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Resumo - Tutela Provisória

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TUTELA PROVISÓRIA
As tutelas provisórias são tutelas jurisdicionais fundadas em cognição sumária (exame menos profundo da causa), podendo ser classificadas em tutela de urgência ou evidência. Quando deferida, a tutela conserva a sua eficácia durante a dependência do processo, ainda que ele se encontre suspenso, mas nada obsta que ele seja revogada ou modificada a qualquer tempo, quando surgirem novos elementos no processo. Enquanto a tutela provisória pode ser requerida em caráter de incidente ou antecedente, a tutela de evidência sempre é requerida em caráter incidental. O requerimento incidental é de competência do juízo onde tramita o feito (pode ser formulada a qualquer momento e não se submete a preclusão temporal), já o requerimento de caráter antecedente será postulada ao juízo competente para apreciar o pedido principal. 
Tutela de Urgência:
A tutela de urgência pode ser cautelar ou satisfativa. Será cautelar quando destinada a assegurar o futuro resultado útil do processo, quando a sua efetividade é posta em risco. Será satisfativa quando o objetivo é permitir uma satisfação provisória do direito alegado pela parte autora, quando é aferido situação de perigo iminente para o próprio direito substancial. 
Ambas as modalidades de tutela possuem algo em comum, para a sua concessão, é necessário a existência de situação de perigo de dano como consequência da morosidade do processo (periculum in mora). O alvo deste perigo pode ser a efetividade do processo ou a própria existência do direito material. 
Além do periculum in mora, outro requisito importante para a concessão da tutela é a probabilidade de existência do direito (fumus boni iuris). Ademais, não se admite a concessão de tutela de urgência satisfativa quando o instituto é capaz de produzir efeitos irreversíveis, ou seja, é impedido a decisão provisória capaz de gerar efeitos definitivos. Cabe destacar que, pela redação do enunciado 419 do FFPC (Fórum Permanente de Processualistas Civis), não é absoluta a regra que proíbe a tutela provisória com efeitos irreversíveis, é o exemplo da fixação de alimentos provisório. 
A concessão de tutela de urgência também exige a devida prestação de caução de contracautela, de forma a proteger a parte contrária contra danos indevidos, sendo possível o ressarcimento do demandado. Essa medida, no entanto, é dispensável quando o demandante se encontre em situação de hipossuficiência econômica, pois isso criaria obstáculos econômicos para o acesso à justiça. 
A tutela de urgência pode ser deferida antes da oitiva da parte demandada, por decisão liminar ou após a realização de audiência de justificação prévia. É uma exceção ao princípio do contraditório, visto que, qualquer princípio é passível de exceções legitimamente constitucionais. 
A decisão que concede tutela de urgência, por se fundamentar em cognição sumária, pode resultar em dano indevido para a parte contrária, sendo possível que o requerente responda pela lesão indevida causada ao demandado, nas hipóteses previstas nos incisos do art. 302, CPC/2015: 
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Como já mencionamos, a tutela de urgência pode ser requerida em caráter incidental ou antecedente. O requerimento incidental não exige qualquer formalidade específica, podendo ser inclusa na petição inicial (ou em uma contestação de caráter reconvencional) ou qualquer outra peça juntada aos autos. O requerimento antecedente, no entanto, se submete a regras específicas. 
Quando estamos a debruçar sobre tutela de urgência satisfativa (sinônimo de antecipada, termo empregado pelo CPC/2015) de caráter antecedente, ele será empregada e concedida quando a situação de urgência é contemporânea com a proposição da ação, sendo possível que, a parte autora se limite, na petição inicial, a requerer a tutela de urgência satisfativa, a indicar o pedido de tutela final, expor sumariamente a lide, o direito pretendido e o perigo de dano iminente, além de indicar o valor da causa. Caso os requisitos para a concessão da tutela não se encontrem presentes na petição, ela deverá ser emendada no prazo de 5 dias, sob pena de seu indeferimento e a eventual extinção do processo sem resolução do mérito. 
Quanto a estabilização da tutela de urgência satisfativa antecedente, essa hipótese acontece quando há concessão de tutela de urgência satisfativa nos termos da lei (art. 303, CPC/2015), e o réu não interpõe recurso (agravo de instrumento, quando o processo tramita na primeira instância; agravo interno, quando o processo é de competência originária dos tribunais) contra a decisão concessiva, resultando na estabilidade da tutela, acarretando na extinção do processo sem resolução do mérito. Caso o assistente simples do réu interponha recurso a estabilização da tutela antecipada é impedida, além do mais, a decisão concessiva não acarreta em coisa julgada, por esse motivo, não admitimos ação rescisória como mecanismo de impugnação da decisão. É possível, mesmo quando estável a tutela antecipada de urgência, que qualquer uma das partes ajuíze em face da outra uma demanda com o objetivo de conseguir a revisão, reforma ou invalidação da decisão concessiva. Essa demanda deve tramitar perante o mesmo juízo em que foi deferida a tutela provisória antecipada e estável. O prazo decadencial para a desconstituição dessa tutela é de 2 anos, contados a partir do momento em que a parte tem ciência da decisão que extinguiu o processo. 
O jurista Alexandre Freitas Câmara, em seu manual de processo civil, elenca algumas hipóteses práticas quanto a ausência ou existência de emenda da inicial e a interposição de agravo pelo réu: “(a) se o autor emendar a inicial e o réu agravar, não haverá estabilização, e o processo seguirá regularmente; (b) se o autor emendar a inicial e o réu não agravar, o juiz deverá inquirir o autor sobre sua intenção de ver o processo prosseguir em direção a uma sentença de mérito, apta a alcançar a coisa julgada (...), ou, se o autor prefere desistir da ação, caso em que haverá estabilização e o processo será extinto sem resolução do mérito (...); (c) se o autor não emendar a inicial, ainda assim o réu poderá agravar, com o único intuito de impedir a estabilização, a qual não acontecerá, restando extinto o processo e revogada a tutela antecipada, não sendo julgado o mérito do recurso, que estará prejudicado; (d) se o autor não emendar a petição inicial e o réu não agravar ocorrerá a estabilização e o processo será extinto sem resolução do mérito, devendo o juízo declarar estabilizada a tutela antecipada. 
Caso o processo seja extinto e não ocorra a estabilização da tutela antecipada, é possível a liquidação com o intuito de responsabilizar civilmente o requerente da medida, quando evidenciado os danos indevidamente sofridos pelo réu. 
O procedimento para a tutela cautelar requerida em caráter antecedente exige que, na petição inicial seja indicado a causa principal, o seu fundamento e a exposição sumária do direito que enseja proteção, além do perigo de dano ou o risco para resultado útil do processo. Caso seja proposta uma demanda que tenha como objeto uma medida cautelar antecedente, o réu poderá contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir. Na hipótese de o pedido cautelar não ser contestado dentro do devido prazo, as alegações do autor acerca dos fatos da causa serão (relativamente) presumidas como verdadeiras. Caso seja oferecida a contestação tempestiva, o juízo deve zelar pelo procedimento comum. 
Caso a medida cautelar seja deferida, ela será efetivada, iniciando-se um prazo para o demandante formular o pedido principal (caso ainda não tenha o feito na inicial, o que é possível). Sendo apresentado o pedido principal no devido momento, as partes serão intimadaspara participar da audiência de conciliação ou mediação, e não havendo autocomposição, a contestação deverá ser apresentada dentro do prazo. 
A tutela cautelar deferida em caráter antecedente terá a sua eficácia cessada caso: a) o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal; b) não for efetivada dentro de 30 dias; c) o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. Vale ressaltar que a morosidade de culpa exclusiva do serviço judiciário não poderá acarretar em prejuízo para o autor. 
Por fim, o indeferimento da medida cautelar não obsta a formulação do pedido principal pela parte, ou prejudica o seu julgamento. Entretanto, caso a medida cautelar tenha sido indeferida por reconhecimento de prescrição ou decadência, fundada em cognição exauriente, a inexistência do direito material alegado pelo demandante pode resultar em coisa julgada material, sendo impossível a formulação de pedido principal, devendo o processo ser extinto sem resolução do mérito. 
Tutela de Evidencia: 
A tutela de evidência é a tutela provisória não é urgente, que tem como objetivo antecipar o resultado prático final do processo. É uma técnica de aceleração do resultado do processo para casos em que há probabilidade máxima de existência do direito material pretendido. É uma tutela de natureza satisfativa que dispensa o requisito da urgência (periculum in mora prescindível). 
O art. 311 do CPC prevê quatro hipóteses em que se é possível conceder a tutela de evidência: 
A primeira hipótese acontece quando “ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito da parte”. Nesse caso, a tutela provisória funciona como uma sanção a quem exerce seu direito de defesa de forma abusiva, com o intuito de prolatar o processo. O instituto funciona como uma garantia a duração razoável do processo. Também ocorre quando a defesa contraria fatos notórios ou quando a sua tese é fundada em leis declaradas inconstitucionais pelo STF. 
A segunda hipótese é aquela que ocorre quando dos fatos deduzidos pelo autor “puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante”. Sendo assim, como está expresso na lei, deve haver a presença de prova exclusivamente documental pré-constituída e tese firmada em precedente ou súmula vinculante aplicável ao caso concreto para que seja concedida a tutela de evidência.
A terceira hipótese de tutela provisória de evidência pode ocorrer em uma ação de depósito, situação caracterizada quando o demandante tiver postulado a restituição da coisa depositada, demonstrando prova documental adequada do contrato de depósito para fundamentar o seu pedido. Quando se tratar de depósito voluntário ou depósito legal, a prova adequada será uma prova escrita. Já nos depósitos miseráveis, qualquer prova documental será aceitada.
A quarta e última hipótese é quando “a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável”. Também tem fundamento em um direito líquido e certo, com requisitos definidos em provas documentais suficientes e que o demandado não tenha sido capaz, com a contestação, de gerar dúvida sobre a veracidade dos fatos alegados pelo autor na petição inicial. Sendo assim, trata-se da soma dos elementos trazidos pelo autor e a falta de elementos trazidos pelo réu.
A tutela de evidência é sempre incidental, e nas hipóteses previstas no art. 311, CPC/2015. só podem ser apresentadas após o oferecimento da contestação, devendo ser oferecida a oportunidade de defesa. Excepcionalmente, o deferimento da tutela ocorre sem o devido contraditório quando revelado a necessidade do seu afastamento para a proteção de algum direito fundamental.
Existem outras situações em que se é possível a concessão de tutela provisória de evidência além dessas quatro hipóteses apresentadas: 
a) concessão de liminar em processos possessórios de força nova (art. 562, CPC);
b) adjudicação antecipada a herdeiro de bem do monte (art. 647, parágrafo único, CPC); 
c) fixação de aluguel provisório em ação revisional de aluguel (prevista em lei extravagante - art. 68, II, da Lei n. 8.245/91).
Pode ocorrer de ser concedida a tutela da evidência meramente assecuratória, como é o caso da medida que determina a indisponibilidade de bens do réu de ação de improbidade administrativa. Essa medida não exige uma situação de urgência para o concedimento da tutela, conforme já decidiu o STJ no julgamento da REsp 1.366.721/BA.

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