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Capítulo 7 Antimicrobianos: D esinf etan tes Maria Silvia Furquim de Azevedo Morgulis Helenice de Souza Spinosa Conceitos O emprego de substâncias químicas com a finalidade de combater os germes ganhou maior importância com os trabalhos de Pasteur, Koch e Lister, no final do século XIX, que demonstraram a origem mi- crobiana de várias doenças. Contudo, vale lembrar que mesmo antes do homem saber que várias doen- ças eram causadas por microorganismos, já fazia uso empírico de alguns produtos para o controle dos ger- mes. Hoje se sabe que muitos desses produtos devem suas propriedades antimicrobianas a substâncias quí- micas presentes em sua composição; como exemplo, pode-se citar uma mistura de gordura com cinzas, que permite obter um dos mais importantes agentes com atividade antimicrobiana utilizado até os dias de hoje: o sabão. Atualmente, nos sistemas de criação e manejo de aves, mesmo empregando medidas higiênicas rigo- rosas, torna-se imprescindível o uso de desinfetantes. Por outro lado, vale ressaltar que mesmo usando o melhor desinfetante, se as medidas higiênicas não forem adequadas, não é possível a manutenção da saúde e/ou prevenção de doenças dos animais. Por- tanto, as medidas de higiene se alinham a outras, como 0 emprego de vassoura de fogo, caiação, pedilúvio, rodolúvio, etc. 85•7241-576-9 A terminologia sobre substâncias químicas que possuem atividade antimicrobiana é um tanto confu- sa, surgindo denominações ora empregadas de modo abrangente, como sinônimos, ora com significado específico. Neste sentido, visando padronizar a ter- minologia, optou-se pelos seguintes conceitos: • Desinfetante: substância química que inibe ou mata microorganismos presentes em superfícies ou ob- jetos inanimados. • Anti-séptico: substância química que aplicada lo- calmente em tecidos vivos impedem a proliferação de microorganismos, quer inibindo sua multipli- cação, quer destruindo-os. • Germicida, biacida: termo amplo, referindo-se a substância que destrói microorganismos; pode tam- bém ter conotação mais restrita, como bactericida, fungicida, viricida. • Esterilização: consiste na destruição de todas as formas de vida existentes em um material, realiza- da por meios físicos (calor, filtração, radiações etc.) ou químicos (desinfetantes). • Desco,ntaminação:_ d_estruição ou acentuada redução do numero ou at1V1dade de microorganismos. • Desin(ec[ão: trat~ento físico ou químico que destrói a r::iaiona dos microorganismos na forma vegetativa (nao os esporos) de superfícies inanimadas. 1 1 106 Fi rm li ~ta Aplicada à At.'tcultura • Fumigarao: dispersão em recintos, sob a forma de parttculas, de agentes desinfetantes como gases, líquidos ou sólidos. • Sanitização: redução da carga microbiana numa superfície inanimada para um nível considerado aceitável para saúde pública. • Pasteurização: processo que destrói os microor- ganismos empregando temperatura relativamente baixa (65 a 100°C). • Assepsia: consiste na utilização de medidas para im- pedir a penetração de microorganismos num local estéril. • Anti-sepsia: emprego de um agente (anti-séptico) em tecidos vivos com o objetivo de impedir a ocor- rência de infecção. • Infecção: consiste na penetração e desenvolvimento de seres vivos no interior de outro ser vivo. • Infestação: desenvolvimento de seres vivos capazes de provocar ou transmitir doenças na superfície externa do corpo de outro ser vivo ou nos objetos e meio ambiente (por exemplo, artrópodes e roedores). A avaliação da eficácia dos desinfetantes e anti- sépticos, embora possa parecer simples, é bastante complexa. Esta avaliação inclui vários fatores, como resistência intrínseca dos microorganismos, o número de microorganismos presentes, populações mistas de microorganismos, quantidade de matéria orgânica presente (por exemplo, excreta, sangue, pus), concen- tração e estabilidade do agente, tempo e temperatura de exposição, pH, coeficiente de partição óleo-água do agente etc. Há ensaios padronizados e específicos para avaliação da atividade para cada indicação do agente, que tentam se aproximar o mais possível do emprego em condições reais. Um novo método de controle da limpeza, a Bioluminescência ATP, permite a avalia- ção imediata do nível de desinfecção de incubatórios, atendendo às exigências de programas como a Análi- se de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPC (Hazard Analyses and Criticai Contrai Point - HACCP). Esse método detecta a quantidade de ATP presente nas células dos microorganismos; um com- posto chamado luciferina entra em contato com 0 ATP e reage produzindo luz, que é observada num aparelho denominado luminômetro. A quantidade de luz produzida é proporcional à de microorganismos encontrados, permitindo uma rápida e eficiente ava- liação da contaminação. Além da avaliação da eficiência do desi e , . ali . nietan d desinfecção e preciso av ar o nsco tov: te e a ' ~colá . a os animais, fazendo uso de testes de to .. gic:o par da e crônica do agente em animais de latcidades agu l oratór" grau de irritação sobre a pe e, presença de , 10, , · . ~~du nos tecidos e ate mesmo no me10 ambiente. os Os desinfetantes são utilizados em avicultu . . . . ra coni o Principal obJetlvo de preverur o aparecimento de d nh d oen-ças e, ainda, ~umentar o ga, o e peso, diminuindo a conversão alimentar e o numero de aves cond d ena as durante O abate. No entanto, é preciso ressaltar d · fi - d li que além da esm ecçao e a mpeza, outras medidas d _ vem ser tomadas no sentido de impedir a contam· e ina- ção dos plantéis sadios que chegaram à granja. Entre as medidas adotadas está o chamado all-in all-out . ' ,que consiste na chegada à granp de todos os pintainhos com a mesma idade e saída de todos no mesmo dia diretamente para o abate, sendo as aves remanescente~ descartadas apropriadamente. Recomenda-se um pe- ríodo de 1 a 2 semanas para a limpeza e preparação das instalações e equipamentos para a chegada de um novo lote. Deve-se também evitar ao máximo o contato das aves confinadas com outras, como aves selvagens, a fim de evitar a transmissão de doenças. Normas Gerais para o Preparo de Instalações e Equipamentos para a Desinfecção Para a redução do risco de aparecimento de doenças nos plantéis tanto de postura como de corte, algumas providências são necessárias a fim de obter o melhor ' rendimento das aves que serão alojadas. Os mi- croorganismos causadores de doenças têm alta capa- cidade de reprodução em ambientes propícios, como na presença de matéria orgânica decorrente da falta d h. · · · 1 do e igiene. Assim, o galpão que não foi bem av_a , d 1Xa-com agua e sabão, os equipamentos que foram e dos com restos de ração água e medicamentos,ª fal- t d ' ·do na ª e controle sobre insetos e roedores, o descui r ~ impeza da vegetação ao redor das instalações eª P sen d , , aberto, ça e aguas represadas e dos esgotos a ceu • . . ·croor ena~ condições para a multiplicação de rni ganismos causadores de doenças em aves. b'• A · rece 1 maior preocupação do produtor para O ão d , d ·nfecÇ menta as aves e, portanto, a limpeza e a esi ti· d b" • ererrt 0 0 am iente, mstalações e equipamentos as 1241-s16- 9 85· ' d S Dessa forma, verificou-se que a im 1 liZll O • P an tação ..,.., período sem aves nos galpões auxilia d' . de UH• A • d . na im1 - .• 0 da ocorrencia e enfermidades no 1 1 nuiça . . , . , P ante . O ..,..,inado vaz10 samtano e o tempo , . denOH• - . m1nimo de d anso do galpao e das instalações en tre . esc uma ena- . e a chegada do novo lote de aves Est , d çao , . . · e peno 0 deve ser de, no mm1mo, 7 dias e tem por ob'e. . d , . . l ~ tivo liminar riscos e poss1veis c1c os de enfie ·d d e , rm1 a es. E, importante que nesse penodo não fiquem . . quais- quer aves _do lote anten~r no galpão. A seguir, procede-se a remoção de todos . , . os equi- pamentos e ute~s1hos do_ galpão, seguida de lavagemcuidadosa com agua, sabao, detergente e escova b , em como a remoção de toda poeira e crostas antes de serem desinfetados. Equipamentos, como cam- pânulas, não devem ser lavados com água corrente· devem ser limpos com pano úmido e detergente. Es~ ses materiais devem ser colocados ao sol não apenas para secar, mas também para, ao mesmo tempo, ser- vir de primeira desinfecção. A cama deve ser retirada do galpão tão logo as aves adultas deixem o local, e estas devem ficar distantes e amontoadas para processar a fermentação e assim matar os organismos patogênicos que possam estar eventualmente presentes neste material. A desinfecção das instalações inicia-se com a prévia limpeza completa de todo o galpão, varrendo-se as cor- tinas e as telas dos lados de dentro e de fora, varrendo-se telhas, tesouras, postes e laterais do galpão e piso. Deve- se também limpar a parte externa das instalações e quei- mar com lança-chama as penas dentro e próximas ao galpão. Após a destruição de restos de penas, procede-se à lavagem do galpão com bomba de alta pressão, usan- do sabão/detergente, para remover o restante da poeira e a sujeira que ficou e iniciar a desinfecção. Alguns produtos desinfetantes são sabões especialmente de- senvolvidos para essa fase da desinfecção. Se o piso do galpão for de chão batido, este deve receber um tratamento com soda cáustica na propor- Ç~o de 3kg para lOOL de água, para auxiliar o combate ª 1~setos e ovos de vermes e parasitas. Após essa pri- meira fase de limpeza, o galpão deve secar por, pelo menos, 2 dias e, em seguida, ter o piso, pilares, muretas, tesouras e telhas caiadas. A. desinfecção definitiva é feita usando-se produ- tos dis , · · d' ; ~ P0nive1s no mercado, de acordo com as m ica- Çoes for 'd d neci as pelo fabricante, e usando as osagens recorne d , . . n adas e os cuidados necessanos para evitar Corrosão d ' d d os equipamentos e assegurar a sau e as ' 85.7241-576.9 Antimicrobianos: Desinfetantes 107 av~s ~ dos aplicadores. Toda e qualquer substância qUimica utilizada na propriedade deverá ser possível de rastreamento. Neste sentido cada desinfetante utilizado na propriedade deve te/um formulário cor- respondente preenchido com informações relevantes, não apenas para auxiliar em caso de acidente, mas também em relação à manipulação e armazenagem do produto, e para se evitar possíveis contaminações de produtos avícolas por resíduos de substâncias quí- micas (ver exemplo de formulário no Anexo). Grupos Farmacológicos de Desinfetantes Usados em Avicultura Alcoóis Os alcoóis mais freqüentemente utilizados para a anti- sepsia e desinfecção são o álcool etílico ( etanol) e o álcool isopropilico (isopropanol). Ambos são libera- dos como desinfetantes para uso na produção de car- ne orgânica. Os alcoóis possuem atividade antimicrobiana rá- pida e de amplo espectro, especialmente contra bac- térias vegetativas, incluindo micobactérias, vírus e fungos, mas não são esporocidas. Embora não ma- tem esporos, são capazes de inibir a esporulação e a germinação destes. Por não possuírem atividade esporocida, esses compostos não são recomendados para esterilização, mas são utilizados na desinfecção de superfícies. Em geral, o álcool isopropílico é con- siderado um pouco mais eficiente contra bactérias e o álcool etílico mais potente contra vírus. Essas ca- racterísticas, no entanto, são dependentes da concen- tração do princípio ativo e do microorganismo em questão. O álcool isopropílico é mais lipofílico que 0 etanol, sendo menos ativo contra vírus hidrofílicos. A concentração bactericida ideal é de 60 a 90% por volume de água. Diversos produtos com álcool possuem também baixas concentrações de outros desinfetantes, como a clorexidina, que permanecem ativos após a evapora- ção, aumentando o efeito residual do produto. Outros se encontram associados a excipientes, entre os quais os emolientes (reduzem o efeito de ressecamento da pele induzido pelo álcool) que diminuem o tempo de evaporação do álcool, aumentando sua eficácia. t OS J,~rm 1. ! gw Aph, ,z./,1 à ,,f . ._,fr11/tum . • d d germicida Ape,_ar de ,1prc:1,entarem ampla am1 a e . a1 •· resentam 0 e de n..10 ... ercm corrosivos. os , coo1s ap . . d . f1 , . (devem ser con-mron, emente e ,crem m amave1s scn ,1dos cm locais frios e bem ventilados), de poss~- uem bai.xa .iti,;dadc residual decorrente da evaporaJªº e b.li.xa atividade em presença de matéria orgâ~ica. d · r. - de ms-No entanto, são excelentes para es1mecçao trumcntos e outros objetos pequenos. São caros para u~o geral em incubadoras. .... 'fi o Pouco se conhece sobre o mecanismo especi c de ação dos alcoóis, mas com base no aumento da sua cficáci.1 pela adição de água, acredita-se que cause1;1 dano na membrana e rapida desnaturação de protei- nas e conseqüente interferência no metabolismo e a lise celular. Aldeídos Dentre os aldeídos, o formaldeído e o glutaraldeído são os de maior importância e na avicultura são em- pregados tanto como desinfetantes como para esterili- zação de equipamentos. Não são corrosivos para metais, plásticos e borrachas. Esses agentes possuem amplo espectro de atividade contra microorganismos, incluin- do vírus; atuam alquilando grupos químicos existentes nas proteínas e nos ácidos nucléicos. A presença de matéria orgânica reduz sua atividade antimicrobiana. Embora sejam bastante eficazes, os aldeídos são irri- tantes e podem ser fatais se ingeridos, inalados ou ab- sorvidos pela pele. Além disto, o formaldeído é considerado um carcinógeno potencial. Em incubatórios, acredita-se que os aldeídos se- jam pouco eficientes por serem muito sensíveis ava- riações de pH. Portanto, a faixa de pH é responsável pelo espectro de ação e pelo tempo necessário para destruir os microorganismos. Por exemplo, uma pe- quena variação de pH pode resultar no aumento de até 5 horas para que o glutaraldeído mate um microorganismo como a E. coli. Formaldeído O formaldeído é um gás solúvel em água; encontra- se disp?nível em solução de 40% P/V em água (formalma a 100%). A solução de formaldeído a 8% em á~a possui amplo espectro de atividade contra bactén~s, fungos e vírus; a atividade esporocida pode I_evar ate 18 horas. Um~ solução a 4% de formaldeído e capaz de descontammar superfícies de mad · d d .. 1 eira e pare es e tlJO os contaminadas pelo Bacillus th . an racis. A 1 • dade de sua ação é aumentada por u ve oo O O Ola Sol - d ·sopropanol a 70 ¼>. metanol con--. U- çao e 1 ' "lº ag bili. dor pode estar presente na soluça~ ente esta za ' o aqu d r rrnaldeído, retardando sua polimeriza _ 0sa e 10 Çao e paraformaldeído. , . . rn O forrnaldeído geralmente e utilizado em . . av1cll} a quando outros desmfetantes falharam. p - tur . , . or ser •derado urn carcmogeno potencial poucas . d, cons1 . , . . 1n Us- trias optam por este prmc1p10 ativo para uso rof . , . d d d ine1- rna vez que ha necess1 a e e medid ro, u as de proteção aos trabalhadores expostos. . . A Tabela 7.1 mostra esquema de diluições d aso- lução aquosa de forrnaldeí_do a 40% P /V (formalina a 100%) para uso corno desmfetante. G lu taraldeído o glutaraldeído é um dialdeído (1,5-pentanodial). Emprega-se mais comumente soluções de glutaraldeído a 2% P N. A solução deve ser alcalinizada até um pH de 7,4 a 8,5 para ativação. Uma vez ativadas, as solu- ções têm prazo de validade de 14 dias, quando a ocor- rência de polimerização reduz sua atividade. Outras meios de ativação e estabilização podem aumentar 0 prazo de validade. As soluções ativadas são bactericidas, esporocidas, fungicidas e virulicidas, para vírus tanto lipofílicos quanto hidrofílicos. Possui maior atividade esporocida do que o formaldeído, porém sua atividade contra micobactérias pode ser menor. Sua atividade parece pouco afetada pela presença de matéria orgânica. Por outro lado, o pH do meio exerce influência impor- tante sobre sua eficiência. As soluções ácidas sãocon- sideradas mais estáveis, porém menos ativas contra os microorganismos. Em incubatórios, o uso do glutaraldeído tem a van- tagem possuir alta eficiência na presença de rnatéri~ orgânica, porém não é efetivo contra Aspergillus. E utilizado na concentração de 2%, sendo ativado em pH alcalino (8,0 a 8,5) antes da aplicação. Tabela 7.1 - Esquema de diluições a partir da solu~ão aquosa de formaldeído a 40% P/V (formalina a 1 O~ Formaldeído Formalina ~ % PIV % li a Agua Forman ~ o 40 Não diluída 1 00 50 20 50 50 75 10 25 25 90 4 10 10 95 __ 2 _____ _::S:.._ ______ s _ __;;::---- 85-7241 ·576-9 O glutaraldeído possui ainda a vantag d , em e ter ~u,to moderado, porem quando utilizad al • . - , , . o em tas -oncentraçoes e bastante toxico ao aplicad d 1. • _ or, po en- ío de1."Xar a pele de coloraçao escurecida A ( a· .. d d · presenta t,tmbém 1screta at1V1 a e residual. Clorexidina A clorexid~~a é um~ biguanida catiônica com hidrossolubihda~e- mu1~0 baixa. Utiliza-se O digli- conato de_ clorexidma h~dr~ss?lúvel em formulações à base de agua como ant1-septico. Apresenta ativida- de contra bactérias vegetativas e micoplasma e exerce atividade moderada contra fungos e vírus. Liga-se às membranas bacterianas, promovendo uma desorga- nização que leva à perda de componentes intra- celulares e a precipitação de proteínas citoplasmáticas. Mostra-se ativa em pH de 5,5 a 7,0. A clorexidina não é corrosiva, possui baixa capacidade de provocar irritação em tecidos e mucosas e tem moderada ativi- dade sobre matéria orgânica. O gliconato de clorexidina tem ação mais lenta do que os alcoóis, porém, em função de sua persistência, possui atividade residual quando utilizada repeti- damente, produzindo uma ação bactericida equivalente à dos alcoóis. Compostos Fenólicos O fenol não é mais utilizado, em razão de seu efeito corrosivo sobre os tecidos, toxicidade ao ser absorvido e efeito carcinogênico. Essas ações adversas são ate- nuadas pela formação de derivados, em que um átomo de hidrogênio aromático é substituído por um grupo funcional. Os compostos fenólicos mais freqüen- temente utilizados são: clorofeno, ortofenilfenol, timol cresol hexaclorofeno e triclosana. Com fre- ' ' qüência, utilizam-se misturas de derivados fenólicos com detergentes em formulações para limpeza e re- moção de material orgânico, o que pode diminuir a atividade do composto fenólico. Os compostos fenólicos atuam sobre o protoplasma das células bacterianas causando desnaturação e pre- cipitação de proteínas'. Possuem amplo espectro de ação, exercendo atividade bactericida (incluindo as micobactérias), fungicida e viricida, porém não pos- sui atividade esporocida. Podem ser usados como anti-sépticos e desinfe- tantes. Em geral, têm atividade residual, não são cor- 85·7241-576-9 Antimicrobianos: Desinfetantes 109 rosivos para metais e costumam ter atividade mes- mo na presença de matéria orgânica. Por outro lado, dependendo da concentração e do tempo de expo- sição podem ser irritantes para os tecidos e têm for- te odor. Halo gênios.· Iodo, Iodóforos e Cloro São usados como germicidas em vista de suas proprie- dades oxidantes; a presença de matéria orgânica e o pH alcalino reduzem sua eficiência. lodo e Derivados O iodo é altamente reativo, combinando-se com as proteínas (reação química ou adsorção), razão pela qual sua ação antimicrobiana é reduzida na presença de matéria orgânica. O iodo livre é pouco solúvel em água e, por isso, algumas preparações comerciais empregam substâncias para aumentar sua solubilidade. O iodo e seus derivados têm ação bactericida, fungicida e viricida, além de serem efetivos contra esporos bacterianos, quando em exposição prolonga- da (mínimo de 15 minutos). São usados como anti- sépticos tópicos e também como desinfetantes de instalações, equipamentos, utensílios e água de bebida de aves. As soluções alcoólicas ( tintura) e aquosa de iodo são utilizadas principalmente como anti-sépticas e evita-se seu uso como desinfetantes porque são corrosivas para utensílios de metal. São exemplos dessas soluções, a tintura de iodo ( contém 2% de iodo e 2,4% de iodeto de sódio em álcool de 44 a 50%), a solução de iodo (contém 2% de iodo e 2,4% de iodeto de sódio) e a solução concentrada de iodo ou solução de lugol (contém 5% de iodo e 10% de iodeto de potássio em solução aquosa). As soluções de iodo podem provocar reações de hipersensi- bilidade em alguns indivíduos, mancham a pele e os tecidos; em altas concentrações (superior a 3%) são irritantes e podem ser cáusticas quando usadas so- bre feridas cobertas por bandagens. Os iodóforos são complexos de iodo com um agente surfactante (diminui a tensão superficial da água), como a polivinilpirrolidona (PVP; iodo- povidona). Os iodóforos conservam as característi- cas germicidas do iodo; porém, são menos irritantes que as soluções de iodo e têm menor tendência a produzir hipersensibilidade cutânea; acrescente-se ' 1 to ~ i,· te amda. que O m 1 est , eis .t temperatura an~ ien ' menos M-adc pda Pff:'S("01i, .1 de mate na org.m1cn. mc- e p.\nl cv, n'let.11'-, quase inodoro,;; e 11 '10 tC\: d l\:lJem er unhz..1dos tanto como '- mo de ... mh: tJntc . o~ (. \ 1..l )S de doro podem ser inorg.inico,, COJ~O o x d > de d 1m e o hipodorito de sodio e de cã.lcm, e nu: , e mo ,111;, doramina~ (atualmente em desuso, serem co1Ndcrnda!,, e .:mcengenns). O dióxido de d , libera cloro e ox1genio nascente. O cloro cle- n ent.i.r. reagmdo com a ugua libera ácido hipocloroso {1-IOCl), que, por '-U3 ,·cz, tem a capacidade de pene- trar nJ cdu1J h.ictcriana e liberar o oxigênio nascente; este ultuno oxida componentes essenciais do proto- pl 1sm.1 bacteri.rno, cau~ando a morte celular. Acredi- t.1-se mm hem que o cloro possa inibir certos sistemas enzrnuti ... o~ vitais do metabolismo bacteriano, em particular. oxidando grupos sulfidrila de aminoácidos da b.1cteria ou, ainda, ligando-se a proteínas da mem- bran,l c.-clular ou do protoplasma da bactéria forman- do compostos tóxicos para a bactéria. O cloro tem bo,l ação contra as formas vegetativas de bactén.ls, porém é pouco efetivo contra esporos bacteriano::.; possui também atividade fungicida, a1gicida, prorozoocida e viricida. A atividade do clo- ro aument;l na presença de água quente ou fervente. I\ fr,mo em altas diluições o cloro é efetivo contra gr.rnde varied:'ldc de microorganismos, sendo relati- vamente atóxico nas concentrações recomendadas, fato que o torna útil para o tratamento da água para os consumos humano e animal. Além disto, o cloro é relarivamcnre barato, tem ação rápida e há facilidade na preparação, aplicação e na determinação de sua concentração. Por outro lado, o cloro é corrosivo para metais e roupas, tem odor forte e desagradável, podendo irri- tar as mucosas expostas aos seus vapores. Peróxidos Os pcróxidos possuem elevada atividade bactericida e amplo espectro contra bactérias, esporos, vírus e fungos, quando utiJízados em concentrações apropria- das. Têm a vantagem de que os produtos de decom- posição não são tóxicos e não afetam o meio ambiente. São poderosos agentes oxidantes, utilizados princi- palmente como desinfetantes e esterilizantes. São mais ·róxido de hidrogênio, o ácido idos o pe Per einprcw nato de potássio. a~ , . o e o pcnnanga cenc , 'd de Hidrogênio Perox1 o . , , 'd de hidrogênio (H2Ü2) e um desinfeta o pcrOXl o u· d b" n~ . ti quando ut iza o para o ~etos ina . te muito e 1caz b . A • n1~ t riais com aixo teor organ1co O nndos ou ma e . · s · . s que possuem as enzimas catai 1 icroorgamsmo . ase 11 .d degradam rapidamente este agente· e peroxi ase _ . A • , , os d degradação sao o mugenio e a agua. A. produtos e d H O s 1 - concentradas conten o 2 2 a 90% são so uçoes , . . _ . d r meios eletroqU1II11cos, estas sao diluídas prepara as po o l , d ·onizada a 6 e 3 ¾> e co ocadas em reci-emagua es1 , . . de uados permanecendo estave1s. As con-p1entes a q ' h"d A • - de peróxido de 1 rogenio a 1 O a 25% centraçoes , . _ oci'das Produtos a base de peroxido de hi-sao espor · drogênio apresentam custo moderado. Esse agente é liberado pela certificação de produtos orgânicos, embora não possa ser usado em contato direto com os animais ou com o solo. Ácido Peracético O ácido peracético (CH3COOH) é preparado co- mercialmente a partir do peróxido de hidrogênio a 90%, ácido acético e ácido sulfürico como catalisador. É explosivo na forma pura, sendo utilizado em solu- ções diluídas. É mais ativo do que o peróxido de hi- drogênio como agente bactericida e esporocida. O ácido peracético a 250 a 500ppm é eficaz contra am- pla gama de bactérias dentro de 5 minutos em pH 7, na temperatura de 20°C; esporos bacterianos são inativados entre 500 a 30.000ppm. São necessárias concentrações ligeiramente aumentadas na presença de matéria orgânica. As indústrias de processamento de alimento e be- bidas utilizam o ácido peracético como desinfetant~, uma vez que os produtos de degradação em alta di- luição não produzem odor e sabor desagradáveis, nem toxicidade, e, ainda não necessidade de lavagem. Permanganato de Potássio O permanganato de potássio é utilizado em avic~- tu · d , uri-ra misturado a formalina para formação e gas lizado para fumigação, na proporção de duas part;~ de formalina ( em volume) para uma parte de pe ma d · ~0 nurJl nganato e potássio (em peso). A fumigaça al ambiente é feita, colocando-se, inicialmente neste lodc )' u · · · alta O ' m recipiente resistente ( de cerâmica ou esrn conte d d' · nado ª n ° permanganato· a seguir é a iclO fi 1· ' anato orma ma (nunca se deve adicionar o permang Post eriormente, a formalina). O formald 'd , e, . e1 o e ge- rado rapidamente e todas as precauções ne , . cessarias P ara O uso deste produto devem ser tomad as. O permanganato de potássio é permitido como desin- fcerante para uso em produtos com certificaça-0 A • orgaruca. Surf actantes Os surfactantes são substâncias que contém dois grupame~tos em sua estrutura: um que repele água (hidrofób1co) e outro que a atrai (hidrofílico) . Depen- dendo da carga ou da ausência de ionização destes grupamentos, eles podem ser classificados como aniônicos, catiônicos, não iônicos ou anfóteros. Destes, os catiônicos, grupo que engloba os compostos de amô- nia quaternária, são os mais utilizados em avicultura ' isolados ou associados com outros princípios ativos. Surfactantes Aniônicos: Sabões Alguns surfactantes aniônicos na forma de sabões são utilizados em avicultura e apresentam, essencialmente, atividade contra bactérias Gram-positivas, porém fra- ca atividade contra bactérias Gram-negativas e áci- do-resistentes. Estes agentes mostram aumento de atividade em pH baixo, como 2, provocando a des- truição rápida das bactérias; por outro lado, a ativi- dade bactericida é perdida em pH superior a 3, restringindo o uso. O ácido fosfórico é o mais indica- do para reduzir o pH, potencializando a eficiência desses surfactan tes. Antimicrobianos: Desinfetantes 111 Surfactantes Catiônicos: Compostos de Amônia Quaternária Os compostos de amônia quaternária, além de possuí- rem excelentes propriedades antimicrobianas, são também excelentes limpadores de superfícies e deso- dorizantes. São utilizados tanto na limpeza inicial de equipamentos e galpões, como na desinfecção destes. Não são irritantes, corrosivos e apresentam baixa toxicidade. São mais efetivos em pH alcalino, são bons desinfetantes para uso em superfícies limpas e geral- mente apresentam baixo custo. No entanto, mostram eficiência reduzida na presença de matéria orgânica, de sabões ou detergentes aniônicos e em águas pesadas. Não são esporocidas e possuem atividade residual li- mitada dependendo do grau de contaminação. A maior limitação do uso destes compostos, espe- cialmente em incubatórios é a baixa eficácia contra fun- gos, especialmenteAspergillus. A ocorrência de resistência é possível após longos períodos de uso, especialmente a E. coli, Pseudomonas e Aspergillus. Para contornar esse problema, as moléculas têm sido alteradas dando ori- gem aos compostos de amônia quaternária de segunda, terceira ou quarta gerações. As preparações mais comuns dos compostos de amô- nia quaternária são aquelas contendo: cloreto de ben- zalcônio, cloreto de metilbenzetônio, cloreto de benzetônio, cloreto de cetildimetil-benzilamônio e clo- reto de cetilpiridínio. A Tabela 7.2 apresenta o nome comercial de al- guns desinfetantes comercializados no Brasil. Tabela 7.2 - Desinfetantes, espectro de ação e nome comercial de produtos registrados no Brasil Desinfetante Espectro de Ação Nomes Comerciais Clorexidina Amplo (B, F, V) Aerobac (assoe.), Digluconato de clorexidina. Hexivet (assoe.), Sterilan , Sterisept Cloro e derivados Compostos fenólicos Glutaraldeído lodo e derivados Peróxidos Surtactantes aniônicos (sabões) 8( urtactantes catiônicos compostos de amônia quaternária) Amplo {B, F, V) Amplo (B, F, V) Amplo (B, F, V, E) Amplo (B, F, V, E) Amplo (B, F, V) Curto (B, F) Amplo (B, F, V) Clorofenol desinfetante em pó (assoe.), Dióxido de cloro a 5% Benzophel Azul (assoe.), Cruzwaldina, Farm Fluid-Desinfetante (assoe.) AVT 500 (assoe.), Chemivex (assoe.), Cid 2~ (assoe.) , Farmasept Plus (assoe.), Glutaquat (assoe.), Glutaron 50 (assoe.), H1g1vex 50 (assoe.), Sanivex (assoe.) TH 4+ (assoe.) • Biofor (assoe.), lodoner, lodo Glicerinado A 2,5% Prado, lodopovidona Faeve, ldolan (assoe.), l_odol~n , !odonil, lodophor Chemitee 2,6% (assoe.), Lorasol (assoe.), M1croc1d, V1rodme (assoe.) Proxitane 1512 (assoe.) Biofor (assoe.), lodolan (assoe.~, lo?ofor Chemitee a 2,6% (assoe.), Lorasol (assoe.), Obazone (assoe.), V1rodme (assoe.). Amonex, _Amonex _T.A., Amônia Quaternária-Chemitec, Amônia Quaternária Sa~ebras, Amoml, ".,MO, AVT 500 (<;1ssoc.), Bromosept a 50%, CABO 100, cat1on ADB, Chem1vex (assoe.), Cid 20 (assoe.), Cleakil 1 oo, Eneragro, Farmasept 50, Farmasept 80, Farmasept Plus (assoe.), Friesol desinfetante Germon 5~ •. Germon 80, G~utaquat (assoe.), Glutaron (assoe.), Hexivet (assoe.), H1g1vex (assoe.), Kla1mex, Lavi-fen, Lebon 50, Quatermon, Samquat Sanivex (assoe.), TH 4+ (assoe.), Vancid 1 O, Vetasol ' B = bactérias; F = fungos; V= vírus; E= esporos; (assoe.)= associação. ss..7241 576 9 Teletone dl emergi
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