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Unidade 3
Livro Didático Digital
Toxicologia 
Analítica: Clínica 
e Forense
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
FLÁVIA DEFFERT
AUTORIA
Flávia Deffert
Olá! Sou formada em Farmácia pela Universidade Federal do Paraná, 
onde também cursei o Mestrado em Ciências Farmacêuticas. Já dei aulas 
para o Ensino Técnico e Graduação de Elementos de Farmacologia e 
Farmacotécnica. Hoje, curso pós-graduação lato sensu em Gestão por 
Processos e da Qualidade e em Gestão de Serviços de Saúde na FAE 
Business School. Sou apaixonada por aprender e por ensinar. Amo o que 
faço e pretendo fazer a diferença na sua profissão. Por isso, fui convidada 
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e 
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Drogas de abuso e dopagem ................................................................. 10
Toxicologia Social ............................................................................................................................ 19
Drogas de abuso e abuso de drogas .................................................. 21
Abuso de drogas .............................................................................................................................22
Drogas de abuso ..............................................................................................................................25
Opioides e opiáceos ..................................................................................................27
Benzodiazepínicos ......................................................................................................29
Inalantes ..............................................................................................................................33
Etanol ....................................................................................................................................33
Canabinoides ...................................................................................................................34
Alucinógenos ou agentes psicodélicos ..................................................... 36
Ácido gama-hidroxibutírico .................................................................................37
Cocaína ............................................................................................................................... 38
Anfetaminas .................................................................................................................... 39
Contingenciamento.................................................................................... 41
Agentes de dopagem física e intelectual .........................................46
Doping intelectual .......................................................................................................................... 46
Doping físico .......................................................................................................................................47
Substâncias proibidas dentro e fora de competições .................... 49
Métodos proibidos dentro e fora das competições ...........................57
7
UNIDADE
03
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
8
INTRODUÇÃO
A Toxicologia é uma ciência milenar que estuda todas as 
substâncias que possam causar algum tipo de efeito no organismo seja 
em nós, humanos, como também, nos animais e nas plantas. Como dizia 
o pai da Medicina, Paracelso, “Dosis sola facit venenum” – “Somente 
a dose faz o veneno –, ou seja, Paracelso, no século XV, já afirmava o 
que hoje conhecemos como “excessos”, “fatores de risco”, “substâncias 
potencialmente carcinogênicas”, causadores de morte por intoxicação. A 
Toxicologia Analítica é uma ferramenta que dá suporte a diversas áreas 
da Toxicologia, tais como a clínica, a ambiental, a forense, a ocupacional 
e a de alimentos. Nesse sentido, Paracelso, também, brilhantemente, 
afirmou: “Todos são interligados. O céu e a terra, ar e água. Todos são, uma 
só coisa; não quatro, e não duas, e não três, mas um. Se não estiverem 
juntos, há apenas uma peça incompleta”. Isso nos faz refletir, sobre o 
equilíbrio causado pela quantidade, pelo que é bom e o que é ruim, sofre 
a falta e excesso na vida de um organismo. Doenças, intoxicações, drogas 
lícitas, drogas de abuso, plantas, gases, radiação, suicídio e homicídio 
são algumas das palavras-chave para o nosso trabalho! Chamaram a sua 
atenção? Pois agora é hora de explorá-las! Vamos lá?
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta unidade letiva:
1. Contextualizar as drogas de abuso e dopagem.
2. Identificar as modalidades de abuso.
3. Interpretar o contingenciamento.
4. Identificar os agentes de dopagem física e intelectual.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
10
Drogas de abuso e dopagem
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá contextualizar as drogas 
de abuso e dopagem. Com isso, teremos a base para 
compreender assuntos mais complexos, que empregam 
vocabulário próprio e conceitos que, para quem não é da 
área, podem ser difíceis. Então, vamos que vamos! .
Historicamente, há relatos que indicam o consumo de drogas 
para recreação e aumento de desempenho no trabalho, bem como 
da preocupação quanto ao uso excessivo. Nesse contexto, até mesmo 
o emprego de tais drogas em rituais acabam sendo uma forma de a 
sociedade/religiosos controlarem o seu consumo por uma determinada 
comunidade. 
Na tragédia clássica de Eurípedes escrita há cerca de 2,4 mil anos a. 
C., as Bacantes, há o relato dos cultos em louvor ao deus grego Dionísio, 
vinculado a boa vindima e ao bom vinho, e da sua repressão pelo Estado 
dada as consequências dessas festas religiosas. Essas celebrações 
passaram a ser denominada de bacanais. 
Evidências como a “deusa da papoula”, imagem encontrada na ilha 
de Creta, que representava uma mulher com uma tiara ornamentada por 
papoulas frutificadas. Acredita-se que essa deusa era cultuada na era 
do Rei Minos, época em que a religiosidade era matriarcal e o culto era 
voltado à natureza. A imagem a que nos referimos está em exposição 
permanente no Museu Arqueológico de Heraklion/Heraclião, um dos 
museus mais antigos e importantes da Grécia. 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
11
Figura 1 - Deusa da papoula
Fonte: Wikipedia
EXPLICANDO MELHOR:
Em aproximadamente 1000 a. C., iniciam-se os relatosdo 
comércio internacional de drogas, que se iniciou, segundo 
os relatos históricos, com a maconha e o ópio que eram 
empregados para a alteração da realidade. Achados 
arqueológicos demonstram a confecção de vasilhames 
semelhantes a capsula da papoula (de onde extraia-se o 
ópio) onde foram encontrados resíduos de ópio, além de 
outras substâncias psicotrópicas. O mesmo ocorreu no 
Egito, onde ânforas contendo a droga foram encontradas.
No livro Matéria médica, de Dioscórides, quem era uma espécie de 
médico e farmacêutico da época da Antiga Grécia, descreve o cultivo e 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
12
como realizar a extração do “suco” da papoula dormideira. Além disso, 
indica expressamente que o consumo abusivo leva a morte. 
Já, em Cápua, uma região do Antigo Império Romano, existia uma 
área dedicada à venda da seplasia, que era como um sinônimo para todas 
as drogas, perfumes e cremes que causavam alterações na psique. 
A dispersão da maconha na Europa, por sua vez, acredita-se ter 
se originado com a migração dos povos Yamna da Ásia para a Europa, 
cerca de 3 mil a. C. A planta era empregada para a obtenção de fibras 
para a produção de tecidos e cordas, contudo a sua carbonização é 
que apresentou ao homem seus efeitos psicotrópicos. Galeno, o pai da 
farmácia, recomendava a utilização da maconha em reuniões sociais para 
provocar a alegria e o riso.
Outras plantas eram empregadas no mundo antigo para causar 
alterações na realidade como o esporão do centeio, lótus azul, mel das 
flores de rododendro, meimendro-negro e beladona.
SAIBA MAIS:
Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o Caderno 
de Apresentação de Projetos em BIM clicando aqui. 
Com o passar dos anos, a utilização dessas plantas foi sendo 
estudada para uma melhor aplicação terapêutica e, ao mesmo tempo, 
a violência acarretada pelo uso e comércio dessas substâncias foi 
crescendo. Um exemplo clássico são as guerras do ópio, ocorridas ao 
longo do século XIX, acarretadas por, dentre outros motivos, o tráfico 
ilegal de ópio pelos ingleses ao território chinês.
Atualmente, não se passa um dia sem que algum jornal de 
circulação local, regional, nacional ou internacional não veicule notícias 
sobre o consumo ou venda de drogas, ainda, da violência ocasionada pela 
trama do comércio dos produtos ilícitos ou pelo excessivo/uso incorreto 
dos lícitos. Também, é frequente ver notícias sobre o uso de substâncias 
para a melhoria do desempenho seja físico, seja mental. Confira algumas 
manchetes (Figuras 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
http://bbc.com/portuguese/geral-50054394
13
Figura 2 – Notícia de 28-10-2019
Fonte:G1 (2019).
Figura 3 – Notícia de 29-10-2019
Fonte: A Tribuna (2019).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
14
Figura 4 – Notícia de 29-10-2019
Fonte: Jornal de Jundiaí (2019).
Figura 5 – Notícia de 25-10-2019
Fonte: O Tempo (2019).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
15
Figura 6 – Notícia de 22-10-2019
Fonte:G1 (2019).
Figura 7 – Notícia de 02-10-2019
Fonte: Jornal Estado de Minas (2019).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
16
Figura 8 – Notícia de 09-10-2019
Fonte: Hoje em Dia (2019).
Figura 9 – Notícia de 28-10-2019
Fonte: Isto É (2019).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
17
IMPORTANTE:
Outras notícias podem ser encontradas tais como as 
relacionadas aos acidentes de trânsito, usualmente 
causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas e alta 
velocidade, utilização de drogas por pessoas que compõe 
a população economicamente ativa, ou seja, aquelas que 
apresentam algum tipo de ocupação ou não.
Além das drogas que alteram a consciência e podem levar o 
indivíduo a causar acidentes; apresentar uma fissura (se define fissura 
como a vontade do consumo, físico e psíquico, da droga nos momentos 
que o dependente não está, por qualquer motivo, podendo utilizá-la) de 
proporção a fazê-lo causar qualquer delito ou crime para que se obtenha; 
provocar a diminuição da eficiência ocupacional e até a completa 
ausência do indivíduo no ambiente de trabalho; há também aquelas que 
são utilizadas para causar crimes. 
Essas drogas, chamadas de drogas facilitadoras de crimes, permitem 
que a vítima não apresente ou que apresente apenas alguma resistência, 
seja para atos sexuais não consensuais ou sequestros, ou até mesmo 
qualquer outra modalidade de crime. Essas vítimas apresentam perda de 
controle, inconsciência intermitente completa perda de consciência No 
Brasil, é comum a expressão golpe do boa-noite cinderela para crimes em 
que essas drogas são empregadas. As vítimas apresentam como sinais 
ou sintomas sedação, relaxamento muscular, tonturas, problemas de 
julgamento, inibição reduzida, perda de consciência, tonturas, confusão, 
náuseas, hipotensão e bradicardia. Em altas concentrações, algumas 
dessas drogas pode acarretar depressão respiratória e morte.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
18
VOCÊ SABIA?
Você sabia que as drogas mais comumente utilizadas são 
os benzodiazepínicos, o gama-hidroxibutirato, a cetamina, 
o etanol e a escopolamina? Pois é, também são bastante 
utilizados os hipnóticos não benzodiazepínicos e os anti-
histamínicos. As técnicas analíticas mais empregadas para 
a detecção dessas drogas são a cromatografia gasosa 
acoplada à espectrometria de massas e a cromatografia 
líquida acoplada à espectrometria de massas, devido à 
alta seletividade e sensibilidade. No entanto, resultados 
negativos não eliminam a possibilidade de a vítima ter sido 
drogada com alguma das substâncias em algum caso 
suspeito.
Infelizmente, a utilização de muitos medicamentos, por exemplo, 
encontra-se pouco acima do que se considera terapêutico para a maioria 
e/ou apresentam pouco ou nenhum resíduo ou metabólitos nas matrizes 
biológicas para análise, seja sangue ou urina, o que dificulta a identificação de 
potenciais vítima. Além disso, essas drogas ocasionam na maioria das vezes 
amnésia retrógrada, dificultando, muitas vezes, a identificação dos casos.
Além das drogas listadas anteriormente, outros compostos 
químicos podem ser encontrados na matriz biológica da vítima como 
maconha, ácido lisérgico (LSD), derivados da piperazina, fenciclidina, 
cocaína e ecstasy.
NOTA:
Em relação ao doping, durante a Segunda Guerra Mundial 
houve a produção de drogas mais eficientes para o 
ganho de desempenho como anfetamínicos e esteroides 
anabolizantes. Essas drogas eram empregadas tanto no 
campo de batalha quanto em jogos para que houvesse a 
demonstração da superioridade de uma parte do mundo 
sobre a outra. Não é à toa que, criado em 1940, o personagem 
de quadrinhos Capitão América (Marvel) servia o exército 
americano e participou de um experimento que o deixou 
com mais força e velocidade, dentre outras qualidades. 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
19
Hoje, verifica-se que além da superioridade física, os atletas buscam 
o reconhecimento e o financiamento, seja do clube/time/seleção, do 
patrocinador e/ou dos prêmios em dinheiro.
Toxicologia Social
Com a finalidade de estudar esses fenômenos surgiu a Toxicologia 
Social que é a área da Toxicologia que estuda os efeitos decorrentes do 
uso não médico e não terapêutico de fármacos e drogas (lícitas ou ilícitas) 
e cujo emprego provoca danos ao indivíduo e a ̀ sociedade.
Pesquisadores determinaram que a escolha por um determinado 
tipo de drogas parte de questões econômicas – preço, taxas e impostos 
sobre os produtos; de varejo ou comercial – a facilidade da compra 
e acessibilidade às drogas, e, relações sociais que possam facilitar a 
obtenção dos produtos – família ou amigos. Um exemplo para a questão 
econômica e da comercial é o maior número de mortes causadas pelo 
abuso de anestésicos opioides nos Estados Unidos em relação ao Brasil. 
Nos Estados Unidos o acesso à droga é mais facilitado em um sentido 
que a regulamentação americana não é tão restritiva quantoa brasileira, 
tornando a prescrição desses medicamentos facilitada e o preço dessas 
drogas nos Estados Unidos é inferior à do Brasil.
Os danos do abuso de drogas podem ser resumidos em:
 • Custos econômicos do problema.
 • Influências nocivas na saúde e segurança do indivíduo.
 • Queda na qualidade das relações interpessoais.
 • Aumento do absenteísmo ocupacional e acidentes de trabalho.
 • Aumento no número de acidentes de trânsito ocasionados por 
influência de drogas.
A fim de prevenir, controlar, tratar, impedir o uso e abuso de drogas e 
dopagem, tem se utilizado o monitoramento biológico que é conceituado 
como medidas repetidas e controladas de marcadores químicos ou 
bioquímicos, em amostras biológicas provenientes de trabalhadores (ou 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
20
outros) que estão, foram ou serão expostos a agentes químicos, físicos ou 
biológicos no ambiente de trabalho ou no ambiente geral.
Os biomarcadores, de forma genérica, são características biológicas 
que podem ser objetivamente medidas e avaliadas como indicador 
de processos biológicos normais, processos patológicos e respostas 
farmacológicas a uma intervenção terapêutica. Segundo Dorta et al. 
(2018), por meio deles, é possível:
a) Detecção: é realizada por técnicas de triagem e 
não fornece resultados conclusivos sobre a presença 
ou a ausência do agente químico e seus produtos de 
biotransformação na amostra. 
b) Identificação: diferentemente da detecção, a 
identificação gera resultados específicos, com a utilização 
de métodos físico-químicos que permitem a elaboração 
de um laudo conclusivo. 
c) Quantificação: processo pelo qual a quantidade de 
uma determinada substância é medida de forma precisa 
(DORTA et al., 2018, [n. p.]).
RESUMINDO:
Neste capítulo, conhecemos o conceito de drogas de 
abuso de dopagem. Ainda, demos o que é a Toxicologia 
Social. Por fim, conhecemos as drogas facilitadoras de 
crimes e por que eles acontecem.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
21
Drogas de abuso e abuso de drogas
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá classificar as 
modalidades de abuso de drogas. Com isso, teremos a 
base para compreender assuntos mais complexos, que 
empregam vocabulário próprio e conceitos que, para quem 
não é da área, podem ser difíceis. Então, vamos que vamos! 
Antes de começarmos a falar sobre drogas de abuso, vamos 
relembrar alguns conceitos, desta vez, à luz da Toxicologia Forense.
DEFINIÇÃO:
Segundo Dorta et al. (2018):
Agente tóxico: é utilizado para definir qualquer composto de 
origem animal, mineral, vegetal ou sintética, capaz de provocar 
prejuízo a um organismo vivo, que pode resultar em alterações 
funcionais ou morte.
Veneno: termo utilizado popularmente para designar 
compostos químicos ou a mistura destes, que, mesmo quando 
administrados em baixa dosagem, causam intoxicação ou 
morte.
Fármaco: substância de estrutura química definida, utilizada 
com o objetivo de obter efeitos benéficos ao organismo, 
devido à sua capacidade de modificar o sistema fisiológico ou 
o estado patológico.
Droga: popularmente, também se refere a medicamentos, assim 
como o termo fármaco; mas, diferente deste, cientificamente, 
esse termo não traz nenhum significado quanto à qualidade 
do efeito.
Xenobiótico: refere-se aos compostos químicos qualitativa ou 
quantitativamente estranhos ao organismo. Inseticidas, como 
os organofosforados e os carbamatos, são compostos que 
não apresentam papel fisiológico para o ser humano, sendo 
qualitativamente estranhos a seu organismo. Por outro lado, 
metais como ferro e manganês são essenciais em diversos 
processos fisiológicos, mas a exposição a concentrações 
elevadas desses elementos pode causar intoxicação com 
danos irreversíveis ao organismo, o que os caracteriza como 
xenobióticos no aspecto quantitativo da exposição.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
22
SAIBA MAIS:
Caso queira se aprofundar no assunto, acesse o Caderno 
de Apresentação de Projetos em BIM clicando aqui 
Abuso de drogas
O abuso de drogas refere-se à utilização de substâncias, 
principalmente psicoativas e que inclui medicamentos, em um 
comportamento de reforço e recompensa repetitivos.
Para que as drogas apresentem potencial de dependência, 
necessariamente, devem causar um sentimento de euforia ou de alívio de 
dores de quem usa, sejam elas físicas ou mentais, e, devem apresentar 
um início rápido de ação e duração. 
A euforia e o alívio da dor são causados pela liberação de 
neurotransmissores no circuito do prazer e recompensa, em especial, dos 
neurotransmissores dopamina e serotonina. Esses neurotransmissores 
são reconhecidos e memorizados pela amigdala cerebral como “bons”, 
o que torna o indivíduo um alvo por querer experimentar novamente 
aquela sensação. Alguns dos neurotransmissores estão representados 
graficamente na Figura 10. 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/
23
Figura 10 - Representação gráfica das vias de sinalização de alguns neurotransmissores 
relacionados ao abuso
Fonte: Klassen e Watkins (2012).
Além disso, as drogas que possuem uma absorção e distribuição 
mais rápidas para o acesso até o tecido neural, causam maior 
probabilidade de causar a dependência e a sensação de “maior efeito”. A 
duração do efeito, que depende, dentre outros fatores, do metabolismo 
e excreção da droga, deve ser curta. Assim, criando a necessidade de 
consumo contínuo para que haja a sensação contínua de prazer ou alívio 
ao indivíduo, levando-o a consumir com mais frequência a droga. 
Por fim, para que exista o desenvolvimento da dependência 
também é preciso verificar se a droga causa adaptações a longo prazo no 
sistema biológico. Isto é, alterações nos sistemas de enzimas necessárias 
para a metabolização da substância química ou alterações na produção, 
recaptação e ativação dos receptores, por exemplo. Além dos fatores 
físicos/químicos, é preciso avaliar cuidadosamente os elementos 
psicológicos veiculados a dependência a drogas.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
24
Algumas alterações são:
Tolerância – a tolerância pode ser inata ou adquirida, ambas 
formas são adaptações celulares devido a exposição a uma droga. Em 
casos em que desenvolve tolerância o indivíduo necessita utilizar uma 
crescente concentração da droga para a obtenção de um mesmo efeito. 
Algumas pessoas, por fatores genéticos, apresentam alterações desde 
o nascimento, apresentando uma resistência a determinada droga. Isso 
não é incomum, basta repararmos nas bulas de medicamentos. Nelas é 
recomendado uma faixa de dosagem para uma determinada condição 
que pode ser alterada caso necessário e com cautela pelo médico 
responsável.
*Não confundir a tolerância com a dependência.
Dependência – adaptação ao uso crônico de determinado fármaco 
ou substância, que se manifesta por um quadro de abstinência.
Abstinência – trata-se da dependência física a determinada 
substância que pode se manifestar em pacientes inconscientes, em fetos 
ou neonatos, por exemplo. A síndrome de abstinência é um conjunto 
de sinais e sintomas que, em geral, são o inverso ao da droga e podem 
ocasionar a morte.
Klassen e Watkins (2012) ainda definem um outro conceito, o de 
adição:
A American Society of Addiction Medicine, a adiçã ̃o e ́ 
uma doenc ̧a crônica primária de recompensa, motivação, 
memória e circuitos relacionados do cérebro. A disfunça ̃o 
nesses circuitos leva a manifestações biológicas, 
psicológicas e sociais características. Reflete-se na busca 
patológica do indivíduo por recompensa e alívio por 
meio do uso de substâncias e outros comportamentos. 
A adição caracteriza-se pela incapacidade de 
abstinência consistente, comprometimento no controle 
comportamental, fissura, reconhecimento diminuído dos 
problemas significativos associados aos comportamentos 
e relações interpessoais e resposta emocional disfuncional(KLASSEN; WATKINS, 2012, [n. p.]).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
25
Drogas de abuso
O abuso de drogas é conceituado como a utilização de substâncias 
químicas, em especial as psicoativas – incluindo medicamentos, em um 
comportamento de reforço e recompensa repetitivos.
Já, substâncias psicoativas são quaisquer drogas que altere o 
equilíbrio fisiológico do sistema nervoso central. Essas substâncias 
causam mais facilmente a adição, pois ativam o sistema dopaminérgico 
mesolímbico. 
IMPORTANTE:
As drogas de abuso podem se relacionar com diferentes 
tipos de receptores. A classificação de acordo com esse 
conceito é denominada de classificação mecanicista de 
drogas de abuso. O Quadro 1 apresenta a classificação 
mecanicista das drogas de abuso.
Quadro 1 - Classificação mecanicista das drogas de abuso
Nome
Principal alvo 
molecular
Farmacologia
Efeitos sobre 
os neurônios 
dopaminér-
gicos
Risco re-
lativo de 
adição (1 
a 5 – alta 
adição)
Drogas que ativam os receptores acoplados à proteína G
Opioides m-OR (Gio). Agonista. Desinibição. 4
Canabidiodes CB1R (Gio). Agonista. Desinibição. 2
Á́cido 
γ-hidroxibutírico 
(GHB)
GABABR (Gio).
Agonista 
fraco.
Desinibição. ?
LSD, mescalina, 
psilocibin
5-HT2AR (Gq).
Agonista 
parcial.
_ 1
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
26
Drogas que se ligam a receptores ionotrópicos e canais iônicos
Nicotina nAChR Agonista Excitação 4
Álcool
GABAAR, 5-HT3R, 
nAChR, NMDAR, 
canais Kir3.
Excitação, 
desinibição.
3
Benzodiazipí-
nicos
GABAAR.
Modulador 
positivo.
Desinibição. 3
Fenciclidina, 
cetamina
NMDAR. Antagonista. _ 1
Drogas que se ligam a transportadores de aminas biogênicas
Cocaína DAT, SERT, NET. Inibidor.
Bloqueia a 
captação de 
DA.
5
Anfetamina
DAT, NET, SERT, 
VMAT.
Reverte o 
transporte.
Bloqueia a 
captação de 
DA, depleção 
sináptica.
5
Ecstasy
SERT > DAT, 
NET.
Reverte o 
transporte.
Bloqueia a 
captação de 
DA, depleção 
sináptica.
?
Fonte: Adaptado de Klassen e Watkins (2012).
Importante dizer que as drogas de abuso estão presentes no anexo 
à portaria SVS/MS nº 344/1998. Essa portaria apresenta as substâncias de 
controle especial. A página oficial da ANVISA descreve:
As chamadas substâncias controladas ou sujeitas a controle 
especial são substâncias com ação no sistema nervoso 
central e capazes de causar dependência física ou psíquica, 
motivo pelo qual necessitam de um controle mais rígido do 
que o controle existente para as substâncias comuns.
Também se enquadram na classificação de medicamentos 
controlados, segundo a Portaria SVS/MS nº 344/1998, 
as substâncias anabolizantes, substâncias abortivas ou 
que causam má-formação fetal, substâncias que podem 
originar psicotrópicos, insumos utilizados na fabricação 
de entorpecentes e psicotrópicos, plantas utilizadas na 
fabricação de entorpecentes, bem como os entorpecentes, 
além de substâncias químicas de uso das forças armadas 
e as substâncias de uso proibido no Brasil (ANVISA, 2021).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
27
Ainda, devemos lembrar que diversos reagentes empregados para 
a produção dessas substâncias também têm a venda controlada pelo 
Exército Brasileiro atualizado em setembro de 2019 por meio do Decreto 
nº 10.030, da Presidência da República.
Opioides e opiáceos
Qual a diferença entre opioide e opiáceo? Segundo o Centro 
Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID):
Drogas opiáceas ou simplesmente opiáceos são aquelas 
obtidas do ópio; podem ser opiáceos naturais quando 
não sofrem nenhuma modificação (morfina, codeína) 
ou  opiáceos semissintéticos  quando são resultantes de 
modificações parciais das substâncias naturais (como é o 
caso da heroína que é obtida da morfina através de uma 
pequena modificação química) (CEBRID, on-line).
Opioides, por sua vez, são substâncias químicas integralmente 
sintéticas e que possuem ação semelhante aos opiáceos. São exemplos a 
meperidina, o propoxifeno e a metadona.
As drogas opiaceas têm origem do ópio que é um líquido leitoso 
extraído da planta papoula dormideira – Papaver somniferum – (Figura 11). 
Outras espécies são conhecidas desde a antiguidade de acordo com o 
local de crescimento.
Figura 11 - Partes aéreas da planta Papaver somniferum
*A flecha indica a parte de onde é extraído o ópio
Fonte: Wikipedia.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
28
Essas drogas são consumidas por via oral, intramuscular e 
intravenosa, sendo que as formas injetáveis são de uso exclusivo hospitalar. 
Essas drogas são bem absorvidas por todas as vias citadas, no entanto, 
na oral, a concentração absorvida é MENOR devido ao metabolismo de 
primeira passagem.
Essas drogas são lipofílicas e se desligam rapidamente das proteínas 
plasmáticas e concentram-se rapidamente no cérebro, pulmões, fígado, 
rins e baço. Em alguns casos há o acúmulo da droga no cérebro e pode 
ser redistribuída para outras partes do corpo.
O metabolismo da droga é por meio das enzimas do citocromo 
P450 e via esterases plasmáticas e a excreção é via urinária.
EXPLICANDO MELHOR:
O metabolismo do fentanil é especialmente lento e 
uma excreção mais vagarosa, o que, por sua vez, acaba 
causando morte entre os dependentes. O cantor Prince, em 
2016, faleceu devido à overdose de fentanil. Nos Estados 
Unidos a morte por overdose de fentanil é maior que aquela 
causada pela heroína.
A heroína por sua vez tem absorção e distribuição rápidas, seu 
tempo de meia vida é curto e a concentração máxima pode ser verificada 
após 2 a 5 minutos se inaladas. Essas características fazem com que essa 
droga cause, rapidamente, dependência. Seus efeitos são de euforia 
seguida pela sonolência com fuga da realidade. Seus danos vão de 
delírios, cegueira, inflamações, coma, necrose de veias, desregulação no 
metabolismo de neurotransmissores até descontrole do intestino e fígado.
Essas drogas agem em diferentes receptores opioides. O Quadro 2 
apresenta três classes desses receptores e seus efeitos.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
29
Quadro 2 - Relação dos subtipos de receptores opioides e suas funções
Subtipo do 
receptor Funções
Afinidade com peptí-
deos opioides endó-
genos
µ (mu)
Analgesia supraespinal e espinal; se-
dação; inibição da respiração; redução 
do trânsito gastrintestinal; modulação 
da liberação de hormônios e neuro-
transmissores.
Endorfinas > encefali-
nas > dinorfinas.
δ (delta)
Analgesia supraespinal e espinal; mo-
dulação da liberação de hormônios e 
neurotransmissores.
Encefalinas > endorfi-
nas e dinorfinas.
Κ (kappa)
Analgesia supraespinal e espinal; 
efeitos psicotomiméticos; redução do 
trânsito gastrintestinal.
Dinorfinas > endorfinas 
e encefalinas.
Fonte: Adaptado de Katzung et al. (2017).
NOTA:
A overdose de opioides pode levar a depressão respiratória 
e consequente morte. Esse perigo se agrava se o 
consumo de opioides estiver associado ao uso de outras 
drogas depressoras do sistema nervoso como o álcool e 
benzodiazepínicos. 
Em casos de overdose, o medicamento naloxona é empregado por 
antagonizar os efeitos dos opioides.
A dependência em opioides não é rara de se acontecer, por 
isso, o cuidado na prescrição dessas drogas deve ser levado a sério. 
Em contraponto, o cuidado excessivo pode levar a situações em que 
pacientes com dor extrema não terem sido devidamente tratados por 
precisarem de opioides.
Benzodiazepínicos
Assim como os opioides, os benzodiazepínicos são depressores 
do sistema nervoso central. São terapeuticamente prescritos para o 
tratamento de ansiedade, anticonvulsivos, problemas de “pegar” ou 
manter o sono, relaxamento muscular e sedação pré-anestésica. 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
30
Uma das classificações propostas para os benzodiazepínicos é 
de acordo com o tempo de meia-vida, ou seja, o tempo que a droga 
permanece na corrente sanguínea até a eliminação. Por exemplo: longa 
duração (diazepam,flurazepam); média duração (lorazepam, alprazolam); 
curta duração (triazolam, flunitrazepam, temazepam, midazolam). 
As vias de administração podem ser por via enteral e parenteral 
e a absorção e distribuição dependem de cada substância química 
principalmente devido a sua lipofilicidade. O tempo de metabolização 
também é variável de acordo com o medicamento, e sofrem, na maioria 
das vezes, oxidação microssômicas e posteriores conjugações. Por 
fim, a excreção se dá principalmente pelos rins. Observe o esquema 
apresentado na Figura 12.
Figura 12 - Representação gráfica do metabolismo de alguns benzodiazepínicos
Clordiazepóxido Diazepam Prezepam Clorazepato (inativo)
Desmetilclordiazepóxido*
Demoxcepam* Desmetildiazepam*
Oxazepam*
Alprazolam e triazolam
Metabólitos α- hidroxi*
Flurazepam
Hidroxietil-
flurazepam*
LorazepamCONJUGAÇÃO
EXCREÇÃO 
URINÁRIA
Desmetil-
diazepam*
Fonte: Katzung et al. (2017).
*As substâncias assinaladas com asterisco são os ativos.
Os benzodiazepínicos atuam no receptor GABAa. Esse receptor faz 
parte do transportador, canal iônico de cloreto, GABA que é responsável 
pela inibição das funções neurais. Outras substâncias também atuam 
nesse canal, conforme a Figura 13.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
31
Figura 13 - Estrutura esquemática do receptor GABA e seus principais ligantes
Fonte: Katzung et al., (2017).
VOCÊ SABIA?
O zolpidem é um medicamento hipnótico não 
benzodiazepínico, isto é, induz ao sono, causando amnésia 
retrógrada, diminuindo o discernimento e capacidade de 
julgamento. Esses motivos são os que levam a, muitas 
vezes, esse medicamento ser o de escolha para a execução 
de crimes de abuso. 
Na prática clínica, ele é frequentemente prescrito para quadros 
em que o paciente apresenta dificuldade em pegar no sono, é indutor 
do sono. Os médicos que o prescrevem aconselham, veementemente, 
que o paciente deve tomar já deitado na cama e que de preferência 
não se levante mais. Em 30 minutos ou menos sua ação já é percebida 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
32
e a pessoa, possivelmente, realizará atividades que são usuais e não irá 
lembrar. Por exemplo: um vegetariano comer carne; bater o carro e não 
lembrar, entre outras. Recentemente, o FDA (EUA) recomendou que a dose 
inicial recomendada desse medicamento fosse reduzida a metade, pois 
boa parte dos pacientes ainda estava sob efeitos do medicamento 
quando acordavam e iniciavam suas atividades habituais. Isso foi 
verificado, dentre outros motivos, pelo aumento dos acidentes no 
período da manhã.
Os barbitúricos, por sua vez, são medicamentos que 
apresentam grau aditivo. Precederam os benzodiazepínicos como 
os sedativo-hipno ́ticos de uso abusivo mais comuns (depois 
do etanol) e são raramente prescritos hoje em dia. Segundo 
apresentado pelo CEBRID, o declínio de seu uso deu-se por vários 
motivos como: mortes por ingestão acidental, o uso em homicídios 
e suicídios, e principalmente pelo aparecimento de novas drogas 
como os benzodiazepínicos. Os barbitúricos se distribuem 
uniformemente entre os tecidos, agindo principalmente no 
cérebro. Seus efeitos aparecem entre 30 segundos a 15 minutos 
após a administração.
Eles podem causar depressão profunda, mesmo em doses 
que não têm efeito sobre outros órgãos. A depressão pode variar 
sendo desde um efeito sedativo, anestésico cirúrgico, ou até a 
morte. Outro efeito dos barbitúricos é o de causar sono, podendo 
induzir apenas o relaxamento (efeito sedativo) ou o sono (efeito 
hipnótico), dependendo da dose utilizada.
Por fim o flumazenil bloqueia muitas das ações dos 
benzodiazepínicos, do zolpidem, da zaleplona e da eszopiclona, 
porém não antagoniza os efeitos de outros sedativos-hipno ́ticos, 
do etanol, dos opioides ou dos anestésicos gerais sobre o SNC. 
Seu efeito é rápido, porém não é duradouro o que torna necessário 
empregar outros medicamentos para combater os sintomas de 
depressão do sistema nervoso central e suas consequências, além 
da própria administração repetida desse antagonista competitivo.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
33
Inalantes
O uso abusivo de inalantes e ́ definido como exposição 
recreativa a vapores químicos, como nitratos, cetonas e 
hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos. 
O abuso de inalantes é mais prevalente em crianças e em 
jovens adultos, especialmente naqueles de baixa renda. Comum 
é encontrar crianças e adolescentes nas ruas cheirando cola de 
sapateiro (tolueno), thinner, lança-perfume (cloreto de metila), loló 
(clorofórmio, éter e etanol) ou outros solventes orgânicos. Além 
do uso recreacional, esses jovens, muitas vezes, utilizam inalantes 
para suprimir a sensação de frio e fome.
O mecanismo de ação não é completamente conhecido, 
mas já se tem o consenso do efeito que os solventes orgânicos 
- hidrocarbonetos aromáticos (p. ex., benzeno, tolueno) – causam 
lesões na substância branca cerebral, ou seja, apresentam 
“dissolvem” a bainha de mielina.
O efeito agudo dos inalantes e ́ semelhante ao das drogas 
depressoras (barbitúricos, benzodiazepínicos e etanol). Causa falta 
de coordenação motora, alucinações, visão borrada e prejuízo da 
memória.
Os danos crônicos ao SNC, sistema cardiovascular, 
sistema hepático, sistema renal, sistema pulmonar e sistema 
hematopoiético. A morte pode ser causada por hipóxia, asfixia, 
asfixia por oclusão e traumatismos (acidentes causados pela 
ataxia).
Etanol
O etanol é de uso corriqueiro pela população ocidental e, 
no Brasil, o consumo de bebidas alcoólicas supera a soma do 
consumo de TODAS as drogas ilícitas. Como as demais substâncias 
que causam dependência, causa o aumento da dopamina no 
sistema mesolímbico. 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
34
O etanol tem ação em diversos receptores, mas tem destaque 
o seu efeito depressor do sistema nervoso central, podendo 
potencializar os efeitos dos benzodiazepínicos e barbitúricos.
Katzung et al. (2014) apresentam uma descrição sucinta 
(e até um pouco assustadora) acerca da dependência, efeito e 
abstinência do uso do álcool.
A dependência torna-se aparente em 6 a 12 horas apó ́s 
a interrupção do consumo abusivo de á ́lcool como 
síndrome de abstinência, que pode consistir em tremor 
(principalmente das mãos), náuseas, vômitos, sudorese 
excessiva, agitação e ansiedade. Em alguns indivíduos, 
essa síndrome é acompanhada de alucinações visuais, 
táteis e auditivas 12 a 24 horas após a suspensão do 
consumo de álcool. Convulsões generalizadas podem 
manifestar-se depois de 24 a 48 horas. Por fim, 48 a 72 
horas após a suspensão, um delírio por abstinência de 
álcool (delirium tremens) pode tornar-se aparente, em 
que o indivíduo apresenta alucinações, desorientação e 
evidências de instabilidade autônoma. O delirium tremens 
está associado a uma taxa de mortalidade de 5 a 15%. 
(KATZUNG et al., 2014, [n. p.])
O tratamento para a intoxicação por álcool é de suporte e o para 
abstinência usa benzodiazepínicos para combater a evolução dos efeitos 
do delirium tremens. Os outros sinais ou sintomas necessitam de outros 
medicamentos.
Canabinoides
EXPLICANDO MELHOR:
Os canabinoides têm origem da planta Cannabis sativa 
que tem origem na Ásia, porém também foi cultivada no 
Egito antigo. Seus efeitos ocorrem dada a semelhança aos 
endocanabinoides que atuam nos receptores canabinoides 
no SNC. Esses receptores realizam a inibição a liberação de 
glutamato ou de GABA.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
35
O consumo da cannabis pode ser feito via oral ou pulmonar. Pela via 
pulmonar, os efeitos se apresentam após alguns minutos e têm meia-vida 
de 4 horas. Se consumidos via oral, o início e a meia-vida são mais longos. 
Usualmente, as folhas e flores das plantas femininas são consumidas com 
o nome popular de maconha, enquanto a resina é o haxixe.
IMPORTANTE:
É importante afirmar que dentre os canabinoides que 
estão presentes na maconha, o THC é o que apresenta 
maior efeito aditivo. Enquantoo canabidiol, recentemente 
aprovado pela ANVISA para uso terapêutico, não tem efeito 
aditivo nem de dependência.
O Δ9-tetra-hidrocanabinol (THC) tem ação nos receptores 
canabinoides B1 e B2. Apresenta influência nas percepções, na 
performance psicomotora, cognitiva e nas funções afetivas. O THC 
provoca desinibição dos neurônios dopaminérgicos, principalmente por 
meio da inibição pré-sináptica dos neurônios GABA. 
O THC é altamente lipofílico, por isso alcança o cérebro com 
facilidade, e deposita-se no tecido adiposo, podendo ser redistribuído 
ao longo do tempo. A biotransformação se dá por meio das enzimas do 
citocromo p450. Em 72 horas, há a excreção de 70% do absorvido para o 
consumo agudo. 
Os efeitos mais proeminentes consistem em euforia e relaxamento. 
Os usuários também relatam sensações de bem-estar, grandiosidade e 
percepção alterada da passagem do tempo. Podem ocorrer alterações da 
percepção dependentes da dose (p. ex., distorções visuais), sonolência, 
diminuição da coordenação e prejuízo da memória.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
36
SAIBA MAIS:
Os canabinoides também podem criar um estado disfórico 
e, em casos raros, após o uso de doses muito altas, por 
exemplo, com haxixe, resultam em alucinações visuais, 
despersonalização e episódios psicóticos francos. Outros 
efeitos do THC, como o aumento do apetite, a atenuação 
das náuseas, a diminuição da pressão intraocular e o 
alívio da dor crônica, levaram ao uso dos canabinoides na 
terapêutica clínica.
Os efeitos crônicos do consumo no sistema pulmonar - diminuição 
do número de bronquíolos, carcinogenicidade; sistema cardiovascular - 
elevação da saturação de carboxiemoglobina, elevação da velocidade 
dos batimentos exigindo maior aporte de oxigênio – problemas para-
anginosos; sistema imune – piora; risco de desenvolvimento de sintomas 
psicóticos para as pessoas pré-dispostas.
Alucinógenos ou agentes psicodélicos
Os alucinógenos são considerados substâncias perturbadoras 
do SNC, pois alteram a consciência para a percepção de eventos que 
não estão, de fato, ocorrendo. As drogas perturbadoras do SNC não são 
consideradas de risco aditivo ou de dependência. Inicialmente, eram 
empregadas em rituais religiosos a fim de fortalecer a ligação entre o 
mundo terreno e o espiritual. 
As substâncias alucinógenas são divididas em: 
a. LSD. 
b. Derivados anfetami ́nicos (STP, MDMA, DOB, Mefedrona etc.). 
c. Alucino ́genos secunda ́rios (anticoline ́rgicos, PCP, cetamina, GHB 
etc.). 
d. Naturais: derivados de plantas (DMT, mescalina etc.); e cogumelos 
(psilocibina etc.).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
37
O ácido lisérgico (LSD) é um alcaloide do esporão do centeio (ergot). 
Após a sua síntese, o líquido e ́ borrifado em papel mata-borrão ou torrões 
de açúcar que secam. Quando deglutido, os efeitos psicoativos do LSD 
aparecem, normalmente, depois de 30 minutos e duram de 6 a 12 horas. 
A substância é da classe química da indoletilamina, ou seja, apresenta 
estrutura química composta pelo núcleo indo ́lico e é semelhante a ̀ 
serotonina.
A psilocibina é proveniente de cogumelos alucinógenos empre-
gados na medicina tradicional asteca-nahuatl. A substância, como o LSD, 
também é da classe da indoletilamina.
A mescalina é proveniente do cacto mexicano mescal (peiote 
- Lophophora williamsii) que era empregado em rituais religiosos e de 
cura de várias tribos pré-hispânicas. Essa substância é da classe da 
fenetilamina, ou seja, estrutura química derivada da beta-fenetilamina 
e semelhante a ̀ norepinefrina. Dentre seus efeitos destacam-se o brilho 
das cores mais evidente, a sinestesia, euforia, alteração do tempo e da 
realidade.
A bebida ayahuasca é tradicional dos ameríndios para os seus 
rituais, destaca-se o uso na medicina dos povos nativos da Amazônia, e 
empregada pela seita brasileira do Santo Daime. Essa bebida é composta 
por vegetais: cipó-mariri (Banisteriopsis caapi) e o arbusto chacrona 
(Psychotria viridis), podendo ser adicionado também outras plantas como 
Diplopterys cabrerana. A ação sinérgica dos compostos tem ação nos 
receptores de serotonina, como o LSD.
Ácido gama-hidroxibutírico 
O ácido gama-hidroxibutírico foi sintetizado, pela primeira vez, em 
1960 e introduzido como aneste ́sico geral. Apresenta estreita margem de 
segurança e alto potencial de ação. 
O GHB é conhecido como “droga de festa” (club drug) ou como 
“ecstasy li ́quido” (liquid ecstasy) ou, ainda, como “droga do estupro” (date 
rape drug). Como esse último nome sugere, o GHB tem sido utilizado 
em estupros por ser inodoro e facilmente dissolvido em bebidas. Isso 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
38
ocorre, pois antes de causar sedação e coma, o GHB provoca euforia, 
intensificação das percepções sensoriais, sensação de proximidade social 
e amnésia.
E ́ absorvido com rapidez e alcança uma concentração plasmática 
máxima dentro de 20 a 30 minutos após a ingestão de uma dose de 10 a 
20mg/kg. A meia-vida de eliminação e ́ de cerca de 30 minutos.
Cocaína
A cocaína é um alcaloide extraído das folhas de Erythroxylon coca, 
um arbusto natural dos Andes. As folhas eram mascadas pelos nativos 
para diminuir o cansaço e a sensação de fome, além de estimular o seu 
desempenho diário. Essa substância age excitando o SNC. Fazendo um 
paralelo grosseiro, mascar as folhas ou fazer chá das folhas de coca para 
os nativos seria como o nosso café de todo o dia.
Atualmente, após a extração empregando uma série de solventes 
orgânicos, bases e ácidos há a formação de um pó branco denominado 
de cloridrato de cocaína. O cloridrato de cocaína e ́ um sal hidrossolúvel 
que pode ser injetado ou absorvido por qualquer mucosa – por exemplo, 
aspiração nasal. Quando aquecido em solução alcalina, e ́ transformado 
na base livre, o crack, que pode ser fumado. 
O crack é muito mais rapidamente absorvido e a sua ação é rápida 
e de curta duração, sendo um estado de excitação intenso. Pesquisas 
afirmam que após a primeira sensação, nenhuma outra depois chega ao 
mesmo nível de excitação. Com isso, o usuário acaba por utilizar uma 
quantidade maior e com maior frequência.
No SNC, a cocaína bloqueia a captação de dopamina, norepinefrina 
e serotonina por meio de seus respectivos transportadores. Seu uso 
acarreta o aumento do risco de hemorragia intracraniana, acidente 
vascular encefálico isquêmico, infarto do mioca ́rdio e convulsões. A 
superdosagem de cocaína pode resultar em hipertermia, coma e morte. 
A cada dose ocorre lesões microvasculares devidos aos seus 
efeitos, o que leva a uma perda de memória e concentração progressiva.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
39
Anfetaminas
As anfetaminas, metanfetaminas e outros derivados, formam um 
grupo de fármacos simpatomiméticos sintéticos, de ac ̧a ̃o indireta, que 
causam a liberação de aminas biogênicas endógenas, como a dopamina 
e a norepinefrina, por reverter a ação dos transportadores de monomanias 
vesicular. A anfetamina, a metanfetamina e seus inúmeros derivados 
exercem seus efeitos ao reverterem a aça ̃o dos transportadores de aminas 
biogênicas na membrana plasmática.
A sua estrutura nem sempre é bem conhecida, pois, muitas vezes, 
são produzidas em laboratórios clandestinos. A via de administração é em 
geral oral, pulmonar ou intravenosa. A absorção por via enteral é de cerca 
de 2 horas e a biotransformação é realizada pelas enzimas do citocromo 
P450.
SAIBA MAIS:
O consumo de anfetaminas resulta em um aumento da 
concentração de catecolaminas liberadas nas sinapses, 
que aumentam o estado de vigília e reduzem o sono, 
ao mesmo tempo em que os efeitos sobre o sistema 
dopaminérgico medeiam à euforia, mas também podem 
causar movimentos anormais e precipitar episódios 
psicóticos.
A intoxicação leva a desregulação do sistema termorregulador, 
hipertermia, desidratação, distúrbios cardiovasculares, danos hepáticos e 
renais.
À semelhança das anfetaminas,a MDMA provoca a liberação de 
aminas biogênicas ao reverter a ação de seus respectivos transportadores. 
Tem afinidade preferencial pelo transportador de serotonina e, por 
conseguinte, aumenta a concentração extracelular de serotonina. A 
liberação é tão profunda que pode causar episódios graves de depressão.
Os efeitos tóxicos do MDMA são hipertermia, que, quando associada 
a ̀ desidratação, pode ser fatal. Outras complicações incluem síndrome 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
40
serotoninérgica (alteração do estado mental, hiperatividade autônoma e 
anormalidades neuromusculares) e convulsões.
A abstinência caracteriza-se por uma “compensação” do humor, 
com depressão de várias semanas de duração. Houve também relatos 
de aumento da agressa ̃o durante os períodos de abstinência em usuários 
crônicos de MDMA.
Para grande parte das drogas, os métodos de detecção apresentam 
como amostras matrizes urina, soro ou plasma, unhas, pelos e cabelo. 
Hoje, dentre as metodologias para identificação e detecção, as que 
empregam espectrometria de massas são as que apresentam maior 
sensibilidade.
RESUMINDO:
Neste capítulo, conhecemos as drogas de abuso, bem 
como o seu efeito sob o nosso corpo. Ainda, entendemos 
os conceitos de tolerância, dependência e abstinência em 
relação às drogas. Por fim, foram conceituados os opiáceos, 
os opioides, os biodiazepínicos, as drogas inalantes, o 
etanol, os canabdinoides, os alucionógenos, a cocaína e as 
anfetaminas.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
41
Contingenciamento
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá o contingenciamento 
em relação às drogas. Com isso, teremos a base para 
compreender assuntos mais complexos, que empregam 
vocabulário próprio e conceitos que, para quem não é da 
área, podem ser difíceis. Então, vamos que vamos! 
O contingenciamento tem o objetivo de minimizar ou prevenir os 
problemas associados tanto para o indivíduo que consome a substância 
quanto para a sociedade. Pode ser feito de várias formas, por exemplo: 
 • Políticas públicas.
 • Programas de saúde do trabalhador.
 • Campanhas educativas e de marketing.
 • Produtos lícitos: taxação, controle sobre a venda, idade mínima 
para a compra, campanhas educativas.
 • Política de tolerância zero para dirigir e beber/outras drogas.
 • Estudos sobre a descriminalização das drogas.
Diehl e Figlie (2014) discutem a promoção de ações para a prevenção 
e o combate às drogas. As autoras apresentam como conceito de 
prevenção uma intervenção que almeja mudanças de fatores pessoais, 
sociais e ambientais que podem contribuir para retardar ou atrasar o 
consumo de drogas e/ou evitar que esse consumo se torne danoso ou 
problemático (Mentor Foundation).
As pesquisadoras complementam fornecendo argumentos para 
complementar e afirmar que as ações preventivas devem ter duas metas: 
reduzir os efeitos dos fatores de risco e fortalecer os processos protetores, 
promovendo uma sinergia necessária para potencializar os efeitos de 
múltiplos riscos em intervenções preventivas.
Elas explicam que existem três estratégias para a prevenção e essa 
divisão trata de um método para facilitar o planejamento de projetos: 
estratégias de prevenção universal, estratégias de prevenção seletivas 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
42
e estratégias de ação indicada. Suas características estão resumidas no 
Quadro 3.
Quadro 3 - Características das estratégias de prevenção seletivas, universal e indicada
Tipo Principais Características
Estratégias 
de preven-
ção univer-
sais
- Visam atingir a população inteira, sem se limitar a fatores de risco 
individuais, e são normalmente desenhadas para um público-alvo 
amplo.
- Objetivam prevenir ou retardar o uso nocivo de substâncias psi-
coativas.
- Os participantes não são recrutados para participar do programa.
- O grau de risco individual para o uso nocivo de substâncias psi-
coativas dos participantes do programa não é avaliado.
- O programa é oferecido a qualquer um na populaçã̃o, indepen-
dentemente de estar ou não em situaçã̃o de risco.
- Requer menor número de profissionais envolvidos e menos tempo 
de desenvolvimento.
- A equipe pode ser constituída por profissionais de outras áreas, 
como professores ou conselheiros escolares, que tenham sido 
treinados para desenvolver o programa.
- Os custos são estendidos a um público-alvo grande; com isso, os 
custos por pessoa tendem a ser menores do que nos programas 
seletivo ou indicado.
Estratégias 
de preven-
ção seleti-
vas
- O programa destina-se a subgrupos da população em geral que 
estão em situação de risco quanto ao uso nocivo de substâncias.
- São desenhadas para atrasar ou prevenir o uso nocivo de substân-
cias.
- Os receptores da prevenção seletiva são conhecidos por apresen-
tar riscos específicos para uso nocivo de substâncias e são recru-
tados para participar na tentativa de prevenção, devido ao perfil de 
risco do grupo.
- O grau de vulnerabilidade ou risco pessoal dos membros do sub-
grupo- alvo normalmente não é a meta principal da prevenção, mas 
o grau de vulnerabilidade suposta como base a ser considerado 
como risco.
- O conhecimento de fatores de risco específicos dentro do público-
-alvo permite que os criadores do programa estabeleçam objetivos 
de redução de risco compatíveis.
- Os programas de prevenção seletiva acontecem por um longo 
período e requerem mais tempo e esforço dos participantes do que 
o programa universal.
- Necessitam de profissionais mais habilitados, pois abordam pro-
blemas de adolescentes, familiares e pessoas da comunidade que 
estão em situação de risco para o uso nocivo de substâncias.
- Os programas têm um custo por pessoa mais alto do que os pro-
gramas universais.
- As atividades dos programas estão normalmente relacionados 
ao dia a dia dos participantes e procuram trabalhar de formas es-
pecíficas suas habilidades de comunicação e habilidades sociais, 
fortalecendo, assim, seus recursos individuais para resistir ao uso de 
substâncias.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
43
Estratégias 
de preven-
ção indica-
das
- Dirigem-se àqueles que experimentam sinais iniciais de uso noci-
vo de substâncias e outros comportamentos problemáticos relacio-
nados (fatores de risco).
- Visam interromper a progressão do uso nocivo de substâncias e 
outros transtornos associados.
- Podem atingir vários comportamentos simultaneamente.
- Os indivíduos são recrutados para a intervenção preventiva.
- O programa necessita de uma avaliação precisa do risco individual 
e dos problemas relacionados ao uso de substâncias.
- São frequentemente extensos e intensivos, com atuação por 
longos períodos (meses), com grande frequência, e necessitam 
de mais esforços por parte dos participantes do que os programas 
seletivo ou universal.
- Ajudam na modificação de comportamento dos participantes.
- Necessitam de profissionais altamente qualificados com treina-
mento clínico em aconselhamento, além de outras habilidades 
clínicas interventivas.
- O custo dos programas por pessoa é maior do que o dos progra-
mas universais ou seletivos.
Fonte: Diehl e Figlie (2014).
Diehl e Figlie (2014) e Diehl et al. (2019) apresentam 13 princípios 
fornecidos pela Mentor Foundation e considerados desejáveis para o 
desenvolvimento, a implantação e a sustentabilidade de projetos de 
prevenção eficazes:
Princípio 1: as metas e os objetivos do programa precisam 
estar claramente descritos. 
Princípio 2: o programa precisa estar adequado à 
prevenção do uso da substância desejada. 
Princípio 3: o programa precisa estar adequado à idade do 
público-alvo desejado. 
Princípio 4: o programa precisa ser sensível à cultura e às 
normas da comunidade das pessoas envolvidas no projeto 
preventivo. Isso inclui linguagem, visão cultural sobre 
drogas, políticas públicas etc. 
Princípio 5: as metas do programa precisam ser adequadas 
aos fatores de risco e de proteção da populaçãoenvolvida. 
Programas eficazes visam organizar as atividades a fim 
de reduzir os fatores de risco e aumentar os fatores de 
proteção associados ao início e à manutenção do uso de 
substâncias. 
Princípio 6: o conteúdo do programa deve estar baseado 
em uma prévia avaliação das necessidades da comunidade 
local, da magnitude do problema com drogas e dos fatores 
de risco e de proteção. Deve incluir uma revisão dos dados 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
44
existentes e compará-los com a percepção e as normas da 
comunidade local.
Princípio 7: o programa deve conter estratégias que 
promovam a participação e sua continuidade pela população. 
Programas efetivos dão alta prioridade à implantação de 
estratégias que promovam o engajamento dos participantes 
e que sejam vistas como acessíveis, relevantes, desafiadoras 
e divertidas. Devem insistir na remoção de barreiras à 
participação (por exemplo, fornecer transporte, considerar a 
disponibilidade dos participantes etc.).
Princípio 8: planejamento, manutenção e direções 
futuras do programa devem envolver as principais partes 
interessadas (agências, organizações e grupos-alvo) em 
um processo colaborativo. Todos os membros devem ter 
voz ativa nos destinos do programa.
Princípio 9: devem ser oferecidos o treino de habilidades 
e a construção de conhecimentos importantes, desde 
que sejam consistentes com as metas do projeto de 
prevenção – treinamento de habilidades sociais, aumento 
de experiências positivas e de liderança em contextos 
sociais, construção de habilidades de enfrentamento 
contra a pressão dos colegas para usar drogas, incentivo à 
participação em atividades sociais que não impliquem uso 
de drogas e ações delinquentes. 
Princípio 10: o projeto precisa apresentar orçamento 
e planejamento específico da atividade ou estratégia, 
previamente definidos.
Princípio 11: é necessário haver um plano de 
sustentabilidade. O planejamento geral do programa deve 
incluir a forma como ele poderá ser sustentado.
Princípio 12: é necessária a existência de avaliações 
e plano de divulgação. A avaliação do programa é 
fundamental para a equipe verificar sua eficácia, propondo 
ajustes, se necessário. Além disso, os resultados dessas 
avaliações precisam ser divulgados aos colaboradores, 
participantes e grupos de interesse na comunidade.
Princípio 13: o programa precisa ser dirigido por pessoal 
qualificado. Um programa eficiente e eficaz necessita 
de uma equipe devidamente capacitada e treinada. 
Treinamentos regulares atualizam as competências dos 
colaboradores (DIEHL et al., 2019, [n. p.]).
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
45
REFLITA:
Com o objetivo de proteger a sociedade do uso de drogas 
ilícitas e do uso indevido de drogas lícitas, o Conselho 
Nacional Antidrogas (CONAD) publicou, em outubro de 
2005, a Resolução nº 03, que aprovou a Política Nacional 
sobre Drogas (PND). Essa resolução prioriza a prevenção 
do uso de drogas por julgar ser a intervenção de maior 
eficácia e de menor custo para a sociedade, considerando 
a redução de danos como uma estratégia dentro do arsenal 
de prevenção de danos.
Essa resolução promove que a prevenção ao uso de drogas é de 
responsabilidade compartilhada, isto é, das três esferas de governo e de 
toda a sociedade. A execução dessa política deve ser descentralizada nos 
municípios, com o apoio dos conselhos estaduais de políticas públicas 
sobre drogas, e adequada às peculiaridades locais, priorizando as 
comunidades mais vulneráveis. 
Sobre o tratamento, recuperação e reinserção social, a resolução 
afirma que é de responsabilidade do Estado estimular, garantir e 
promover ações para que o tratamento, a recuperação e a reinserção 
social sejam assumidas com responsabilidade e comprometimento 
pela sociedade. Ainda, deve ser apoiada técnica e financeiramente, de 
forma descentralizada, pelos órgãos governamentais em cada esfera do 
governo, pelas organizações não governamentais e entidades privadas.
Em relação ao tratamento deve-se visar a promoção de ações de 
reinserção familiar, social e ocupacional, para que as relações sociais 
saudáveis sejam um instrumento para romper o ciclo consumo/tratamento.
Ações contínuas devem ser promovidas para reduzir a oferta 
de drogas ilegais e/ou de abuso, erradicar e apreender 
permanentemente as drogas produzidas no País, bloquear 
o ingresso das oriundas do exterior, destinadas ao consumo 
interno ou ao mercado internacional, e identificar e desmantelar 
as organizações criminosas. A redução substancial dos 
crimes relacionados ao tráfico de drogas ilícitas e ao uso de 
substâncias, responsáveis pelo alto índice de violência no País, 
deve proporcionar melhoras nas condições de segurança 
das pessoas (DIEHL et al., 2019, [n. p.]).
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46
Agentes de dopagem física e intelectual
Doping intelectual
No dia a dia é incomum a menção do doping intelectual; no entanto, 
é cada vez mais comum a utilização de substâncias para superar o 
estresse e conseguir dar conta de todas as suas tarefas diárias. As pessoas 
saudáveis passaram a utilizar remédio para memória e concentração 
como estimulante para impulsionar seu desempenho no trabalho.
As pessoas buscam desde fitoterápicos como o ginseng (Panex 
insigne) e Gingko biloba, até medicamentos empregados para tratamentos 
de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e narcolepsia como 
modafinil, metilfenidato e Adderall®. 
O modafinil é um medicamento neurotrópico conhecido como 
a droga dos militares, pelos quais era utilizada para manter a atenção e 
aumentar o estado de vigília. Com a mesma função, o metilfenidato é uma 
substância que é estimulante do sistema nervoso central. Já o Adderall® é 
uma droga que combina diversos anfetamínicos e tem sua venda proibida 
no Brasil.
RESUMINDO:
Essas drogas, são também conhecidas como pílulas 
da inteligência, são procuradas por vestibulandos e 
concurseiros, ou qualquer outra pessoa com um ritmo 
frenético de atividades. Buscam com a finalidade de 
aumentar o número de horas que compõe o seu dia; isto é, 
tentar aumentar a sua eficácia e efetividade.
O preocupante é que, além da prescrição de substâncias para TDAH 
superar o número de diagnóstico, não há regulamentação que preveja a 
utilização de qualquer tipo de substâncias para a realização de provas de 
concurso, por exemplo. 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
47
Assim, há um contínuo aumento de pessoas que sofrem de 
efeitos colaterais dessas drogas como insônia, depressão, problemas 
cardiovasculares, entre outros. 
IMPORTANTE:
Essas drogas causam o acúmulo de neurotransmissores 
nas sinapses neurais, por meio de diversos mecanismos 
dentre eles o impedimento da recaptação ou a inibição de 
enzimas que os degradem. Assim, com o seu uso pode 
levar a uma depleção de neurotransmissores o que, além 
de poder acarretar doenças psiquiátricas, pode levar a uma 
desregulação de todo o organismo.
Outra substância bastante utilizada é a cafeína. O perigo do uso 
desse estimulante é que, em especial para pessoas com pressão alta 
e problemas cardíacos, é o aumento da pressão, potencial risco para 
ataque cardíaco ou AVC, aumento do nervosismo, irritabilidade, insônia, 
dores de estômago e tremores musculares. Além da possibilidade do 
desenvolvimento de gastrite e úlceras gástricas, como irritações na 
bexiga e aumento da frequência urinária.
Como não se trata de um comportamento ilegal, desde que se 
obtenha medicamentos de forma legal, cabe ao profissional de saúde 
orientar sobre a real necessidade e dos riscos do uso dessas substâncias 
químicas, e ao interessado para encontrar informações de fontes 
confiáveis.
Doping físico
Ao final deste capítulo, você saberá diferenciar o doping físico e o 
doping intelectual. Com isso, teremos a base para compreender assuntos 
mais complexos, que empregam vocabulário próprio e conceitos que, 
paraquem não é da área, podem ser difíceis. Então, vamos que vamos! 
O doping é uma prática que já existe há milhares de anos. Desde 
a época da Grécia Antiga, competidores utilizam alimentos e outras 
substâncias para melhorar o seu desempenho no esporte. Gladiadores 
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48
romanos consumiam estimulantes extraídos em álcool para diminuir a 
fadiga, aumentando o desempenho esportivo.
Dorta et al. (2018) complementam:
Durante e logo após a Segunda Guerra Mundial, o mundo 
presenciou o surgimento de substâncias mais eficientes, 
utilizadas com o intuito de aumentar a performance 
dos atletas, entre as quais a anfetamina e os esteroides 
anabolizantes, que acabaram por resultar em casos letais 
(DORTA et al., 2018, [n. p.]).
Segundo o código mundial de antidoping, o conceito de doping (ou 
dopagem em português) é o uso de substância ou método, que possa 
ser potencialmente prejudicial à saúde do atleta e capaz de aumentar seu 
desempenho físico.
Ao contrário do doping intelectual, o doping físico é bem-
regulamentado. A primeira legislação de combate ao uso indiscriminado 
de substâncias dopantes no esporte foi introduzida em 1963, na França. 
Em 1968, os testes de dopagem em atletas começaram a ser aplicados.
O doping esportivo é regulamentado no Brasil pela Autoridade 
Brasileira de Controle de Dopagem, que é, segundo o Código Brasileiro 
Antidopagem (CBA), “a Organização Nacional Antidopagem do Brasil tem 
jurisdição de testes, autorização de uso terapêutico, gestão de resultados, 
sanções, investigações e outras atividades antidopagem no território 
brasileiro” (BRASIL, 2016, p. 3).
A organização é filiada à Agência Internacional Antidoping (WADA) 
que foi criada em 1999 pelos departamentos de esportes e governos de 
vários países. A WADA tem como finalidade manter as práticas esportivas 
justas, ou seja, sem o efeito benéfico de uma ou outra droga.
Nesse contexto, o Código Brasileiro Antidopagem apresenta:
Art. 7º A interpretação e aplicação deste Código observam 
os seguintes princípios e valores:
I - Ética, jogo limpo e honestidade.
II - Responsabilidade estrita do Atleta por suas ações.
III - Legalidade.
IV - Transparência pública.
V - Responsabilidade e respeito pela privacidade.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
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VI - Saúde.
VII - Excelência em desempenho.
VIII - Caráter e educação.
IX - Diversão e alegria.
X - Trabalho em equipe.
XI - Dedicação e compromisso.
XII - O respeito pelas regras e leis.
XIII - Respeito por si próprio e por outros Participantes.
XIV - Coragem.
XV - Espírito esportivo.
XVI - Comunidade e solidariedade (BRASIL, 2016, p. 5).
Assim sendo, a finalidade desses órgãos é o denominado de fair 
game (jogo justo).
Todos os anos, a WADA publica uma atualização da lista de 
substâncias e métodos proibidos. A lista é sempre atualizada em janeiro 
de cada ano.
Substâncias proibidas dentro e fora de competições
Agentes anabolizantes
Os agentes anabolizantes, também, chamados de esteroides 
constituem o grupo mais utilizado de substâncias e apresenta maior 
prevalência em modalidades de esporte como o fisiculturismo, o 
levantamento e o arremesso de peso; porém o abuso também ocorre entre 
atletas de outras modalidades, frequentadores de academias de ginástica 
e musculação. Os sintomas adversos mais comuns advindos do uso 
dessas drogas são: acne, insônia/distúrbios do sono, retenção de fluidos/
edemas, alterações de humor, ginecomastia, atrofia testicular, estrias, 
disfunção sexual e dor no local da injeção. Outros efeitos secundários 
relatados com menos frequência incluíam alopecia, hipertensão e 
colesterol alto. Além de marcadores inflamatórios e do estresse oxidativo, 
bem como hipertrofia, disfunção cardíaca e mortalidade precoce.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
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Figura 14 - Anabolizantes
Fonte: Freepik
Esteroides endógenos (EEn)
São aqueles que são produzidos pelo nosso próprio organismo, 
mas que podem também ser consumidos. Algumas das substâncias 
proteínas são: deidroepiandrosterona (DHEA), a diidrotestosterona (DHT) 
e a testosterona, seus isômeros e metabólitos.
Por serem intermediários do metabolismo dos esteroides, 
moléculas como a DHEA, a 4-androstenodiona e a 1-androstenodiol são 
convertidas em testosterona, resultando assim no aumento dos níveis 
desse hormônio no organismo. 
Os parâmetros mais importantes para a detecção da administração 
exógena de EEn são as proporções de testosterona/epitestosterona, 
androsterona/etiocholanolone, androsterona/testosterona e 5α/5β-
androstano-3α,17βdiol. Para isso, técnicas como a cromatografia em fase 
gasosa acoplada à espectrometria de massas (gas chromatography-mass 
spectrometry, GC-MS) e a espectrometria de massas de razão isotópica 
(isotope ratio mass spectrometry, IRMS) são comumente empregadas.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
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Esteroides exógenos
Alguns dos esteroides exógenos proibidos pela WADA 
são 1-androstenediol, 1-androstenediona, boldenona, clostebol, 
deidroclormetiltestostrona, metandienona, metiltestosterona e 
nandrolona.
As análises são geralmente realizadas utilizando as técnicas de 
GC-MS e cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas. 
Os laboratórios são obrigados a testar o agente anabolizante original ou 
seus produtos de biotransformação com sensibilidade mínima de 5 ng/
mL para EEx(s) e 2ng/mL para os produtos deidroclorometiltestosterona, 
metandienona, metiltestosterona e estanozolol.
Essas substâncias estimulam a produção de esteroides endógenos, 
ou, ainda, são as próprias substâncias ativas. Como ocorrem alterações 
na alteração endógeno de Hormônios, junto a detecção e quantificação, 
há necessidade de descartar outras possibilidades como distúrbios 
hormonais endógenos e gravidez.
Outros anabólicos endógenos
Substâncias que não apresentam estrutura química ou mecanismo 
de ação similar aos esteroides são agrupadas na classe de outros agentes 
anabólicos, como é o caso de clembuterol, tibolona, zeranol, zilpaterol e 
moduladores seletivos dos receptores androgênicos.
O clembuterol é um broncodilador simpatomimético que atuam 
em receptores beta-adrenérgicos; no entanto, foi demonstrado que o seu 
consumo pode causar a hipertrofia muscular.
A tibolona é um 7α-metil derivado da 19-noretinodrel e é utilizada 
para fins terapêuticos no tratamento de sintomas do climatério em 
mulheres na pós-menopausa (terapia de substituição hormonal). Efeitos 
anabólicos androgênicos são relatados, além de sua atividade estrogênica.
Os moduladores seletivos dos receptores de androgênicos são 
uma nova classe de ligantes seletivos dos receptores androgênicos que 
vêm sendo desenvolvidos e testados com o objetivo de evitar os efeitos 
indesejáveis advindos do tratamento com fármacos androgênicos.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
52
Suas ações anabólicas como moduladores seletivos dos receptores 
de androgênicos no músculo esquelético e o aumento do balanço geral 
de proteínas poderiam proporcionar uma abordagem inovadora e segura 
para ajudar a reconstruir a massa muscular e a força.
Essas substâncias são empregadas para compensação dado ao 
declínio da produção hormonal com a idade.
Hormônios peptídicos, fatores de crescimento e substâncias 
relacionadas
Agentes estimulantes da eritropoiese
As substâncias pertencentes a esse grupo promovem a formação 
de hemácias, o que acarreta um maior fluxo de oxigênio aos músculos 
e ao cérebro, promovendo melhor desempenho em atividades físicas 
aeróbicas. 
Isso se dá devido a ação da eritropoietina, que é um hormônio 
glicoproteico produzido principalmente pelo rim, ou seus análogos que 
atuam na medula óssea causando o aumento da multiplicação celular e 
formação de hemoglobina.
Os grupos de produtos pertencentes são os agonistas de receptores 
da eritropoietina, os agentes ativadores de fatores indutores de hipóxia, 
inibidoresda GATA e inibidores da TGF-beta, além dos agonistas de 
receptores de reparo inatos.
IMPORTANTE:
Algumas substâncias também causam a alteração da curva 
de hemoglobina/oxigênio (por exemplo, efaproxiral) ou o 
uso de novos transportadores de oxigênio, baseados tanto 
na hemoglobina como também em outros compostos 
químicos (por exemplo, perfluorocarbonos). Nesses casos, 
dadas as alterações hematopoiéticas e bioquímicas, 
podem ser empregados métodos indiretos para indicar a 
utilização dessa substância, como o número de hemácias, 
hematócrito, volume corpuscular e concentração de 
hemoglobina.
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
53
A eritropoietina humana recombinante interage com células 
precursoras eritroides por meio de um receptor específico de membrana, 
causando a proliferação e a diferenciação dessas células em eritrócitos 
maduros. 
Dorta et al. (2018) explica que foi pesquisado um método para 
esclarecer as diferenças que podem ocorrer fisiologicamente das 
causadas por drogas. Essas pesquisas deram origem ao chamado de 
passaporte sanguíneo que tem como objetivo a detecção de qualquer 
modificação na eritropoiese, seja pela transfusão de sangue ou pelo uso 
de agentes estimulantes da eritropoiese. 
Isso é necessário porque a concentração de hemácias e 
hemoglobina também pode alterar-se naturalmente, quando há 
modificações na concentração de oxigênio que o indivíduo está exposto. 
Por exemplo, se o Neymar treinar em Santos e for levado até Lima no 
Peru para disputar uma partida pela seleção irá, inicialmente, sofrer, pois, 
devido a diferença de altura e pressão entre as cidades, há uma menor 
concentração de oxigênio. Com isso, seu organismo reage e estimula a 
produção de eritropoietina naturalmente, levando uma maior produção 
de eritrócitos por consequência um maior transporte de oxigênio pelo 
organismo. Caso, pouco tempo depois, jogue no Maracanã, no Rio de 
Janeiro, apresentará um ganho natural de desempenho.
Alguns parâmetros hematológicos que constituem 
o passaporte sanguíneo do atleta são: eritrócitos, 
volume corpuscular médio, hematócrito, hemoglobina, 
concentração de hemoglobina corpuscular média, 
contagem de células brancas e contagem de plaquetas. 
A estabilidade e a robustez das variáveis sanguíneas 
monitoradas foi estabelecida e protocolos rigorosos para 
coleta, transporte e análise de amostras foram criados, na 
tentativa de otimizar a robustez (DORTA et al., 2018, [n. p.]).
A utilização desses agentes está associada ao aparecimento de 
casos de trombose e demais alterações na coagulação sanguínea o que 
pode levar a embolia pulmonar ou acidente vascular cerebral.
Hormônio do crescimento
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
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O hormônio do crescimento é produzido pela glândula pituitária 
e apresenta atividades anabólicas e promotoras do crescimento. É 
responsável pelo estímulo do crescimento de vários tecidos do corpo 
humano e pela diferenciação de certos tipos celulares, como as células 
do crescimento ósseo e as células musculares primitivas (DORTA et al., 
2018).
Essa substância sozinha ou em combinação com outras substâncias 
como os hormônios anabolizantes demonstra aumento significativo na 
força muscular e, portanto, favorece esportes de explosão como é o caso 
do halterofilismo e das corridas de velocidade – 100 m, por exemplo.
Duas metodologias complementares são empregadas para a 
detecção dessas substâncias. A primeira baseia-se na detecção das 
diferentes isoformas do GH. O GH pituitário é constituído por diferentes 
isoformas, enquanto o GH recombinante (GHr) corresponde a uma 
isoforma que prevalece sobre as demais. No entanto, esse método 
apresenta a janela de detecção estreita, de apenas 24 horas após a última 
injeção do GH.
A segunda, por sua vez, utiliza a medição de marcadores sensíveis 
ao GH, baseando-se em alterações bioquímicas: aumento dos níveis 
séricos do IGF-I e do pró-peptídeo amino-terminal do procolágeno de 
tipo III por cerca de sete dias após uma dose de GH. Apesar desses 
marcadores biológicos não serem específicos, eles servem para o cálculo 
de uma fórmula conhecida como GH-2000 score method, a qual permite 
distinguir entre a elevação induzida pelo GH ou por outros estímulos.
Os efeitos colaterais do uso crônico são acromegalia, aumentao 
do risco de diabetes mellitus, hipertensão, cardiopatias e insuficiência 
renal aguda. Além de taquicardia, dor de cabeça, retenção de líquidos, 
deformação facial, irregularidades menstruais e impotência que são 
efeitos adversos mais frequentes.
Gonatrofinas
A gonatrofina coriônica humana é um hormônio produzido pela 
placenta durante a gravidez. Esse hormônio e seus análogos quando 
utilizado por homens causam a estimulação das células de Leydig dos 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
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testículos, aumentando a produção endógena de testosterona. Desde 
1987 seu uso é proibido pela WADA. Métodos baseados no imunoensaio 
e na espectrometria de massas foram desenvolvidos para o controle 
de doping com hCG. O uso abusivo e contínuo de hCG pode provocar 
ginecomastia em homens adultos.
Os hormônios luteinizantes apresentam a mesma função do hCG e 
são naturalmente produzidos pelas mulheres. A administração de LH tem 
sido associada a diversos efeitos adversos, por exemplo, ondas de calor, 
disfunção sexual e osteopenia. Podem ser detectados por imunoensaios 
e CLAE-MS.
Corticotrofinas
A corticotrofina (corticotrophin, ACTH) é um hormônio que 
atua sobre as células da glândula adrenal estimulando a síntese e a 
secreção de corticosteroides endógenos (por exemplo, o cortisol). Esse 
hormônio apresenta ações anti-inflamatórias e analgésicas, logo, seu 
uso está relacionado à melhora na recuperação do atleta e aumento do 
desempenho.
O uso a longo prazo pode acarretar sintomas semelhantes à 
síndrome de Cushing - hipertensão arterial, amenorreia, osteoporose, 
fraqueza muscular, ansiedade e síndromes psiquiátricas. Podem ser 
detectados por LC e UPLC.
Agonistas beta-2 adrenérgicos
Esses medicamentos são empregados para o tratamento de asma 
e bronquite crônica. Os efeitos anabólicos de β2-agonistas administrados 
oralmente em animais estão associados ao aumento de proteína do 
músculo esquelético em virtude da inibição da degradação de proteínas.
Medicamentos como o formoterol, salbutamol e salmeterol são 
permitidos somente por via inalatória e sob prescrição médica. 
Além dos efeitos anabólicos, a utilização desses broncodilatadores 
permite o aumento da oxigenação do organismo, dada a maior gasosa.
Os efeitos colaterais desde a tosse e irritação na garganta; passando 
por taquicardia, palpitações, broncoespasmos, tremores, nervosismo; 
Toxicologia Analítica: Clínica e Forense
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chegando à hipersensibilidade, angioedema, rash cutâneo, enxaqueca e 
broncoespasmo paradoxal. 
Hormônios e moduladores metabólicos
Inibidores da aromatase
A aromatase é um complexo enzimático responsável pela conversão 
de androgênios em estrogênios e são empregados em tratamentos de 
canceres estimulados pelos estrogênios. Os inibidores de aromatase 
podem ser divididos em duas classes: inibidores não esteroidais (por 
exemplo, anastrozol e letrozol); e, inibidores esteroidais (por exemplo, 
exemestano, formestano e testolactona). 
Isoladamente, essas substâncias são empregadas para aumentar a 
concentração de testosterona. No entanto, também podem ser empregadas 
para minimizar os efeitos colaterais de esteroides anabolizantes, pois 
atuam inibindo a aromatização dos esteroides anabolizantes (androgênios) 
que eleva os níveis de estrogênio e desencadeia efeitos indesejáveis, tais 
como retenção de água, ganho de gordura e ginecomastia.
Os inibidores da miostina são reguladores negativo de crescimento 
do tecido muscular e contribuem para a homeostase muscular. O pró-
peptídeo miostatina e a folistatina são dois potentes inibidores da 
miostatina.
Os moduladores

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