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TIC 08 – LIGAMENTOS DO JOELHO 
 
1- Quais são os ligamentos do joelho? 
 
A articulação do joelho (articulação tibiofemoral), a maior e mais complexa articulação do corpo, atua 
principalmente como uma diartrose cilíndrica. No entanto, também permite alguma rotação medial e lateral, 
quando em posição de flexão e durante o ato de extensão da perna (MARIEB, 7ª ed.). Trata-se de uma 
articulação do tipo gínglimo modificada (porque seu movimento principal é um movimento de dobradiça 
uniaxial) que consiste em 3 articulações dentro de uma única cavidade articular: articulação tibiofemoral 
lateral e medial e a articulação femoropatelar (TORTORA, 14ª ed.). 
 
Anteriormente, onde a cápsula articular está ausente, três amplos ligamentos seguem da patela até a 
tíbia. Eles são o ligamento patelar, que é flanqueado pelos retináculos ("retentores") lateral e medial da 
patela, que se fundem imperceptivelmente com a cápsula articular de cada lado. O ligamento patelar e os 
retináculos são realmente continuações do tendão da volumosa musculatura do quadríceps da região 
anterior da coxa. Os médicos percutem o ligamento patelar para testar o reflexo de estiramento do joelho 
(MARIEB, 3ª ed.). 
Três tipos de ligamentos estabilizam e reforçam a cápsula da articulação do joelho. Dois tipos de 
ligamentos, capsulares e extracapsulares, atuam para prevenir a hiperextensão do joelho e são estirados 
quando o joelho é estendido. Dentre eles estão incluídos os seguintes: (MARIEB, 3ª ed.). 
➢ Os ligamentos extracapsulares colaterais fibular e tibial também são críticos na prevenção da rotação 
lateral ou medial quando o joelho é estendido. O ligamento colateral tibial é largo e plano, situa-se 
entre o epicôndilo medial do fêmur e a diáfise da boia, abaixo de seu côndilo medial, e se funde ao 
menisco medial. 
➢ O ligamento poplíteo oblíquo é realmente parte do tendão do músculo semimembranáceo que se 
funde com a cápsula e estabiliza a região posterior da articulação do joelho. 
➢ O ligamento poplíteo arqueado forma um arco superiormente à cabeça da fíbula, por cima do 
músculo poplíteo, e reforça a cápsula articular posteriormente. 
Os ligamentos intracapsulares do joelho são chamados de ligamentos cruzados, pois se cruzam, 
formando um X no espaço entre os côndilos do fêmur. Eles ajudam a prevenir deslocamentos ântero-
posteriores das superfícies articulares e estabilizam os ossos da articulação do joelho quando estamos em 
pé. Embora esses ligamentos encontrem-se dentro da cápsula articular, estão fora da cavidade sinovial, e a 
membrana sinovial quase cobre suas superfícies (MARIEB, 3ª ed.). 
 
2- O que ocorre (do ponto de vista clínico – biodinâmico) com o paciente com lesão total 
de cada um destes ligamentos (joelho)? 
 
As lesões do joelho são comuns porque essa é uma articulação baixa, móvel, que sustenta peso e serve 
como fulcro entre duas alavancas longas (coxa e perna). Sua estabilidade depende quase totalmente dos 
ligamentos associados e dos músculos adjacentes (MOORE, 8ª ed.). 
 
➢ LESÃO DO LIGAMENTO PATELAR 
A ruptura bilateral atraumática do ligamento patelar é um evento raro, é uma lesão importante que 
envolvendo o mecanismo extensor do joelho, gera grande incapacidade funcional e distúrbios da marcha. O 
 
 
mecanismo extensor do joelho envolve o tendão quadricipital, a patela, o ligamento patelar e o tubérculo da 
tíbia. O ligamento patelar é uma estrutura extremamente resistente e geralmente não sofre ruptura em 
condições fisiológicas normais (JULIATO et. al., 2019). 
As rupturas atraumáticas bilaterais ocorrem na sua maioria na substância do ligamento e geralmente 
estão associadas a doenças sistêmicas, como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, diabetes, 
obesidade, insuficiência renal crônica, hiperparatireoidismo e uso de medicamentos como corticoides locais 
e sistêmicos e antibióticos como as fluo-roquinolonas. Essas doenças e medicamentos têm sido implicados 
como fatores de risco para essas lesões do joelho devido a alterações microestruturais na substância do 
ligamento, enfraquecem o colágeno e propiciam sua rotura, em eventos traumáticos mínimos ou 
atraumáticos (JULIATO et. al., 2019). 
 
➢ LESÃO DO LIGAMENTO COLATERAL FIBULAR 
O LCF atua como o estabilizador primário para estresse em varo no joelho e auxilia na estabilização 
contra torque de rotação externa em graus mais baixos de flexão. As lesões isoladas do ligamento colateral 
lateral representam apenas 1,1% das lesões ligamentares do joelho14 e 73,9% estão associadas a trauma 
esportivo (LIE et. al., 2017). 
Diante dessa lesão ligamentar o paciente pode apresentar pé em equino, equimose e edema 
moderado em região posterolateral do joelho. Deambulação com dificuldade devido a instabilidade articular 
e deficit funcional de flexão ativa do joelho. Ainda pode apresentar dor a palpação de região posterolateral 
do joelho e incapacidade de extensão ativa do pé (LIE et. al., 2017). 
 
➢ LESÃO DO LIGAMENTO COLATERAL TIBIAL 
O ligamento colateral medial tem uma porção superficial e outra profunda (capsular). A porção superficial 
provê a principal resistência ao estresse em valgo. A porção profunda esta fixada ao menisco medial e 
fornece adicional estabilidade ao estresse em valgo. A lesão do colateral medial é a lesão ligamentar mais 
comum do joelho (GRATIVAL; PALAURO, 2005). 
Pacientes que apresentam lesão no ligamento colateral tibial podem apresentar: dor na parte medial do 
joelho, edema e hematoma, incapacidade de flexionar o joelho. Essa lesão é classificada em grau 1, 2 ou 3, 
sendo o grau 3 o rompimento total do ligamento colateral medial (GRATIVAL; PALAURO, 2005). 
 
➢ LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR 
As lesões do ligamento cruzado anterior são mais comuns em esportes em que o pé está fixo ao solo e 
a perna é rodada com o corpo, como no futebol, basquetebol, esqui. Com a rotação no joelho, o paciente 
pode ouvir um “pop” quando a lesão ocorrer e não consegue prosseguir a atividade. A incidência desta lesão 
é maior durante a terceira década de vida (GRATIVAL; PALAURO, 2005). 
A ruptura total deste ligamento causa instabilidade crônica da articulação, nestes casos faz-se 
necessário a intervenção cirúrgica com reconstrução do ligamento, evitando outras complicações, como 
lesão meniscal, degeneração articular e osteoartrose precoce. Ademais, indivíduos que sustentam uma 
lesão do LCA apresentam mudanças no controle motor, uma vez que, após a lesão, geralmente há um 
prejuízo das informações sensoriais, em função do comprometimento dos mecanorreceptores presentes no 
LCA. A diminuição das informações sensoriais após a lesão do LCA faz com que o relacionamento entre 
informação sensorial e ação motora seja alterado, podendo acarretar alterações e desempenho inferior no 
controle motor destes indivíduos (SANTOS; MEJIA, 2010). 
 
 
 
➢ LESÃO DO LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR 
O ligamento cruzado posterior é o restritor primário da translação posterior da tíbia sobre o fêmur. A sua 
lesão é muito menos comum que a do cruzado anterior (GRATIVAL; PALAURO, 2005). 
É distribuída em traumas de alta energia, como o “trauma do painel” e quedas de grandes altitudes, e 
traumas esportivos, sendo nesse caso o mais habitual uma queda sobre o joelho em flexão. A apresentação 
clínica após algumas horas de lesão cursa com insuficiência funcional, tumefação, espasmos musculares e 
atitude antálgica do joelho (GRATIVAL; PALAURO, 2005). 
 
 
Referências: 
 
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed., Porto Alegra: Artmed, 2008 
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 
2016. 
 
MOORE et. al. Moore Anatomia Orientada para a Clínica, 8ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. 
 
JULIATO et. al. Ruptura atraumática bilateral do ligamento patelar – relato de caso. Revista Brasileira de 
Ortopedia, v. 54, n.2, p. 223-227, 2019. 
 
LIE et. al. Rupturado ligamento colateral lateral isolada no joelho. Técnicas em Ortopedia, v. 17, n. 4, p. 15-
18, 2017. 
 
GRATIVAL, A. L.; PALAURO, G. B. Estudo do movimento e carga na articulação femopatelar com avaliação 
em R.M. e aspectos práticos. Projeto de Graduação, 2005. 
 
SANTOS, N. T. C.; MEJIA, D. P. M. Lesão do ligamento cruzado anterior e tratamento fisioterapêutico. 
Dissertação de Pós-Graduação, 2010.

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