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Filosofia- Conhecimento e Descartes

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Conhecimento e Descartes
Nenhum conhecimento é a verdade, uma vez que é impossível conhecer exatamente algo, sendo esse o conceito de verdade. O nosso conhecimento provém dos sentidos, da razão e das teorias que formulamos, pelo que é subjetivo e limitado. Embora nenhum conhecimento seja verdade, tem de ser um pouco verdadeiro, senão também não seria conhecimento (exemplo: movimento da Terra em torno do Sol). 
O conhecimento são várias informações que retiramos da experiência vivida, como por exemplo, a capacidade de dominar algo. É a capacidade de percecionar e compreender a realidade, organizando dados que esta fornece e produzindo juízos sobre estes. Também se denomina de atividade cognoscitiva, sendo o processo pelo qual o sujeito procura compreender os aspetos da realidade e integrá-la na sua estrutura mental, a partir de diversas informações de que dispõe.
Existem 3 tipos de conhecimento: prático/através de atividades (cozinhar), de proposições/pensamentos verdadeiros (2+2=4), direto de alguma realidade (conhecer Paris).
A Epistemologia é a área da Filosofia encarregue do estudo do conhecimento, isto é, as relações entre o sujeito e o objeto, procurando estabelecer e analisar criticamente os problemas que essas relações suscitam (origem, natureza…).
O conhecimento é obtido quando um sujeito/cognoscente (aquele que conhece) apreende um objeto/cognoscível (aquilo que é conhecido). Ocorre uma correlação entre ambos, pelo que o sujeito só é sujeito em relação a um objeto e este só é objeto em relação a um sujeito. Entre estes, estabelece-se uma interação, onde o sujeito interage com a realidade e é desse processo que o conhecimento emerge. É uma relação não reversível, devido à passividade do objeto, e não permutável, pois as suas funções não se trocam. Sendo uma ação caracterizada pela transcendência, uma vez que não trazemos o objeto em si, não constitui uma verdade absoluta, pelo que conhecer é apenas uma construção de uma imagem, sendo subjetivo. No entanto, o objeto não é transcendente. A atividade fenomenológica é a análise de um ato de conhecimento.
Ocorrem 3 momentos no conhecimento: a saída do sujeito da sua esfera, a réplica do conhecimento do objeto é retirada para o sujeito, e o retorno no sujeito para a sua esfera com o conhecimento do objeto.
Existem 2 fontes de conhecimento, de forma a justificá-lo: pelo pensamento/razão e pelos sentidos/experiência sensível.
· Razão: juízos cuja verdade pode ser conhecida independentemente de qualquer experiência, tendo, portanto, origem no pensamento ou razão. São universais, isto é, verdadeiros em toda a parte, e necessários, pelo que negá-los implicaria entrar em contradição. 
· Experiência: juízos cuja verdade só pode ser conhecida através da experiência sensível. Não são estritamente universais, pelo que nem sempre são verdadeiros, nem em toda a parte, e são contingentes, isto é, são verdadeiros, mas poderiam ser falsos, pelo que seria possível negá-los.
Assim, existem 2 modos de conhecimento: 
· A priori: baseia-se em juízos a priori, tendo a sua fonte apenas no pensamento ou na razão. É justificado pela razão e não pela experiência (2+2=4). 
· A posteriori: baseia-se em juízos a posteriori, tendo a sua origem na experiência. É o conhecimento empírico, justificado pela experiência (O Manuel é alto.).
Segundo Kant, todo o conhecimento começa com a experiência, mas nem todo deriva da experiência. 
Retomando à origem do conhecimento, formam-se duas posições:
· Racionalismo (Descartes, séc. XVII): A principal fonte do conhecimento é a razão, sendo independente da experiência, a priori, necessário e universal (matemática). O sujeito impõe-se ao objeto através de noções e princípios evidentes que traz em si. Defende que existem ideias inatas, isto é, as ideias fundamentais que já nascem connosco. Abrange, também, a intuição e a dedução, pelo que essas ideias inatas se descobrem por intuição intelectual e o conhecimento constrói-se de forma dedutiva. Desconfia dos sentidos, por serem fonte de crenças confusas e incertas.
· Empirismo (David Hume, séc. XVIII): A experiência é a principal fonte de conhecimento, pelo que todas as ideias têm uma base empírica e o conhecimento obtém-se através de impressões sensoriais, defendendo que o conhecimento se encontra limitado devido à experiência. Rejeita a ideia do inatismo do racionalismo, afirmando que o entendimento se assemelha a uma página em branco, pelo que todos nós nascemos “vazios”. 
Com estas posições, questiona-se a possibilidade de conhecimento, isto é, se o sujeito realmente apreende o objeto:
· SIM- Dogmatismo: Divide-se em dogmatismo ingénuo, que não ocorre na filosofia, pois não coloca o problema do conhecimento (ausência de exame crítico das aparências), e em dogmatismo crítico (confiança de que a razão pode atingir a verdade).
· NÃO- Ceticismo: Divide-se em ceticismo absoluto/radical (o sujeito não é capaz de apreender o objeto, rejeitando qualquer conhecimento) e ceticismo mitigado/moderado (reconhece limites ao conhecimento, mas não exclui a sua possibilidade). Esta posição torna-se importante no nosso desenvolvimento intelectual, porém, apresenta um inconformismo perante as soluções apresentadas e busca novas soluções, sendo precisamente o que Descartes fez, originando, assim, o ceticismo metódico, sendo apenas um meio para alcançar a verdade. 
Racionalismo de Descartes:
Defende que a razão é a principal fonte de conhecimento, tentando superar os argumentos dos céticos radicais. Critica a filosofia escolástica (o ensino livresco tem por base a religião, pelo que não se questiona nada, sendo a união da fé com a razão). As principais obras seriam as de Platão e Aristóteles, uma vez que abordavam todos os temas, no entanto, eram apenas à base da observação, pelo que Descartes já tinha instrumentos, conseguindo observar os erros que eram ensinados, criticando o seu ensino. Sente mais ignorância e mais dúvidas com este ensino, utilizando, mais tarde, a matemática como exemplo de conhecimento, pelo raciocínio claro e evidente. 
Viaja para ter experiência e conhecer o mundo, afirmando que o conhecimento deve ser feito por si e não por outros ou por livros. Apercebe-se de que a maioria das pessoas tem ocupações inúteis, pelo que a única alternativa útil é a que escolheu, isto é, a Filosofia, pelo que é a busca pela verdade, ensinando a pensar e a realizar o correto exercício da razão. É uma ocupação particular, por ajudar a pensar individualmente, e para o Estado, isto é, defendia que se todos pensassem da mesma forma, ou seja, se todos realizassem o correto exercício, se alcançaria uma sociedade civilizada. 
Admite de que se tem de ir lentamente, pois mais vale alcançar pouco, mas que esse pouco seja a absoluta verdade. No entanto, não pode abandonar tudo o que sabe antes de perceber o verdadeiro método que ensine precisamente a pensar, formulando o “Discurso de Método”. Não aconselha ninguém a seguir o seu método.
O seu método tem origem racional e a priori, sendo inspirado na matemática. Existem 4 regras a seguir, aplicando as 2 operações intelectuais (intuição- compreensão direta de noções simples- e dedução-encadeamento de intuições), utilizando-as no seu conhecimento, fazendo parte do ceticismo metódico:
· Evidência: duvida de tudo o que não seja claro, evidente e distinto, sem margem para qualquer dúvida.
· Análise: detalhar em partes a complexidade (dividir o difícil em pequenas partes, para ser mais fácil resolvê-las).
· Ordem: síntese/relação dos conceitos do mais fácil para o mais difícil.
· Enumeração/revisão: rever tudo para saber se falta algo.
Assim, nascem os campos da dúvida, pelo que Descartes recusa todas as crenças em que se note a mínima incerteza, porém, se alguma crença resistir, poderá ser a base ou o fundamento para as restantes.
· Preconceitos: duvida do senso comum, devido aos juízos precipitados obtidos pela experiência. Não é fundamentado e como engana algumas vezes, assume-se que engana sempre.
· Sentidos: o conhecimento resultante deste é duvidoso.
·Indistinção entre o sonho e a vigília: questiona o facto de se assumir que o sonho é uma realidade inferior à que se vive.
· Raciocínio: o Homem pode se ter enganado na matemática desde o início, formando uma cadeia de erros e o facto de poder existir um Deus enganador que nos enganou na matemática.
· Deus enganador: duvida de um Deus bom, pondo em teoria a existência de um Deus maligno. 
A dúvida tem certas características, sendo metódica e provisória (sendo um meio para atingir a verdade), hiperbólica (rejeita tudo o que é falso e que se note a mínima incerteza), universal e radical (incide sobre a origem e fundamentos do conhecimento). A dúvida é um exercício voluntário, caracterizado pela suspensão do juízo/conhecimento, tendo uma função catártica, libertando o espírito de erros e abrindo caminho à possibilidade de o reconstruir. 
Descartes apenas sabe que duvida de tudo, afirmando que para duvidar tem de pensar, e, para isto, tem de existir, sendo uma intuição racionalista. Surge, assim, o seu cogito “Penso, logo existo.”, sendo uma verdade incontestável, afirmando que só existe o seu raciocínio/alma e não o corpo. Nasce, assim, o dualismo (distinção entre corpo e alma) e o monismo (união entre ambos, sendo mais atual). Devido ao seu raciocínio com intuição racional, Descartes formula consequências do seu cogito:
1.	O facto de se assumir a existência do pensamento e não do corpo, colocando-se a questão de como relacionar ambos, originando duas perspetivas: o dualismo (alegando a sua separação), defendido por Descartes, e o monismo (defendendo a sua união).
2.	A defesa da separação do corpo e da alma, pelo que o corpo é controlado por esta.
3.	O critério da verdade, formulado após a análise das características do cogito, afirmando que qualquer conhecimento, para ser verdadeiro, tem de obedecer aos seguintes parâmetros: clareza (presença da ideia ao espírito), evidência e distinção (separação de uma ideia relativamente a outra não associada). 
4.	A importância do cogito, que serviu de base para Descartes construir o seu conhecimento.
5.	A aceitação do Homem como ser imperfeito, uma vez que a existência pressupõe a dúvida.
6.	A defesa de que a perfeição apenas poderá pertencer a algo ou alguém superior ao Homem, confirmando a existência de um Deus bom, de um Deus teísta.
7.	A utilização do argumento ontológico previamente estudado, para concluir que Deus existe e que este, ao ser perfeito, não poderá ser maligno. Assim, o 5º campo de dúvida que afirmava a existência de um Deus maligno é retirado. 
8.	Recorrendo novamente à aceitação da existência de um Deus perfeito, conclui-se que será Ele a colocar as ideias inatas na nossa mente. As ideias inatas são ideias que já nascem connosco, fazendo parte do racionalismo, isto é, a origem do conhecimento que Descartes defende. Estas ideias são as únicas que são claras, evidentes e distintas, sendo assim, verdadeiras, uma vez que foram formuladas por Deus. 
9.	A distinção entre ideias inatas (as únicas dignas de valor, por serem obra de Deus, provando, assim, a existência de conhecimento verdadeiro em nós), as ideias adventícias (fruto dos sentidos e da experiência) e as factícias (resultantes da imaginação do indivíduo). 
10.	Uma vez que as ideias adventícias advêm da experiência e esta, por sua vez, é realizada através do contacto exterior que provoca sensações, é possível inferir que tanto o corpo como a realidade existem. Assim, ocorre a resolução do 3º campo da dúvida, isto é, torna-se possível a distinção entre o sonho e a vigília.
11.	Se o indivíduo é capaz de sentir sensações, conclui-se que o corpo existe, retirando, portanto, a 1ª consequência mencionada.
12.	Através da conclusão de que não existe um Deus enganador, a teoria de que a Matemática poderá estar enganada perde força, pelo que esta área recupera a sua veracidade. Desta forma, retira-se o 4º campo de dúvida, referente ao raciocínio.
13.	Por fim, quando apenas os dois primeiros campos de dúvida permanecem em questão, Descartes compreende que terão de se manter na incerteza, uma vez que o senso comum e os sentidos são apenas crenças, isto é, ideias adventícias que não podem ser consideradas completamente verdadeiras.
Assim, conclui-se que o conhecimento é possível. Descartes afirma que não há conhecimento se as nossas crenças não forem justificadas, mas refere que podem, de facto, serem justificadas. A razão dá-nos conhecimento acerca da realidade independentemente da experiência, pelo que rejeita o empirismo.

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