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Apostila do CP e CPM - 2007

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SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO................................................................................................
07
1.1
Conceito de Direito Penal...............................................................................
07
2.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL..........................................................................
07
2.1
Princípio da Legalidade...............................................................................
07
2.2
A Lei Penal no Tempo..................................................................................
07
2.2.1
Novatio Legis Incriminadora ..........................................................................
07
2.2.2
Abolitio Criminis .............................................................................................
07
2.2.3
Novatio Legis In Pejus ...................................................................................
07
2.2.4
Novatio Legis In Mellius .................................................................................
08
2.3
Tempo do Crime...........................................................................................
08
2.4
A Lei Penal no Espaço.................................................................................
08
2.4.1
Território Nacional..........................................................................................
08
2.4.2
Embarcações e Aeronaves............................................................................
08
2.4.3
Hipóteses de não-incidência da lei a fatos cometidos no Brasil.....................
09
2.4.3.1
Imunidades Diplomáticas ...............................................................................
09
2.4.3.2
Imunidades Parlamentares.............................................................................
09
1.5
Lugar do Crime.............................................................................................
11
3.
TEORIA GERAL DO CRIME..........................................................................
11
3.1
Conceito de Crime........................................................................................
11
3.2
Conceito de Crime Militar............................................................................
11
3.2.1
Crime Militar Próprio.......................................................................................
11
3.2.2
Crime Militar Impróprio...................................................................................
12
3.3
Os sujeitos e os objetos do crime..............................................................
12
3.3.1
Sujeito Ativo do Crime....................................................................................
12
3.3.2
Sujeito Passivo do Crime................................................................................
13
3.3.3
Objeto Jurídico do Crime................................................................................
13
3.4
Da Capacidade Penal...................................................................................
14
3.5
Punibilidade..................................................................................................
14
4.
FATO TÍPICO.................................................................................................
14
4.1
Conduta.........................................................................................................
14
4.2
Caso Fortuito ou Força Maior......................................................................
14
4.3
Do crime consumado...................................................................................
14
4.3.1
Iter criminis......................................................................................................
15
4.3.1.1
Cogitação........................................................................................................
15
4.3.1.2
Atos Preparatórios e atos de execução..........................................................
15
4.4
Da Tentativa..................................................................................................
15
4.4.1
Espécies de Tentativa....................................................................................
15
4.4.2
Infrações que não admitem tentativa.............................................................
16
4.4.3
Pena da Tentativa..........................................................................................
16
4.5
Da Desistência Voluntária, Arrepdendimento Eficaz e Arrepdendimento Posterior.........................................................................
16
4.5.1
Desistência Voluntária....................................................................................
17
4.5.2
Arrependimento Eficaz...................................................................................
17
4.5.3
Arrependimento Posterior..............................................................................
17
4.6
Crime Doloso................................................................................................
17
4.6.1
Espécies de dolo............................................................................................
17
4.7
Crime Culposo..............................................................................................
18
4.7.1
Modalidades de Culpa....................................................................................
18
4.8
Crime Preterdoloso.......................................................................................
19
4.9
Erro de Tipo...................................................................................................
19
4.9.1
Erro e Ignorância............................................................................................
19
4.9.2
Classificação do Erro de Tipo.........................................................................
19
4.9.3
Erro sobre a Pessoa.......................................................................................
19
4.9.4
Aberratio Ictus.................................................................................................
10
4.9.5
Aberratio Delecti ou Criminis..........................................................................
21
5.
A ANTIJURICIDADE.......................................................................................
21
5.1
Estado de Necessidade................................................................................
22
5.2
Legítima Defesa............................................................................................
22
5.3
Estrito Cumprimento do Dever Legal.........................................................
23
5.4
Exercício Regular de Direito........................................................................
23
5.5
Excesso nas causas justificativas..............................................................
24
6.
CULPABILIDADE............................................................................................
24
6.1
Imputabilidade Penal....................................................................................
24
6.1.1
Actio Lebera In Causa....................................................................................
24
6.1.2
Causas de Excludentes de Imputabilidade.....................................................
25
6.1.2.1
Doença Mental................................................................................................
25
6.1.2.2
Desenvolvimento Mental Incompleto..............................................................
25
6.1.2.2.1
Tempo da Menoridade....................................................................................
25
6.1.2.2.2
Legislação Especial........................................................................................
25
6.1.2.3
Desenvolvimento Mental Retardado...............................................................
27
6.1.2.4
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior................
27
6.1.3
Semi-Imputabilidade ou Imputabilidade diminída...........................................27
6.2
Potencial de consciência e ilicitude...........................................................
28
6.3
Exigibilidade de conduta diversa................................................................
28
6.3.1
Coação Física Irresistível...............................................................................
28
6.3.2
Coação Moral Irresistível................................................................................
28
6.3.4
Obediência Hierárquica..................................................................................
29
6.4
A Emoção e a Paixão....................................................................................
29
7.
DA SANÇÃO PENAL......................................................................................
29
7.1
Conceito.........................................................................................................
29
7.2
Classificação.................................................................................................
30
7.3
Das Penas Privativas de Liberdade............................................................
30
7.3.1
Progressão de Regime...................................................................................
31
7.3.2
Regressão de Regime Aberto........................................................................
31
7.3.3
Regime Especial.............................................................................................
32
7.3.4
Remição..........................................................................................................
32
7.3.5
Superveniência de Doença Mental.................................................................
33
7.3.6
Detração Penal...............................................................................................
34
7.4
Das Penas Restritivas de Direito.................................................................
34
7.4.1
Espécies.........................................................................................................
34
7.4.1.1
Prestação Pecuniária......................................................................................
34
7.4.1.2
Perda de Bens e Valores................................................................................
35
7.4.1.3
Prestação de Serviço à Comunidade ou Entidade Pública............................
35
7.4.1.4
Interdição Temporária de Direitos..................................................................
36
7.4.1.5
Limitação de Fim de Semana.........................................................................
36
7.4.2
Conversão das Penas Restritivas de Direito..................................................
36
7.5
Da Pena de Multa..........................................................................................
37
7.5.1
Critérios da Cominação..................................................................................
37
7.5.2
Fixação da Multa............................................................................................
38
7.5.3
Impossibilidade da Conversão da Multa.........................................................
38
7.6
Das Medidas de Segurança.........................................................................
38
7.6.1
Espécies de Medidas de Segurança..............................................................
39
7.7
Circunstâncias..............................................................................................
40
7.7.1
Circunstâncias Agravantes.............................................................................
40
7.7.2
Circunstâncias Atenuantes............................................................................. 
41
8.
DAS PENAS NO CÓDIGO PENAL MILITAR.................................................
41
8.1
Das Penas Principais...................................................................................
41
8.2
Da Pena de Morte.........................................................................................
42
8.3
Pena até dois anos aplicada a militar e separação de praças especiais e graduadas...................................................................................................
42
8.4
Pena de Impedimento...................................................................................
43
8.5
Pena de Suspensão do exercício do Posto, Graduação, Cargo ou Função...........................................................................................................
43
8.6
Da Aplicação da Pena..................................................................................
44
8.7
Circunstâncias Agravantes.........................................................................
45
8.8
Circunstâncias Atenuantes.........................................................................
46
8.9
Das Penas Acessórias.................................................................................
46
8.9.1
Da Perda do Posto.........................................................................................
47
8.9.2
Indignidade para o Oficialato..........................................................................
47
8.9.3
Incompatibilidade com o Oficialato.................................................................
48
8.9.4
Exclusão das Forças Armadas.......................................................................
48
8.9.5
Perda da Função Pública...............................................................................
49
8.9.6
Inabilitação para o Exercício de Função Pública............................................
49
9.
AÇÃO PENAL.................................................................................................
49
9.1
Conceito.........................................................................................................
49
9.2
Classificação das Ações..............................................................................
50
9.2.1
Ação Penal Pública Incondicionada...............................................................
50
9.2.2
Ação Penal Pública Condicionada.................................................................
50
9.2.3
Ação Penal Privada........................................................................................
50
10.
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA..............................................................
51
10.1
Homicídio......................................................................................................
51
10.1.1
Homicídio Simples.........................................................................................
53
10.1.2
Homicídio Privilegiado....................................................................................
53
10.1.3
Homicídio Qualificado.....................................................................................
53
10.1.4
Homicídio Culposo..........................................................................................
55
10.1.5
Homicídio Culposo Qualificado.......................................................................
55
10.1.6
Perdão Judicial...............................................................................................
56
10.2
Induzimento, Instigação ou Auxílio ao Suicídio........................................
56
10.2.1
Formas Qualificadoras....................................................................................
57
10.3
Infanticídio.....................................................................................................
57
10.4
Aborto............................................................................................................
58
10.4.1
Aborto Provocado pela gestante ou com seu consentimento........................
58
10.4.2
Aborto Provocado por terceiro........................................................................
58
10.4.3
Forma Qualificada..........................................................................................
59
10.4.4
Aborto Necessário..........................................................................................60
10.5
Lesões Corporais.........................................................................................
61
10.6
Da Periclitação da Vida e da Saúde............................................................
63
10.6.1
Perigo de Contágio Venério e Perigo de Contágio de Moléstia.....................
63
10.6.2
Abandono de Incapaz.....................................................................................
63
10.6.3
Exposição ou Abandono de Recém Nascido.................................................
64
10.6.4
Omissão de Socorro.......................................................................................
65
10.7
Rixa................................................................................................................
66
10.8
Dos Crimes Contra a Honra.........................................................................
66
10.8.1
Calúnia............................................................................................................
67
10.8.2
Difamação.......................................................................................................
67
10.8.3
Injúria..............................................................................................................
68
10.8.3.1
Injúria Real......................................................................................................
69
10.8.4
Retratação......................................................................................................
69
10.9
Dos Crime Contra a Liberdade Individual..................................................
69
10.9.1
Constrangimento Ilegal...................................................................................
69
10.9.2
Ameaça ..........................................................................................................
70
10.9.3
Seqüestro e Cárcere Privado.........................................................................
70
10.10
Violação de Domicílio...................................................................................
71
11.
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO.....................................................
74
11.1
Furto...............................................................................................................
74
11.1.1
Furto Noturno..................................................................................................
75
11.1.2
Furto Privilegiado............................................................................................
75
11.1.3
Furto de Energia.............................................................................................
75
11.1.4
Furto Qualificado............................................................................................
76
11.1.4.1
Rompimento de Obstáculo.............................................................................
76
11.1.4.2
Abuso de Confiança, Mediante Fraude, Escalada ou Destreza.....................
76
11.1.4.2.1
Abuso de Confiança.......................................................................................
76
11.1.4.2.2
Mediante Farude.............................................................................................
77
11.1.4.2.3
Escalada.........................................................................................................
77
11.1.4.2.4
Destreza.........................................................................................................
77
11.1.4.3
Chave Falsa....................................................................................................
77
11.1.4.4
Concurso de duas ou mais pessoas...............................................................
77
11.1.5
Furto de Veículo Automotor............................................................................
78
11.2
Furto de Coisa Comum................................................................................
78
11.3
Roubo............................................................................................................
79
11.3.1
Roubo Qualificado..........................................................................................
80
11.3.1.1
Emprego de Arma...........................................................................................
80
11.3.1.2
Concurso de duas ou mais pessoas...............................................................
80
11.3.1.3
Transporte de Valores....................................................................................
81
11.3.1.4
Subtração de Veículo Automotor....................................................................
81
11.3.1.5
Seqüestro.......................................................................................................
81
11.3.2
Roubo do § 3° do Art. 157 do Código Penal...................................................
81
11.3.2.1
Roubo e Lesões Corporais.............................................................................
81
11.3.2.2
Latrocínio........................................................................................................
82
11.4
Extorsão Mediante Seqüestro.....................................................................
82
11.4.1
Formas Qualificadoras....................................................................................
83
11.4.2
Figuras Qualificadas pelo Resultado..............................................................
83
11.4.3
Delação Premiada..........................................................................................
84
11.5
Dano...............................................................................................................
84
11.6
Apropriação Indébita....................................................................................
85
11.7
Estelionato....................................................................................................
86
11.7.1
Disposição de Coisa Alheia como Própria.....................................................
86
11.7.2
Fraude para Recebimento de Indenização ou valor de seguro......................
87
11.7.3
Fraude no Pagamento por Meio de Cheque..................................................
87
11.8
Receptação....................................................................................................
88
11.8.1
Receptação Qualificada na Atividade Comercial e Industrial.........................
88
11.8.2
Receptação Culposa......................................................................................
88
11.8.3
Receptação Qualificada pelo Objeto Material................................................
89
12.
DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES.....................................................
89
12.1
Estupro..........................................................................................................
89
12.2
Atentado Violento ao Pudor........................................................................
90
12.3
Assédio Sexual.............................................................................................
91
12.4
Favorecimento à Prostituição.....................................................................
92
12.4.1
Formas Qualificadas.......................................................................................
93
12.5
Casa de Prostituição....................................................................................
93
12.6
Tráfico de Mulheres......................................................................................
94
13.
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA.....................................................
95
13.1
Quadrilha ou Bando.....................................................................................
95
13.1.1
Quadrilha ou Bando Armado..........................................................................
96
13.1.2
Crime Hediondo..............................................................................................
96
13.1.3
Delação Premiada..........................................................................................96
14.
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA........................................................
96
14.1
Moeda Falsa..................................................................................................
96
14.1.1
Crime Privilegiado...........................................................................................
96
14.1.2
Fabricação ou Emissão com Fraude ou Excesso..........................................
97
14.1.3
Desvio e circulação não autorizada................................................................
97
14.2
Falsidade Ideológica....................................................................................
98
15.
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA..............................
98
15.1
Peculato.........................................................................................................
98
15.1.1
Peculato Furto................................................................................................
101
15.1.2
Peculato Culposo............................................................................................
100
15.1.3
Reparação do dano no Peculato Culposo......................................................
100
15.2
Concussão....................................................................................................
100
15.2.1
Excesso de Exação........................................................................................
101
15.2.2
Excesso de Exação na Qualificado................................................................
101
15.3
Corrupção Passiva.......................................................................................
102
15.3.1
Corrupção Passiva Qualificada......................................................................
103
15.3.2
Corrupção Passiva Privilegiada......................................................................
103
15.4
Prevaricação.................................................................................................
103
16.
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL......................................................................
103
16.1
Resistência....................................................................................................
104
16.1.1
Resistência Qualificada..................................................................................
104
16.2
Desobediência..............................................................................................
104
16.3
Desacato........................................................................................................
105
16.4
Corrupção Ativa............................................................................................
106
16.4.1
Corrupção Ativa Qualificada...........................................................................
106
16.5
Contrabando ou Descaminho......................................................................
106
16.5.1
Contrabando ou descaminho por Assimilação...............................................
107
16.5.2
Forma Qualificada..........................................................................................
108
17.
DOS CRIMES PROPRIAMENTE MILITARES...............................................
108
17.1
Do Motim e da Revolta.................................................................................
109
17.2
Da Aliciação para o Motim e Revolta..........................................................
109
17.3
Incitamento....................................................................................................
110
17.4
Violência Contra Superior............................................................................
110
17.5
Violência Contra Militar de Serviço.............................................................
111
17.6
Desrespeito a Superior e Desrespeito a Comandante, Oficial-General ou Oficial de Serviço....................................................................................
112
17.7
Desrespeito a Símbolo Nacional.................................................................
112
17.8
Da Insubordinação.......................................................................................
113
17.9
Reunião Ilícita...............................................................................................
114
17.10
Publicação ou Crítica Indevida....................................................................
114
17.11
Da Deserção..................................................................................................
115
17.12
Do Abandono do Posto................................................................................
116
17.13
Embriaguez em Serviço...............................................................................
116
17.14
Dormir em Serviço........................................................................................
117
17.15
Pederastia ou outro Ato de Libidinagem....................................................
118
17.16
Desaparecimento, Consunção ou Extravio................................................
118
17.17
Inobservância de Lei, Regulamento ou Instrução.....................................
119
18.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................
120
1. INTRODUÇÃO
1.1 Conceito de Direito Penal
Conforme esclarece Ricardo Antônio ANDREUCCI
 “o Direito Penal pode ser conceituado como o conjunto de normas jurídicas que estabelecem as infrações penais, fixam sanções e regulam as relações daí derivadas.
Cumpre ao Direito Penal selecionar as condutas humanas consideradas lesivas à coletividade, transformando-as em modelos de comportamento proibido, denominados crimes, e estabelecendo punições para quem os infringir, chamadas sanções penais.”
2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL
2.1 Princípio da Legalidade
O princípio da legalidade (da Reserva Legal) está inscrito no artigo 1° do Código Penal:
“Art. 1º do CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.”
Na Constituição Federal de 1988 em seu art. 5° inciso XXXIX dispõe que:
“Art. 5º da CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;”
Pelo princípio da legalidade alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime. Ainda que o fato seja imoral, anti-social ou danoso, não haverá possibilidade de se punir o autor, sendo irrelevante a circunstância de entrar em vigor, posteriormente, uma lei que o preveja como crime. 
2.2 A Lei Penal no Tempo
Havendo conflito de lei penais com o surgimento de novos preceitos jurídicos após a prática do fato delituoso, será aplicada sempre a lei mais favorável. Isso significa que a lei penal mais benigna tem extratividade (é retroativa ou ultrativa) e, a contrário sensu, a lei mais severa não tem extratividade (não é retroativa ou ultrativa).
2.2.1 Novatio Legis Incriminadora
A lei penal é irretroativa, evidentemente a lei nova não poderá ser aplicada a fato cometido antes de sua vigência.
2.2.2 Abolitio Criminis
Lei nova já não considera mais tal crime, ocorrerá a aplicação do princípio da retroatividade da lei mais benigna.
2.2.3 Novatio Legis In Pejus
A nova lei é mais severa que a anterior, tal norma não será aplicada. Em caso de conflito temporal de lei, deve-se aplicar-se a época do crime, se as penas nela previstas forem mais favoráveis ao réu. 
2.2.4 Novatio Legis In Mellius
A lei nova é mais favorável que a anterior, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitado em julgado, cassa-se a que foi imposta em regime anterior.
2.3 Tempo do Crime
É importante para fins de aplicaçãoda lei penal, a determinação da lei vigente no dia do crime, e para aferição da imputabilidade do agente no momento do crime (se era maior de idade se era mentalmente capaz). O Código Penal adota a teoria mista considerando como momento do crime a ação ou omissão. Exemplo: se o agente atira na vitima e esta vem a falecer no hospital, um mês depois, o momento do crime é aquele em que houve a ação de atirar (conduta), e não o dia do seu resultado (morte). 
2.4 A Lei Penal no Espaço 
O Código Penal no seu artigo 5° acolhe o princípio da territorialidade, pelo qual a lei penal brasileira é aplicada em nosso território, independentemente da nacionalidade do autor e da vitima do delito.
“Art. 5º do CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.”
2.4.1 Território Nacional 
Para Julio Fabbrini MIRABETE
 o território nacional alcança todo espaço (terrestre, fluvial, marítimo e aéreo), quando rios ou lagos fronteiriços a soberania costuma fixar por tratados ou convenções, quanto ao mar territorial brasileiro o seu limite compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo Brasil (art. 1°da lei n° 8.617/93). O espaço aéreo brasileiro é delimitado por linhas imaginárias que se situam perpendicularmente aos limites do território físico, incluindo o mar territorial (Art. 11 do Código Brasileiro da Aeronáutica, Lei n° 7.565/86). 
2.4.2 Embarcações e Aeronaves
São considerados públicos aqueles de guerra ou em serviço militar, bem como os que estão a serviço oficial. São privados quando mercantes ou de propriedade particular.
São extensão do território nacional:
a) os navios e aviões públicos brasileiros, onde quer que se encontrem, mesmo que se achem em país estrangeiro;
b) os navios ou aviões brasileiros particulares, quando em alto-mar ou em espaço aéreo correspondente ao alto-mar.
2.4.3 Hipóteses de não-incidência da lei a fatos cometidos no Brasil
Conforme descreve Ricardo Antonio ANDREUCCI
 o Art. 5° do Código Penal, ao adotar o princípio da territorialidade temperada, ressalvou as convenções, tratados e regras de direito internacional. 
Nesse aspecto, temos as imunidades diplomáticas, decorrentes de convenção internacional, e as imunidades parlamentares, decorrentes de regras internas previstas na Constituição Federal. 
2.4.3.1 Imunidades Diplomáticas 
Fernando CAPEZ
 relata que o diplomata é dotado de inviolabilidade pessoal, pois não pode ser preso, nem submetido a qualquer procedimento ou processo, sem autorização de seu país. Embora as sedes diplomáticas não sejam mais consideradas extensão do território do país em que se encontram, são dotadas de inviolabilidade como garantia dos representantes estrangeiros, não podendo ser objeto de busca, requisição, embargo ou medida de execução (Convenção de Viena, de 18 de abril de 1961, aprovada pelo Decreto Legislativo n° 103, de 1964, e ratificada em 23 de fevereiro de 1965). Por essa razão, as autoridades locais e seus agentes ali não podem penetrar sem o consentimento do diplomata, mesmo nas hipóteses legais. Não haverá inviolabilidade, contudo, se o crime for cometido no interior de m desses locais por pessoa estranha à legação. 
Conforme esclarece Julio Fabbrini MIRABETE
, as imunidades diplomáticas referem-se “a qualquer delito” e os entes abrangidos pela imunidade são os seguintes: 
a) agentes diplomáticos (embaixador, secretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações);
b) componentes da família dos agentes diplomáticos;
c) funcionários das organizações internacionais (ONU, OEA, etc.) quando em serviço;
d) chefe de Estado estrangeiro que visita o País, inclusive os membros de sua comitiva. 
Os empregados particulares dos agentes diplomáticos não gozam de imunidade, ainda que sejam da mesma nacionalidade deles.
2.4.3.2 Imunidades Parlamentares
Ricardo Antônio ANDREUCCI
 cita que as imunidades parlamentares, por seu turno, dizem respeito a determinadas prerrogativas conferidas por lei ao Poder Legislativo, com a finalidade de assegurar o livre exercício de suas funções de representante da sociedade. As imunidades parlamentares vêm reguladas pelo Art. 53 da Constituição Federal. 
Art. 53 da CF - Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos
.
§ 1º - Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
§ 2º - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
§ 3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
§ 4º - O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º - A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
§ 6º - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
§ 7º - A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva.
§ 8º - As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida
 As imunidades relativas à prisão conforme se estabelece na Constituição Federal, o parlamentar nunca poderá ser preso por crime afiançável, sendo certo que, para o crime inafiançável, somente caberá a prisão em flagrante delito, descabendo qualquer outro tipo de prisão, cautelar ou civil.
 Serão considerados crimes inafiançáveis, segundo o artigo 323 do Código de Processo Penal, aqueles cuja pena mínima é de dois anos de reclusão, os enquadramentos nos artigos 59 (vadiagem) e 60 (mendicância) da Lei das Contravenções Penais, aqueles dolosos em que o autor já tenha sido condenado anteriormente por crime doloso e os casos que provoquem clamor público ou envolvam violência contra a pessoa ou grave ameaça. Também não gozarão do benefício da fiança os que já houverem quebrado fiança anterior, os que estiverem em situação de livramento condicional ou de suspensão condicional da pena e os casos em que as circunstâncias autorizem a decretação de prisão preventiva. Se considerarmos apenas os casos em que a pena mínima é de dois anos de reclusão ou mais, são exemplos de crimes inafiançáveis além dos óbvios homicídio (doloso), estupro, extorsão e roubo o tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro,o porte ilegal de armas (quando as armas tiverem sua numeração raspada), o tráfico de crianças, a tortura, a sedução, a falsificação de moeda e o favorecimento da prostituição
. 
O mesmo fato ocorre para o Presidente da República e para os Governadores, onde há a necessidade do instituto da licença prévia da Câmara dos Deputados ou da Assembléia Legislativa. 
Também aos Deputados Estaduais as imunidades parlamentares são automaticamente deferidas por força do disposto no Art. 27, § 1°, da Constituição Federal. 
“Art. 27 da CF - O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
§ 1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.” 
Entretanto, dispõe a Súmula e do Supremo Tribunal Federal que “a imunidade concedida ao Deputado Estadual é restrita à Justiça do Estado-membro”.
Quanto aos Prefeitos, na há que se falar em imunidade penal, tendo direito somente a foro por prerrogativa de função perante os Tribunais de Justiça.
Com relação aos Vereadores, também não são eles detentores da imunidade penal, podendo ser presos em flagrante delito por crimes afiançáveis ou inafiançáveis e não sendo o processo suspenso por deliberação da Câmara de Vereadores. 
2.5 Lugar do Crime
Entende-se como lugar do crime tanto o local da conduta como o do resultado, sendo, no homicídio, aquele em que foram efetuados os disparos e também onde ocorreu a morte.
Nos crime a distância, infrações que a ação ou omissão se dá em um país e o resultado ocorre em outro, incidirá a lei brasileira desde que:
1) aqui tenham sido praticados todos ou alguns dos atos executórios (lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte);
2) ou aqui se tenha produzido o resultado do comportamento criminoso. 
3. TEORIA GERAL DO CRIME
3.1 Conceito de Crime 
MIRABETE
 cita que embora o Código Penal Brasileiro não defina o que seja crime, devem ser apresentados os seus conceitos material e formal. Assim, no sentido formal, crime é toda conduta proibida por lei sob ameaça de pena. No aspecto material, o ilícito penal pode ser típica conceituado como a conduta definida pelo legislador como contrária a uma norma de cultura reconhecida pelo estado e lesiva de bens juridicamente protegidos. No aspecto analítico, a doutrina finalista moderna tem considerado o crime como a conduta típica, antijurídica e culpável. Considera-se conduta típica a ação em sentido estrito ou a omissão, praticada com dolo ou culpa, que se ajusta ao tipo penal. A conduta típica, entretanto, só é antijurídica quando contraria o ordenamento jurídico por não estar protegida pela lei penal com exclusão da ilicitude. Culpável é a ação típica quando reprovável, ou seja, quando há imputabilidade do agente, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 
3.2 Conceito de Crime Militar
Conforme esclarece Jorge César de Assis
 é toda violação acentuada ao dever militar e aos valores das instituições militares. Distingue-se da transgressão disciplinar porque esta é a mesma violação, porém na sua manifestação elementar e simples. A relação entre crime militar e transgressão disciplinar é a mesma que existe entre crime e contravenção penal.
3.2.1 Crime Militar Próprio
Descreve Silvio Martins TEIXEIRA
, que são os chamados crimes propriamente militares aqueles cuja prática não seria possível senão por militar, porque essa qualidade do agente é essencial para que o fato delituoso se verifique. Exemplo: recusa de obediência (art. 163 do Código Penal Militar) e deserção (art. 187 do Código Penal Militar). 
3.2.2 Crime Militar Impróprio
São aqueles que estão definidos no Código Penal Castrense quanto no Código Penal Comum e, que, por um artifício legal tornam-se militares por se enquadrarem em uma das várias hipóteses do inc. II do art. 9° do diploma militar repressivo. São os crimes que o Doutor Clovis BEVILÁQUA
 chamava de crimes militares por compreensão normal da função militar, ou seja, “embora civis na sua essência, assumem feição militar, por serem cometidos por militares em sua função”. Exemplo: homicídio (art. 121 do Código Penal).
“Art. 9° do CPM – Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
II – Os crimes previstos neste código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado ou civil;
c) por militar em serviço, ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) revogado”. 
3.3 Os sujeitos e os objetos do crime
3.3.1 Sujeito Ativo do Crime
É o que pratica a conduta descrita na lei e o que, de qualquer forma, com ele colabora. Por vezes, a lei exige do sujeito ativo uma capacidade especial, ou seja, uma posição jurídica ou de fato inscrita no tipo penal (ser funcionário, médico, gestante, etc.). Diante da teoria do crime, a pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de crime, mas a Constituição Federal prevê a possibilidade de elaboração de lei para responsabilizar penalmente as pessoas morais (arts. 173, § 5° e 225, § 3°.).
“Art. 173 da CF – Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Art. 225 da CF -- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Espécies de Sujeito Ativo:
a) Comum – pode ser cometido por qualquer pessoa. A lei não exige nenhum requisito especial. Exemplo: matar alguém (art. 121 do Código Penal).
b) Especial ou Próprio – só pode ser cometida por determinada pessoa ou categoria de pessoas, como no infanticídio (só a mãe pode ser autora) e os crimes contra a Administração Pública (só funcionário público pode ser autor). Admite a co-autoria e a participação.
c) Mão Própria – só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa, como o falso testemunho (Art. 342 do Código Penal). Somente admite o concurso de agentes na modalidade de participação, uma vez que não se pode delegar a outrem a execução do crime. Exemplo: ameaça (art. 147 do Código Penal).
d) Unissubjetivo, Monossubjetivo ou Unilateral – pode ser praticado por uma só pessoa. Exemplo: infanticídio (art. 123 do Código Penal).
e) Plurissubjetivo ou Coletivo – exige mais de um sujeito ativo para sua prática. Exemplo: quadrilha, bando, etc. (art. 288 do Código Penal).
3.3.2 Sujeito Passivo do Crime
É otitular do bem jurídico lesado ou posto em risco pela conduta criminosa. Pode ser, conforme o tipo penal, o ser humano, o Estado, a pessoa jurídica e mesmo uma coletividade destituída de personalidade jurídica.
Espécies de Sujeito Passivo:
a) Comum – é genérico, não exige qualidades especiais do sujeito passivo. Exemplo: matar alguém (art. 121 do Código Penal). 
b) Próprio – exige qualidades específicas do sujeito passivo. Exemplo: infanticídio (art. 123 do Código Penal).
c) Unissubjetividade Passiva – admite a existência de um só sujeito passivo. Exemplo: matar alguém (art. 121 do Código Penal).
d) Dupla Subjetividade Passiva – exige obrigatoriedade de dois sujeitos passivos. Exemplo: violação de correspondência (art. 151 do Código Penal).
e) Plurissubjetividade Passiva – exige mais de dois sujeitos passivos. Exemplo: genocídio (Lei n° 2.889/56). 
3.3.3 Objeto Jurídico do Crime
É o bem-interesse protegido pela lei penal, ou seja, o atributo do titular sobre tudo o que é indispensável ou satisfaz à necessidade humana (vida, integridade corporal, honra, patrimônio, etc.). Incluindo-se os interesses sociais cujo titular é o Estado (saúde pública, paz pública, administração pública, etc.).
Objeto Material ou substancial é a coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Espécies do Objeto do Delito:
a) Simples – o tipo descrito é único e comporta a ofensa a um só bem jurídico. Exemplo: furto (art. 155 “caput” do Código Penal);
b) Complexo – encerra dois ou mais tipos em uma única descrição legal (em sentido estrito). Exemplo: roubo (art. 157 do Código Penal). Ou dois ou mais tipos em uma única descrição legal, complementada por uma elementar atípica (em sentido amplo). Exemplo: estupro, violência + ameaça + conjunção carnal forçada (art. 213 do Código Penal). 
3.4 Da Capacidade Penal
Para Fernando CAPEZ
, a capacidade apresenta dois momentos específicos: um “cognoscivo ou intelectual” e outro “de vontade ou volitivo”, isto é, a capacidade de compreensão do injusto a determinação da vontade conforme o sentido, agregando que somente ambos os momentos conjuntamente constituem, pois, a capacidade de culpabilidade.
3.5 A Punibilidade
A punibilidade é apenas a conseqüência jurídica do delito e não uma sua característica. Com a violação da norma penal, surge para o Estado o direito de punir o sujeito ativo da infração.
A punibilidade não é requisito do crime.
4. FATO TÍPICO
Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca, em regra um resultado, e é previsto como infração penal. Assim se A mata B em comportamento voluntário, pratica o fato típico no art. 121 do Código Penal (matar alguém) e em princípio, um crime de homicídio.
4.1 Conduta
A conduta é uma atividade que sempre tem uma finalidade. Em sentido lato, a conduta é compreendida pela ação ou omissão. Admitindo-se que o delito é uma conduta humana voluntária, com uma finalidade, devendo-se definir o crime como “fato típico”. A conduta como vimos apresenta duas formas:
a) Ação – que é a atuação humana positiva voltada a uma finalidade;
b) Omissão – que é a ausência de comportamento, a inatividade.
 A omissão é totalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
4.2 Caso Fortuito ou Força Maior
Caso fortuito é aquele que ocorre de modo inevitável, imprevisível, sem a vontade do agente, que não age com dolo ou culpa. Exemplo: problema mecânico apresentado pelo veículo, fazendo com que o motorista, sem condições de controlá-lo atropele e mate um transeunte.
A força maior pode ser caracterizada pela influência inafastável de uma ação externa. Exemplo: coação física irresistível.
Na presença de caso fortuito ou força maior inexiste fato típico.
4.3 Do crime consumado
O crime se consuma quando são preenchidos todos os elementos do tipo previsto na lei, em razão de um fato natural, conforme preceitua o art. 14, inciso I do Código Penal.
“Art. 14 do CP - Diz-se o crime:
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;”
Assim, consuma-se o homicídio com a morte da vítima, a lesão corporal com a ofensa à integridade corporal ou à saúde, o furto com o apossamento da coisa alheia móvel pelo sujeito ativo. 
Alerta Júlio Fabbrini MIRABETE
: “que não se confunde a consumação com o crime exaurido, pois neste, após a consumação, outros resultados lesivos ocorrem”. 
 Desta forma, exaure-se o crime de extorsão mediante seqüestro, com o recebimento da vantagem indevida, sendo que o crime já se consumara com o simples arrebatamento da vítima. 
4.3.1 “Iter criminis”
Para a realização do crime, há um caminho, um itinerário a percorrer entre a idéia de sua realização e a consumação. Esse caminho, a que se dá o nome de “iter criminis”, é composto de cogitação, atos preparatórios, atos de execução e consumação. 
4.3.1.1 Cogitação
A cogitação não é punida, nem mesmo a externada a terceiro, salvo quando a constitui, de per si, um fato típico. 
4.3.1.2 Atos Preparatórios e atos de execução
Os atos preparatórios são atos materiais, externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva. Também não são puníveis, a não ser quando constituem fatos típicos. Dispõe a lei, aliás, que “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. Os atos de execução, ou executórios, são os atos materiais dirigidos diretamente à prática do crime. Para distinguir entre atos preparatórios e atos de execução, a lei adotou o critério do início da realização do tipo formal, em que se dá o reconhecimento da execução quando se inicia a realização da conduta do núcleo do tipo. A tentativa só pode ser reconhecida, aliás, quando a conduta é de tal natureza que não deixa dúvida quanto à intenção do agente, exigindo-se que tenha ocorrido um ataque ao bem tutelado juridicamente. 
4.4 Da Tentativa
A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, pois o agente pratica atos de execução, mas não ocorre a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
“Art. 14 do CP - Diz-se o crime:
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.”
O elemento subjetivo da tentativa é o dolo do delito consumado, mencionado no art. 14 a “vontade” do agente. É com o fundamento no elemento subjetivo que se distingue a tentativa de homicídio, que exige ato inequívoco de matar, do crime de lesões corporais.
4.4.1 Espécies de Tentativa
Fala-se em duas espécies de tentativa: 
a) Tentativa perfeita, ou tentativa acabada, também chamada de crime falho – quando a consumação não ocorre embora o agente tenha praticado os atos suficientes para a consumação. Exemplo: agente ministra dose mortal de veneno a seu inimigo, vindo este, porém, após a ingestão, por qualquer circunstância, a se salvar. 
b) Tentativa imperfeita ou tentativa inacabada – quando o sujeito ativo não consegue praticar os atos necessários à consumação por interferência externa. Exemplo: agente mistura veneno mortal na bebida de seu inimigo, que, entretanto, não a ingere.
4.4.2 Infrações que não admitem tentativa
São elas:
a) Culposas;
b) Preterdolosas (no latrocínio tentado, o resultado morte era querido pelo agente, logo, embora qualificado pelo resultado, esse delito só poderá ser preterdoloso quando consumado);
c) Contravenções Penais;
d) Crimes Omissivos Próprios (de mera conduta);
e) Habituais (ou há a habilidade e o delito se consuma, ou não há e inexiste crime);
f) Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado (art. 122 do Código Penal);
“Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 do CP - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.”
g) Crimes em que a lei pune a tentativa como delito consumado (art. 352 do CódigoPenal).
“Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 352 do CP - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a (um) ano, além da pena correspondente à violência.”
4.4.3 Pena da Tentativa
A tentativa é punível, mesmo que não tenha ocorrido de maneira efetiva o perigo ao bem jurídico. Pela teoria objetiva adotada pelo Código, a tentativa é punida com uma pena do menor que o crime consumado, considerada a não-ocorrência do resultado lesivo. Assim, salvo disposição em contrário, a tentativa é punida com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída obrigatoriamente de um a dois terços. 
“Pena de tentativa
Parágrafo único do Art. 14 do CP - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.”
4.5 Desistência voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior
O Art. 15 do Código Penal cogita as hipóteses em que o agente desiste de prosseguir no iter criminis ou, mesmo tendo-o percorrido quase por completo, arrepende-se, impedindo que o fato se consume.
“Art. 15 do CP – O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”.
4.5.1 Desistência Voluntária
A desistência voluntária somente é possível na tentativa imperfeita. Não havendo percorrido, ainda, toda a trajetória do delito, iniciados os atos de execução, o agente pode deter-se, voluntariamente. Exemplo: o agente tem um revolver municiado com seis projéteis, efetua dois disparos contra a vítima, não a acerta e, podendo prosseguir atirando, desiste por vontade própria e vai embora.
4.5.2 Arrependimento Eficaz
O agente, após encerrar a execução do crime, impede a produção do resultado. Nesse caso, a execução vai até o final, não sendo interrompida pelo autor, no entanto, este, após esgotar a atividade executória, arrepende-se e impede o resultado. Exemplo: o agente descarrega sua arma de fogo na vítima ferindo-a gravemente, mas, arrependendo-se do desejo de matá-la, presta-lhe imediato e exitoso socorro, impedindo o evento letal. 
4.5.3 Arrependimento Posterior
O arrependimento posterior é figura nova no nosso ordenamento jurídico, e vem tratado no Art. 16 do Código Penal. É causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente, repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa.
“Art. 16 do CP – Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. 
4.6 Crime Doloso
Toda ação consciente é dirigida pela consciência do que se quer e pela decisão de querer realizá-la, ou seja, pela vontade. Como a vontade é o querer alguma coisa, o dolo é a vontade dirigida à realização do tipo penal. Exemplo: é a vontade de matar.
4.6.1 Espécies de dolo
a) Dolo direto (ou determinado) existe quando o agente quer determinado resultado; Exemplo: quer a morte do agente no homicídio;
b) Dolo indireto (ou indeterminado) em que o conteúdo do dolo não é preciso, definido, estão incluídos o dolo alternativo, que ocorre quando o agente quer, entre dois ou mais resultados, qualquer deles (exemplo: queria matar ou ferir), e o dolo eventual, em que o agente não quer o resultado, mas prevendo que ele possa ocorrer, assume conscientemente o risco de causá-lo. Age também com dolo eventual o agente que, na dúvida a respeito de um dos ou mais elementos do tipo se arrisca em concretizá-lo. Quem age na dúvida assume o risco da prática da conduta típica;
c) Dolo de dano, em que o agente quer ou assume o risco de causar lesão efetiva a um bem jurídico. Exemplo: furto (art. 155 do Código Penal);
d) Dolo de perigo, em que o autor quer apenas um perigo de lesão. Exemplo: Perigo para a vida ou a saúde de outrem (art. 132 do Código Penal);
e) Dolo Geral (dolo generalis) é aquele quando o agente, após realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado, pratica o que entende ser um exaurimento e nesse momento atinge a consumação. Exemplo: caso do sujeito que atira e pensa que a pessoa morreu, imaginando que já atingiu o resultado pretendido e supondo estar com um cadáver em mãos, ele atira-o ao mar, vindo a causar sem saber, a morte por afogamento. O autor pensou ter matado a infortunada vítima a tiros, mas, na verdade, matou-a afogada. Tal erro é irrelevante para o Direito Penal, pois o que importa é que o agente quis praticar o homicídio e, de um modo ou de outro, acabou fazendo-o. Responde por homicídio doloso, e não por tentativa de homicídio, é o dolo geral. 
Os crimes militares quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, previstos na Lei n° 9.299, de 07 de Agosto de 1996, serão de competência da justiça comum.
“Art. 1º - O art. 9° do Decreto-lei n° 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 9° - (...)
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;
Parágrafo único - Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum."
Art. 2° - O caput do art. 82 do Decreto-lei n° 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar, passa a vigorar com a seguinte redação, acrescido, ainda, o seguinte § 2°, passando o atual parágrafo único a § 1°:
Art. 82 - O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:
§ 2° - Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à justiça comum."
4.7 Crime Culposo
É a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia com a devida atenção ser evitado. 
4.7.1 Modalidades de Culpa
As modalidades de culpa, ou seja, as formas de inobservância do dever de cuidado objetivo são a imprudência, a negligência e a imperícia, tal como registrado no art. 18, inciso II do Código Penal. 
“Art. 18 do CP - Diz-se o crime:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
a) Imprudência – caracteriza-se quando o agente atua com precipitação, inconsideração, afoitamente, sem cautelas. Exemplo: dirigir um carro com excesso de velocidade;
b) Negligência – é a inércia psíquica, a indiferença do agente, que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça mental. Exemplo: não observar a rua ao dirigir um carro;
c) Imperícia – é a falta de conhecimento teóricos ou práticos no exercício de arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que sabe ou deve saber. Exemplo: não saber dirigir direito um carro. Não se confunde a imperícia com o erro profissional escusável, em que o agente atuou com a observância dos cuidados objetivos no caso, mas que se equivocou no diagnóstico, causando dano ou perigo a outrem. 
Nos termos do art. 33, parágrafo único do Código Penal Militar, os crimes militares são, em regra, dolosos. Desta forma, em princípio, o agente só responde pelos fatos que praticar se quis realizar a conduta típica. Somente ocorrerá crime culposo quando o fato for previsto expressamente na lei, na forma culposa, pois a culpa não se presume.
“Art. 33 do CPM – Diz-se o crime:
Parágrafo Único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. 
Há homicídio culposo (art. 206 do Código Penal Militar), lesões corporais culposas (art. 210 do Código Penal Militar),receptação culposa (art. 255 do Código Penal Militar) etc., mas não, por exemplo, desacato a superior culposo, já que o art. 298 do Código Penal Militar somente prevê a forma dolosa para quem desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir-lhe a autoridade.
4.8 Crime Preterdoloso
O crime preterdoloso ou preterintencional é aquele no qual coexistem os dois elementos subjetivos: dolo na conduta antecedente e culpa na conduta conseqüente. Exemplo: aborto praticado sem o consentimento da gestante com o resultado morte. O aborto é doloso, querido pelo agente. A morte da gestante é culposa, pois o agente não queria o resultado, embora fosse ele previsível.
4.9 Erro de Tipo
É o que incide sobre as elementares, circunstâncias ou dados acessórios da figura típica, ou sobre pressupostos de fato de uma causa de justificação (elementares de tipos permissivos). 
4.9.1 Erro e Ignorância 
Erro é a falsa concepção da realidade, é uma concepção defeituosa. Exemplo: o caçador atira no amigo, pensando tratar-se de um urso e o fez por erro de percepção da realidade. Afeta a representação. 
Ignorância é a ausência de percepção. É o desconhecimento total da realidade. 
Juridicamente não há distinção entre perceber erroneamente e não perceber. O tratamento dispensado a erro e ignorância é o mesmo.
4.9.2 Classificação do Erro de Tipo
Essencial – o erro incide sobre uma elementar do tipo (impede o agente de compreender o caráter ilícito do fato) e pode ser:
a) Invencível ou Escusável – exclui o dolo e a culpa – art. 20 “caput”, 1ª parte e 20, § 1°, 1ª parte do Código Penal.
“Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 do CP – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo (...) 
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima (...)”
b) Vencível inescusável ou superável – exclui o dolo, mas não a culpa – Art. 20, “caput”, 2ª parte e 20, § 1°, 2ª parte do Código Penal.
“Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 do CP – (...) mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
§ 1º - (...) Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Se o erro em que incidiu o acusado não está plenamente justificado pelas circunstâncias, mas derivou de culpa e o fato é punível a título culposo, deve responder pelo evento
. 
4.9.3 Erro sobre a Pessoa
O agente toma uma pessoa por outra, erro “in personae”. Exemplo: “A” querendo matar seu irmão, mata outra pessoa pensando tratar-se de seu irmão. Consideram-se as qualidades da pessoa que ele queria matar que, neste caso, trata-se de agravante de homicídio doloso. Consideram-se as circunstâncias da pessoa visada e não da atingida. Art. 20, § 3° do Código Penal.
“Erro Sobre A Pessoa
§ 3º do Art. 20 do CP - O Erro Quanto À Pessoa Contra A Qual O Crime É Praticado Não Isenta De Pena. Não Se Consideram, Neste Caso, As Condições Ou Qualidades Da Vítima, Senão As Da Pessoa Contra Quem O Agente Queria Praticar O Crime.”
4.9.4 Aberratio Ictus
Não há erro de representação e sim desvio de alvo. “Quem sai para o crime se responsabiliza pelas conseqüências resultantes disto” (erro de pontaria: a pessoa visada é a que ele efetivamente quer, mais por motivos alheios à sua vontade acaba atingindo outro), art. 73 do Código Penal. 
“Erro na execução
Art. 73 do CP - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Art. 70 do CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Art. 69 do CP - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
Art. 44 do CP - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 2º - Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3º - Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4º - A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar, será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitando o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
§ 5º - Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
Exemplo: Tício atira contra Mévio, mas o projétil:
a) Atinge e mata Caio que passava – Homicídio doloso, art. 73, 1ª parte: considera-se como se tivesse atingido a Mévio;
b) Atinge Caio ferindo-o – Tentativa de homicídio contra Mévio;
c) Atinge e mata Mévio e Caio – Homicídio doloso contra Mévio e culposo contra Caio;
d) Atinge Mévio ferindo-o e a Caio matando-o – Homicídio doloso de Caio (como se fosse Mévio) e lesões culposa em Mévio (como se fosse Caio);
e) Atinge Caio, ferindo-o, e também a Mévio, matando-o – Homicídio doloso contra Mévio e lesão culposa contra Caio;
f) Atinge e fere a ambos – Tentativa de homicídio contra Mévio e lesão culposa contra Caio.
4.9.5 Aberratio Delecti ou Criminis 
Resultado diverso do pretendido, art. 74 do Código Penal.
“Art. 74 do CP - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.”
Erro “personae a res”. Há mudança de objeto da tutela jurídica. “Se alguém atirando uma pedra contra uma vitrine, rompe esta e fere involuntariamente uma pessoa que está perto, responde, em concurso formal, pelo delito de dano e o de lesões corporais culposas e não dolosas
.
5. A ANTIJURICIDADEÉ o que contraria o ordenamento jurídico. No Direito Penal, a antijuricidade é a relação de contrariedade entre o fato típico praticado e o ordenamento jurídico. Exemplo: matar alguém é fato típico se o agente o fez dolosa ou culposamente, mas não será antijurídico se o agente praticar a conduta em estado de necessidade, em legítima defesa, etc. Não há nessas hipóteses crime. Antijuricidade é sinônimo de ilicitude. 
 Antijuricidade é uma ação concreta, apesar de adequada ao tipo legal, será lícita se constituir um meio justo para um fim justo, ou seja, se for adequada socialmente. A antijuricidade, como elemento na análise conceitual do crime, assume, portanto, o significado de “ausência de causas excludentes de ilicitude”.
Prevê a lei as causas que excluem a ilicitude da antijuricidade. Dispondo a esse respeito, diz a lei brasileira, no art. 23 em caráter geral, que “não há crime” quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal e no exercício regular do direito. 
“Art. 23 do CP - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
5.1 Estado de Necessidade
“Art. 24 do CP - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.”
O estado de necessidade pressupõe sempre um conflito entre os interesses lícitos do agente e do ofendido, em que um pode perecer licitamente para que o outro seja poupado. 
Exige-se, em primeiro lugar, que ocorra um perigo, ou seja, uma ameaça a direito próprio ou alheio, que um bem jurídico esteja em risco, praticado o sujeito o fato típico para salvá-lo. O perigo pode ter sido criado por força da natureza, por caso fortuito, etc., ou por ação do homem. É indispensável que o perigo seja atual, que exista a probabilidade do dano, presente e imediata, ao bem jurídico. Inexiste a descriminante se o risco ainda não se instalou, é apenas possível ou mesmo provável em um futuro, remoto, ou já tenha sido ultrapassado. É necessário também que o perigo seja inevitável, numa situação em que o agente não podia de outro modo, impedi-lo, que sua ação seja imprescindível, não podendo fugir, socorrer-se da autoridade pública, etc. É indispensável também que o agente não tenha provocado o perigo voluntariamente, ou seja, dolosamente, predominando na doutrina a possibilidade de alegação do estado de necessidade quando o próprio agente causou culposamente o perigo. 
5.2 Legítima defesa
“Art. 25 do CP - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Damásio Evangelista de Jesus
 apresenta os requisitos da legítima defesa:
a) Agressão, atual ou iminente – a agressão pode ser definida como o ato jurídico. A agressão é injusta quando viola a lei, sem justificação. Agressão atual é aquela que está ocorrendo. Agressão iminente é aquela que está prestes a ocorrer;
b) Direitos do agredido ou de terceiro, atacado ou ameaçado de dano pela agressão – significa que o agente pode repelir injusta agressão a direito seu (legítima defesa própria) ou de outrem (legítima defesa de terceiro) , não sendo necessária qualquer relação entre eles; 
c) Repulsa com os meio necessários – significa que o agente somente se encontra em legítima defesa quando utiliza os meios necessários a repelir a agressão, os quais devem ser entendidos como aqueles que à sua disposição. Deve o agente sempre optar, se possível pela escolha do meio menos lesivo;
d) Uso moderado de tais meios – significa que o agente deve agir sem excesso, ou seja, deve utilizar os meios necessários moderadamente, interrompendo a reação quando cessar a agressão injusta;
e) Conhecimento da agressão e da necessidade de defesa (vontade de defender-se) – significa que a legítima defesa requer do agente o conhecimento da situação de agressão injusta e da necessidade de repulsa. A ausência de qualquer dos requisitos exclui a legítima defesa.
A legítima defesa pode ser invocada em defesa de direito próprio ou alheio. Francisco de Assis Toledo
 exemplifica serem defensáveis a vida, a liberdade, a integridade física, o patrimônio, a honra, enfim, todo e qualquer direito reconhecido pela ordem jurídica. 
Quanto ao emprego moderado dos meio necessários, a análise deve ser feita à luz do caso concreto. Quaisquer instrumentos ou armas, inclusive a força muscular, podem ser utilizadas para ameaçar, ferir ou matar o agressor. 
5.3 Estrito Cumprimento do Dever Legal
Não há crime quando o agente pratica o fato no “estrito cumprimento de dever legal”. Evidentemente, como a lei não contém contradições, quem cumpre regularmente um dever não pode, ao mesmo tempo, estar praticando um ilícito penal. Essa excludente pressupõe no executor um funcionário ou agente público que atua por ordem da lei, não se excluindo o particular que exerça função pública (jurado, perito, mesário da justiça Eleitoral, etc.). Estão obrigado pela justificativa o policial que cumpre um mandado de prisão, o fiscal sanitário que é obrigado à violação de domicílio, o soldado que executa por fuzilamento o condenado ou elimina o inimigo no campo de batalha, etc. Agem no estrito cumprimento do dever legal os policiais que empregam força física para cumprir o dever (evitar fuga de presídio, impedir a ação de pessoa armada que está praticando um ilícito ou prestes a fazê-lo, controlar a perturbação da ordem pública, etc.). 
Estrito cumprimento do dever legal em homicídio – Tribunal de Justiça do Paraná “Agem no estrito cumprimento do dever legal os soldados que, alertados pelo cabo de dia quanto à fuga de presos e não atendidos na ordem de que parassem, fazem disparos, porém um dos disparos atinge letalmente um dos fugitivos (RT 473/368).” 
5.4 Exercício Regular de Direito
Não responde por crime, também, aquele que pratica o fato típico em exercício regular de direito. Qualquer pessoa pode exercer um direito subjetivo ou faculdade, já que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei (art. 5°, II da Constituição Federal). Exclui-se a ilicitude da conduta típica nas hipóteses em que o sujeito está autorizado a esse comportamento. Estão incluídos na descriminante as eventuais ofensas à integridade corporal na prática dos esportes, nas intervenções médicas ou cirúrgicas, etc.
“Art. 5º da CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”
5.5 Excesso nas causas justificativas
Dispõe o Art. 23, parágrafo único do Código Penal:
“Excesso punível
Parágrafo único do Art. 23 do CP - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”.
Em todas as justificativas é necessário que o agente não exceda os limites traçados pela lei. Na legítima defesa e no estado de necessidade, não deve o agente ir além da utilização do meio necessário e da necessidade de reação para rechaçar a agressão e na ação de afastar o perigo. No cumprimento do dever legal e no exercício regular de direito, é indispensável que o agente atue de acordo com o ordenamento jurídico. Se, desnecessariamente, causa dano maior do que o permitido, não ficam preenchidos os requisitos das citadas descriminantes, devendo responder pelas lesões desnecessárias causadas

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