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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ENGENHARIA QUÍMICA PRÁTICA EXPERIMENTAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM ESTADO NÃO ESTACIONÁRIO ICT 3638 - Laboratório de Engenharia Química II Docente: Jaqueline Costa Martins Adrielli Scarpel Colpani Elisabete Minussi Elisa Othero Nahás Érica Daniely Santos Poços de Caldas/MG Junho 2022 1. Introdução ....................................................................................................................................... 3 2. Revisão Bibliográfica ....................................................................................................................... 4 2.1 Transferência de calor ............................................................................................................. 4 2.2 Capacitância global.................................................................................................................. 5 2.3 Resistência interna e externa .................................................................................................. 6 3. Métodos e materiais ....................................................................................................................... 8 3.1 Materiais ................................................................................................................................. 8 3.2 Métodos .................................................................................................................................. 8 4. Resultados e discussão .................................................................................................................... 9 4.1 Gráfico de temperatura do corpo em função do tempo acumulado.................................... 10 4.2 Gráfico de taxa de transferência de calor em função do tempo acumulado ....................... 11 4.3 Cálculo do coeficiente convectivo de transferência de calor ............................................... 13 4.4 Cálculo da energia total perdida pelo corpo no processo de resfriamento ......................... 15 4.5 Gráfico do resfriamento até 105 % da temperatura ambiente em função do tempo ......... 16 4.6 Cálculo do número de Biot .................................................................................................... 17 4.7 Gráfico do número adimensional de temperatura () em função do tempo acumulado .... 18 4.8 Análise comparativa .............................................................................................................. 20 5. Conclusão ...................................................................................................................................... 21 6. Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 23 1. INTRODUÇÃO A transferência de calor é definida basicamente como a energia térmica transitando devido a diferença de temperatura no espaço. Sempre quando há diferença de temperatura entre meios, há, necessariamente, transferência de calor. Existem diferentes modos de transferência. Em um meio estacionário (sólido ou fluido) que apresenta um gradiente de temperatura, há condução. Em uma transferência de calor entre superfície e fluido em movimento com diferentes temperaturas, ocorre a convecção. Por último, tem-se a radiação térmica, onde superfícies com temperatura diferente de zero emitem energia em formas de onda (INCROPERA, 2012). Ainda, pode-se dividir a transferência de calor em estado estacionário ou transiente. No estado estacionário, a temperatura ou fluxo de calor não muda em função do tempo e, no estado transiente, a temperatura varia com o tempo e a posição (COPETTI, 2022). Neste presente relatório, estudou-se a transferência de calor em estado transiente, também conhecido como não estacionário. Estuda-se na área de transferência de calor transiente, o método da capacitância global, que define em estado não-estacionário, que a temperatura de um sólido é uniforme no espaço, tornando os gradientes de temperatura no sólido desprezíveis. Isso implica na condutividade térmica infinita, porém, nos estudos, a variável é aproximada em certas condições. A temperatura no interior do sólido em estado transiente é determinada a partir do balanço global de energia no sólido, onde relaciona-se a taxa de perda de calor na superfície e a taxa de variação na sua energia interna (INCROPERA, 2012). Para melhor análise, pode-se desprezar ou não as resistências internas e externas na transferência de calor. A resistência condutiva pode ser desprezada em situações onde a condutividade térmica do material é muito elevada, ou quando a razão espessura/área for muito pequena. Na convecção, quanto maior o coeficiente convectivo, menor a resistência à convecção e, quanto maior o número de Reynolds, menor a resistência convectiva, uma vez que o coeficiente depende diretamente do escoamento do fluido. A área influencia diretamente: se o coeficiente convectivo for alto, o regime for turbulento e a área de troca térmica for suficientemente grande, pode-se desprezar a resistência convectiva. Geralmente a resistência térmica é indesejável entre o sistema e desejável entre o sistema e o ambiente (BOABAID, 2010). Neste trabalho, tem-se como objetivo determinar o coeficiente convectivo utilizando corpos metálicos de diferentes materiais e formas. No caso do estudo, utilizou-se um cilindro de cobre e um paralelepípedo de alumínio. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Transferência de calor A transferência de calor pode ser realizada por: Condução: A condução associa-se com conceitos das atividades atômicas e moleculares. É a transferência de energia das partículas mais energéticas para as menos, de uma substância, devido às interações entre partículas, ou seja, está associado à energias moleculares mais altas, e quando ocorre o choque entre partículas vizinhas, acontece a transferência de calor (INCROPERA, 2012). Convecção: A convecção está associada a transferência de calor que ocorre entre uma superfície e um fluido em movimento, estes com temperaturas diferentes. A transferência de energia pode ocorrer devido ao movimento molecular aleatório (difusão) e também através do movimento global ou macroscópico do fluido. Este movimento pode ser associado ao movimento coletivo das moléculas. Na presença de um gradiente de temperatura, contribui para a transferência térmica. Além disso, a convecção pode ser classificada como natural, quando o fluido escoa por conta das forças de empuxo, a partir das diferenças de densidades, ou convecção forçada, quando o escoamento é causado por forças externas, como ventilador, bomba, etc (INCROPERA, 2012). Radiação: é a energia emitida pela matéria que se encontra a uma temperatura não-nula. Essa emissão pode ser atribuída ao transporte da energia do campo de radiação, por ondas eletromagnéticas. A diferença entre as outras formas de transferência de calor, é que por condução e convecção, requer a presença de um material, enquanto a radiação não (INCROPERA, 2012). A taxa de transferência de calor por convecção é dada pela Equação 1, proveniente da Lei de Resfriamento de Newton. 𝑸 ∆𝒕 = 𝒉 𝑨 (𝑻𝒔 − 𝑻∞) (𝟏) Onde: 𝑄 = calor (J/s); ∆𝑡 = intervalo de tempo (s); ℎ = coeficiente de transferência térmica (W/m².K); 𝐴 = área de transferência de calor (m²); 𝑇𝑠 = temperatura da superfície do fluido (K); 𝑇∞= temperatura do ambiente (K). 2.2 Capacitância global Ao se tratar de condução em estado não-estacionário, problemas surgem quando, por exemplo, um sólido que passa por uma mudança instantânea de ambiente térmico e a temperatura de cada ponto desse sistema também começaráa mudar. Ou seja, esse sólido está a uma temperatura 𝑇𝑖 e é imerso em líquido a uma temperatura mais baixa (𝑇∞< 𝑇𝑖), com início em 𝑡 = 0, a temperatura do sólido irá diminuir para tempos 𝑡 > 0, até que atinja 𝑇∞. Essa redução ocorre devido a transferência de calor por convecção na interface sólido-líquido (INCROPERA, 2012). Desprezando os gradientes de temperatura no interior do sólido, é preciso realizar um balanço global de energia no sólido, relacionando a taxa de perda de calor na superfície com a taxa de variação de sua energia interna. Logo: − 𝑬𝒔𝒂𝒊 = 𝑬𝒂𝒄𝒖 (𝟐) − 𝒉 𝑨𝒔 (𝑻 − 𝑻∞) = 𝝆 𝑽𝑪 𝒅𝑻 𝒅𝒕 (𝟑) Introduzindo a diferença de temperaturas 𝜃 = 𝑇 − 𝑇∞, e se 𝑇∞ for uma constante: 𝝆 𝑽𝒄 𝒉 𝑨𝒔 𝒅𝜽 𝜽 = − 𝜽 (𝟒) Separando as variáveis, integrando a partir da condição inicial e efetuando as integrações, obtém-se: 𝝆 𝑽𝒄 𝒉 𝑨𝒔 𝒍𝒏 𝒅𝜽 𝜽 = 𝒕 (𝟓) A Equação (5) pode ser utilizada para determinar o tempo necessário para o sólido alcançar uma dada temperatura. 𝜽𝒊 𝜽 = 𝑻 − 𝑻∞ 𝑻𝒊 − 𝑻∞ = 𝒆 − 𝒉 𝑨𝒔 𝝆 𝑽𝒄 𝒕 (𝟔) Já a Equação (6) é utilizada para o cálculo da temperatura alcançada no sólido em algum tempo 𝑡. A partir dessa equação também é possível interpretar a grandeza ( 𝝆 𝑽𝒄 𝒉 𝑨𝒔 ) como uma constante de tempo térmica, representada por: 𝝉 = 𝟏 𝒉 𝑨𝒔 (𝝆 𝑽𝒄) = 𝑹𝒕 𝑪𝒕 (𝟕) Em que, 𝑅𝑡 é a resistência à transferência de calor por convecção e 𝐶𝑡 é a capacitância global do sólido. 2.3 Resistência interna e externa Ao se deparar com problemas transientes de aquecimento ou resfriamento, a primeira providência a ser tomada é calcular o número de Biot. Ele é um número adimensional e fornece uma medida da queda de temperatura no sólido em relação à diferença de temperaturas entre a superfície e o sólido: 𝑻𝒔,𝟏 − 𝑻𝒔,𝟐 𝑻𝒔,𝟐 − 𝑻∞ = 𝑹𝒄𝒐𝒏𝒅 𝑹𝒄𝒐𝒏𝒗 = (𝑳 / 𝒌 𝑨) (𝟏/ 𝒉 𝑨) = 𝒉 𝑳 𝒌 = 𝑩𝒊 (𝟖) Em que: 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 = resistência interna ou condutiva; 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣 = resistência externa ou convectiva; 𝑘 = condutividade térmica do sólido. Se 𝐵𝑖 ≪ 1, a resistência à condução no interior do sólido é muito menor do que a resistência à convecção através da camada limite no fluido, ou seja, o gradiente de temperatura está entre sólido e fluido, e a temperatura do sólido permanece uniforme à medida que diminui para 𝑇∞. Isto pois, o número de Biot é a razão entre as resistências térmicas. Em contraproposta, se 𝐵𝑖 ≫ 1, a diferença de temperaturas ao longo do sólido se torna muito maior do que a diferença entre a superfície e o fluido (INCROPERA, 2012). 2.4 Energia total Para calcular a perda de energia total de um sólido no processo de resfriamento, utiliza-se a equação: 𝑸 = 𝒎 𝑪𝒑 ∆𝑻 (𝟏𝟎) Em que: 𝑄 = transferência de energia (J); 𝑚 = massa (kg); 𝐶𝑝 = calor específico a pressão constante (J/kg.K); ∆𝑇 = diferença de temperatura (K). 3. MÉTODOS E MATERIAIS 3.1 Materiais 1 Cilindro de cobre; 1 Paralelepípedo de alumínio; 1 Paquímetro; 2 Termômetros; 2 Cronômetros; 1 Banho térmico à 90°C; 1 Superfície isolante de isopor; 1 Balança analítica. 3.2 Métodos 1. Colocou-se as peças metálicas no banho térmico à 90°C, para elevação da temperatura de modo homogêneo, até a temperatura do banho térmico; 2. Retirou-se as peças do banho térmico; 3. Colocou-se as peças metálicas sob a superfície isolante de isopor e secou-se as peças com o auxílio de uma folha de papel toalha; 4. Colocou-se um termômetro no furo próprio para medição de cada uma das peças; 5. Iniciou-se a medição da temperatura e do tempo com o auxílio de um cronômetro. Para o cilindro de cobre, anotou-se a temperatura a cada 10 segundos nos primeiros 5 minutos de experimento, depois a cada 30 segundos até 15 minutos e a cada 60 segundos até o tempo final de 75 minutos. Para o paralelepípedo de alumínio anotou-se a temperatura a cada 10 segundos nos primeiros 4 minutos de experimento, depois a cada 30 segundos até 14 minutos e a cada 60 segundos até o tempo final de 64 minutos. 6. Mediu-se e anotou-se as dimensões de cada peça com o auxílio de um paquímetro; 7. Pesou-se e anotou-se os valores de massa de cada peça metálica com o auxílio de uma balança analítica; 8. Com um termômetro, mediu-se também a temperatura ambiente no início e no final do experimento. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO O objetivo deste estudo foi determinar experimentalmente o coeficiente convectivo (h) em estado não estacionário. Para isso, utilizou-se duas peças metálicas com formas, dimensões e materiais diferentes, sendo um cilindro de cobre e um paralelepípedo de alumínio. Para realizar os cálculos foi necessário medir e consultar algumas propriedades das peças metálicas. As propriedades de cada peça estão descritas na Tabela 1. Tabela 1 – Propriedades das peças metálicas Fonte: Autores. Massa (kg) 0,411765 Diâmetro (m) 0,0351 Altura (m) 0,0388 Cp (J/kg.K) 385 Área (m²) 0,005243 Volume (m³) 3,75246E-05 ρ (kg/m³) 8933 k (W/m.K) 401 Massa (kg) 0,12948 Arresta 1 (m) 0,0488 Arresta 2 (m) 0,0223 Arresta 3 (m) 0,03663 Cp (J/kg.K) 903 Área (m²) 0,007385 Volume (m³) 3,98622E-05 ρ (kg/m³) 2702 k (W/m.K) 237 PROPRIEDADES - CILINDRO DE COBRE PROPRIEDADES - PARALELEPÍPEDO DE ALUMÍNIO Os dados de massa e dimensão foram medidos em cada peça com o auxílio de uma balança analítica e um paquímetro, respectivamente. As propriedades do alumínio e do cobre, como Cp, k e ρ foram retirados do livro “Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa” (INCROPERA et al, 2008) – Apêndice A | Tabela A.1. E os valores de área e volume foram calculados considerando o formato de cada peça. 4.1 Gráfico de temperatura do corpo em função do tempo acumulado Com base nos dados de temperatura e tempo coletados para cada uma das peças metálicas durante o experimento, foi possível plotar o gráfico 1 de temperatura em função do tempo acumulado para o cilindro de cobre e o gráfico 2 para o paralelepípedo de alumínio. Gráfico 1 – Temperatura em função do tempo acumulado para o cilindro de cobre Fonte: Autores. Gráfico 2 – Temperatura em função do tempo acumulado para o paralelepípedo de alumínio Fonte: Autores. Através dos gráficos 1 e 2, é possível observar uma resposta transiente da temperatura em função do tempo acumulado. A temperatura decai à medida que o tempo aumenta, entretanto o gradiente de diminuição da temperatura não é constante, visto que o aumento da resistência de transferência de calor por convecção (Rt), resulta em uma resposta mais lenta do sólido em relação aos mudanças no ambiente térmico. Além disso, é possível observar um decaimento exponencial da temperatura com o tempo, descrito pelas equações representadas em cada um dos gráficos. 4.2 Gráfico de taxa de transferência de calor em função do tempo acumulado Para calcular a taxa de transferência de calor em função do tempo acumulado, multiplicou-se a massa do corpo, pelo calor específico (Cp) do material e a diferença de temperatura entre os pontos medidos, como descrito na equação (10), dividido pela diferença de tempo entre os pontos. Após realizar os cálculos, plotou-se os gráficos 3 e 4 da taxa de transferência de calor em função do tempo para o cilindro de cobre e para o paralelepípedo de alumínio, respectivamente. Gráfico 3 – Taxa de transferência de calor em função do tempo acumulado para o cilindro de cobre Fonte: Autores. Gráfico 4 – Taxa de transferência de calor em função do tempo acumulado para o paralelepípedo de alumínio Fonte: Autores. Como é possível observar nos gráficos3 e 4, a taxa de transferência de calor é negativa em todos os pontos, visto que o material perde energia durante o processo de resfriamento. Além disso, como o gradiente de temperatura entre o material e o ambiente diminui com o tempo, o valor da taxa de transferência de calor também sofrerá uma diminuição, entretanto, essa diminuição não foi constante nas duas peças metálicas. 4.3 Cálculo do coeficiente convectivo de transferência de calor Para o cálculo do coeficiente convectivo de transferência de calor considerou-se que a resistência interna a transferência de calor é desprezível e utilizou-se a equação para decaimento exponencial da temperatura do corpo em função do tempo, sem qualquer linearização. As equações foram obtidas a partir dos gráficos 5 e 6 para o cilindro de cobre e para o paralelepípedo de alumínio, respectivamente. Gráfico 5 – Temperatura em função do tempo para o cilindro de cobre Fonte: Autores. Gráfico 6 – Temperatura em função do tempo para o paralelepípedo de alumínio Fonte: Autores. Com isso, a partir da equação do gráfico, obteve-se as equações (11) e (12) para o cilindro de cobre e para o paralelepípedo de alumínio, respectivamente. 𝝉 = 𝒉 𝑨 𝝆 𝑪𝒑 𝑽 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟒 (𝟏𝟏) 𝝉 = 𝒉 𝑨 𝝆 𝑪𝒑 𝑽 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟔 (𝟏𝟐) Isolando h das equações (11) e (12) e substituindo os valores de 𝜏, 𝐴, 𝜌, 𝐶𝑝 𝑒 𝑉 descritos na Tabela 1, obteve-se os valores de coeficiente convectivo de transferência de calor para cada uma das peças metálicas, como representado na Tabela 2. Tabela 2 – Valores de coeficiente convectivo Fonte: Autores. h (W/m².K) 9,8451 h (W/m².K) 7,9017 CILINDRO DE COBRE PARALELEPÍPEDO DE ALUMÍNIO O coeficiente convectivo de transferência de calor (h) é definido como a taxa de transferência de calor entre uma superfície sólida e um fluido por unidade de área de superfície por unidade de diferença de temperatura. É um parâmetro que deve ser determinado experimentalmente, visto que depende de todas as variáveis que influenciam a convecção, como a geometria da superfície, a natureza do movimento do fluido, as propriedades do fluido e a velocidade do fluido. De acordo com a literatura, o cobre possui coeficiente de transferência de calor mais alto do que o alumínio, sendo assim, os valores descritos na Tabela 2 são coerentes. Além do material, como citado acima, outros fatores também podem ter influenciado nos valores encontrados, visto que se trata de peças com geometria e dimensões diferentes. 4.4 Cálculo da energia total perdida pelo corpo no processo de resfriamento Para o cálculo da energia perdida, utilizou-se a equação (10), considerando a massa da peça metálica, o Cp do material que constitui a peça e a diferença de temperatura entre a temperatura no tempo zero e a última temperatura medida. Os valores de energia perdida para o cilindro de cobre e o paralelepípedo de alumínio estão descritos na Tabela 3. Tabela 3 – Energia total perdida Fonte: Autores. De acordo com os resultados da Tabela 3, o paralelepípedo de alumínio possui o maior valor de energia total perdida durante o processo de resfriamento. Q (J) 5506,95 Q (J) 7466,74 CILINDRO DE COBRE PARALELEPÍPEDO DE ALUMÍNIO 4.5 Gráfico do resfriamento até 105 % da temperatura ambiente em função do tempo Para o gráfico do resfriamento até 105% da temperatura ambiente, calculou-se o tempo por meio da equação (13), considerando a menor temperatura medida até 105% da temperatura ambiente, com valores de temperatura a cada 1°C e coeficiente convectivo constante. 𝒕 = −𝒍𝒏 ( 𝑻 − 𝑻∞ 𝑻𝒊 − 𝑻∞ ) 𝝆 𝑪𝒑 𝑽 𝒉 𝑨 (𝟏𝟑) Considerando uma temperatura ambiente de 18,6°C, obteve-se para 105% da temperatura um valor de 19,53°C. Considerando os valores de tempo e temperatura calculados, plotou-se os gráficos 7 e 8 para o cilindro de cobre e para o paralelepípedo de alumínio, respectivamente. Gráfico 7 – Resfriamento até 105% da temperatura ambiente para o cilindro de cobre Fonte: Autores. Gráfico 8 – Resfriamento até 105% da temperatura ambiente para o paralelepípedo de alumínio Fonte: Autores. De acordo com os gráficos 7 e 8, é possível observar que o paralelepípedo de alumínio alcança a temperatura ambiente em menor tempo se comparado com o cilindro de cobre, o que também foi visualizado ao longo do experimento, considerando que o paralelepípedo de alumínio atingiu uma temperatura de 25,0°C em 3840 segundos, enquanto o cilindro de cobre atingiu uma temperatura de 28,1°C em 4500 segundos. 4.6 Cálculo do número de Biot Para calcular o número de Biot utilizou-se a equação (8), considerando a dimensão característica de cada peça metálica e resistência interna desprezível. Os valores do número de Biot encontrados estão descritos nas Tabelas 4 e 5 para o cilindro de cobre e para o paralelepípedo de alumínio, respectivamente. Tabela 4 – Número de Biot para o cilindro de cobre Fonte: Autores. Tabela 5 – Número de Biot para o paralelepípedo de alumínio Fonte: Autores. Como é possível observar, em todos os casos o valor do número de Biot foi menor que 0,1, sendo que quando isso acontece pode-se considerar a resistência interna a transferência de calor como desprezível, ou seja, através deste cálculo foi possível comprovar que a metodologia utilizada para a determinação do coeficiente convectivo de transferência de calor é adequada. 4.7 Gráfico do número adimensional de temperatura () em função do tempo acumulado Para calcular o número adimensional de temperatura () utilizou-se a equação (14), em que 𝑇 é a temperatura no ponto, 𝑇∞ é a temperatura ambiente e 𝑇0 corresponde a temperatura em 𝑡 = 0. Altura (m) 0,0388 Bi 0,000953 Raio (m) 0,01755 Bi 0,000431 AXIAL RADIAL CILINDRO DE COBRE Aresta 1 (m) 0,0488 Bi 0,001627 Aresta 2 (m) 0,0223 Bi 0,000743 Aresta 3 (m) 0,03663 Bi 0,001221 PARALELEPÍPEDO DE ALUMÍNIO ARESTA 1 ARESTA 2 ARESTA 3 𝜽 = 𝑻 − 𝑻∞ 𝑻𝟎 − 𝑻∞ (𝟏𝟒) Após calcular , plotou-se os gráficos 9 e 10 do número adimensional de temperatura () em função do tempo acumulado para o cilindro de cobre e para o paralelepípedo de alumínio, respectivamente. Gráfico 9 – Número adimensional de temperatura em função do tempo acumulado para o cilindro de cobre Fonte: Autores. Gráfico 10 – Número adimensional de temperatura em função do tempo acumulado para o paralelepípedo de alumínio Fonte: Autores. Ao analisar os gráficos 9 e 10 é possível afirmar que estes estão coerentes, visto que o número adimensional de temperatura sofre uma diminuição conforme o tempo aumenta durante o período de resfriamento. Também, ocorre uma diminuição no gradiente de temperatura entre o material e o ambiente, causando um decaimento constante no final da curva, já que o gradiente de temperatura é a força motriz da transferência de calor. Por fim, pode-se concluir que após um longo período de tempo de resfriamento, o número adimensional de temperatura tenderá a zero, considerando que a temperatura do material será muito próxima a temperatura ambiente. 4.8 Análise comparativa Com o objetivo de realizar uma análise comparativa entre os valores dos parâmetros de cada peça metálica em estudo, colocou-se os dados e resultados na Tabela 6. Tabela 6 – Análise comparativa Fonte: Autores. Para iniciar a comparação dos resultados obtidos na determinação do coeficiente convectivo (h), pode-se considerar as equações (11) e (12), em que CILINDRO DE COBRE PARALELEPÍPEDO DE ALUMÍNIO Material Cobre Alumínio Área (m²) 0,005243431 0,007385266 Volume (m³) 3,75246E-05 3,98622E-05 ρ (kg/m³) 8933 2702 Cp (J/kg.K) 385 903 k (W/m.K) 401 237 h(W/m².K) 9,8451 7,9017 Q perdido (J) 7466,740628 5506,952724 Tempo (s) 4500 3840 o valor de h é diretamente proporcional aos valores de 𝜏, 𝜌, 𝐶𝑝 𝑒 𝑉 e inversamente proporcional ao valor da área de troca térmica. O cilindro de cobre, apresentou o maior coeficiente convectivo de transferência de calor, visto que possui maior valor de massa específica (𝜌) e menor área de troca térmica em comparação com esses mesmos parâmetros para o paralelepípedo de alumínio. O volume das peças metálicas são próximas, não interferindo de forma significativa no valor de h. Entretanto, o paralelepípedo de alumínio alcança a temperatura ambiente em menor tempo se comparado com o cilindro de cobre e, com isso, precisou-se de mais tempo para que cilindro de cobre atingisse uma temperatura mais próxima a temperatura ambiente. 5. CONCLUSÃO A partir do experimento foi possível obter o perfil das curvas de queda de temperatura por tempo acumulado e taxa de transferência de calor, o que permitiu o cálculo dos coeficientes convectivos e número de Biot, para ambos os materiais, alumínio e cobre, desprezando-se a resistência interna à transferência de calor. Os perfis de queda de temperatura por tempo demonstraram tempos distintos, para queda até 105% da temperatura ambiente, este fato se deve à composição dos corpos de teste bem como às dimensões características de cada um, uma vez que estes fatores influenciam diretamente na transferência de calor e, consequentemente, na queda de temperatura. Os valores de coeficiente convectivo foram de 9,85 Wm2K e 7,90 Wm2K, para o cilindro de cobre e o paralelepípedo de alumínio, respectivamente, o que condiz com os dados fornecidos pela literatura. As curvas de taxa de transferência de calor não decaem a uma razão constante, já as de decaimento de temperatura apresentam um decaimento próximo a uma função exponencial, com ajuste superior a 97%. A quantidade total de energia cedida ao ambiente foi de 5507J e 7467J, para o cobre e o alumínio, respectivamente. O cobre obteve uma maior taxa de transferência em comparação com o alumínio, contudo o corpo de alumínio teve o decaimento de temperatura mais acentuado, atingindo o valor limite em menor tempo. A seguir foi possível calcular o número de Biot, cujos valores foram de 0,000953 e ,000431, para o cobre, na direção axial e radial, e de 0,001627, 0,000743 e 0,001221, para as arestas 1, 2 e 3 do corpo de alumínio, respectivamente. Por fim, foi possível obter os perfis do número adimensional de temperatura por tempo acumulado, estes demonstraram uma queda ao decorrer do tempo, o que é coerente, visto que o gradiente de temperaturas também decresce. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOABAID NETO, Carlos. Transferência de Calor (TCL). 2010. Volume I - Parte 3. Disponível em: https://wiki.sj.ifsc.edu.br/wiki/images/f/fe/Apostila_TCL_2010_Parte_3.pdf. Acesso em: 04 jun. 2022. CONNOR, Nick. O que é coeficiente de transferência de calor por convecção: Definição. 2020. Disponível em: < https://www.thermal- engineering.org/pt-br/o-que-e-coeficiente-de-transferencia-de-calor-por- conveccao-definicao/>. COPETTI, Jacqueline. Transferência de Calor. Disponível em: http://professor.unisinos.br/jcopetti/transcal_ppg/Introducao.pdf. Acesso em: 14 jun. 2022. INCROPERA, F.P. et al. Fundamentos de transferência de calor e de massa. 6ª ed., Editora LTC, Rio de Janeiro-RJ. 2012.. SILVA, Luana Nascimento. Determinação do coeficiente de transferência de calor por convecção natural e forçada em um corpo de alumínio. S/D. Disponível em: < https://editorarealize.com.br/editora/anais/conapesc/2019/TRABALHO_EV 126_MD1_SA6_ID1905_24062019182939.pdf>.
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