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Resenha do documentário Políticas de Saúde no Brasil

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Nome: Evandro Luiz Wegner 
Disciplina: Sociologia Aplicada à Saúde 
 
Resenha do documentário Políticas de Saúde no Brasil: um século de luta 
pelo direito à saúde 
 
No período colonial o Brasil era tomado por epidemias de febre amarela, cólera, 
varíola, malária, que levaram os portos a entrarem em crise. O que era um problema, já 
que a economia do país se sustentava na exportação de café. Com a resistência de 
alguns países de importarem os produtos brasileiros, temendo às epidemias, houve uma 
queda na produção agrícola. Nesse período a saúde era privada para ricos, que eram 
os únicos com recursos financeiros para pagar os altos preços cobrados pelos médicos. 
Os pobres se contentavam com os serviços prestados pelas instituições filantrópicas 
e/ou benzedeiras. 
O filme narra que, com o advento da República, Rodrigues Alves, então 
presidente, nomeou Oswaldo Cruz como Diretor do Departamento Nacional de Saúde 
Pública. Oswaldo Cruz criou o controle epidemiológico e liderou a Reforma Sanitária 
Brasileira, instituindo a vacina contra a varíola como medida obrigatória. Esta medida 
não é foi aceita pela população da cidade do Rio de Janeiro, que se manifestou, 
organizando a Revolta da Vacina. 
Com o advento do capitalismo no Brasil, começaram os primeiros movimentos 
de industrialização do país, e cresce o número de imigrantes, que traziam consigo a 
experiência do modelo industrial que já era forte na Europa. A saúde ainda era precária 
no país, principalmente no que dizia respeito à parcela da população sem recursos 
financeiros. Os vários movimentos de greves dos operários, principalmente na cidade 
de São Paulo, em busca de melhores condições de trabalho e de acesso à saúde, 
resultaram na consolidação da Lei Eloy Chaves em 1923. Essa lei criava e 
regulamentava as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP’s), que garantiam 
assistência médica para os trabalhadores. Essa lei é o marco para a criação da 
Previdência Social no Brasil. 
Em 1930 Getúlio Vargas assume a presidência da republica e provoca algumas 
mudanças no quadro sociopolítico brasileiro. Dentre elas acontece a descentralização 
da política café com leite, no eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além da 
criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, e a Consolidação das Leis 
Trabalhistas (CLT) em 1939, que estipulam carga horária fixa para os trabalhadores, 
salários mínimos e asseguram direitos à previdência. Em 1932 São Paulo resiste à 
constituição de 30, e a elite paulista perde dinheiro. Getúlio Vargas vendo a quantidade 
de dinheiro acumulado pelas CAPS’s e resolve centralizá-los, instaurando em 1933 os 
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP’s). A partir de agora, o estado iria gerir os 
recursos dos CAPS por meio dos IAPS, que estenderia os direitos dos trabalhadores e 
uniformiza as estruturas de saúde. 
Em 1945, Vargas é deposto, e Dutra assume o poder. Acontecem avanços 
significativos na saúde. O modelo de saúde nacional sofre influência do modelo 
americano que ia contra o método médico assistencialista. A saúde no Brasil agora 
recebe investimentos diretos do governo e conta com hospitais grandes, modernos e 
bem equipados, além de diversas especialidades médicas. Em 1953 é criado o 
Ministério da Saúde. 
Na década de 1960, Brasília é criada, e o governo brasileiro investe para trazer 
fábricas automobilísticas, cresce a industrialização. Acontece nesse período a expansão 
da medicina de lucro, onde empresas médicas prestam serviços médicos privados, com 
hospitais próprios. Em 1964 quando Jânio Quadros assume a presidência da república, 
ele tenta a reforma da saúde, mas os militares tomam o poder, e com o golpe militar 
instaura-se a ditadura. 
Em 1967 aconteceu a unificação de todos os IAP’s, e criação do Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS). Ficava a cargo do INPS assegurar a Previdência 
Social a todos os trabalhadores (urbanos e rurais), assim como garantir acesso a saúde, 
no que diz respeito à prática da medicina curativa. As medidas de prevenção, assim 
como controle epidemiológico eram responsabilidade do Ministério da Saúde. Durante 
o Regime Militar acontecem altos investimentos nos hospitais privados, uma vez que, 
como o INPS atendia a todos os trabalhadores do país. O serviço de saúde, sozinho, 
não seria capaz de atender a esse público. Criam-se o Instituto Nacional de Atenção 
Médica da Previdência Social (INAMPS). 
Com a crise financeira mundial, o sistema capitalista entra em colapso, cresce o 
número de manifestações em prol do direito à liberdade de expressão e melhor 
qualidade de vida no Brasil, dentre eles, as Revolução Sanitarista em 1980, que 
reivindicava saúde para todos, não apenas para trabalhadores com carteira assinada, e 
o movimento: Diretas Já, em 1985, que culminou na eleição de Tancredo Neves, 
marcando o fim do Regime Militar. Surgem nesse período os conselhos populares 
querendo ter vez e voz nos serviços já conquistados e nas políticas de saúde. 
Em 1986 aconteceu a 8ª Conferência Nacional de Saúde, que lutava pela criação 
de um sistema único de saúde, igualitário e com controle popular. Nessa conferência foi 
aprovada a constituinte o Sistema Único de Saúde (SUS). 
Na constituição de 1988, o SUS nasce com os princípios de: universalidade, 
Integralidade e equidade, com participação popular. Em 1990 é implantada a Lei 8.080 
que estabeleceu recursos destinados ao SUS. Em 1996 as Normas de Operação Básica 
(NOB) do SUS regulamenta e lançado o Programa Saúde da Família (PSF) e Programa 
de Agentes Comunitários (PACS). Em seguida, foi permitida a transferência da gestão 
de serviços públicos de saúde para Instituições Privadas e Sem Fins Lucrativos (OSS). 
Acontece a Reforma Previdenciária, mas o SUS não é afetado, pois não depende mais 
Previdência Social para se manter. Em 2006 o SUS disponível para todos, igualmente, 
como uma política social pública, popular e democrática. 
A jornada histórica de nosso país para a conquista de um Sistema Único de 
Saúde perdurou por mais de um século. Vários foram os eventos que nos permitiram 
chegar aqui. O SUS ainda está longe de ser o que todos idealizam, mas sem dúvida 
alguma, dentre as políticas públicas que existem em nosso país, é uma das poucas que 
saíram do papel. Claro que a realidade mostra grandes filas em hospitais, desvios de 
dinheiros públicos, e morosidade nos serviços que dependem diretamente de 
funcionários públicos. Mas não podemos nos deixar entristecer. O que ainda falta de 
melhoria no SUS, depende diretamente de nós, cidadãos. Devemos lembrar que 
vivemos em um país livre, e democrático. Se nos lembrarmos de que o SUS, ao contrário 
dos IMANPS, é descentralizado, podemos sim cobrar desses candidatos propostas que 
visem melhorias do sistema. A mudança está em nós, enquanto administradores do 
SUS. O SUS nasceu de movimentos sociais sérios, que viram a necessidade de uma 
mudança. E se eles conseguiram, por que nós não podemos? É mais fácil depositar nos 
políticos a culpa pelas falhas no sistema, do que nos implicarmos ativamente no 
processo.

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