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Direito Civil

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Vanderlei Garcia Junior
COORDENADO:
Marcelo Hugo da Rocha
EDITORARIDEEL ◄ S E R I ERideel
I
Vanderlei Garcia Junior
• Doutorando em Direito Civil peta USR 
• Mesire em Direito pela FADISP e pela Univers - 
tá degli Studi di Roma II - Tor Vergata.
• Especialista em Direito 3rocessjal Civil pela 
EPIWSP e em D'reito Privado pela FDDJ/SP 
• Bacharel em Direito pela UNAERP/SP 
• Assesso' Jurídico do Tnbunal de Jusiga do 
Estado de Sao Paulo.
Vanderlei Garcia JuniorDR 101
COORDENADO:
Marcelo Hugo da Rocha
.EDITORAl&RIDEELOuem tem Rideel tem mais.
Expediente
Fundador 
Diretora Editorial 
Editoras
Editora Assistente 
Projeto Gráfico e diagramagáo
Italo Amadio (/n memoriam) 
Katia Amadio 
Janaina Batista 
Mayara Sobrane 
Mónica Ibiapioo 
Sergio A. Pereira
Dados lntemack»naJs de Catalogando na Publicando (CIP) 
Angélica Hacqua CRB-8/7057
García Junior, Vanderlei
Direito civil / Vanderlei García Jr . - 1 . ed. - Sáo Paulo : Rideel, 2021. 
(Rideel Flix / coordenado de Marcelo Hugo da Rocha)
ISBN 978-65-5738-185-4
1. Direito civil I. Titulo II. Rocha, Marcelo Hugo da III. Série
CDD 347
21-0190 CDD 347
índice para catálogo sistem ático:
1. Direito civil
© Copyright - Todos os direitos reservados á
B EDITORARIDEEL
Av. Casa Verde, 455 - Casa Verde 
CEP 02519-000 - Sáo Paulo - SP 
e-mail: sac© rideel.©om.br 
www.editorarideel.com .br
corroo* AfluuM
Proibida a reprodugáo total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou process© especialmente 
gráfico, fotográfico, fonográfico, videográfico, internet. Essas proibigóes aplicam -se também 
ás características de editoragáo da obra. A violagáo dos direitos autorais é punivel como crime 
(art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisáo e multa, conjuntamente com busca e 
apreensáo e indenízagóes diversas (artigos 102,103. parágrafo único, 104 ,105 .106 e 107, incisos 
I, II e III, da Leí n® 9.610, de 19/02/1998, Leí dos Direitos Autorais).
1 3 5 7 9 8 6 4 2 
0 1 2 1
DEDICATORIA
Ao meu Deus, pai amado e fiel, por estar sempre ao meu lado, aben^oando-me, guiando-me e oferecendo oportunidades de feli­cidades.Á minha amada esposa, Priscila Ferreira, razáo diária dos meus sorrisos, meu grande e verdadeiro amor.Aos meus amados pais, Sandra e Vanderlei, responsáveis por tudo, especialmente pelo amor incondicional e pelos valores, prin­cipios e ideáis transmitidos durante urna existéncia.
V
SOBRE O AUTORVanderlei Garda JuniorDoutorando em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de Sao Paulo (USP). Mestre em Direito pela Faculdade Autónoma de Direito de Sao Paulo (FADISP e pela Universitá de- gli Studi di Roma II. Especialista em Direito Processual Civil pela Escola Paulista da Magistratura (EPM/SP), com capacitado para o ensino no magistério superior. Pós-graduado em Direito Privado pela Faculdade de Direito Damásio de Jesus (FDDJ/SP). Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Ribeiráo Preto (UNAERP/SP). Professor da graduado e da pós-graduado em Di­reito na Universidade Nove de Julho (UNINOVE) e na FADISP. Pro­fessor curador e titular do programa de pós-graduado na Univer­sidade Presbiteriana Mackenzie. Professor convidado do programa de pós-graduado na Escola Paulista de Direito (EPD). Professor de cursos preparatorios para concursos públicos e Exame de Ordem. Professor convidado na Escola Judicial dos Servidores do Tribunal de Justina de Sao Paulo (EJUS/TJSP). Coordenador do programa de pós-graduado em Direito (Juizados Especiáis Cíveis) da Unileya. Membro e Secretário-Geral da Comissáo Permanente de Estudos de Processo Constitucional do Instituto dos Advogados de Sao Paulo (IASP). Membro efetivo do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), do Centro de Estudos Avanzados de Processo (CEAPRO) e do Instituto Brasileiro de Adm inistrado Judicial (IBAIUD). Membro fundador e vice-presidente do Instituto Brasil-Portugal de Direito (IBPD). Assessor Jurídico do Tribunal de Justina do Estado de Sao Paulo. Palestrante. Autor de livros e artigos jurídicos.
Vil
APRESENTAQAO DA SERIE RIDEEL FLIX
Qual é o primeiro livro em que todo aluno de Direito investe quando ingressa na faculdade? Provavelmente num Vade Mecum. Mas além dele, qual seria o outro ou os outros títulos? É difícil dizer, porque sao tantas disciplinas e professores durante o curso, que tai- vez a afinidade com eles levem a direcionar os estudos ao próximo livro a ser adquirido.Há alguns obstáculos, no entanto, que nossos alunos e leito- res reclamam quando desejam montar a própria biblioteca. Pre<¿o, linguagem, didática e praticidade sao alguns deles. A partir de nos- sa experiéncia em sala de aula e no mercado editorial, construimos urna série para ser a primeira cole^áo que todo aluno de Direito gos- taria de ter ñas suas prateleiras.A Série Rideel Flix traz as principáis disciplinas da graduado do Direito, bem como aquelas que mais sao presentes em editáis de concursos públicos e para o Exame da OAB. Com urna linguagem objetiva e direta, além da didática de sala de aula dos autores, todos professores renomados, apresenta os conceitos de forma clara e en- tendível, tudo o que o académico gostaria de ter.Sem dar muitos spoilers, o texto é complementado com esque­mas e quadros para facilitar a compreensáo e fixar o conteúdo. É urna cole^áo moderna, com urna diagrama^áo diferenciada e um for­mato leve, atendendo ao estudante de Direito e a todos aqueles que desejam aprender mais sobre esta ciéncia. Ademáis, sao 50 anos de experiéncia da Editora Rideel que validam a qualidade desta série.
Marcelo Hugo da Rocha Coordenador | @profmarcelohugo
IX
SUMARIO
Sobre o autor........................................................................................ Vil
APRESENTAQÁO DA SÉRIE RIDEEL FLIX.................................................IX
1 LEI DE INTRODUQÁO ÁS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO................ 11.1 Fontes do direito e critérios de integradoda norma jurídica.........................................................................................21.1.1 Integrado das leis...........................................................................51.1.2 Interpretado da le i........................................................................71.1.3 Revogado da lei.............................................................................. 81.1.4 Vacatio legis e vigéncia da lei......................................................91.1.5 Efeito repristinatório................................................................... 121.1.6 Conflitos intertemporal e interespacial das normas..... 131.1.7 Obrigatoriedade das leis.............................................................151.1.8 Aplicado da lei...............................................................................16
2 CÓDIGO CIVIL................................................................................... 202.1 Pessoas.............................................................................................................222.1.1 Conceito de personalidade jurídica...................................... 222.1.2 Inicio da personalidade jurídica da pessoa natural........222.1.3 Protedo jurídica do nascituro.................................................222.1.4 Capacidade de direito e capacidade de fato....................... 242.1.5 Emancipado....................................................................................342.1.6 Extindo da personalidade jurídica da pessoa natural ..352.1.7 Auséncia das pessoas naturais.................................................. 362.1.8 Comoriéncia................................................................................... 412.1.9 Direitos de personalidade..........................................................422.1.10 Direitos de personalidade no CC/2002................................. 432.1.11 Nome..................................................................................................452.1.11.1 Nome civil.................................................................45
XI
DIREITO c iv il - vanderlei Garcia Junior
2.1.11.1.1 Elementos constitutivos do nome civil................462.1.12 Individualizado da pessoa natural: estado e domicilio472.1.12.1 Estado......................................................................... 472.1.12.2 Domicilio....................................................................482.2 Pessoa jurídica............................................................................................502.2.1 Classificado....................................................................................512.2.2 Regulamentos................................................................................. 572.2.3 Desconsiderado da personalidade jurídica....................... 582.2.3.1 Requisitos...................................................................592.3 B ens...................................................................................................................612.3.1 Conceito........................................................................................... 622.3.2 Classificado dos bens................................................................ 632.4 Fatos e atos jurídicos............................................................................. 672.5 Atos ilícitos...................................................................................................782.6 Prescrido e decadéncia........................................................................822.6.1 Prescrido.........................................................................................822.6.2 Decadéncia...................................................................................... 832.6.3 Causas impeditivas e suspensivas da prescrido..............852.7 Obriga^óes.................................................................................................... 872.8 Contratos.....................................................................................................1192.8.1 Conceito......................................................................................... 1192.8.2 Principios contratuais................................................................1192.8.3 Principáis classificades contratuais..................................1282.8.4 Fases de formado dos contratos..........................................1322.8.5 Extindo dos contratos.............................................................1362.8.6 Arras ou sinais..............................................................................1412.8.7 Contratos em espécie.................................................................1432.8.7.1 Compra e venda..................................................... 143
XII
Sumario
2.8.7.1.1 Cláusulas especiáis do contrato de compra evenda.................................................................................. 1452.8.7.2 Doa<;áo........................................................................1472.8.7.3 Empréstimo...............................................................1522.8.7.3.1 Classifica^áo....................................................................1522.8.8 Vicios redibitórios....................................................................... 1542.8.9 Evicqáo............................................................................................. 1562.9 Atos unilaterais........................................................................................ 1572.10 Responsabilidade c iv il......................................................................... 1612.10.1 Conceito......................................................................................... 1612.10.2 Elementos da responsabilidade civil................................... 1612.11 Coisas..............................................................................................................1672.11.1 Conceito......................................................................................... 1672.11.2 Características dos direitos reais.........................................1672.11.3 Da posse...........................................................................................1682.11.3.1 Teorías da posse....................................................1692.11.3.2 Classifica<;áo da posse.........................................1702.11.3.3 Perda da propriedade e perda da posse.......1722.11.4 Direitos reais sobre coisa alheia........................................... 1792.11.4.1 Da superficie...........................................................1792.11.4.2 Das servidóes...........................................................1802.11.4.2.1 Classificacáo das servidóes.......................................1802.11.4.3 Dousufruto.............................................................1822.11.4.3.1 Formas de constituido...............................................1822.11.4.3.2 Dos direitos e deveres do usufrutuário................ 1832.11.4.3.3 Extingo do usufruto....................................................1852.11.4.4 Do uso........................................................................1862.11.4.5 Da habitado...........................................................1862.11.4.6 Do direito do promitente comprador...........1872.11.4.7 Das concessóes.......................................................188
XIII
DIREITO c iv il - vanderleí Garcia Junior
2.11.5 Usucapiáo.......................................................................................1892.11.6 Condominio...................................................................................1912.11.6.1 Do condominio em muitipropriedade(art. 1.358-B e seguintes do CC).....................1932.12 Direito de fam ilia.................................................................................. 1982.12.1 Formas de familias......................................................................1982.12.2 Casamento..................................................................................... 1992.12.3 Características principáis da separando judicial e dodivorcio............................................................................................2052.12.4 Regimes de bens..........................................................................2082.12.5 Bens incluidos e excluidos da comunháo..........................2102.12.6 Pacto antenupcial.......................................................................2122.12.7 Uniáoestável................................................................................2132.12.7.1 Características principáis..................................2132.12.8 Parentesco..................................................................................... 2152.12.8.1 Espécies de parentesco.......................................2152.12.8.2 Filiado......................................................................2162.12.9 Alimentos...................................................................................... 2192.12.9.1 Fontes da obrigaqáo alimentar....................... 2202.13 Sucessóes....................................................................................................2212.13.1 Aspectos gerais............................................................................ 2212.13.2 Formas de sucessáo................................................................... 2212.13.3 Sucessáo dos descendentes.................................................... 2242.13.4 Sucessáo do cónjuge..................................................................2252.13.5 Sucessáo dos ascendentes........................................................2262.13.6 Sucessáo na uniáo estável....................................................... 2272.13.7 Sucessáo testamentária........................................................... 2272.13.8 Testamento....................................................................................2272.13.8.1 Modalidades de testamento............................ 230
XIVSumario
2.13.9 Substituido e fideicomisso....................................................2342.13.10 Heran^a.......................................................................................... 234
REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................239
XV
1 LEI DE INTRODUJO AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIROCertamente, vocé já se deparou com o estudo da chamada Lei de In tro d u jo as Normas de Direito Brasileiro - LINDB e se indagou qual o sentido da existéncia dessa norma em nosso ordenamento jurídico. Na verdade, essa lei surgiu, em nosso sistema, com o nome de Lei de In tro d u jo ao Código Civil (a famosa LICC), no entanto, inúmeras discussóes surgiram a respeito da ap licado da referida legislado táo somente como norma introdutória ao Código Civil (Unicamente pelo nome adotado!), ou se, de fato, poderia incidir em todos os demais ramos do direito.Indubitavelmente, a LINDB é norma que se dirige a todos os ra­mos jurídicos salvo naquilo que for regulamentado de forma distinta por lei específica. Tanto é que a Lei n° 12.376/2010 alterou o nome de LICC para LINDB, selando de urna vez por todas essa discussáo e legiti­mando aquilo que já havia se fortalecido na doutrina e jurisprudéncia.No caso da LINDB, ao contrário das demais normas que pos- suem como objeto de estudo o comportamento humano, ela tem como objeto a própria norma, razáo pela qual recebe varias deno­m in a re s na doutrina, como norma de sobredireito ou um conjun­to de normas sobre normas. Recebe, ainda, outras denom inares, tais como “ lei das leis”, “normas das normas”, “norma de superdirei- to”, lex legum, entre outras.Veja quais sao os temas principáis regulamentados pela LINDB:
LINDB
A lei de introdujo trata dos seguintes assuntos:
- Vigéncia e eficácia das normas jurídicas.
- Conflitos da lei no tempo e no espago.
1
DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
LINDB
- Critérios de hermenéutica jurídica (é a ciéncia que trata da 
interpretagáo das leis).
- Mecanismos de integragáo do ordenamento jurídico (analo­
gía, costumes, principios gerais do direito e equidade).
- Normas de direito internacional privado (arts. 7Q a 19)
- Normas sobre seguranga jurídica e eficiéncia na criagáo e 
na aplicagáo do direito público (arts. 20 a 30 - acrescenta- 
dos pela Lei nc 13.655/2018)
1.1 Fontes do direito e critérios de integrado da norma 
jurídicaPrimeiro, para prosseguirmos ao estudo da integragáo da nor­ma, necessitamos analisar os mecanismos de integrado da norma, ou seja, as possibilidades previstas no sistema para solucionar as lacunas existentes na própria norma. No entanto, para que possamos estudá- -las, é imprescindível verifícarmos as chamadas “fontes de direito”.Entendemos como fontes do direito a origem das normas que devem ser seguidas para a m anutengo do convivio harmónico em sociedade e para regulamentar o convivio social, buscando, aínda, a pacificado social.Como fonte primária no Direito Brasileiro, especialmente diante da origem do nosso sistema de tradigáo romano-germánica, ou seja, adotando-se a escola da Civil Law, razáo pela qual a Lei é a fonte primária, sendo ela a principal fonte do direito. É o preceito jurídico escrito, emanado do legislador e dotado de caráter geral e obrigatório, sendo considerado como toda norma geral de condula que disciplina as relagóes de fato incidentes no direito, cuia obser­vancia é imposta pelo poder estatal.
2
1 LEI DE INTRODUJO AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO
Ademáis, a própria LINDB, em seu art. 4Ü, delimita que o judi- ciário, por meio do juiz, deverá decidir com base nos costumes e os principios gerais do direito, quando a lei for omissa, sendo estes as principáis fontes formáis do direito.Portanto, verificamos importante reflexo desse entendimento o principio da legalidade constante no art. 5°, II, da CF/1988.Dessa forma, temos as fontes secundárias do direito, assim entendidas como aquetas que nao criam a norma jurídica, mas táo somente se prestam a interpretá-las ou a integrá-las em caso de omissáo ou de auséncia de norma, sendo elas: a analogía, os costu­mes, os principios gerais do direito, a doutrina e a jurisprudéncia.Importante: no direito brasileiro a analogía é mera regra de integrado, náo fonte do direito.Diferentemente da escola Common Law, de origem medieval, em que os precedentes judiciais constituem a principal fonte do di­reito, no nosso sistema a Lei cria a norma jurídica. Entretanto, in­clusive, há urna tendéncia, no nosso ordenamento, de aproximar nosso modelo ao tradicional modelo de common law, pois, diante da EC n° 45/2004, que incluiu o art. 103-A na CF/1988, mencionando a aprovaqáo da súmula vinculante, que, a partir de sua publicado da Imprensa Oficial, traz seus efeitos aos demais órgáos do Poder Judi- ciário e á adm inistrado pública direta e indireta, em todas as esferas.Assim, temos:• O Supremo Tribunal Federal poderá, de oficio ou por provoca­d o , mediante decisáo de dois tercos dos seus membros, após reiteradas decisóes sobre matéria constitucional, aprovar súmu­la que, a partir de sua publicado na Imprensa Oficial, terá efeito vinculante em relad o aos demais órgáos do Poder Judiciário e á adm inistrado pública direta e indireta, ñas esferas federal, esta-
3
DIREITO c iv il - vanderleí Garcia Junior
dual e municipal, bem como proceder á sua revisáo ou cancela- mentó, na forma estabelecida em lei.• A súmula terá por objetivo a validade, a interpretado e a eficá- cia de normas determinadas, acerca das quais haja controversia atual entre órgáos judiciários ou entre esses e a adm inistrado pública que acarrete grave inseguranga jurídica e relevante mul­tip licad o de processos sobre questáo idéntica. (Incluido pela EC nü 45, de 2004)• Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprova^áo, revisáo ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a a d o direta de inconstitucionalida- de. (Incluido pela EC nü 45, de 2004)• Do ato administrativo ou decisáo judicial que contrariar a súmu­la aplicável ou que indevidamente a aplicar, cabera reclam ado ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anula­rá o ato administrativo ou cassará a decisáo judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicado da súmula, conforme o caso.Nota: Observe que o Código de Processo Civil incrementou o sistema Common Law, por exemplo, o art. 926 do CPC, prevendo que os Tribunais devem uniformizar sua jurisprudéncia e manté-la estável, íntegra e coerente. Aqui, podemos afirmar que é o conjunto de decisóes reiteradas, constantes e pacíficas de casos semelhantes da norma a situ ad o fática, formando a jurisprudéncia.Logo, após a concepdo da lei como fonte do direito, mas náo exclusiva - arts. 103-A da CF/1988 e 926 do CPC - a lei das leis, LINDB, prevé as regras relativas á vigéncia da lei no tempo, desde o nascimento da norma, a sua ap licad o ató sua revogagáo.
4
1 LEI DE INTRODUJO Á8 NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO
1.1.1 Integrado das leisImportante mencionar que interpretado normativa se distin­gue da integrado das normas urna vez que esta nao tem por objetivo buscar o real ou verdadeiro significado (sentido) da norma.É igualmente relevante verificar que as lacunas nao sáo do di- reito, mas sim das leis, ou seja, aínda que as leis possuam lacunas, “ buracos”, falhas legislativas, o direito vem justamente no sentido de proporcionar formas de preenchimento. Assim, a integrado das leis vis, justamente, o complemento de tais lacunas, mediante a rea­liza d o de urna atividade de colm atado, sendo vedado ao magistra­do deixar de julgar alegando lacuna ou outro motivo - non liquet, nos termos do art. 140 do CPC.Dessa forma, temos a possibilidade de ap licado e julgamen- to de acordo com a analogía, os costumes e os principios gerais do direito (art. 4o da LINDB), especialmente atendendo aos fins sociais a que se destina (art. 5Ü da LINDB). Podemos, ainda, acrescentar a jurisprudencia, a doutrina e a equidade como outras formas de inte­grado da norma, ainda que nao especificadas pela LINDB.A integrado, pois, será urna técnica utilizada sempre que o aplicador da lei nao encontrar, no sistema jurídico, urna lei que regu­le específicamente urna situ ad o concreta, ressaltando que o nosso ordenamento nao permite que um direito deixe de ser assegurado ao jurisdicionado por falta de norma legal específica.Desse modo, utilizar-se-á, segundo a LINDB, de trés métodos:a) Analogía: técnica por meio da qual se aplica a um caso nao previsto em lei urna norma que regule caso semelhante.b) Costumes: prática reiterada e uniforme de determinada con- duta pelos membros da comunidade com fundamento na con- v ic d o de sua obrigatoriedade.
5
DIREITO CIVIL - vanderlei Garcia Juniorc) Principios gerais de direito: principios ou enunciados dp valor genérico e abstrato, normalmente nao previsto de modo expresso na lei e que orientam a compreensáo do ordenamen- to jurídico.________________________________________________________________ ^Temos, inclusive, como fonte do direito e como meio de inter­pretado das normas:a) Doutrina: posicionamento, pesquisas, pareceres e interpre­t a r e s apresentados pelos cientistas e estudiosos do Direito.b) Jurisprudéncia: decisóes reiteradas, constantes e pacíficas dos Tribunais sobre determinada matéria, incluindo as súmu­las de entendimento dos respectivos Tribunais.c) Equidade: adaptado da regra ao caso concreto, sujeitando o julgamento realizado ao senso pessoal do julgado (critério de, justi^a).____________________________________________________________________ ,Aplicado da norma jurídica no tempo: arts. 6° da LINDB e5o, X X X V I, da CF/1988.O art. 6° da LINDB determina que a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, sempre respeitando o ato jurídico perfeito (§ Io), o direito adquirido (§ 2°) e a coisa julgada (§ 3o).Ou seja, a lei nao será aplicável aos casos pendentes ou futu­ros. Iá aos pretéritos, só nao se aplica se houver ofensa ao que está disposto em relad o ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e á coisa julgada.Dessa maneira, temos: ̂- Ato jurídico perfeito: é o já consumado segundo a lei vigen- ̂te ao tempo em que se efetuou.- Direito adquirido: é aquele exercido por seu titular; já in­tegrado, incorporado, definitivamente, ao seu patrimonio e á sua personalidade. Ex.: aposentadoria.
6
1 LEI DE INTRODUCE) AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO- Coisa julgada: é a decisáo judicial em que já náo caiba mais recurso.v__________________________________________________________________________________ /
1.1.2 Interpretado da leiInterpretar é buscar o real alcance e sentido da norma, diante de urna realidade apresentada pelas leis, ou pelo próprio processo legislativo, no qual há efetiva necessidade de se analisar qual a real in te n s o do legislador.Na verdade, podemos apresentar varias formas de interpretado:
Quanto ás 
fontes
Quanto 
aos meios
Quanto a 
extensáo
Interpretado da leí
Auténtica Quando realizada pelo legislador, no momento de edigáo da norma.
Doutrinária Quando realizada pelos estudiosos do Direito
Jurispru­
dencial Quando realizada pelos órgáos do Poder Judiciário
Gramatical
(Lógica)
Consiste em buscar o real sentido do texto legal, a partir 
das regras lingüísticas gramatical.
Lógica
Consiste na busca do significado da norma nos fatos e 
motivos políticos, históricos e ideológicos que culmina- 
ram na sua criagáo; busca-se, por meio de um raciocinio 
lógico, o porqué das normas.
Ontológica É a busca cela esséncia da lei, da sua razáo de ser (ratio legis).
Histórica
Consiste no estudo das circunstancias fóticas que envol- 
veram a elaborado da norma, procurando o real sentido 
do texto legal.
Sistemá­
tica
É a comparagáo entre a lei atual, em varios de seus dis­
positivos e outros textos legáis atuais ou anteriores.
socioló­
gica ou 
Teleológica
Busca interpretar de acordo com a adequapao da lei ao 
contexto da sociedade e aos fatos ou fins sociais da norma,
Declara­
toria
É a interpretado nos exatos termos do que consta da lei, 
sem amoliar ou restringir o conteúdo do texto legal.
7
DIREITO CIVIL-Vanderlei Garcia Junior
Extensiva
Amplia-se o sentido do texto legal, sob o argumento de 
que o legislador disse menos do que pretendía, sendo 
relevante ressaltar que as normas que restringem a 
liberdade, caso da autonomía privada (liberdade contra- 
tual), e as normas de excegáo, em regra, nao admitem 
mterpretagao extensiva.
Restritiva Restringe-se o texto legal, eis que o legislador disse mais do que pretendia.
1.1.3 Revogagao da leiRevogar significa tomar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade. Dessa forma, temos que:a) a norma jurídica perde a vigéncia porque outra norma veio modificá-la ou revogá-la;b) a norma jurídica é permanente e só poderá deixar de surtir efeitos se a ela sobrevier outra norma que a revogue.Principio da continuidade ou permanéncia da norma: impor­tante principio em matéria de vigéncia/revogagáo da norma em nosso sistema. Assim, se a lei superou o seu período de vacado legis e entrou em vigor, permanecerá em vigor até que outra lei a retire do sistema.Meio comum para se retirar a eficácia de uma norma jurídica, podendo ocorrer sob duas formas:
Revogagáo
Ciassificadas
a) Revogagáo total ou ab-rogagáo: ocorre quando se torna sem
efeito uma norma de forma integral, com a supressáo total do 
seu texto por uma norma emergente. Ex.: Código Civil de 1916, 
revogado pelo art 2.045 do CC/2002.quemo a sua 
extensáo b) Revogacáo parcial ou derrogagáo: ocorre quando uma l e í nova 
torna sem efeito parte de uma lei anterior, como ocorreu com a 
parte primeira do Código Comercial, conforme art. 2.045, segun­
da parte, do CC/2002.
8
1 LEI DE INTRODUCE) AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO
Classificadas
a) Revogagáo expressa ou direta: situagao em que a lei nova 
taxativamente declara revogada a lei anterior ou aponta os 
dispositivos que oretende retirar.
b) Revogagáo tácita ou 
indireta: situagao em 
que a lei posterior é 
incompatível com a 
lei anterior, no entanto 
sem previsao expressa 
no texto quanto á sua 
revogagáo.
b.1) Revogagáo tácita por incompati- 
bilidade: ocorre quando a lei nova 
é incompatível em suas regula- 
mentagóes com a lei anterior
b.2) Revogagáo tácita global: quando 
a lei nova regulamenta inteira- 
mente urna matéria tratada por 
lei anterior.Cuidado: ultratividade da lei é o poder (ou a possibilidade) que ela possui de vir a ser aplicada (produzir efeitos), após a sua revogagáo, ao fato produzido sob a sua vigéncia e em se tratando de determinadas matérias. Como ocorre com as leis excepcionais ou temporarias.Lei excepcional é aquela criada para viger durante determi­nadas situagóes, tais como calamidades públicas, guerras etc.Lei temporária é aquela que já “nasce” sabendo o prazo de vigéncia e a data de quando sairá do sistema, ou seja, quando irá “morrer”. Ex.: Lei Geral da Copa - Lei nQ 12.663, de 5-6-2012. “Art. 36. Os tipos penáis previstos neste Capítulo teráo vigéncia até o dia 31 de dezembro de 2014”.Autorrevogabilidade (autorrevogáveis): nao precisam de outra lei para revogá-las, pois urna tem período condicional (até que termine a excepcionalidade) e a outra tempo determinado (até o tér­mino previsto desde sua criagáo).
1.1.4 Vacatio legis e vigéncia da leiSendo sancionada, a lei deverá ser publicada no órgáo oficial. Após a publicado, inicia-se o prazo de vigéncia, sendo este especi-
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
ficado na propria lei que foi sancionada ou nao. A partir desse mo­mento, se a lei estabelece um prazo para entrar em vigéncia, inicia- -se o período chamado de vacatio legis.Vacatio legis é o prazo de vacáncia (suspensáo) da norma para que ela seja estudada, analisada, interpretada antes que se torne obrigatória e exigível. É o período, pois, entre a publicado e o efe- tivo inicio dos efeitos da lei, ou seja, é o intervalo entre a data da publicado da lei e a sua entrada em vigor.Assim dispóe o art. l ü da LINDB: “Salvo dispos i <¿áo contrária, a lei cometaa vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”.Ou seja, no Brasil, no siléncio da lei, determina a LINDB que ela vigorará após 45 dias depois de oficialmente publicada, exceto se, na própria lei, tiver disposi^áo contrária.Iá nos Estados Estrangeiros, em caso de omissáo na lei, a sua obrigatoriedade inicia-se no prazo de 3 (trés) meses após oficial­mente publicada (art. 1°, § 1Q, da LINDB).Portanto, a regra é a de que a própria norma estabele^a o seu período de vacáncia, tal qual ocorreu com o próprio Código Civil de 2002, o Código de Processo Civil de 2015 etc.Ex.: o período de vacáncia será aquele previsto pela própria lei. Art. 2.044 do CC/2002: “Este Código entrará em vigor um ano após a sua publicado”.Nota: Para contagem do prazo, inclui-se a data da publicado no Diário Oficial e do último dia do prazo. Entrará em vigor no dia subsequente da consum ado integral, art. 8°, § 1°, da LC nQ 95/1998.• A vigéncia da lei será indicada de forma expressa e de modo a con­templar prazo razoável para que déla se tenha ampio conhecimen- to, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicado” para as leis de pequeña repercussáo. (art. 8Ü da LC nQ 95/1998)
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1 LEI DE INTRODUCE AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO
• A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabele^am período de vacáncia far-se-á com a inclusáo da data da publicado e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente á sua consumado integral. Dessa forma, a contagem do prazo de vacatio legis incluí o dia da publicado e o último dia do prazo.Lei corretiva: observe que, se, antes de entrar a lei em vi­gor, ocorrer nova publicando de seu texto, destinada á correado de texto de lei, o prazo de vacatio da lei com eará a correr a partir da nova publicando (art. Ia, § 3Q, da LINDB).Isso porque, considerando as correnóes realizadas no texto de lei que ainda nao estiver em vigéncia, por eventual equívoco em sua redando, incorrenóes ou erros materiais, deverá ser a lei obriga- toriamente republicada.Porém, caso a lei já esteja em vigor, tais alterantes seráo consideradas como lei nova (art. 1Q, § 4Q, da LINDB).Atenndo: Quanto aos prazos, náo se aplica o disposto no art. 132 do Código Civil, pois este é exclusivo aos cumprimentos obri- gacionais, dispondo que, salvo disposindo legal ou convencional em contrario, computam-se os prazos, excluido o dia do comeno, e in­cluido o do vencimento.Dessa forma, veriflca-se que a obrigatoriedade da lei nao se inicia com a sua publicando, salvo se tiver disposindo expressa nesse sentido.Para melhor compreensdo, veja o quadro a seguir quanto ao termo inicial e exemplos:
Termo inicial Exemplos
Quando ela mesma indicar 
da data da publicapao ou 
orevisáo expressa.
Art 2.044 do CC de 2002
Este Código entrará em vigor um ano após a sua
publicando
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Termo inicial Exemplos
45 dias corridos, no caso 
de falta de previsáo.
Lei Municipal - Publicagao no Diárío Oficial do Municipio, 
Lei Estadual - PubJicagáo no Diario Oficial do Estado. 
Lei Federal - Publicagao no Diário Oficial da Uniao.
Territorio estrangeiro 
(art 1° § i0,da LINDB).
Vacatio de trés meses, em caso de omissáo na lei de 
prazo.
1.1.5 Efeito repristinatórioO efeito repristinatório é aquele pelo qual uma norma revogada volta a valer no caso de revogagáo da sua revogadora.Assim, temos:1) Norma A = válida.2) Norma B (revogadora) = revoga a Norma A (ou seja, a retira do sistema).3) Norma C (posterior) = revoga a Norma B.4) Questiona-se: a Norma A (revogada) volta a valer com a revogagáo (pela Norma C) da sua Norma revogadora (no caso, a Norma B)?Resposta: nao, porque nao existe e nao se admite o efeito re­pristinatório automático no nosso sistema.Acompanhe nosso esquema a respeito da repristinagáo:
~ Revoga ------- j ------ RevogaX \ \ / \/ b ife /r X
Náo restaura a LEI A.
Exceto se EXPRESSO.Nesse sentido, o art. 2Q, § 3Q, da LINDB dispóe que, salvo dispo- sigáo em contrário, a lei revogada náo se restaura por ter a lei revo-
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1 LEI DE INTRODUgAO AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO
gadora perdido a vigéncia; justamente por esse motivo, ressaltamos que náo existe restaurado imediata e automática da lei revogada em nosso sistema!Assim, cuidado: o efeito repristinatório náo é automático no nosso ordenamento jurídico, porque somente será possível me­diante cláusula expressa constante na lei posterior que revoga a lei revogadora.Contudo, em algumas s itu a re s previstas, excepcionalmen­te, na nossa legislad o, a lei revogada volta a viger quando a lei re­vogadora for declarada inconstitucional ou quando for concedida a suspensáo cautelar da eficácia da norma impugnada (art. 11, § 22, da Lei nQ 9.868/1999).
1.1.6 Conflitos intertemporal e interespacial das normasAntinomia: é a presenta de duas normas conflitantes, váli­das e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual délas merecerá a p lic a d o em determinado caso concreto.Cuidado para náo confundir antinomia (conflito de normas) com anomia, que é a auséncia de normas a respeito de determinado tema ou, ainda, podendo ser considerada como a existéncia de nor­ma regulamentadora, no entanto, sendo inaplicável ou náo sendo eficaz dentro do sistema, seja porque a sociedade náo lhe reconhece, seja porque, de fato, náo possui aplicado concreta.Para solucionar os casos de antinomia, isto é, de conflitos exis­tentes entre normas válidas e eficazes, a doutrina apresentou alguns critérios para a so lu d o de conflitos.Critérios para soludo das antinomias:1° critério - cronológico: norma posterior prevalece sobre nor­ma anterior (mais fraco).
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DIREITO CIVIL-Vanderlei Garcia Junior
T critério - da especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral (intermediário).3̂ critério - hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior (mais forte).____________________________________________________Temos, ademáis, a graduado das antinomias, de acordo com a necessidade de sua solugáo, ou seja, se, para solucionar o confli- to, houver a necessidade de u tilizad o de apenas um critério entre aqueles indicados (cronológico, hierárquico ou da especialidade), estaremos diante de urna chamada antinomia de Io grau.Entretanto, se utilizarmos de dois dos critérios anteriores (hie­rárquico + cronológico; cronológico + especialidade; hierárquico + especialidade), estaremos diante de urna antinomia de 2° grau.Por outro lado, as antinomias poderáo ser aparentes ou reais, assim classificadas de acordo com a possibilidade ou nao de resol­ver o conflito utilizando-se dos critérios anteriormente indicados. Logo, sendo possível a re so lu to do conflito de acordo com tais cri­térios, trata-se de urna antinomia real; caso contrário, se nao houver a possibilidade de re so lu to , a antinomia será real.
Antinomia de 1o grau: conflito de normas válidas que envol- 
ve apenas um dos critérios anteriormente estudados.
Antinomia de 2® grau: choque de normas válidas que envol- 
ve dois dos critérios analisados.
Antinomia aparente: possibilidade de solugáo de acordo 
com os critérios anteriormente estudados.
Antinomia real: situagáo que nao pode ser resolvida de 
acordo com os critérios expostos.
1 LEI DE INTRODUgAO AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO1. Conflito entre norma posterior e norma inferior, valerá a primeira, pelo critério cronológico: antinomia de primeiro grau aparente.2. Conflito entre norma especial e norma geral, prevalecerá a especial, pelo critério da especialidade: antinomia de pri­meiro grau aparente.3. Conflito entre norma superior e norma inferior, prevale­cerá a primeira, pelo critério hierárquico: antinomia de pri- meiro grau aparente.___________________________________________a) Conflito entre norma especial anterior e norma geral posterior - valerá a primeira, pelo critério da especialida­de: antinom ia de segundo grau aparente.- Especialidade e cronológico: especialidade.b) Conflito entre norma superior anterior e norma infe­rior e posterior - prevalecerá tambéma primeira, pelo cri­tério hierárquico: antinomia de segundo grau aparente.- Hierárquico e cronológico: hierárquico.c) Conflito entre norma geral superior e norma espe­cial e inferior: antinomia de segundo grau real. Qual prevalecerá?- Solu^áo Legislativa: edi<;áo de urna terceira norma, apontan-do qual das duas em conflito deve ser aplicada.- Solu^áo do Judiciário: ocorre quando o magistrado escolhe urna das duas normas, aplicando as formas de integrado dos arts. 4Q e 5° da LINDB, buscando o preceito máximo de Justina.
1.1.7 Obrigatoriedade das leisSegundo a Lei de In tro d u jo , ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que náo a conhece (art. 3o da LINDB).
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DIREITO CIVIL-Vanderlei Garcia Junior
Referida disposi^áo legal visa garantir a eficácia global as leis, a partir do momento em que entram em vigéncia em nosso ordena- mento jurídico (neminem excusat ignorantia legis).
Trés teoricis justificam a obrigatoriedade das leis
a) teoría da presungio 
legal (jure ef ju re )
Presume-se que a leí, urna vez publicada, torna-se 
conheclda de todos
b) teoría da ficgáo 
jurídica
Pressupóe, de forma hipotética, que a leí torna-se 
conhecida de todos.
c) teoría da necessidade 
social
Sustenta que a lei é obrigatória e deve ser cumprida por 
todos, nao por motivo de um conhecimento presumido 
ou ficto, mas por elevadas razóes de interesse público, 
para que seja possível a convivéncia social
1.1.8 Aplicapao da leiA respeito das chamadas regras de direito internacional priva­do, importante verificarmos, nesse ponto, a incidéncia das normas em caso de ocorréncia de determinados fatos, especialmente diante do conflito entre normas “nacionais”, ou seja, do ordenamento jurí dico pátrio, e aquelas de direito internacional. Qual seria, portanto, a legislado incidente em caso de casamento, o b lig a te s , bens ou de morte de estrangeiros ou de brasileiros, quando ocorrido em territo­rio nacional ou estrangeiro?Assim, nos termos dos arts. 7° a 13 da UN DB, temos:1. Pessoas e personalidade: a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o cometo e o fim da per­sonalidade, o nome, a capacidade e os direitos de familia,a) Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e as for­malidades da celebrado.
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1 LEI DE INTRODUJO AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIROb) O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de am­bos os nubentes.c) Tendo os nubentes domicilio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimonio a lei do primeiro domicilio conjugal.d) O regime de bens, legal ou convencional, obedece á lei do país em que tiverem os nubentes domicilio, e, se este for diverso, a do primeiro domicilio conjugal.e) O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuéncia de seu cónjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalizado, se apostile ao mesmo a ad o d o do regime de comunháo parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada essa ad o d o ao competente registro.f) O divorcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cónjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Bra­sil depois de 1 (um) ano da data da senten<¿a, salvo se houver sido antecedida de separado judicial por igual prazo, caso em que a hom ologado produzirá efeito ime- diato, obedecidas as condi^óes estabelecidas para a efi- cácia das senten<;as estrangeiras no país.g) O Superior Tribunal de Justina, na forma de seu regimen­tó interno, poderá reexaminar, a requerimento do inte- ressado, decisóes já proferidas em pedidos de homologa­d o de sentencias estrangeiras de divorcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legáis.h) Salvo o caso de abandono, o domicilio do chefe da familia estende-se ao outro cónjuge e aos filhos nao emancipa­dos, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
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DIREITO c iv il - vanderlei Garcia Junior
i) Quando a pessoa nao tiver domicilio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residéncia ou naquele em que se encontré.2. Bens: para qualificar os bens e regular as rela^óes a eles con­cementes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.a) Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o pro- prietário, quanto aos bens movéis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.b) O penhor regula-se pela lei do domicilio que tiver a pes­soa, em cuja posse se encontré a coisa apenhada.3. O b ligates: para qualificar e reger as obriga^óes, aplicar- -se-á a lei do país em que se constituírem.a) Destinando-se a obriga^áo a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.b) A obriga<;áo resultante do contrato reputa-se constitui­da no lugar em que residir o proponente.4. Sucessáo (morte ou auséncia): a sucessáo por morte ou por auséncia obedece á lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situa^áo dos bens.a) A sucessáo de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em beneficio do cónjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que nao Ihes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.b) A lei do domicilio do herdeiro ou legatário regula a ca- pacidade para suceder.
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1 LEI DE INTRODUJO AS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO5. Pessoas jurídicas: as organizares destinadas a fins de in- teresse coletivo, como as sociedades e as fu n d a re s , obe- decem á lei do Estado em que se constituírem.a) Nao poderáo, entretanto, ter no Brasil filiáis, agéncias ou estabelecimentos antes de serem os atos constituti­vos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas á lei brasileira.b) Os Governos estrangeiros, bem como as organizares de qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam investido de fun^óes públicas, náo poderáo adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desa- propria^áo.c) Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários á sede dos representantes diplo­máticos ou dos agentes consulares.6. Competencia da autoridade judiciária brasileira: é com­petente a autoridade judiciária brasileira quando for o réu do­miciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obligado.a) Só á autoridade judiciária brasileira compete conhecer das a^oes relativas a imóveis situados no Brasil.b) A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pela lei brasi­leira, as diligéncias deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligéncias.7. Provas de fatos: a prova dos fatos ocorridos em país es- trangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ónus e aos meios de produzir-se, náo admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconhe<;a.
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2 CÓDIGO CIVILAntes de iniciar nossos estudos no Direito Civil, específica­mente no Código Civil, imprescindível verificarmos as diretrizes pelas quais a codificado foi estruturada e elaborada, especialmente diante dos trés principios básicos, quais sejam, da operabilidade, da socialidade e da eticidade.a) Principio da operabilidade: significa que o Código C i­vil foi estruturado de maneira que seja mais “simples”, “concreto” e mais efetivo. Por esse principio, valorizou-se um sistema baseado em cláusulas gerais, conferindo ao intérprete e aos aplicadores do direito civil urna consi- derável margem de interpretado e de “preenchimento”, a depender do caso concreto a ser analisado. Note que a verdadeira inten^áo do legislador do CC/2002 foi, justa­mente, conferir urna maior facilidade de interpretado e de a p lica d o dos institutos do Direito Civil, sem exageros ou tecnicismos desmesurados.O grande exemplo que podemos apresentar é a d istin do apre­sentada pelo CC/2002 a respeito dos institutos da prescrido e da decadéncia, temas que, no sistema anteriordo CC/1916, eram con- sideravelmente confusos. Agora temos a d istin do e as respectivas regulam entades.b) Principio da eticidade: reflete sobre a própria ideia an­teriormente apresentada, a respeito da operabilidade do Código Civil, ou seja, fundamentando-se em um sistema com menos rigores conceituais ou excessos de formalismos e mais valores, tais como a ética e a boa-fé.Por certo, tal principio reflete o sistema de cláusulas gerais, preceitos genéricos e indeterminados, ou seja, conferindo aos juí-
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2 CODIGO CIVIL
zes, aos aplicadores da norma e aos intérpretes a possibilidade de interpretado, preenchendo as lacunas fáticas com a devida tutela da boa-fé, da moral e dos bons costumes.Grande exemplo disso é a própria disposido conferida á inter­pretado dos negocios jurídicos, devendo ser realizada conforme a probidade, a boa-fé e os usos do lugar de sua celebrado.Além disso, a interpretado do negocio jurídico deve lhe atri­buir o sentido que corresponder aos usos, aos costumes e as prá- ticas do mercado relativamente ao tipo de negocio e corresponder á boa-fé.Aínda, veja o dispositivo do CC, art. 422, estabelecendo que os contratantes seráo obrigados a guardar, na conclusáo do contrato, como em sua execudo, os principios de probidade e boa-fé.c) Principio da socialidade: por esse principio, o CC/2002 superou um caráter que anteriormente era patrimonia- lista, individualista e egoísta, como ocorria com o cha­mado “pátrio poder” ñas r e la t e s de parentesco e de f i l ia d o , que pertencia ao pai, de maneira exclusiva, e que, pelo CC/2002, é considerado como o conjunto de direitos e deveres atribuidos aos pais (pai e máe) no que diz respeito á pessoa e aos bens dos filhos, enquanto menores de idade.Outra importante considerado a ser realizada a respeito do principio da socialidade é a nova visáo conferida aos institutos de direito civil, interpretados á luz da fu n d o social, tais como a familia, o contrato, a propriedade, a posse, a empresa, o testamento, a res- ponsabilidade civil, entre outros.Dessa forma, por exemplo, especifica o art. 421 do CC que a liber- dade contratual será exercida nos limites da fu n d o social do contrato.
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
2.1 Pessoas
2.1.1 Conceito de personalidade jurídicaA personalidade jurídica é um atributo essencial para ser sujeito de direito, sendo toda pessoa capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1Q do CC). Para a Teoría Geral do Direito Civil, a personalidade é urna aptidáo genérica para titularizar direitos e contrair obriga^óes.Note que o art. 1Q do CC determina que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, apresentando um importante instituto, ao lado da personalidade, que é a capacidade de direito, isto é, aquela que todas as pessoas possuem para ser sujeitos de di­reitos, ou seja, a capacidade de adquirir os próprios direitos. Assim, ao mesmo tempo que o nascimento com vida confere as pessoas ci- vis a personalidade, afere a capacidade de direito.
2.1.2 Inicio da personalidade jurídica da pessoa naturalPersonalidade é a soma de aptidóes, direitos ou caracteres ine- rentes e pertencentes á pessoa natural. O inicio da personalidade é marcado pelo nascimento com vida (teoría natalista), conforme dic(jáo do art. 2Q do CC.
2.1.3 Protegáo jurídica do nascituroNascituro é o ente já concebido, mas aínda nao nascido. Deixan- do momentáneamente de lado as discussóes teóricas sobre o inicio da personalidade jurídica, é certo que a segunda parte do art. 2Q do CC, expressamente, “póe á salvo os seus direitos, desde a co n cep to ”.Na verdade, o Código Civil, nesse sentido, adotou a chamada teoría híbrida ou mista da natureza jurídica do nascituro, criada por
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2 CODIGO CIVIL
Maria Helena Diniz,1 segundo a qual o nascituro possui personali- dade jurídica proveniente de duas espécies distintas: urna formal e outra material.A primeira, (i) formal, é representada pelos direitos nao pa- trimoniais, garantidos ao nascituro desde a sua co n ce p to nascitu­ro (nome, vida, saúde etc.); por seu turno, a segunda, (ii) material, diz respeito aos direitos patrimoniais do nascituro, garantidos a par­tir do momento do seu nascimento com vida.Assim, podemos afirmar que, na legislado em vigor, o nascituro:a) é titular de direitos personalíssimos (como o direito á vida);b) pode receber doaqáo, conforme dispóe o art. 542 do CC: “A doa^áo feita ao nascituro valerá, sendo aceita por seu repre­sentante legal” ;c) pode ser beneficiado por legado e heran<ja (art. 1.798 do CC);d) pode ter um curador nomeado para a defesa dos seus interesses;e) tem tip ificado do Código Penal para o crime de aborto;f) tem direito a alimentos.v. '_______________________________________________________________________________ /Natimorto nao é pessoa, mas terá seu direito ao nome, á ima- gem e á sepultura respeitado (Enunciado nQ 1 da Ia lomada do Cen­tro de Estudos Judiciários do Conselho da Justina Federal).Nota: Quanto ao natimorto, ocorrerá táo somente o Registro (assento de nome) em livro próprio - art. 53, § 1°, da LRP. Já a pessoa que nasce e morre em seguida terá a certidáo de nascimento e, após, o atestado de óbito - art. 53, § 2o, da LRP.( Abra o Vade: arts. 1° e 2° do CC. Enunciado n° 1 do CJF/STJ. )
1 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro - Teoría geral do direito, 29. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2019. vol. 1.
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DIREITO CIVIL - vanderlei Garcia Junior
2.1.4 Capacidade de direito e capacidade de fatoPor capacidade de direito, também conhecida como capacida­de de gozo ou capacidade de aquisiqáo, pode ser entendida como a medida da intensidade da personalidade.Como afirmado anteriormente, toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Dessa forma, toda pessoa titular de perso­nalidade jurídica (direitos de personalidade, art. 2° do CC) possui também capacidade de direito (art. Io do CC), ou seja, a aptidáo jurídica patrimonial na ordem civil, tendo em vista que todas as pes- soas sao, de fato, sujeitos de direito. Assim, justamente por esse mo­tivo, é que se pode afirmar que personalidade e capacidade jurídica sao as duas faces de urna mesma moeda.A capacidade de fato, ao contrário da capacidade de direito, possui estágios definidos no próprio Código Civil. Importante veri­ficar que referida categoría de capacidade pode ser distinguida em duas modalidades de incapacidade, a saber: a incapacidade abso­luta e a incapacidade relativa. Trata-se de um divisor quantitative de compreensáo do individuo.• Incapacidade absoluta: é a inaptidáo absoluta para a prática dos atos da vida civil.• De acordo com o art. 3Q do CC, sao considerados absoluta­mente incapazes somente os menores de 16 anos - após a reforma legislativa apresentada pela Lei nQ 13.146, de 2015. ^Observe que o negocio jurídico praticado pelo menor de 16 anos (absolutamente incapaz) será considerado como nulo, nos termos do art. 166,1, do CC.O instrumento utilizado para viabilizar a prática de atos da vida civil pelos absolutamente incapazes, ou seja, atos relativos aos direitos e interesses de menores, será realizado por intermédio da
2 CODIGO CIVILrepresentado, exercida pelos pais, se tratar de menor sob o poder familiar (art. 1.690 do CC), ou pelo tutor (art. 1.728 do CC).Cuidado: Nao existe mais, no sistema civil brasileiro, a inca- pacidade absoluta de maiores de idade, ou seja, somente o menor de 16 anos será considerado como absolutamente incapaz para os atos da vida civil, sendo certo que, nos casos de deficiencia mental (ou- trora considerados incapazes, tal qual constava da redado original do art. 3Q, antes da revogagáo trazida pela Lei n° 13.146/2015 - EPD), após 2015 sao considerados plenamente capazes, por disposido da novel legislado protetiva.Assim, temos:
— A deficiencia nao afeta a p ím a capacidiáa chrMI da pessoa, Indusive para:
i casar-se e construir uniáo estável;
n exercer direitos sexuais e reprodutivos;
ni exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a infor- magoes adequadas sobrereprodugáo e planejamento familiar;
IV conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilizado compulsoria;
V exercer o direito á familia e á convivencia familiar e cnmunitária; e
VI exercer o direito á guarda, á tutela, á cúratela e á adogáo, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.Ainda, os servidos notaríais e de registro nao podem negar ou criar óbices ou condigóes diferenciadas á prestado de seus servigos em razáo de defíciéncia do solicitante, devendo reconhecer sua ca- pacidade legal plena, garantida a acessibilidade.Por fim, a pessoa com defíciéncia tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condigóes com as demais pessoas.
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Entretanto, é certo que nem sempre as pessoas com deficién- cia, especialmente mentáis, intelectuais e sensoriais, teráo plena­mente capacidade para os atos da vida civil, possibilitando, nessa hi- pótese, a ado^áo de alguns dos institutos previstos no ordenamento jurídico para suprir essa incapacidade, tais como a cúratela do CC, para os casos em que a deficiéncia gerar uma incapacidade relativa; a cúratela extraordinária, temporária e excepcional (arts. 84 e 85 da EPD); e a tomada de decisáo apoiada (arts. 84, § 2°, da EPD e 1.783-A do CC).1) Tutela: é o instituto jurídico utilizado para tutelar o patri­monio do absolutamente incapaz, atribuido pelos pais em conjunto, ou pelo juiz, quando ausente o menor de repre­sentantes legáis ou diante da impossibilidade do exercício da representado.Dessa forma, os filhos menores sao postos em tutela, (i) com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; ou (ii) em caso de os pais decaírem do poder familiar.Aínda, há a possibilidade de os pais nomearem tutor aos filhos menores, em conjunto, para o caso de impossibilidade futura de exercício desse encargo, cuja nomea^áo deve constar de testamento ou de qualquer outro documento auténtico. Note que é nula a no- m eado de tutor pelo pai ou pela máe que, ao tempo de sua morte, nao tinha o poder familiar.Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos pa- rentes consanguíneos do menor, preferencialmente, recaindo aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto; ou aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais mogos; em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em beneficio do menor.
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2 CODIGO CIVIL
Nesse caso, o juiz deverá nomear tutor idóneo e residente no domicilio do menor, na falta de tutor testamentário ou legíti­mo; ou quando estes forem excluidos ou escusados da tutela; ou, finalmente quando removidos por náo idóneos o tutor legítimo e o testamentário.Ademáis, aos irmáos órfáos dar-se-á um só tutor, entretan­to, no caso de ser nomeado mais de um tutor por disposigáo testa- mentária sem indicado de precedéncia, entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe sucederáo pela ordem de nomeagáo, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qual- quer outro impedimento.No caso de alguém instituir ou estabelecer um menor como seu herdeiro, ou legatario, poderá nomear-lhe curador especial para os bens deixados, aínda que o beneficiario se encontré sob o poder familiar, ou tutela.Por fim, as crianzas e os adolescentes cujos pais forem desco- nhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos ou destitui­dos do poder familiar teráo tutores nomeados pelo Juiz ou seráo incluidos em programa de colocado familiar, na forma prevista pelo Estatuto da Crianza e do Adolescente.Cessagáo da tutela:
Cessa a condigáo de tutelado (art. 1.763 do CC):
I - com a maioridade ou a emancipagáo do menor;
II - ao ca-r o menor sob o pouer familiar, no caso de reconhecimento ou adogao.
Cessam as fungóes do tutor (art. 1.764 do CC):
I - ao expirar o termo, em que era obrigado a servir;
II - ao sobrevir escusa legítima; III
III - aoser removido.
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
a) O tutor é obrigado a servir por espado de dois anos.b) Pode o tutor continuar no exercício da tutela, além do prazo previsto acima (art. 1.765 do CC), se o quiser e o juiz julgar conveniente ao menor.c) Será destituido o tutor quando negligente, prevarica­dor ou incurso em incapacidade.Regras especiáis aplicáveis á tutela:
Nao podem ser tutores e serio exonerados da tutela, 
caso a exerpam (art. 1.735 do CC).
I - aqueles que nao tiverem a livre administrado de seus bens;
II - aqueles que, no momento de Ihes ser deferida a tutela, se acharem constituidos 
em obrigaqáo para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e 
aqueles cujos pais, filhos ou cónjuges tiverem demanda contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressa- 
mente excluidos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a fami­
lia ou os costumes, tenham ou nao cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de 
abuso em tutorías anteriores;
VI - aqueles que exercerem fungáo pública ¡ncompatível com a boa administragáo 
da tutela.
Podem escusar-se da tutela (art. 1.736 do CC):
I - mulheres casadas; II
II - maiores de sessenta anos;
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2 CÓDIGO CIVIL
III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de trés filhos;
IV - os impossibilitados por enfermidade;
V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
VI - aqueles quejé exercerem tutela ou cúratela;
Vil - militares em servigo.a) Ouem nao for párente do menor nao poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar párente idóneo, con­sanguíneo ou afim, em condigóes de exercé-la.b) A escusa apresentar-se-á nos dez dias subsequentes á de­sig n a d o , sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-áo a partir do dia em que ele sobrevier.c) Se o juiz nao admitir a escusa, exercerá o nomeado a tute­la, enquanto o recurso interposto nao tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que o menor venha a sofrer.
Incumbe ao tutor, quanto á pessoa do menor (art. 1.740 do CC):
I - oirigir-lhe a educagáo, defendé-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus 
haveres e condigáo;
II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja 
mister corregáo; III
III - adimDlir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opiniáo 
do menor, se este já contar doze anos de idade.
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DIREITO CIVIL - Vanderlel Garcia Junior
ComDete mais ao tutor (art. 1,747 do CC):
I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-io, 
após essa idade, nos atos em que for parte;
II - receber as rendas e pensóes do menor, e as quantias a ele devidas;
III - fazer-lhe as despesas de subsistencia e educagao, bem como as de adminis- 
tragáo, conservado e melhoramentos de seus bens;
IV - alienar os bens do menor destinados a venda;
V - promover-lhe, mediante prego conveniente, o arrendamento de bens de raiz.
ComDete também ao tutor, com autorizagáo do juiz (art. 1.748 do CC):
I - pagar as dividas do menor;
II - aceitar por ele herangas, legados ou doagóes, ainda que com encargos;
III - transigir;
IV - vender-lhe os bens movéis, cuja conservagáo nao convier, e os imóveis nos 
casos em que for permitido;
V - propor em juízo as agóes, ou nelas assistir o menor, e promover todas as dili- 
géncias a bem deste, assim como defendé-lo nos pleitos contra ele movidos.
Ainda, com a autorizagáo judicial, nao pode o tutor, sob pena de nulidade
(art. 1 .749 do CC):
I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens 
movéis ou imóveis pertencentes ao menor;
II - dispor dos bens do menor a título gratuito;
III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.2) Cúratela: ao contrário da tutela, a cúratela recaí sobre os relativamenteincapazes, por decisáo judicial, impondo o encargo ao responsável legal, para que tutele, zele e admi­nistre o patrimonio do incapaz.
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1 CODIGO CIVIL
Estáo sujeitos á cúratela (art. 1J67 do CC):
I - aqueles que, por caul sa transitoria ou permanente, nao puderem exorimir sua vontade;
II - os ébrios habituáis e os viciados em tóxico;
III - os pródigos. ̂Incapacidade relativa: de acordo com o art. 4Q do CC, sao consi- ̂derados relativamente incapazes: (também com alteragóes trazidas pela Lei n° 13.146, de 2015):a) os maiores de 16 e menores de 18 anos (art. 4a, I);b) os ébrios habituáis e os viciados em tóxico (art. 4a, II);c) aqueles que, por causa transitória ou permanente, náo pu­derem exprimir sua vontade (art. 4C, III);d) os pródigos (art. 4°, IV).Obs.: a capacidade dos indígenas será regulada por legislarlo________especial._______________________________________________________________Atenido: Dar-se-á, ainda, curador ao nascituro, se o pai falecerestando grávida a mulher, e náo tendo o poder familiar. Entretan­to, se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.a) A interdigo do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitagáo, alienar, hipotecar, de­mandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que náo sejam de mera adm inistrado.b) Quando o curador for o cónjuge e o regime de bens do casamento for de comunháo universal, náo será obrigado á prestando de co n ta s , salvo d eterm i­n a d o ju d icial.3) Tomada de decisáo apoiada: incluida pela Lei nc 13.146, de 2015, Estatuto da Pessoa com Deficiencia, a tomada de decisáo apoiada, prevista no art. 1.783-A do CC, é o insti­tuto jurídico instituido para que aquelas pessoas que pos-
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
suírem algum tipo de deficiéncia, que nao incapacitante, possam optar por esse procedimento.Nesse caso, consiste a tomada de decisáo apoiada no processo pelo qual a pessoa com deficiéncia:a) elege pelo menos 2 (duas) pessoas idóneas;b) com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confianza;c) para prestar-lhe apoio na tomada de decisáo sobre atos da vida civil;d) fornecendo-lhe os elementos e in fo rm a le s necessários paraque possa exercer sua capacidade.___________________________________Para formular pedido de tomada de decisáo apoiada, a pessoa com deficiéncia e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, incluindo o prazo de vigéncia do acordo e o respeito á vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar, requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicando expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio.Note que, antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisáo apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestaráo apoio.Dessa forma, a decisáo tomada por pessoa apoiada terá vali- dade e efeitos sobre terceiros, sem restrigóes, desde que esteja in­serida nos limites do apoio acordado, sendo certo que terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha rela^áo negocial pode solici­tar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especi­ficando, por escrito, sua fun^áo em rela^áo ao apoiado.Em caso de negocio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergéncia de opinióes entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, caberá ao juiz decidir sobre a questáo, após
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1 CODIGO CIVIL
a oitiva do Ministério Público. Da mesma maneira, caberá ao juiz decidir a respeito da atua<¿áo do apoiador com negligéncia, exercer pressáo indevida ou nao adimplir as obriga^óes assumidas, cabendo á pessoa apoiada ou a qualquer outra pessoa apresentar denuncia ao Ministério Público ou ao próprio miz.Nesse caso, se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu inte- resse, outra pessoa para prestado de apoio.Como é instituto temporário, restrito e de apoio á pessoa com defíciéncia, a pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, soli­citar o término de acordo firmado em processo de tomada de de- cisáo apoiada. Inclusive, o próprio apoiador pode solicitar ao juiz a exclusáo de sua participado do processo de tomada de decisáo apoiada, sendo seu desligamento condicionado á m anifestado do juiz sobre a matéria.Observe que, ao contrário do que ocorre na incapacidade ab­soluta, na relativa os negocios jurídicos realizados pelos incapazes, quando desacompanhados de seus assistentes (instituto da assis- téncia), ou de seu curador, seráo anulados (nulidade relativa).Resumindo:
Absolutamente incapaz - 
art. 3o do CC Relativamente incapaz - art. 4® do CC
Menor de 16 anos - menor 
impúbere.
- Representados (representan­
te legal)
- Tutela
Nos negocios jurídicos, este 
será nulo (art. 166,1, do CC)
Entre 16 e 18 anos - menor púbere.
Os ébrios habituáis, os viciados em tóxicos, aque­
les que, por causa transitoria ou permanente, nao 
puderem exprimir a sua vontade e os pródigos, 
sao curatelados.
- Assisténcia.
Nos negocios jurídicos, estes sao anuláveis (art. 
171,1, do CC).
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DIREITO CIVIL-Vanderlei Garcia Junior
2.1.5 Em ancipadoTrata-se de um urna hipótese de antecipagáo da aquisigáo da capacidade civil plena antes da idade legal. Trés sao as formas de em ancipado:
Emancipado
a) Emancipado 
voluntária
É aquela concedida por ato unilateral dos pais em pleno exerci- 
cio do poder parental, ou de apenas um deles na falta do outro 
(ou da perda do poder familiar de um deles).
b) Emancipado 
judicial
Realiza-se mediante urna sentenga judicial, na hipótese de um 
menor colocado sob tutela. Antes da sentenga, o tutor será, 
necessariamente, ouvido pelo magistrado (art. 5a, par. ún., 1, 
segunda parte, do CC).
c) Emancipado 
legal
Ocorre em razáo de situagóes descritas na lei. 0 art. 5s do CC 
nos traz as seguintes situagóes:
a) o Casamento;
b) exercício de emprego efetivo;
c) colagáo de grau em curso de ensino superior;
d) estabelecimento civil ou comercial, ou a existéncia de relagáo 
de emprego, desde que, em fungáo deles, o menor tenha 
economía própria.Obs.: No caso de casamento, observe que, mesmo que ocorra o divorcio, a separando ou a morte do cónjuge (viuvez), o eman­cipado náo retom a á situando de incapacidade, visto que tais atos projetam os seus efeitos para o futuro (ex nunc).Por outro lado, se o casamento for invalidado, o emancipado retorna á situ ad o de incapaz? A invalidado ataca o casamento na sua origem, ou seja, a sentenga que invalida o casamento o atinge ab initio, com efeitos ex tuncy de maneira que, por consequéncia, a em ancipado também perderá a efícácia, ressalvada a hipótese de o juiz considerar o casamento putativo.
2 CODIGO CIVIL
Casamento válido - idade nubil: 16 anos - é permitido o casamento daquele que nao atingiu a maioridade civil (18 anos), chamada de idade núbil, que ocorre aos 16 anos. No entanto, exige- -se a autorizado de ambos os pais, ou de seus representantes legáis, enquanto nao atingida a maioridade civil. Caso haja divergéncia entre os pais, é assegurado a qualquer deles recorrer ao juiz para s o lu to do desacordó (arts. 1.517, caput e par. ún., e 1.631 do CC).At en do: Nao será permitido, em qualquer caso, o casamen­to de quem nao atingiu a idade núbil (16 anos), observado o disposto no art. 1.517 deste Código.
2.1.6 Extinpáo da personalidade jurídica da pessoa naturalA morte é o momento no qual a personalidade se extingue. Assim, nos termos do art. 6o do CC, extinguem-se a capacidade, a existéncia e a personalidade da pessoa natural com a morte.Dentro de nosso ordenamento jurídico, há duas possibilidades de morte, a morte real e a morte presumida. No entanto, atente- -se que nao se admite, no ordenamento pátrio, a hipótese de mor­te civil ou qualquer outro modo de perda da personalidade em vida, ou seja, enquanto estiver vida, a pessoa terá a sua perso­nalidade jurídica.Todavía, como ressaltado, é possível cogitar de urna presun­t o de morteda pessoa natural, conforme se depreende da leitura do art. 7o do CC, quando inviável a constatado de morte física ou real da pessoa.Dessa forma, temos:a) Morte real: é morte certa, física ou constatada mediante aná- lise médica, ou, na falta, por duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado a morte (art. 6" do CC).
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Juniorb) Morte presumida (morte civil): por outro lado, temos a p re su n to da morte, constatada ou reconhecida quando au­sente o cadáver.V__________________________________________________________________________________ /- Nesse caso, poderá a morte ser reconhecida de duas formas: com ou sem declarado de auséncia.Quanto á hipótese de declarado de morte presumida, sem a necessidade de declarando de auséncia, importante verificar que a morte da pessoa será declarada de maneira ¡mediata, desde que constatadas duas hipóteses:
a) A primeira trata da probabilidade extrema de morte daquele que se encontrava 
em perigo de vida (CC, art 7fl, I)
b) A segunda hipótese trata dos desaparecidos em campanha de guerra ou feito 
prisioneiro, caso nao seja encontrado até dois anos após o término da guerra
(CC, art. 7C, II).
2.1.7 Auséncia das pessoas naturaisAusente é aquele que desaparece de seu domicilio, sem que dele se tenha noticias. Assim, para caracterizar a auséncia, a nao presenta do sujeito deve somar-se com a falta de noticias, bem como á comprovanáo de que sumiu de seu convivio social ou desapareceu de sua comunidade e vida familiar, sem com unicado: é o famoso “foi comprar o cigarro na esquina, e nao mais retornou”.Nesse caso, antes da declarado de morte da pessoa, para se ter a certeza de seu desaparecimento, instaura-se um processo de ausén­cia, no qual o juiz preza pela protedo dos bens do desaparecido, dando-se, igualmente, urna protedo aos interesses dos sucessores.Esse processo tem trés estágios bem definidos pelo Código Ci­vil, conforme a menor possibilidade de reaparecimento do ausen­te: - Procedimento de auséncia:
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1 CODIGO CIVILa) Declarado da auséncia e curadoría dos bens: a primeira etapa é a da chamada curadoría dos bens do ausente, verifi­cada quando o desaparecimento é recente e a possibilidade de retorno do ausente é, portanto, bem grande, e, nessa pri­meira fase, o legislador tem a preocupando de preservar os bens por ele deixados, evitando a sua deteriorando.Assim, desaparecendo urna pessoa do seu domicilio sem déla haver noticia, se nao houver deixado representante ou procurador a quern caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qual- quer interessado ou do Ministério Público, declarará a auséncia da pessoa por sentenna e nomear-lhe-á curador.Também se declarará a auséncia, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que nao queira ou nao possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.Aínda, o juiz, no momento em que nomear o curador para a tutela patrimonial dos bens do ausente, deverá fixar os poderes e as obriganóes, conforme as circunstáncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.f-------------------------------------------------------------------------------------------- \
Atennáo: 0 cónjuge do ausente, sempre que nao esteja se­parado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaraqáo da auséncia, será o seu legítimo curador.b) Sucessáo provisoria: a segunda etapa desse processo é a da abertura da sucessáo provisoria, que será requerida “como se o ausente estivesse morto” ; no entanto, cuidado porque ainda nao será declarada a sua morte, ou seja, o juiz determinará a abertura da sucessáo, de maneira provisoria, porque ainda há a possibilidade de retorno do ausente, em- bora menos provável do que na primeira etapa. O legisla-
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
dor estabeleceu um rol de pessoas que tém legitimidade para requerer a sua abertura.Assim, decorrido um ano da arrecadagáo dos bens do ausen­te (sem representante legal), ou, em se passando trés anos (se ele deixou representante ou procurador, caso em que será dispensada a curadoría de seus bens, passando-se diretamente á sucessáo provi­soria), poderáo os interessados requerer que se declare a ausénciae se abra provisoriamente a sucessáo (art. 26 do CC).
I - o cónjuge nao separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - aquele que tenha direito a algum bem do ausente subordinado á sua morte, 
como no caso do donatário que recebe urna doagáo subordinada á condicáo 
suspensiva da morte do doador;
IV - os credores de obrigagóes vencidas e nao pagas.A sentenga que determinar a abertura da sucessáo provisoria só produzirá efeitos após 180 dias da sua publicagáo, mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á á abertura do testamento, se houver, e ao inventário e á partilha dos bens, como se o ausente fos­se falecido. Praticadas as diligéncias de arrecadagáo, seráo expedi­dos editáis na forma da lei processual, de dois em dois meses, durante um ano, anunciando a arrecadagáo e convocando o ausente a tomar posse de seus bens.A partilha dos bens deixados será realizada entre os herdei­ros, mas, para que estes possam ser imitidos na posse dos bens re- cebidos, deveráo prestar garantías da restituigáo deles, por meio de penhor (bens movéis) ou de hipoteca (bens imóveis), correspon­dentes ao valor dos quinhóes respectivos que estejam recebendo (art. 30 do CC).
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2 CODIGO CIVIL
Entretanto, o próprio art. 30, § 2Q, do CC atenúa essa exigén- cia permitindo que os ascendentes, descentes e o cónjuge entrem na posse dos referidos bens, independentemente de garantía, desde que comprovem a qualidade de herdeiros.Aplicar-se-á o caput desse artigo, por exemplo, em relado aos herdeiros colaterais, ao Estado, ao Municipio, aos legatários etc. No entanto, se o herdeiro nao tiver condi^óes de prestar a garantía, nao poderá entrar na posse dos bens correspondentes ao seu quinháo e estes ficaráo sob a responsabilidade do curador ou de outro her­deiro designado pelo juiz, que preste a garantía (art. 30, § Io, do CC).Poderá, contudo, justificando a falta de condi^óes de prestar a garantía, requerer que lhe seja entregue metade dos frutos e rendi- mentos do quinháo que caberia a ele (art. 34 do CC).Os bens imóveis do ausente nao poderáo ser vendidos, sal­vo em caso de desapropriado pelo poder público ou para evitar que se deteriorem, e nao poderáo ser hipotecados, salvo por de­term inado judicial (art. 31 do CC). Inovado da legislado civil é a possibilidade de gravar-lhes com a hipoteca, para evitar a ruina, hipótese que nao era prevista anteriormente.A renda ou os frutos produzidos pelos bens cabentes aos des­cendentes, ascendentes e ao cónjuge pertenceráo a estes. Os demais herdeiros deveráo capitalizar metade desses frutos e rendimentos de acordo com o art. 29, bem como prestar contas ao juízo anual­mente (art. 33 do CC).Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversáo dos bens movéis, sujeitos a deteriorado ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela Uniáo.Mesmo procurando preservar ao máximo o patrimonio do ausente enquanto houver urna possibilidade, ainda que remota, de retorno, estabeleceu o Código Civil urna espécie de punido para o
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DIREITO CIVIL - vanderleí Garcia Junior
caso de o ausente retomar e provar-se que a auséncia foi volun- tária e injustificada.Dispóe o parágrafo único do art. 33 do CC que, nesse caso, o ausente perderá o direito ao recebimento de sua parte nos frutos e rendimentos produzidos pelos bens por ele deixados e arrecadados por seus herdeiros.A preocupado do legislador é clara: evitar que a pessoa desa­pareja sem motivo justo e retome quando quiser, aproveitando-se da boa-fé dos herdeiros que zelaram pela conservado de seus bens.Cumpre salientar, inclusive, que, durante o período da sucessáo provisoria, ainda é possível que o ausente retorne, quando em vigén- cia a posse provisoria dos herdeiros. Poderá ser provado, outrossim, que o

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