito mais potente, o THC é lipossolúvel, portanto por essa propriedade ele fica 
armazenado no tecido adiposo o que aumenta o tempo do seu efeito no organismo. O 
THC é eliminado pela urina e fezes após alguns dias devido à sua liberação do tecido 
adipose também ser lenta (BERGERET; LEBLANC, 1991; COSTA; GONTIÈS, 1997; 
GRAEFF,1989; ENCICLOPÉDIA BARSA, 1997). 
figura 20. fórmula molecular da 9-tetraidrocanabinol. 
fonte: <http://www.mundoeducacao.com/quimica/thcprincipal-componente-ativo-maconha.htm>.
A Cannabis sativa possui 61 substâncias canabinoides as quais são únicas dessa planta. 
Os principais canabinoides são o THC o qual é o principal componente alucinógeno 
(4.5%), e o canabidiol (CBD) com propriedades terapêuticas (SPINELLA, 2001). 
37
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
O THC causa comprometimento da atividade motora, comprometimento da memória, 
perda de interesse, sonolência, desatenção entre outros efeitos. Usuário ocasional 
também apresenta distúrbios emocionais graves, episódios agudos de pânico, reações 
paranoides, catalepsia, vasodilatação nos vasos da esclerótica, conjuntiva (“olhos 
injetados de sangue”), diminuição na produção de saliva (boca seca), efeito orexígeno 
no apetite, elevado níveis de cortisol, redução nos níveis de hormônios luteinizantes, 
são outros sintomas observados em usuários de maconha (SPINELLA, 2001; 
CARLINI, 2004).
Pregnenoloma é a precursora inativa dos hormônios esteroides importantes 
para modular atividades do cérebro e reações comportamentais. Experimentos 
em roedores mostraram que o THC aumenta a pregnenolona, a qual ativa é 
responsável por sintetizar os neuroesteroides, através do receptor de canabinoide. 
A pregnenolona atua como inibidora específica de sinal do receptor e reduz a 
euforia causados pelo THC, protegendo o cérebro da ativação excessiva desse 
receptor (OBID, 2014)
Assim como em pessoas esquizofrênicas, usuários regulares de cannabis 
apresentam alterações em estruturas cerebrais relacionadas à memória. O 
encolhimento do tálamo pode refletir na diminuição de neurônios dessa 
região a qual é importante para a comunicação, aprendizagem, memória e 
está diretamente relacionada com outras regiões do Sistema Nervoso Central 
tão importante quanto ela, e as anormalidades cerebrais podem durar por 
anos, mesmo após a interrupção do uso. O estudo desenvolvido pela Escola de 
Medicina da Universidade de Northwestern Feinberg aponta que 90% de 15 
consumidores esquizofrênicos consumiram intensivamente a droga antes de 
desenvolver a esquizofrenia, e usuários que têm predisposição genética para 
desenvolver esquizofrenia aumenta ainda mais o risco de desenvolver doença 
mental (OBID, 2013).
Homens que fumam por semana dez cigarros ou mais apresentam níveis de 
testosterona 50% menor (impotência sexual) e contagem de espermatozoides 
reduzida (esterilidade). Por outro lado, existem diferentes estudos mostrando 
os efeitos neuroprotetores dos canabinoides, é a duração de exposição ao 
psicoativo e a idade do consumidor durante a exposição vai determinar a sua 
neurotoxicidade (SPINELLA, 2001; CARLINI, 2004). 
Segundo o Ministério das Relações Exteriores (1959), a maconha e as sementes 
foram introduzidas no Brasil pelos escravos em 1540. Desde 1988, a maconha era 
utilizada para fins medicinais e apenas na década de 1930 começou a repreensão 
da maconha. Devido à generalização da imprensa brasileira, a maconha passa a ser 
38
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
considerada uma “droga fraca” e de “baixo risco”, seus efeitos terapêuticos dá a falsa 
ideia de ser uma droga inocente fazendo com que seja a droga ilícita mais utilizada 
pelos adolescentes. 
Em outros países, como, por exemplo, alguns estados americanos, a comercialização 
da maconha é legal. No estado da Califórnia, a maconha é utilizada para fins medicinais 
há mais de 15 anos, sendo prescrita para até 190 doenças diferentes, alguns pacientes 
têm autorização médica para plantar e consumir a maconha. No estado de Washington 
e Colorado, em 2012, a maconha foi legalizada para fins recreativos, seu consumo é 
permitido para maiores de 21 anos, e, em 2013, a Câmara dos Deputados do Uruguai 
aprovou o projeto de lei que legaliza a produção e o consumo da maconha. 
Estudos mostram o porquê há interesse da maconha para fins terapêuticos, ela pode ser 
utilizada para (SPINELLA, 2001; CARLINI, 2004; ABANADES, 2005): 
 » tratamento da perda de apetite em pacientes aidéticos e com câncer;
 » tratamento de náuseas e vômitos em pacientes com câncer por causa da 
quimioterapia;
 » tratamentos de glaucoma diminuindo a pressão intraocular;
 » antivomitivos e antinauseantes para pacientes sob tratamento 
quimioterápico;
 » alívio para dores de origem neural;
 » efeito analgésico no pós-operatório ou espasmos muscular;
 » efeito anticonvulsivante;
 » efeitos antiespasmóticos para esclerose múltipla como relaxante muscular;
 » auxiliando em enfermidades como Alzheimer, Parkinson e Coreia de 
Huntington ;
 » melhorar o enfraquecimento de doentes portadores de HIV (caquexia).
Contudo, ainda é necessária a verificação dos efeitos em longo prazo associados à saúde, 
como problemas neurológicos, por exemplo, e se os deficit podem ou não ser reversíveis. 
Sabe-se que o uso crônico da maconha está relacionado com problemas respiratórios 
porque a fumaça é irritante, adicionalmente, há o alerta por conter benzopireno, uma 
substância cancerígena. Portanto, sua eficácia ainda é insuficiente para sua aplicação clínica 
(ALMEIDA et al., 2008).
39
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
Heroína
A heroína é um opiáceo semissintético, pois é obtida a partir da modificação química 
de um opiáceo, a morfina. Os opiáceos são substâncias extraídas da planta conhecida 
como papoula, cujo nome científico é Papaver somniferum, quando cortada libera um 
líquido branco leitoso que após o processo de secagem passa a ser denominado ópio 
(OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS). 
figura 21. Papola. 
fonte: <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=25>.
Opioide é o nome de substânciasque se ligam aos receptores opioides endógenos como 
as endorfinas, dinorfinas e encefalinas. Outras substâncias sintéticas não derivadas 
do ópio também são chamadas de opioides por serem semelhantes aos opiáceos, 
como a meperidina, o propoxifeno e a metadona. Os opioides têm efeitos analgésicos 
e hipnóticos, por esse motivo essas drogas também são conhecidas de narcóticos 
(Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas). Estudos revelam que, nos 
Estados Unidos e no Canadá, a morte por abuso de opioides são maiores do que mortes 
por heroína e cocaína combinadas. 
figura 22: fórmula molecular da morfina e heroína. 
fonte: <http://www.ff.up.pt/monografias_toxicologia/monografias/ano0708/g15_morfina/heroina.htm>. 
As drogas opiáceas provocam efeitos depressores diminuindo a atividade cerebral. Os 
efeitos são praticamente os mesmos, o que varia de uma droga para outra é a quantidade 
que precisa ser consumida para causar o mesmo efeito, o efeito é dose-dependente. 
40
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
Nós Damos essas drogas para muitas pessoas, em doses generosas 
e muito altas, e precisamos refrear essa distribuição excessiva de 
prescrição de opioides”, disse Benedikt Fischer, do Instituto Canadense 
de Pesquisa em Saúde, que se especializa em abuso de substâncias. 
“Se fizermos isso de forma eficaz, vamos reduzir muito os danos, 
inclusive mortes.” Os opioides são uma família de drogas que são 
normalmente usadas para tratar a dor, mas também são conhecidas 
por dar aos usuários uma sensação de euforia, tornando-os substâncias 
de dependência. 
Fonte: <http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/conteudo/web/noticia/ler_noticia.
php?id_noticia=107749>.
No caso da heroína, a dose necessária para produzir o efeito é pequena, por ser uma 
droga potente leva facilmente à dependência, por isso é considerada uma droga perigosa 
(UNIFESP). O início da sua ação ocorre 10 mim a 15 min após o uso via nasal, e o pico 
sérico é em 36 horas a 72 horas podendo chegar de 7 a 10 dias, ela também pode ser 
aspirada ou fumada (efeito aparece depois de 10 min a 15 min também), porém a via de 
administração mais utilizada é endovenosa (IMESC). Quando injetada intravenosamente, o início 
da resposta é rápido, entre 7 segundos a 8 segundos, e quando injetada intramuscular o 
efeito demora de 5 min a 8 min para aparecer (SCRIBD). 
As primeiras doses podem causar náuseas e vômitos, e entre os efeitos podemos citar 
torpor e tonturas, misturados com um sentimento de euforia e leveza. A tolerância é 
baixa o que faz com que a dependência demande um consumo cada vez maior com o 
intuito de aliviar os sintomas de abstinência como angústia, dores no corpo, cólicas, 
letargia, apatia e medo (IMESC). Segundo o doutor Dráuzio Varella, a heroína causa 
uma forte dependência, ela vicia mais do que maconha, cocaína e anfetaminas. Apenas 
a nicotina tem um poder de dependência maior. O uso crônico da heroína pode causar 
colapso dos vasos sanguíneos, infecção por bactérias nas válvulas do coração, abcessos, 
doenças do fígado e rins, pneumonias e tuberculose (SCRIBD). 
A heroína é conhecida como “rainha das drogas” devido aos seus efeitos. Ela foi 
sintetizada pela primeira vez, em Berlim, no ano de 1874. Seu nome tem origem alemã, 
“heroich” que significa potente. Antigamente foi utilizada para substituir a morfina e 
fez até parte de medicamentos analgésicos, hipnóticos e antitussígenos, em 1924, a 
fabricação e a posse tornou-se legal. A heroína pura é um pó branco e amargo. Quando 
vendida, sua cor varia entre o branco e o marrom escuro, dependendo das impurezas 
presentes na droga, seja deixada pelo processo de obtenção seja pelas substâncias 
adicionadas para aumentar o volume. Atualmente o comércio da heroína é ilegal e é um 
dos mais rentáveis, a produção e a distribuição estão sempre relacionadas com grandes 
organizações clandestinas (IMESC).
41
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
figura 23: Evolução da produção de ópio de 1990-2004.
 fonte: <http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/publicacoes/ensino/aulas/Opiaceos.pdf>. 
figura 24: Abuso de opiáceo entre 2002 e 2004. 
fonte: <http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/publicacoes/ensino/aulas/Opiaceos.pdf>. 
No Brasil, não é comum o uso de heroína, o custo mais elevado faz com que os dependentes optem 
por outros tipos de drogas de menor custo. Desde a metade da década de 1960 os americanos 
envolvidos com a Guerra do Vietnã voltaram do sudeste asiático dependentes de 
42
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
heroína. Vários países criaram o programa “manutenção pela metadona” para ajudar 
no tratamento de dependentes de heroína, a metadona também é um opioide sintético, 
porém não desenvolve tolerância e tem efeito de até quatro vezes mais do que os demais 
opiáceos (IMESC). 
Decorrente desta avaliação, o Comitê de Avaliação do Risco em 
Farmacovigilância (PRAC) recomendou a suspensão da comercialização 
das soluções orais de metadona que contêm povidona de elevado 
peso molecular. Conforme referido na Circular Informativa No 96/
CD/8.1.7.de 11/4/2014, os medicamentos contendo metadona são 
utilizados para prevenir ou reduzir os sintomas de abstinência em 
doentes dependentes de opioides, tais como a heroína, para prevenir a 
ocorrência de recaídas 
[…] 
Algumas formulações orais de metadona contêm como excipiente 
a povidona de elevado peso molecular. Apesar de esta substância 
não ter riscos quando utilizada por via oral, quando é injetada, não 
é facilmente eliminada pelo organismo, acumulando-se em órgãos 
vitais, como o rim, o que pode causar danos graves. O PRAC verificou a 
existência de risco associado à má utilização destes medicamentos por 
parte da população-alvo e os danos potenciais decorrentes da injeção 
destas soluções orais. O PRAC concluiu que a má utilização por injeção 
de tais soluções não poderia ser adequadamente evitada com medidas de 
minimização do risco, pelo que recomendou que a comercialização destes 
medicamentos seja suspensa até à reformulação da sua composição.
Apesar de esta substância não ter riscos quando utilizada por via 
oral, quando é injetada, não é facilmente eliminada pelo organismo, 
acumulando-se em órgãos vitais, como o rim, o que pode causar 
danos graves.
Fonte: <http://www.obid.senad.gov.br/portais/OBID/conteudo/web/noticia/ler_noticia.
php?id_noticia=107753>.
Na reportagem do doutor Dráuzio Varella, ele cita que o tratamento com a metadona 
obteve sucesso, pois colocou os dependentes em contato com o sistema de saúde 
e, também, foi eficiente na diminuição dos riscos do abuso da heroína, embora 
aproximadamente 15% a 25% não conseguiram acompanhar o tratamento, voltando a 
utilizar a heroína.
43
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
figura 25: Comparação do uso na vida de opiáceos no Brasil nas 5 regiões em 2004. 
fonte: <http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/publicacoes/ensino/aulas/Opiaceos.pdf>. 
Na Europa e nos EUA, milhares de pessoas morrem intoxicadas por heroína e sua aplicação 
intravenosa é relacionada com as infecções de hepatite e AIDS (Observatório Brasileiro 
de Informações sobre Drogas). Em muitos lugares dos Estados Unidos, a dependência 
de opiáceos e de heroína está matando mais do que acidentes automobilísticos e crimes 
violentos (OBID). O consumo de heroína cresceu 79% nos EUA, entre 2007 e 2012, 
669 mil pessoas consumiram heroína, seu consumo está relacionado a uma alternativa 
barata (US$ 6/papelote) para analgésicos controlados (US$ 140) e de difícil acesso. 
Entre 2009 e 2013, as apreensões de heroína aumentaram 87% nos Estados Unidos, 
segundo o National Drug Intelligence Center. Em Nova York as mortes causadas pela 
heroína entre 2010 e 2012 aumentaram 84%, com aumento de 67% desde 2010a 2014 
na apreensão dessa droga. Outros estados dos EUA também sofrem com o aumento do 
consumo da heroína como o estado da Pensilvânia, Ohio e Vermont, desde 2000 o uso 
de heroína cresceu 250% em Vermont. (O Globo, 2014).
Das 78 mil mortes atribuíveis diretamente às drogas no ano de 2010, 
mais da metade (55%, ou seja, 43 mil) está relacionada aos opiáceos, 
segundo estudo publicado na edição desta quinta-feira da revista 
médica britânica The Lancet. A dependência de drogas injetáveis como 
a heroína constitui, ainda, um fator muito importante de exposição e de 
infecção aos vírus da Aids e da hepatite, destacou o documento.
Fonte: <http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/estudo-aponta-a-heroina-como-a-droga-
mais-perigosa-do-mundo,76bacc7ede5c0410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html>. 
Segundo as Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, há anos o México vem ocupando 
lugar importante no tráfico internacional de heroína. O relatório anual de 2013 indica 
44
UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
que a produção mexicana é 30 vezes maior do que a produção colombiana que, por 
muitas décadas, era a principal exportadora de heroína do continente americano, e, em 
escala mundial, o México só perde para o Afeganistão e Mianmar (BBC, 2013).
Alucinógenos naturais e sintéticos
Alucinação é a percepção de determinada coisa que não existe, podendo ser sons ou 
objetos. As drogas que causam alucinação são chamadas de psicoticomiméticas ou 
psicodélicas. A maioria das drogas alucinógenas provém de plantas, consideradas 
“plantas divinas”. Os efeitos causados pelos alucinógenos depende de vários fatores 
como sensibilidade e personalidade do indivíduo; a expectativa que o indivíduo tem 
sobre os efeitos; ambiente, bem como presença de outras pessoas. As reações psíquicas 
podem ser agradáveis, conhecidas como “boa viagem” gerada pela sensação de sons, 
cores brilhantes e alucinações, ou podem ser desagradáveis, chamadas de “má viagens” 
com sensações de deformação do corpo, visões terríveis, e certeza de morte iminente. 
O ambiente, as preocupações e as pessoas influenciam como serão as “viagens”. Os 
sintomas são dilatação das pupilas, sudorese excessiva, taquicardia, náuseas e vômitos 
(Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas).
A maioria das substâncias alucinógenas não desenvolve tolerância e não causam 
dependências, consequentemente, não apresentam síndrome de abstinência. O que é 
preocupante é a possibilidade de os usuários desenvolverem delírios imprevisíveis, como 
acesso de pânico, e acabar tomando atitudes prejudiciais (Observatório Brasileiro de 
Informações sobre Drogas). Essas drogas são produzidas com substâncias legais e seu 
efeito é semelhante ao das drogas ilegais como ecstasy, cocaína, maconha e LSD. A maioria 
é produzida com plantas medicinais, como LSA, SPICE, SNOW BLOW, BZP (CEBRID). 
O LSA, conhecido também como glória da manhã, é obtido da semente da planta 
Ipomoea violacea e Argyreia nervosa, utilizado em festivais principalmente durante 
o amanhecer. Na semente é encontrado o alcaloide Ergina (LSA, ou amida de ácido 
D-lisérgico ou LA-111) que proporciona o efeito alucinógeno (SCRIBD).
figura 26: Planta Glória da manhã.
fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_QYL_fXHq_PE/TSt1GiIpQPI/AAAAAAAABZm/OzYIXsa95IY/s1600/ipomoea-purpurea.jpg>.
45
PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
Spice é um alucinógeno composto pela mistura de nove ervas. O nome é referente à 
intensidade dos efeitos da droga. Em 2008, sua comercialização começou a ser proibida 
em países da União Europeia, pois, em alguns lotes, foram encontrados cannabinoides 
sintéticos. Os efeitos provocados são: euforia, relaxamento, alterações de percepção e 
enjoo (SCRIBD).
figura 27. Recipiente com a droga Spice.
fonte: <http://www.dw.de/droga-spice-%C3%A9-proibida-na-alemanha/a-3966434>.
A BZP é usada no Brasil como vermicida animal e humano, mas em outros países não 
tem valor medicinal. É um alucinógeno estimulante Sistema Nervoso Central, pode 
levar o usuário à intoxicação e danos neurológicos graves. A BZP é usado como base 
para desenvolver as pílulas de festas conhecidas como “party pills”. Os efeitos causados 
são aumento da pressão arterial, taquicardia, dilatação da pupila, perda de apetite, 
entre outros. Outra substância utilizada é a chamada Snow Blow que é comercializada 
em pó, composta por quatro plantas medicinais e possui efeitos semelhantes ao da 
cocaína (CEBRID). 
No Brasil, existem várias plantas alucinógenas, as mais conhecidas são os Cogumelos, 
Jurema, Mescal e Cappi. São encontrados pelo menos duas espécies de cogumelos 
alucinógenos no Brasil, a Psilocybe cubensis e Paneoulus. No México, o uso de cogumelos 
em rituais religiosos é comum desde antes de Cristo, a psilocibina é a substância 
alucinógena encontrada na Psilocybe mexicana (OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE 
INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS).
figura 28. Cogumelo Psilocybe mexicana. 
fonte: <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=38>. 
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UNIDADE II │ PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL
Mimosa hostis é uma planta brasileira conhecida popularmente como jurema. Dela 
é produzido o vinho de jurema, a substância alucinógena é a dimetiltriptamina ou 
DMT. José de Alencar descreveu os efeitos do vinho jurema no romance Iracema 
(Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas). A bebida é feita com a raiz da 
árvore, tem efeito curto, mas, quando fumada, em forma de base livre, o seu efeito é 
intenso e dura menos de 60 minutos (SCRIBD).
figura 29: Jurema, Mimosa hostis. 
fonte: <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=38>. 
Mescal ou Peyot não existe não Brasil. É um cacto utilizado em rituais religiosos na 
América Central que produz a mescalina como substância alucinógena (OBSERVATÓRIO 
BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS).
figura 30: flor da planta mescal.
fonte: <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=38>. 
No ritual do Santo Daime, duas plantas alucinógenas, Caapi e Chacrona, são utilizadas sob 
a forma de apenas uma bebida e uma das substâncias sintetizadas pelas plantas é a DMT. 
O ritual do Santo Daime é bastante difundido no Brasil em vários estados, e no Peru há 
uma bebida preparada com as duas mesmas plantas, conhecida como Ayahuasca o “vinho 
da vida” (OBSERVATÓRIO BRASILEIRO DE INFORMAÇÕES SOBRE DROGAS).
figura 31: fruto da planta Chacrona. 
fonte: <http://www.denarc.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=38>.
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PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO, ILÍCITAS OU SUJEITAS A CONTROLE ESPECIAL │ UNIDADE II
Além das substâncias naturais, várias substâncias foram sintetizadas em laboratórios, 
surgindo os alucinógenos sintéticos. Entre os alucinógenos sintéticos, o mais conhecido 
é o LSD-25. Os alucinógenos podem ser primários ou secundários. Os alucinógenos 
primários atinge o SNC com doses pequenas, então não altera nenhuma outra função, por 
exemplo, o THC da maconha. Os secundários atuam no SNC, produz efeitos mentais e 
agem em outras funções, como, por exemplo, a Datura em sua forma natural ou Artane® 
na forma sintética (Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas).
A Datura é uma planta que produz substâncias anticolinérgicas, como a escopolamina 
e a atropina. Elas bloqueiam os receptores muscarínicos e causam dilatação da pupila 
dificultando com que a pessoa consiga ter foco, causam taquicardia, retenção urinária, 
aumento da temperatura corporal. A pele fica resseca e avermelhada, a intoxicação pode 
levar à morte. O efeito alucinatório pode durar de 2 a 3 dias (UNIFESP). A escopolamina 
também é encontrada em uma planta da Colômbia chamada de Burungada ou “Sopro 
do Demônio”. A substância alucinógena escopolamina hipnotiza o usuário, ficando sem 
vontade própria e vulnerável, tornando-se vítimas propícias de golpes como estupros, 
“boa noite cinderela”, roubos,

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