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RANIERY RAMOS PEREIRA A IMPORTÂNCIA DA NORMA REGULAMENTADORA 17 NAS COZINHAS DE PEQUENO PORTE Rio de Janeiro 2022 Raniery Ramos Pereira A Importância da Norma Regulamentadora 17 nas Cozinhas de Pequeno Porte Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Digital Descomplica, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Rio de Janeiro 2022 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe, antes de mais nada, mulher que acreditou no potencial do filho e nunca cessou o investimento para chegar onde cheguei. RESUMO A NR17 trata-se de uma norma que o objetivo principal é a adequação do trabalho ao homem, proporcionando assim a segurança e saúde física e mental do trabalhador. Ajuda também na relação do trabalho e o empregado, com a finalidade de adaptar o ambiente de serviço ao homem que está inserido nele. Tem-se como objetivo mostrar a importância da NR17 nas cozinhas industriais de pequeno porte, especificando contextualizar a NR17, apresentar os riscos de trabalho em cozinhas industriais e, por fim, apresentar a aplicabilidade da NR17 nas cozinhas e como ela pode diminuir os impactos negativos causados nos trabalhadores. O trabalho é de base bibliográfica, de natureza exploratória- descritiva, de abordagem qualitativa e cunho teórico. Com intermédio dos dados recolhidos, foram relacionados conteúdos que dissertassem a respeito da NR17 e a sua aplicabilidade em cozinhas industriais, a fim de verificar e colocar em prática a sua importância nesse tipo de ambiente de trabalho. Como resultado, há uma necessidade de aprimoramento nas leis sobre o assunto, a ergonomia pode ajudar a diminuir os riscos apresentados em cozinhas industriais, porém ainda pode melhorar por parte da legislação no sentido de criar e aprimorar normas que atuem e sejam aplicáveis a estes ambientes de trabalho, melhorando a vida dos trabalhadores de cozinhas industriais. Palavras-chave: NR17; Ergonomia; Riscos. INTRODUÇÃO O crescimento e desenvolvimento do setor alimentício no país nos últimos anos não foram acompanhados pela modernização da legislação pertinente, logo a única norma que ampara os trabalhadores deste setor, foi datada na década de 70. A NR17 trata-se de uma norma que o objetivo principal é a adequação do trabalho ao homem, proporcionando assim a segurança e saúde física e mental do trabalhador. Ajuda também na relação do trabalho e o empregado, com a finalidade de adaptar o ambiente de serviço ao homem que está inserido nele. No decorrer o processo do desenvolvimento à evolução as tecnologias, foi possível constatar a necessidade de um maior conhecimento das capacidades e limites dos seres humanos, consequentemente, foi possível melhorar uma forma de promover um aumento na segurança em relação ao trabalhador. Dessa maneira, é possível perceber quão é importante dentro de uma instituição reconhecer e avaliar as situações de irregularidades no âmbito do trabalho, para que se possam tomar medidas de correção, dessa forma, visando à melhoria das condições de trabalho e a prevenção a riscos para a saúde do trabalhador. Os processos para a preparação dos alimentos em restaurantes com características de cozinha industrial sofrem mudanças devido à introdução de tecnologias que visam maximizar a produção. Todavia, os processos manuais no preparo dos alimentos se mantêm presentes e são intensificados na medida em que, para acompanhar a modernidade social, há um grande número de indivíduos alimentando-se fora do lar. Trabalhar em um local que proporcione conforto, segurança e satisfação é o que procura todos os trabalhadores, independentemente de sua área de atuação. A maior parte das definições em Ergonomia enfatiza dois objetivos fundamentais: o melhoramento e a preservação da saúde dos trabalhadores e a concepção e o funcionamento satisfatórios do sistema técnico do ponto de vista da produção e da segurança. Almeja-se, na prática, obter a melhor adaptação das condições de trabalho aos trabalhadores, preservando sua saúde e melhorando a produtividade e a qualidade do trabalho do ponto de vista individual e coletivo. Ainda hoje há uma grande preocupação com a situação dos trabalhadores expostos a riscos neste setor e às possíveis consequências, como alterações físicas e emocionais, que podem ser oriundas da falta de um processo ergonômico adequado. O trabalho tem como objetivo mostrar a importância da NR17 nas cozinhas industriais de pequeno porte, especificando contextualizar a NR17, apresentar os riscos de trabalho em cozinhas industriais e, por fim, apresentar a aplicabilidade da NR17 nas cozinhas industriais de pequeno porte e como ela pode diminuir os impactos negativos causados nos trabalhadores. Diante disto, o foco deste trabalho voltou-se para a diminuição dos impactos negativos causados na vida dos trabalhadores de cozinhas industriais de pequeno porte, onde a NR17 pode ajudar causando melhorias no arranjo físico e nas condições do ambiente construído, assim como no processo de trabalho que, além de promover o conforto dos funcionários, refletiram diretamente na sua produtividade e na qualidade do atendimento aos clientes em termos de tempo de espera. METODOLOGIA O trabalho é de base bibliográfica, de natureza exploratória-descritiva, onde foram selecionados dados em livros, artigos, teses e trabalhos publicados em banco de dados como Scielo, Google Scholar e LiLics que abordavam a temática aqui estudada. Sendo assim, o primeiro passo a realização do levantamento bibliográfico em bibliotecas físicas e virtuais também em bases de dados, em seguida procedemos com a leitura de reconhecimento do material encontrado, e iniciamos a leitura, análise e interpretação do que foi selecionado. A pesquisa é de abordagem qualitativa, de cunho teórico. Com intermédio dos dados recolhidos, foram relacionados conteúdos que dissertassem a respeito da NR17 e a sua aplicabilidade em cozinhas industriais, a fim de verificar e colocar em prática a sua importância nesse tipo de ambiente de trabalho. DESENVOLVIMENTO Podemos definir a Ergonomia como “[...] o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia” (WISNER, 1987). De acordo com a Ergonomic Research Society, citada no Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora n. 17 (BRASIL, 2002) “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. No Brasil existem várias leis e normas regulamentadoras sobre segurança e saúde no trabalho. A principal que trata de ergonomia é a Norma Regulamentadora 17, do Ministério do Trabalho e Emprego, onde avalia a adequação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo que proporcione um máximo de segurança, conforto e desempenho eficiente. Cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, necessitando a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho. Estas condições abrangem aspectos relacionados ao transporte, levantamento e descarga de materiais, ao mobiliário, equipamentos, e, às condições ambientais do posto de trabalho e à organização do mesmo (BRASIL, 1978). Esta norma auxilia a definir os principais aspectos a serem considerados na elaboração de uma análise ergonômica do trabalho, ressaltando que a realização desta análise tem comoobjetivo principal a modificação das situações de trabalho. É necessária a participação dos trabalhadores no processo de elaboração da análise ergonômica do trabalho e na definição e implantação da efetiva adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores (BRASIL, 2002). Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas características de organização, manipulação ou exposição a agentes físicos, químicos, biológicos, pelas situações de deficiência ergonômica ou riscos de acidentes, podem comprometer a saúde do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa (DE PAULA, 2011). Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, consideram-se riscos ergonômicos aqueles relacionados com fatores fisiológicos e psicológicos inerentes à execução das atividades profissionais. Estes fatores podem levar ao stress, produzir alterações no organismo e estado emocional dos trabalhadores, comprometendo a sua saúde, segurança e produtividade. São eles: iluminação inadequada, levantamento e transporte manual de pesos, movimentos viciosos, trabalho em pé, esforço físico intenso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, ritmos excessivos, monotonia e repetitividade, desconforto acústico, desconforto térmico, mobiliário inadequado, entre outros (BRASIL, 1978). Tentando minimizar estes problemas resultantes dos riscos ergonômicos, vê-se a necessidade de uma fiscalização maior em relação ao cumprimento da NR17. Verificam-se também interpretações diversas da norma, o que representa um obstáculo à efetiva implantação e deixa brecha para o seu não cumprimento. A NR17, como todas as normas, não aponta soluções para todas as situações encontradas na prática. A resolução dos problemas só é possível pelo esforço conjunto de todos os interessados. Desta forma, a ergonomia tem sua base centrada no ser humano, e esta antropocentricidade pode resgatar o respeito ao homem no trabalho, de forma a se alcançar não apenas o aumento da produtividade, mas, sobretudo, melhor qualidade de vida. Dentro desta realidade, ressalta-se a importância da Ergonomia, que evidencia a distância entre o trabalho prescrito e o real, mostrando que, para os trabalhadores, especialmente aqueles que atuam em cozinhas, as condicionantes físico-ambientais e organizacionais, muitas vezes, exigem uma representação mental diferenciada a cada dia (novas preparações, imprevisibilidade, novas pressões temporais etc.), nem sempre prevista na fase do planejamento (LOURENÇO; MENEZES, 2008). Diversos estudos que incluem a análise do processo de trabalho e das relações de trabalho em ambientes de cozinha concluíram que a ocorrência de doenças e de acidentes neste local apresenta uma estreita relação com as condições ergonômicas existentes. O trabalho em cozinha é caracterizado como um processo de produção que utiliza intensivamente a mão de obra, sendo considerada como uma atividade árdua, de ritmo intenso, com posturas forçadas, mantidas por longos períodos (MONTEIRO; SANTANA; DUARTE, 1997). Em virtude das condições físicas e ambientais inadequadas encontradas nestes ambientes, é comumente relatado nestes locais problemas riscos de acidentes em decorrência do intenso movimento, aliado, em geral, à inexperiência pessoal e a um ambiente dotado de grande variedade de equipamentos elétricos (DE PAULA, 2011). E, pode ser atrelado ao desgaste humano provocado pelo trabalho repetitivo, levantamento de peso excessivo, permanência por períodos prolongados na postura em pé e modificação constante de procedimentos (LOURENÇO; MENEZES, 2008; PROENÇA, 1993). O mapeamento dos riscos e a capacitação dos colaboradores podem contribuir para a conscientização dos riscos existentes e despertar o interesse dos que trabalham nestes ambientes, pois se sabe que as condições de trabalho e saúde estão diretamente relacionadas com desempenho e produtividade (DE PAULA, 2011). Há uma prevalência dos riscos por agentes físicos como umidade, calor, ruído e frio. Estes não são os maiores causadores de afastamento por doença profissional, uma vez que os acidentes como cortes, queimaduras, quedas e choques elétricos são mais comuns. Eles poderiam ser evitados com o uso correto dos EPIs, o conhecimento das tarefas a serem realizadas e a utilização consciente dos equipamentos (BARBOSA; ALMEIDA, 2008). As características de um ambiente de trabalho refletem, de maneira expressiva, as qualidades do trabalhador. Um local de trabalho deve ser sadio e agradável, que proporcione o máximo de proteção, sendo o resultado de fatores materiais ou subjetivos, e deve prevenir acidentes, doenças ocupacionais, além de proporcionar melhor relacionamento entre a empresa e o empregado (ALVAREZ, 1996; FIEDLER; VENTUROLI; MINETTI, 2006). Entre os fatores relacionados à ambiente de trabalho, destacam-se a temperatura, umidade, ventilação, iluminação, cor, sonorização (ruídos), postura e o movimento (SILVA, 1995). Assim, a ciência da ergonomia visa contribuir para que as áreas das Unidades de Alimentação e Nutrição sejam projetadas, construídas e operadas com segurança, absorvendo as diferenças individuais e certas variações do comportamento humano, de modo que não resultem em sérios acidentes ou comprometa a qualidade de vida dos colaboradores (LIDA, 1993). Para evitar transtornos e riscos nestes ambientes, o funcionamento e planejamento de uma cozinha industrial é imprescindível. O layout de uma cozinha é importante, que além de impactar diretamente no número de pratos feitos por minuto, aumenta a capacidade de produção em até 100 %, também trazendo benefícios aos trabalhadores. A ergonomia pode, assim, auxiliar na adequação do local de trabalho ao homem, tornando o ambiente mais propício para o desenvolvimento saudável e seguro das atividades (PANZA et al., 2006). CONCLUSÃO A ergonomia visa realizar mudanças no ambiente e condições de trabalho, adaptando e aperfeiçoando equipamentos e máquinas que podem auxiliar na execução de tarefas segundo às características físicas e psicológicas do trabalhador, com objetivo principal de lhe proporcionar saúde, conforto e segurança, aumentando assim a sua eficiência no trabalho. A adoção de práticas ergonômicas implica, entre outros, na melhoria da qualidade de vida no trabalho, o que é condição essencial para o êxito de uma empresa ou de um empreendimento. Este trabalho mostrou os principais riscos relacionados ao trabalho realizado em cozinhas de pequeno porte, e, como a aplicabilidade da NR17 pode ajudar neste ambiente de trabalho, amparando o trabalhador e melhorando sua performance no trabalho. Contudo, há uma escassez de referências bibliográficas que abordam o assunto, as que foram encontradas eram amplas e muito gerais, o que deixa muito a desejar, e mostra uma grande defasagem em relação ao avanço da tecnologia e aprimoramento dos equipamentos e mobílias. Concluiu-se que há uma necessidade de aprimoramento nas leis sobre o assunto. A finalidade do trabalho é de ser útil ao campo de pesquisa cientifica e haja uma maior preocupação por parte da legislação no sentido de criar e aprimorar normas que atuem e sejam aplicáveis a estes ambientes de trabalho, melhorando a vida dos trabalhadores de cozinhas industriais. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ALVAREZ, B. R. Qualidade de vida relacionada à saúde de trabalhadores. 1996. (Dissertação – Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. BARBOSA, L. N.; ALMEIDA, F. Q. A. Relato da experiência sobre a avaliação dos riscos ambientais e mapeamento em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) para a promoção da segurança no trabalho. Revista Simbio- Logias, Botucatu,v. 1, n. 2, p. 170-179, nov. 2008. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978a. Norma Regulamentadora 17 – Ergonomia. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 06 de jul. 1978. Suplemento, Seção 1, p. 127-128. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978b. Norma Regulamentadora 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 06 de jul. 1978. Suplemento, Seção 1, p. 90. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 1978. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17. 2 ed. 101 p. Brasília: MTE, STI, 2002. DE PAULA, C. M. D. Riscos ocupacionais e condições de trabalho em cozinhas industriais. 2011. 77 f. Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. FIEDLER, N. C.; VENTUROLI, F.; MINETTI, L. J. Análise de fatores ambientais em marcenarias no Distrito Federal. R. Brás. Eng. Agríc. Amb, 2006, v.10, pp. 679-85. LIDA, I. Ergonomia - projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher; 1993. LOURENÇO, M. S.; MENEZES, L. F. Ergonomia e Alimentação Coletiva das condições de trabalho em uma Unidade de Alimentação e Nutrição. In: Congresso Nacional De Excelência em Gestão, 4, 2008, Niterói. Anais.... Niterói, 2008. p.1 - 21. PROENÇA, R. P. C. Ergonomia e organização do trabalho em projetos industriais: uma proposta no setor de alimentação coletiva. 1993. 156f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1993. MONTEIRO, J. C.; SANTANA, A. M. C.; DUARTE, M. F. S. Análise das posturas no trabalho para entender a performance física do trabalhador do setor de carnes do restaurante universitário da UFSC. In: Congresso latino Americano de Ergonomia, 4 e Congresso Brasileiro de Ergonomia, 8, 1997, Florianópolis. Anais.... Florianópolis: Associação Brasileira de Ergonomia e Fundacentro, 1997. p. 400-406. PANZA, S. G. A. et al. Avaliação das condições higiênico-sanitárias durante a manipulação dos alimentos em um restaurante universitário, antes e depois do treinamento dos manipuladores. R. Hig. Alim, 2006, v. 20, pp. 15-19. SILVA, M. C. Meio ambiente como fator limitante no desempenho do trabalho e segurança do trabalhador. R Cad Inf Prev Acid, 1995, v.183, pp. 32-40. WISNER, A. Por dentro do trabalho: ergonomia método e técnica. São Paulo: FTD, 1987.
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