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Indaial – 2021
CirCuitos ElétriCos ii
Prof.ª Júlia Grasiela Busarello Wolff
Prof. Léo Roberto Seidel
Prof. Rubens Bernardes de Carvalho
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Júlia Grasiela Busarello Wolff
Prof. Léo Roberto Seidel
Prof. Rubens Bernardes de Carvalho
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
W855c
Wolff, Júlia Grasiela Busarello
Circuitos elétricos II. / Júlia Grasiela Busarello Wolff; Léo Roberto
Seidel; Rubens Bernardes de Carvalho. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
205 p.; il.
ISBN 978-65-5663-402-9
ISBN Digital 978-65-5663-403-6
1. Circuitos elétricos. - Brasil. I. Wolff, Júlia Grasiela Busarello.
II. Seidel, Léo Roberto. III. Carvalho, Rubens Bernardes de. IV. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 621.3192
AprEsEntAção
Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao livro didático de Circuitos
Elétricos II, que foi desenvolvido para abordar alguns dos principais
conteúdos de circuitos elétricos em corrente alternada (CA). Nesse contexto,
é importante que você já tenha cursado a disciplina de Circuitos Elétricos I,
na qual são abordadas muitas das teorias e métodos de resolução de circuitos
aplicados neste conteúdo. A fim de que o curso tenha um cunho aplicado à
engenharia elétrica, foram utilizados, no desenvolvimento deste material,
uma vasta gama de exercícios direcionados às dificuldades comumente
encontradas nesse estudo.
Com o intuito de facilitar seus estudos, este livro foi dividido em
três unidades, cada qual com outros três tópicos. A Unidade 1 é dedicada
à análise de circuitos em regime senoidal. É apresentado o software de
simulação LTspice®, de domínio público, que será utilizado no decorrer dos
experimentos e das simulações. Será realizada uma revisão dos números
complexos direcionada ao uso em circuitos de corrente alternada, assim
como a abordagem de fasores e métodos para a resolução de circuitos no
domínio da frequência.
Na Unidade 2, serão abordadas as questões relativas à potência de
circuitos senoidais, às definições de potência instantânea, média e reativa,
bem como os cálculos que envolvem a potência complexa e o fator de potência.
Em seguida, veremos o teorema da máxima transferência de potência.
Por fim, a Unidade 3 apresenta a representação dos circuitos trifásicos
equilibrados, as relações das grandezas no contexto de fonte/carga, os tipos
de ligação (Y e Δ), os diagramas fasoriais e o cálculo de potências em circuitos
dessa natureza.
Ao final dos tópicos, há autoatividades dos temas apresentados.
Ressalta-se que, embora possuam a resolução no Gabarito, elas devem ser
realizadas antes da consulta às respostas, a fim de fortalecerem a fixação dos
conteúdos.
Em função da extensão do conteúdo da disciplina de Circuitos
Elétricos de Corrente Alternada (CA), o conhecimento da análise de correntes
contínuas (CC) é de fundamental importância, uma vez que os conceitos
serão adequados para a análise CA.
São propostas listas de exercícios, tanto de resolução numérica
quanto de simulação/prática, para explanar os conceitos propostos, bem
como o comportamento físico dos componentes. Os exercícios com resolução
numérica apresentam seu desenvolvimento – alguns em detalhes, outros de
forma mais direta –, conforme o andamento da disciplina, a fim de incentivar
o desenvolvimento pessoal no entendimento das resoluções. Os exercícios
de simulação/práticos apresentam uma resolução proposta, que pode ser
adaptada pelo seu professor, de acordo com as observações necessárias para
um melhor aproveitamento do exercício.
É importante observar que o empenho individual no entendimento
dos conteúdos, nos cálculos das grandezas e nas simulações propostas
é um requisito importantíssimo para a evolução desta disciplina. Este
material foi estruturado de forma concisa e faz-se de grande valia o uso de
material bibliográfico diverso, comumente encontrado em livros técnicos
e especializados no assunto, para posterior consulta e aprofundamento de
conteúdo.
Nosso objetivo é que você tenha um conteúdo prático e dinâmico,
capaz de tornar clara a sua evolução no conhecimento da disciplina ao longo
do semestre, tanto em termos matemáticos quanto em termos dos fenômenos
que envolvem a disciplina de Circuitos Elétricos CA.
Esperamos que este material sirva como ponto de partida para o seu
autodesenvolvimento profissional.
Bons estudos!
Prof.ª Júlia Grasiela Busarello Wolff
Prof. Léo Roberto Seidel
Prof. Rubens Bernardes de Carvalho
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes – ENADE.
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela
um novo conhecimento.
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM
REGIME SENOIDAL) ............................................................................................... 1
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS .............................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 SOFTWARE PARA SIMULAÇÃO .................................................................................................... 3
2.1 TUTORIAL DO LTSPICE® ............................................................................................................ 4
2.2 INSTALAÇÃO DO LTSPICE® ....................................................................................................... 5
3 ROTEIRO GENÉRICO PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS EM
LABORATÓRIO DIGITAL ................................................................................................................ 5
3.1 OBJETO DE ESTUDO – CIRCUITO ............................................................................................. 5
3.1.1 Análise teórica do funcionamento ....................................................................................... 5
3.1.2 Teste e/ou simulação .............................................................................................................5
3.1.3 Análise e conclusão................................................................................................................ 6
3.2 EXEMPLO DE AULA PRÁTICA UTILIZANDO O LTSPICE® PARA SIMULAÇÃO
DE CIRCUITOS ELÉTRICOS ........................................................................................................ 6
3.2.1 Exemplo de aplicação – circuito resistivo .......................................................................... 6
3.2.1.1 Etapa 1: realizar o cálculo do circuito ..................................................................... 7
3.2.1.2 Representação gráfica das grandezas calculadas .................................................. 7
3.2.1.3 Etapa 2: realizar a simulação do circuito ................................................................ 9
4 NÚMEROS COMPLEXOS ............................................................................................................... 20
4.1 CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS .......................................................................... 20
4.2 NOTAÇÃO RETANGULAR ....................................................................................................... 20
4.3 NOTAÇÃO NA FORMA POLAR .............................................................................................. 21
4.4 NOTAÇÃO NA FORMA EXPONENCIAL ............................................................................... 22
4.5 CONVERSÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS .......................................................................... 23
4.5.1 Cálculos com números complexos .................................................................................... 23
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS
PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA .................................................... 31
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 31
2 FONTE SENOIDAL E SUA REPRESENTAÇÃO ........................................................................ 31
2.1 REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA GENÉRICA DE UMA ONDA SENOIDAL .............. 32
2.1.1 Amplitude ............................................................................................................................. 33
2.1.2 Frequência (f [Hz]) ............................................................................................................... 34
2.1.3 Período (T [S]) ...................................................................................................................... 34
2.1.4 Uso de fasores ...................................................................................................................... 35
3 REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA ..... 41
3.1 RESISTOR....................................................................................................................................... 41
3.1.1 No domínio do tempo ......................................................................................................... 41
3.1.2 Em termos fasoriais ............................................................................................................. 42
3.1.3 No domínio da frequência .................................................................................................. 43
3.2 INDUTOR ...................................................................................................................................... 44
3.2.1 Em termos fasoriais ............................................................................................................. 45
3.2.2 No domínio da frequência .................................................................................................. 46
3.3 CAPACITOR .................................................................................................................................. 49
3.3.1 Em termos fasoriais ............................................................................................................. 50
3.3.2 No domínio da frequência .................................................................................................. 51
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 54
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA .......................... 57
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 57
2 RESPOSTA NATURAL DE UM CIRCUITO RC ......................................................................... 61
2.1 EXEMPLO DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
POR LAPLACE .............................................................................................................................. 63
2.1.1 Determinação de I, V1 e V2 como funções racionais de s ................................................ 64
2.1.2 Determinação das expressões no domínio do tempo para i, v1 e v2 ............................. 65
2.2 EXEMPLO DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO A
ANÁLISE DE MALHAS .............................................................................................................. 65
2.2.1 Determinação da expressão para I e V no domínio da frequência ............................... 65
2.2.2 Determinação da expressão de i(t) e v(t) no domínio do tempo quando t > 0 ............ 66
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 68
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 76
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 77
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS ....................................................... 79
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA ............81
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 81
2 POTÊNCIA INSTANTÂNEA .......................................................................................................... 84
2.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................... 86
3 POTÊNCIA MÉDIA .......................................................................................................................... 86
3.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 ................................................................................................................ 88
3.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 ................................................................................................................ 89
4 POTÊNCIA EFICAZ OU POTÊNCIA RMS ................................................................................. 90
4.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 ................................................................................................................ 91
4.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 ................................................................................................................ 92
5 POTÊNCIA ATIVA, REATIVA E APARENTE..............................................................................95
6 POTÊNCIA COMPLEXA.................................................................................................................. 96
6.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 ................................................................................................................ 99
6.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 .............................................................................................................. 100
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 104
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 105
TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ...................... 107
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 107
2 TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA ............................................ 107
2.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................. 110
3 CONSERVAÇÃO DE POTÊNCIA CA ......................................................................................... 111
3.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................. 113
4 INSTRUMENTOS E MÉTODOS PARA MEDIÇÃO DE POTÊNCIA .................................. 115
4.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................. 117
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119
TÓPICO 3 — FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO ...................................................... 123
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 123
2 FATOR DE POTÊNCIA .................................................................................................................. 124
2.1 EXEMPLO PRÁTICO 1 .............................................................................................................. 125
2.2 EXEMPLO PRÁTICO 2 .............................................................................................................. 126
3 CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA .................................................................................. 127
3.1 EXEMPLO PRÁTICO ................................................................................................................ 129
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 131
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 134
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 137
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS ........................................................ 139
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS ..................................................... 141
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141
2 TENSÕES TRIFÁSICAS EQUILIBRADAS ................................................................................ 142
3 FONTES DE TENSÃO TRIFÁSICAS .......................................................................................... 145
3.1 FONTE TRIFÁSICA EM Y ......................................................................................................... 146
3.1.1 Análise de um sistema Y-Y ............................................................................................... 149
3.1.2 Análise pelo circuito monofásico equivalente ............................................................... 151
3.1.3 Análise de um sistema Y-Δ ............................................................................................... 152
3.2 FONTE CONECTADA EM Δ .................................................................................................... 157
4 SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ..................................................................... 158
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 159
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 160
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS ........................................................ 163
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 163
2 ANÁLISE DAS POTÊNCIAS NUM CIRCUITO TRIFÁSICO ............................................... 163
2.1 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA REATIVA E DA POTÊNCIA COMPLEXA ............ 166
3 WATTÍMETROS E LEITURA DE POTÊNCIA .......................................................................... 172
3.1 LIGAÇÃO DE UM WATTÍMETRO AO CIRCUITO ELÉTRICO ......................................... 174
3.2 MEDIÇÃO DE ENERGIA TRIFÁSICA.................................................................................... 176
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 183
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ............................................. 185
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 185
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS PARA SISTEMAS DESEQUILIBRADOS........................... 185
3 ANÁLISE DE SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS ........................................... 190
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 198
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 201
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 202
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 205
1
UNIDADE 1 —
CIRCUITOS EM CORRENTE
ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME
SENOIDAL)
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• utilizar um software de simulação para circuitos elétricos;
• realizar operações com números complexos;
• entender e aplicar cálculos com fasores;
• realizar cálculos no domínio da frequência.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
TÓPICO 1 – SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
TÓPICO 2 – FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS
PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
TÓPICO 3 – ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 —
UNIDADE1
SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
1 INTRODUÇÃO
Este tópico tem como objetivo apresentar os fundamentos básicos do
software para a simulação de circuitos elétricos, tornando possível a realização de
simulações do funcionamento dos circuitos propostos, bem como a comparação
dos resultados simulados com os cálculos realizados.
Outro ponto interessante é a revisão de números complexos, a qual visa a
destacar as operações e os cálculos que são utilizados em análise de circuitos, bem
como qual a melhor notação a ser usada em determinada operação e a aplicação
do uso de matrizes na resolução de sistemas lineares. Na resolução de sistemas
lineares, embora existam diversos métodos de resolução, abordaremos o método
de Cramer e o método da resolução da expressão A · X = B, os quais utilizam a
forma matricial para a estruturação e a resolução do problema.
2 SOFTWARE PARA SIMULAÇÃO
Existem diversos softwares para a simulação de circuitos elétricos/
eletrônicos: alguns disponíveis gratuitamente, outros pagos, alguns podem
ser acessados on-line, enquanto outros precisam ser instalados. De cunho
profissional ou estudantil, esses softwares têm um comportamento similar,
no qual é necessária a inclusão dos componentes e realização da ligação dos
componentes entre si. Isso pode ser feito, normalmente, de duas formas:
utilizando o ambiente gráfico para a inserção de cada um dos componentes
e, posteriormente, realizando a ligação entre eles; ou pela montagem de
um arquivo com sequências de linhas, que apresentam, ao mesmo tempo, a
descrição do componente e os pontos em que são ligados. Essa “montagem”
precisa ser feita antes da simulação propriamente dita.
Com o intuito de desenvolvermos a habilidade para o uso de algum
programa de simulação para as atividades laboratoriais, sugerimos o uso do
LTspice®. Disponibilizado pela Analog Devices, uma das empresas de maior
crescimento dentro do setor de tecnologia, conforme a revenda MOUSE Electronics.
Reconhecida em todo o setor como líder mundial em tecnologia de
conversão de dados e de condicionamento de sinais, a Analog Devices
atende a mais de 100.000 clientes, representando praticamente todos
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
4
os tipos de equipamentos eletrônicos. [...] fabricante líder global de
circuitos integrados de alto desempenho utilizados em aplicações de
processamento de sinais analógicos e digitais, a Analog Devices está
sediada em Norwood, Massachusetts, EUA, e com instalações de
projeto e manufatura em todo o mundo (ANALOG DEVICES, c2021).
Segundo o portal Vida de Silício, “[...] é um software produzido pela
Linear Tehcnology e que agora é parte da Analog Devices, cuja finalidade é a
simulação e a análise do comportamento de circuitos elétricos contendo os mais
variados componentes [...]” (MILHAGEM UFMG, 2019. s. p.).
Um software de simulação é comumente usado para estimar os valores
das grandezas elétricas, quando ligados em configurações específicas, com
componentes como resistores, indutores, capacitores, diodos, amplificadores
operacionais, conversores AD/DA e uma vasta gama de componentes e/ou
associação de componentes estruturados na forma de modelos de funcionamento,
caracterizando, muitas vezes, um outro tipo de componente.
Conhecer o comportamento das associações e/ou configurações de ligação,
ou seja, analisar o comportamento dos circuitos elétricos quando ligados a outros
componentes ou circuitos elétricos, antes da eventual montagem física, reduz
consideravelmente o tempo de desenvolvimento e de projeto.
2.1 TUTORIAL DO LTSPICE®
O LTspice® é um software de simulação SPICE de alto desempenho,
captura esquemática e visualizador de formas de onda com aprimoramentos
e modelos para facilitar a simulação de circuitos analógicos. No download do
LTspice®, estão incluídos os macromodelos para a maioria dos reguladores de
comutação da Analog Devices, amplificadores e uma biblioteca de dispositivos
para simulação geral de circuitos (LTSPICE, 2021).
Como vantagens apresentadas, o LTspice® reduz o tempo de teste para
se chegar ao produto final mais rapidamente, simplifica os cálculos de circuitos
em engenharia e possibilita o uso de produtos líderes da indústria para criar um
melhor design (LTSPICE, 2021).
Para realizar uma simulação no LTspice®, podemos inserir as informações
de entrada de duas formas: por uma sequência de linhas de descrição ou por sua
interface gráfica, que possibilita desenhar o circuito e selecionar a representação
desejada dos resultados. Neste material, focaremos na segunda maneira, ou seja,
utilizando a interface gráfica que possibilita selecionar os componentes desejados
e realizar as conexões entre os componentes, criando o desenho esquemático
necessário. Essa forma é mais didática, uma vez que o usuário percebe como e
de que forma os componentes se inter-relacionam e atuam uns sobre os outros.
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
5
2.2 INSTALAÇÃO DO LTSPICE®
A instalação do software pode ser feita diretamente do site da Analog
Device (LTSPICE, 2021). Para acompanhar melhor o desenrolar da instalação,
há um passo a passo no portal Vida de Silício, que também traz exemplos de
utilização do LTspice® (MILHAGEM UFMG, 2019).
3 ROTEIRO GENÉRICO PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS
ELÉTRICOS EM LABORATÓRIO DIGITAL
A fim de que as aulas de laboratório possam ser realmente aproveitadas
para instigar um maior entendimento dos fenômenos elétricos no comportamento
das grandezas elétricas, sugerem-se alguns procedimentos para a realização das
aulas de práticas de circuitos elétricos.
3.1 OBJETO DE ESTUDO – CIRCUITO
Em todos os experimentos, é fornecido circuito que deve ser estudado e
entendido, além de ser montado em protoboard e/ou simulado no software de
preferência. Nesse momento, optamos por utilizar o LTspice® para realizar as
medições solicitadas.
3.1.1 Análise teórica do funcionamento
Sempre que solicitado, o circuito sob estudo deve ser calculado com
base nas equações de circuitos elétricos e nas leis que regem o comportamento
físico dos diferentes componentes existentes no circuito. Essa análise tem como
premissa a compreensão teórica do comportamento físico do circuito, a fim de se
ter uma ideia de como o circuito funcionará na prática.
3.1.2 Teste e/ou simulação
Para os experimentos realizados em laboratório físico, deve-se:
• separar os componentes, bancadas, instrumentos de medição e protoboard;
• realizar as conexões solicitadas;
• revisar as ligações;
• chamar o professor para uma verificação.
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
6
Somente após a realização desses passos, deve-se energizar o circuito e
realizar as ações solicitadas.
Para os experimentos realizados no simulador, é necessário:
• desenhar o circuito conforme esquema apresentado;
• ajustar as grandezas dos componentes e simular de acordo com as solicitações
de parametrização;
• obter os valores medidos em termos de amplitudes de sinal e/ou forma de
onda solicitada.
3.1.3 Análise e conclusão
Se solicitado, deve-se comparar os resultados obtidos nos desenvolvimentos
teóricos com os resultados em laboratórios, práticos ou simulados, verificando as
possíveis disparidades (se houverem), assim como a aproximação dos valores das
grandezas medidas. A conclusão do experimento aponta para uma indicação acerca
do que foi realizado e se os objetivos propostos foram atingidos.
3.2 EXEMPLO DE AULA PRÁTICA UTILIZANDO O LTSPICE®
PARA SIMULAÇÃO DE CIRCUITOS ELÉTRICOS
Como modelo para o desenvolvimento das atividades propostas, será
apresentado um circuito de exemplo, bem como serão realizados todos os passos,
tanto em termos de cálculo quanto em termos de simulação e análise. Esse
modelo pode ser adaptado livremente pelo professor para realçar algum tópico
considerado importante e pertinente às questões envolvidas em aula.
3.2.1 Exemplo de aplicação – circuitoresistivo
Um circuito composto por uma fonte de tensão v1, ligada a uma carga
resistiva, composta por dois resistores, R1 e R2, ligados em série.
1. Faça um esboço da aparência da forma de onda de tensão e da corrente nos
terminais da carga. As grandezas estão defasadas? Se sim, em quantos graus?
2. Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente na carga?
3. Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente em R1 e em R2?
4. Desenhe as formas de onda de corrente e tensão para R1 e R2.
Dados:
v1 = 10.sin (2π)
R1 = 3Ω; R2 = 2Ω
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
7
Circuito (Figura 1).
FIGURA 1 – CIRCUITO
FONTE: O autor
Etapas de resolução:
• Etapa 1: realizar o cálculo do circuito.
• Etapa 2: realizar a simulação do circuito.
3.2.1.1 Etapa 1: realizar o cálculo do circuito
3.2.1.2 Representação gráfica das grandezas
calculadas
• Amplitude da tensão: 10 V; amplitude da corrente: 2 A.
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
8
FIGURA 2 – TENSÃO E CORRENTE DO CIRCUITO
FONTE: O autor
• Amplitude da tensão em R1: 6 V; amplitude da corrente em R1: 2 A.
FIGURA 3 – TENSÃO E CORRENTE EM R1
FONTE: O autor
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
9
• Amplitude da tensão em R2: 4 V; amplitude da corrente em R2: 2 A.
FIGURA 4 – TENSÃO E CORRENTE EM R2
FONTE: O autor
3.2.1.3 Etapa 2: realizar a simulação do circuito
Resolução utilizando o programa de simulação LTspice®. A seguir,
veremos um passo a passo de como realizar a simulação do circuito proposto.
Após abrir o LTspice® (Figura 5), na barra de comandos (Figura 6), deve-
se clicar no primeiro ícone, ou utilizar o atalho CTRL + N, para abrir uma nova
plataforma para a construção do circuito esquemático (Figura 7).
FIGURA 5 – ABERTURA DO SOFTWARE LTSPICE®
FONTE: O autor
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
10
FIGURA 6 – BARRA DE COMANDOS
FONTE: O autor
FIGURA 7 – ABRINDO NOVA PLATAFORMA
FONTE: O autor
É aberta uma área para desenhar o circuito esquemático desejado. No
caso do exercício, são dois resistores (R1 = 3Ω; R2 = 2Ω) ligados em série, com
uma fonte de corrente alternada. Uma onda de corrente alternada tem a forma
genérica dada por:
v(t) = Vm . sin(ω . t + φ)
Em que: Vm é a amplitude da onda; ω é a frequência angular da onda
[radianos]; φ é a fase da onda (radianos).
Sabendo-se que:
ω = 2 * π * f
Em que f é a frequência da onda (Hz).
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
11
FIGURA 8 – SÍMBOLO DO RESISTOR NA BARRA DE MENU
FONTE: O autor
Depois de clicar na área de trabalho, será inserida a imagem do resistor R1
e, clicando mais uma vez, a do resistor R2 (Figura 9).
FIGURA 9 – IMAGEM DOS RESISTORES R1 E R2
FONTE: O autor
Para sair do modo de inserção, deve-se clicar em “Esc” no teclado. Se for
necessário apagar alguma informação da área de trabalho, basta clicar em “Delete” no
teclado e, depois, no objeto que se quer excluir.
ATENCAO
Um clique no componente com o botão direito do mouse permite editar o
valor da resistência (Figura 10).
A onda solicitada é v1 = 10.sin(2π), portanto tem frequência de 1 Hz.
Para o desenho do circuito esquemático, clica-se no símbolo do resistor na
barra de menu (Figura 8).
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
12
FIGURA 10 – EDITANDO O VALOR DA RESISTÊNCIA
FONTE: O autor
Em seguida, deve-se preencher com os valores desejados e clicar em OK
(Figura 11).
FIGURA 11 – PREENCHIMENTO DOS VALORES
FONTE: O autor
Para inserir a fonte de tensão, pressiona-se a tecla F2, para que apareça o
menu indicado (Figura 12).
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
13
FIGURA 12 – INSERINDO A FONTE DE TENSÃO
FONTE: O autor
Depois, em “Voltage”, posicione a fonte no local desejado, dê um clique
e depois “ESC”. Edite o valor da fonte de tensão com o botão direito do mouse
(Figura 13).
FIGURA 13 – DEFININDO O VALOR DA FONTE DE TENSÃO
FONTE: O autor
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
14
Para mudar o tipo de fonte, deve-se clicar em “Advanced”, depois selecionar
a fonte senoidal (SINE) e a amplitude de 10 V com a frequência de 1 Hz.
FIGURA 14 – ESCOLHENDO A FONTE E A AMPLITUDE
FONTE: O autor
Em seguida, para ligar os componentes, basta utilizar o lápis no menu
(Figura 15).
FIGURA 15 – CONECTANDO OS COMPONENTES
FONTE: O autor
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
15
Para toda simulação de circuitos, é necessário um ponto de referência
de aterramento, o ponto de terra. Para a medição dos sinais, posteriormente, o
programa utiliza esse ponto como base de referência para a medição dos sinais.
Com a ponteira de prova, o programa faz a medição das grandezas que utilizam
dois pontos de contato: um dos pontos é o local onde se quer medir e o outro o
ponto de terra. Portanto, foi usado o ponto comum apresentado na Figura 16.
FIGURA 16 – PONTO DE TERRA
FONTE: O autor
O próximo passo é a simulação do circuito. É necessário ajustar o tempo
de simulação. Ao clicar no ícone apresentado (Figura 17), o sistema abre uma
janela para a inserção do tempo de simulação (Figura 18).
FIGURA 17 – INSERÇÃO DO TEMPO DE SIMULAÇÃO
FONTE: O autor
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
16
FIGURA 18 – SOFTWARE LTSPICE®
FONTE: O autor
Como estamos utilizando um sinal na frequência de 1 Hz, a simulação
poderia ser realizada durante 1 segundo, porém, a fim de se ter uma visão do
comportamento dos sinais, usaremos o tempo de 5 segundos para a simulação. O
ajuste do tempo é realizado na janela a seguir (Figura 19).
FIGURA 19 – AJUSTE DE TEMPO DA SIMULAÇÃO
FONTE: O autor
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
17
Após determinar o tempo, o sistema abre um painel para a representação
dos sinais desejados (Figura 20).
FIGURA 20 – PAINEL DE REPRESENTAÇÃO DOS SINAIS
FONTE: O autor
Nesse momento, o circuito já foi simulado e as informações estão
disponíveis para acesso.
Assim, verificaremos a tensão fornecida pela fonte. Aproximar o cursor do
terminal positivo da fonte, o ponteiro do mouse se transforma em uma ponteira e, ao
clicar no terminal, é mostrada a forma de onda de tensão da fonte (Figura 21).
FIGURA 21 – ONDA DE TENSÃO DA FONTE
FONTE: O autor
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
18
Em detalhe, pode-se observar que o sinal tem as características desejadas –
amplitude de 10 V e frequência de 1 Hz. Isso pode ser verificado pela representação
de uma oscilação completa no tempo de 1 segundo, lembrando que o período (T)
da onda pode ser calculado por T = 1/f. Ainda é possível verificar que o sinal é
representado pela variável V(n001), ou seja, a tensão no ponto 001 em relação ao
terra (referência).
FIGURA 22 – SIMULAÇÃO DA ONDA DE TENSÃO DA FONTE
FONTE: O autor
A representação da tensão da fonte e da corrente circulante no circuito
(Figura 23) demonstra que, por ser um circuito resistivo, a tensão e corrente
estão em fase. A amplitude da corrente é representada pelo eixo adjacente que
está à direita do gráfico. Conforme calculada a corrente do circuito, apresenta
variação somente em módulo, mantendo as mesmas características do sinal
fornecido pela fonte.
FIGURA 23 – REPRESENTAÇÃO DA TENSÃO DA FONTE E DA CORRENTE CIRCULANTE
NO CIRCUITO
FONTE: O autor
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
19
O programa faz um ajuste automático dos eixos para representar as
grandezas, porém, se quisermos realizar o ajuste manual, basta clicar com o botão
direito do mouse no eixo das escalas a serem alteradas.
FIGURA 24 – AJUSTE DOS EIXOS
FONTE: O autor
Agora, vamos praticar no exercício proposto a seguir, baseado nas
formas de onda desejadas.
AUTOATIVIDADE
Dado um circuito composto por uma fonte de tensão v1 ligada à uma
carga resistiva, composta por dois resistores, R1 e R2 ligados em série:
a)Faça um esboço da aparência da forma de onda de tensão e da corrente
nos terminais da carga. As grandezas estão defasadas? Se sim, em quantos
graus?
b) Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente na carga?
c) Quais os valores das amplitudes de tensão e corrente em R1 e em R2?
d) Desenhe as formas de onda de corrente e tensão para R1 e R2.
Dados: v1 = 10.sin (2π); R1 = 3Ω; R2 = 2Ω.
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
20
Nesse momento, veremos os aspectos relevantes do cálculo com números
complexos, que são necessários para a resolução dos circuitos elétricos que
envolvem corrente alternada. Abordaremos as notações de representação dos
números na forma retangular, polar e exponencial. Em função da similaridade e
da praticidade das representações, será utilizada a notação exponencial no lugar
da comumente notação polar.
Os exercícios de fixação e as autoatividades propostas visam a explorar
aspectos dos cálculos que são comumente utilizados, como a multiplicação de
grandezas elétricas (lei de Ohm), as ligações série e paralela de impedâncias,
as transformações de rede (Y – ∆), a representação gráfica e as operações com
fasores, entre outros.
Nesse contexto, foram elaborados diversos exercícios para que seja
possível desenvolver a habilidade de trabalhar o cálculo com fasores, resolvendo
as expressões e, posteriormente, representando-os nos diagramas fasoriais.
4.1 CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS
O conjunto dos números complexos engloba todo o conjunto dos
números naturais, o que permite representar todo o conjunto de números,
desde os positivos, os negativos, os inteiros e os fracionários.
4.2 NOTAÇÃO RETANGULAR
Tomando como exemplo um determinado número complexo Z, expressa-
se esse número complexo na notação retangular como:
Z = a ± jb ou Z = a ± ib
Lê-se Z é igual a a mais ou menos jota b, em que: Z = número complexo
na forma retangular; a = parte real do número complexo; b = parte imaginária do
número complexo; i ou j = operador .
Os números na forma retangular possuem uma parte real e uma parte
imaginária, que é associada ao operador i2 = –1.
Graficamente, os números podem ser apresentados também no plano
complexo. Dados quatro números Z1, Z2, Z3 e Z4, que são representados no plano
complexo Re x Im (Figura 25), observa-se que os quadrantes do gráfico são numerados
da mesma forma que os quadrantes do plano real, comumente conhecidos.
Z1 = a1 + ib1; Z2 = a1 – ib1; Z3 = –a1 – ib1; Z4= –a1 + ib1
4 NÚMEROS COMPLEXOS
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
21
FIGURA 25 – PLANO COMPLEXO NA NOTAÇÃO RETANGULAR
FONTE: O autor
4.3 NOTAÇÃO NA FORMA POLAR
Tomando como exemplo um determinado número complexo Z, este é
expressado na notação polar como:
Z = ρ ∟ ± θ
Lê-se Z é igual a rô ângulo mais/menos teta, em que: Z = número complexo
na forma polar; ρ = módulo do número complexo; θ = ângulo que o módulo faz
com a parte real do plano complexo; ∟ = operador que identifica a forma polar.
Os números, na forma polar, possuem um módulo e um ângulo. Esse
ângulo normalmente é referenciado em relação ao eixo real do plano complexo
Re x Im. O sentido de giro do ângulo θ é o mesmo do círculo trigonométrico, ou
seja, no sentido anti-horário. Quando o ângulo for negativo, isso significa que a
orientação de referência passa a ser o sentido horário.
Graficamente, os números podem ser apresentados também no plano
complexo. Dados os números Z1 e Z2, que são representados no plano complexo
Re x Im (Figura 26), observa-se que os quadrantes do gráfico são numerados da
mesma forma que os quadrantes do plano real, comumente conhecidos.
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
22
FIGURA 26 – PLANO COMPLEXO NA FORMA POLAR
FONTE: O autor
4.4 NOTAÇÃO NA FORMA EXPONENCIAL
Tomando como exemplo um determinado número complexo Z, expressa-
se esse número complexo na notação na forma exponencial como:
Z = ρ e ±θi
Lê-se Z é igual a rô e mais/menos teta i, em que: Z = número complexo na
forma polar; ρ = módulo do número complexo; θ = ângulo que o módulo faz com
a parte real do plano complexo; e = número de Euler 2,71828182846.
Os números na forma exponencial possuem um módulo e um ângulo. Esse
ângulo normalmente é referenciado em relação ao eixo real do plano complexo Re
x Im. O sentido de giro do ângulo θ é o mesmo do círculo trigonométrico, ou seja,
no sentido anti-horário. Quando o ângulo for negativo, a orientação de referência
passa a ser o sentido horário.
Graficamente, os números podem ser apresentados também no plano
complexo. Dados os números Z1 e Z2, que são representados no plano complexo
Re x Im (Figura 27), observa-se que os quadrantes do gráfico são numerados da
mesma forma que os quadrantes do plano real, comumente conhecidos.
Z1 = ρ1 eθ1i
Z2 = ρ2 e–θ2i
Sua representação é semelhante à aplicada na notação polar mostrada na
Figura 27.
TÓPICO 1 — SOFTWARE DE SIMULAÇÃO – NÚMEROS COMPLEXOS
23
IGURA 27 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA NOTAÇÃO RETANGULAR E POLAR
FONTE: O autor
4.5 CONVERSÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS
Dados dois valores:
Z1 = a + bi
Z2 = ρ1 eθ1i
Convertendo-se de retangular para polar/exponencial:
Convertendo-se de polar/exponencial para retangular:
a = ρ.cos(θ) b = ρ.sen(θ)
Z1= a + i.b = ρ.cos(θ) + ρ.sen(θ).i
4.5.1 Cálculos com números complexos
Embora possam ser utilizadas todas as notações para fazer os cálculos
com números complexos, usaremos, a fim de facilitar o estudo e a aplicabilidade
dos conceitos, as notações com as operações equivalentes conforme demonstrado
na Tabela 1.
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
24
TABELA 1 – NOTAÇÕES PARA CÁLCULOS COM NÚMEROS COMPLEXOS
FONTE: O autor
Operação Notação Exemplo
Adição/subtração Retangular
Z1 = a1 + i b1; Z2 = a2 + i b2
Ztotal = Z1 ± Z2 = (a1 ± a2 ) + i(b1 ± b2)
Observação: atenção com os sinais quando houver
números negativos, por exemplo:
Z3 = –a3 + i b3; Z4 = a4 – i b2
Ztotal = Z3 – Z4 = (a3 – a4 ) + i(b3 ± b4)
Multiplicação/divisão Polar ou exponencial
Za = ρa eθai); Zb = ρb eθbi
Ztotal = Za.Zb = ρa.(ρb)±1 e(θa ± θb)i
25
Neste tópico, você aprendeu que:
• Inserir componentes, realizar as ligações, simular e analisar o comportamento
de componentes elétricos utilizando um software de simulação de circuitos
elétricos.
• As notações de números complexos: retangular, polar e exponencial.
• Para converter uma notação em outra, como retangular para polar/
exponencial: , e de
polar/exponencial para retangular: a = ρ.cos(θ); b = ρ.sen(θ); Z1 = a + i.b =
ρ.cos(θ) + ρ.sen(θ).i.
• A fazer de uma forma mais conveniente as operações com complexos:
adição/subtração realizar em retangular; multiplicação/divisão realizar em
polar ou exponencial.
RESUMO DO TÓPICO 1
26
AUTOATIVIDADE
1 Dados os números complexos, faça as operações solicitadas:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
j)
k)
l)
m)
n)
o)
p)
27
2 Trabalhando com expressões:
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
j)
28
k)
l)
m)
n)
o)
p)
q)
r)
s)
t)
29
3 Resolva os sistemas lineares utilizando a regra de Cramer e a equação
A . X = B:
Dados:
a)
b)
c)
0
75
14
30
31
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS
PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, serão apresentados os elementos passivos e as fontes de
alimentação que são utilizadas nos cálculos com corrente alternada, representados
no domínio da frequência, bem como a aplicação da notação dos números
complexos para a resolução de circuitos elétricos em corrente alternada.
2 FONTE SENOIDAL E SUA REPRESENTAÇÃO
As fontes senoidais, por variarem de amplitude ao longo do tempo,
apresentam algumas características especiais. Trabalhar no domínio do tempo
pode ser complicado quando existem elementos reativos no circuito, como
indutores e capacitores,nos quais as grandezas com tensão e corrente são afetadas
pelos componentes.
Também fazem parte das fontes senoidais os conceitos de período e
frequência. Embora sejam relevantes para o estudo das variações temporais,
o comportamento dos circuitos elétricos pode ser analisado de uma forma
simplificada, pela utilização dos fasores.
Dada uma forma de onda genérica, que pode ser expressa
matematicamente como:
x(t) = Xm.sin(ωt + φ)
Em que: x(t) = representa uma grandeza senoidal genérica, como a
corrente, a tensão ou a potência em um componente ou sistema; Xm = é o valor
máximo da amplitude que a onda pode chegar; ω = frequência angular da onda
dada em radianos; e φ = ângulo de fase da onda.
Essa onda genérica, representada por x(t), pode ser uma fonte, uma tensão,
uma corrente ou uma potência aplicada em um componente ou uma rede. Nesse
contexto, Xm é a amplitude máxima da grandeza x(t).
32
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Para um melhor entendimento das formas de onda senoidais, vamos
tomar como exemplo duas ondas x1(t) e x2(t) representadas por:
x1(t) = Xm1.sin(ωt + φ)
x2(t) = Xm2.sin(ωt + θ)
Essas formas de ondas são representadas na Figura 28. Pode-se observar
que, se φ = θ, diz-se que as ondas x1(t) e x2(t) estão em fase, caso contrário, as ondas
são consideradas defasadas.
FIGURA 28 – ÂNGULO DE DEFASAGEM ENTRE ONDAS SENOIDAIS
FONTE: O autor
2.1 REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA GENÉRICA DE UMA
ONDA SENOIDAL
Uma onda senoidal pode ser representada, de forma genérica, pela
expressão matemática:
v(t) = Vm.sen (ωt + φ); sendo ω = 2πf
Em que: v(t) = fonte de tensão alternada (V); Vm = amplitude máxima
da tensão alternada (V); ω = frequência angular da fonte (rad); φ = ângulo de
defasagem; f = frequência do sinal (Hz).
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
33
2.1.1 Amplitude
A amplitude representa o valor instantâneo máximo que a onda pode
assumir, em dado instante de tempo, e a grandeza que representa o sinal da fonte.
Por exemplo: dado o sinal senoidal, a seguir, verifique o valor da
grandeza desejada:
v1(t) = 120 * sin(ωt + φ)
v2(t) = 60 * sin(ωt – 90o)
Enquanto v1(t) inicia em zero, o que significa que não existe desfasamento
nessa forma de onda, o sinal v2(t) está defasado em 90°, ou seja, houve um
deslocamento temporal no sinal da onda v2(t) em relação à onda v1(t).
t 0 0,25 0,5 0,75 1,0
v1(t) 0 120 0 -120 0
v2(t) -60 0 60 0 -60
FIGURA 29 – FORMA DE ONDA DAS TENSÕES V
1
(T) E V
2
(T)
FONTE: O autor
34
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
O ângulo de fase representa a relação angular de deslocamento da forma de
onda. Uma onda senoidal com início em um instante 0 é apresentada na figura a seguir,
denominada como v1(t). Quando se deseja representar um deslocamento angular acima
de 45°, a forma de onda permanece a mesma, porém não inicia mais em 0, pois teve seu
valor recolocado 45° antes, conforme apresentado pelo sinal v2(t) na figura.
ÂNGULO DE DEFASAGEM
FONTE: O autor
IMPORTANT
E
2.1.2 Frequência (f [Hz])
Determina a quantidade de repetições de uma onda no intervalo de tempo
de um segundo. Por exemplo, uma onda de tensão senoidal com frequência de
1 Hertz corresponde ao fato de que a onda faz uma oscilação completa em 1
segundo; já uma onda de 2 Hertz executa duas oscilações em 1 segundo – em
outras palavras, a onda executou duas oscilações por segundo.
2.1.3 Período (T [S])
É definido como o tempo necessário para que o sinal execute um ciclo
completo, ou seja, até que o ciclo comece a se repetir. Como exemplo temos uma
onda que possui um período de 0,25 s, isto significa a dizer que a onda precisa de
0,25 segundos para realizar uma oscilação completa.
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
35
Período e frequência são grandezas inversas e se relacionam pela expressão:
T = 1/f. Por exemplo, em uma onda senoidal com frequência de 5 Hz, qual é o período
dessa onda?
Dessa forma, a onda executa cinco repetições de seu sinal em 1 segundo e cada
repetição precisa de 0,2 segundo para transcorrer.
FORMA DE ONDA DE TENSÃO DE 5 HZ
FONTE: O autor
IMPORTANT
E
2.1.4 Uso de fasores
Os fasores são usados para simplificar os cálculos de circuitos elétricos
em corrente alternada. Ao utilizar a representação fasorial, desconecta-se a
grandeza do domínio do tempo. É como se as grandezas fossem representadas
em um determinado instante de tempo. Assim todas as outras grandezas são
representadas nesse instante e é possível analisar o comportamento dessas
grandezas entre si. Se houver necessidade de expressar os valores calculados no
domínio do tempo, reescreve-se a grandeza utilizando esse domínio.
36
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Na forma fasorial, a notação utilizada é a notação polar ou exponencial. Uma
vez que as grandezas são representadas assim, a análise do seu comportamento pode
ser feita utilizando praticamente toda a teoria de circuitos elétricos de corrente contíua
e, dependendo do que se quer analisar, ainda é possível usar o diagrama fasorial.
Com base na equação de Euler, que correlaciona a função exponencial
com as funções trigonométricas de seno e cosseno na forma:
exi = cosx + i.sinx
Em que: i2 = –1. Por meio dessa relação, uma grandeza complexa, dada por
C, pode ser representada como:
C = M.exi = M.(cosx + i.sinx) = M.cosx + i.M.sinx = CRe + i.CIm
Supondo que uma tensão CA, dada por: va(t) = Vm.sin(ωt + φ), como já
visto anteriormente, no domínio do tempo tem um comportamento oscilatório
de amplitude: Vm; frequência: f = ω/2π e fase: φ. A forma polar dessa onda
senoidal é dada por:
is(t) = Im.cos(ωt + φ) → Is = Im.eφi → Is = Im ∟φ
Observa-se que, na forma fasorial, a grandeza não depende do tempo,
mas da amplitude e do ângulo de fase do sinal original. Dessa forma, o sinal:
is(t) = 2.cos(ωt + 0o)
Representado pela imagem na Figura 30.
FIGURA 30 – FORMA DE ONDA
FONTE: O autor
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
37
Passa a ser representado da forma fasorial como:
Is = 2.e0
◦i → Is = 2
Conforme representado pela Figura 31.
FIGURA 31 – REPRESENTAÇÃO FASORIAL
FONTE: O autor
Da mesma forma, quando existe alguma defasagem, esta é representada
no fasor por:
Is(t) = 2.cos(ωt + 45o)
A Figura 32 mostra a representação gráfica da onda senoidal:
FIGURA 32 – FORMA DE ONDA DE CORRENTE SENOIDAL
FONTE: O autor
38
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Já a representação gráfica fasorial pode ser vista na Figura 33:
FIGURA 33 – REPRESENTAÇÃO DE CORRENTE FASORIAL
FONTE: O autor
Para sistemas trifásicos, que serão estudados posteriormente, há três
tensões CA defasadas de 120°; matematicamente, para um sistema de sequência
negativa, temos:
vR(t) = 220.sin(377t + 0o)
vS(t) = 220.sin(377t + 120o)
vT(t) = 220.sin(377t – 120o)
A representação das grandezas de tensões trifásicas, no domínio do
tempo, pode ser vista na Figura 34 – observa-se que o período dos sinais trifásicos
é de 16,6667 ms.
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
39
FIGURA 34 – TENSÕES TRIFÁSICAS
FONTE: O autor
A utilização de fasores facilita o entendimento dos fenômenos físicos e os
cálculos que envolvem as grandezas relativas aos circuitos analisados.
FIGURA 35 – REPRESENTAÇÃO NA FORMA POLAR DAS TENSÕES TRIFÁSICAS
FONTE: O autor
Nesse sentido, quando a tensão trifásica apresentar uma defasagem na
tensão de referência, todas as tensões também são defasadas. Por exemplo, se
a tensão vr(t) tiver um ângulo de 45°, em vez de 0°, o diagrama senoidal e o
diagrama fasorial das tensões trifásicas têm o comportamento apresentado nas
Figuras 36 e 37, respectivamente.
40
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
FIGURA36 – TENSÕES SENOIDAIS A 45°
FONTE: O autor
No diagrama dos fasores das tensões trifásicas, observa-se que a
defasagem entre os fasores ainda é de 120°, sendo que Vr está em 45° em relação
à referência, eixo real do plano complexo, Vs em 165°, ou seja, 120° em relação à
Vr, e Vt em -75°, o que representa uma defasagem de 120° em relação à Vr.
FIGURA 37 – TENSÕES FASORIAIS A 45°
FONTE: O autor
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
41
3 REPRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PASSIVOS NO
DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
Nesse momento, veremos o comportamento dos elementos resistor,
indutor e capacitor, mediante à alimentação senoidal, o correspondente fasor
associado e o comportamento desses componentes quando analisados no domínio
da frequência.
Como já foi estudado o comportamento das grandezas de tensão e corrente
nos resistores, indutores e capacitores, também conhecidos como componentes
passivos, apresentaremos as equações de interesse para cada componente.
3.1 RESISTOR
Componentes passivos entre os mais utilizados em circuitos elétricos, a
tensão e a corrente no resistor têm um comportamento linear.
FIGURA 38 – CIRCUITO RESISTIVO SÉRIE
FONTE: O autor
3.1.1 No domínio do tempo
Dado um circuito resistivo série alimentado com a corrente i(t) = Im.sin(ωt),
conforme apresentado na Figura 39, matematicamente os sinais podem ser
representados por:
vR(t) = i(t).R ⇒ vR(t) = Im.R.sin(ωt)
Observa-se, na Figura 39, que a corrente está em fase com a tensão no
resistor.
42
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
FIGURA 39 – CORRENTE E TENSÃO NO RESISTOR PARA A FREQUÊNCIA DE 1 HZ
FONTE: O autor
3.1.2 Em termos fasoriais
A corrente apresentada no domínio do tempo pode ser descrita na notação
fasorial como IR = Im.e0
◦.i. A tensão pode ser calculada usando a equação da lei de
Ohm:
VR = R.IR ⇒ VR = R.Im.e0
◦.i
A representação gráfica da Figura 40 mostra a disposição dos fasores no
plano complexo Re x Im.
FIGURA 40 – REPRESENTAÇÃO DE I E V NO RESISTOR
FONTE: O autor
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
43
3.1.3 No domínio da frequência
Dada a equação da lei de Ohm que descreve o comportamento linear de
tensão e corrente no resistor no domínio do tempo, cuja representação pode ser
observada na Figura 41, tem-se:
vR(t) = R.iR(t) ⇒ vR = R.iR
Aplicando a transformada de Laplace na expressão da tensão no resistor,
observa-se que, pelo fato de envolver grandezas constantes, tem-se:
L{vR} = L{R} . L{iR}
Logo, a transformada de valores constantes não altera o valor da resistência
e a equação pode ser descrita como:
VR = R.IR
Dessa forma, a Figura 41 apresenta o modelo da resistência no domínio
da frequência.
FIGURA 41 – RESISTÊNCIA NO DOMÍNIO DO TEMPO
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 522)
Na representação matemática:
v(t) = R.i(t)
44
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
FIGURA 42 – RESISTÊNCIA NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 522)
Na representação matemática:
V = R.I
3.2 INDUTOR
Diferentemente do resistor, o indutor tem um comportamento entre
tensão e corrente, que é função da taxa de variação (d/dt).
FIGURA 43 – CIRCUITO INDUTIVO PURO
FONTE: O autor
Dado o circuito indutivo puro, alimentado com a corrente i(t) = Im.sin(ωt),
conforme apresentado na Figura 43, a tensão no indutor é dada por:
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
45
FIGURA 44 – COMPORTAMENTO DA CORRENTE E TENSÃO E NO INDUTOR
FONTE: O autor
3.2.1 Em termos fasoriais
Com:
Vm = ω.L.Im
A tensão no indutor também pode ser tida como:
vL(t) = Vm.sin(ωt + φ + 90o)
Essa expressão representa que a tensão (vL(t)) está adiantada em 90° (π/2)
em relação à corrente (iL(t)) no indutor (Figura 44) ou, ainda, pode-se dizer que
a corrente no indutor está atrasada em 90° (π/2) em relação à tensão no indutor.
A notação fasorial corresponde à representação complexa das grandezas
dadas no domínio do tempo. É como se fizéssemos uma tomada instantânea
das grandezas temporais e analisássemos as correlações entre elas nesse
instante. Dessa forma, é possível entender seu comportamento em um instante
e, consequentemente, compreender o comportamento do conjunto no domínio
do tempo. Em termos matemáticos, a notação fasorial simplifica, em muito, os
cálculos das grandezas elétricas, permitindo, ainda, uma representação gráfica
desse comportamento no diagrama fasorial (Figura 45).
46
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Da corrente no indutor, dada por iL(t) = Im.sin(ωt + φ), tem-se IL = Im.eφi.
A tensão sobre o indutor, dada por vL(t) = Vm cos(ωt + φ + 90o), é
representada fasorialmente por VL = Vm.e(φ+90)
◦i.
Esses fasores são representados no plano complexo Re x Im como mostra
a Figura 45.
FIGURA 45 – DIAGRAMA FASORIAL DAS GRANDEZAS TENSÃO E CORRENTE EM
UM INDUTOR PURO
FONTE: O autor
3.2.2 No domínio da frequência
A tensão nos terminais de um indutor é função da taxa de variação da
corrente que circula por esse indutor em um determinado intervalo de tempo. A
representação matemática dessa correlação é dada por:
A transformada de Laplace da tensão nos terminais do indutor é dada por:
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
47
A equação de VL(s) pode ser representada de duas formas, duas
configurações diferentes, sendo uma na qual uma impedância de sL está ligada
em série com uma fonte independente de tensão LI0, conforme mostrado na Figura
46; e a outra a de uma impedância sL em paralelo com uma fonte de corrente
dada por I0/s, conforme apresentado na Figura 47, modelo que pode ser obtido
explicitando a corrente na equação da tensão, como sendo:
FIGURA 46 – MODELO DO INDUTOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA
FONTE INDEPENDENTE DE TENSÃO
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523)
Cuja representação matemática é:
V = sL.I – L.I0
FIGURA 47 – MODELO DO INDUTOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA
FONTE DE CORRENTE
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523)
48
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Cuja representação matemática é:
A Figura 48 apresenta o indutor no domínio do tempo e a equação
matemática que o caracteriza. Cabe observar que, se o indutor não tiver energia
armazenada I0 = 0, o circuito equivalente, no domínio da frequência, passa a ser
exclusivamente a impedância sIL(s), conforme apresentado na Figura 49.
FIGURA 48 – INDUTOR NO DOMÍNIO DO TEMPO
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 522)
Cuja representação matemática é:
FIGURA 49 – INDUTOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA COM CONDIÇÕES INICIAIS NULAS
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523)
Cuja representação matemática é:
V = sL.I
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
49
3.3 CAPACITOR
O capacitor, assim como o indutor, também tem um comportamento que é
proporcional à taxa de variação entre tensão e corrente.
FIGURA 50 – CIRCUITO CAPACITIVO PURO
FONTE: O autor
Ao alimentar o circuito da Figura 50 com uma corrente senoidal,
representada por i(t) = Im.sin(ωt + φ), a tensão do capacitor é dada isolando a
tensão na equação:
Com:
Nesse caso, a tensão no indutor pode ser descrita como:
vc(t) = Vm.sin(ωt + φ – 90o)
Essa expressão representa que a tensão (vC(t)) está atrasada em 90° (π/2)
em relação à corrente (iC(t)) no capacitor (1) ou, ainda, pode-se dizer que a corrente
no capacitor está adiantada em 90° (π/2) em relação à tensão no capacitor.
50
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
FIGURA 51 – COMPORTAMENTO DA CORRENTE E TENSÃO NO CAPACITOR
FONTE: O autor
3.3.1 Em termos fasoriais
A representação fasorial de corrente e tensão no capacitor, representadas
graficamente no diagrama fasorial da FX, é expressa matematicamentenos
seguintes termos: dada uma corrente que circula em um capacitor como:
iC(t) = Im.sin(ωt + φ) na forma fasorial IC = Im.eφi, a tensão nesse capacitor pode ser
obtida por vC(t) = Vm.sin(ωt + φ – 90o), que, representado fasorialmente, tem-se
VC = Vm.e(φ–90
◦)i.
FIGURA 52 – DIAGRAMA FASORIAL DAS GRANDEZAS TENSÃO E CORRENTE EM UM
CAPACITOR PURO
FONTE: O autor
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
51
3.3.2 No domínio da frequência
A corrente no capacitor é função da taxa de variação da tensão aplicada
nesse capacitor, sendo dada por:
A transformada de Laplace da tensão nos terminais do indutor é dada por:
Essa equação indica que a corrente no capacitor pode ser representada
pela soma de duas outras correntes, conforme apresentado na Figura 53, na
qual em um ramo tem-se uma admitância sC (Siemens) ligada em um ramo em
paralelo com uma fonte independente de corrente CV0 (ampères-segundos). Outra
configuração é obtida quando, na equação da corrente no capacitor, se evidencia
a tensão no capacitor VC:
Em cuja tensão do capacitor pode ser representada por uma impedância
1/sC, ligada em série com uma fonte de tensão dada por V0/s, conforme apresentado
na Figura 54.
FIGURA 53 – MODELO DO CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA
FONTE INDEPENDENTE DE CORRENTE
FONTE: O autor
52
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Cuja representação matemática é:
I = sCV – CV0
FIGURA 54 – MODELO DO CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA UTILIZANDO UMA
FONTE INDEPENDENTE DE TENSÃO
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 524)
Cuja representação matemática é:
O modelo do capacitor no domínio do tempo é apresentado na Figura
55, assim como seu modelo matemático. No domínio da frequência, quando
se utiliza um capacitor descarregado, em que V0 = 0, observa-se que as fontes
dos modelos apresentados perdem a sua função, ou seja, tanto o modelo com a
fonte de corrente (Figura 53) quanto o modelo com a fonte de tensão (Figura 54)
originam o modelo resultante apresentado na Figura 56.
FIGURA 55 – CAPACITOR NO DOMÍNIO DO TEMPO
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 523)
TÓPICO 2 — FONTE SENOIDAL, CONCEITO DE FASOR E ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
53
Cuja representação matemática é:
FIGURA 56 – CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA COM CONDIÇÕES INICIAIS NULAS
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 524)
Cuja representação matemática é:
Conhecendo-se o comportamento individual de cada elemento passivo,
pode-se iniciar o procedimento da análise do comportamento dos componentes
no domínio da frequência.
54
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma fonte senoidal pode ser representada genericamente por: x(t) = Xm.sin(ωt + φ),
em que Xm é o valor máximo da amplitude que a onda pode chegar, ω é a
frequência angular da onda dada em radianos e φ é o ângulo de fase da onda.
• Frequência (f [Hz]) é a quantidade de repetições de uma onda no intervalo de
tempo de um segundo.
• Período (T [S]) é o tempo necessário para que o sinal execute um ciclo completo.
• Período e frequência são grandezas inversamente proporcionais: T = 1\f.
• A forma fasorial de uma onda senoidal é dada por:
xs(t) = Xm.cos(ωt + φ) → Xs = Xm.eφi
• Representações e notações que podem ser utilizadas:
Senoidal: is(t) = 2.cos(ωt + 45o) Fasorial: Is = 2.e45◦i
55
• Comportamento dos elementos passivos no domínio da frequência:
COMPORTAMENTO DOS ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
FONTE: O autor
Domínio do tempo Domínio da frequência
v(t) = R.i(t) V = R.I
V = sL.I – L.I0
I = sCV – CV0
56
1 Considere uma tensão senoidal caracterizada pelo sinal dado e apresente:
v(t) = 80.sen(31,41.t + 72o)
a) A amplitude do sinal.
b) A frequência e o período do sinal.
c) O ângulo de defasagem.
d) O fasor desse sinal.
e) O valor da corrente quando essa tensão é aplicada a uma impedância de
15 – j25Ω.
2 Considere o circuito, a seguir, e calcule a corrente que circula por cada
componente considerando:
i(t) = 5.cos(ωt + 28°) A; R = 250 Ω; XL = j450 Ω; XC = –j135 Ω
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 496)
AUTOATIVIDADE
Icc
t = 0
R L C
+
v(t)
–
57
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Os indutores e os capacitores, quando não possuem energia armazenada,
seja na forma de campos magnéticos (I0) ou campos elétricos (V0), têm sua
representação no domínio da frequência como uma impedância indutiva sL ou
capacitiva 1\sC. Dessa forma, as relações entre as grandezas tensão, corrente e
impedância no componente podem ser calculadas pela lei de Ohm:
V = Z.I
Na qual Z representa a impedância do elemento no domínio da frequência,
conforme apresentado na Figura 41 para o resistor, na Figura 48 para o indutor e na
Figura 55 para o capacitor.
A representação da admitância (Siemens) como sendo o inverso da
impedância (Ohm) também é verdadeira, valendo todas as regras da associação e
as simplificações série e paralela, assim como as transformações estrela/triângulo
podem ser aplicadas às impedâncias e admitâncias no domínio da frequência.
Relembrando o caso geral da correlação de impedância e admitância, tem-se:
Em que: Z = impedância (Ω); R = resistência (Ω); X: reatância (Ω); Y:
admitância (S ou Ω-1); G = Condutância (S ou Ω-1); B = susceptância (S ou Ω-1).
Da mesma forma que os métodos conhecidos da corrente das malhas e
tensões nos nós, as Leis de Kirchhoff e as técnicas utilizadas para calcular os equivalentes
Thévenin e Norton podem ser aplicadas na análise de problemas no domínio da frequência.
ATENCAO
58
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Neste tópico, serão aplicados os conceitos de transformada de Laplace e
da transformada Inversa de Laplace, que são apresentados e aprofundados em
disciplinas de cálculo, análise de sinais e sistemas, teoria de controle, dentre outras.
Como nosso interesse é a aplicação (além da do método em si), pode-se
fazer uso das tabelas de transformada de Laplace que correlacionam a função no
domínio do tempo f(t) com a função no domínio da frequência F(s).
A transformada de Laplace unilateral pode ser obtida pela resolução da
expressão:
A transformada de Laplace unilateral analisa os eventos para t > 0, o que
acontece no tempo t < 0 é representado pelas condições iniciais.
A transformada inversa de Laplace pode ser encontrada pela resolução de:
Para t > 0. Contudo, ressaltam-se algumas das propriedades da
transformada de Laplace e pares de transformada. A transformada de Laplace
do produto de um escalar por uma função é igual ao produto do escalar pela
transformada da função.
F(k.f(t)) = k.F(f(t))
Transformada de Laplace da soma de funções é igual à soma das
transformadas de cada função.
F(f1(t) + f2(t) + f3 (t)) = F(f1(t)) + F(f2(t)) + F(f3(t))
A transformada da derivada e da integral é dada por:
Alguns pares de transformada de Laplace podem ser encontrados na
Tabela 2.
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
59
TABELA 2 – PARES DE TRANSFORMADAS DE LAPLACE
60
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
FONTE: Ogata (2010, p. 781-782)
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
61
2 RESPOSTA NATURAL DE UM CIRCUITO RC
Para exemplificar a abordagem no domínio da frequência, utilizaremos
um circuito RC, também conhecido como circuito de descarga do capacitor
(Figura 57).
FIGURA 57 – CIRCUITO DE DESCARGA DE CAPACITOR
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 526)
A corrente que circula no circuito é dada, segundo a lei de Ohm, como:
A tensão em um circuito RC leva em consideração a tensão de pré-carga
do capacitor (V0), sendo obtida por:
Pela abordagem clássica, tem-se que:
Pela abordagem no domínio da frequência, pode-se ajustar o modelo de
acordo com as necessidades; nesse caso, como o interesse é na corrente da malha,
podemos utilizar o modelo equivalente, queevidencia a corrente do circuito,
conforme apresentado na Figura 58.
FIGURA 58 – CIRCUITO DE DESCARGA DE CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
(CORRENTE)
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 526)
62
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Aplica-se a Lei das tensões de Kirchhoff ou lei das malhas, que correlaciona
o somatório das tensões em uma malha, obtendo-se:
Ao se explicitar a corrente na equação, tem-se:
Para encontrar a expressão da corrente no domínio do tempo, aplica-se a
transformada inversa de Laplace, para encontrar a expressão:
A tensão é obtida pela lei de Ohm, sendo dada por:
Observa-se que as expressões para a corrente e a tensão encontradas são
idênticas às obtidas pelo método clássico.
Recalcula-se o circuito utilizando o modelo para o capacitor apresentado
na Figura 59.
FIGURA 59 – CIRCUITO DE DESCARGA DE CAPACITOR NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
(TENSÃO)
FONTE: Nilsson e Riedel (2015 p. 527)
O objetivo é o cálculo da tensão aplicada na carga R; logo, a lei das
correntes de Kirchhoff ou lei dos nós pode ser descrita como:
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
63
Após obter a determinação da tensão no domínio da frequência, aplica-se
a transformada inversa de Laplace para obter a expressão da tensão no domínio
do tempo:
A corrente do circuito é obtida pela lei de Ohm, sendo dada por:
2.1 EXEMPLO DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITO NO
DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA POR LAPLACE
Segundo Nilsson e Riedel (2015), a chave no circuito (Figura 60) esteve na
posição a por um longo tempo. Em t=0, ela passa repentinamente para a posição b.
FIGURA 60 – CIRCUITO PARA O EXEMPLO DE RESOLUÇÃO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
FONTE: Nilsson e Riedel (2015 p. 527)
a b
100 V +– 5 kΩi
10 kΩ
t = 0
+
v1–
+
v2–
0,2 𝜇F
0,8 𝜇F
64
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
2.1.1 Determinação de I, V
1
e V
2
como funções racionais
de s
Após um longo tempo, os capacitores estarão carregados e a tensão
aplicada no resistor é de 100 V. Tomando a associação dos capacitores (Ceq),
pode-se utilizar a equação que representa a corrente nesse circuito:
Assim, tem-se:
A corrente do circuito é dada por:
As tensões nos capacitores podem ser calculadas por divisor de tensão;
para isso, calcula-se a tensão no resistor de 5 kΩ:
Já as tensões nos capacitores são dadas por:
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
65
2.1.2 Determinação das expressões no domínio do tempo
para i, v
1
e v
2
No domínio do tempo, tem-se que:
i(t) = L{I(s)} = 20.e–1250.t.u(t)mA
vc1(t) = L{Vc1(s)} = 80.e
–1250.t.u(t)V
vc2(t) = L{Vc2(s)} = 20.e
–1250.t.u(t)V
2.2 EXEMPLO DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA
FREQUÊNCIA UTILIZANDO A ANÁLISE DE MALHAS
Para o circuito da Figura 61, considera-se que, no instante em que a chave
é fechada, não existe pré-carga dos componentes, ou seja, não existe energia
armazenada.
FIGURA 61 – CIRCUITO PARA A ANÁLISE DE MALHAS NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
FONTE: Nilsson e Riedel (2015 p. 529)
2.2.1 Determinação da expressão para I e V no domínio
da frequência
Para o cálculo da corrente na malha:
Para o cálculo da tensão no indutor:
160 V
4,8 Ω 4 H
0,25 Fi
t = 0
+ v –
66
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
No caso das funções de corrente e tensão no domínio do tempo, para
encontrar as raízes do polinômio do denominador da equação em s da corrente,
tem-se que:
Aplicando frações parciais para polos complexos, tem-se:
Calculando os coeficientes K1 e K2:
Calculando os coeficientes na forma polar:
Consultando as tabelas de transformada de Laplace, encontramos a
seguinte correlação L–1{F(s)} → L{f(t)}:
2.2.2 Determinação da expressão de i(t) e v(t) no domínio
do tempo quando t > 0
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
67
Logo:
Ou, ainda, i(t) = 50.e–j0,6.sen(0,8t).u(t).
Seguindo um procedimento semelhante para calcular a tensão no domínio
do tempo, tem-se:
Calculando os coeficientes K1 e K2 :
Calculando os coeficientes na forma polar:
Consultando as tabelas de transformada de Laplace, encontramos a
seguinte correlação L–1{F(s)} → L{f(t)}.
Logo:
VL(s) = 2.|100s|, e–0,6t.cos(0,8t + 90°)
vL(t) = 200s . e–j0,6. cos(0,8t + 90°). u(t) ou vL(t) = 200s .e–j0,6.sen(0,8t).u(t)
68
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
LEITURA COMPLEMENTAR
CORRENTE CONTÍNUA VS CORRENTE ALTERNADA
Denis
A energia elétrica é um bem de extrema importância para nossas
vidas cotidianas. Utilizamos ela nos mais diversos aparelhos e equipamentos.
Primordialmente, o princípio básico da energia elétrica é simples: a diferença de
potencial elétrico entre dois pontos permite o estabelecimento de uma corrente
elétrica entre ambos.
Tipos de corrente
Uma corrente elétrica é simplesmente o fluxo de elétrons através de um
condutor. Assim esse fluxo pode ocorrer de duas formas:
Na Corrente Contínua (DC), o fluxo de elétrons ocorre sempre no
mesmo sentido. Esse é o caso, por exemplo, de circuitos abastecidos por pilhas
e baterias. Em geral, os circuitos que aparecem nos vestibulares são circuitos de
corrente contínua.
Na Corrente Alternada (AC), o fluxo de elétrons alterna de sentido,
fazendo um movimento de “vai e vem”. É esse tipo de corrente que abastece as
nossas casas. A frequência da corrente que recebemos da companhia elétrica vale
60 Hz, ou seja, essa corrente completa 60 ciclos por segundo!
A corrente alternada parece mais complexa, né? Então por que usamos ela
para a maioria das coisas? Senta que lá vem história!
A batalha das correntes
Até o final do século XIX, os poucos lugares que possuíam equipamentos
elétricos eram abastecidos por corrente contínua, vendida e defendida pelo
inventor Thomas Edison.
No entanto, a corrente contínua possuía um problema grave: grande parte
de sua potência elétrica era perdida em cabos de transmissão. Logo, até então, era
inviável a transmissão de eletricidade a longas distâncias.
Dessa forma, para expandir o uso de energia elétrica, seria necessária a
construção de uma usina elétrica próxima de cada centro urbano.
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
69
Em seguida, tendo consciência desse problema, Nikola Tesla, ex-
funcionário de Edison, surgiu com a solução: a corrente alternada. Ou seja, com
o uso de certos equipamentos, a corrente alternada poderia ser transportada a
longas distâncias sem muita perda de potência!
Consequentemente, ambos passaram a disputar pelo direito de eletrificar
diversas cidades americanas. Foi assim que a Batalha das Correntes começou:
Edison vs Tesla
Visto que não tinha chances contra seu concorrente, Edison optou por
uma estratégia mais ousada. Por isso, iniciou uma campanha de desinformação,
tentando fazer a população acreditar que a corrente alternada de Tesla era
extremamente perigosa.
Mas nada disso adiantou e, no fim, Tesla ganhou a batalha e o direito
de eletrificar cidades. Para tal, geradores hidrelétricos foram construídos nas
Cataratas do Niágara.
O processo de geração de corrente alternada é um pouco complexo,
mas não se preocupe, temos um blog post inteirinho dedicado a isso: Energia
Elétrica, Geradores e a Indução Eletromagnética: <https://blog.biologiatotal.com.
br/geracao-de-energia-eletrica/>.
70
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Estátua de Nikola Tesla em frente às Cataratas do Niágara
Gostou da história? Então, agora senta que lá vem Física!
Potência e resistência
Como vimos, o que deu a vitória a Tesla, foi a capacidade da corrente
alternada de ser transmitida com menor perda de potência.
Tá, mas como isso é possível?
Antes de mais nada, para entender esse fenômeno, precisamos aprender
sobre duas grandezas físicas: potência e resistência elétrica.
Potência elétrica
A potência elétrica é formalmente definida como a rapidez com que
um trabalho é realizado. Da mesma forma, podemos defini-la também como a
quantidadede energia elétrica transformada em outra forma de energia por
unidade de tempo.
A unidade no sistema internacional para a potência é o watt (W), que
equivale a 1 Joule de energia por segundo.
Diferentes equipamentos possuem potências elétricas distintas. Por
exemplo, um chuveiro elétrico transforma 5000 J de energia elétrica em energia
térmica por segundo, logo sua potência vale 5000 W.
Tá, mas como esse chuveiro transforma a energia elétrica em térmica?
Resistência elétrica
Antes de mais nada, chamamos de resistência elétrica a capacidade de um
condutor de se opor à passagem de corrente elétrica.
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
71
A unidade no sistema internacional para a resistência é o ohm (Ω).
Um resistor é, então, um dispositivo que possui alta resistência elétrica
e que, limitando a passagem de corrente elétrica, consegue transformar energia
elétrica em térmica, gerando calor.
Resistor presente em chuveiros
Essa forma de “perder energia elétrica” e gerar calor é nomeada efeito
joule.
Tá, mas o que isso tem a ver com a perda de potência nos cabos de
transmissão? Tudo, pois os cabos também possuem certa resistência, ou seja,
sobre eles também atua o efeito joule.
Potência perdida na transmissão
A potência individual de um equipamento, como o chuveiro, não é muito
alta. Porém, imagine diversos equipamentos ligados ao mesmo tempo, não só na
sua casa, mas em toda a sua cidade. Assim, a potência elétrica total necessária
para suprir essa cidade é muito alta!
Suponhamos, por exemplo, que Jubilândia, uma pequena cidade, utilize
20 milhões de Watts (20 MW) de potência em horários de pico.
No Brasil, utilizamos uma diferença de potencial de 110 ou 220 Volts em
nossas casas. Ao passo que consideraremos nos cálculos que, em Jubilândia, as
casas utilizem 110 V.
Existe uma fórmula simples que relaciona potência (P), diferença de
potencial (V) e corrente elétrica (i):
P = V i ou i = P / V
(Fórmula 1)
Assim, para Jubilândia, a corrente elétrica que percorre os cabos de
transmissão vale.
72
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Sendo: i = P / V
i = 20.000.000 W / 110 V
Resultando em: i = 182.000 ampere
Por isso, para saber quanto de potência é perdida por efeito joule nos
cabos, podemos usar uma segunda fórmula:
P = i² R
(Fórmula 2)
Vamos considerar que um cabo de transmissão, que possui uma resistência
de 0.7 ohms por metro, é responsável por suprir energia à Jubilândia.
Sendo assim, a potência perdida nos cabos de transmissão vale:
P = (182.000 ampere)² * (0.7 ohm por metro)
P = 23.186.800.000 watts por metro
Portanto, para que 20 MW sejam fornecidos para a cidade, 23.000 MW
seriam perdidos nos cabos, por metro de distância entre a cidade e a usina
geradora de energia. Isso é, obviamente, inviável.
Tá, mas qual seria a solução?
A solução: redução da corrente
Vimos que a potência perdida depende de duas variáveis: a resistência do
cabo e a corrente elétrica passando por esse cabo (veja a fórmula 2).
Para reduzir a resistência por metro de um condutor, precisamos aumentar
o seu diâmetro, já que dessa forma haverá mais material para carregar a corrente.
No entanto, a quantidade extra desse material custaria muito caro.
A solução mais eficaz é reduzir a corrente, já que, como notamos na
fórmula 2, a relação entre potência dissipada e corrente é quadrática. Por exemplo,
reduzindo em 10 vezes a corrente no cabo, reduzimos em 100 vezes a potência
dissipada!
Tá, mas como faremos para reduzir a corrente nos cabos sem modificar a
potência que abastece a cidade? Simples, basta aumentar a diferença de potencial
que atua sobre eles (veja a fórmula 1)!
TÓPICO 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS NO DOMÍNIO DA FEQUÊNCIA
73
Na prática, a diferença de potencial que utilizamos em cabos de
transmissão é muito maior do que os 110 V que chegam em nossas casas: algo em
torno de 750.000 V (750 kV).
Com essa diferença de potencial, a corrente transmitida pelos cabos seria
algo em torno de:
i =P/V
i = 20.000.000 W / 750.000 V
Assim, i = 26,7 ampere
Dessa forma, a potência dissipada por efeito joule valeria:
P = i² R
P = (26,7 ampere)² * 0,7 ohm por metro
Dessa forma, P = 500 watts por metro
Sendo assim, com essa mudança na diferença de potencial, reduzimos a
potência perdida de 23.000 MW para 500 W, ou seja, uma redução de fantásticos
97,82%!
Tá, mas como podemos modificar a diferença de potencial de um circuito?
Transformadores: a carta na manga da corrente alternada
Os transformadores são equipamentos que nos permitem aumentar a
diferença de potencial em um circuito elétrico (reduzindo a corrente presente no
mesmo) ou reduzi-la (aumentando a corrente).
Transformadores
Inegavelmente, os transformadores foram a razão da vitória de
Tesla: transformadores só funcionam com corrente alternada! Sendo assim, não
existe forma de transmitir, de forma eficiente, potência elétrica fazendo uso de
corrente contínua.
74
UNIDADE 1 — CIRCUITOS EM CORRENTE ALTERNADA (ANÁLISE EM REGIME SENOIDAL)
Vale lembrar que, a energia elétrica é transmitida com alta diferença de
potencial (ou alta tensão), porém, nossas casas continuam necessitando de uma
baixa diferença de potencial (ou baixa tensão).
Sendo assim, são necessários dois transformadores:
• Transformador A: aumenta a diferença de potencial produzida na usina para
que sejam reduzidas as perdas de potência nos cabos de transmissão.
• Transformador B: reduz a diferença de potencial que chega dos cabos de
transmissão para 110 V (ou 220 V), para que nossos equipamentos domésticos
possam funcionar corretamente.
FONTE: <https://blog.biologiatotal.com.br/corrente-continua-alternada/>. Acesso em: 3 fev. 2021.
75
RESUMO DO TÓPICO 3
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para o cálculo das grandezas de interesse, é possível calcular utilizando a
impedância (Z) ou a admitância (Y).
• Os métodos tradicionais de resolução de circuitos elétricos, como associação
de impedâncias, teoremas de Norton e Thevenin, leis de Kirchhof das tensões
e corrente, transformação de fontes, podem ser usados para a resolução dos
circuitos no domínio da frequência.
• Quando os circuitos sob análise não tiverem energia armazenada em seus
componentes passivos, o modelo utilizado para resistor, indutor e capacitor
pode ser representado por:
FONTE: O autor
• A função de transferência no domínio da frequência relaciona o sinal de saída
com o sinal de entrada:
Domínio do tempo Domínio da frequência
R R
L sL
C
76
1 Para o circuito apresentado a seguir, suponha que os componentes passivos
não possuam energia armazenada no instante em que a chave – que fecha
os terminais da fonte de corrente – é aberta. Obtenha o valor da tensão
v(t) para o circuito, utilizando a transformada de Laplace, considerando
ICC = 30 mA; C = 40 nF; R = 880Ω e L = 30 mH..
FONTE: Nilsson e Riedel (2015, p. 496)
2 Qual é a expressão da corrente que circula pelo indutor, quando submetido
a uma resposta degrau, para o circuito apresentado na questão anterior?
3 Dado o filtro passa baixa passivo, encontre a função de transferência do
circuito utilizando Laplace.
AUTOATIVIDADE
Icc
t = 0
R L C
+
v(t)
–
77
REFERÊNCIAS
ANALOG DEVICES Inc. Mouser Eletronics, Florianópolis, c2021. Disponível
em: https://br.mouser.com/manufacturer/analog-devices/. Acesso em: 29 maio
2020.
CIRCUIT design tools & calculators. Analog Devices, Wilmington, MA, c2021.
Disponível em: https://www.analog.com/en/design-center/design-tools-and-
calculators.html. Acesso em: 13 out. 2020.
LTSPICE. Analog Devices, Wilmington, MA, c2021. Disponível em: https://
www.analog.com/en/design-center/design-tools-and-calculators/ltspice-
simulator.html. Acesso em: 13 out. 2020.
MILHAGEM UFMG. LTSpice:primeiros passos. Portal Vida de Silício, [S. l.], 21
fev. 2019. Disponível em: https://portal.vidadesilicio.com.br/ltspice-primeiros-
passos/. Acesso em: 29 maio de 2020.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall; 2015. Disponível em: https://www.academia.edu/38829779/
CIRCUITOS_EL%C3%89TRICOS_CIRCUITOS_EL%C3%89TRICOS_
CIRCUITOS_EL%C3%89TRICOS. Acesso em: 13 out. 2020.
OGATA, K. Engenharia de controle moderno. 5. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall; 2010. Disponível em: https://www.academia.edu/39215638/Ogata_
Engenharia_de_Controle_Moderno_5_ed_1_. Acesso em: 13 out. 2020.
78
79
UNIDADE 2 —
POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• apresentar os conceitos de potência instantânea, média, ativa, reativa e
aparente;
• compreender a definição de valor eficaz;
• realizar os cálculos simples de potências;
• conceituar potência complexa e fator de potência;
• desenhar o triângulo de potências;
• compreender e calcular o teorema da máxima transferência de potência;
• realizar cálculos de potência em corrente alternada;
• entender como corrigir o fator de potência;
• realizar o cálculo básico do consumo de energia elétrica de uma residência
ou indústria de pequeno porte.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
TÓPICO 1 – CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E
REATIVA
TÓPICO 2 – TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
TÓPICO 3 – FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.
CHAMADA
80
81
UNIDADE 2
TÓPICO 1 —
CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
1 INTRODUÇÃO
A análise de potência complexa em engenharia elétrica é de suma
importância, pois a geração, a transmissão e a distribuição de energia elétrica por
sistemas de potência dependem da compreensão dessa grandeza.
A potência elétrica complexa é a caraterística mais importante em
concessionárias de energia, sistemas eletrônicos e sistemas de comunicação. Esses
sistemas trabalham com a transmissão de potência de um ponto a outro.
Os equipamentos possuem um selo ou manual que indica quanta potência
necessitam para funcionar adequadamente. Por exemplo, ventiladores, chuveiros,
motores, ferros de passar roupas, secadoras, lavadoras, geladeiras, televisores,
computadores, notebooks e motores, entre outros tantos eletrodomésticos e
equipamentos, não podem exceder a potência indicada neles. Caso o usuário exceda
a potência elétrica do equipamento, isso pode danificá-lo permanentemente.
Em todo o mundo, as formas mais comuns de geração de energia elétrica
ocorrem nas frequências de 50 ou 60 Hz.
Segundo o engenheiro Duílio Moreira Leite:
“sempre houve duas frequências para o sistema de potência, 50 Hz
na Europa e 60 Hz na América do Norte (Estados Unidos e Canadá)”.
A origem, no primeiro caso, “é que os europeus sempre pensaram
no sistema métrico, múltiplos e submúltiplos de 10 (como no caso do
metro, decímetro, centímetro etc.). Por isso, pensaram que o segundo
deve ter 100 meios ciclos ou 50 ciclos”, surgindo aí a definição da
frequência em 50 Hz, porque ela é dependente de tempo em segundos
(apud CUNHA, 2010, s.p.).
No Brasil, a frequência é de 60 Hz em todos os estados. É importante ficar
claro que a escolha de transmissão de energia elétrica em corrente alternada, em
vez de corrente contínua, permitiu a transmissão de potência em alta tensão da
unidade geradora até o consumidor. A tensão nominal do equipamento é definida
como aquela entre fase e neutro. O Quadro 1 1 mostra as tensões nominais nas
cidades brasileiras.
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
82
QUADRO 1 – TENSÕES NOMINAIS EM CIDADES E ESTADOS BRASILEIROS
Estado
Tensão fase-neutro
(Volts – Voltage
Phase-neutral)
Exceções
Acre 127 V
Alagoas 220 V
Amapá 127 V
Amazonas 127 V
Bahia 220 V
Exceções (127 V):
Aiquara; Alagoinhas; Almadina; Antas; Antônio Cardoso;
Apuarema; Araçás; Aratuípe; Aurélio Leal; Barra do
Rocha; Governador Lomanto Júnior; Belmonte; Bom
Jesus da Lapa; Boquira; Brejões; Buerarema; Cabeceiras
do Paraguaçú; Cacoahaeira; Camaçari; Canavieiras;
Candeias; Castro Alves; Catú; Cipó; Conceição da Feira;
Conceição do Almeida; Conceição do Jacuipe; Coração
de Maria; Coronel João Sá; Correntina; Cravolândia;
Cruz das Almas; Dário Meira; Firmino Alves; Floresta
Azul; Gongogi; Governador Mangabeira; Ibicaraí; Ibicui;
Ibirapitanga; Ibirataia; Iguai; Ilheus; Ipecaeta; Ipiau;
Irará; Itabuna; Itacaré; Itagiba; Itaju do Colonia; Itajuipe;
Itanagra; Itaparica; Itape; Itapitanga; Itaquara; Itatim;
Itiruçú; Itororó; Jaborandi; Jaguaquara; Jeremoabo;
Jiquirica; Jitauna; Jussari; Lagedo do Tabocal; Lauro de
Freitas; Madre de Deus; Maracas; Maragogipe; Muniz
Ferreira; Muritiba; Nazaré; Nova Canaã; Nova Itarana;
Novo triunfo; Ouricangas; Paulo Afonso; Pedrão; Pedro
Alexandre; Piraí do Norte; Pojuca; Rafael Jambeiro;
Salvador; Santa Cruz da Vitória; Santa Inês; Santanópolis;
Santa Terezinha; Santa Luzia; Santa Maria da Vitória;
Santana; Santo Amaro; Santo Antônio de Jesus; Santo
Estevão; São Desidério; São Felipe; São Felix; São Felix do
Coribe; São Francisco do Conde; São José da Vitória; São
Miguel das Matas; Sapeaçú; Sátiro Dias; Saubara; Serra
do Ramalho; Serra Preta; Simões Filho; Sítio do Mato;
Sítio do Quino; Teodoro Sampaio; Terranova; Ubaíra;
Urucuca; Varzedo; Vera Cruz
Ceará 220 V
Distrito
Federal 220 V
Espírito Santo 127 V 220 VAlegre; Gaçuí
Goiás 220 V
Maranhão 220 V
Mato Grosso 127 V 220 VAraguaiana; Barra das Garças; Cocalinho
Mato Grosso
do Sul 127 V
Minas Gerais 127 V
Pará 127 V
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
83
Paraíba 220 V
Paraná 127 V 220 VRio Negro
Pernambuco 220 V
Piauí 220 V
Rio de Janeiro 127 V 220 VNova Friburgo
Rio Grande do
Norte 220 V
Rio Grande
do Sul 220 V
127 V
Arroio do Sal; Canoas; Capão da Canoa; Capela de
Santana; General Câmara; Imbé; Porto Alegre; Rio Grande;
São Leopoldo; Torres; Tramandaí; Três Cachoeiras; Três
Palmeiras
Rondônia 127 V
Roraima 127 V
Santa Catarina 220 V
São Paulo 127 V
220 V
Assis; Bastos; Biritiba-Mirim; Boituva; Bora; Caçapava;
Campo Limpo Paulista; Cândido Mota; Caraguatatuba;
Cruzalia; Echapora; Florinea; Guarujá; Iacri; Ibirarema;
Iepe; Indaiatuba; Iperó; Itupeva; Jambeiro; João Ramalho;
Jundiaí; Loveira; Lutécia; Maracaí; Mogi das Cruzes;
Oscar Bressane; Palmital; Paraguaçú; Paulista; Platina;
Porto Feliz; Quatá; Rancharia; Ribeirão do Sul; Rinópolis;
Salesópolis; Salto Grande; Santa Branca; São José dos
Campos; São Sebastião; Tupã; Várze2019a Paulista;
Vinhedo
Sergipe 110 V, 115 V, 117 V, 127 V
Tocantins 220 V 127 VDianópolis
FONTE: <https://www.inf.ufrgs.br/~cabral/Tensao.nominal.estados.Brasil.html>.
Acesso em: 4 fev. 2021.
A variação de frequência e, consequentemente, de tensão e de potência
existente entre os países que fazem fronteira com o Brasil, como o Paraguai e o Uruguai,
deve ser observada. Na Usina Hidroelétrica de Itaipu, ocorre a geração de energia em
duas diferentes frequências, pois ficou definido que metade da energia gerada nessa usina
seria em 60 Hz, padrão usado no Brasil, enquanto a outra metade seria em 50 Hz, padrão
utilizado no Paraguai.
INTERESSA
NTE
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
84
2 POTÊNCIA INSTANTÂNEA
A potência instantânea é a potência em qualquer instante de tempo. É
através dela que o elemento absorve energia. A definição de potência instantânea
é: “a potência instantâneap(t) absorvida por um elemento é o produto da tensão
instantânea v(t) aplicada ao elemento pela corrente instantânea i(t) que passa no
elemento, ou seja: p(t) = v(t).i(t)” (HAYT; KEMMERLY, 1971, p. 26)
Ressalta-se que, neste Livro Didático, as grandezas instantâneas serão
mencionadas em letras minúsculas.
ATENCAO
A tensão elétrica em um circuito senoidal é dada por:
v(t) = Vm.cos(ωt + θv)
Em que: Vm é a tensão de pico ou amplitude da tensão e θv é o ângulo de
fase da tensão complexa.
A corrente elétrica em um circuito senoidal é obtida pela expressão:
i(t) = Im.cos(ωt + θi)
Em que: Im é a corrente de pico ou amplitude da corrente e θi é o ângulo
de fase da corrente complexa.
Num circuito senoidal, a potência instantânea é dada por:
p(t) = Vm. Im. cos(ωt + θv) . cos(ωt + θi)
Nesse caso, aplicaremos a identidade trigonométrica:
Portanto, podemos expressar a equação da potência instantânea como:
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
85
Com isso, verificamos que a potência instantânea possui duas partes. A
primeira é constante, que é independente do tempo; o seu valor depende apenas
da diferença de fase entre a tensão e a corrente. Já a segunda parte é uma função
senoidal, cuja frequência é de 2ω, sendo duas vezes a frequência angular da
tensão ou da corrente.
O gráfico da potência instantânea que entra no circuito senoidal é mostrado
na Figura 1.
FIGURA 1 – POTÊNCIA INSTANTÂNEA
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 393)
Conforme já estudamos em outras disciplinas, a unidade da grandeza de
potência é o watt (W). Por isso, é importante lembrar que:
• a potência instantânea positiva p(t) indica que o circuito absorveu potência da fonte;
• a potência instantânea negativa p(t) indica que a potência é absorvida pela fonte.
NOTA
Agora, vamos resolver um exemplo para que esses conceitos fiquem bem
claros.
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
86
2.1 EXEMPLO PRÁTICO
Dados v(t) = 100.cos(377t + 60o) e i(t) = 5.cos(377t – 15o), determine a
potência instantânea desse circuito elétrico.
Solução: para resolver esse exercício, utilizaremos a equação da potência
instantânea a seguir:
Assim, tem-se:
Colocando a amplitude de 250 em evidência, tem-se:
p(t) = 250.[cos(15o) + cos(754t + 45o)]
Utilizando a propriedade distributiva da multiplicação, tem-se:
p(t) = 250.cos(75o) + 250.cos(754t + 45o)]
Resultado:
p(t) = 64,7 + 250.cos(754t + 45o) [W]
3 POTÊNCIA MÉDIA
“A potência média e a média da potência instantânea em um período”
(ALEXANDER; SADIKU, 2003, p. 393). A importância da potência média
baseia-se no fato de que a potência instantânea não pode ser mensurada por
equipamentos ou, ainda, que a sua medição é muito difícil de ser realizada a
cada instante. Por esse motivo, utilizamos a potência média que é definida pela
seguinte expressão matemática:
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
87
Em que: T é o período. Podemos obter o mesmo resultado integrando p(t)
em To = T/2.
Agora, substituindo a expressão para a potência instantânea p(t) na
expressão para a potência média P, obtém-se:
O primeiro integrando da expressão fornece uma constante e o segundo,
uma senoide. Como a média de uma senoide em um período é igual a zero, o
segundo termo não existirá mais; então:
Nota-se que a expressão para P não depende do tempo, por isso, é dita
potência média. Podemos determinar a potência média com v e i no domínio do
tempo ou com V e I no domínio da frequência. Essa é mais uma vantagem da
potência média em relação à potência instantânea.
As formas fasoriais, que são as representações de amplitude e fase, no
domínio da frequência, de v(t) e i(t) são dadas, respectivamente, por:
Para utilizar os fasores, utiliza-se:
A parte real da expressão anterior é a potência média P:
Agora, considerando dois casos especiais da equação anterior:
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
88
• Se θv = θi , a tensão e a corrente estão em fase, ou seja, tem o mesmo ângulo,
portanto, não possuem defasagem. Isso nos remete a um circuito puramente
resistivo ou uma carga R resistiva:
◦ Em que: |i|2 = i x i*.
• Se θv – θi = ± 90o, tem-se um circuito puramente reativo, ou seja, capacitivo ou
indutivo; então:
◦ Isso nos remete à conclusão de que nenhum circuito puramente reativo não
absorve potência.
Um circuito puramente resistivo absorve potência em todos os instantes, já um
circuito puramente reativo não absorve potência em momento algum.
IMPORTANT
E
Agora, vamos resolver um exemplo para consolidar os conteúdos
estudados.
3.1 EXEMPLO PRÁTICO 1
Dados v(t) = 150.cos(377.t + 80°) e i(t) = 20.cos(377.t + 35°), determine a
potência média desse circuito elétrico.
Solução: neste caso, a potência média é dada por:
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
89
3.2 EXEMPLO PRÁTICO 2
Calcule a potência média absorvida por uma impedância de e Z = 10 – j50[Ω]
quando a tensão de V = 120∠0o é aplicada a ela.
Solução: a corrente que flui pela impedância elétrica é de:
Essa é a corrente em ampères na forma retangular complexa. Entretanto,
faz mais sentido em circuitos elétricos e em circuitos de potência para representar
as grandezas corrente, tensão, potência e impedância ou admitância nas formas
fasoriais, ou seja, em amplitude e fase. Portanto, na forma fasorial, tem-se:
i = 2,35∠78,8o [A]
A potência elétrica média é dada por:
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
90
4 POTÊNCIA EFICAZ OU POTÊNCIA RMS
“O valor eficaz de uma corrente elétrica periódica é o valor da corrente
contínua que transmite a mesma potência média a uma carga resistiva”
(ALEXANDER; SADIKU, 2003, p. 401). O valor eficaz pode ser definido como a
corrente que produz o mesmo aquecimento provocado pela corrente contínua de
igual valor. O valor rms (em inglês, root mean square) significa raiz quadrática média.
Para deduzir a expressão matemática para a potência eficaz, sabendo que
a potência média absorvida por um resistor em um circuito de corrente alternada
é dada por:
Já a potência absorvida pelo resistor em um circuito de corrente contínua
é dada por:
Igualando as duas últimas expressões, obtém-se:
A expressão anterior permite calcular o valor eficaz da corrente elétrica
alternada. Da mesma forma, a expressão matemática para obter o valor eficaz da
tensão elétrica é dada por:
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
91
Com isso, o valor eficaz ou valor rms é sempre dado pela raiz quadrada
do valor médio do quadrado do sinal periódico. Portanto, podemos escrever:
Ief = Irms
Vef = Vrms
Para qualquer função periódica x(t), o valor rms é dado por:
O valor eficaz de um sinal periódico é a raiz do valor médio quadrático ou rms.
ATENCAO
4.1 EXEMPLO PRÁTICO 1
Determine o valor rms da forma de onda de corrente da Figura 2.
FIGURA 2 – FORMA DE ONDA ARBITRÁRIA
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 402)
Solução: na Figura 2, percebe-se que o período T é de 4 segundos, pois é o
tempo necessário para que uma forma de onda se complete – assim, nota-se que,
em t = 4 segundos, a forma se repete.
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
92
Com isso, pode-se expressar a função para a corrente no domínio do
tempo, i(t), descrita por essa forma de onda:
O valor rms é dado por:
4.2 EXEMPLO PRÁTICO 2
Determine a potência média gerada pelas fontes de corrente e de tensão
e a potência média absorvida por cada um dos elementos passivos (R, L e C) no
circuito da Figura 3.
FIGURA 3 – CIRCUITO ELÉTRICO RLC COM FONTE DE CORRENTE E FONTE DE TENSÃO
FONTE: Os autores
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
93
Solução: aplica-se a análise de malhas, conforme ilustrado na Figura 3.
Para a malha 1, tem-se que:
I1 = 1∠0o [A]
Para a malha 2, a equação de malhas é:
(j1 – j5).I2 – j1.I1 + 100 ∠ 30o = 0
– j1.I1 – j4.I2 = –100 ∠ 30o = 0
AplicandoI1 = 1∠0o [A] na equação anterior, tem-se:
– j1.(1 ∠ 0o) – j4.I2 = –100 ∠ 30o
– j1 – j4.I2 = –100 ∠ 30o
j4.I2 = –100 ∠ 30o + j1
Ou ainda:
Isso irá resultar na forma retangular:
I2 = (12,25 – j21,65) [A]
Ou na forma polar:
I2 = (24,88 ∠ – 60,5o) [A]
Para a fonte de tensão, a corrente que flui a partir dela é de
I2 = 24,88∠ – 60,5o [A] e a tensão nela é de V = 100∠30o [V]; desse modo, a potência
média é:
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
94
Seguindo a convenção do sinal passivo, essa potência média é fornecida
pela fonte ao circuito, isto é, o circuito absorve a potência média da fonte de
tensão.
Para a fonte de corrente, a corrente através dela é de I1 = 1∠0o [A] e a
tensão nela é de:
Resolvendo, tem-se que:
Ou na forma polar:
A potência média fornecida pela fonte de corrente é:
Ela é negativa de acordo com a convenção do sinal passivo, significando
que a fonte de corrente está fornecendo potência ao circuito.
Para o resistor, a corrente através dele é de İ1 = 1∠0o [A] e a tensão nele é
de 10.İ1 = 10∠0o, de modo que a potência absorvida pelo resistor é de:
Para o capacitor, a corrente que flui por ele é de I2 = (24,88 ∠ – 60,5o) [A] e a
tensão nele é de –j5.I2 = (5 ∠ –90°).(24,88 ∠ –60,5°) ∴ (124,4 ∠ –150,5°) [V].
A potência média absorvida pelo capacitor é de:
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
95
Para o indutor, a corrente através dele é de: İ1 – İ2 = (1 ∠ 0°) – (24,88 ∠
–60,5°) ∴ İ1 – İ2 = (24,4 ∠ 117,5°) [A].
A tensão nele é de: j1.(İ1 – İ2) = j1. (24,4 ∠ 117,5°) ∴ (24,4 ∠ – 152,5°) [V].
Logo, a potência média absorvida pelo indutor é de:
5 POTÊNCIA ATIVA, REATIVA E APARENTE
Um sistema elétrico de potência, que é uma das aplicações de circuitos
elétricos, utiliza os conceitos e os valores de potências ativa, reativa e aparente. A
potência ativa é simbolizada por P e sua unidade é o watt (W). A potência ativa é
definida como P = V.I.cos(θ).
A potência reativa é denotada por Q e sua unidade é o volt-ampère reativo
(VAr). Ela é definida como Q = V.I.sen(θ).
Por fim, a potência aparente é denotada por S e sua unidade é o volt-
ampère (VA). Ela é definida como S = V.I.
A expressão matemática, a seguir, indica como relacionar essas três
potências: S = P + jQ. O módulo da potência aparente é dado por ,
ou ainda por . A fase da potência aparente é dada por
θ = arc cos(f.p), ou ainda por cos(θ) = FP, em que FP é o fator de potência – o qual
será estudado no Tópico 3 desta unidade.
Pelo triângulo de potências, podemos definir as expressões para cada uma
das potências descritas. A Figura 4 mostra o triângulo de impedâncias.
FIGURA 4 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS
FONTE: <https://www.flukeacademy.com.br/blog/post/32/tri%C3%A2ngulo_de_
pot%C3%AAncia_x_tetraedro_de_pot%C3%AAncia>. Acesso em: 2 fev. 2021.
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
96
6 POTÊNCIA COMPLEXA
Segundo Alexander e Sadiku (2003), “os engenheiros de sistemas de
potência criaram o termo potência complexa para determinar o efeito total das
cargas em paralelo”.
Os três lados S, P e Q do triângulo de potências podem ser obtidos
do produto , cujo resultado é um número complexo chamado de potência
complexa . Nota-se que o símbolo İ* representa o conjugado complexo
da grandeza corrente elétrica. Sua parte real é igual à potência média P e sua
parte imaginária é igual à potência reativa Q.
Lembre-se que a potência complexa é importante na análise de potência,
por conter todas as informações pertinentes à potência absorvida por uma
determinada carga.
Seja e İ = I.ej(a+ ∅), então:
O módulo de é a potência aparente S = V.I. O ângulo de fase adiantado,
ou seja, quando a corrente I está adiantada em relação à tensão V, determina uma
potência Q adiantada.
De maneira análoga, o ângulo de fase atrasado, ou seja, quando a corrente
I está atrasada em relação à tensão V, determina uma potência Q atrasada.
O diagrama de potências reativo indutivo pode ser visto na Figura 5.
FIGURA 5 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS PARA UM CIRCUITO INDUTIVO
FONTE: <http://professor.ufop.br/sites/default/files/adrielle/files/aula_9-2.pdf>.
Acesso em: 19 nov. 2020.
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
97
Para uma carga indutiva, a corrente está atrasada em relação à tensão, ou
seja, elas não iniciam no mesmo ponto do gráfico, conforme mostra a Figura 6.
FIGURA 6 – GRÁFICO PARA UMA CARGA INDUTIVA
FONTE: <https://www.dmesg.com.br/wp-content/uploads/2016/12/FP_Indutivo.jpg>.
Acesso em: 9 nov. 2020.
Já o diagrama de potências reativo capacitivo é apresentado na Figura 7.
FIGURA 7 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS PARA UM CIRCUITO CAPACITIVO
FONTE: <http://professor.ufop.br/sites/default/files/adrielle/files/aula_9-2.pdf>.
Acesso em: 19 nov. 2020.
Para uma carga capacitiva, a corrente elétrica está antecipada em relação
à tensão, conforme mostra o gráfico da Figura 8.
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
98
FIGURA 8 – GRÁFICO PARA UMA CARGA CAPACITIVA
FONTE: <https://www.dmesg.com.br/wp-content/uploads/2016/12/FP_Capacitivo.jpg>.
Acesso em: 9 nov. 2020.
O fator de potência é dado por: FP = cos(θ). Finalmente, para uma carga
puramente resistiva, a tensão e a corrente estão em fase, conforme visto na Figura 9.
FIGURA 9 – TENSÃO E CORRENTE EM FASE
FONTE: <https://www.dmesg.com.br/wp-content/uploads/2016/12/FP_Resistivo.jpg>.
Acesso em: 9 nov. 2020.
Em suma, o Quadro 2 apresenta as equações que descrevem as
componentes do triângulo de potências.
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
99
QUADRO 2 – RESUMO DAS POTÊNCIAS
FONTE: Os autores
Nº Tipo de potência Símbolo Equação principal Equações auxiliares
1 Potência média, ativa ou real P P = VI.cos (θ)
P = I2.R ou
ou, ainda,
2 Potência reativa Q Q = VI.sen (θ)
Q = I2.X ou,
, ou, ainda,
3 Potência aparente S S = VI
S = I2.Z ou
S = V2.Z ou, ainda,
4 Fator de potência FP FP = cos (θ) ou,
“Paul Boucherot (1869-1943) foi um engenheiro francês, que contribuiu para a
análise de circuitos elétricos, incluindo as relações entre potência ativa e aparente” (MOURA;
MOURA; ROCHA, 2018, p. 172).
INTERESSA
NTE
É fundamental ter isso em mente sempre que for analisar um problema e
construir o triângulo de potências. O exemplo, a seguir, ilustra, analiticamente, os
conceitos apresentados até aqui.
6.1 EXEMPLO PRÁTICO 1
Dado um circuito elétrico com uma impedância e uma
tensão aplicada de , determine o triângulo de potências e apresente
todos os cálculos.
Solução: a corrente elétrica, na forma retangular, é dada por:
Ou na forma polar:
İ = 20 ∠ 23,13o [A]
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
100
A potência ativa é dada por:
P = R .|I2|∴ P = 3 .|(20)2|∴ P = 1200 [W]
A potência reativa é dada por:
Q = X.I2 ∴ Q = 4.(20)2 ∴ Q = 1600 [VAr] atrasada
A potência aparente é composta por:
S = Z.I ∴ S = 20.100 ∴ S = 2000 [VA]
A impedância elétrica, na forma polar, é dada por:
O fator de potência é dado por:
FP = cos(θ) ∴ FP = cos(53,13o) ∴ FP = 0,60 (atrasado)
O desenho do diagrama de potências é mostrado na Figura 10.
FIGURA 10 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS
FONTE: Edminister (1974, p. 114)
Agora, iremos mostrar como resolver um outro tipo de problema de
análise de potências em um circuito senoidal ou de corrente alternada.
6.2 EXEMPLO PRÁTICO 2
No circuito da Figura 11, calcule as potências ativa, reativa e aparente
fornecidas pelos geradores (MOURA; MOURA; ROCHA, 2018).
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
101
FIGURA 11 – CIRCUITO ELÉTRICO RLC COM FONTES DE TENSÃO SENOIDAIS
FONTE: Moura; Moura; Rocha (2018, p. 175)
Solução: transformando o circuitopara o domínio da frequência, tem-se:
A partir desses cálculos, pode-se desenhar o circuito da Figura 12, o qual
mostra os componentes no domínio da frequência.
FIGURA 12 – CIRCUITO NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
FONTE: Moura; Moura; Rocha (2018, p. 175)
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
102
Agora, pode-se seguir para as equações de malha para o circuito da
Figura 12.
A equação da outra malha é dada por:
0 = j2.I2 – 2.I1 + 2.I3 – 2.I4
I4 = –(–j20) ∴ I4 = j20 [A]
Substituindo I3 na primeira equação, tem-se I1 na forma retangular:
I1 = 2,5 – j2,5 [A]
Já na forma polar, I1 torna-se:
Substituindo os valores de I1, I3 e I4 na segunda equação, tem-se:
I2 = 22,5 – j2,5 [A]
O cálculo da potência aparente é expresso por:
Com isso, pode-se afirmar que:
P = 0 [W]
Q = 50 [VAr]
TÓPICO 1 — CONCEITOS DE POTÊNCIAS INSTANTÂNEA, MÉDIA E REATIVA
103
A potência S2 é dada por:
Com isso, pode-se afirmar que as potências ativa P e reativa Q são:
P = 225 [W]
Q = 25 [VAr]
A potência S3 é dada por:
S = VAB.I*
S = 2.(I3 – I4) . (j20)
S = 2.(– j5 – j20) . (j20)
S = (– j10 – j40) . (j20)
S = (– j50) . (j20)
S = – j21000
Como , tem-se:
Com isso, pode-se afirmar que as potências ativa P e reativa Q são:
P = 1000 [W]
Q = 0 [VAr]
104
Neste tópico, você aprendeu que:
• A potência instantânea é uma potência medida a cada instante de tempo.
• A potência média é a média da potência instantânea em um período.
• Os indutores e os capacitores não absorvem potência média; apenas os
resistores absorvem potência média em um circuito.
• A potência complexa é dada por: S =V.I*.
• A potência aparente é dada por: S = P + jQ.
• O fator de potência é dado por: FP = cos(θ).
RESUMO DO TÓPICO 1
105
AUTOATIVIDADE
1 Dado um circuito em que, aplicada a tensão de v = 150 . sen(ωt + 10o),
a corrente resultante é de i = 5 . sen(ωt – 50o). Determine o triângulo de
potências.
2 A afirmação “a potência média absorvida por um indutor é zero” é
verdadeira ou falsa? Justifique.
3 Uma corrente elétrica de I = 10 ∠ 30o [A] flui por uma impedância de
Z = 20 ∠ –22o [Ω]. Determine a potência média transmitida a essa impedância
elétrica.
4 Dados v(t) = 120.cos(377t + 45o) e i(t) = 10.cos(377t – 10o), determine a
potência instantânea e média desse circuito elétrico.
5 Calcule a potência instantânea e a potência média absorvida por um circuito
linear passivo, sendo (t) = 80.cos(10t + 20o) e i(t) = 15.cos(1.t + 60o).
6 Para uma carga Vrms = 110 ∠ 85° [V], Irms = 0,4 ∠ 15° [A], determine:
a) As potências complexa e aparente.
b) As potências real e reativa.
7 Em um circuito série de dois elementos, a potência é de 940 [W] e o fator
de potência é de 0,707 (adiantado). Sendo v = 99.sen(6000.t + 30°) a tensão
aplicada, determine as constantes R e C do circuito.
8 Um motor de indução, cuja saída é de 2 h.p., tem rendimento de η = 85%.
Com essa carga, o fator de potência é de 0,8 (atrasado). Determine as
potências de entrada. Dica: utilize a expressão matemática para a potência
quando em h.p. e quando é conhecido o valor do rendimento do motor:
.
9 Dado o circuito série, a seguir, determine o triângulo de potências.
FONTE: O autor
106
10 A corrente eficaz total no circuito, a seguir, é de 30 [A]. Determine a
impedância equivalente do circuito, as potências ativa, reativa, aparente e
o fator de potência desse circuito.
FONTE: O autor
11 No circuito em paralelo, a seguir, a potência total é de 1.100 W. Determine
a potência em cada resistor e a leitura do amperímetro.
FONTE: O autor
12 Calcule a potência média absorvida em cada um dos cinco elementos
apresentados no circuito a seguir:
FONTE: O autor
107
UNIDADE 2
TÓPICO 2 —
TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
1 INTRODUÇÃO
Certamente, no Livro Didático de em Circuitos Elétricos I, já estudamos o
teorema da máxima transferência de potência para circuitos de corrente contínua.
Nessa disciplina, foi mostrado que, para circuitos resistivos, se o circuito sem
carga fosse representado por um circuito equivalente de Thévenin, a máxima
transferência de potência resultaria na igualdade entre o valor resistivo da carga
e a resistência equivalente de Thévenin, ou seja, em RL = RTH.
Neste tópico, estudaremos como aplicar o teorema da máxima transferência
de potência para circuitos de corrente alternada.
2 TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
O circuito elétrico de corrente alternada (Figura 13) alimenta uma carga
ZL e é representado por seu equivalente de Thévenin.
FIGURA 13 – CIRCUITO UTILIZADO PARA EXEMPLIFICAR A MÁXIMA TRANSFERÊNCIA
DE POTÊNCIA EM CA
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 315)
Nota-se que a carga é representada por uma impedância que pode
representar um motor elétrico, uma antena, uma TV, uma unidade consumidora
residencial, uma indústria, uma cidade etc.
108
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
Na forma retangular, a impedância de Thévenin ZTH é expressa por:
ZTH = RTH + jXTH
Já a impedância da carga ZL, na forma retangular, é:
ZL = RL + jXL
A corrente através da carga é dada pela razão entre a tensão de Thévenin
e a soma das impedâncias de Thévenin e da carga:
As impedâncias podem ser representadas pelas partes reais e imaginárias,
fornecendo:
A potência média liberada para a carga é dada por:
O objetivo do teorema da máxima transferência de potência em circuitos
de corrente alternada é ajustar os parâmetros de carga RL e XL, contanto que P
tenha valor máximo.
Para isso, fizemos as derivadas de P em relação a XL e RL iguais a zero.
Com isso, obtém-se:
Fazendo com que seja zero, tem-se:
XL = –XTH
TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
109
Fazendo com que seja zero, resulta em:
Com isso, conclui-se que, para que ocorra a máxima transferência de
potência média, ZL deve ser escolhida de tal forma que:
XL = –XTH
E
RL = –RTH
Ou seja,
O teorema da máxima transferência de potência afirma que para a
máxima transferência de potência média, a impedância da carga, ZL, deve ser
igual ao conjugado complexo da impedância de Thévenin, ZTH, para o regime
senoidal estacionário.
Fazendo-se:
RL = RTH
XL = –XTH
Na equação:
Tem-se que:
Para uma carga puramente real, faremos XL = 0, ou seja:
Perante essa expressão, concluímos que para a máxima transferência de
potência para uma carga resistiva, a impedância ou resistência de carga é igual à
magnitude de impedância de Thévenin.
110
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
2.1 EXEMPLO PRÁTICO
Determine a impedância ZL da carga que maximiza a potência média
absorvida no circuito da Figura 14. Qual é a potência média máxima?
FIGURA 14 – CIRCUITO PARA ANALISAR A MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
FONTE: Os autores
Solução: primeiramente, desenharemos o circuito equivalente de
Thévenin nos terminais da carga, para obter ZTH:
Para encontrar o valor da tensão de Thévenin, aplicaremos um divisor de
tensão:
Ou, ainda, na forma polar:
VTH = 60 ∠ – 25,4o [V]
TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
111
A impedância da carga absorve a potência máxima do circuito quando:
A potência média máxima é:
A seguir, estudaremos a conservação de potência em corrente alternada (CA).
3 CONSERVAÇÃO DE POTÊNCIA CA
Segundo Alexander e Sadiku (2003), o princípio de conservação de
potência aplica-se a circuitos de corrente contínua, bem como de corrente
alternada. Para ilustrar esse conceito, utilizaremos a lei das correntes de
Kirchhoff, para um circuito CA com duas impedâncias em paralelo:
İ = İ1 + İ2
A Figura 15 mostra uma fonte de alimentação de corrente alternada, a
qual alimenta duas cargas: (a) em paralelo e (b) em série.
FIGURA 15 – CIRCUITOS CA EM PARALELO E EM SÉRIE
FONTE: Alexander; Sadiku(2003, p. 406)
112
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
A potência complexa fornecida pela fonte é dada por:
Em que: e são as potências complexas transmitidas às cargas .
e , respectivamente.
“As potências complexa, real e reativa das fontes são iguais às respectivas
somas das potências complexa, real e reativa das cargas individuais. Isso não é
verdade apenas para a potência aparente” (HAYT; KEMMERLY, 1971, p. 72).
Se as cargas estiverem associadas em série com a fonte de tensão, a lei de
Kirchhoff das tensões resulta em:
A potência complexa fornecida pela fonte é:
Em que: e são as potências complexas transmitidas às cargas .
e , respectivamente.
Concluímos que independentemente da associação de impedâncias, a
potência total fornecida pela fonte é igual à potência total transmitida à carga.
TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
113
3.1 EXEMPLO PRÁTICO
O circuito elétrico da Figura 16 mostra uma carga alimentada por uma
fonte de tensão de uma linha de transmissão. A linha é representada pela
impedância de Z = (2 + j4) [Ω] e pelo caminho de retorno. Determine a potência
real e a potência reativa absorvida por:
a) fonte;
b) linha;
c) carga.
FIGURA 16 – CIRCUITO ELÉTRICO PARA ANÁLISE DE POTÊNCIAS REAL E REATIVA
FONTE: Os autores
Solução: a impedância elétrica total do circuito é dada por:
Z = (2 + j4) + (10 – j10)
Z = 12 – j6 [Ω]
Já a impedância na forma fasorial é dada por:
A corrente que flui pelo circuito é determinada pela lei de Ohm:
a) Para a fonte, a potência complexa é dada por:
114
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
Com isso, a potência real é P = 3226,56 [W] e a potência reativa é
Q = 1613,63 [VAr] (adiantado).
b) Para a linha, a tensão é dada por:
A potência complexa absorvida pela linha é de:
Na forma quadrada, tem-se:
Com isso, a potência real é o primeiro termo da expressão anterior e a
potência reativa é o segundo termo (atrasado).
c) Para a carga, a tensão é de:
A potência complexa absorvida pela carga é de:
Ou na forma fasorial:
A potência real é 2688,61e a potência reativa é j2688,61 com FP adiantado.
Observa-se que conforme esperado. Foram utilizados os valores
rms de tensão e de corrente.
TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
115
4 INSTRUMENTOS E MÉTODOS PARA MEDIÇÃO DE
POTÊNCIA
O wattímetro é o instrumento que mede a potência média e também é
conhecido como medidor de energia. Ele é um instrumento que realiza a medição
de potência elétrica fornecida ou absorvida por um elemento em um circuito
elétrico. Essa medição ocorre, simultaneamente, pelos valores de tensão e corrente,
e os multiplica para obter a potência em watts. Há três tipos de wattímetros:
eletrodinâmico, eletrônico e digital.
A Figura 17 mostra um exemplo de wattímetro analógico e um medidor
de energia digital, que não deixa de ser um wattímetro.
FIGURA 17 – WATTÍMETRO ANALÓGICO E MEDIDOR DE ENERGIA DIGITAL
FONTE: <http://twixar.me/4Xzm>; <http://twixar.me/lXzm>. Acesso em: 2 fev. 2021.
A forma de medição de potência em uma rede elétrica também é realizada
por wattímetro, que contém uma bobina de corrente de baixa impedância, sendo
zero a impedância ideal. Essa bobina é conectada em série com a carga e uma
bobina de tensão de alta impedância, cuja impedância ideal é infinita, a qual é
conectada em paralelo com a carga.
Se a tensão e a corrente são periódicas e o wattímetro está conectado
(Figura 18), ele medirá a seguinte potência:
Em que: v(t) e i(t) são definidos e mostrados na Figura 18.
116
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
FIGURA 18 – CONEXÃO DO WATTÍMETRO PARA MEDIÇÃO DE POTÊNCIA NO
DOMÍNIO DO TEMPO
FONTE: Irwin (2000, p. 453)
Foi convencionado que i(t) entra no terminal ± da bobina de corrente e
v(t) é positivo no terminal ± da bobina de tensão. No domínio da frequência, o
circuito equivalente é mostrado na Figura 19, na qual a corrente e a tensão são
referidas como as mesmas no domínio do tempo e a leitura do wattímetro será de:
Se v(t) e i(t) ou e İ são devidamente escolhidos, a leitura será a potência
média. Nas Figuras 18 e 19, as conexões produzirão uma leitura de potência
fornecida a carga. Uma vez que as duas boninas estão completamente isoladas
uma da outra, elas poderiam ser conectadas em qualquer lugar do circuito,
resultando em uma leitura que poderia não ter um significado lógico.
Se uma das bobinas do wattímetro estiver invertida, as equações para a
potência terão o sinal trocado em relação àquelas que eram antes da inversão,
devido à mudança na variável de referência relacionada ao terminal ±. Devido à
construção física de wattímetros, o terminal ± da bobina de potencial deveria sempre
ser conectado à mesma linha que a bobina de corrente. Se for necessário inverter um
enrolamento, uma das bobinas deverá ser invertida (IRWIN, 2000, p. 453).
TÓPICO 2 — TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA
117
FIGURA 19 – CONEXÃO DO WATTÍMETRO PARA MEDIÇÃO DE POTÊNCIA NO
DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
FONTE: Irwin (2000, p. 453)
4.1 EXEMPLO PRÁTICO
Dada a rede mostrada na Figura 20, determine a leitura do wattímetro.
FIGURA 20 – CIRCUITO PARA LEITURA DE POTÊNCIA MÉDIA NO WATTÍMETRO
FONTE: Irwin (2000, p. 454)
Solução: utilizando o teorema de Thévenin ou qualquer outra técnica de
análise de circuitos elétricos, pode-se mostrar que:
Com isso, a leitura do wattímetro será de:
A potência média fornecida à impedância elétrica é de Z = (2 + j4) [Ω].
118
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Para ocorrer a máxima transferência de potência em um circuito elétrico, o
teorema da máxima transferência de potência diz que a impedância na carga
deve ser igual à impedância de Thévenin, ou seja, .
• A expressão matemática para cálculo da potência em um circuito em que ocorre
a máxima transferência de potência é: .
• A conservação de potência CA ocorre em circuitos elétricos senoidais, pois
todas as potências fornecidas ou absorvidas pelas fontes de corrente e de tensão
e as potências nos elementos passivos (R, L ou C), quando somadas, devem ser
iguais a zero. Se isso ocorrer, é a prova real de que houve a conservação de
potência em corrente alternada.
• Todas as formas de potência CA são conservadas: instantânea, real, reativa e
complexa.
• O wattímetro é o instrumento que mede a potência média em equipamentos e
máquinas elétricas.
119
1 Qual é o instrumento utilizado para a medição de potência média? Como
ele funciona e quais são os seus principais tipos?
2 Explique com suas palavras o que é e como funciona o teorema da máxima
transferência de potência em circuitos de corrente alternada.
3 No circuito a seguir, o resistor de 60 Ω absorve uma potência média de 240
W. Determine V e a potência complexa de cada ramo do circuito, bem como
a potência complexa total do circuito, supondo que a corrente do resistor de
60 Ω não apresenta deslocamento de fase.
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 410)
4 No circuito a seguir, Z1 = 60∠ – 30° [Ω] e Z2 = 40 ∠ 45° [Ω]. Calcule os valores
totais de:
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 410)
a) Potência aparente.
b) Potência real.
c) Potência reativa.
d) FP fornecido pela fonte e visto pela fonte.
AUTOATIVIDADE
120
5 Para o circuito mostrado a seguir, determine a impedância ZL da carga que
absorve a potência média máxima e calcule essa potência.
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 399)
6 No circuito a seguir, determine o valor de RL, que irá absorver a potência
média máxima. Calcule essa potência.
FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 400)
7 No circuito a seguir, o resistor RL é ajustado até absorver a potência média
máxima. Calcule RL e a potência média máxima absorvida por ele.FONTE: Alexander; Sadiku (2003, p. 400)
121
8 A impedância de Thévenin de um circuito, vista dos terminais da carga, é
ZTH = (80 + j 55) [Ω]. Para a máxima transferência de potência, a impedância
da carga deve ser:
a) ( ) (– 80 + j 55) [Ω].
b) ( ) (– 80 – j 55) [Ω].
c) ( ) (80 – j 55) [Ω].
d) ( ) (80 + j 55) [Ω].
9 A grandeza que contém todas as informações sobre a potência em uma
determinada carga é:
a) ( ) O fator de potência.
b) ( ) A potência aparente.
c) ( ) A potência média.
d) ( ) A potência reativa.
e) ( ) A potência complexa.
10 Dado o circuito mostrado a seguir, encontre o valor de ZL para que haja
uma máxima transferência de potência média. Determine, também, o valor
da potência média máxima transferida para a carga.
FONTE: Irwin (2000, p. 438)
11 Para o circuito mostrado a seguir, encontre o valor de ZL para que haja uma
máxima transferência de potência média. Determine, também, o valor da
potência média máxima fornecido à carga.
FONTE: Irwin (2000, p. 439)
x
x
j4 Ω
–j2 Ω
122
12 Dada a rede a seguir, determine ZL para que haja uma máxima transferência
de potência média total transferida para a carga.
FONTE: Irwin (2000, p. 440)
13 Determine ZL para uma transferência máxima de potência média e a
potência média máxima transferida para a carga na rede a seguir:
FONTE: Irwin (2000, p. 440)
123
UNIDADE 2
TÓPICO 3 —
FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO
1 INTRODUÇÃO
O problema relacionado ao fator de potência é antigo. Muitos
equipamentos, como motores, transformadores e fornos a arco voltaico, utilizam,
para o seu correto funcionamento, determinadas quantidades de energia reativa
(capacitiva ou indutiva), provindas de fontes ligadas ao sistema elétrico de
energia. Como fontes, podemos citar os capacitores, os geradores, os motores
síncronos, as próprias linhas de transmissão de energia elétrica da concessionária
da região etc.
Os capacitores e os motores síncronos têm fator de potência reativo
capacitivo, enquanto transformadores, fornos a arco, motores de indução, reatores
e bobinas em geral apresentam fator de potência reativo indutivo.
Para evitar o transporte de energia reativa de terminais distantes da carga
consumidora, instalam-se, próximo aos terminais, as fontes de energia reativa, ou
seja, os bancos de capacitores. Com isso, as perdas na transmissão são reduzidas.
Geralmente, o maquinário utilizado pelas indústrias consome energia
reativa indutiva, que é uma carga formada por “n” resistores em série com “n”
indutores, os quais podem ser associados e representados por uma única carga
indutiva, composta por um resistor equivalente e um indutor equivalente.
A energia reativa indutiva consumida pelos equipamentos industriais
não produz nenhum trabalho útil, sendo responsável apenas pela formação do
campo magnético, que faz com que as máquinas funcionem. Quando a fonte
geradora de energia indutiva se encontra longe da planta industrial, ocorrem as
perdas Joule de valor elevado nas linhas de transmissão e distribuição de energia
elétrica. Para evitar esse tipo de situação, estudaremos o fator de potência das
máquinas e os métodos para realizar a sua correção, a fim de evitar perdas e
danos em equipamentos.
Assim, neste tópico, estudaremos o cálculo do fator de potência em
circuitos elétricos, com aplicações em equipamentos industriais e no setor elétrico
de potência.
124
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
2 FATOR DE POTÊNCIA
O fator de potência, também conhecido por FP, é por definição:
f.p. = cos(θ)
Em que: θ é o ângulo de defasagem entre tensão e corrente elétricas que
fluem no circuito ou, ainda, na carga em questão. Essa carga pode ser um motor
ou um transformador, ou, no caso do setor elétrico de potência, pode ser uma
residência, uma indústria, bem como uma cidade inteira de consumidores.
A partir desse ponto de estudo, deduziremos a equação do fator de
potência, explicando alguns aspectos relacionados ao cálculo do FP.
A tensão em circuito elétrico de CA (Figura 21) é dada por:
v(t) = Vm.cos(ωt + θv)
FIGURA 21 – CIRCUITO ELÉTRICO RLC SÉRIE EM CA PARA ANÁLISE DO FP
FONTE: <http://www.sc.ehu.es/sbweb/fisica/elecmagnet/induccion/alterna1/alterna5.gif>.
Acesso em: 2 fev. 2021.
A corrente elétrica nesse circuito é determinada pela seguinte expressão:
i(t) = Im.cos(ωt + θi)
Na forma fasorial, podemos representar a potência média como:
Anteriormente, aprendemos que e ; portanto:
P = Vrms.Irms.cos(θv – θi)
TÓPICO 3 — FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO
125
Vimos também que: S = Vrms.Irms. Essa equação é conhecida como a equação
para a determinação da potência aparente (S) e sua unidade é o VA.
Portanto:
P = S.cos(θv – θi)
Assim, podemos concluir que a potência média P é o produto de dois
termos, ou seja, S é a potência aparente e cos(θv – θi) é o fator de potência. O FP é
adimensional.
O fator de potência também pode ser definido como a razão da potência
real ou média pela potência aparente, conforme mostra a equação seguinte:
O fator de potência é o cosseno da diferença de fase entre a tensão e a
corrente. Ele também é denominado ângulo de impedância de carga.
2.1 EXEMPLO PRÁTICO 1
Uma carga ligada em série drena uma corrente i(t) = 2 cos(100t + 10o) A
quando a tensão aplicada é v(t) = 100 cos(100t – 20o) V. Determine a potência
aparente e o fator de potência da carga. Estabeleça os valores dos elementos que
formam a carga conectada em série.
Solução: a potência aparente é dada por:
O fator de potência é dado por:
Sabemos que o FP está adiantado, pois a corrente está adiantada em
relação à tensão, uma vez que o ângulo de 10 graus da corrente é positivo e o
ângulo de 20 graus da tensão é negativo.
126
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
Nota-se que, devido à definição alternativa do fator de potência como
o ângulo de impedância da carga, ele também pode ser obtido pelo fasor de
impedância elétrica, ou seja:
Na forma retangular, tem-se:
Com isso, concluímos que a impedância de carga Z pode ser modelada
por um resistor de 43,30 [Ω], em série, com um capacitor de:
Ou ainda:
C = 0,4 x 10–3 [F]
Sabemos que é um capacitor e que devemos calcular a reatância capacitiva
porque o valor do FP é positivo.
2.2 EXEMPLO PRÁTICO 2
Uma carga industrial consome 99 kW com um fator de potência de 0,707
(atrasado) de uma linha rms de 330 V. A resistência na linha de transmissão do
transformador de potência da companhia para a planta é de 0,08 [Ω]. Determine
a potência que deve ser fornecida pela companhia de energia sob tais condições e
se o FP é de algum modo modificado para 0,90 (atrasado).
Solução: a magnitude da corrente elétrica eficaz (Irms) na planta é dada
pela expressão:
A potência que será fornecida pela companhia de energia é dada pela
expressão matemática:
PS = PL + RL.T..(Irms)2
PS = 99000 + 0,08.(414,33)2
PS = 112733,55 [W] ou PS = 112,73355 [kW]
TÓPICO 3 — FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO
127
Agora, com FP = 0,90, tem-se:
Sob essas condições, a companhia de energia elétrica deverá gerar uma
potência elétrica de:
PS = PL + RL.T..(Irms)2
PS = 99000 + (0,08).(333,33)2
PS = 107888,71 [W]
Ou ainda:
PS = 107,88871 [kW]
Com isso, conclui-se que uma pequena modificação no FP da carga de
0,707 para 0,90 atrasado, produz um efeito interessante. Esse exemplo mostra o
impacto econômico do fator de potência da carga.
Um fator de potência baixo na carga significa que geradores e linhas
devem ser capazes de conduzir mais corrente a uma dada tensão e também para
compensar perdas na linha, o que seria necessário se o FP da carga fosse
mais alto (IRWIN, 2000).
As perdas na linha de transmissão representam energia dissipada em
forma de calor e não beneficiam ninguém. Aseguir, aprenderemos uma técnica
simples e econômica para a correção do FP.
3 CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
Plantas industriais que necessitam de grandes quantidades de potência
têm uma ampla variedade de cargas. Geralmente, as cargas têm um fator
de potência em atraso. Uma vez que uma carga típica pode ser um banco de
motores de indução ou qualquer outro equipamento de alto valor, a técnica para
determinar o FP deve ser econômica para ser viável.
Para deduzir as equações para correção do fator de potência em instalações
industriais, consideraremos o circuito mostrado na Figura 22, que representa uma
carga industrial.
128
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
FIGURA 22 – CIRCUITO PARA CORREÇÃO DE FP
FONTE: <https://www.respondeai.com.br/conteudo/eletrica/circuitos-ca-monofasicos/
correcao-do-fator-de-potencia/2016>. Acesso em: 2 fev. 2021.
Nota-se que, em paralelo com a carga industrial, há um capacitor.
A potência complexa original para a carga , que denotaremos como Santigo , é
dada pela expressão matemática:
Santigo = Pantigo + jQantigo
Santigo = |Santigo |∠ θantigo
A nova potência complexa que resulta da adição do capacitor é dada pela
seguinte expressão:
Snovo = Pantigo + jQnovo
Snovo = |Snovo |∠ θnovo
Em que: o ângulo θnovo é especificado pelo FP exigido. A diferença entre as
potências complexas antiga e nova é resultado da adição do capacitor no circuito,
por isso:
Scap = Snovo – Santigo
Uma vez que o capacitor é um elemento de circuito puramente reativo,
tem-se como expressão para a potência aparente capacitiva:
A Figura 23 mostra um diagrama fasorial do método descrito para a
correção do fator de potência em uma indústria.
TÓPICO 3 — FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO
129
FIGURA 23 – TÉCNICA PARA CORREÇÃO DO FP
FONTE: Irwin (2000, p. 451)
3.1 EXEMPLO PRÁTICO
Uma carga industrial, consistindo em um banco de motores de indução,
consome 50 kW com um FP de 0,8 em atraso de uma linha de 220 ∠0° Vrms, em 60
Hz. Para aumentar o FP para 0,95 em atraso, coloca-se um banco de capacitores
em paralelo com a carga. O diagrama desse circuito é mostrado na Figura 24.
FIGURA 24 – CIRCUITO PARA CORREÇÃO DO FP
FONTE: Irwin (2000, p. 452)
Solução: a potência na carga é de PL = 50000[W] e o seu ângulo é de
θ = arc cos(0,8) ∴ θ = 36,87o. Portanto, obtém-se:
Q = P.tan(θ) ∴ Q = 50000.tan(36,87o) ∴ Q = 37500 VAr
Com isso, tem-se ainda:
S = P + jQ ∴ S = 50 + j37,5 [kVA]
130
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
Uma vez que o FP exigido pela concessionária de energia é de 0,95, o novo
ângulo da potência de carga é dado por:
θ = arc cos(0,95) ∴ θ = 18,19o
Portanto, tem-se:
Q = P.tan(θ) ∴ Q = 50000.tan(18,19o) ∴ Q = 16429,5 VAr
Com isso, tem-se ainda:
S = P + jQ ∴ S = 50 + j16,43 [kVA]
Portanto:
Scap = Snovo – Santigo
Scap = (50 + j37,5) – (50 + j16,43)
Scap = (50 – 50) + (j37,5 – j16,43)
Scap = 0 + (j37,5 – j16,43)
Scap = j21,07 [kVA]
Desse modo, foi possível encontrar o valor do capacitor para corrigir o FP:
Conclui-se que o valor do capacitor é de, aproximadamente, C = 1155 [µF].
TÓPICO 3 — FATOR DE POTÊNCIA E SUA CORREÇÃO
131
LEITURA COMPLEMENTAR
CUSTO DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA
Charles Alexander
Matthew Sadiku
Veremos, agora, a importância do fator de potência no custo do consumo
de eletricidade. Cargas com fatores de potência baixos custam caro para manter,
porque exigem correntes elevadas. A situação ideal seria consumir uma corrente
mínima de uma fonte de modo que S = P, Q = 0 e FP = 1. Uma carga com Q
diferente de zero significa que a energia flui nos dois sentidos entre a carga e
a fonte, gerando novas perdas de potência. Em razão disso, as concessionárias
de energia elétrica normalmente encorajam seus clientes a terem fatores de
potência o mais próximo possível da unidade e penalizam alguns clientes que
não aumentam seus fatores de potência de carga.
Concessionárias de energia elétrica dividem seus clientes em categorias
como residenciais (domésticos), comerciais e industriais, ou baixa, média e
alta potências, porque possuem estruturas de tarifação diferentes para cada
categoria. A quantidade de energia consumida em unidades de kilowatt-
hora (kWh) é medida usando um medidor de kilowatt-hora instalado nas
dependências do cliente.
Embora as concessionárias de energia elétrica usem métodos diversos
para cobrar a energia elétrica consumida, a tarifa ou o preço para um consumidor
geralmente é composto por duas partes. A primeira é fixa e corresponde ao
custo de geração, transmissão e distribuição de eletricidade para atender às
necessidades de carga dos consumidores. Essa parte da tarifa geralmente é
expressa como certo preço por kW de demanda máxima, ou pode se basear
em kVA de demanda máxima, para levar em conta o fator de potência (FP) do
consumidor. Uma multa do FP pode ser imposta sobre o consumidor, segundo a
qual determinada porcentagem da demanda máxima em kW ou kVA é alterada
a cada 0,01 de queda no FP abaixo de um valor predeterminado, como 0,85 ou
0,9. Por outro lado, poderia ser dado um crédito de FP para cada 0,01 que o FP
exceder o valor predeterminado.
A segunda parte é proporcional à energia consumida em kWh; pois pode
estar na forma gradual, por exemplo, os primeiros 100 kWh a um custo de 16
centavos/kWh, os próximos 200 kWh a um custo de 10 centavos/kWh e assim por
diante. Portanto, a conta é estabelecida de acordo com a equação a seguir:
Custo Total = Custo Fixo + Custo da Energia
132
UNIDADE 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS SENOIDAIS
Exemplo numérico: uma indústria consome 200 MWh em um mês. Se a
demanda máxima for 1.600 kWh, calcule a conta de eletricidade tomando como
base a seguinte tarifa de duas partes:
• Tarifa por demanda: US$ 5,00 por mês por kW de demanda cobrável.
• Tarifa de energia: 8 centavos por kWh para os primeiros 50.000 kWh, 5 centavos
por kWh para o restante da energia consumida.
Solução: a tarifa de demanda é US$ 5,00 × 1.600 = US$ 8.000.
A tarifa de consumo de energia para os primeiros 50.000 kWh é:
US$ 0,08 × 50.000 = US$ 4.000
O restante da energia consumida é 200.000 [kWh] − 50.000 [kWh] = 150.000
[kWh], e a tarifa de consumo de energia correspondente é US$ 0,05 × 150.000 =
US$ 7.500.
Somando os resultados das equações, obtemos:
Conta mensal total = US$ 8.000 + US$ 4.000 + US$ 7.500 = US$ 19.500.
Pode parecer que o custo da eletricidade é muito alto. Entretanto,
normalmente, isso é apenas uma fração do custo total de produção de bens
manufaturados ou do preço de venda do produto final.
FONTE: Adaptado de ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Análise de potência em CA. In:
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. Porto Alegre:
Bookman; 2003. p. 385-386. Disponível em: https://www.academia.edu/39796440/Ana_lise_
de_Circuitos_Ele_tricos_com_Aplicac_o_es_Sadiko_1_. Acesso em: 4 fev. 2021.
133
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A potência aparente pode ser definida como S = Vrms.Irms.
• O fator de potência é definido como o cosseno da diferença de fase entre os
ângulos da tensão e da corrente. Também pode ser alternativamente definido
como o ângulo da impedância de carga. Ainda, o FP pode ser conceituado como
a razão entre a potência real dissipada na carga e a potência aparente na carga.
• Geralmente, para corrigir o fator de potência, utilizamos um banco de
capacitores.
• O fator de potência é dito estar em avanço quando a corrente precede a tensão
(circuitos capacitivos).
• O fator de potência é dito estar em atraso quando a corrente sucede a tensão
(circuitos indutivos).
• O fator de potência atrasado de uma carga pode ser corrigido colocando-se um
capacitor em paralelo com a carga.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagempensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
134
1 O que é o fator de potência e como é calculado?
2 Como se corrige o fator de potência em uma máquina elétrica?
3 O que são bancos capacitivos?
4 Uma carga de 300 kW alimentada por 13 kVrms opera 520 horas por mês,
com um fator de potência de 80%. Calcule o custo médio mensal tomando
como base a seguinte tarifa simplificada: tarifa de consumo de energia: 6
centavos por kWh; multa por fator de potência: 0,1% da tarifa de consumo
de energia para cada 0,01 que o FP cair abaixo de 0,85; e crédito por fator
de potência: 0,1% da tarifa de consumo de energia para cada 0,01 que o FP
exceder a 0,85.
5 Um forno de indução 800 kW com fator de potência 0,88 opera 20 horas por
dia, durante 26 dias de um mês. Determine a conta mensal de eletricidade
tomando como base a tarifa da questão anterior.
6 A leitura mensal do medidor de uma fábrica de papel é a seguinte: demanda
máxima = 32.000 kW; energia consumida = 500 MWh. Usando a tarifa de
duas partes do exemplo numérico apresentado na Leitura Complementar,
calcule a conta mensal dessa fábrica de papel.
7 Obtenha o fator de potência e a potência aparente (S) de uma carga cuja
impedância é de Z = 60 + j40 [Ω], quando a tensão aplicada for v(t) = 320 cos
(377t + 100°) [V].
8 Dada uma carga Vrms = 110 ∠ 85o [V], Irms = 0,4 ∠ 15o [A], determine o fator de
potência e a impedância de carga.
9 Determine o valor da capacitância em paralelo necessária para corrigir uma
carga de 140 kVAr com FP de 0,85 (atrasado) para um FP unitário. Suponha
que a carga seja alimentada por uma linha de 110 Vrms, em 60 Hz.
10 Uma carga industrial consome 100 kW com um FP = 0,707 (atrasado). A
tensão de linha de 60 Hz na carga é de 480 ∠ 0° Vrms. A resistência da linha
de transmissão entre o transformador da concessionária de energia e a
carga é de 0,1 Ω. Determine a economia de potência que poderia ser obtida
caso o FP fosse modificado para 0,94 (atrasado).
AUTOATIVIDADE
135
11 Uma carga industrial consome 88 kW com um FP = 0,707 (atrasado). A
tensão de linha de 60 Hz na carga é de 480 ∠ 0° Vrms. A resistência da linha de
transmissão entre o transformador da concessionária de energia e a carga
é de 0,08 Ω, conforme mostra o circuito a seguir. Determine a potência que
deve ser fornecida pela companhia de energia elétrica. Além disso, calcule
o FP caso fosse modificado para 0,90 (atrasado).
FONTE: Irwin (2000, p. 445)
12 Calcule o valor do capacitor necessário para modificar o fator de potência
do último exemplo prático para FP = 0,95 em atraso.
136
137
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Análise de potência em CA. In:
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.
Porto Alegre: Bookman; 2003. p. 385-386. Disponível em: https://www.academia.
edu/39796440/Ana_lise_de_Circuitos_Ele_tricos_com_Aplicac_o_es_Sadiko_1_.
Acesso em: 4 fev. 2021.
CUNHA, L. Padrões brasileiros. O Setor elétrico, São Paulo, fev. 2010.
Disponível em: https://www.osetoreletrico.com.br/padroes-brasileiros/. Acesso
em: 4 fev. 2021.
EDMINISTER, J. A. Circuitos elétricos. São Paulo: McGraw-Hill, 1974.
HAYT, W. H.; KEMMERLY, J. E. Engineering circuit analysis. New York:
McGraw-Hill; 1971.
IRWIN, J. D. Análise de circuitos em engenharia. São Paulo: Pearson
Education do Brasil; 2000. Disponível em: https://www.academia.edu/40301172/
An%C3%A1lise_de_Circuitos_Em_Engenharia_J_David_Irwin_4a_
Edi%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 4 fev. 2021.
MOURA, A. P.; MOURA, A. A. F.; ROCHA, E. P. Engenharia de sistemas de
potência: análise de circuitos em corrente alternada para sistemas de potência.
São Paulo: Artliber, 2018. Disponível em: https://artliber.com.br/amostra/
analise_de_circuitos_em_corrente_alternada.pdf. Acesso em: 4 fev. 2021.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. Circuitos elétricos. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC; 1999.
RESPONDE AÍ. Correção do fator de potência. Disponível em: https://www.
respondeai.com.br/conteudo/eletrica/circuitos-ca-monofasicos/correcao-do-
fator-de-potencia/2016. Acesso em: 4 fev. 2021.
138
139
UNIDADE 3 —
ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer, compreender e analisar circuitos trifásicos;
• aplicar as técnicas de análise de circuitos monofásicos em corrente
alternada em circuitos trifásicos diversos;
• analisar o comportamento de tensões, correntes e potências num circuito
trifásico equilibrado;
• identificar e analisar um circuito trifásico desequilibrado, identificando
as diferenças em relação aos circuitos equilibrados.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
TÓPICO 1 – CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
TÓPICO 2 – POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
TÓPICO 3 – CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.
CHAMADA
140
141
UNIDADE 3
TÓPICO 1 —
CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
1 INTRODUÇÃO
Em comparação com uma fonte de alimentação CA monofásica, que usa
dois condutores (fase e neutro), uma fonte trifásica sem neutro pode transmitir
três vezes mais energia usando apenas 1,5 vez mais fios (ou seja, três condutores
em vez de dois). Assim, a proporção entre a quantidade de material e a capacidade
de entrega de potência é duplicada.
Sistemas trifásicos também podem ter um quarto fio, particularmente na
distribuição de baixa tensão. Esse é o condutor neutro. O neutro permite que três
sistemas monofásicos sejam fornecidos, sendo muito utilizado em residências
e locais com cargas relativamente pequenas. As conexões são organizadas para
que, tanto quanto possível em cada grupo, a potência entregue seja a mesma em
cada fase. Mais adiante, no sistema de distribuição, as correntes geralmente são
bem equilibradas.
Os sistemas trifásicos têm propriedades que os tornam muito desejáveis
em sistemas de distribuição de energia elétrica:
• As correntes de fase tendem a anular umas às outras, somando zero no caso
de uma carga linear equilibrada. Isso torna possível reduzir o tamanho do
condutor neutro, porque ele carrega pouca ou nenhuma corrente. Com uma
carga equilibrada, todos os condutores de fase carregam a mesma corrente e,
assim, podem ser do mesmo tamanho.
• A transferência de energia para uma carga linear balanceada é mais constante
num sistema trifásico, o que ajuda a reduzir as vibrações em geradores e motores.
• Sistemas trifásicos podem produzir um campo magnético rotativo com direção
especificada e magnitude constante, o que simplifica o desenho de motores
elétricos, já que nenhum circuito de partida é necessário.
A maioria das cargas domésticas é monofásica. Nas residências em geral, a
entrada de energia (conjunto de condutores e elementos que conectam o sistema
elétrico da concessionária a um quadro de distribuição interno) pode ser monofásica,
bifásica ou trifásica. No entanto, as cargas alimentadas são, em geral, monofásicas.
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
142
Na maior parte do Brasil, a tensão entre uma fase e o condutor neutro
(tensão fase-neutro) é de 127 volts, enquanto a tensão entre duas fases é de 220
volts. No entanto, algumas regiões apresentam tensão fase-neutro de 220 volts
e tensão fase-fase de 380 volts. A relação entre as tensões fase-neutro e fase-fase
será estudada mais adiante neste tópico.
2 TENSÕES TRIFÁSICAS EQUILIBRADAS
Seja um sistema elétrico composto por três fontes de tensão senoidais,
cujas ondas estão defasadas entre si em 120° elétricos (Figura 1). Se essas três
fontes de tensão possuem amplitudes de sinal e frequência idênticas, então é
possível dizer que esse sistemaé trifásico equilibrado.
FIGURA 1 – FORMAS DE ONDA DE UM CIRCUITO TRIFÁSICO EQUILIBRADO
(SEQUÊNCIA POSITIVA)
FONTE: Os autores
A Figura 1 apresenta três fases, denominadas por A, B e C em tal sequência
que a fase B está 120° atrasada em relação à fase A, enquanto a fase C está 120°
atrasada em relação à fase B. Essa sequência de fases é denominada sequência
de fases ABC ou positiva. As expressões dessas tensões, no domínio do tempo,
podem ser expressas pelo seguinte sistema de equações:
VA(t) = Vp.sen(ωt)
VB(t) = Vp.sen(ωt – 120o)
VC(t) = Vp.sen(ωt + 120o)
Em que: Vp é o valor de pico da tensão; ω = 2πf – frequência angular.
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
143
Na forma fasorial:
VA = Vef ∠ 0o
VB = Vef ∠ – 120o = Vef ∠ 240o
VC = Vef ∠ 120o
Em que: Vef = Vp/√2 – valor eficaz (ou RMS) da onda de tensão senoidal.
Existe outra possibilidade de sequência de fases, denominada de sequência
ACB ou negativa, cujas formas de onda podem ser vistas na Figura 2.
FIGURA 2 – FORMAS DE ONDA DE UM CIRCUITO TRIFÁSICO EQUILIBRADO
(SEQUÊNCIA POSITIVA)
FONTE: Os autores
Na sequência de fases negativa, as expressões fasoriais da tensão são
representadas pelo seguinte sistema de equações:
VA = Vef ∠ 0o
VB = Vef ∠ 120o
VC = Vef ∠ – 120o = Vef ∠ 240o
As formas de onda das tensões são importantes para analisar o
comportamento da tensão em cada instante de tempo, seja no seu valor instantâneo
ou em relação ao seu ângulo. No entanto, numa análise focada em representação
fasorial, o mais indicado é a representação das tensões por um diagrama fasorial,
conforme mostrado na Figura 3.
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
144
FIGURA 3 – DIAGRAMA FASORIAL DAS TENSÕES EM UM SISTEMA TRIFÁSICO EQUILIBRADO:
(A) SEQUÊNCIA POSITIVA; (B) SEQUÊNCIA NEGATIVA
FONTE: Os autores
A sequência de fases positiva também é conhecida por direta ou ABC,
enquanto a sequência negativa também é chamada de inversa ou ACB.
NOTA
Conforme visto anteriormente, o sistema fasorial é uma forma de
representação gráfica muito similar aos vetores.
O tamanho de cada seta representa o módulo da respectiva tensão (ou
corrente), enquanto o ângulo relativo representa a defasagem angular de cada
fasor. Nota-se que a leitura dos ângulos no sistema fasorial é feita no sentido
horário, tomando a fase A como referência (ângulo 0o).
Exemplo 1: considere um sistema de tensões trifásicas equilibradas de
sequência positiva. Se a tensão na fase B é 70 ∠ 40o V, quais são os fasores de
tensão das outras fases?
Solução: VA = 70 ∠ 160o V e VC = 70 ∠ 280o V = 70 ∠ – 80o V.
Em termos práticos, o que define a sequência das fases num sistema
polifásico é o sentido de giro do gerador trifásico ou a ordem de ligação das fontes
monofásicas que formam o sistema trifásico.
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
145
Exemplo 2: repita o Exemplo 1 considerando que o sistema é de sequência
negativa.
Solução: VA = 70 ∠ 160o V e VC = 70 ∠ 280o V = 70 ∠ – 80o V.
3 FONTES DE TENSÃO TRIFÁSICAS
Um sistema trifásico real pode ser alimentado por um gerador
ou transformador trifásico, ou, então, por um conjunto de geradores ou
transformadores monofásicos interligados. Neste material, consideraremos,
sobretudo, o estudo de fontes trifásicas compostas por um arranjo de fontes de
tensão monofásicas.
Assim, basicamente, existem duas formas de ligar fontes de tensão
monofásicas para compor um sistema trifásico: ligação em Y (ou estrela) e ligação
em Δ (ou triângulo). A Figura 4 apresenta essas duas possibilidades, considerando
todas as fontes envolvidas como ideais.
FIGURA 4 – FONTES DE TENSÃO TRIFÁSICAS IDEAIS: (A) LIGAÇÃO Y; (B) LIGAÇÃO Δ
FONTE: Nilsson; Riedel (2009, p. 303)
A Figura 4 ilustra o terminal comum das fontes (A), indicado pela letra
“n”, denominado de neutro. Esse neutro pode ou não estar disponível para
conexões externas.
Nas análises disponibilizadas nesta unidade, sempre consideraremos os
sistemas de sequência positiva, exceto se especificado o contrário.
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
146
3.1 FONTE TRIFÁSICA EM Y
Uma fonte de tensão trifásica, montada a partir da interconexão de três
fontes monofásicas, conforme mostrado na Figura 4 (em A), é denominada fonte
trifásica em Y (ou em estrela).
Conforme vimos, essa fonte possui um terminal comum, denominado de
neutro. Se a ligação da fonte trifásica à carga considerar o neutro, o sistema é
denominado sistema trifásico a quatro fios. Caso o neutro não seja utilizado, o
sistema é denominado trifásico a três fios.
Para analisar melhor esse tipo de fonte, consideraremos a ilustração de
uma fonte de tensão trifásica em Y (Figura 5).
FIGURA 5 – FONTE TRIFÁSICA EM Y COM INDICAÇÃO DAS TENSÕES E CORRENTES
FONTE: Os autores
As tensões medidas sobre os terminais de cada fonte, isto é, VAN, VBN e VCN
são denominadas tensões de fase (ou tensões fase-neutro). O valor em módulo
dessas tensões é igual entre si, logo:
|VAN |= |VBN | = |VCN |
As tensões consideradas entre duas fases da fonte, VAB, VBC e VCA,
são denominadas como tensões de linha. Considerando as polaridades (e
nomenclatura) indicadas, as tensões de linha podem ser calculadas a partir das
tensões de fase da seguinte forma:
VAB = VAN – VBN
VBC = VBN – VCN
VCA = VCN – VAN
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
147
Podemos fazer a análise da obtenção da tensão de linha a partir da
diferença de duas tensões de fase, com o auxílio do diagrama fasorial. Observa-
se, na Figura 6, a obtenção da tensão de linha VAB a partir das tensões de fase VAN
e VBN.
FIGURA 6 – DIAGRAMA FASORIAL DE ALGUMAS DE TENSÕES DE FASE E DE LINHA
FONTE: Os autores
Nessa figura, para simplificação, as tensões de fase são referenciadas
apenas por VA e VB. A diferença entre os dois vetores, VA e VB, pode ser reescrita
como a soma do vetor VA com o inverso do vetor VB, ou seja:
VA – VB = VA + (–VB) = VAB
Essa é a operação mostrada nos fasores. Como resultado, temos o fasor
VAB (uma tensão de linha), que difere das tensões de fase VA e VB em duas
características básicas: seu módulo e seu ângulo.
Assim, se aplicarmos as técnicas da Álgebra Linear para efetuar essa
soma vetorial, é possível chegar à conclusão de que o fasor VAB está defasado em
30° positivos do fasor VA. Nota-se que, no diagrama fasorial, um deslocamento
no sentido anti-horário significa um ângulo de valor positivo. Em termos do
tamanho, o fasor VAB é maior que os fasores VA e VB numa proporção de .
Esse mesmo raciocínio pode ser estendido às demais fases do sistema.
Logo, considerando um sistema trifásico equilibrado de sequência positiva, cujas
tensões de fase são:
VA = VF ∠ 0o
VB = VF ∠ –120o
VC = VF ∠ 120o
Em que: VF representa o módulo da tensão de fase do sistema (tensão
fase-neutro).
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
148
As tensões de linha, escritas a partir das tensões de fase, ficam estabelecidas
como:
O sistema de equações pode ser simplificado por uma única expressão,
que relaciona as tensões de fase (VF) e de linha (VL) de um sistema trifásico em Y:
ou
IMPORTANT
E
As relações, apresentadas anteriormente, consideram um sistema trifásico de
sequência positiva. Em caso de sequência negativa, os sinais dos ângulos são trocados,
ou seja:
ou
Exemplo 3: uma fonte trifásica equilibrada ligada em Y possui uma tensão de
fase VAN = 240 ∠ –30o V. Qual é o fasor da tensão de linha VBC, considerando que
o sistema possui sequência positiva?
Solução: a relação entre a tensão de fase e de linha para um circuito em Y é
. Assim, a tensão de linha VAB pode ser calculada a partir da
tensão VAN. Dessa maneira:
Por ser de sequência positiva, a tensão VBC está deslocada em –120° da tensão
VAB. Assim: VBC = 415,69 ∠ –120o V.
Já a análise das correntes é mais simples num sistema com fontes de tensão
conectadas em Y. As correntes que circulam por cada fonte são denominadascorrentes de fase (IF) e as correntes que circulam pelos fios, correntes de linha (IL). É
fácil perceber, pelo circuito da Figura 6, que as correntes de fase e de linha são iguais.
Assim, podemos escrever que, para um sistema conectado em Y:
IF = IL
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
149
3.1.1 Análise de um sistema Y-Y
Nesse momento, analisaremos um sistema trifásico equilibrado com
fonte e carga ligadas em Y. Nessa primeira análise, vamos considerar as fontes
ideais (sem reatâncias em série na fonte), mas os condutores apresentam uma
certa impedância Zlinha.
Assim, nessas condições, um circuito é representado pela Figura 7.
FIGURA 7 – SISTEMA TRIFÁSICO EQUILIBRADO Y-Y
FONTE: Os autores
Os nós A, B, C e N indicam os terminais da fonte de tensão, enquanto os
nós a, b, c, e n se referem aos terminais de conexão da carga. Logo, o que estiver
conectado entre dois nós seguidos, por exemplo, A-a, refere-se à linha.
Esse sistema é composto por uma fonte trifásica equilibrada conectada em
Y e uma carga equilibrada conectada em Y. Além disso, as impedâncias das linhas
são todas iguais. Deste modo, o sistema num todo é considerado equilibrado.
Considerando que todas as fases são iguais, exceto pela defasagem angular,
pode-se supor, de forma bastante segura, que as correntes em cada fase também
serão iguais entre si (em módulo). Logo, tendo o condutor neutro a função de
servir como retorno da corrente para a fonte, se for considerada a existência de
três correntes de fase equilibradas, podemos afirmar que a corrente de neutro é a
soma das três correntes de fase, estabelecida na forma fasorial:
IN = IAa + IBb + ICc
Se considerarmos que IF é o módulo da corrente em cada fase, então a
expressão anterior pode ser escrita como:
IN = IF ∠ 0o + IF ∠ – 120o + IF ∠ 120o = 0
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
150
Algebricamente, chegamos à conclusão de que não há corrente no neutro!
Ao analisar a soma fasorial das três correntes (Figura 8), podemos
comprovar essa constatação. Na Figura 8, percebe-se que as três correntes, ao
serem alinhadas para efetuar a soma, formam um polígono fechado, ou seja,
não há um fasor resultante da soma das três fases. Assim, fica comprovado,
visualmente, que, no sistema trifásico equilibrado, a soma das correntes das três
fases é, de fato, igual a zero.
FIGURA 8 – SOMA FASORIAL DAS TRÊS CORRENTES DE FASE
FONTE: Os autores
Se a corrente no condutor neutro é nula, isso significa que não há queda
de tensão entre os nós “N” e “n” do condutor neutro. Eles estão num mesmo
potencial de tensão. Geralmente, o neutro é tomado como tensão de referência,
então podemos afirmar que VN = Vn = 0 ∠ 0° volts. Na verdade, pelo fato de o
condutor neutro não possuir corrente alguma, ele poderia ser eliminado nesse
sistema – contudo, consideraremos a sua existência por enquanto.
Em geral, problemas envolvendo sistemas trifásicos costumam necessitar do
cálculo das correntes do circuito e das quedas de tensão em vários pontos no sistema.
Uma das formas de proceder seria com a aplicação das técnicas já
conhecidas de análise de circuitos. Nesse caso, poderíamos aplicar a Lei de
Kirchoff das Correntes de Malhas e, então, a partir da análise das três malhas, obter
os resultados desejados. No entanto, conforme mencionado anteriormente, pelo
fato de o sistema ser trifásico e equilibrado, os módulos das tensões e correntes
são iguais entre as diversas fases, sendo a única diferença o ângulo de defasagem.
Assim, pode-se realizar a análise para apenas uma das fases e, então, aplicar o
resultado obtido para as demais apenas tomando o cuidado de ajustar os ângulos
de defasagem de forma adequada. Essa proposta de análise é realizada sobre um
circuito simplificado, denominado circuito monofásico equivalente – a seguir,
verificaremos essa técnica.
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
151
3.1.2 Análise pelo circuito monofásico equivalente
Seja o sistema trifásico equilibrado em Y visto anteriormente, considerando-
se os seguintes valores para esse sistema: VA = 220 ∠ 0o V; VB = 220 ∠ –120o V;
VC = 220 ∠ 120o V.
Zlinha = 0,8 + j1,5 Ω
Zcarga = 39 + j28 Ω
Para calcular as correntes no circuito (IAa, IBb e ICc), as tensões de fase na
carga (Van, Vbn e Vcn) e de linha na carga (Vab, Vbc e Vca), primeiramente, desenha-se
o circuito monofásico equivalente daquele sistema, conforme o circuito mostrado
na Figura 9.
FIGURA 9 – CIRCUITO MONOFÁSICO EQUIVALENTE
FONTE: Os autores
Esse circuito faz referência à fase A do sistema trifásico original e utiliza
os mesmos valores de tensão na fonte e impedâncias do sistema trifásico original.
No entanto, há duas importantes alterações que precisam ser consideradas:
• no circuito monofásico equivalente, não se representa a impedância do
condutor neutro;
• a corrente no condutor neutro não é nula no circuito monofásico equivalente.
Na verdade, é fácil de verificar, nesse circuito, que a corrente de neutro é igual
à corrente de fase (IN = IAa).
Feitas essas considerações, podemos analisar o circuito monofásico
equivalente e obter os valores solicitados na proposta do problema. Assim,
inicialmente, convém calcular a corrente IAa do circuito, que pode ser obtida da
Lei de Ohm: I = V/Z, em que Z é a soma das impedâncias em série do circuito.
Desse modo, tem-se:
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
152
Uma vez obtido o valor da corrente para a fase A do sistema trifásico, a
determinação das correntes das fases B e C é bastante simples: basta subtrair e
somar, respectivamente, 120 graus do ângulo de defasagem de –36,5°, mantendo
o valor do módulo da corrente. Assim, tem-se:
IBb = IAa – 120o = 4,44 ∠ –156,5o A
ICc = IAa + 120o = 4,44 ∠ 83,5o A
A tensão de fase sobre a carga pode ser calculada pelo produto corrente
× impedância de carga. Logo, fazendo esse cálculo para a fase A no circuito
monofásico equivalente, tem-se:
Va = IAa.Zcarga = (4,44 ∠ – 36,5o).(39 + j28) = 213,6 ∠ – 0,82o V
Logo, a obtenção das tensões de fase para B e C pode ser feita seguindo o
mesmo raciocínio empregado para as correntes:
Vb = Va – 120o = 213,6 ∠ –120,82o V
Vc = Va + 120o = 213,6 ∠ 119,18o V
Já a obtenção das tensões de linha sobre a carga pode ser realizada
aplicando-se a expressão . Assim:
De modo similar, para as demais tensões:
VBC = 369,9 ∠ –90,82o V
VCA = 369,9 ∠ 149,18o V
Portanto, constata-se que foi possível efetuar a análise do circuito trifásico
original utilizando a resolução de um circuito mais simples.
3.1.3 Análise de um sistema Y-Δ
Um sistema trifásico Y-Δ é aquele em que a fonte está conectada na
configuração Y, enquanto a carga segue conectada em Δ (Figura 10).
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
153
FIGURA 10 – SISTEMA TRIFÁSICO EQUILIBRADO Y-Δ
FONTE: Os autores
Para esse tipo de sistema, em relação à fonte, valem as mesmas
considerações feitas na análise do sistema Y-Y. No entanto, existem diferenças
que precisam ser consideradas na carga.
A primeira consideração, nesse caso, é que não existe condutor neutro
devido à impossibilidade de engatá-lo na carga ligada em Δ – por isso, esse
condutor não é utilizado. No entanto, por se tratar de um sistema trifásico
equilibrado, é seguro afirmar que a corrente de neutro (se existisse), também aqui,
seria nula. Então, a não existência do condutor neutro não representa nenhuma
diferença para análise nesse caso.
Em relação às tensões de carga, verifica-se que, para uma determinada
impedância de carga ZΔ, a tensão de fase (entre fase e neutro, ou melhor, sobre
os terminais da impedância) e a tensão de linha (entre duas fases) são a mesma.
Logo, podemos afirmar que, para uma ligação em Δ, a tensão de fase é igual à
tensão de linha.
VFΔ = VLΔ
No entanto, para as correntes, a situação é diferente. As que circulam
por cada impedância são as correntes de fase Iab, Icb e Ica, e, se considerarmos a
sequência positivae a fase “a” como referência (ângulo de defasagem 0°), elas
podem ser especificadas como:
Iab = Ifase ∠ 0o
Ibc = Ifase ∠ –120o
Ica = Ifase ∠ 120o
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
154
As correntes de linha, em termos das correntes de fase, segundo a Lei de
Kirchhoff das correntes, podem ser especificadas como:
Assim, pela análise do sistema de equações anterior, podemos afirmar
que, numa configuração em Δ, a relação entre as correntes de fase e de linha é
dada pela expressão:
ou
As relações de correntes mostradas são válidas para sistemas de sequência
positiva. No caso de sequência negativa, os ângulos são trocados, ou seja:
ou
ATENCAO
Exemplo 4: a corrente ICA, em uma carga trifásica equilibrada ligada em delta,
é 8 ∠ –15° A. Se a sequência de fases do sistema for positiva, qual será o valor
da corrente ICc?
Solução: em um sistema em Δ, a corrente ICA é de fase, enquanto a ICc é de
linha. A relação entre as correntes de fase e de linha para uma ligação Δ é
.
Então temos que: .
Para realizar a análise de um sistema Y-Δ, podemos proceder com a
aplicação do método das correntes de malha diretamente no circuito original ou,
então, partir para uma simplificação.
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
155
Não é possível obter o circuito monofásico equivalente diretamente de
um sistema em que as cargas (ou mesmo a fonte) estejam conectadas em Δ.
Logo, inicialmente, é necessário converter a carga em Δ para sua configuração
Y equivalente. Como o sistema é equilibrado, essa conversão pode ser feita
conforme a seguinte expressão:
ZY = ZΔ/3
Assim, após converter a carga para Y, procede-se com a obtenção do circuito
monofásico equivalente e sua análise, conforme já visto anteriormente. O circuito
monofásico equivalente permite calcular a corrente de linha de uma das fases
(por exemplo, IAa). Se for necessário saber a corrente de fase que atravessa cada
impedância, deve-se utilizar o sistema de equações desenvolvido anteriormente.
Para fortalecer o entendimento do que foi apresentado até aqui, vamos
analisar o circuito trifásico Y-Δ da Figura 10.
Para tanto, consideraremos os seguintes valores: a impedância de linha
Zlinha = 0,3 + j0,9 Ω; a impedância na carga vale ZΔ = 118,5 + 85,8 Ω. Podemos
considerar a tensão na fase A como referência, assim VA = 220∠ 0o V. Vamos realizar
as seguintes etapas:
• Obtenção do circuito monofásico equivalente do sistema trifásico.
• Cálculo das correntes de linha IAa, IBc e ICc.
• Cálculo das tensões de fase nos terminais da carga.
• Cálculo das correntes de fase da carga.
• Cálculo das tensões de linha nos terminais da fonte.
Solução:
a) Para obter o circuito monofásico equivalente, é necessário, primeiramente,
obter o circuito em Y da carga, que está conectada originalmente em Δ.
Assim, temos:
Logo, o circuito monofásico equivalente, referenciado à fase A, é mostrado
na Figura 11:
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
156
FIGURA 11 – CIRCUITO MONOFÁSICO EQUIVALENTE DO CIRCUITO Y-Δ
FONTE: Os autores
b) A corrente de linha da fase A é:
Para as demais fases:
IBb = IAa – 120o = 4,44 ∠ – 156,4o A
ICc = IAa + 120o = 4,44 ∠ 83,4o A
c) Como a carga está originalmente ligada em Δ, não há tensão de fase (ou seja,
tensão fase-neutro) apenas a tensão de linha (tensão entre duas fases), ou seja,
as tensões VAB, VBC e VCA. Então, como o circuito monofásico equivalente foi
obtido a partir de um circuito com carga em Y, de início, calcularemos a tensão
de fase VAN sobre essa carga fictícia em Y.
Assim, podemos aplicar a Lei de Ohm para encontrar VAN:
VAN = ZY .IAa = (39,5 + j28,6).( 4,44 ∠ – 36,4o) = 216,52 ∠ – 0,49o V
Para convertermos uma tensão de fase para uma tensão de linha num
circuito em Y, vimos que podemos aplicar a expressão .
Logo, as tensões de linha podem ser assim obtidas:
Assim, estas tensões de linha anteriores representam tanto as tensões de
linha quanto de fase, para a carga conectada em Δ.
TÓPICO 1 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS
157
d) As correntes de fase da carga podem ser calculadas a partir das correntes de
linha obtidas no item “b”, aplicando a expressão . Assim:
As demais correntes podem ser obtidas apenas alterando o ângulo de fase
adequadamente:
Ibc = 2,56 ∠ –126,4o A
Ica = 2,56 ∠ 113,6o A
e) As tensões de linha nos terminais da fonte podem ser obtidas diretamente
do valor da tensão de fase (já especificada), aplicando-se a expressão
vista anteriormente.
Assim, tem-se:
Desse modo, finalizamos a análise do sistema Y-Δ proposto inicialmente.
3.2 FONTE CONECTADA EM Δ
Quando uma fonte de tensão trifásica é conectada (Figura 12), diz-se que o
sistema possui uma fonte ligada em Δ. Nesse sistema, as tensões de fase e de linha
são equivalentes (na verdade, não há tensão de fase, pois não há terminal neutro
para medir uma tensão fase-neutro).
FIGURA 12 – FONTE TRIFÁSICA LIGADA EM Δ
FONTE: Os autores
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
158
Então, podemos afirmar que, para uma ligação em Δ, VFΔ = VLΔ. Já vimos
essa expressão anteriormente, na análise de uma carga ligada em Δ.
Por outro lado, as correntes de fase (IAa, IBb e ICc) são diferentes das correntes
de linha (IAB, IBC e ICA). Conforme já visto anteriormente também para uma carga
ligada em delta, a relação entre as correntes de fase e de neutro é:
ou
Para realizar a análise de um circuito com fontes ligadas em delta,
o procedimento é similar aos demais casos vistos. Deve-se obter o circuito
monofásico equivalente do sistema para realizar os cálculos referentes a uma das
fases. Após, encontram-se os valores das tensões e correntes para as demais fases,
considerando-se as conversões fase/linha vistas até aqui.
4 SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
Nossa proposta de ensino tem como foco o estudo de sistemas trifásicos
equilibrados. No entanto, não se pode desconsiderar a existência de sistema em
que não existe o equilíbrio entre as fases.
Os sistemas trifásicos não equilibrados apresentam, em geral, diferentes
valores de tensão e corrente nas suas fases, decorrentes, na maioria das vezes,
de cargas monofásicas conectadas ao sistema, ou mesmo equipamentos com
funcionamento impróprio. Raramente, o desequilíbrio de fases envolve problemas
nos ângulos de defasagem entre as fases.
De modo geral, todas as simplificações adotadas na análise dos circuitos
trifásicos equilibrados não podem ser utilizadas em sistemas em desequilíbrio.
Assim, as relações entre tensões e correntes de fase e de linha não são válidas. A
corrente de neutro também não é nula num sistema trifásico desequilibrado.
Também não é possível utilizar o circuito monofásico equivalente para
analisar um sistema trifásico desequilibrado. A análise precisa ser feita considerando
todas as fases do sistema, certamente elevando o grau de complexidade.
Enfim, o desequilíbrio entre as fases de um sistema é totalmente
indesejável, pois dificulta a análise e diminui as vantagens técnicas desse sistema.
159
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ao analisar um circuito trifásico equilibrado, o primeiro passo é transformar
quaisquer ligações Δ em seu equivalente Y, de modo que o sistema fique
configurado Y-Y.
• O circuito monofásico equivalente é utilizado para calcular a tensão de fase e
a corrente de linha de uma das fases do circuito Y-Y original. Geralmente, é
escolhida a fase a.
• Correntes e tensões das fases b e c são iguais às da fase a, exceto pelo
deslocamento de fase de 120°. Em sistemas de sequência positiva, a fase b está
atrasada em relação à fase a (-120°), enquanto a fase c está adiantada em relação
à fase a (+120°).
• As tensões de linha estão defasadas em ± 30° em relação às tensões defase.
O sinal positivo está relacionado à sequência de fase positiva e o negativo à
sequência negativa.
• Em um sistema Y-Y, a relação entre os módulos das tensões de linha e de fase
é: Vlinha = √3.Vfase.
• Num sistema Δ-Δ, as correntes de linha estão defasadas em ± 30° em relação às
correntes de fase. O sinal positivo está relacionado à sequência de fase positiva
e o negativo à sequência negativa.
• Num sistema Δ-Δ, o módulo da corrente de linha é √3 vezes o módulo da
corrente de fase.
RESUMO DO TÓPICO 1
160
1 Qual é a sequência de fase de cada um dos seguintes conjuntos de tensões?
a) va(t) = 127cos(ωt + 54o) V
vb(t) = 127cos(ωt – 66o) V
vc(t) = 127cos(ωt + 174o) V
b) va(t) = 6100cos(ωt – 26o) V
vb(t) = 6100cos(ωt + 94o) V
vc(t) = 6100cos(ωt – 146o) V
2 Uma carga trifásica ligada em Δ apresenta uma corrente IAC = 10∠ –30o A.
Considerando que o circuito tem sequência de fases positivas, calcule:
a) As correntes de linha.
b) A impedância da carga, sabendo que VAB = 110 ∠ 0° V.
3 Considere o sistema trifásico equilibrado Y-Y mostrado na figura a seguir.
A tensão de fase nos terminais da carga é de 2.400 volts. A impedância de
carga Zcarga vale 16 + j12 Ω. As impedâncias da linha valem Zlinha = 0,10 +
j0,80 Ω. A fonte possui sequência de fases negativas (acb) e impedância
interna Zfonte = 0,02 + j0,16 Ω. Utilize a tensão da fase a na carga como
referência e calcule:
a) As correntes de linha IAa, IBb, ICc e INn.
b) As tensões de linha na fonte VAB, VBC e VCA.
FONTE: Os autores
AUTOATIVIDADE
161
4 A tensão de linha VAB nos terminais de uma carga trifásica equilibrada
ligada em Δ é 4160 ∠ 0o V. A corrente de linha IAa é 69,35 ∠ –10o A.
a) Calcule a impedância de carga ZAB, considerando a sequência de fases
positiva.
b) Repita o cálculo para uma sequência de fases negativas.
5 Um sistema trifásico equilibrado possui sua fonte de tensão em Δ conectada a
uma carga trifásica também em Δ, por condutores ideais (sem impedâncias).
Sabendo que a tensão VAB = 210 ∠ 0o volts, a sequência de fases é positiva e que
cada impedância da carga vale ZC = 12 + j9 Ω, determine as correntes de linha e
de fase na carga.
162
163
UNIDADE 3
TÓPICO 2 —
POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, analisaremos as potências senoidais em circuitos trifásicos
equilibrados. Definiremos o cálculo das potências média e reativa, a partir dos
valores de fase e de linha das tensões e correntes. Em seguida, é feita uma análise
das potências totais de um sistema trifásico, sua relação com as potências de cada
fase e com o fator de potência.
Ao final do tópico, é apresentado um método de medição da potência em
circuitos trifásicos, utilizando dois ou três wattímetros.
2 ANÁLISE DAS POTÊNCIAS NUM CIRCUITO TRIFÁSICO
Para analisar as potências num sistema trifásico equilibrado,
consideraremos o circuito mostrado na Figura 13.
FIGURA 13 – CARGA EQUILIBRADA EM Y PARA OS CÁLCULOS DA POTÊNCIA MÉDIA
FONTE: Os autores
164
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Nesse circuito, é apresentada uma carga ligada em Y com a indicação das
tensões e correntes pertinentes. O cálculo da potência média (ou potência ativa),
para qualquer uma das fases desse circuito, pode ser feito utilizando as mesmas
técnicas vistas nas unidades anteriores.
Assim, a potência média da fase A, PA, pode ser escrita como (na forma
fasorial):
PA = |Van |.|IAa|.cos(θV(A) – θi(A)) [W] [watts]
Em que: |Van| é o módulo de tensão da fase A; |IAa| é o módulo da corrente
da fase A; θV(A) é o ângulo da tensão da fase A; θi(A) é o ângulo da corrente da
fase A.
De maneira similar, para as demais fases, podemos escrever que:
PB = |Vbn|.|IBb|.cos(θV(B) – θi(B)) [W]
PC = |Vcn|.|ICc|.cos(θV(C) – θi(C)) [W]
É importante notar que todas as correntes e tensões fasoriais são escritas
em termos do valor eficaz (RMS) da função senoidal que elas representam. Além
disso, num circuito trifásico equilibrado, o módulo da tensão de fase é igual para
todas as fases, então podemos escrever que:
|Van|=|Vbn| = |Vcn| = VF
Em que: VF representa o módulo da tensão de uma fase qualquer do
circuito.
De maneira similar, para a corrente podemos fazer a mesma consideração,
sendo IF o módulo da corrente de uma das fases do circuito:
|IAa| = |IBb| = |ICc| = IF
Ainda considerando que o circuito trifásico é equilibrado, é seguro afirmar
que as diferenças entre os ângulos de fase da tensão e da corrente são iguais de
uma fase para outra.
θV(A) – θi(A) = θV(B) – θi(B) = θV(C) – θi(C) = ϕ
Em que: ϕ (letra grega phi) representa o ângulo de defasagem entre a
tensão e a corrente em uma fase qualquer do sistema trifásico.
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
165
Com essas considerações, podemos concluir que a potência média, em
cada uma das fases, é igual, ou seja: PA = PB = PC = PF. Considerando que PF é a
potência média de uma fase qualquer do circuito trifásico, bem como as análises
feitas anteriormente, podemos reescrever a expressão da potência média para
uma fase qualquer do sistema da seguinte forma:
PF = |VF|.|IF|.cosϕ [W]
A potência média total (PT) fornecida à carga é a soma das potências
médias de cada fase PT = PA + PB + PC. Contudo, sabemos que a potência média em
cada fase é igual, então podemos escrever que:
PT = 3.PF = 3.|VF|.|IF|.cosϕ
Podemos escrever também a expressão da potência média total em função
dos valores das correntes e das tensões de linha do circuito, lembrando que, em
uma configuração em Y, temos: e . Reescrevendo a expressão
da potência média total em termos dos valores de linha temos que:
Finalmente:
É importante destacar que, independentemente de a potência média ser
calculada em termos dos valores de fase ou de linha, o ângulo de defasagem ϕ será sempre
referente à tensão e à corrente de fase.
IMPORTANT
E
166
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Exemplo 5: considere uma carga trifásica e equilibrada ligada em Y, conforme
mostrado na figura a seguir. Sabendo que a corrente de linha IAa é igual a
23,6 ∠ –26o A e a tensão de linha Vab vale 230 ∠ 40,5o V, calcule a potência média
total entregue à carga.
Solução: para calcular a potência entregue à carga precisamos saber o ângulo
de defasagem ϕ entre a tensão de fase e a corrente de fase para uma das fases
do circuito.
Assim, a tensão de fase VAN é calculada por:
Por ser uma configuração em Y, as correntes de linha e de fase são iguais:
IL = IF = 23,6 A.
Em seguida, podemos calcular o ângulo de defasagem como:
Φ = 40,5 – (–26,0) = 66,5o
Logo, a potência total é de:
PT = 3.PF = 3.|VF|.|IF|.cosϕ = 3.(132,79).(23,6).cos(66,5o) = 3748,85 W
De modo alternativo, poderíamos calcular a potência média total a partir dos
valores de linha:
2.1 DETERMINAÇÃO DA POTÊNCIA REATIVA E DA
POTÊNCIA COMPLEXA
Podemos seguir o mesmo raciocínio utilizado para a determinação da
potência média total para o cálculo das potências reativa total e complexa total
de um sistema trifásico equilibrado. Assim, seja a potência reativa de uma fase QF
definida por:
QF = |VF|.|IF|.senϕ [VAR]
Então, considerando que todas as fases consomem o mesmo valor de
potência reativa, podemos afirmar que a potência reativa total QT consumida pela
carga é de:
QT = 3.QF = 3.|VF|.|IF|.senϕ
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
167
Também podemos efetuar o cálculo de QT pelos valores de linha:
A potência complexa SF para uma das fases do circuito pode ser calculada
por:
SF = VF .IF * = PF + jQF
Em que: IF* é o valor conjugado da corrente de fase.
Então, pelo mesmo raciocínio já empregado, a potência complexa total da
carga é igual ao valor da potência complexa de uma das fases multiplicado por 3,
conforme a expressão a seguir:
A potência complexa total pode ser expressa da forma retangular,
destacando as potências média e reativa totais do circuito:
ST = PT + jQT
Pode ser representada na forma polar, em que faz referênciaao seu
módulo, |ST|, e ao ângulo de defasagem ϕ:
ST =|ST|∠(ϕ)
Em que: , conhecido como potência aparente total
do circuito.
Por fim, resta analisarmos o fator de potência total da carga. Vimos
anteriormente que a definição de fator de potência (FP) é:
FP = cosϕ
Num circuito trifásico equilibrado, o ângulo de defasagem ϕ é igual para
todas as fases. Assim, o fator de potência para uma fase ou para o sistema todo
é o mesmo. Esse conceito fica mais bem ilustrado na Figura 14, que apresenta o
diagrama fasorial das potências.
168
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
FIGURA 14 – ÂNGULO DE DEFASAGEM PARA A POTÊNCIA DE UMA FASE E PARA
AS POTÊNCIAS TOTAIS
FONTE: Os autores
Conforme pode ser comprovado pelo diagrama, ao efetuar as somas das
potências (reativas e médias) de um circuito trifásico equilibrado, o ângulo de
defasagem ϕ não é alterado.
Para auxiliar na compreensão desses conceitos, analisaremos o exemplo
a seguir.
Exemplo 6: considere a carga trifásica equilibrada ligada em Y apresentada na
figura a seguir.
CARGA EM Y PARA RESOLUÇÃO
FONTE: Os autores
Com tensão de linha Vab = 173,2 ∠ 0o V e impedância, por fase, de ZY = 3 + j4 Ω,
com sequência de fases positiva.
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
169
Calcule:
a) A potência média para cada fase e a potência média total.
b) A potência reativa para cada fase e a potência reativa total.
c) A potência aparente para cada fase e a potência aparente total.
d) O fator de potência da carga.
Solução:
a) Para calcular a potência média, precisamos conhecer a tensão de fase e
corrente de fase do circuito.
A tensão de fase a-n é:
A corrente de fase IAa pode ser calculada sobre a carga:
O ângulo de defasagem pode ser calculado como:
ϕ= – 30 – (– 83,13) = 53,13o
Então, podemos calcular a potência média de cada fase:
PF = |VF|.|IF|.cosϕ = 100.20.cos(53,13o) = 1.200 W
A potência média total é:
PT = 3.PF = 3.600 W
b) A potência reativa de uma das fases pode ser calculada por:
QF = |VF|.|IF|.senϕ = 100.20.sen(53,13o) = 1.600 VAR
A potência reativa total é:
QT = 3.QF = 4.800 VAR
c) A potência aparente para uma fase pode ser calculada por:
|SF| = |VF|.|IF| = 100.20 = 2.000 VA
170
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Ou da seguinte forma:
Já a potência aparente total é:
|ST| = 3|SF| = 6.000 VA
d) O fator de potência é o cosseno do ângulo de defasagem:
FP = cosϕ = cos53,13o = 0,60
No próximo exemplo, veremos uma situação envolvendo a existência de
duas cargas trifásicas distintas.
Exemplo 7: considere o sistema trifásico com uma carga em Δ e outra em Y na
figura a seguir. Cada uma das cargas é equilibrada.
CIRCUITO TRIFÁSICO COM DUAS CARGAS
FONTE: Os autores
Calcule a potência média, reativa e aparente e o fator de potência para cada carga
e total para esse sistema (total = considera as duas cargas simultaneamente).
Solução: para realizar essa análise, inicialmente, é recomendável obter o
sistema Y equivalente da carga ligada em Δ. Assim, sabemos que:
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
171
As fases não são especificadas, por isso, podemos fazer nossas próprias
indicações. Consideraremos que a tensão de linha VAB é de 200 ∠ 0o V.
Desse modo, a tensão de fase VA pode ser calculada por:
Cálculos referentes à carga em Y
A corrente de uma fase na carga em Y é de:
O ângulo de defasagem tensão-corrente é de: ϕY = –30 – (–66,87) = 36,87o.
Assim, a potência média total para a carga Y vale:
PT–Y = 3.|VF|.|IF-Y|.cosϕ = 3.(115,47).(23,09).cos(36,87o) = 6.398,9 W
Já a potência reativa total para a carga Y vale:
QT–Y = 3.|VF|.|IF-Y|.senϕ = 3.(115,47).(23,09).sen(36,87o) = 4.799,2 VAR
A potência complexa total da carga Y pode ser calculada por:
|SF–Y| = 3.|VF|.|IF-Y| = 3.(115,47).(23,09) = 7.998,6 VAR
O fator de potência para a carga em Y vale:
FPY = cosϕY = 0,80 (indutivo ou atrasado)
Cálculos para a carga em Δ
inicialmente, obteremos transformar a carga Δ em seu equivalente em Y.
O índice “Y2” serve para não haver confusão em relação a outra carga em Y
do sistema.
A corrente de uma fase na carga em Y2 é:
O ângulo de defasagem tensão-corrente é: ϕY2 = – 30 – 23,16 = – 53,16o
172
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Assim, a potência média total para a carga Y2 vale:
PT-Y2 = 3.|VF|.|IF-Y2|.cosϕ = 3.(115,47).(34,61).cos(–53,16o) = 7.188,5 W
Já a potência reativa total para a carga Y vale:
QT-Y = 3.|VF|.|IF-Y|.senϕ = 3.(115,47).(34,61).sen(–53,16o) = –9.595,2 VAR
A potência complexa total da carga Y pode ser calculada por:
|SF-Y2| = 3.|VF|.|IF-Y2| = 3.(115,47).(34,61) = 11.989,25 VA
QT-Y = 3.|VF|.|IF-Y|.senϕ = 3.(115,47).(34,61).sen(–53,16o) = –9.595,2 VAR
O fator de potência para a carga em Δ (Y2) vale:
FPY2 = cosϕY2 = 0,60 (capacitivo ou adiantado)
As potências para as duas cargas juntas ficam assim:
PT = PT-Y + PT-Y2 = 6.398,9 + 7.188,5 = 13.587,4 W
QT = QT-Y + QT-Y2 = 4.799,2 – 9.595,2 = – 4.796 VA
A potência aparente total é:
O fator de potência total pode ser calculado por:
FPT = PT /|ST|= (13.587,4)/(14.409,0) = 0,943 capacitivo (ou adiantado)
3 WATTÍMETROS E LEITURA DE POTÊNCIA
A potência média absorvida por uma carga pode ser medida por um
instrumento chamado wattímetro.
A Figura 15 mostra um wattímetro que consiste, essencialmente, em duas
bobinas: a bobina de corrente e a bobina de tensão (ou de potencial).
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
173
FIGURA 15 – CIRCUITO INTERNO DE UM WATTÍMETRO
FONTE: Adaptada de <http://engineering.electrical-equipment.org/wp-content/
uploads/2015/04/Wattmeter.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2020.
Uma bobina de tensão com uma impedância muito alta (idealmente
infinita) está conectada, em paralelo, com a carga (Figura 16) e responde à
tensão de carga. A bobina de corrente age como um curto-circuito, por causa
de sua baixa impedância, enquanto a bobina de tensão se comporta como um
circuito aberto, em razão de sua alta impedância. Como resultado, a presença
do wattímetro não perturba o circuito nem interfere na medição de energia.
FIGURA 16 – LIGAÇÃO DO WATTÍMETRO À CARGA
FONTE: Adaptada de <https://1.bp.blogspot.com/-FVpGsPMCvRg/XlUTH7O4VkI/AAAAAAAAFHs/Z-
SvxKpgwZkjyzwYreRwQEQoysVldQacACEwYBhgL/s1600/f2_how_does_wattmeter_work.jpg>.
Acesso em: 22 nov. 2020.
174
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Quando as duas bobinas são energizadas, a inércia mecânica do
sistema móvel produz um ângulo de deflexão proporcional ao valor médio do
produto v(t) × i(t). Esse comportamento é mais bem explicado por Nilsson e
Riedel (2009, p. 313):
A deflexão do ponteiro ligado à bobina móvel é proporcional ao
produto entre o valor eficaz da corrente na bobina de corrente,
o valor eficaz da tensão nos terminais da bobina de potencial e o
cosseno do ângulo de fase entre a tensão a corrente. A direção da
deflexão do ponteiro depende do sentido instantâneo da corrente na
bobina de corrente e da polaridade da tensão aplicada à bobina de
potencial. Assim, cada bobina tem um terminal com uma marca de
polaridade – normalmente um sinal positivo (+) – porém, às vezes é
utilizado o sinal (±).
Se a corrente e a tensão da carga forem v(t) = Vm cos(ωt + θv) e i(t) = Im
cos(ωt + θi), seus fasores (em valores eficazes) correspondentes são:
Então, o wattímetro mede a potência média dada por:
P = |Vrms||Irms |cos(θv – θi) = Vrms Irms cos (θv – θi)
Como mostrado nessa equação, cada bobina do wattímetro tem dois
terminais com um ± marcado. Para garantir a deflexão para cima, o terminal ± da
bobina de corrente deve ser ligado mais próximo à fonte, enquanto o terminal ±
da bobina de tensão é conectado à mesma linha da bobina de corrente. Reverter
ambas as conexões das bobinas ainda resulta em deflexão positiva. No entanto,
reverter uma bobina, mas não a outra, resulta em deflexão negativa, o que se
traduz em não haver leitura de wattímetro.
3.1 LIGAÇÃO DE UM WATTÍMETRO AO CIRCUITOELÉTRICO
A seguir, veremos um exemplo resolvido, para aprofundar o entendimento
do funcionamento de um wattímetro.
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
175
Exemplo 8: encontre a leitura do wattímetro do circuito da figura a seguir:
MEDIÇÃO DA POTÊNCIA EM UM CIRCUITO MONOFÁSICO
FONTE: <http://twixar.me/yNzm>. Acesso em: 22 nov. 2020.
Solução: na figura, o wattímetro lê a potência média absorvida pela impedância
(8 – j6) Ω porque a bobina de corrente está em série com a impedância, enquanto
a bobina de tensão está em paralelo a ela. A corrente através do circuito é:
A tensão através da (8 – j6) Ω impedância é:
A potência complexa é:
Assim, o wattímetro lê: P = Re(S) = 423,7 W.
Um único wattímetro pode fazer a medição da potência média num
circuito trifásico equilibrado, uma vez que as potências são iguais em cada fase.
Assim, a potência total do circuito será a leitura do wattímetro multiplicada por 3.
No entanto, dois ou três wattímetros monofásicos são necessários para
medir a potência se o sistema trifásico estiver desequilibrado.
176
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
3.2 MEDIÇÃO DE ENERGIA TRIFÁSICA
O método de medição de energia com três wattímetros (Figura 17)
funcionará independentemente de a carga estar equilibrada ou desequilibrada,
ou de ela estar ligada em estrela ou triângulo.
FIGURA 17 – MEDIÇÃO DA POTÊNCIA NUM SISTEMA TRIFÁSICO COM TRÊS WATTÍMETROS
FONTE: Adaptada de <https://1.bp.blogspot.com/-g_rqCZ5etj4/Xn9dWEmlH8I/AAAAAAAAFk0/z-SR
83gCSUw1MSJwQydMXizGVXHG86WJACLcBGAsYHQ/s320/f1_three_phase_measurement.jpg>.
Acesso em: 22 nov. 2020.
O método dos três wattímetros é adequado para a medição de energia em
um sistema trifásico em que o fator de potência está em constante mudança. A
potência média total é a soma algébrica das leituras de três wattímetros:
PT = P1 + P2 + P3
Em que: P1, P2 e P3 correspondem às leituras dos wattímetros W1, W2 e
W3, respectivamente. Observa-se que o ponto comum ou de referência “o”, na
Figura 17, é selecionado arbitrariamente. Se a carga estiver conectada em Y,
normalmente, o ponto “o” é conectado junto ao neutro.
Para uma carga ligada à delta, o ponto “o” pode ser conectado a qualquer
ponto. Se o ponto o estiver conectado ao ponto b, por exemplo, a bobina de tensão
no wattímetro W2 lê zero e P2 = 0, indicando que o wattímetro W2 não é necessário.
Assim, dois wattímetros são suficientes para medir a potência total.
O método dos dois wattímetros é o mais utilizado para medição de energia
trifásica. Os dois wattímetros devem estar devidamente conectados a quaisquer
duas fases, como mostrado na Figura 18.
Observa-se que a bobina de corrente de cada wattímetro mede a corrente
da linha, enquanto a respectiva bobina de tensão está conectada entre essa linha
e uma outra tomada como referência (no caso, a fase b).
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
177
FIGURA 18 – MEDIÇÃO DA POTÊNCIA MÉDIA DE UM SISTEMA TRIFÁSICO, UTILIZANDO
DOIS WATTÍMETROS
FONTE: Os autores
Observa-se, também, que o terminal ± da bobina de tensão está conectado
à linha na qual a bobina de corrente correspondente está conectada.
Embora os wattímetros individuais não leiam a potência de uma fase
específica, a soma algébrica das leituras de dois wattímetros equivale à potência
média total absorvida pela carga nas três fases.
PT = P1 + P2
É importante observar que o método funciona para um sistema trifásico
equilibrado. Considera-se a carga equilibrada e conectada em Y (Figura 19), com
o objetivo de aplicar o método de dois watts para encontrar a potência média
absorvida pela carga, supondo que a fonte esteja na sequência abc e a impedância
de carga seja ZY = |ZY|∠φ.
FIGURA 19 – MÉTODO DOS DOIS WATTÍMETROS APLICADOS A UMA CARGA TRIFÁSICA
EQUILIBRADA EM Y
FONTE: Os autores
178
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Devido à impedância de carga, cada bobina de tensão está adiantada
em relação a sua bobina de corrente por φ, de modo que o fator de potência é
cosφ. Vale lembrar que cada tensão de linha está adiantada em relação à tensão
de fase em 30°.
O ângulo da tensão de linha Vab é φ + 30o, e a potência média lida pelo
wattímetro W1 é:
P1 = Re[VabIa*] = VabIacos(θ + 30o) = VLIL cos(θ + 30o)
Da mesma forma, podemos mostrar que a potência média lida pelo
wattímetro 2 é:
P2 = Re[VcbIc*] = VcbIccos(θ – 30o) = VLILcos(θ – 30o)
Agora, usamos as seguintes identidades trigonométricas nas duas
expressões das potências definidas anteriormente:
cos(A + B) = cosA .cosB – senA .senB
cos(A – B) = cosA .cosB + senA .senB
O que resulta em:
P1 + P2 = VLIL[cos(θ + 30o) + cos(θ – 30o)]
VLIL[cosθ . cos30o – senθ . sen30o + cosθ . cos30° + senθ . sen30o)]
= VL . IL. 2 . cos30o . cosθ
= √3. VL . IL .cosθ
Assim, o termo 2.cos30° = √3 demonstra que a soma das leituras dos dois
wattímetros, de fato, resulta na potência média total do sistema, ou seja,
PT = P1 + P2
De modo similar, podemos escrever que a diferença entre as leituras dos
wattímetros é de:
P1 – P2 = VLIL[cos(θ + 30o) – cos(θ – 30o)]
VLIL[cosθ . cos30o – senθ . sen30o – cosθ . cos30° – senθ . sen30o)]
= VL . IL. 2 . sen30o . senθ
= VL . IL .senθ
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
179
Nessa expressão, o termo 2.sen30° é igual a 1, o que mostra que a diferença
das leituras dos wattímetros é proporcional à potência reativa total ou:
QT = √3 (P2 – P1)
PT = P1 + P2
A potência aparente total pode ser obtida por:
Se dividirmos as duas expressões que definem QT e PT, podemos encontrar
o ângulo de defasagem:
A partir desse ângulo, obtemos o fator de potência, pois FP = cosφ. Assim,
o método de dois wattímetros não só fornece o total ativo e reativo, mas também
pode ser usado para calcular o fator de potência.
Da análise das equações anteriores, é possível concluir que:
• Se P2 = P1, a carga é resistiva.
• Se P2 > P1, a carga é indutiva.
• Se P2 < P1, a carga é capacitiva.
Embora esses resultados sejam derivados de uma carga equilibrada
conectada em Y, eles são igualmente válidos para uma carga conectada a delta
equilibrada. No entanto, o método de dois watts não pode ser usado para medição
de energia em um sistema de quatro fios trifásico, a menos que a corrente através
da linha neutra seja zero. Portanto, usamos o método de três watts para medir a
potência real em um sistema de quatro fios trifásico.
Analisaremos alguns exemplos com medição trifásica por wattímetros
para reforçar o entendimento desse conteúdo.
180
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
O exemplo a seguir também ilustra a utilização do método dos dois
wattímetros.
SISTEMA TRIFÁSICO EM Y COM TRÊS WATTÍMETROS
FONTE: Os autores
a) Calculamos as leituras dos wattímetros da seguinte forma:
P1 = VAN . Ia*. cos(θVan – θIa) = 100 × 6,67 × cos(0o – 0o) = 667 W
P2 = VBN . Ib* . cos(θVbn – θIb) = 100 × 8,94 × cos(120o – 93,44o) = 800 W
P3 = VCN . Ic* . cos(θVcn – θIc) = 100 × 10 × cos(–120o + 66,87o) = 600 W
b) A potência total absorvida é de:
PT = P1 + P2 + P3 = 2.067 W
Exemplo 9: três wattímetros W1, W2 e W3 estão conectados, respectivamente, às
fases a, b e c para medir a potência total absorvida por uma carga desequilibrada
conectada em Y, considerando as tensões: VAN = 100∠0° V; VBN = 100∠120° V
e VCN = 100∠–120° V. Já as correntes são: Ia = 6,67∠0° A; Ib = 8,94∠93,44° A e
Ic = 10∠–66,87° A.
Determine:
a) As leituras dos wattímetros.
b) A potência total absorvida.
Solução: supondo que os wattímetros estejam devidamente conectados como
na figura a seguir
TÓPICO 2 — POTÊNCIA EM CIRCUITOS TRIFÁSICOS
181
Exemplo 10: um sistema trifásico equilibrado tem suas potências médias
lidas através do método dos dois wattímetros. Um dos instrumentos produz
a leitura P1 = 1.560 W e o outro P2 = 2.100 W, quando conectados a uma carga
ligada em delta.
Se a tensão da linha for de 220 V, calcule:
a) A potência média por fase.
b) A potência reativa por fase.
c) O fator de potência.
Solução:podemos aplicar os valores registrados pelos wattímetros.
a) A potência média total é:
PT = P1 + P2 = 1560 + 2100 = 3.660 W
A potência média por fase é, então, de:
PF = PT/3 = 1.220 W
b) A potência reativa total é de:
QT = √3(P2 – P1) = √3.(2100 – 1560) = 935,3 VAR
Desse modo, a potência reativa por fase é de:
QF = QT/3 = 311,77 VAR
c) O ângulo de defasagem é de:
ϕ = arctg(Q /P ) = 935,3/3660 = 14,33o
Portanto, o fator de potência é de:
cos(14,33o) = 0,969 atrasado (pois P2 > P1)
O exemplo, a seguir, apresenta outra situação envolvendo a medição de
potência num sistema trifásico pelo método dos dois wattímetros.
182
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Exemplo 11: a carga equilibrada trifásica da figura a seguir tem impedância
por fase de ZY = 8 + j6 Ω. Se a carga estiver conectada a uma tensão de linha de
208 V, calcule as leituras dos wattímetros W1 e W2 e encontre PT e QT.
FONTE: Os autores
Solução: considerando a tensão na fase ab como referência (ângulo 0°), o fasor
VAB fica definido por: VAB = (208/√3)∠0o V = 120,08∠0o V.
A corrente de linha na carga é de:
O ângulo de defasagem é de: ϕ = 0o – (–36,87o) = 36,87o.
Então:
P1 = VL . IL . cos(ϕ + 30o) = 208 × 12 × cos(66,37o) = 980,48 W
P2 = VL . IL . cos(ϕ – 30o) = 208 × 12 × cos(6,37o) = 2.478,1 W
Assim, o wattímetro 1 lê 980,48 W, enquanto o wattímetro 2 lê 2478,1 W. Como
P2 > P1, a carga é indutiva (o que pode ser comprovado pela própria carga).
Logo, a potência total do sistema é de:
PT = P1 + P2 = 3.549 W
Já a potência reativa total é de:
QT = √3(P2 – P1) = 2.549 VAR
183
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• As técnicas para calcular as potências média, reativa e complexa, por fase, são
iguais àquelas estudadas para circuitos monofásicos.
• Num circuito trifásico equilibrado, a potência (média, reativa ou complexa) de
todo o sistema é igual à potência de uma das fases multiplicada por 3.
• Um wattímetro é um instrumento que mede a potência média entregue a uma
carga. Ele é composto por uma bobina de corrente e uma de potencial.
• É possível medir a potência média total em um circuito trifásico utilizando
apenas dois wattímetros de modo apropriado.
184
1 Um sistema elétrico equilibrado Y-Y é composto por um gerador com
tensão de linha de 208 V, que se conecta a uma carga com uma impedância
Zc = 10 – j10 Ω por fase. Calcule o módulo:
a) Da tensão de fase do gerador.
b) Da tensão de fase na carga.
c) Da corrente de fase na carga.
d) Da corrente de linha.
2 Um sistema trifásico equilibrado Y-Y possui a fonte conectada em sequência
positiva. A tensão fase-neutro da fase A é VAN = 120∠0° V. A carga é formada
por uma impedância ZY = 9 + j12 Ω. Determine:
a) As tensões de fase.
b) As correntes de fase.
c) O módulo das correntes de linha.
d) O módulo das tensões de linha.
3 Uma carga trifásica equilibrada em Δ possui uma impedância ZΔ = 6,8 + j14
Ω por fase. Essa carga está conectada a uma fonte trifásica em Y com tensão
de linha de 208 V. Calcule o módulo:
a) Da tensão de fase no gerador.
b) Da tensão de fase na carga.
c) Da corrente de fase da carga.
d) Da corrente de linha.
4 Um sistema Δ-Δ, com sequência de fases positiva, possui uma tensão de
linha VAB = 100∠0°V. A carga é formada por impedâncias ZΔ = 20 – j20 Ω.
Considere as fontes de tensão e as linhas que conectam a fonte à carga como
ideais. Determine:
a) As tensões de fase na carga.
b) Determine as correntes de fase na carga.
c) Determine o módulo das correntes de linha.
5 Dois wattímetros estão conectados de forma a medir a potência de uma
carga trifásica equilibrada. As leituras dos instrumentos são W1 = 8 kW e
W2 = 4 kW. Determine:
a) A potência média total consumida.
b) O fator de potência da carga.
AUTOATIVIDADE
185
UNIDADE 3
TÓPICO 3 —
CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
1 INTRODUÇÃO
Até o momento, analisamos os sistemas trifásicos equilibrados e
verificamos todas as relações de tensão, corrente e potências que decorrem
da análise de um sistema desse tipo. No entanto, em situações reais, muitos
sistemas apresentam características elétricas distintas entre as fases oriundas,
tanto das cargas quanto das fontes de tensão. Esses sistemas são denominados
desequilibrados ou desbalanceados.
Neste tópico, analisaremos o comportamento dos sistemas trifásicos
desequilibrados com foco nas diferenças que o desequilíbrio causa no
comportamento geral do sistema.
2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS PARA SISTEMAS
DESEQUILIBRADOS
Uma técnica especial para lidar com sistemas trifásicos desequilibrados
é o método das Componentes Simétricas, que está além do escopo deste livro
e será estudado futuramente em disciplinas voltadas para sistemas de energia
(sistemas de potência).
O desequilíbrio de um sistema pode ser causado por duas situações
possíveis:
• as tensões da fonte não são iguais em magnitude e/ou possuem ângulos de
defasagem diferentes de 120° elétricos;
• as impedâncias de carga são desiguais.
Assim, um sistema polifásico desequilibrado é decorrente de fontes de
tensão desequilibradas ou de uma carga desequilibrada. Para simplificar a análise,
assumiremos fontes de tensão equilibradas, mas uma carga desequilibrada. Esse
tipo de situação abrange a maioria dos casos envolvendo circuitos desequilibrados.
Sistemas trifásicos desequilibrados podem ser resolvidos pela aplicação
direta da análise por malhas e/ou análise nodal.
186
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
A Figura 20 mostra um exemplo de um sistema trifásico desequilibrado,
que consiste em uma fonte de tensão trifásica equilibrada (não mostrada na
figura) e uma carga conectada em Y desequilibrada (Figura 20).
FIGURA 20 – CARGA TRIFÁSICA DESEQUILIBRADA
FONTE: <https://1.bp.blogspot.com/-yEgSpYnlLQM/Xny2C6mZQBI/AAAAAAAAFiU/ktRkiu22easlK-
CsXD7lzjUQJqLAHNMVwCLcBGAsYHQ/s1600/f1_unbalanced_three_phase_system.jpg>.
Acesso em: 1 dez. 2020.
Como a carga é desequilibrada, ZA, ZB e ZC não são iguais. As correntes de
linha são determinadas pela Lei de Ohm como:
Ia = VAN /ZA
Ib = VBN /ZB
Ic = VCN /ZC
Esse conjunto de correntes de linha desequilibrada produz uma corrente
no condutor neutro que não é zero, como em um sistema equilibrado.
A aplicação da Lei de Kirchhoff das Correntes no nó N expressa a corrente
de neutro (In) como:
In = – (Ia + Ib + Ic)
Em um sistema de três fios em que o condutor neutro está ausente, ainda
podemos encontrar as correntes de linha Ia, Ib e Ic usando análise de malha.
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
187
No nó N, a Lei de Kirchhoff das Correntes deve ser satisfeita para que
Ia + Ib + Ic = 0 nesse caso. O mesmo poderia ser feito para um sistema de ∆-Y, Y-∆
ou ∆-∆ de três fios.
Na transmissão de energia de longa distância, são utilizados condutores
em compostos de três (múltiplos sistemas de três fios), com a própria terra agindo
como o condutor neutro.
O cálculo da energia em um sistema trifásico desequilibrado requer que
encontremos a energia em cada fase. A potência total não é simplesmente três
vezes a potência em uma fase, mas a soma das potências nas três fases.
A seguir, veremos um exemplo de cálculo de sistema trifásico
desequilibrado.
Exemplo 12: considere a carga Y desequilibrada da figura anterior com tensões
equilibradas de 100 V e a sequência ACB. Calcule as correntes de linha e a
corrente no neutro. Considere que: ZA = 15 Ω, ZB = 10 + j5 Ω, ZC = 6 – j8 Ω.
Solução: pela Lei de Ohm, as correntes nas linhas podem ser calculadas como:
Já a corrente de neutro pode ser obtida pela expressão definida anteriormente:
In = – (Ia + Ib + Ic) = 10,06 ∠ 178,4o A
Assim, verificamos que, de fato, num sistema trifásico em desequilíbrio, a
corrente no condutor neutro não é nula.
Exemplo 13: para o circuito desequilibrado da figura a seguir, encontre:
a) As correntes de linha.
b) A potência total complexa absorvida pela carga.
c) A potência total complexa fornecida pela fonte.
188
UNIDADE 3 — ANÁLISEDE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
CIRCUITO Y-Y COM CARGA DESEQUILIBRADA
FONTE: <http://twixar.me/0K5m>. Acesso em: 1 dez. 2020.
Solução:
a) Utilizamos a análise de malha para encontrar as correntes necessárias. Para
a malha 1, temos:
(120 ∠ – 120o) – (120 ∠ 0o) + (10 + j5) . I1 – 10I2 = 0
Simplificando:
(10 + j5) . I1 – 10I2 = 207,85 ∠ 30o
Para a malha 2:
(120 ∠ 120o) – (120 ∠ – 120o) + (10 – j10)I2 – 10I1 = 0
Simplificando a expressão:
– 10I1 + (10 – j10)I2 = 207,85 ∠ – 90o
As duas equações formam um sistema que pode ser resolvido matricialmente
por:
Para esse sistema, qualquer técnica de resolução pode ser empregada. Se a
resolução for feita manualmente, pode-se aplicar a Regra de Cramer. Outra
possibilidade, mais recomendada para esses casos, é a utilização de uma
calculadora científica. Como nosso foco não é mostrar a resolução de um
sistema de equações em si, consideraremos diretamente as respostas do
sistema anterior, que são os valores das correntes das malhas I1 e I2.
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
189
I1 = 56,78 ∠ 0o A
I2 = 42,75 ∠ 24,9o A
As correntes de linha são:
Ia = I1 = 56,78 ∠ 0o A
Ib = I2 – I1 = 25,46 ∠ 135o A
Ic = I2 = 42,75 ∠ – 155,1o A
b) Calculamos a potência complexa absorvida pela carga. Para a fase A, temos:
SA = |Ia|² . ZA = (56,78)² . (j5) = j16 . 120 VA
Para a fase B:
SB = |Ib|² . ZB = (25,46)² . (10) = 6.480 VA
Já para a fase C:
SC = |Ic|² . ZC = (42,75)² . (– j10) = – j18.276 VA
A potência complexa total absorvida pela carga (SL) é de:
SL = SA + SB + SC = 6.480 – j2.156 VA
c) Podemos confirmar esse resultado encontrando a potência fornecida pela
fonte. Para a fonte de tensão na fase A:
Sa = – Van.Ia* = – (120 ∠ 0o) . (56,78) = – 6.813,6 VA
Para a fonte na fase B:
Sb = – Vbn . Ib* = – (120 ∠ –120o) . (25,46 ∠ –135o) = 790 – j2 . 951,1 VA
Para a fonte na fase C:
Sc = – Vcn . Ic* = – (120 ∠ 120o) . (42,75 ∠ 155,1o) = – 456,03 + j5 . 109,7 VA
A potência complexa total fornecida pela fonte trifásica (SS) é de:
SS = Sa + Sb + Sc = – 6.480 + j2156 VA
Assim, verifica-se que Ss + SL = 0, o que confirma o princípio da conservação de
energia para o circuito estudado.
190
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
3 ANÁLISE DE SISTEMAS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
Nesse momento, analisaremos o sistema trifásico (Figura 21) composto
por uma fonte equilibrada em Y ligada a quatro fios a uma carga em Y
desequilibrada. Ressalta-se que não é possível trabalhar a partir do circuito
monofásico equivalente por causa do desequilíbrio das fases. Assim, veremos a
análise do circuito original utilizando o método das correntes de malha.
FIGURA 21 – CIRCUITO Y-Y DESEQUILIBRADO
FONTE: Os autores
Nesse circuito, consideraremos as seguintes características: a sequência de
fases é positiva; a tensão da fase A é VA = 220 ∠ 0o V; a impedância de cada uma
das quatro linhas é Zlinha = 0,5 + j0,8 Ω; as impedâncias de carga são: ZA = 3 + j4 Ω,
ZB = 6 – j6 Ω e ZC = 4 + j2 Ω. Para conhecer as correntes nas quatro linhas e a
potência complexa entregue pela fonte, inicialmente deve-se definir as correntes
de malha I1, I2 e I3, conforme mostrado na Figura 22.
FIGURA 22 – DEFINIÇÃO DAS CORRENTES DE MALHA NO CIRCUITO
FONTE: Os autores
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
191
Em seguida, obtemos o conjunto de equações que definem esse sistema
desequilibrado:
Resolvendo esse sistema, chegamos aos seguintes valores para as correntes
de malha:
I1 = 33,60 ∠ –56,17o A
I2 = 13,86 ∠ –89,72o A
I3 = 42,36 ∠ –86,33o A
As correntes nas linhas do circuito podem ser calculadas a partir dessas
correntes de malha. Analisando o sentido das correntes no circuito, temos:
IAa = – I1 = 33,60 ∠ 123,86o A
IBb = I2 – I3 = 28,54 ∠ 95,32o A
ICc = – I3 = 42,36 ∠ 93,67o A
INn = I1 – I2 = 23,34 ∠ –37,01o A
As potências complexas das fontes de cada fase podem ser calculadas
como:
SA = VA . IAa* = 220 ∠ 0o × 33,60 ∠ 123,86o = 7.392 ∠ –123,86o VA
SB = VB . IBb* = 6.278,8 ∠ 144,68o VA
SC = VC . ICc* = 9.319,2 ∠ 26,33o VA
A potência complexa total é:
ST = SA + SB + SC = 1.852,6 ∠ 118,69o VA
Deve-se repetir a análise para o mesmo circuito, mas sem a presença do
condutor neutro.
192
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
FIGURA 23 – CIRCUITO Y-Y DESEQUILIBRADO SEM NEUTRO
FONTE: Os autores
SA = VA . IAa* = 220 ∠ 0o × 23,70 ∠ –51,73o = 5.214,0 ∠ –51,73o VA
SB = VB . IBb* = 220 ∠ –120o × 31,82 ∠ –96,95o = 7.000,4 ∠ 143,5o VA
SC = VC . ICc* = 220 ∠ 120o × 51,36 ∠ –102,15o = 11.299 ∠ –137,85o VA
ST = 13.135,2 ∠ –145,12o VA
No próximo exemplo, analisaremos um sistema trifásico desequilibrado
com carga em Δ.
Exemplo 14: um sistema trifásico a três fios, com tensão de linha de 240 volts,
sequência de fases ABC, possui uma carga conectada em delta com as seguintes
impedâncias: ZAB = 10 ∠ 0o Ω, ZBC = 10 ∠ 30o Ω e ZCA = 15 ∠ –30o Ω. Calcule as três
correntes de linha IA, IB e IC, e desenhar seu diagrama fasorial.
CIRCUITO TRIFÁSICO DESEQUILIBRADO COM CARGA EM DELTA
FONTE: Os autores
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
193
Resolução: as correntes de fase podem ser calculadas como:
Já as correntes de linha podem ser calculadas a partir das correntes de fase,
aplicando-se a Lei de Kirchhoff das correntes:
IA = IAB + IAC = 24 ∠ 120o – 16 ∠ 270o = 38,7 ∠ 108,1o A
IB = IBA + IBC = –24120o + 24 ∠ –30o = 46,4 ∠ – 45o A
IC = ICA + ICB = 16270o – 24 ∠ –30o = 21,2 ∠ 190,9o A
O diagrama fasorial fica representado conforme a figura a seguir:
DIAGRAMA FASORIAL DAS CORRENTES E TENSÕES
FONTE: Os autores
O próximo exemplo apresenta um circuito desequilibrado com carga em
Y a quatro fios.
194
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Exemplo 15: um circuito trifásico a quatro fios, sequência CBA, com
carga ligada em Y possui as seguintes tensões de fase: VAN = 120 ∠ –90o V,
VBN = 120 ∠ 30o V, e VCN = 120 ∠ 150o V. As impedâncias são: ZA = 6 Ω, ZB = 5,20 +
j3,00 Ω e ZC = 3,54 + j3,54 Ω. Calcule as correntes das fases A, B, C e do neutro,
e desenhe o diagrama fasorial.
CIRCUITO TRIFÁSICO DESEQUILIBRADO A QUATRO FIOS COM CARGA EM Y
FONTE: Os autores
Solução: as correntes nas fases podem ser calculadas por:
A corrente IN é a soma fasorial das três correntes de fase:
IN = – (IA + IB + IC) = 14,1 ∠ –166,9° A
Já o diagrama fasorial das tensões e correntes do circuito é apresentado na
figura:
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
195
DIAGRAMA FASORIAL DO CIRCUITO Y A QUATRO FIOS DESEQUILIBRADO
FONTE: Os autores
Sobre esse sistema, podemos concluir que:
• a corrente no neutro não é nula quando a carga é desequilibrada;
• as tensões aplicadas sobre a carga de cada fase são iguais em módulo (as
tensões são equilibradas);
• as correntes em cada fase possuem módulos diferentes e seu ângulo de
defasagem entre fases não é 120°.
O próximo exemplo mostra um circuito trifásico sem neutro, com carga
desequilibrada conectada em Y.
196
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Exemplo 16: para o circuito da figura a seguir, calcule as tensões sobre cada
impedância de carga, as correntes de fase e também a tensão entre o neutro da
fonte “N” e o ponto comum às impedâncias “O”.
Dados: as tensões de linha são VAB = 208 ∠ 240o V e VBC = 208 ∠ 0o V, e as
impedâncias são ZA = 6 ∠ 0o Ω; ZB = 6 ∠ 30o Ω e ZC = 5 ∠ 45o Ω.
CIRCUITO DESEQUILIBRADO COM CARGA EM Y SEM NEUTRO
FONTE: Os autores
Solução: esse circuito pode ser facilmente resolvido aplicando-se a Lei das
Correntes de Malha (indicadas por I1 e I2 da figura).
Assim, a partir dessas duas malhas, é possível montar o seguinte sistema de
equações:
Desse sistema, obtém-se I1 = 23,3 ∠ 261,1o A e I2 = 26,5 ∠ –63,4o A.
As correntes de cada fase/linha podem ser calculadas:
IA = I1 = 23,3 ∠ 261,1o A
IB = I2 – I1 = 15,45 ∠ –2,5o A
IC = –I2 = 26,5 ∠ 166,6o A
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
197
As tensões sobre cada impedância da carga podem ser calculadas pela
aplicaçãoda Lei de Ohm:
VAO = IA . ZA = 139,8 ∠ 261,1o V
VBO = IB . ZB = 92,7 ∠ 27,5o V
VCO = IC . ZC = 132,5 ∠ 161,6o V
A tensão VON pode ser calculada pela soma das quedas de tensão de um
caminho qualquer no circuito. Por isso, vamos utilizar o circuito parcial
mostrado na figura a seguir, bem como a fase A para a obtenção de VON.
CIRCUITO DE APOIO PARA O CÁLCULO DE V
ON
FONTE: Os autores
Assim, iniciando a soma das tensões pelo ponto N e seguindo o sentido
horário, temos:
– VAN + VAO + VON = 0
Isso nos leva a concluir que:
VON = VAN – VAO = 28,1 ∠ 39,8o V
Assim, fica claro que, num circuito trifásico desequilibrado com cargas em Y
sem neutro, as tensões aplicadas sobre as cargas também ficam desequilibradas.
Além disso, o ponto em comum das cargas (ponto O) apresenta uma diferença
de tensão em relação ao neutro da fonte (ponto N).
198
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
LEITURA COMPLEMENTAR
A GUERRA DAS CORRENTES – UMA GUERRA QUE MUDOU A
ENERGIA DO MUNDO
Joabson João
Conhecendo as correntes
A Corrente Contínua é a eletricidade que flui constantemente de um
polo a outro (do negativo para o positivo), seu exemplo é observado em pilhas e
baterias.
Os sistemas de Corrente Contínua, por serem de maior tensão, devem ser
monitorados de perto, para evitar o fenômeno conhecido como “Arco Voltaico”,
que, com uma pequena falha do equipamento, como um cabo danificado ou
conexão elétrica solta, representa um risco significativo de incêndio e choques
elétricos – tal fenômeno pode ocorrer pelo fato da corrente ser constante é difícil
de pará-la.
A primeira central elétrica foi construída em 1882, em Nova York, por
Thomas Edison, usando Corrente Contínua. A energia flui do gerador direto para
as casas, com baixa tensão. No entanto, a distância entre as casas e a usina era
de, no máximo, 800 metros. A Corrente Contínua perde potência com a distância
e exige cabos mais robustos, que, por necessitarem ser de cobre puro, torna o
sistema caro.
Na Corrente Alternada, os polos são invertidos dezenas de vezes por
segundo, e a eletricidade corre em zigue-zague.
A guerra das correntes
Tesla fora empregado da Companhia de Iluminação Edison entre 1882
e 1885. Em 1885, ele tentou apresentar seu revolucionário projeto de Motor de
Corrente Alternada para Edison, junto a todo um novo esquema de geração e
distribuição – mas foi em vão.
Em 1886, Edison ofereceu a Tesla 50 mil dólares se conseguisse melhorar
seus geradores de Corrente Contínua. Tesla trabalhou obsessivamente e entregou
os resultados. Ao cobrar a fatura, ouviu de Edison que era brincadeira: “Tesla,
você não entende o humor americano”. Imediatamente, Tesla apresentou sua
demissão. Edison, no fundo, estava muito mais preocupado com Westinghouse,
um concorrente direto nos negócios, do que com Tesla.
TÓPICO 3 — CIRCUITOS TRIFÁSICOS DESEQUILIBRADOS
199
Em 15 de abril de 1888, um menino topou com um cabo solto pela
tempestade e foi eletrocutado. “Na primavera de 1888, a morte por cabo elétrico
se tornou, pela primeira vez, uma imensa preocupação da imprensa nova-
iorquina”, afirma Jill Jonnes. Além da morte do menino, diversos trabalhadores,
tentando entender o emaranhado, também morreram e esses cabos perigosos
eram da Corrente Alternada, e a população começaria a associar a eletricidade de
alta tensão com perigo e morte.
Em 5 de junho de 1889, o engenheiro Harold Brown iniciou sua cruzada
aparentemente pessoal contra a Corrente Alternada, lançando um artigo no New
York Post: “A única desculpa para o uso da fatal Corrente Alternada é que livra a
companhia que a opera de gastar uma grande quantidade de dinheiro nos cabos
de cobre mais pesados, necessários para a iluminação incandescente”. Contudo,
em 25 de agosto de 1889, Brown seria desmascarado. Num artigo no New York
Sun, foi revelado que ele estava sendo patrocinado por Edison. Todavia, a guerra
continuou.
Fim da disputa
A execução de William Kemmler, na Cadeira Elétrica, foi o auge da Guerra
das Correntes. O fracasso da eletrocussão, em se provar um meio “humano” para
executar criminosos, foi uma vitória para seus patrocinadores.
Executivos da Companhia de Iluminação Edison fizeram uma proposta
maliciosa, reproduzida pela imprensa. “Como o dínamo de Westinghouse será
usado para o propósito de executar criminosos, por que não dar a ele o benefício
desse fato nas mentes do público e falar em um criminoso ser westinghousado?”.
Com a Cadeira Elétrica, “os executivos de Edison saboreavam a mais monstruosa
das vitórias na Guerra das Correntes”, comenta Jill Jonnes.
No entanto, a batalha já estava quase perdida. Acumulando prejuízos,
pressionados pelo setor financeiro de sua empresa, pois já reconheciam que a
derrota era certa. Edison nunca aceitou a derrota para a Corrente Alternada, até
que, em 1889, pela fusão de várias empresas, foi formada a Edison General Electric,
a qual ele perdeu seu controle acionário. Contra sua vontade, a subsidiária Edison
Machine Works começou a desenvolver equipamento de Corrente Alternada.
Em abril de 1892, sua companhia foi fundida com a Thomson-Houston, que
trabalhava com Corrente Alternada. A nova empresa foi chamada de General
Electric, sem Edison.
Um mês depois da fusão, Westinghouse ganhou da General Electric a
concorrência para iluminar a Feira Mundial de Chicago. O sucesso levou a sua
companhia a ter autorização para criar a Usina Hidroelétrica de Niagara Falls,
concluída com a colaboração de Tesla.
200
UNIDADE 3 — ANÁLISE DE CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Foi um imenso triunfo da engenharia, que abriu espaço para a
universalização da Corrente Alternada. “A Guerra das Correntes terminava”,
afirma Jill Jonnes. “George Westinghouse, Nikola Tesla e a Corrente Alternada
venceram. O mundo estava prestes a mudar para sempre”.
No fim da década de 1890, a Corrente Contínua já havia perdido totalmente
a Guerra das Correntes, pois as maiores nações do mundo já investiam pesado na
Corrente Alternada.
“Uma das maiores vantagens comerciais da Corrente Alternada era o fato
de ela permitir a transmissão de energia a longa distância, algo que a Corrente
Contínua de Edison não podia fazer” (M. SCHIFFER, POWER STRUGGLEs, 2008).
FONTE: Adaptado de <https://dunapress.org/2020/02/08/a-guerra-das-correntes-uma-guerra-
-que-mudou-a-energia-do-mundo/>. Acesso em: 1 dez. 2020.
201
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Um sistema trifásico pode ser desequilibrado devido a diferenças na carga ou
na fonte. O desequilíbrio nas cargas é a situação mais comum.
• Num sistema trifásico desequilibrado com neutro, a corrente de neutro não é
nula.
• Mesmo que as tensões fornecidas pela fonte trifásica sejam equilibradas, um
sistema com cargas em desequilíbrio pode causar o aparecimento de diferentes
tensões nas cargas de cada fase.
• Num sistema trifásico desequilibrado, não pode ser analisado pelo circuito
monofásico equivalente. Para esses casos, é necessário utilizar as técnicas de
análise nodal ou por malhas.
• O desequilíbrio num sistema trifásico também afeta as potências em cada fase.
Assim, a potência total (na carga ou na fonte) só pode ser calculada a partir da
soma das potências de cada fase.
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CHAMADA
202
1 Considere o sistema trifásico desequilibrado da figura a seguir:
FONTE: Boylestad (2012, p. 861)
a) Calcule o módulo das tensões em cada fase na carga.
b) Calcule o módulo das correntes em cada fase na carga.
c) Determine a potência média, reativa, aparente e o fator de potência do
sistema.
d) Determine as correntes de fase.
e) Utilizando os resultados do item c, calcule a corrente no neutro.
2 Para o sistema trifásico de três fios mostrado na figura a seguir, determine
as correntes de linha IA, IB e IC.
FONTE: Adaptadade Boylestad (2012, p. 861)
AUTOATIVIDADE
203
3 Considere o circuito trifásico com uma carga desequilibrada conectada em
delta da figura a seguir:
FONTE: Os autores
Determine:
a) As correntes de fase IBA, IAC e ICB.
b) As correntes de linha IA, IB e IC.
c) O diagrama fasorial das correntes e tensões.
204
205
REFERÊNCIAS
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall; 2012.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. Circuitos elétricos. 8. ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall; 2009.
UNBALANCED three-phase systems full analysis. Wira Electrical. [S. l.], c2020.
Disponível em: https://wiraelectrical.com/unbalanced-three-phase-systems/.
Acesso em: 2 dez. 2020.