Buscar

partidos politicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PARTIDOS POLÍTICOS E 
SISTEMAS PARTIDÁRIOS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Rodrigo Mayer 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
As tipologias partidárias são muito utilizadas nos estudos partidários, em 
estudos de caso, comparativos e sobre o desenvolvimento dos partidos políticos 
ao longo do tempo, sobretudo no século XX. 
Mas o que seriam as tipologias partidárias? São modos de classificar e 
categorizar os partidos políticos de acordo com algumas características das 
legendas, tais como, desenho organizacional, financiamento, modo de 
relacionamento com os membros e com a sociedade, entre outras. As 
tipologias, grosso modo, apresentam uma aproximação com as ciências 
naturais, pois buscam catalogar os partidos em etiquetas, grupos ou famílias 
partidárias. 
TEMA 1 – TIPOLOGIAS PARTIDÁRIAS 
O uso das tipologias partidárias é recorrente nos estudos organizacionais, 
sobretudo, nos trabalhos comparativos e acerca das transformações que os 
partidos políticos atravessaram ao longo do tempo. Apesar de muito utilizadas, 
o crescimento de seu uso ocorreu de modo mais extensivo a partir da segunda 
metade do século XX, por meio da formulação dos partidos de quadros e de 
massas por Maurice Duverger no clássico Os partidos políticos1”. 
Contudo, o acúmulo de conhecimento e de tipos ideias não gerou um 
maior desenvolvimento dos modelos, mas uma situação em que as tipologias 
são formuladas como desenvolvimento – ou evolução – umas das outras ou 
como concorrentes para explicar o mesmo cenário, isto é, o foco na formulação 
não se encontra na melhoria dos tipos existentes por meio de sua atualização ou 
correções, mas na criação de novo tipos. Segundo Gunther e Diamond (2003) 
essa situação surge na ausência de critérios únicos na formulação das tipologias, 
com algumas delas baseadas nas estruturas organizacionais – partidos de 
quadros e de massas de Duverger (1970) e as tipologias de Panebianco (2005)2 
–, outras em funções – como Neumann (1956) e o relacionamento das legendas 
 
1 De acordo com Seiler (2000), a obra de Duverger (1970) constituiu um marco para os estudos 
partidários ao conferir uma base sobre a qual os demais estudos podem ter como base. 
2 Panebianco (2005) examina o processo de profissionalização dos partidos europeus ao analisar 
a passagem do partido burocrático de massas – que equivale aos partidos de massas – para o 
profissional-eleitoral, que se assemelha ao catch-all. 
 
 
3 
com o Estado e como no partido cartel de Katz e Mair (1995) –, eleições, 
comportamento (Strøm; Müller, 1990; Wolinetz, 20093), grupos sociais 
específicos (Eldersveld, 19644), entre outros. 
Uma outra forma de comparar e, principalmente, classificar os partidos 
políticos é por meio de seus posicionamentos ideológicos, seja por intermédio 
da ideologia propriamente dita, seja por intermédio de sua categorização em 
“famílias partidárias”, as quais catalogam as legendas em grupos, tais como 
partido liberais, operários, religiosos etc., as quais seriam expressões das 
clivagens sociais existentes (Lipset; Rokkan, 1992; Von Beyme, 1985; Ware, 
2004). 
Por fim, quase a totalidade das tipologias criadas desde o século passado 
se referem aos casos europeus ocidentais (Krouwel, 2003; 2006), ou seja, a 
construção objetiva examina o desenvolvimento e o estágio dos partidos 
políticos daquela região. A transposição de suas características a outras 
localidades pode não explicar ou conter todos os elementos necessários para 
uma análise aprofundada sobre as demais regiões. 
TEMA 2 – PARTIDOS DE QUADROS: O TIPO ARCAICO OU AS PRIMEIRAS 
FORMAÇÕES PARTIDÁRIAS MODERNAS 
Os partidos de quadros consistem no primeiro tipo de formações 
partidárias modernas, originários no século XIX. Essa afirmação, no entanto, não 
é consensual com alguns autores – com destaque para Duverger (1970) e Weber 
(2002). Eles consideram que esse tipo de formação como arcaica ou 
protopartidos, ou seja, não constituem formações partidárias no sentido moderno 
do termo, sendo caracterizadas como clubes partidários ou somente como a 
união de parlamentares sob uma mesma bandeira, porém, sem a construção de 
uma estrutura organizacional extraparlamentar (Sartori, 2005). 
Relacionada a questão da estrutura e da organização, os partidos de 
quadros contam com um número reduzido de membros. Estes, segundo 
 
3 Os autores classificam os partidos de acordo com suas preferências ou comportamentos, os 
quais, segundo eles não são fixos ao longo do tempo e também são excludentes entre si, ou 
seja, uma legenda pode possuir mais de uma preferência ao mesmo tempo. Como preferências, 
os autores elencam três como as principais: a) vote-seeking: busca pela maximização dos votos; 
b) policy-seeking: foco na implementação do programa partidário, como forma de responder as 
demandas de sua base e; c) office-seeking: busca pelo poder, seja sozinho ou por meio de 
coalizões. 
4 Eldersveld (1964) argumenta que os partidos, em seu interior, são constituídos por coalizões 
de grupos que representam os mais variados extratos sociais presentes nas sociedades. 
 
 
4 
Duverger (1970) são poucos, mas contribuem diretamente com a agremiação, 
seja por meio de contribuições financeiras, seja por meio de suas atividades. 
O partido de quadros atende a uma noção diferente. Trata-se de reunir 
pessoas ilustres, para preparar eleições, conduzi-las e manter contato 
com os candidatos. Pessoas influentes, de início, cujo nome, prestígio 
ou brilho servirão de caução ao candidato e lhe granjearão votos: a 
seguir, pessoas ilustres como técnicos, que conhecem a arte de 
manejar os eleitores e de organizar uma campanha: enfim, pessoas 
notáveis financeiramente que contribuem com o fator essencial: o 
dinheiro” (Duverger, 1970). 
Apesar de serem identificados como produtos do século XIX, os partidos 
de quadros continuaram existindo ao longo do século XX, porém, de acordo com 
Gunther e Diamond (2003) a ocorrência deles ocorreu por meio dos partidos 
elitistas, os quais optam por desenvolver estruturas organizacionais centradas 
em poucas lideranças e baixa quantidade de membros. 
TEMA 3 – PARTIDOS DE MASSAS: O ÁPICE DOS PARTIDOS POLÍTICOS 
Os partidos de massas, parafraseando Weber (2002), são produtos do 
sufrágio universal, ou seja, a origem encontra-se relacionada com o aumento da 
participação eleitoral da população, sobretudo europeia, no século XIX 
(Duverger, 1970; Martínez, 2009; Ware, 2004). Aliado a esse fator, ocorreu o 
crescimento de sindicatos e outras organizações, as quais absorveram a massa 
de trabalhadores em suas fileiras e, posteriormente, nos partidos aliados ou 
anexos a eles. 
O partido caracteriza-se por uma ampla organização extraparlamentar, a 
qual não atua somente nos períodos eleitorais, mas de forma permanente no 
recrutamento de membros e nas demais atividades dos partidos, desde questões 
eleitorais, passando por processuais, até a organização de atividades 
recreativas para seus filiados (Duverger, 1970 Martínez, 2009; Sartori, 2005). 
Além disso, esse modelo argumenta que as legendas têm forte ideologia, 
representando segmentos sociais específicos. 
Outras características marcantes dos partidos de massas referem-se a 
organização e ao financiamento. No primeiro caso, as legendas contam com 
amplas organizações, com estruturas hierárquicas bem delimitadas, além, da – 
possível organização de instâncias junto às bases. Em relação ao financiamento, 
os partidos de massas trocam o financiamento capitalista pelo subsídio de seus 
membros, que passam a contribuir de modo regular para as agremiações por 
meio de cotas que, para Duverger (1970), consiste em uma ideia genial. 
 
 
5 
TEMA 4 – PARTIDO CATCH-ALL 
O partido catch-all surge devido ao sucesso dos partidos de massas. 
Kirchheimer (1966) aponta três fatorescomo centrais para o surgimento. O 
primeiro deles, apresentado pelo autor, vem do aumento da competição entre as 
legendas, fato que gerou aumento dos custos de campanhas eleitorais e trouxe 
a necessidade de obtenção de mais recursos (principalmente financeiros). O 
segundo, também apresentado por Kirchheimer (1966), foram as transformações 
das sociedades europeias após a Segunda Guerra Mundial, entre elas, a 
diminuição das clivagens sociais, fato que exerce grande influência sobre as 
ideologias e causa a aproximação ou a diminuição de suas diferenças. Por fim, 
o desenvolvimento tecnológico, principalmente nos meios de comunicação de 
massa, impactou na forma de realização das campanhas eleitorais, com maior 
ênfase no personalismo do que nos partidos. 
Como efeito, esse tipo de partido apresenta uma série de mudanças em 
relação aos partidos de massas, entre os quais, quatro pontos destacam-se: 
1. Maior abertura a grupos: os partidos abrem espaço para participação de 
grupos que não se encontravam próximos aos grupos originais. 
2. Aumento da profissionalização: os partidos passam a contar e/ou 
contratar especialistas para as campanhas eleitorais, bem como para as 
diversas atividades desenvolvidas. 
3. Maior participação dos grupos de interesse: a maior abertura do partido 
leva ao aumento da participação dos grupos de interesses em sua ação. 
4. Ideologia: diminuição das fronteiras ideológicas entre as agremiações. As 
legendas passam a ser acessíveis a vários segmentos sociais. 
 
TEMA 5 – PARTIDO CARTEL: A APROXIMAÇÃO DOS PARTIDOS COM O 
ESTADO 
O partido cartel é o atual estágio das organizações partidárias e é 
caracterizado pela forte relação entre os partidos políticos e o Estado. De acordo 
com Katz e Mair (1995), a passagem da sociedade para o aparelho estatal 
ocorre, principalmente, devido à escassez ou instabilidade de seus recursos. 
A aproximação com o Estado ocorre devido à necessidade crescente de 
recursos por parte dos partidos políticos. Esse movimento não veio somente com 
6 
a instabilidade dos recursos advindos da sociedade, mas também pelos 
crescentes custos das campanhas eleitorais e do funcionamento do próprio 
partido devido à crescente profissionalização dele. 
Outros fatores são apresentados, tais como a instabilidade e aumento da 
volatilidade eleitoral, a qual favorece a entrada de novos competidores na arena 
política, em detrimento dos atores tradicionais. Outro fator que impactou a 
transformação dos partidos foi a emergência de novos atores políticos e sociais, 
como movimentos sociais – principalmente movimentos ambientalistas, 
feministas e de defesa de minorias – que se ocupam das funções representativas 
anteriormente ocupadas pelas legendas, as quais passam a focar a atuação em 
funções procedimentais (Mair, 2003). 
Como contrapartida, os partidos políticos passam a ter atividades 
regulamentadas pelo Estado, por meio das constituições nacionais e de 
regulamentos específicos. Katz e Mair (1995) argumentam: a dependência das 
agremiações em relação ao Estado, ou seja, ao transferirem o foco da atuação 
da sociedade para aparelho estatal alteram a natureza das legendas, que 
passam de organizações sociais para estatais semiagências. 
NA PRÁTICA 
Escolha uma das tipologias apresentadas nesta aula e busque relacionar 
com algum partido brasileiro, com vistas a responder às seguintes perguntas: 
qual é o tipo de relacionamento com os membros? Qual é o tamanho da 
organização e o modo de financiamento? 
SÍNTESE 
Nesta aula, analisamos o histórico das tipologias partidárias e o 
desenvolvimento das quatro principais tipologias. Em relação ao primeiro ponto, 
a utilização dos modelos partidários ocorreu de modo mais frequente a partir da 
década de 1950 e se proliferou com a criação de inúmeras formas de 
classificação dos partidos políticos, sobretudo os europeus, ao longo do século 
passado. 
 
 
7 
O segundo pontou discutiu, de modo breve, as principais características 
das tipologias apresentadas. Elas apresentam um desenvolvimento entre si, com 
o partido de quadros constituindo o estágio inicial em que as agremiações se 
encontram restritas aos parlamentos e os partidos de massas com grande 
inserção social. Os dois últimos modelos – catch-all e cartel – tratam do 
afastamento dos partidos da sociedade e sua aproximação com os grupos de 
pressão e o Estado. 
 
REFERÊNCIAS 
DUVERGER, M. Os partidos políticos. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Zahar/UNB, 1970. 
ELDERSVELD, S. Political parties: a behavioral analysis. Chicago: Rand 
McNally, 1964. 
GUNTHER, R.; DIAMOND, L. Species of political parties: a new tipology. 
Party Politics, v. 9, n. 2, p.167-199, 2003. 
KATZ, R; MAIR, P. Changing models of party organization and party 
democracy: the emergence of the cartel party. Party Politics, v.1, n. 1, p. 5-28, 
1995. 
KIRCHHEIMER, O. The transformation of the western european party 
system. In: LAPALOMBARA, J.; WEINER, M. (Eds.). Political parties 
developement. Princenton: Princenton University Press, 1966. 
KROUWEL, A. Otto Kirchheimer and catch-all party. West European 
Politics, v. 26, n. 2, p. 23-40, 2003. 
______. Party models. In: KATZ, R; CROTTY, W. (Eds.). Handbook of 
political parties. Londres: Sage publications, 2006. 
LIPSET, S.M.; ROKKAN, S. Estructuras de división, sistema de partidos y 
alineamientos electorales. In: BATLLE, A. (Ed.). Diez textos básicos de ciência 
política. Barcelona: Ariel, 1992. 
MAIR, P. Os partidos políticos e a democracia. Análise social, v. 167, p. 
277-293, 2003. 
MARTÍNEZ, V.L. Partidos politicos: un ejercício de clasificación teórica. 
Perfiles latinoamericanos, n. 33, p. 39-63, 2009. 
 
 
8 
NEUMANN, S. Toward a comparative study of political parties. In: 
NEUMANN, S. (Ed.). Modern political parties: approaches to comparative 
politics. Chicago: University of Chicago Press, 1956. 
PANEBIANO, A. Modelos de partido: organização e poder nos partidos 
políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
SARTORI, G. Party types, organization and functions. West European 
Politics, v. 28, n. 1, p. 5-32, 2005. 
SEILER, D. L. Os partidos políticos. Brasília: Ed. UnB, 2000. 
STRØM, K; MÜLLER, W. Political parties and hard choices. In: STRØM, 
K; MÜLLER, W. (Eds.). Policy, offers, or votes? How political parties in Western 
Europe make hard decisions. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. 
VON BEYME, K. Political parties in western democracies. Nova York: 
St. Martin Press, 1985. 
WARE, A. Partidos políticos y sistemas de partidos. Madri: Ediciones 
Istmo, 2004. 
WEBER, M. Ensaios de sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. 
WOLINETZ, S. Beyond the catch-all party: approaches to the study of 
parties and party organization in contemporary democracies. In: GUNTHER, R; 
MONTERO, J; LINZ, J. (Eds.). Political Parties: old concepts, new challenges. 
Nova York: Oxford University Press, 2009.