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Estratégia e Planejamento em Segurança Privada 02 1. Conceitos e Definições Importantes 4 2. História da Segurança Privada no Brasil 9 3. Legislação Vigente 12 Leis Sobre Segurança Privada 13 Decretos Sobre Segurança Privada 13 Portarias Sobre a Segurança Privada 14 4. Direitos e Deveres do Profissional de Segurança Privada 17 5. Definições de Estratégia e Planejamento 22 Estratégia como Plano 22 Estratégia como Padrão 23 Estratégia como Posição 25 Estratégias como Perspectiva 26 Inter-Relacionando os P’S 27 6. Referências Bibliográficas 32 03 4 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA 1. Conceitos e Definições Importantes Fonte: EGestor1 palavra “segurança” tem ori- gem no latim, língua na qual significa “sem preocupações”, e cuja etimologia sugere o sentido “ocupar- se de si mesmo” (se + cura). A etimo- logia dá-nos um bom conselho de ação política, mas deixa-nos a dúvi- da sobre o seu objetivo. O conceito de segurança faz re- ferência àquilo que tem a qualidade do que é seguro ou que está livre de perigo. Neste sentido, a segurança pública é um serviço que deve pres- 1 Retirado em https://blog.egestor.com.br/como-montar-uma-empresa-de-seguranca-privada/ tar o Estado para garantir a integri- dade física dos cidadãos e dos seus bens. Desta forma, as forças de segu- rança do Estado encarregam-se de prevenir que sejam cometidos deli- tos e de perseguir os delinquentes, com a missão de entregá-los ao Po- der Judiciário. Este organismo tem a missão de aplicar os castigos que es- tipula a lei, que podem ir desde uma multa até à pena de morte, consoan- te o país e a gravidade do delito. A 5 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA No entanto, tendo em conta a ineficácia da segurança estatal e a sua falta de alcance em certos casos, nasceu o negócio da segurança pri- vada, onde diversas empresas estão incumbidas de disponibilizar guar- das, vigilantes e diversos dispositi- vos a qualquer cidadão que os possa pagar. Por questões de números, não há agentes de polícia suficientes para cuidar e proteger cada pessoa ou empresa. Por isso, quem se sentir em risco pode recorrer aos serviços de segurança privada e contratar um guarda (segurança) permanente. Da mesma forma, as empresas que queiram ter um vigilante que tome conta das respectivas instalações po- dem contratar este tipo de serviços. Dependendo do país, os vigi- lantes privados podem ter ou não porte de armas de fogo e contar com diferentes atribuições delegadas pe- lo Estado. Em geral, o controle do espaço público continua a estar ex- clusivamente limitado às forças de segurança estatais. Podemos definir Segurança Privada como um conjunto de práti- cas e medidas de proteção, capazes de criar um estado, em que o patri- mônio do local esteja livre de danos, interferências e perturbações. Essas práticas têm a finalidade de poder garantir a integridade do patrimônio e a incolumidade física das pessoas. Podemos considerar patrimô- nio todos os bens, poderios econô- micos e a universalidade de direitos que se expressem de forma econô- mica ao seu proprietário. Ao tratar de danos, falamos sobre perdas materiais, como incên- dios, acidentes, roubos, furtos, e di- versas outras ocorrências que sejam capazes de fornecer algum prejuízo material. As interferências, de maneira geral, são relacionadas aos atos de sabotagem, espionagem, concorrên- cia desleal e furtos de informações, ou seja, ocorrências que possam in- terferir no andamento dos negócios, causando prejuízos financeiros. Já as perturbações são sempre relacionadas com situações que in- terrompem, ameaçam ou alteram as atividades do local, normalmente trazendo também prejuízos finan- ceiros. A segurança pública é o ramo da segurança, de caráter privado e preventivo, exercida por empresas credenciadas junto ao Departamen- to de Polícia Federal, nos termos da legislação vigente, como o objetivo de garantir a incolumidade física das pessoas e a integridade do patrimô- nio. As atividades da segurança privada são consideradas comple- mentares as atividades de segurança 6 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA pública nos termos da legislação es- pecífica e se resumem basicamente em: Vigilância patrimonial, trans- porte de valores, escolta armada, se- gurança pessoal e cursos de forma- ção, extensão e reciclagem de vigi- lantes. O segmento comercial especi- alizado abrange as empresas de se- gurança privada que oferecem a ter- ceiros os serviços de “vigilância pa- trimonial”, “transporte de valores”, “escolta armada” e “segurança pes- soal privada”. Inclui também os cha- mados “cursos de formação e aper- feiçoamento de vigilantes”, empre- sas cuja atividade-fim não é comer- cializar serviços de proteção e sim formar, especializar e reciclar a mão-de-obra que executará as ativi- dades de segurança privada. Cabe, portanto, definir alguns conceitos que serão utilizados não somente nesta pós-graduação, como também em toda a sua vida profissi- onal. São eles: Segurança: É a percepção que se tem quando do emprego de recursos humanos e tecnológicos, capacita- dos e específicos, agregando ainda o estabelecimento de normas e proce- dimentos a fim de proporcionar um estado de ausência de risco. Segurança Patrimonial: “É um conjunto de medidas, capazes de ge- rar um estado, no qual os interesses vitais de uma empresa estejam livres de interferências e perturbações”. Conjunto de medidas: A segu- rança patrimonial não depende ape- nas do departamento de segurança da empresa, mas envolve todos os seus setores e todo o seu pessoal. Estado: significa uma coisa perma- nente. É diferente de uma situação, que é temporária. Interesses vitais: Os interesses vi- tais de uma empresa não estão ape- nas em não ser roubada ou incendia- da. O mercado, os segredos, a estra- tégia de marketing, pesquisas de no- vos produtos devem igualmente ser protegidos. Interferências e perturbações: Nada deve impedir o curso normal da empresa. Deve-se prevenir não apenas contra incêndios e assaltos, mas também contra a espionagem, sequestros de empresários, greves, sabotagem, chantagem, etc. Grau de segurança: Não existe segurança perfeita, total ou absolu- ta. O que existe é a segurança satis- fatória. A segurança é satisfatória quando: É capaz de retardar ao máximo uma possibilidade de agres- são; É capaz de desencadear forças - no menor espaço de tempo possível - capazes de neutrali- zar a agressão verificada. 7 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA Segurança Empresarial: É o conjunto otimizado dos meios hu- manos, técnicos e administrativos, a fim de manter a empresa operando e cumprindo sua missão, ou seja, ga- rantindo a continuidade do negócio e a geração de lucro. Esse conjunto deve assegurar a integridade física e moral do indivíduo, proteger o patri- mônio, investigar, prevenir, impedir e reprimir as ações de qualquer na- tureza que venham ameaçar ou difi- cultar o pleno desenvolvimento das atividades do empreendimento, contribuindo desta forma para a prevenção e a minimização de per- das. Patrimônio: São todos ativos que participam na produção de lucro do empreendimento, tais como: Recur- sos Humanos (funcionários, tercei- ros, parceiros de negócio e clientes); Intelectuais (informações, dados, documentos, políticas, imagem e re- putação da corporação) e Materiais (equipamentos, serviços). Análise de Riscos: É um processo de identificação e avaliação de cada ameaça, em relação à probabilidade de ocorrência, a vulnerabilidade do objeto protegido contra a mesma e o impacto sobre o lucro do empreen-dimento. Risco: É a probabilidade do patri- mônio sujeitar-se a fatores (inciden- tes, vulnerabilidade e ameaças) que venham colocar em perigo, gerar perda ou danos aos ativos, compro- metendo a continuidade das ativida- des da corporação, consequente- mente do lucro. 9 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA 2. História da Segurança Privada no Brasil Fonte: Notícias de2 urante os anos em que o Brasil foi presidido por generais do exército, as forças de segurança pú- blica foram direcionadas para repri- mir e combater grupos subversivos. Com isso, houve um aumento ex- pressivo de assaltos à mão armada, principalmente, a bancos e institui- ções financeiras. Para minimizar esse cenário, foi necessário estabelecer no país as diretrizes para a implantação da se- gurança privada no Brasil. A Atividade de segurança pri- vada no Brasil teve início em 1967. A primeira legislação sobre o assunto surgiu em 1969, com a instituição do 2 Retirado em https://www.noticiasde.com.ar/ Decreto Lei 1.034/69, que autorizou o serviço privado em função do au- mento de assaltos a bancos, obriga- dos à época a recorrer à segurança privada. Este primeiro decreto regula- mentou uma atividade até então considerada paramilitar. As empresas que exerciam a atividade foram limitadas a um nú- mero de cinquenta no Estado de São Paulo e eram controladas pela Se- cretaria de Segurança Pública. Até 1983 os governos estaduais fiscaliza- vam estas empresas. D 10 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA Na década de 60, por meio de um decreto do governo, deu-se iní- cio a legislação sobre segurança pri- vada. Na ocasião, houve a determi- nação de que os bancos deveriam fa- zer a sua própria segurança no inte- rior de suas agências e proteger o transporte de seus valores. A partir de então, a legislação foi sendo atualizada e adequada aos novos tempos. A segurança privada, antes restrita aos bancos, foi esten- dida para atender a propriedades públicas e privadas, para a escolta de cargas e para a proteção pessoal. Em 1983, foi promulgada a Lei número 7.102 que regulamentou as atividades de segurança privada em todo território nacional. Nessa lei, estão as normas para a constituição e o funcionamento das empresas privadas interessadas em explorar os serviços de segurança, vigilância, proteção e escolta. Atualmente, a demanda pelos serviços de segurança privada no Brasil tem crescido em face à dificul- dade que os governos federal, esta- duais e municipais têm em inibir as atividades dos malfeitores. A demanda por Segurança Pri- vada aumentou ao longo dos anos e esta necessidade deixou de ser ex- clusiva das instituições financeiras para ser fundamental também a ór- gãos públicos e empresas particula- res. O auge dos serviços de segu- rança foi no final dos anos 70. A crescente procura exigia uma nor- matização, pois o decreto lei de 1969 já não comportava todos os aspectos da atividade. Foi realizado então um grande esforço junto ao governo federal pa- ra regulamentar a atividade através de legislação específica. Em 1983 a atividade foi regulamentada através da Lei 7.102 e a fiscalização deixou de ser estadual (SSP) e passou a ser federal (MJ). 12 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA 3. Legislação Vigente Fonte: Vigilante Diferenciado3 ormalmente as Leis sobre Se- gurança Privada são criadas e aprovadas pelo Congresso Nacional, os Decretos pelo Presidente da Re- pública e as Portarias pela Diretoria da Polícia Federal. A legislação sobre Segurança Privada é um conjunto de requisitos legais que regulariza e organiza as atividades de Segurança Privada no Brasil, popularmente chamada de ordem jurídica, e que estabelece condutas e ações aceitáveis ou recu- sáveis nas questões referentes a Se- gurança Privada. 3 Retirado em https://vigilantediferenciado.catimbabrasileira.com.br/2020/06/20/normas-juridi- cas-sobre-seguranca-privada/ Os principais tópicos da legis- lação sobre segurança privada ver- sam sobre a realização da vigilância patrimonial de instalações e estabe- lecimentos públicos e privados e a proteção de pessoas físicas dentro dos ambientes cujos limites são de- terminados para tal. Assim, em um evento musical, por exemplo, a se- gurança privada deverá proteger as instalações físicas, os artistas e pes- soal envolvido com o espetáculo, os equipamentos utilizados e o público que está no ambiente definido, que pode ser aberto ou fechado, como gi- násios, arenas ou estádios. N 13 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA Outro tópico da legislação se refere ao transporte de valores, cuja abrangência foi aumentada e, atual- mente, vários tipos de cargas são protegidos nas estradas e nas cida- des brasileiras. Por fim, a segurança pessoal também completa os tópicos da legislação. Iremos citar a seguir as princi- pais leis, decretos e portarias em vi- gência da legislação referente à se- gurança privada para que você possa compreender melhor o assunto: Leis Sobre Segurança Pri- vada Em ordem cronológica, pode- mos listar as seguintes leis, decreta- das pelo Congresso Nacional e San- cionadas pelo presidente da repú- blica: Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983: Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, esta- belece normas para constituição e funcionamento das empresas parti- culares que exploram serviços de vi- gilância e de transporte de valores, e dá outras providências. Lei nº 9.017, de 30 de março de 1995: Estabelece normas de con- trole e fiscalização sobre produtos e insumos químicos que possam ser destinados à elaboração da cocaína em suas diversas formas e de outras substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e altera dispositivos da Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, que dispõe sobre segurança para es- tabelecimentos financeiros, estabe- lece normas para constituição e fun- cionamento de empresas particula- res que explorem serviços de vigi- lância e de transporte de valores, e dá outras providências. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999: Regula o processo admi- nistrativo no âmbito da Administra- ção Pública Federal. Lei nº 9.873, de 23 de novem- bro de 1999: Estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras providências. Lei nº 10.826, de 22 de dezem- bro de 2003: Dispõe sobre regis- tro, posse e comercialização de ar- mas de fogo e munição, sobre o Sis- tema Nacional de Armas - Sinarm, define crimes e dá outras providên- cias. Decretos Sobre Segurança Pri- vada Cabe também mencionarmos os decretos presidenciais realizados pelo o líder do Poder Executivo usando das atribuições que lhe con- fere o artigo 81, inciso III, da Cons- tituição Federal: 14 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA Decreto nº 89.056, de 24 de no- vembro 1983: Regulamenta a Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, que “dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, esta- belece normas para constituição e funcionamento das empresas parti- culares que exploram serviços de vi- gilância e de transporte de valores e dá outras providências”. Decreto nº 3.665, de 20 de no- vembro de 2000: Dá nova reda- ção ao Regulamento para a Fiscali- zação de Produtos Controlados (R- 105). Decreto nº 5.123, de 1º de julho de 2004: Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM edefine crimes. Decreto nº 9.094, de 17 de julho de 2017: Dispõe sobre a simplifica- ção do atendimento prestado aos usuários dos serviços públicos, rati- fica a dispensa do reconhecimento de firma e da autenticação em docu- mentos produzidos no País e institui a Carta de Serviços ao Usuário. Decreto nº 9.150, de 4 de se- tembro de 2017: Aprova a Estru- tura Regimental e o Quadro De- monstrativo dos Cargos em Comis- são e das Funções de Confiança do Ministério da Justiça e Segurança Pública, remaneja cargos em comis- são e funções de confiança e substi- tui cargos em comissão do Grupo- Direção e Assessoramento Superio- res - DAS por Funções Comissiona- das do Poder Executivo - FCPE. Portarias Sobre a Segurança Privada Por último, mas não menos importante, cabe salientar sobre as portarias estabelecidas pelo diretor- geral do departamento de polícia fe- deral no uso das suas atribuições le- gais: Portaria nº 3.233/2012 - DG/ DPF, de 10 de dezembro de 2012: Dispõe sobre as normas rela- cionadas às atividades de Segurança Privada. Portaria nº 33.732/17 - DG/DPF de 07 de abril de 2017: Dispõe so- bre as normas relacionadas ao cre- denciamento de instrutores dos cur- sos voltados à formação, reciclagem e especialização dos profissionais de segurança privada. Além das Leis, Decretos e Por- tarias, há diversos outros Pareceres e Despachos que são emitidos ao longo do tempo pela própria Polícia Federal, em respostas a consultas, ou para complementação e esclare- cimentos de pontos referentes às normas. 15 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA A Polícia Federal fornece em seu site oficial uma lista contendo: Orientações, Manual do Vigilante, Dúvidas Frequentes e Instruções Normativas quanto à segurança pri- vada no Brasil. Os dados podem ser consultados no site que se encontra na bibliografia desta apostila. 16 17 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA 4. Direitos e Deveres do Profissional de Segurança Privada Fonte: Gozcu Grup4 Vigilante possui Direitos e De- veres garantidos pela Portaria 3.233/2012-DG/DPF da Polícia Fe- deral. Essa Portaria disciplina as atividades de segurança privada, ar- mada ou desarmada, desenvolvidas por empresas especializadas e pelos profissionais que nelas atuam. As atividades de segurança privada serão reguladas, autorizadas e fiscalizadas pelo Departamento de Polícia Federal e a política de segu- 4 Retirado em https://gozcugrup.com.tr/ rança privada envolve a Administra- ção Pública e as classes patronal e laboral, observando a Dignidade da pessoa humana; Segurança dos ci- dadãos; Prevenção de eventos dano- sos e diminuição de seus efeitos; Aprimoramento técnico dos profis- sionais de segurança privada e Estí- mulo ao crescimento das empresas que atuam no setor. São consideradas atividades de segurança privada: O 18 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA Vigilância patrimonial: ativida- de exercida em eventos sociais e dentro de estabelecimentos, urba- nos ou rurais, públicos ou privados, com a finalidade de garantir a in- columidade física das pessoas e a integridade do patrimônio; Transporte de valores: atividade de transporte de numerário, bens ou valores, mediante a utilização de veículos, comuns ou especiais; Escolta armada: atividade que vi- sa garantir o transporte de qualquer tipo de carga ou de valor, incluindo o retorno da equipe com o respectivo armamento e demais equipamentos, com os pernoites estritamente ne- cessários; Segurança pessoal: atividade de vigilância exercida com a finalidade de garantir a incolumidade física de pessoas, incluindo o retorno do vigi- lante com o respectivo armamento e demais equipamentos, com os per- noites estritamente necessários; Curso de formação: atividade de formação, extensão e reciclagem de vigilantes. A seção IV, artigo 163 da Por- taria assegura ao vigilante direitos, tais como: O recebimento de uniforme, devidamente autorizado, às expensas do empregador; Porte de arma, quando em efe- tivo exercício; A utilização de materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e estado de conservação, inclusive armas e munições; A utilização de sistema de co- municação em perfeito estado de funcionamento; Treinamento regular nos ter- mos previstos nesta Portaria; Seguro de vida em grupo, feito pelo empregador e Prisão especial por ato décor- rente do serviço. Já a Seção V, artigo 164 res- palda os deveres dos vigilantes. São eles: Exercer suas atividades com urbanidade (Ser sociável, edu- cado e cortês), probidade (Ter postura, integridade e hones- tidade) e denodo (Coragem e bravura diante do perigo), ob- servando os direitos e garan- tias fundamentais, individuais e coletivos, no exercício de suas funções; Utilizar, adequadamente, o uniforme autorizado, apenas em serviço; Portar a CNV - Carteira Nacio- nal de Vigilante (Documento de identidade funcional do vi- gilante, de uso obrigatório em serviço, com validade de 5 (cinco) anos); Manter-se adstrito ao local sob vigilância, observando-se as peculiaridades das atividades de transporte de valores, es- colta armada e segurança pes- soal e comunicar ao seu supe- 19 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA rior hierárquico quaisquer in- cidentes ocorridos no serviço, assim como quaisquer irregu- laridades relativas ao equipa- mento que utiliza, em especial quanto ao armamento, muni- ções e colete à prova de balas, não se eximindo o empregador do dever de fiscalização. Também é de suma importân- cia ao profissional da segurança pri- vada se atentar à algumas informa- ções, mesmo que estas não estejam estabelecidas em leis, para que exer- ça com sublimidade suas atribui- ções: Ter conhecimentos elementa- res de Direito, Direito Consti- tucional e Direito Penal, enfo- cando os principais crimes que o profissional da segurança privada deve prevenir e aque- les nos quais pode incorrer. Ampliar seus conhecimentos para respeitar a visão política e prática da afirmação dos Di- reitos Humanos, observando a complexidade e a diversidade dos seres humanos e de seus direitos, compreendidos tam- bém perspectiva de respeito à diversidade de orientação sexual, dos direitos das mu- lheres (combate à violência de gênero), das crianças, adoles- centes e idosos, dos portado- res de necessidades especiais, combatendo, por fim, a utiliza- ção de práticas discriminató- rias no exercício da profissão. Desenvolver atitudes para o atendimento adequado e prio- ritário às pessoas com defi- ciência. Desenvolver conhecimentos sobre o Sistema Nacional de Segurança Pública, atribuições constitucionais de cada corpo- ração policial e das Forças Ar- madas e atribuições da guarda municipal. Possuir conhecimento sobre a atuação e acionamento da po- lícia militar em caso de ocor- rência policial gerada na área da vigilância. Saber identificar grupos crimi- nosos e seu modo de operação, com o fim de evitar cooptação do profissional de segurança privada. Possuir noções básicas de pre- venção e combate a incêndios, sabendo adotar as providên- cias adequadas em caso de si- nistros, principalmente na evacuação de prédios. Ser capacitado a prestar assis- tência inicial em caso de emer- gência através de assimilação de conhecimentos de primei- ros socorros. Manter-se em boa forma fí- sica. Desenvolver habilidades, fun- damentos e técnicas de defesa pessoal e de terceiros. Manejar de maneira eficiente o armamento empregado na atividade de vigilância, como último recurso de defesa pes- soal ou de terceiros. 20 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA Desenvolver conhecimentos sobre vigilância geral e sobre as áreasde vigilância especia- lizadas, como vigilância em banco, shopping, hospital, es- cola, indústria, com o fim de manter a integridade do patri- mônio que guarda, executar os serviços que lhe competem e realizar uma vigilância dinâ- mica, alerta, integrada e inte- rativa. Desenvolver conhecimentos teóricos e práticos sobre o sis- tema de telecomunicações uti- lizado pelas empresas de segu- rança e a utilização dos equi- pamentos de comunicação. Desenvolver conhecimentos sobre os sistemas computado- rizados e de controle eletrôni- co, não restritos, geridos por empresas e disponíveis a seus vigilantes. Possuir noções de criminalísti- ca (evidências, vestígios e local de crime). Instrumentalizar o aluno de técnicas de isolamen- to do local do crime, preserva- ção de vestígios até a chegada da polícia. Desenvolver conhecimentos gerais sobre conceitos e legis- lação relativos ao emprego da força de maneira escalonada, com auxílio de armas não-le- tais. 21 22 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA 5. Definições de Estratégia e Planejamento Fonte: Linkedin5 natureza humana insiste em uma definição para cada con- ceito. Mas a palavra estratégia há tempos vem sendo usada implicita- mente de diferentes maneiras, ainda que tradicionalmente tenha sido de- finida de uma única forma. O reco- nhecimento explícito das definições múltiplas pode ajudar as pessoas a moverem-se neste campo difícil. As- sim, apresentamos aqui cinco defi- nições de estratégia - como plano, pretexto, padrão, posição e perspec- tiva - e depois consideraremos algu- mas de suas inter-relações. 5 Retirado em https://br.linkedin.com/ Estratégia como Plano Para quase todos a quem você perguntar, estratégia é um plano - algum tipo de curso de ação consci- entemente pretendido, uma diretriz (ou conjunto de diretrizes) para li- dar com uma situação. Uma criança tem uma “estratégia” para pular uma cerca, uma corporação tem uma estratégia para capturar um mer- cado e um profissional da segurança privada possui suas estratégias para manter a segurança do local. Por essa definição, as estratégias têm A 23 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA duas características essenciais: são criadas antes das ações às quais vão se aplicar e são desenvolvidas cons- ciente e propositalmente. Como planos, as estratégias podem ser gerais ou especificas. Há o uso da palavra no sentido especí- fico que deve ser identificado aqui. Como plano, uma estratégia tam- bém pode ser um pretexto, realmen- te apenas uma “manobra” específica para superar um oponente ou con- corrente. A criança pode usar a cerca como um pretexto para levar um va- lentão para o quintal, onde seu Do- berman aguarda os intrusos. Da mesma forma, uma corporação pode ameaçar expandir a capacidade da fábrica para desencorajar um con- corrente de construir uma nova fá- brica. E um vigilante pode realizar um disparo para o alto, desde que esteja em propriedade privada e não seja feito em direção à via pública com o único intuito de afugentar um possível invasor. Aqui a estratégia real (como plano, ou seja, a intenção real) é a ameaça, não a expansão em si, e, como tal, é um pretexto. Na verdade, há uma literatura crescente no campo da gestão estra- tégica, e também sobre o processo geral de barganha, que vê a estraté- gia dessa forma e por isso concentra atenção em seus aspectos mais dinâ- micos e competitivos. Estratégia como Padrão Mas, se as estratégias podem ser pretendidas (seja como planos gerais, seja como pretexto especí- fico), elas certamente também po- dem ser realizadas. Em outras pala- vras, definir estratégia como um plano não é suficiente; também pre- cisamos de uma definição que englo- be o comportamento resultante. As- sim, propõe-se uma terceira defini- ção: estratégia é um padrão - especi- ficamente, um padrão em uma cor- rente de ações. Por essa definição, quando Picasso pintou quadros azuis por um período, foi uma estra- tégia, assim como foi estratégia o comportamento da Ford Motor Company quando Henry Ford ofere- cia o modelo T apenas na cor preta. Em outras palavras, por essa defini- ção, estratégia é consistência no comportamento, pretendida ou não. Isso pode soar como uma defi- nição estranha para uma palavra que tem sido tão associada à livre von- tade (strategos, em grego, a arte do general do exército). Mas o ponto principal é que, embora quase nin- guém defina estratégia dessa forma, muitas pessoas parecem usá-lá uma vez ou outra. Considere esta citação de um executivo empresarial: “Gra- dualmente, a abordagem bem-suce- dida transforma-se em um modelo 24 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA de ação que se torna nossa estraté- gia. Nós certamente não temos uma estratégia global para isso”. Esse co- mentário é inconsistente apenas se nos restringirmos a uma definição de estratégia: o que esse homem pa- rece estar dizendo é que a empresa dele tem estratégia como padrão, mas não como plano. Ou considere este comentário na Business Week sobre uma joint-venture entre Gene- ral Motors e Toyota: A tentativa de acordo com a Toyota pode ser muito importante porque é outro exemplo de como a estratégia da GM se reduz a fazer um pouco de tudo até que o mercado de- cida para onde vai. (Business Week, 31 outubro 1983). Um jornalista inferiu um pa- drão no comportamento de uma cor- poração e chamou-o de estratégia. O ponto é que cada vez que um jorna- lista imputa uma estratégia a uma corporação ou a um governo, e cada vez que um executivo faz a mesma coisa com um concorrente ou mes- mo com a administração superior de sua empresa, eles estão implicita- mente definindo estratégia como pa- drão de ação - ou seja, inferindo con- sistentemente um comportamento e rotulando isso como estratégia. Eles podem, evidentemente, ir além e im- putar intenção àquela consistência – ou seja, assumir que há um plano por trás do padrão. Mas isso é uma suposição, que pode vir a ser falsa. Assim, as definições de estra- tégia como plano e padrão podem ser muito independentes uma da ou- tra: planos podem não se realizar, enquanto que padrões podem apare- cer sem ser preconcebidos. Parafra- seando Hume, as estratégias podem resultar de ações humanas, mas não de projetos humanos. Se rotulamos a primeira definição como estratégia pretendida e a segunda como estra- tégia realizada, podemos distinguir estratégias deliberadas, nas quais as intenções que existiam previamente foram realizadas, das estratégias emergentes, nas quais os modelos se desenvolveram sem intenções, ou apesar delas (que se tornaram não realizadas). Querer que uma estratégia se- ja verdadeiramente deliberada - ou seja, para que um padrão seja pre- tendido exatamente como realizado - pareceria ser uma exigência exage- rada. Intenções precisas teriam que ser declaradas antecipadamente pe- los líderes da organização; isso teria que ser aceito por todos os demais e então realizado sem qualquer inter- ferência de forças de mercado, tec- nológicas, políticas, etc. Da mesma forma, uma estra- tégia verdadeiramente emergente é novamente uma exigência exagera- 25 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA da, requerendo consistência de ação sem qualquer dica de intenção. (Sem consistência significa sem estraté- gia, ou pelo menos estratégia não re- alizada). Assim, algumas estratégias aproximam-se o suficiente de uma dessas formas, enquanto outras - provavelmente a maioria - locali- zam-se em uma linha continua que existe entre as duas, refletindo as- pectos deliberados e também emer- gentes. Estratégia como Posição A quarta definição é que estra- tégia éuma posição - especificamen- te, um meio de localizar uma organi- zação naquilo que os teóricos orga- nizacionais gostam de chamar de “ambiente”. Por essa definição, es- tratégia torna-se a força mediadora - ou a “combinação” entre organiza- ção e ambiente, ou seja, entre o con- texto interno e o externo. Em termos ecológicos, estraté- gia torna-se um “nicho”; em termos econômicos, um local que gera “renda” (ou seja, “retorno por [estar] em um local ‘único’”; em termos ad- ministrativos, um “domínio” de pro- duto-mercado, o local no ambiente onde os recursos estão concentra- dos. Observe que essa definição de estratégia pode ser compatível com qualquer uma (ou todas) das anteri- ores; pode-se pré-selecionar uma posição e aspirar a ela por meio de um plano (ou pretexto), e/ou ela po- de ser alcançada, talvez até encon- trada, por meio de um padrão de comportamento. Nas visões militares e de jogos da estratégia, a posição é geralmente usada no contexto daquilo chamado de “jogo entre duas pessoas”, mais conhecido no mundo empresarial como competição direta (na qual os pretextos são muito comuns). A de- finição de estratégia como posição, porém, implicitamente nos permite abrir o conceito para os chamados jogos de ‘n’ pessoas (ou seja, muitos jogadores) e ir além. Em outras pa- lavras, embora posição possa sem- pre ser definida em relação a um único competidor (o que ocorre lite- ralmente na área militar, na qual a posição se torna o local de batalha), ela também pode ser considerada no contexto de diversos competidores ou simplesmente em relação aos mercados ou um ambiente como um todo. Mas estratégia como posição também pode ir além da competi- ção, economia e outros. Na verdade, qual o significado da palavra “nicho”, senão uma posi- ção ocupada para evitar competição. Assim, podemos passar da definição usada pelo general Ulysses Grant em meados de 1860, “Estratégia [é] a disposição dos recursos de alguém da maneira que lhe dê mais chance 26 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA de derrotar o inimigo”, para a do professor Richard Rumelt em mea- dos de 1980, “Estratégia é criar situ- ações para rendas econômicas e en- contrar formas de sustentar essas si- tuações”, ou seja, qualquer posição viável, diretamente competitiva ou não. Astley e Fombrun, na verdade, dão o próximo passo lógico para apresentar a noção de estratégia “co- letiva”, ou seja, estratégia que visa promover a cooperação entre as or- ganizações, mesmo supostos con- correntes (equivalente, em biologia, a animais que se reúnem em bandos, em busca de proteção). Tais estraté- gias podem variar “de acordos e dis- cussões informais a mecanismos formais, como diretorias corporati- vas associadas, joint ventures e fu- sões”. Na verdade, consideradas de um ângulo ligeiramente diferente, elas podem ser descritas algumas vezes como estratégias políticas, ou seja, estratégias para subverter for- ças legítimas de competição. Estratégias como Perspectiva Enquanto a quarta definição de estratégia olha para fora, buscan- do localizar a organização no ambi- ente externo, e para baixo, para po- sições concretas, a quinta olha para dentro da organização, na verdade, para dentro da cabeça dos estrate- gistas coletivos, mas com uma visão mais ampla. Aqui, estratégia é uma perspectiva, seu conteúdo consis- tindo não apenas de uma posição es- colhida, mas também de uma ma- neira fixa de olhar o mundo. Há or- ganizações que favorecem o marke- ting e constroem toda uma ideologia a seu redor (a IBM); a Hewlett-Pa- ckard desenvolveu a “maneira HP”, baseada em sua cultura de engenha- ria, enquanto que o McDonald’s se tornou famoso por sua ênfase em qualidade, serviço e limpeza. Nesse aspecto, estratégia é pa- ra a organização aquilo que a perso- nalidade é para o indivíduo. Na ver- dade, um dos primeiros e mais influ- entes autores a escrever sobre estra- tégia (pelo menos na forma como suas ideias refletiram em textos mais populares) foi Philip Selznick, que escreveu sobre o “caráter” de uma organização - “comprometi- mentos” distintos e integrados “com maneiras de agir e responder” que são construídos diretamente. Diver- sos conceitos de outros campos tam- bém capturam essa noção; os antro- pólogos referem-se à “cultura” de uma sociedade, e os sociólogos à sua “ideologia”; os teóricos militares es- crevem sobre a “grande estratégia” dos exércitos; teóricos da adminis- tração usaram termos como “teoria dos negócios” e sua “força motriz”; e 27 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA os alemães talvez capturem melhor o sentido com sua palavra “weltans- chauung”, literalmente “visão do mundo”, significando intuição cole- tiva sobre como o mundo funciona. Esta quinta definição sugere acima de tudo que estratégia é um conceito. Isso tem uma implicação importante, ou seja, todas as estra- tégias são abstrações que existem apenas na cabeça das partes interes- sadas. É importante lembrar que ninguém nunca viu ou tocou uma es- tratégia; cada estratégia é uma in- venção, uma criação da imaginação de alguém, seja concebida com a in- tenção de regular o comportamento antes que ocorra a ação, seja inferida como padrão para descrever um comportamento que já ocorreu. O que é de fundamental im- portância nesta quinta definição, porém, é que a perspectiva é com- partilhada. Como indicado nas pala- vras weltanschauung, cultura e ide- ologia (em relação à sociedade), mas não à palavra personalidade, estra- tégia é uma perspectiva comparti- lhada pelos membros de uma orga- nização, por suas intenções e/ou por suas ações. Na verdade, quando fa- lamos sobre estratégia neste con- texto, entramos na esfera da mente coletiva - pessoas unidas por pensa- mento e/ou comportamento co- mum. Dessa forma, uma questão importante no estudo da formação de estratégia é como ler essa mente coletiva - para entender como as in- tenções se espalham pelo sistema chamado organização para se torna- rem compartilhadas e que ações de- vem ser praticadas em bases coleti- vas e consistentes. Inter-Relacionando os P’S Como sugerido acima, estraté- gia como posição e perspectiva pode ser compatível com estratégia como plano e/ou padrão. Mas, na verdade, as relações entre essas diferentes de- finições podem ser mais complexas do que isso. Por exemplo, enquanto alguns consideram perspectiva co- mo sendo um plano, outros a descre- vem como criadora de planos (por exemplo, como posições e/ou pa- drões em algum tipo de hierarquia implícita). Mas o conceito de estra- tégia emergente é que um padrão pode surgir e ser reconhecido, de forma a criar um plano formal, tal- vez dentro de uma perspectiva geral. Podemos perguntar em pri- meiro lugar como surge a perspec- tiva. Provavelmente por meio de ex- periências anteriores: a organização tentou várias coisas em seus anos iniciais e gradualmente consolidou uma perspectiva que funcionava. Em outras palavras, parece que as organizações desenvolvem “cará- 28 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA ter”, da mesma forma como as pes- soas desenvolvem personalidade - interagindo com o mundo como o veem por meio do uso de suas habi- lidades inatas e inclinações naturais. Assim, o padrão também pode gerar a perspectiva. E a posição também pode. A discussão de Witness Per- row sobre “homens de lã” e “homens de seda” do comércio têxtil, pessoas que desenvolveram uma dedicação quase religiosa às fibras que produ- ziram. Porém, não importa como apareçam, há razões para acreditar que enquanto planos e posições po- dem ser dispensáveis, perspectivas são imutáveis. Em outras palavras, uma vez estabelecidas, as perspecti- vas podem ser difíceis de mudar. Na verdade, umaperspectiva pode se tornar tão profundamente arraigada no comportamento de uma organi- zação que as crenças associadas po- dem se tornar subconscientes na ca- beça de seus membros. Quando isso ocorre, a perspectiva pode passar a se parecer mais com um padrão do que com um plano - em outras pala- vras, pode se basear mais na consis- tência de comportamentos do que na articulação das intenções. Evidentemente, se a perspec- tiva é imutável, então uma mudança em plano e posição dentro da pers- pectiva é fácil se comparada a uma mudança de perspectiva. Nesse as- pecto, é interessante destacar o caso do Egg McMuffin. Esse produto, quando novo - o café da manhã nor- te-americano em um bolinho - foi uma mudança estratégica da rede de lanchonetes McDonald’s? Lançada em turmas de MBA, essa questão quebra-cabeças (ou pelo menos que- bra-estômagos) inevitavelmente ge- rava debates empolgados. Os propo- nentes (normalmente pessoas com simpatia por fastfood) alegam que evidentemente foi: levou o McDo- nald’s a um novo mercado, o de café da manhã, ampliando o uso das ins- talações já existentes. Os oponentes replicam que isso não faz sentido; nada mudou, apenas alguns poucos ingredientes: é a mesma velha papa em uma nova embalagem. Evidente- mente, os dois lados estão certos – e errados. Depende simplesmente de como se define estratégia. Posição alterada; a perspectiva permaneceu a mesma. Na verdade - e este é o ponto - a posição poderia ser facil- mente alterada porque é compatível com a perspectiva existente. O Egg McMuffin é todo McDonald’s, não apenas em produto e embalagem, mas também em produção e propa- gação. Mas imagine uma mudança de posição no McDonald’s que exi- gisse uma mudança de perspectiva – digamos, introduzir jantar à luz de 29 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA velas com serviço personalizado (seu McPato com laranja preparado ao ser pedido) para capturar o mercado de pessoas que jantam tarde da noi- te. Não precisamos dizer mais nada, exceto, talvez, rotular isso de “sín- drome Egg McMuffin”. Considerando que as palavras estratégia, objetivos, metas, política e programas têm diferentes signifi- cados para cada leitor ou para as vá- rias culturas organizacionais, usa- mos certas definições consistente- mente... por clareza - e não por pe- dantismo - seguem essas definições. Uma estratégia é o padrão ou plano que integra as principais me- tas, políticas e sequências de ação da organização em um todo coeso. Uma estratégia bem-formulada ajuda a organizar e alocar os recursos de uma organização em uma postura única e viável, baseada em suas com- petências e deficiências internas re- lativas, mudanças antecipadas no ambiente e movimentos contingen- tes por parte dos oponentes inteli- gentes. As metas (ou objetivos) esta- belecem o que vai ser atingido e quando os resultados devem ser ob- tidos, mas não estabelecem como os resultados devem ser atingidos. To- das as organizações têm metas múl- tiplas dentro de uma hierarquia complexa: desde objetivos de valor, que expressam as premissas de valor amplas para onde a empresa deve se dirigir, passando por objetivos orga- nizacionais gerais, que estabelecem a natureza pretendida do empreen- dimento e as direções nas quais a empresa deve se mover, até uma sé- rie de metas menos permanentes, que definem objetivos para cada unidade organizacional, suas subu- nidades e, finalmente, todas as prin- cipais atividades programadas den- tro de cada subunidade. Os princi- pais objetivos - aqueles que afetam a direção geral e a viabilidade da enti- dade - são chamados de objetivos es- tratégicos. As políticas são regras ou dire- trizes que expressam os limites den- tro dos quais a ação deve ocorrer. Essas regras sempre têm a forma de decisões contingentes para resolver conflitos entre objetivos específicos. Por exemplo: “Não exceder três me- ses para o estoque de qualquer item sem aprovação corporativa”. Como os objetivos que suportam, as políti- cas existem em uma hierarquia em toda a organização. As principais po- líticas - aquelas que orientam a dire- ção geral e a postura da entidade ou que determinam sua viabilidade - são chamadas de políticas estratégi- cas. Os programas especificam a sequência de ações passo a passo, necessária para atingir os principais 30 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA objetivos. Expressam como os obje- tivos vão ser atingidos dentro dos li- mites estabelecidos pela política. As- seguram que recursos sejam com- prometidos para atingir as metas e fazem um acompanhamento dinâ- mico, por meio do qual podemos medir o progresso. Os principais programas que determinam a força e a viabilidade geral de uma entida- de são chamados de programas es- tratégicos. As decisões estratégicas são aquelas que determinam a direção geral de um empreendimento e sua viabilidade final à luz das mudanças previsíveis, imprevisíveis e irreco- nhecíveis que podem ocorrer nos principais ambientes adjacentes. Elas sutilmente moldam as verda- deiras metas do empreendimento. Ajudam a delinear os limites amplos dentro dos quais a empresa opera. Ditam tanto os recursos que a em- presa terá disponíveis para suas ta- refas como os principais padrões para os quais esses recursos serão alocados. E determinam a eficácia da empresa - se suas principais for- ças estão na direção certa conside- rando seus potenciais recursos - em vez de dizer se as tarefas individuais são desempenhadas eficientemente. Gerenciamento voltado para a efici- ência, junto com a miríade de deci- sões necessárias para manter a vida diária e os serviços da empresa, for- mam o domínio de operações. 31 32 ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO EM SEGURANÇA PRIVADA 6. Referências Bibliográficas BARBOSA, J. 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