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Apostila NOÇÕES ESSENCIAIS DE DIREITOS HUMANOS, DIREITO

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NOÇÕES ESSENCIAIS DE DIREITOS HUMANOS, DIREITO 
CONSTITUCIONAL E DE DIREITO PENAL INTERNACIONAL 
 
 
 
1 
SUMÁRIO 
 
 
1. CONCEITUANDO OS DIREITOS HUMANOS ......................................................... 2 
IMAGEM 1 ............................................................................................................................. 2 
BRASIL ESCOLA, 2018 ......................................................................................................... 2 
2. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.................................................8 
3. DIREITO CONSTITUCIONAL.......................................................................10 
 3.1 GARANTIAS FUNDAMENTAIS.........................................................................14 
3.2 O que são os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro?....16 
4. DIREITO PENAL INTERNACIONAL..............................................................18 
 4.1 PRINCÍPIOS DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL..................................22 
 4.2 O Brasil e o Tribunal Penal Internacional........................................................24 
REFERÊNCIAS..........................................................................................................26 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. CONCEITUANDO OS DIREITOS HUMANOS 
IMAGEM 1 
 
 
BRASIL ESCOLA, 
2018 
 
Os Direitos Humanos (DH) podem ser compreendidos como direitos do 
homem/cidadão, entretanto, com reação ao conceito, na obra A Era Dos Direitos (2004), 
Bobbio considera que a palavra “direito” presente na expressão “direito do homem” é um 
debate constante e bastante confuso. 
 São muitas as definições, contudo, todas basicamente com o mesmo sentido, isto é, 
que são direitos do homem aqueles direitos que cabem ao homem enquanto ser humano. 
 
 
Bobbio (2004) ainda ressalta que estes direitos não são fruto de uma concessão da 
sociedade política, todavia, são direitos que a sociedade política precisa e deve aplicar e 
garantir. Nesse sentido, não sendo os DH uma concessão da sociedade política, eles são fruto 
de construções históricas marcadas por confrontos e contradições da realidade, após a 
ocorrência de injustiças e constantes desigualdades o debate sobre a necessidade de exigir 
direitos a estes indivíduos que sofreram com essas e outras violências. 
Ademais, os DH, por mais fundamentais que possam ser, são construções históricas, isto 
é, nascem em diferentes conjunturas, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades 
contra antigos modos de poder, por isso, nascem de forma gradual e lenta. 
Para Garcia e Lazari (2014, p. 33), os DH 
 “[...] são aqueles inerentes ao homem enquanto condição para sua dignidade que, usualmente são 
descritos em documentos internacionalmente para que seja mais seguramente garantidos”, 
Grosso modo, podem ser conceituados como a categoria jurídica instituída com a 
finalidade de proteger a dignidade humana em todas as suas dimensões. 
A doutrina constitucional reconhece três níveis de direitos considerados fundamentais, 
conceituados por primeira, segunda e terceira geração e, para alguns pesquisadores, também 
há uma quarta geração, podendo ser considerados também como dimensões de direitos 
fundamentais. 
Dessa maneira, os direitos de primeira geração referem-se às liberdades individuais, ou 
seja, liberdades de expressão, de consciências, físicas, propriedade. Enquanto a segunda 
geração refere-se ao grupo ou sociedade de indivíduos, dito de outra forma, seriam os direitos 
sociais (econômicos, culturais e sociais). A terceira geração de direitos refere-se aos direitos 
de solidariedade e fraternidade, ou seja, os direitos ao desenvolvimento ou progresso, ao 
meio ambiente saudável, à paz, à autodeterminação dos povos. 
Todavia, há também aqueles direitos introduzidos no âmbito jurídico pela globalização 
política, isto é, os direitos de quarta geração, que são aqueles direitos que se referem à 
democracia, informação e ao pluralismo, em outras palavras, seriam os direitos do gênero 
humano. 
 
 
 
Nesse contexto, Bobbio (2004) estabelece que os direitos da primeira geração são 
aqueles que correspondem aos direitos de liberdade, logo, não é o Estado que age; os direitos 
de segunda geração são denominados pelo autor como direitos sociais, o que corresponde ao 
agir (positivo) do Estado; os direitos de terceira geração constituem-se, ainda, como uma 
categoria vaga e heterogênea, referindo-se aos direitos do homem em âmbito internacional, 
como viver uma vida digna, num ambiente sem poluição; nos direitos de quarta geração, o 
autor considera que estes referem-se as possibilidades de promover manipulações genéticas 
em cada indivíduo, referindo-se a configuração dos estudos que envolvem a bioengenharia, a 
biotecnologia, a bioética. 
Em suma, os direitos de “primeira geração” referem-se aos direitos civis e políticos, 
direitos que tratam das liberdades individuais básicas: à vida, à expressão, participar da 
elaboração de leis de sua comunidade política (direta ou indiretamente), formando uma 
sociedade aberta e um Estado de Direito; a “segunda geração” de direitos está relacionada 
aos direitos econômico-sociais ou simplesmente direitos sociais, tornam o Estado devedor de 
sua população, tendo como obrigação realizar ações para garantir um mínimo de igualdade e 
de bem-estar social; os direitos da “terceira geração”, referem-se aos direitos do homem no 
âmbito internacional, destarte, estão presentes na consciência coletiva da população que 
passa a exigir tais direitos do Estado com maior frequência. 
Referem-se aos direitos de ter um meio ambiente não poluído/contaminado e viver em 
uma sociedade harmônica; os direitos da “quarta geração” são ligados ao pluralismo e à 
democracia, isto é, a possibilidade de ser diferente, direito à informação, à pluralidade (nos 
mais diversos modos), ao respeito das minorias e apátridas, em suma, podemos dizer que a 
“quarta geração” se refere aos direitos das gerações vindouras. 
Por isso, cabe à atual geração a responsabilidade e compromisso com o mundo, a fim 
de que este seja igual, ou melhor, do que aquele que recebemos das gerações passadas, isso 
implica na discussão e transversalidade de todas as outras gerações de direitos. 
 
 
Como observa Norberto Bobbio (2004), a DUDH é muito mais do que uma sugestão, ela 
a busca por um valor ético, um programa que age em conjunto com/para toda a humanidade. 
A declaração é uma prova histórica do consenso mundial sobre um sistema de valores. 
Por isso que, quando olhamos para a declaração temos o sentimento que há muitos 
direitos deixados de lado/fora, todavia, é preciso também compreender que os que estão 
presentes ainda não se efetivaram por completo em todas as sociedades e a conquista destes 
não ocorreu sem um longo processo de lutas. 
Assim, diante da contextualização conceitual dos DH, torna-se imprescindível pensar a 
educação nesta empreitada, uma vez que na Declaração Universal dos Direitos Humanos 
(DUDH) de 1948, o direito à educação encontra-se destinado para “[...] o pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos 
humanos e pelas liberdades fundamentais” (Art. 26). Desse modo, uma Educação em e para 
os DH já consta como preocupação na DUDH, trazendo, inclusive, importantes considerações 
aos docentes: 
 [...] Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que 
ultrajam a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de 
palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta 
aspiração do homem comum [...], uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta 
importância para o pleno cumprimento desse compromisso (DECLARAÇÃOUNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS, 1948). 
No momento em que a sociedade perde a capacidade de ação na busca pela 
solidariedade e dignidade humana, e passa a justificar o uso extremo do arbítrio e da força, a 
coletividade perde sua autonomia política, sua capacidade de estar-entre-homens, de sentir, 
pensar e agir (ARENDT, 2009). 
Não obstante, as experiências totalitárias do século passado nos mostram como se 
multiplicaram as constantes práticas genocidas e os massacres em massa, justamente em um 
momento em que a humanidade se preocupou em criar e efetivar mecanismos de proteção 
internacional para defender a dignidade humana, as liberdades e direitos dos povos. 
 
 
 Portanto, uma Educação em e para os DH torna-se fundamental, pois, em nome de 
burocracias, regras, compromissos e visões “egocêntricas”, estamos dispostos a aceitar 
atrocidades, o perigo à recaída da barbárie ainda é eminente: 
“Qualquer debate sobre os ideais da educação é vão e indiferente em comparação com 
este: que Auschwitz não se repita.” 
(ADORNO, 1995, p. 104), grosso modo, “a exigência que Auschwitz não se repita é a 
primeira de todas para a educação” (ADORNO, 2006, p. 119). 
 
IMAGEM 2 
 
MAPA MENTAL, 2020 
 
 
 
 
2. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
1. Todos Nascemos Livres e Iguais. Nascemos todos livres. Todos temos os nossos 
pensamentos e ideias. Deveríamos ser todos tratados da mesma maneira. 
2. Não Discrimine. Estes direitos são de todos, independentemente das nossas 
diferenças. 
3. O Direito à Vida. Todos temos o direito à vida, e a viver em liberdade e segurança. 
4. Nenhuma Escravatura. Ninguém tem o direito de nos escravizar. Não podemos 
fazer de ninguém nosso escravo. 
5. Nenhuma Tortura. Ninguém tem o direito de nos magoar ou de nos torturar. 
6. Você Tem Direitos Onde Quer que Vá. Eu sou uma pessoa igual a si! 
7. Somos Todos Iguais Perante a Lei. A lei é igual para todos. Deve tratar-nos com 
justiça. 
8. Os Direitos Humanos são Protegidos por Lei. Todos podemos pedir ajuda da lei 
quando formos tratados com injustiça. 
9. Nenhuma Detenção Injusta. Ninguém tem o direito de nos prender sem uma razão 
válida, de nos manter lá, ou de nos mandar embora do nosso país. 
10. O Direito a Julgamento. Se formos julgados, o julgamento deve ser público. A 
pessoa que nos julga não deve ser influenciada por outras pessoas. 
11. Estamos Sempre Inocentes até Prova em Contrário. Ninguém deveria ser acusado 
por fazer algo até que esteja provado. Quando as pessoas dizem que fizemos uma coisa errada 
temos o direito de provar que não é verdade. 
12. O Direito à Privacidade. Ninguém deveria tentar ferir o nosso bom nome. 
Ninguém tem o direito de entrar na nossa casa, abrir as nossas cartas ou incomodar-nos ou à 
nossa família sem uma boa razão. 
 
 
13. Liberdade para Locomover Todos temos o direito de ir aonde quisermos dentro 
do nosso próprio país e de viajar para onde quisermos. 
14. O Direito de Procurar um Lugar Seguro para Viver. Se tivermos medo de ser 
maltratados no nosso país, temos o direito de fugir para outro país para estarmos seguros. 
15. Direito a uma Nacionalidade. Todos temos o direito de pertencer a um país. 
16. Casamento e Família. Todos os adultos têm o direito a casar e a terem uma família 
se quiserem. Os homens e as mulheres têm os mesmos direitos quando estão casados ou 
separados. 
17. O Direito às Suas Próprias Coisas. Todos temos o direito a termos as nossas 
próprias coisas ou de as partilhar. Ninguém nos deveria tirar as nossas coisas sem uma boa 
razão. 
18. Liberdade de Pensamento. Todos temos o direito de acreditar naquilo que 
queremos, a ter uma religião ou a mudar de religião se quisermos. 
19. Liberdade de Expressão. Todos temos o direito de decidir por nós mesmos, de 
pensarmos o que quisermos, de dizer o que pensamos, e de partilhar as nossas ideias com 
outras pessoas. 
20. O Direito de se Reunir Publicamente. Todos temos o direito de nos reunir com os 
nossos amigos e trabalhar em conjunto em paz para defender os nossos direitos. Ninguém 
nos pode forçar a juntar-mo-nos a um grupo se não o quisermos fazer. 
21. O Direito à Democracia. Todos temos o direito de participar no governo do nosso 
país. Todos os adultos devem ter o direito de escolher os seus próprios líderes. 
22. Segurança Social. Todos temos o direito a uma casa, medicamentos, educação, a 
dinheiro suficiente para viver e a assistência médica se estivermos velhos ou doentes. 
23. Direitos do Trabalhador. Todos os adultos têm o direito a um emprego, a um 
salário justo pelo seu trabalho e a inscrever-se num sindicato. 
24. O Direito à Diversão. Todos temos o direito a descansar do trabalho e a relaxar. 
 
 
25. Comida e Abrigo para Todos. Todos temos o direito a ter uma boa vida. As mães, 
as crianças, os idosos, os desempregados ou os deficientes e todas as pessoas têm o direito a 
receber cuidados. 
26. O Direito à Educação. A educação é um direito. A escola primária deveria ser 
gratuita. Devemos aprender coisas sobre as Nações Unidas e a conviver com os outros. Os 
nossos pais podem escolher o que devemos aprender. 
27. Direitos de Autor. Os direitos de autor é uma lei especial que protege as criações 
artísticas e a escrita; os outros não podem fazer cópias sem autorização. Todos temos o direito 
à nossa forma de vida e a gozar as coisas boas que a arte, a ciência e o conhecimento trazem. 
28. Um Mundo Justo e Livre. Deve existir ordem para que todos possamos gozar os 
direitos e as liberdades no nosso país e em todo o mundo. 
29. Responsabilidade. Temos o dever para com as outras pessoas e devemos 
proteger os seus direitos e liberdades. 
30. Ninguém Pode Tirar-lhe os seus Direitos Humanos. 
 
 
 
 
3. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
As primeiras conquistas do homem foram contra o próprio homem. O bando que 
tinha mais força dominava as propriedades, a comida e as fêmeas do outro bando. 
Por isso, os homens resolveram criar algo poderoso, que pudesse resguardar suas 
propriedades e gerar, assim, um mínimo de segurança para viver: criaram o Estado, 
concentrando nele toda a força disponível, transformando-se na primeira grande conquista 
do homem, enquanto ser social. Se os homens resolveram delegar poderes para o Estado, 
concentrado nele toda a força necessária para manter a paz social, era de se supor que o 
Estado acabasse abarcando a tudo e a todos; que acabasse sendo absoluto. 
A intenção era esta mesma: o Estado deveria ser absoluto, não podendo ser a ele 
oposto outro poder, outra força, sob pena de balbúrdia, insegurança e fragilidade do próprio 
Estado. Por isso é que o inglês Thomas Robbes (05.04.1588 – 04.12.1679) chegou a comparar 
o Estado ao monstro bíblico “Leviatã”, no livro Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado 
eclesiástico e civil, de 1651, enfocando que seria necessário um contrato social entre os povos 
para celebrar a paz, porque os homens são egoístas e caminham inevitavelmente para a 
guerra. 
Seria necessário, portanto, algo poderoso e soberano para limitar esta fraqueza 
humana e impor medo aos homens, afastando os problemas que esta fraqueza pode 
ocasionar, como guerra, caos, injustiças, desordem e insegurança. Era uma época em que o 
Estado precisava ser forte, daí porque Hobbes afirmou: “Esta é a geração daquele enorme 
Leviatã, ou antes – com toda reverência – daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo de 
Deus Imortal, nossa paz e defesa”. 
O absolutismo estatal deveria, portanto, ser canalizado unicamente para gerar paz, 
segurança e justiça social. Não foi, entretanto, o que ocorreu. Na verdade, nos primórdios da 
criação do Estado a humanidade não conhecia o recado do francês Montesquieu (18.01.1689-
10.02.1755): todo homem que tem o poder sente inclinação para abusar dele, e segue 
abusando até encontrar limites. Foi por isso que os homens não imaginaram, originalmente, 
que o Estado, que é uma ilustração simbólicacuja força se efetiva pelas mãos do homem, se 
 
 
voltaria contra os próprios homens, tornando-se opressor e violento. Não se imaginava que a 
vontade por mais segurança e justiça acabaria trazendo outras formas de insegurança e 
injustiça, forjando a humanidade a lutar contra o próprio Estado. 
Porém, se a conquista do homem contra o próprio homem, criando o Estado, apesar 
de natural, foi difícil, as conquistas contra o próprio Estado foram ainda mais penosas. Muito 
mais sob a insígnia do ódio do que propriamente do amor, a humanidade passou a lutar com 
intensidade em busca de cada direito, dando razão à concepção realista dos direitos 
fundamentais. 
Até um dos primeiros direitos do ser humano, o direito ao sepultamento, foi 
conquistado a duras penas. Não foi à toa que a espada – ou cornucópia - foi parar em uma das 
mãos da Deusa Têmis, o símbolo da Justiça, porque na verdade não quer representar apenas 
a força do Direito, mas também as lutas que o antecederam: se foi preciso a utilização da força 
bruta para conquistar um direito, a Deusa Têmis deixa claro que a mesma força será utilizada 
para efetivá-lo. 
O constitucionalismo, ao lado, antes e depois de muitos outros movimentos, surgiu 
neste momento de assombro da sociedade para com um Estado desvirtuado dos verdadeiros 
e razoáveis motivos que o fizeram surgir. 
A sociedade, estupefata, porém mais crítica, organizada e corajosa, começou a se 
insurgir contra o leviatã, para que fosse preservada a liberdade individual e a propriedade 
privada, comumente devassadas pelo Estado. 
 É que o Estado absolutista, especialmente o Estado absolutista monárquico, 
começou a eliminar o espaço individual dos homens, restringindo suas vontades pessoais e 
inevitavelmente causando a deflagração do movimento liberal: era preciso conter a atividade 
estatal para dar segurança ao círculo subjetivo do ser humano, por meio da maximização da 
liberdade individual e limitação legal da vontade estatal. Muitos movimentos, revolucionários 
ou não, marcaram a história. 
Porém, um deles, o Iluminismo, surgiu forte no Século XVIII, exultando a razão para 
explicar as coisas e servindo de grande impulsionador do constitucionalismo. Herdeiro do 
 
 
renascimento e do humanismo, o Iluminismo valorizava a razão e o homem, inserindo este 
como centro do universo (antropocentrismo). 
Teve a seu favor o gênio de grandes pensadores da humanidade: John Locke (1632-
1704), que enfatizou a aquisição de conhecimento do homem pela experiência empírica; 
Voltaire (1694-1778), ardo defensor da liberdade de pensamento e contumaz crítico da 
intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que defendia a igualdade de todos 
por meio de um Estado democrático; Montesquieu (1689-1755), que massificou e deu 
cientificidade à divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário; e Denis Diderot 
(1713-1784) e Jean le Rond d’Alembert (1717-1783), que, juntos, reuniram em uma 
enciclopédia o conhecimento e o pensamento filosófico da época. 
Após o transcurso de uma longa estrada contra o Estado Leviatã, transcurso muitas 
vezes marcados por lutas terríveis e sanguinolentas, não demorou para que se sobrepujasse 
na sociedade o sentimento de que o poder político deveria ser legalmente limitado, não 
podendo estar livremente solto na cabeça daqueles que detêm o poder, sob pena de 
inevitáveis arbitrariedades e prejuízos para a liberdade individual. 
Este sentimento generalizado acabou encontrado um método inteligente de controle 
do Estado, ao enfatizar a necessidade de um documento superior contendo regras de 
contenção da atividade estatal e direitos e garantias básicas para que os homens tivessem 
uma existência digna. Todo o conjunto de forças da sociedade, então, começou a se engajar 
contra o Estado e contra a falta de cientificidade que imperava. 
Tanto a sociedade quanto os Conselhos Parlamentares, e até os grandes juristas e 
filósofos, começaram a lutar para que, em cada país, fosse construído documentos vistosos e 
suficientemente capazes de limitar e regular o Estado. 
Era o constitucionalismo, nascendo em prol do homem e de sua liberdade individual 
e contra as arbitrariedades estatais, e por isso mesmo muitas vezes taxado de subversivo. 
Portanto, o constitucionalismo significou uma conquista da humanidade, e pode ser 
considerando um movimento político, ideológico e jurídico que ocorreu durante o Iluminismo, 
por oposição ao absolutismo, e que tinha por fim estabelecer o regime constitucional em um 
 
 
determinado país para limitar e tornar razoável a atuação estatal, protegendo, assim, a 
liberdade individual do ser humano. 
Foi, na verdade, uma técnica jurídica encontrada pelo mundo, que se iniciou 
precipuamente para que o Estado não violasse os direitos dos cidadãos, e foi avançando para 
regulamentar cada vez mais a atividade estatal, e com o tempo passou a ter maiores 
contornos científicos, com é o caso da ideia de superioridade hierárquica em relação às demais 
normas, força normativa, separação dos poderes, criação de sistema de freios e contrapesos, 
aumento das previsões constitucionais e concretização da jurisdição constitucional. 
Necessário enfatizar que o constitucionalismo não nasceu junto com a democracia. 
Pode-se dizer que o constitucionalismo abriu as possibilidades para se criar a democracia, mas 
no início o constitucionalismo não tinha a intenção de determinar as formas de participação 
da sociedade no poder, mas apenas conter este poder. 
Depois que se fixou a ideia de que o poder estatal deveria ser limitado pela 
Constituição, logo a humanidade passou a se preocupar com as fórmulas de concretização das 
constituições, e aí sim houve a grande preocupação de que estas fórmulas incluíssem 
diretamente a vontade do povo, para efetivação da soberania popular. 
 
 
 
3.1 GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
IMAGEM 3 
 
BRASIL ESCOLA, 2015 
 
 
 
 
IMAGEM 4, 
 
MAPA MENTAL, 2019 
 
 
 
3.2 O que são os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro? 
 
Os direitos e garantias fundamentais do cidadão brasileiro são instrumentos de 
proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. Eles estão previstos no título II 
da Constituição Federal de 1988. 
Os direitos fundamentais, então, são direitos protetivos, que garantem o mínimo 
necessário para que um indivíduo exista de forma digna dentro de uma sociedade 
administrada pelo Poder Estatal. 
Os direitos fundamentais são baseados no princípio da dignidade da pessoa humana, 
buscando estabelecer formas de fazer com que cada indivíduo tenha seus direitos 
assegurados pelo Estado que administra a sociedade onde esse mesmo vive, dando ao mesmo 
autonomia e proteção. 
Assim, os direitos fundamentais são inalienáveis do contrato social feito entre o 
indivíduo e o Estado, uma vez que a aplicação dos direitos fundamentais do cidadão brasileiro 
não pode ser ignorada pelo Poder Estatal. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
 
 
 IMAGEM 5, 
 
 
 
 
IMAGEM 6, 
 
 
MAPA MENTAL, 2020 
 
 
 
 
4. DIREITO PENAL INTERNACIONAL 
 
 
O Direito Penal Internacional é objeto de análise de distintos e variados ramos do 
Direito, tais como o Direito Internacional Público e o Direito Penal, e do Direito Internacional 
Privado. 
O Direito Internacional Penal deve muito aos processos de Nuremberg e Tóquio que 
ocorreram com o final da Segunda Guerra Mundial. No entanto, as origens do ramo penal do 
direito internacional público podem ser encontradas muito antes desses fatos históricos 
marcantes. Retrocedendo ao primeiro conflito de dimensões mundiais, a então chamada 
Grande Guerra, posteriormente conhecida como 1ª Guerra Mundial, foi verdadeiramente o 
ponto de partida de uma intensa atividade por parte da doutrina nessedomínio jurídico. 
Para alguns, o desencadeamento da 1ª Guerra Mundial soou como o destroçar, a 
queda definitiva, do direito internacional, visto as gravíssimas ações cometidas durante os 
anos de conflito: a ruptura da paz, a violação da neutralidade da Bélgica, o desprezo aos 
tratados, as deportações maciças de contingentes populacionais, entre outras, pareceram 
arruinar todos os esforços realizados para a consolidação da paz pelo direito internacional. 
O estudo das fontes do Direito Internacional Penal pode ser dividido em três tópicos: 
a) as fontes do direito propriamente ditas, englobando tratados internacionais, 
direito internacional costumeiro, princípios gerais de direito; 
 b) os meios subsidiários para a determinação do direito: as decisões das cortes 
internacionais e os trabalhos doutrinários dos publicistas mais qualificados, mormente 
aqueles trabalhos advindos de associações de direito internacional; e, 
 c) as fontes individuais do Direito Internacional Penal: i) Estatuto do TPI, Elementos 
Constitutivos e Regulamento Processual; ii) Estatutos do ICTY e ICTR; iii) Estatutos dos 
Tribunais de Nuremberg e Tóquio; iv) Lei do Conselho de Controle n. 10; v) Convenções de 
Genebra, Convenção do Genocídio, Regulamentos de Haia; vi) Decisões das Cortes e Tribunais 
Internacionais; vii) Resoluções da AGNU e do CSNU e relatórios do Secretário-Geral; viii) 
Esboços (drafts) e Comentários da Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas; ix) 
 
 
Esboços (drafts) e Comentários de Associações Internacional de Estudiosos; x) Decisões das 
cortes nacionais; xi) Legislação nacional; xii) Manuais militares. 
A partir da constituição de tribunais penais internacionais, de caráter ad hoc e 
permanente, é inegável a existência de Direito Internacional Penal – droit international pénal, 
international criminal law, derecho internacional penal, Völkerstrafrecht – desvinculado de 
um Direito Penal Internacional, este de cores acentuadamente “nacionais”, enquanto aquele 
se afirma como um ramo do direito internacional público mais atuante na sociedade 
internacional do século XXI. 
O Tribunal Penal Internacional é uma corte permanente e independente que julga 
pessoas acusadas de crimes do mais sério interesse internacional, como genocídio, crimes 
contra a humanidade e crimes de guerra. Ela se baseia num Estatuto do qual fazem parte 106 
países. É uma corte de última instância. Ele não agirá se um caso foi ou estiver sendo 
investigado ou julgado por um sistema jurídico nacional, a não ser que os procedimentos 
desse país não forem genuínos, como no caso de terem caráter meramente formal, a fim de 
proteger o acusado de sua possível responsabilidade jurídica. Além disso, o TPI só julga casos 
que ele considerar extremamente graves. Em todas as suas atividades, o TPI observa os mais 
altos padrões de julgamento justo, e suas atividades são estabelecidas pelo Estatuto de Roma. 
Estrutura do Tribunal 
O Tribunal é uma instituição independente. Embora não faça parte das Nações 
Unidas, ele mantém uma relação de cooperação com a ONU. O Tribunal está sediado na Haia, 
Holanda, mas pode se reunir em outros locais. Ele é composto por quatro órgãos: a 
Presidência, as divisões judiciais, o escritório do promotor e o secretariado. 
 
 
 
Presidência 
A Presidência é responsável pela administração geral do Tribunal, com exceção do 
escritório do procurador. Ela é composta por três juízes do Tribunal, eleitos para o cargo pelos 
seus colegas juízes, para um mandato de três anos. 
Divisões Judiciais 
As divisões judiciais consistem em dezoito juízes distribuídos na Divisão de Pré-
Julgamento, na Divisão de Julgamentos e na Divisão de Apelações. Os juízes de cada divisão 
permanecem em seus gabinetes que são responsáveis pela condução dos procedimentos do 
Tribunal em diferentes estágios. A distribuição dos juízes em suas divisões é feita com base na 
natureza das funções de cada divisão e nas qualificações e experiências dos juízes. Isto é feito 
de modo que cada divisão se beneficie de uma combinação apropriada de especialização em 
direito penal e internacional. 
Escritório do Procurador 
O escritório do procurador é responsável pelo recebimento de referências ou outras 
informações substanciais a respeito de crimes dentro da jurisdição do Tribunal, por sua 
avaliação e pela investigação e prosseguimento do caso perante o Tribunal. O escritório é 
chefiado por um Procurador, que é eleito pelos Estados Partes para um mandato de nove 
anos. Ele é auxiliado por dois Vice Procuradores. 
Secretariado 
O Secretariado é responsável por todos os aspectos não-jurídicos da administração 
do Tribunal. Ele é chefiado pelo Secretário que o principal oficial administrativo do Tribunal. 
O Secretário é exerce suas funções sob a autoridade do Presidente do Tribunal. 
Jurisdição e Admissibilidade 
O Tribunal pode exercer jurisdição sobre genocídio, crimes contra a humanidade e 
crimes de guerra. Estes crimes estão definidos em detalhes no Estatuto de Roma. O Tribunal 
possui jurisdição sobre os indivíduos acusados destes crimes (e não sobre seus Estados, como 
no caso da CIJ). Isto inclui aqueles diretamente responsáveis por cometer os crimes, como 
 
 
também aqueles que tiverem responsabilidade indireta, por auxiliar ou ser cúmplice do crime. 
Este último grupo inclui também oficiais do Exército ou outros comandantes cuja 
responsabilidade é definida pelo Estatuto. 
O Tribunal não possui jurisdição universal. Ele só pode exercer sua jurisdição se: 
• O acusado é um nacional de um Estado Parte ou de qualquer Estado que aceite a 
jurisdição do Tribunal; 
• O crime tiver ocorrido no território de um Estado Parte ou de qualquer Estado que 
aceite a jurisdição do Tribunal; 
• O Conselho de Segurança das Nações Unidas tenha apresentado a situação ao 
Procurador, não importando a nacionalidade do acusado ou o local do crime; 
• O crime tiver ocorrido após 1° de julho de 2002; 
• Caso o país tenha aderido ao Tribunal após 1° de julho, o crime tiver ocorrido depois 
de sua adesão, exceto no caso de um país que já tivesse aceito a jurisdição do Tribunal antes 
da sua entrada em vigor. 
Todos os 21 casos examinados no Tribunal dizem respeito a situações ocorridas em 
oito países africanos. Até março de 2014, houve apenas duas condenações – em 2012, 
envolvendo Thomas Lubanga Dyilo e em 2014, de Germain Katanga, ambas no contexto da 
situação na República Democrática do Congo. Sete outras situações estão sendo investigadas 
pela Promotoria do TPI. 
O Brasil depositou seu instrumento de ratificação ao Estatuto de Roma em 20 de julho 
de 2002. O tratado foi incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro por meio do Decreto 
nº 4.388, de 25 de setembro de 2002. Aspectos importantes de sua internalização ainda estão 
em trâmite no Congresso Nacional. 
Atualmente, o Estatuto de Roma conta com 122 Estados-Partes – dos quais 34 são 
africanos; 27 latino-americanos e caribenhos; 25 do Grupo de Países Ocidentais e Outros; 18 
da Europa do Leste e 18 da Ásia e Pacífico. Todos os países da América do Sul são partes do 
Estatuto. 
 
 
Como qualquer instrumento jurídico internacional, o Estatuto de Roma é produto de 
seu tempo e é passível de ajustes para seu aprimoramento. O Brasil tem exercido papel de 
liderança nas reuniões em que os Estados partes tratam de ajustes com vistas a promover 
maior aceitação e a consolidação do TPI – a exemplo das discussões que levaram à adoção, 
em 2010, na Conferência de Revisão de Campala (Uganda), das emendas relativas ao crime de 
agressão, que estabelecem as condições para que o TPI possa exercer sua jurisdição sobre 
esse crime. O Brasil está comprometido com o processo de ratificação dessas emendas, que 
se encontra em andamento. 
 
 
 
4.1 Princípios do Tribunal Penal Internacional 
 
Princípio da primazia da Jurisdição Internacional 
O princípio da primazia da JurisdiçãoInternacional, tem sua origem na Carta da 
Organização das Nações Unidas, que confere poderes ao Conselho de Segurança para manter 
ou restabelecer a paz internacional, utilizando-se dos meios necessários para que isso ocorra. 
Princípio da complementaridade 
A relação jurisdicional internacional tem por base o princípio da complementaridade, 
pelo qual o Tribunal Penal Internacional somente atuará caso a jurisdição interna do Estado 
não estiver investigando, processando, ou já houver julgado o crime que ocorreu em seu 
território. 
O princípio da complementaridade é relevante para distinguir qual será o órgão 
jurisdicional competente para julgar determinado caso (a jurisdição nacional ou a 
internacional) e qual das leis (nacional ou internacional) será aplicada nesse julgamento. Desta 
forma, o alcance dado ao princípio da complementaridade abrangerá tanto a relação entre 
jurisdição nacional e internacional, como a relação entre a lei material nacional e 
internacional. 
A característica de subsidiariedade do Tribunal Penal Internacional tem por base três 
critérios que delimitarão sua atuação, sendo eles a presença de coisa julgada, a vontade e 
disposição de punir por parte do próprio Estado e a gravidade do crime cometido. Desta 
forma, no caso de estarem presentes estes critérios, o Estado detém competência exclusiva 
para julgar, e não o Tribunal Penal Internacional, que somente se manifestará diante da 
insatisfatória atuação da jurisdição estatal originariamente competente. 
Princípio da inerência 
O princípio da inerência atribui à jurisdição do Tribunal Penal Internacional a 
prerrogativa de atuação automática, tendo como pressuposto apenas que o Estado onde 
ocorreu o crime ou onde o criminoso foi detido tenha aderido ao Estatuto de Roma. 
 
 
Pelo princípio da inerência, o Tribunal Penal Internacional terá jurisdição automática, 
ou seja, não dependerá da autorização dos Estados para iniciar um julgamento. Este será 
realizado de ofício. Desta forma, tal princípio pode ser aplicado no que se refere ao crime de 
genocídio, sendo que o único requisito para a Corte possuir a devida competência para 
julgamento é de que o Estado em que ocorreu o crime ou onde foi detido o suposto culpado 
ter aderido ao Estatuto de Roma. 
Princípio da prevalência dos Direitos Humanos nas relações internacionais 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 é caracterizada pela noção 
contemporânea de Direitos Humanos, marcados por sua interdependência e indivisibilidade. 
Assim, os Direitos Humanos são constituídos por um complexo integral, único e indivisível, em 
que diversos direitos são inter-relacionados e interdependentes, decorrentes da dignidade 
inerente à pessoa humana, sendo, portanto, de interesse universal. 
No que tange à sua relação com o Tribunal Penal Internacional, verifica-se que o 
princípio em questão é um dos meios que fazem com que o Tribunal exerça sua competência 
em conformidade com as Constituições dos respectivos países-membros, tendo em vista que 
a proteção dos Direitos Humanos possui relevância não apenas na esfera interna do Estado, 
uma vez que, em se tratando de crimes contra a humanidade, todos os países devem 
manifestar-se a favor de punições severas aos autores de tais delitos. 
 
 
 
 
4.2 O Brasil e o Tribunal Penal Internacional 
 
O Brasil ratificou o tratado em 01.07.2000, tendo sido editada em 2004 a Emenda 
Constitucional nº 45, que incluiu o § 4º ao artigo 5º da CF/88 e reconheceu a submissão do 
Brasil à jurisdição internacional do Tribunal. 
O país depositou o instrumento de ratificação em 20.06.2002, tendo sido 
promulgado pelo Presidente da República por meio do Decreto no. 4.388, de 25.09.2002, e 
passado a vigorar, para o Brasil, em 01.09.2002. 
O Brasil deve respeitar e apoiar o Tribunal Penal Internacional, uma vez que dele já 
faz parte de forma a amparar a atuação do Tribunal dentro do território brasileiro. O país é 
signatário do Estatuto de Roma, e de acordo com o que lá está disposto, deve cooperar 
plenamente, implementando, inclusive, uma legislação que auxilie no processo de julgamento 
e condenação dos indivíduos que cometem os crimes elencados pelo Estatuto, conclui-se que 
caso haja um pedido de entrega de um nacional para ser julgado pelo Tribunal Penal 
Internacional, não há razões que obstem tal forma de cooperação. 
O brasileiro nato como qualquer indivíduo pode ser julgado perante o Tribunal 
Penal Internacional, desde que respeitadas as regras concernentes à extradição. Em nada 
significa afronta aos direitos do brasileiro nato, mas sim que todo homem, 
independentemente da nacionalidade, pode e deve ser alvo de uma justiça. 
O Direito Internacional Penal, especialmente após a criação dos tribunais penais 
internacionais é uma realidade palpável e que exerce papel cada vez mais ativo à medida em 
que se consolida a atuação jurisprudencial do Tribunal Penal Internacional. 
A criação do Tribunal Penal Internacional como um foro permanente para julgar os 
mais graves crimes internacionais, na omissão dos judiciários nacionais, foi uma grande 
conquista das Nações Unidas na busca da paz global e no reconhecimento dos direitos 
humanos na esfera internacional. 
O TPI como um exemplo de uma transformação do direito internacional: garantias 
penais, previsão legal da responsabilização dos superiores hierárquicos ou líderes, rejeição 
das imunidades, proibição da pena de morte e o caráter excepcional da prisão perpétua. 
 
 
IMAGEM 7, 
 
 
 
 TRIBUNAL PENAL, 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e. Manual de Direito 
Internacional Público. 15. ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2002. 
AMBOS, Kai; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Tribunal Penal Internacional. 
Possibilidades e desafios. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. 
DALBORA, José Luis Guzmán. “Crimes internacionais e prescrição”. In: AMBOS, 
Kai; JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano (orgs). Tribunal Penal Internacional. Possibilidades e 
desafios. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. 
LAFER, Celso. A Reconstrução dos Direitos Humanos - um diálogo com o 
pensamento de Hannah Arendt, São Paulo, Companhia das Letras, 1988, p. l69. 
MAZZUOLI, Valério. Curso de Direito Internacional Público. 5.ª ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2011. 
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público – Curso elementar. 13.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. 
https://www.icc-cpi.int/ 
BRASIL, Constituição Federal da República. 1988. Disponível em 
<www.planalto.gov.br>. Acesso em 09.05.2015. 
CENEVIVA, Walter. Direito Constitucional. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
GALANTE, Marcelo. Direito constitucional. 4ª ed. São Paulo: Barros, Fischer & 
Associados, 2007. 
MENDES, Gilmar Ferreira. Os Direitos Fundamentais e seus múltiplos significados na 
ordem constitucional. Brasília, vol. 2, n. 13, junho/2009. 
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 18 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
https://www.icc-cpi.int/

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