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CURSO VISA - Vigilância Sanitária

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Prévia do material em texto

VIGILÂNCIA SANITÁRIA E DEFESA DO CONSUMIDOR
1.ed.
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
MJ
Brasília
2019
3
2019 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução 
total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer 
meio, salvo com autorização por escrito da Secretaria 
Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da 
Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 
542 – Brasília, DF, CEP 70.964-900.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA E DEFESA DO 
CONSUMIDOR
Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Equipe Técnica do Ministério da Justiça e 
Segurança Pública - MJ
Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública 
Sérgio Fernando Moro
Secretário Nacional do Consumidor
Luciano Benetti Timm
Diretor do Departamento de Proteção e Defesa do 
Consumidor
Fernando Boarato Meneguin
Escola Nacional de Defesa do Consumidor
Supervisão - Andiara Maria Braga Maranhão 
Apoio Técnico - Ana Cláudia Sant’Ana Menezes / 
Nicolas Eric Matoso Medeiros de Souza 
Equipe Técnica da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária - ANVISA
Alice Alves de Souza / Carla Janne Farias Cruz / 
Claudia Passos Guimaraes Rabelo / Daniela Macedo 
Jorge / Edson Antonio Donagema / Ethel Resch / 
Fernanda Moreira Coura / Mariana Adelheit Von 
Collani / Mariana Denardin Klein / Marinez de Freitas 
Messias / Nízia Martins Sousa / Raphael Andrade 
de Castro / Rosaura Maria da Costa Hexsel / Thalita 
Antony de Souza Lima / Tiago Lanius / Vanessa 
Ghisleni Zardin / Webert Goncalves de Santana / 
entre outros.
Equipe Técnica da Fundação Universidade de 
Brasília - FUB
Coordenação - Prof. Dr. Rafael Timóteo de Sousa 
Júnior / Prof. Dr. Ugo Silva Dias
Coordenação Pedagógica - Janaína Angelina Teixeira
Design Instrucional - Meirirene Moslaves Meira
Apoio ao Núcleo Pedagógico - Andréia Santiago 
de Oliveira / Josiane do Carmo da Silva / Meirirene 
Moslaves Meira / Nayara Gomes Lima / Suzane Lais 
de Freitas
Ilustração - Cristiano Silva Gomes
Diagramação - Patricia Faria / Sanny Saraiva
Revisão - Angélica Magalhães Neves
Vigilância sanitária e defesa do consumidor / supervisão, Andiara
Maria Braga Maranhão ; apoio técnico, Ana Cláudia Sant’Ana
Menezes, Nicolas Eric Matoso Medeiros de Souza. -- 1. ed. – Brasília : Ministério 
da Justiça e Segurança Pública, Secretaria Nacional do Consumidor : Fundação 
Universidade de Brasília - FUB, 2019.
192 p. : il. color.
ISBN: 978-85-5506-069-4
1. Proteção e defesa do consumidor. 2. Vigilância sanitária 3.
Relação de consumo. 4. Direito à saúde. I. Maranhão, Andiara
Maria Braga. II. Menezes, Ana Cláudia Sant’Ana. III. Souza,
Nicolas Eric Matoso Medeiros de. IV. Brasil. Ministério da Justiça
e Segurança Pública. Secretaria Nacional do Consumidor.
V. Fundação Universidade de Brasília - FUB.
342.51 
V677s
CDD
Elaborada por Danielle Monteiro do Amaral – CRB-1 / 2533
4
SUMÁRIO
PREFÁCIO 7
OBJETIVOS INSTRUCIONAIS 9
CAPÍTULO 1
ESTADO E SOCIEDADE 13
1 O DIREITO À SAÚDE E À DEFESA DO CONSUMIDOR NA CONSTITUIÇÃO 
BRASILEIRA 17
1.1 O CONCEITO DE ESTADO 20
1.2 A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 25
1.3 O PODER DE POLÍCIA DE ESTADO 31
2 VAMOS RELEMBRAR 33
CAPÍTULO 2
A PROTEÇÃO E A DEFESA DA SAÚDE DOS CONSUMIDORES 35
1 POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO 37
1.1 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) 41
1.2 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR (SNDC) 49
1.2.1 COMPETÊNCIAS DA SENACON 53
1.2.2.COMPETÊNCIAS DOS PROCONS 57
1.2.3 COMPETÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO 59
1.2.4 COMPETÊNCIAS DA DEFENSORIA PÚBLICA 59
1.3 PLANO NACIONAL DE CONSUMO E CIDADANIA (PLANDEC) 60
1.4 CONSUMIDOR.GOV.BR 63
2 VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL 65
5
2.1 SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (SNVS) 71
2.1.1 COMPETÊNCIAS DA ANVISA 78
2.1.2 COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DE VIGILÂNCIA 
SANITÁRIA 82
2.2 ARCABOUÇO LEGAL PARA ATUAÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA 82
2.2.1 CÓDIGOS SANITÁRIOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS 84
3 VAMOS RELEMBRAR 84
CAPÍTULO 3
RISCO E SAÚDE 85
1 RISCO À SAÚDE 86
1.1 CONCEITO DE SAÚDE 92
2.2 RISCO À SAÚDE DO CONSUMIDOR 94
1.3 RISCOS E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 95
1.4 RISCOS E A LEGISLAÇÃO SANITÁRIA 98
1.5 TIPOS DE RISCO 102
2 VÍCIO, DEFEITO E ACIDENTE DE CONSUMO 103
2.1 PRECAUÇÃO 105
3 VAMOS RELEMBRAR 105
CAPÍTULO 4
PRODUTOS E SERVIÇOS 107
1 PRODUTOS E SERVIÇOS 108
1.1 VIGILÂNCIA DE PRODUTOS 112
1.2 VIGILÂNCIA DE PRODUTOS PARA A SAÚDE E DE SERVIÇOS DE INTERESSE 
PARA A SAÚDE 123
6
1.3 VIGILÂNCIA SANITÁRIA DO MEIO AMBIENTE E DOS AMBIENTES DE TRABALHO 
 125
1.4 VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE PORTOS, AEROPORTOS E FRONTEIRAS E 
RECINTOS ALFANDEGADOS 126
2 INTERVENÇÃO SANITÁRIA NO ESCOPO DE PRODUTOS E SERVIÇOS DE 
INTERESSE DA SAÚDE 127
2.1 REGULAÇÃO 127
2.1.1 VIGILÂNCIA SANITÁRIA E PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR 135
1.2 INFORMAÇÃO 142
1.2.1 INFORMAÇÃO PARA GESTÃO 142
2.2.2 INFORMAÇÃO PARA CIDADANIA 156
3 VAMOS RELEMBRAR 160
CAPÍTULO 5
INTEGRANDO AS AÇÕES DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DE VIGILÂNCIA 
SANITÁRIA 163
1 INTEGRAÇÃO DAS AÇÕES 164
2 PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL 172
3 VAMOS RELEMBRAR 177
GLOSSÁRIO 178
REFERÊNCIAS 186
7
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon)/MJ, 
por meio da Escola Nacional de Defesa do Consumidor e 
em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa), publica este livro que trata da importância das ações 
conjuntas entre os membros do Sistema Nacional de Defesa 
do Consumidor (SNDC) e do Sistema Nacional de Vigilância 
Sanitária (SNVS) para proteção e defesa do consumidor.
O presente livro está dividido em 5 capítulos:
No primeiro capítulo, o leitor aprenderá sobre a 
importância acerca do surgimento do Estado e do papel deste 
em relação à defesa e à saúde do consumidor.
No segundo capítulo, são apresentadas a Política 
Nacional das Relações de Consumo e a Vigilância Sanitária no 
Brasil. 
No terceiro capítulo, conceitos sobre vício, defeito e 
acidente de consumo, bem como o que é risco à saúde do 
consumidor, são explicados didaticamente a partir de exemplos 
concretos. 
 No quarto capítulo, são abordados, dentre outros, 
os riscos que os consumidores estão sujeitos em relação 
aos produtos e aos serviços disponíveis no mercado, e a 
importância da atuação da Vigilância Sanitária em diversos 
segmentos da cadeia produtiva, desde a produção, a rotulagem, 
a embalagem e a reembalagem, a armazenagem, o transporte, 
a comercialização, até o consumo.
PREFÁCIO
8
 No quinto capítulo, são demonstradas iniciativas de 
integração de ações de defesa do consumidor e de Vigilância 
Sanitária a exemplo das redes de trabalho, como Rede de 
Consumo Seguro e Saúde, Comissão de Estudos Permanentes 
de Acidentes de Consumo (CEPAC), Sistema de Informações 
de Acidentes de Consumo (SIAC), e Sistema Nacional de 
Alertas Rápidos de Recall.
Para a conclusão desta inestimável publicação, a 
Secretaria Nacional do Consumidor agradece o empenho e 
a dedicação da Consultora Silva Regina do Amaral Vignola 
pela aproximação conceitual de duas áreas relevantes como 
a defesa do consumidor e a Vigilância Sanitária. A Senacon 
agradece também à Anvisa pela parceria e pelas contribuições 
que foram fundamentais para enriquecimento da presente 
obra.Considerando que os órgãos de defesa do consumidor 
e de Vigilância Sanitária têm pontos de intersecção muito 
claros, uma vez que ambos têm como foco assegurar direitos, 
especialmente aqueles voltados à saúde e à segurança 
do consumidor, espera-se que este manual contribua para 
estimular o desenvolvimento de ações conjuntas em todas as 
esferas de governo, visando à proteção da saúde do cidadão 
brasileiro.
Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor
Secretaria Nacional do Consumidor
Ministério da Justiça e Segurança Pública 
9
OBJETIVOS INSTRUCIONAIS
Neste livro, espera-se que você seja capaz de:
• Explicar o direito do consumidore a saúde na 
Constituição Federal.
• Definir o direito à saúde não apenas como direito 
ao tratamento de doenças.
• Explicar por que o Estado deverá promover a 
defesa do consumidor e garantir a todos a saúde.
• Conceituar “Estado” e descrever o seu surgimento.
• Explicar a organização do Estado brasileiro.
• Resumir os princípios da Administração Pública 
previstos na Constituição Federal.
• Exemplificar como agentes da defesa do 
consumidor ou da Vigilância Sanitária utilizam o 
Poder de Polícia para coibir abusos no mercado de 
consumo.
• Resumir acerca do histórico da Política Nacional 
das Relações de Consumo no Brasil.
• Explicar o que é uma relação de consumo.
• Definir os conceitos de consumidor, fornecedor, 
produto e serviço previstos no CDC.
• Listar os princípios estabelecidos no CDC.
• Dizer alguns direitos básicos do consumidor 
previstos no CDC.
10
• Citar as principais legislações, no âmbito federal, 
referentes à defesa do consumidor.
• Resumir as competências da Senacon, dos 
Procons, do Ministério Público e da Defensoria 
Pública.
• Explicar a importância da plataforma consumidor.
gov para a resolução de conflitos de consumo de 
forma rápida.
• Resumir acerca do histórico da Vigilância Sanitária 
no Brasil.
• Explicar o que é o Sistema Nacional de Vigilância 
Sanitária e como ele está estruturado.
• Resumir as competências da Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos órgãos Estaduais 
e Municipais de Vigilância Sanitária.
• Citar as principais legislações, no âmbito federal, 
referentes à Vigilância Sanitária.
• Definir os conceitos de saúde e risco.
• Dizer como o CDC protege a saúde e a segurança 
do consumidor em relação ao risco.
• Resumir os conceitos previstos na resolução 
n.17/99.
• Explicar quais são os tipos de risco.
• Diferenciar os conceitos de “vício” e “defeito”.
• Relacionar “defeito” à “acidente de consumo”.
• Identificar que, em diversas ações cotidianas, há 
11
produtos e serviços que são regulados e controlados 
para não exporem os consumidores a riscos.
• Citar a organização das estruturas de Vigilância 
Sanitária.
• Exemplificar os instrumentos de regulação sanitária e 
de defesa do consumidor.
• Demonstrar a importância da informação para a gestão.
• Resumir os bancos de dados e os sistemas de 
informações do SNVS.
• Resumir os sistemas de informação do SNDC.
• Citar ações de educação para o consumo.
• Demonstrar formas de intersecção entre as ações 
dos órgãos de defesa do consumidor e de Vigilância 
Sanitária.
• Resumir as atividades compartilhadas, no âmbito 
federal, entre defesa do consumidor e Vigilância 
Sanitária.
• Explicar o que é a Rede de Consumo Seguro e Saúde 
(RCSS).
• Exemplificar as ações, no âmbito federal, de articulação 
para a proteção da vida, da saúde e da segurança dos 
consumidores.
• Citar as legislações que garantem a participação 
popular.
• Citar os canais de participação da Anvisa e da Senacon.
CAPÍTULO 1
ESTADO E SOCIEDADE
15
CAPÍTULO 1
 
Olá, sou Pedro e 
quero desejar boas-vindas 
ao livro Vigilância Sanitária e 
Defesa do Consumidor.
 
Seja bem-vindo, sou 
Ana e espero que você 
possa desenvolver novas 
competências e aprimorar as 
que já possui nessas áreas. 
Bom estudo!
 
Olá sou Luís, e 
também estarei com 
você! Aqui, você terá a 
oportunidade de compreender 
a importância da ar�culação 
entre os atores dos Sistemas 
Nacional de Vigilância Sanitária e 
Defesa do Consumidor para a 
proteção das pessoas. 
Vamos começar? 
 
Observe que, após a promulgação da atual Constituição Brasileira, em 1988, 
vários direitos foram garantidos ao cidadão brasileiro. Entre eles, dois direitos que 
serão discutidos neste livro: o direito à saúde e a defesa dos direitos do consumidor. 
Para compreender como o Estado brasileiro se estrutura para que esses direitos 
sejam efetivados, apresentaremos reflexões sobre os conceitos que permeiam as 
atividades dos servidores públicos que atuam na área de saúde, especificamente na 
área de Vigilância Sanitária, e daqueles que desempenham funções na defesa do 
consumidor. 
16
CAPÍTULO 1
Conceitos como Estado, Estado Democrático de Direito, Cidadão, Direito à 
Saúde, Defesa do Consumidor, Administração Pública, Supremacia do Interesse 
Público, Saúde, Risco, Produtos e Serviços de Interesse da Saúde, entre outros, 
serão o arcabouço para a reflexão proposta neste livro. 
Aqui, os termos técnicos foram adaptados para uma linguagem simplificada, 
a fim de facilitar a compreensão do conteúdo pelos servidores públicos dos 5.561 
municípios brasileiros. 
A fim de facilitar os estudos, didaticamente dividimos o conteúdo em cinco 
capítulos:
Capítulo 1 - Estado e Sociedade 
Capítulo 2 - A Proteção e a Defesa da Saúde dos Consumidores
Capítulo 3 - Risco e Saúde 
Capítulo 4 - Produtos e Serviços 
Capítulo 5 - Integrando as Ações de Defesa do Consumidor e de Vigilância 
Sanitária
Assim, esse conteúdo pretende aperfeiçoar a articulação entre os membros que 
compõem os Sistemas Nacionais de Defesa do Consumidor e de Vigilância Sanitária 
para a harmonização de conceitos, o intercâmbio de conhecimentos e as experiências, 
para a reflexão sobre fluxos de trabalho e atuação conjunta, considerando as 
especificidades em âmbitos municipal, estadual e federal, a fim de que haja sinergia 
de ações dos dois Sistemas.
17
CAPÍTULO 1
1 - O DIREITO À SAÚDE E À DEFESA DO CONSUMIDOR NA CONSTITUIÇÃO 
BRASILEIRA
Para que possamos compreender o papel dos servidores públicos que atuam 
nas áreas de Vigilância Sanitária e de defesa do consumidor, vamos inicialmente 
entender como questões relativas ao direito à saúde e à defesa do consumidor são 
apresentadas em nossa legislação maior: a Constituição Brasileira. 
 
Você já consultou a 
nossa Cons�tuição? 
 
 É importante 
conhecê-la, pois podemos 
dizer que ela é o “script da vida 
de todo cidadão brasileiro”. 
Qualquer alteração no texto 
cons�tucional incide 
diretamente na vida da 
sociedade brasileira. 
A Constituição, em seu Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, 
Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, determina que: “o Estado 
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor” (CF art. 5º inciso XXXII). 
18
CAPÍTULO 1
Já o Capítulo II – Dos Direitos Sociais – determina que: “são direitos sociais 
a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, 
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição” (CF art. 6º).
 
IMPORTANTE
Vejamos: é no momento em que a Constituição brasileira aborda os direitos e 
as garantias fundamentais do cidadão que é apresentado o dever do Estado 
de promover a defesa do consumidor. É nesse momento, também, que é 
fundamentado o direito social à saúde. O texto constitucional responsabiliza 
concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar sobre 
responsabilidades por danos ao consumidor e também sobre proteção e defesa 
da saúde (CF art. 24). 
No momento em que nossa Constituição aborda a ordem econômica, frisando 
que ela tem, por fim, “assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social” (CF art.170), um dos princípios que deve ser observados para que isso 
aconteça é a defesa do consumidor. 
A necessidade de um Código de Defesa do Consumidor também foi determinada 
pela Constituição em suas Disposições Transitórias (CF, ADCT, art.48).
Ao abordar questões relativas à Ordem Social (Título VIII), especialmente no 
tocante à Seguridade Social (Capítulo II), e mais especificamente à Saúde (Seção I), 
a Constituição determina que “saúde é direito de todos e dever do Estado”.
19
CAPÍTULO 1
DESTAQUE
Aqui, cabe lembrar que somente na Constituição Brasileira de 1988 o direito à 
saúde foi considerado como direito fundamental, de relevância pública, garantido 
o acesso universal e igualitário a todos. O texto constitucional éclaro ao explicitar 
que o direito à saúde deve “ser garantido mediante políticas sociais e econômicas”.
Contudo, a Constituição vai além, atribuindo a essas políticas o compromisso 
na “redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário 
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (CF art.196).
Como podemos observar, é dever do Estado, no tocante à saúde, garantir 
ao cidadão brasileiro muito mais que a assistência à doença, cabendo, entre outras 
atribuições: 
LEGISLAÇÃO
“controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse 
para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; executar as ações de 
Vigilância Sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; 
participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento 
básico; fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu 
teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; participar 
do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de 
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; colaborar na proteção 
do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (CF art.200). 
20
CAPÍTULO 1
 
 
Assim, é 
responsabilidade do 
Estado, segundo nossa 
Constituição, promover a 
defesa do consumidor, bem 
como garantir o direito à 
saúde a todos os 
cidadãos brasileiros. 
1.1 O CONCEITO DE ESTADO
DESTAQUE
Como vimos anteriormente, cabe ao Estado promover a defesa do consumidor 
e assegurar o direito à saúde. Contudo, você sabe o que é Estado?
Ao longo da história, vários pensadores refletiram sobre o conceito de Estado. 
Na antiguidade, o mundo grego, já possuía cidades-Estado. Cidades como 
Atenas, Esparta, Corinto, entre outras, eram independentes e autossuficientes. 
Não existia um Estado grego, e sim cidades-Estado. Segundo o Professor Dallari, 
(DALLARI, 2000), citando Aristóteles em sua obra “A Política”: “a sociedade constituída 
por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com todos os meios de se 
abastecer por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a que se propôs”.
21
CAPÍTULO 1
 
Assim, a unidade territorial 
iniciada no período medieval 
passa a ser precursora de 
uma das características 
básicas do Estado
Moderno: a unidade
territorial.
Essas cidades-Estado 
também eram chamadas 
de polis, e era no espaço 
da polis que emergia a 
dimensão política da 
sociedade grega daquela 
época. 
Mas, ao longo da 
história, foram os 
romanos que melhor 
configuraram o 
conceito de Estado.
Os romanos conseguiram congregar 
diferentes povoados dentro de um 
mesmo conjunto de regras, deixando 
como herança para futuras civilizações, 
conceitos como:
- res pública – coisa pública ou assuntos 
públicos – essência que sustenta até os 
dias de hoje as Repúblicas, e 
- Civita, corpo social, formado por civis 
ou cidadãos. Daí o conceito de 
civilização.
Os cidadãos 
romanos 
participavam dos 
destinos do Estado 
romano por meio 
do voto.
Os demais habitantes de povoados conquistados 
pelos romanos eram conhecidos como “sujeitos”, ou 
seja, submetiam-se ao Estado, sem poder participar 
de decisões sobre ele.
Os romanos aprimoraram 
a estrutura de regras ou 
leis que permitiram a 
manutenção do “equilíbrio” 
do Estado. 
É difícil caracterizar um Estado no período medieval. 
O feudalismo, o cristianismo e as invasões bárbaras 
são fatores que conformaram a sociedade medieval, 
caracterizando esse período como um período de 
muita instabilidade política. 
Para enfrentar abusos cometidos por 
monarcas, os senhores feudais 
adotaram como estratégia a busca da 
unidade de seus feudos, modificando
a estrutura territorial feudal.
1 2 3
4
5
6
7
8
9
22
CAPÍTULO 1
Em períodos posteriores, a reflexão sobre o Estado recebeu contribuições de 
importantes pensadores, como Locke, Rousseau, Maquiavel, entre outros, e assim foi 
sendo formado o conceito de Estado Moderno. 
Embora existam diferentes reflexões sobre as características básicas do Estado 
Moderno, três delas são fundamentais: a soberania, o território e o povo.
- Por que fizemos esse breve passeio pela história? 
- Para entender a atuação dos servidores públicos de Vigilância Sanitária e 
defesa do consumidor. 
É importante saber o que significa Estado, soberania, território e povo. 
Vamos voltar à Constituição. 
LEGISLAÇÃO
O artigo 1º do TÍTULO I - Dos Princípios Fundamentais diz:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
23
CAPÍTULO 1
de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
 
Vamos saber mais sobre os conceitos de soberania, território e povo, logo 
abaixo.
POVOSOBERANIA TERRITORIO
Em relação ao conceito de 
território, o �lósofo político 
Norberto Bobbio esclarece 
que: “o território, torna-se o 
limite de validade espacial 
do direito do Estado, no 
sentido de que as normas 
jurídicas emanadas do 
poder soberano, valem 
apenas dentro de 
determinadas fronteiras” 
(BOBBIO, 2007). 
É o exercício da 
autoridade que 
reside num povo e 
que se exerce por 
intermédio dos 
seus órgãos 
constitucionais 
representativos. 
Mas e o povo? O que o povo tem a 
ver com tudo isso? 
Povo e cidadão, como esses 
conceitos estão relacionados?
Não há discordância entre os 
autores na a�rmação de que o 
povo é razão e �nalidade da 
existência do Estado. Se no 
mundo antigo o povo era o 
conjunto de cidadãos, e que 
cidadãos eram somente aqueles 
que participavam da vida política 
e portanto dos rumos do Estado, 
hoje, cidadãos são todos aqueles 
que “participam da constituição 
do Estado” (DALLARI, 2000). 
Após esse breve passeio por palavras que são amplamente discutidas desde 
os primórdios da história das civilizações ocidentais, como polis, que deu origem à 
termos como política, polícia, político; res publica, que deu origem à palavra república, 
24
CAPÍTULO 1
soberania, território, povo, cidadão, cidadania etc., vamos entender como a estrutura 
de Estado se organiza, para que o cidadão possa ter seus direitos garantidos. 
Vamos nos ater ao Estado brasileiro que, como é apresentado em nossa 
Constituição, é um “Estado Democrático de Direito”, organizado administrativamente 
como República Federativa que compreende a União, os Estados e os Municípios. 
Essa caracterização fundamenta que o Estado brasileiro é ordenado por leis, sob as 
quais todos os cidadãos, em todo território nacional, são iguais e podem participar 
democraticamente de seu destino, pelo voto e por outras formas de participação 
previstas na Constituição. 
IMPORTANTE
É importante lembrar que, nas últimas décadas, o Estado brasileiro passou por 
um processo de reforma, influenciado pela dinâmica da internacionalização 
dos fluxos de capital e pela globalização dos mercados e dos novos padrões 
de produção, em decorrência da expansão tecnológica e da velocidade da 
comunicação em tempo real. Tudo isso trouxe imensas consequências em 
relação à circulação de informações, a mercadorias e aos serviços.
Esse contexto não pode ser desconsiderado pelos profissionais que são alvo 
deste livro.
25
CAPÍTULO 1
1.2 A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Para que a liberdade dos cidadãos pudesse ser garantida, desde o Iluminismo, 
as funções do Estado foram distribuídas e separadas em três poderes: o Legislativo, 
o Executivo e o Judiciário.
SAIBA MAIS
Iluminismo
1 - Doutrina de certos movimentos religiosos marginais, com base na crença 
de uma iluminação interior ou em revelações inspiradas diretamente por Deus.
2 - Movimento de renovação científicana Itália, no século XVIII.
Publicado em: 2016-09-24, revisado em: 2017-02-27. Disponível em: ‹https://
dicionariodoaurelio.com/iluminismo›. Acesso em: 18 jul. 2017
Segundo o prof. Dallari, D. (2000): “de fato, quando se pretende desconcentrar o 
poder, atribuindo o seu exercício a vários órgãos, a preocupação maior é a liberdade dos 
indivíduos, pois, quanto maior for a concentração do poder, maior será o risco de um governo 
ditatorial”.
26
CAPÍTULO 1
 
Ana, se Estado, em 
última instância, é o 
convívio de membros de uma 
dada sociedade, em um dado 
território, dentro de regras de�nidas 
e, se cabe ao Estado brasileiro 
promover a defesa do consumidor 
e garantir o direito à saúde do 
cidadão brasileiro, a quem 
competem tais 
atribuições? 
 
Os três poderes 
são constituídos por 
servidores públicos, cujas 
atividades são caracterizadas 
por funções de�nidas em 
regras especí�cas da 
administração para cada uma 
dessas instâncias de poder. 
Para entender 
melhor, vamos nos 
aprofundar em cada 
uma dessas instâncias 
de poder? 
Ao Poder Legislativo cabe, dentre outras inúmeras funções, elaborar leis e 
fiscalizar e controlar o Poder Executivo. Essa é uma redução bastante simplista, pois 
nossa Constituição elenca quinze competências exclusivas do Congresso Nacional, 
além de outras competências partilhadas com o Presidente da República.
Cabe lembrar que, se na esfera da União, o Poder Legislativo é exercido pelo 
Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal); nos estados a 
função legislativa é exercida pelas Assembleias Legislativas; e nos Municípios, pelas 
Câmaras dos Vereadores.
PODER LEGISLATIVO
NIVEL FEDERAL NIVEL ESTADUAL NIVEL MUNICIPAL 
CONGRESSO
NACIONAL
CAMARA DOS 
DEPUTADOS SENADO FEDERAL
ASSEMBLEIAS
 LEGISLATIVAS 
CAMARA DE
VEREADORES
27
CAPÍTULO 1
Ao Poder Executivo, na figura de seu máximo responsável, cabe: sancionar, 
promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua 
fiel execução, vetar projetos de lei, total ou parcialmente, dispor sobre a organização 
e o funcionamento da administração, na forma da lei, entre outras funções.
O Poder Executivo é exercido, no âmbito da União, pelo Presidente da República; 
nos Estados, pelos Governadores; e nos Municípios, pelos Prefeitos. 
PODER EXECUTIVO
NIVEL FEDERAL NIVEL ESTADUAL NIVEL MUNICIPAL 
PRESIDENTE DA
REPUBLICA
...
GOVERNANDORES
...
PREFEITOS
...
O Presidente da República, os Governadores, os Prefeitos, os Senadores, 
os Deputados Federais, os Deputados Estaduais e os Vereadores são eleitos 
democraticamente pelo voto, já que o Brasil é um Estado Democrático de Direito. 
O Poder Judiciário é constituído, segundo nossa Constituição, pelos seguintes 
órgãos: Supremo Tribunal Federal; Conselho Nacional de Justiça; Superior Tribunal 
de Justiça; Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais e Juízes do 
Trabalho; Tribunais e Juízes Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; Tribunais e Juízes 
dos Estados e do Distrito Federal. 
Nos Estados, o Poder Judiciário é exercido por diferentes Tribunais, além de 
Juizados Especiais e Juizados Especiais Cíveis (anteriormente denominados de 
Pequenas Causas). 
28
CAPÍTULO 1
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
SUPERIOR
 TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
TRIBUNAL SUPERIOR
ELEITORAL 
TRIBUNAL SUPERIOR
DO TRABALHO
SUPERIOR TRIBUNAL
MILITAR 
TRIBUNAIS DE
 JUSTIÇA 
JUÍZES
FEDERAIS 
JUÍZES
DE DIREITO 
TRIBUNAIS REGIONAIS
FEDERAIS 
TRIBUNAIS REGIONAIS
ELEITORAIS
JUÍZES ELEITORAIS
TRIBUNAIS REGIONAIS
 DO TRABALHO
JUÍZES DO TRABALHO
TRIBUNAIS DE
JUSTIÇA MILITARES 
JUÍZES MILITARES
Cabe salientar que a garantia da defesa da ordem jurídica, do regime democrático 
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis conta com o Ministério Público 
(federal e estaduais). 
A Constituição de 1988 também enfatiza a importância das Defensorias Públicas, 
que promovem a assistência jurídica gratuita aos necessitados, inclusive no tocante 
aos direitos do consumidor. 
Essa complexa estrutura do Estado brasileiro, com três Poderes distintos, com 
seus diversos órgãos nas três esferas de governo, compõe a Administração Pública, 
que incorpora, ainda, órgãos de administração indireta, como autarquias, fundações, 
empresas públicas e sociedades de economia mista. 
 
Se a Administração 
Pública conta com servidores 
públicos, que executam atividades 
relativas às políticas públicas, será que 
existem parâmetros para que esses 
servidores possam atuar? 
29
CAPÍTULO 1
Embora a função administrativa seja própria do Poder Executivo, o 
funcionamento de toda essa estrutura deve obedecer a princípios estabelecidos no 
art. 37 da Constituição. São eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 
e eficiência. 
Vamos entender melhor esses princípios. 
1 Legalidade
2 Impessoalidade
3 Moralidade
4 Publicidade
5 Eficiência
Legalidade: esse princípio estabelece que os representantes da Administração 
Pública estão sujeitos “aos mandamentos da lei, e às exigências do bem comum, e 
deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se à 
responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso” (MEIRELLES, 1983).1 Legalidade
2 Impessoalidade
3 Moralidade
4 Publicidade
5 Eficiência
Impessoalidade: é o princípio que obriga a administração, em sua atuação, a 
não praticar atos visando aos interesses pessoais ou se subordinando à conveniência 
de qualquer indivíduo, mas sim direcionada a atender aos ditames legais e, 
essencialmente, aos interesses sociais.
1 Legalidade
2 Impessoalidade
3 Moralidade
4 Publicidade
5 Eficiência
Moralidade: “a moralidade administrativa constitui pressuposto da validade de 
todo Ato da Administração Pública”, sendo “um conjunto de regras de conduta tiradas 
da disciplina interior da administração”. Sendo o “agente administrativo ser humano 
dotado da capacidade de atuar, deve necessariamente, distinguir o Bem do Mal, o 
honesto do desonesto” (MEIRELLES, 1983).
30
CAPÍTULO 1
1 Legalidade
2 Impessoalidade
3 Moralidade
4 Publicidade
5 EficiênciaPublicidade: todo ato público deve ser divulgado para “conhecimento público e início de seus efeitos externos”. Aqui cabe lembrar que o art. 5º da Constituição 
brasileira, em seu inciso XXXIII, regulamento pela Lei n. 12.527/2011, determina que: 
“todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo 
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. 
1 Legalidade
2 Impessoalidade
3 Moralidade
4 Publicidade
5 Eficiência
Eficiência: é dever da Administração Pública, por meio de seus agentes, “realizar 
suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional” (MEIRELLES, 1983).
Segundo a prof.ª Dallari, S. (2000) “ao definir-se como um Estado Democrático 
de Direito, o país adotou o princípio básico do Estado de Direito de vincular a Administração 
Pública às estritas previsões legais”. 
Não existindo autonomia na prática de atos administrativos. Assim, lembra a 
professora, citando Bandeira de Mello, que “na administração da coisa pública, só se 
pode querer o que sirva para cumprir uma finalidade antecipadamente estabelecida 
em lei” (DALLARI, S., 2000).
É importante lembrar que um dos princípios primordiais da Administração 
Pública é a Supremacia do Interesse Público, ou seja, na mediação de conflitos entre 
o interesse público e o interesse privado, deve ser priorizado o interesse público, 
sempre respeitando as garantias constitucionais.
31
CAPÍTULO 1
1.3 O PODER DE POLÍCIA DE ESTADO
Para restringir abusos, a Administração Pública é dotada de poderes 
administrativos, com destaque ao poder de polícia. Órgãos de Defesa do Consumidor 
e de Vigilância Sanitária têm poder de polícia na sua esfera de competência.
Legalmente, a conceituação de poder de polícia édada pelo Código Tributário 
Nacional, em seu artigo 78:
LEGISLAÇÃO
“Considera-se poder de polícia atividade da Administração Pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato 
ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, 
à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização 
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais ou coletivos”.
 
Quanto à competência, segundo o professor Hely Lopes Meirelles, “em 
princípio, tem competência para policiar a entidade que dispõe do poder de regular a 
matéria” (MEIRELLES, 1983). 
Segundo Dias (2008): 
O poder de polícia se concretiza em ato de polícia, que só pode ser praticado 
por quem, efetivamente, detenha a competência para a sua realização. O ato 
de polícia é ato administrativo. É, em regra geral, um ato discricionário, sujeito 
aos princípios da legalidade, realidade e razoabilidade. 
32
CAPÍTULO 1
Por ser discricionário, ou seja, por comportar certa liberdade, é importante lembrar 
que, se o agente público, com poder de polícia de Estado, agir arbitrariamente, estará 
“sujeito às sanções penais, administrativas e civis por abuso de poder” (MEIRELLES, 
1983).
IMPORTANTE
O exercício do poder de polícia só pode ser exercido em razão do interesse 
público.
FRIOS
Infelizmente tive que interditar 
seu frigori�co, as carnes estão 
mal-acondicionadas e seu freezer não 
está na temperatura exigida pela 
legislação.
A atuação da vigilância sanitária visa 
proteger o consumidor e limitar o 
comerciante de causar danos ao 
consumidor. Em alguns casos, isso 
requer a interdição do estabelecimento.
Um servidor público (aqui o Luís, com o colete), em um setor de um supermercado, 
interditando produtos com validade vencida, a fim de proteger o consumidor e limitar o 
comerciante de causar maiores danos ao consumidor.
Dias (2008) lembra que “o exercício do poder de polícia é sempre em razão do 
interesse público, sempre buscando o interesse público”.
33
CAPÍTULO 1
2 – VAMOS RELEMBRAR 
Como vimos, o cidadão brasileiro tem vários direitos garantidos pela 
Constituição, dentre eles o direito à saúde, entendido não apenas como direito 
ao tratamento de doenças, mas como a garantia da defesa de seus direitos na 
condição de consumidor. Como determina nossa Constituição, cabe ao Estado a 
garantia desses direitos, portanto os servidores dos três poderes de Estado devem 
atuar para a efetivação desses direitos. 
Muitos desses servidores atuam para restringir abusos daqueles que fornecem 
produtos e serviços para a saúde, ou de interesse à saúde. 
Produtos para a saúde – são produtos utilizados na realização de 
procedimentos médicos, odontológicos e fisioterápicos, bem como no diagnóstico, 
no tratamento, na reabilitação ou na monitoração de pacientes. Inclui desde uma 
simples lâmpada de infravermelho até equipamento de ressonância magnética; de 
uma compressa de gaze a uma prótese de quadril; e de um meio de cultura até um kit 
de reagente para detecção de HIV.
Serviços de interesse para a saúde – é a prática de atividades que prestem 
assistência ao indivíduo, fora do contexto hospitalar ou clínico, e que pode alterar 
o estado de saúde do indivíduo. Dentre essas atividades, estão compreendidas as 
realizadas em salões de beleza, em clínicas de estética, em estúdios de tatuagem, 
em instituições de longa permanência para idosos, em comunidades terapêuticas, 
em academias de ginástica, em creches, entre outras. Atualmente, esse setor abarca 
mais de um milhão de serviços e uma ampla variedade de atividades que demanda 
boa parte do esforço do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária no cumprimento de 
suas competências regimentais.
Para que a restrição de direitos daqueles que fornecem esses produtos e 
serviços possa ser efetivada, esses servidores públicos devem ser investidos de 
poder de polícia. 
34
CAPÍTULO 1
Essa nobre função de servidores públicos da área de saúde, especialmente 
do que chamamos vigilância sanitária e também daqueles que atuam na área de 
defesa do consumidor, deve ser responsavelmente exercida, afinal estamos falando 
da responsabilidade de efetivar direitos dos cidadãos brasileiros.
CAPÍTULO 2
A PROTEÇÃO E A 
DEFESA DA SAÚDE DOS 
CONSUMIDORES
3636
CAPÍTULO 2
 
Olá, estamos iniciando 
o capítulo 2. Teremos a 
oportunidade de aprofundar os 
conhecimentos sobre as competências 
dos órgãos que compõem o Sistema 
Nacional de Defesa do Consumidor 
(SNDC) e dos órgãos que compõem o 
Sistema Nacional de Vigilância 
Sanitária (SNVS). 
 
Desejamos que 
esses conteúdos possam 
servir para aprimorar 
ainda mais seus 
conhecimentos. 
Para que os direitos à saúde e à defesa do consumidor possam ser viabilizados, 
o Estado brasileiro definiu políticas públicas de defesa do consumidor e de saúde. 
Para efetivá-las, o Estado se organiza de forma sistêmica, compondo dois grandes 
sistemas nacionais:
Sistema Nacional 
de Defesa do 
Consumidor 
(SNDC)
Sistema 
Nacional de 
Vigilância 
Sanitária 
(SNVS)
3737
CAPÍTULO 2
1 POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO 
Agora, vamos ver como surgiu a política nacional das relações de consumo. 
Para isso, temos que discutir o DIREITO DO CONSUMIDOR, relacionando-o ao 
advento da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL que ocorreu no século XVIII. Segundo Sodré 
(2009), citando Neil McKendrick:
A revolução do consumidor ocorreu na Inglaterra no século XVIII juntamente 
com a revolução industrial. A revolução de consumo foi o lado da demanda 
análogo ao da oferta proporcionada pela revolução industrial. Todas as classes 
participaram desta revolução, caracterizada por uma nova prosperidade e novas 
técnicas de produção e de marketing. A revolução do consumidor é decisiva na 
história da experiência humana.
Se no século XIX os conflitos sociais ocorriam entre trabalhadores e patrões, 
em meados do século XX, outros atores passam a manifestar-se lutando “pelo acesso 
ao consumo de bens seguros e a garantia da informação plena a respeito dos produtos 
e serviços colocados no mercado” (SODRÉ, 2009).
Na década de 1960 o movimento de defesa do consumidor ganhou maior fôlego, 
influenciado pelo discurso do presidente estadunidense John Kennedy, que, em 15 de 
março de 1962, afirmou perante o Congresso daquele país que “consumidores, por 
definição, somos todos nós” e que os consumidores, por constituírem “o maior grupo 
econômico, influenciam e são influenciados por quase todas as decisões econômicas 
públicas e privadas”. Naquele discurso o presidente reconheceu quatro direitos 
básicos dos consumidores. Os direitos a:
3838
CAPÍTULO 2
Esse discurso passou a ser um marco para defesa do consumidor em todo 
mundo. Desde 1983, no dia 15 de março, é comemorado o Dia Mundial dos Direitos 
do Consumidor.
Em 1960, foi criada a International Organization of Consumers Union (IOCU), 
atual Consumers International (CI), que passou a agregar grupos de consumidores de 
todos os continentes. 
3939
CAPÍTULO 2
SAIBA MAIS
A Consumers International é um organismo internacional que reúne membros 
associados e organizações de consumidores que buscam atuar globalmente em 
favor dos consumidores. A entidade conta com uma participação disseminada 
geograficamente de seus membros, tendo ampla representatividade dos países. 
Para a consecução de seus trabalhos, a Consumers International participa de 
diversos fóruns importantes que tratam do tema da proteção ao consumidor, 
opinando e estabelecendo diálogos em favor dos consumidores. A Secretaria 
Nacional do Consumidor mantém diálogos constantes com a Consumers 
International sobre os mais diversos temas que envolvem a proteção do 
consumidor brasileiro e estrangeiro; realizam intercâmbios de informações e 
experiências; e também pautam sua parceria na realização conjunta de eventos, 
tais como semináriose workshops.
Em novembro de 2014, a Secretaria Nacional do Consumidor passou a condição 
de membro da organização.
(http://www.justica.gov.br/seus-direitos/consumidor/Anexos/consumers-international. 
Acesso em 19.02.2016).
Segundo Rios, Lazzarini e Serrano, no Brasil, assim como nos Estados Unidos 
e na Europa, as primeiras iniciativas relacionadas aos direitos dos consumidores não 
nascem dentro da estrutura do Estado, e sim na sociedade civil.
4040
CAPÍTULO 2
1976 Com a criação do primeiro órgão público de defesa do consumidor, o Grupo Executivo de Proteção do Consumidor (Procon), vinculado à Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, ganhou fôlego e passou a ser referência para criação de órgãos semelhantes em outras unidades da 
federação.
1985
Criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, com a missão de assessorar a Presidência da 
República na formulação de políticas de defesa do consumidor, teve em sua composição associações 
civis de consumidores, Procons Estaduais, a Ordem dos Advogados do Brasil, as Confederações da 
Indústria, do Comércio e da Agricultura, o Conselho de Autorregulamentação Publicitária, o Ministério 
Público e representações dos Ministérios da Justiça, da Agricultura, da Saúde, da Indústria e do 
Comércio e da Fazenda. 
A missão do Conselho foi além daquilo que estava inicialmente previsto, já que o grupo passou a ter 
“destacada atuação na elaboração de propostas para Assembleia Constituinte e, principalmente, por ter 
difundido a importância da defesa do consumidor no Brasil, possibilitando inclusive, a criação de uma 
Política Nacional de Defesa do Consumidor” (Senacon/MJ).
1988
1991
2012
A proteção do consumidor foi considerada direito fundamental dos cidadãos brasileiros e princípio da 
ordem econômica, cabendo ao Estado sua defesa (CF, arts. 5º e 170).
O texto constitucional também determinou, no art. 48 das Disposições Transitórias, que o Congresso 
Nacional elaborasse, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, um Código de Defesa 
do Consumidor (posteriormente, a Lei n. 8.078/90).
Criação do Departamento Nacional de Defesa do Consumidor, ligado ao Ministério da Justiça e 
Segurança Pública, e posteriormente da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
A Senacon, órgão ao qual o Departamento passou a ser subordinado, permitiu que o planejamento, a 
elaboração, a coordenação e a execução da Política Nacional das Relações de Consumo (PNRC) pudesse 
ser orquestrada. 
A Senacon é o órgão público federal de proteção e defesa do consumidor que, 
além de coordenar a PNRC, atua na integração e na articulação do SNDC, mantém 
cooperação técnica com outros órgãos públicos e agências federais e promove e 
coordena diálogos setoriais com os representantes do mercado, representando os 
interesses dos consumidores brasileiros. Ademais, atua na advocacia normativa dos 
direitos dos consumidores e na prevenção e na repressão das práticas infratoras em 
âmbito nacional.
4141
CAPÍTULO 2
1.1 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC)
Em 1990 foi sancionada a Lei n. 8.078, conhecida como Código de Defesa do 
Consumidor (CDC), considerada uma das mais avançadas do mundo. O texto legal 
busca maior equiparação das forças que atuam no mercado de consumo e garante a 
possibilidade de o consumidor ter seus direitos respeitados, especialmente no tocante 
à sua saúde e segurança.
Consumidor – “toda pessoa 
física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final” (CDC, art. 2º). 
No Brasil, o pressuposto básico do direito do 
consumidor é o princípio da vulnerabilidade. 
Para a legislação brasileira, a vulnerabilidade 
se configura na fragilidade do consumidor diante 
de práticas do fornecedor, sendo, por isso, 
necessária a ação estatal em sua proteção.
Cabe observar que existem diferentes visões 
doutrinárias e jurídicas em relação às empresas, 
quando se trata do alcance da expressão 
“destinatário final”. 
Nesse ponto, são três principais teorias.
 
Para exis�r uma 
relação de consumo, são 
necessárias as figuras do 
consumidor, do fornecedor e 
de um produto ou serviço. 
 
Assim, vejamos 
cada um desses conceitos 
de acordo com o CDC. 
4242
CAPÍTULO 2
SAIBA MAIS
A primeira delas é a teoria finalista, segundo a qual o consumidor (destinatário 
final) é apenas a pessoa física ou jurídica que adquire o produto ou serviço 
para utilizá-lo de forma a satisfazer uma necessidade privada, desde que não 
haja a utilização desse bem ou desse serviço com a finalidade de produzir, 
desenvolver atividade comercial ou mesmo profissional. Os finalistas afirmam 
que, ao se adquirir um produto ou serviço com a finalidade de desenvolver 
uma atividade de produção, este não estaria utilizando o produto ou serviço 
como destinatário final. De acordo com a corrente finalista, o comerciante e o 
profissional poderão ser considerados como consumidores quando adquirirem 
produtos ou contratarem serviços para o uso não profissional, ou seja, que não 
tenham nenhuma ligação com a sua atividade produtiva.
Por sua vez, a teoria maximalista aponta que o consumidor (destinatário final) 
seria toda e qualquer pessoa física ou jurídica que retira o produto ou o serviço 
do mercado e o utiliza. Nessa corrente não importa se a pessoa adquire ou 
utiliza o produto ou o serviço para o uso privado ou para o uso profissional.
Já a teoria mista, ou finalista temperada ou teoria finalista aprofundada, 
mescla elementos das duas teorias já mostradas. Segundo seus defensores, o 
consumidor (ou destinatário final) é a pessoa que adquire o produto ou o serviço 
para o uso privado, mas se admite sua utilização em atividade de produção, 
com o fim de desenvolver atividade comercial ou profissional, considerada a 
necessidade de verificação da vulnerabilidade dessa pessoa física ou jurídica 
que está adquirindo o produto ou contratando o serviço.
Assim, conforme a política estabelecida pelo órgão de proteção e defesa do 
consumidor, a pessoa jurídica poderá ou não ser atendida em relação à sua demanda 
no órgão estadual ou municipal da sua cidade. 
Além disso, existe no Brasil a figura do Microempreendedor Individual (MEI), 
categoria jurídica direcionada às pessoas que trabalham por conta própria, faturam 
até R$ 60 mil ao ano, não possuem participação em outras empresas como sócio 
4343
CAPÍTULO 2
ou titular e empregam no máximo um funcionário, que recebe o salário-mínimo ou 
o piso da categoria. Segundo entendimento da Secretaria Nacional do Consumidor 
(Nota Técnica n.014/2015), os MEIs poderão recorrer aos Procons, órgãos estaduais 
e municipais de defesa do consumidor, para solucionar conflitos relacionados ao 
consumo de produtos e serviços.
Fornecedor - “é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços” (CDC, art. 3º).
É importante frisar que o fornecedor é considerado como tal, mesmo sem auferir 
lucro de sua atividade. Importante também destacar que, ao considerar fornecedor 
“pessoa jurídica pública”, o CDC submete os prestadores de serviços públicos ao 
respeito às suas disposições.
Produto - “é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial” (CDC, 
art. 3º, §1°). 
Serviço - “é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, 
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista” (CDC, art. 3º, §1°).
“O CDC trata os bens da vida como produtos ou serviços” (Manual de Direito do 
Consumidor/Senacon - 4ª Ed.) e, portanto, vai além dos produtos e serviços que são 
objeto deste livro: os produtos e serviços de interesse da saúde. 
O Código estabelece que a Política Nacional das Relações de Consumo (PNRC) 
tem por objetivo: 
4444
CAPÍTULO2
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, 
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da 
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de 
consumo... 
LEGISLAÇÃO
O CDC estabelece princípios, reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor 
no mercado de consumo, a necessidade de ações governamentais voltadas à 
sua defesa, a importância da educação e da informação, tanto de fornecedores 
como de consumidores, esclarecendo seus direitos e deveres e a repressão 
eficiente de todos os abusos praticados no mercado de consumo. Também 
enfatizou a necessidade de racionalização e melhoria dos serviços públicos e 
de estudos constantes das modificações do mercado de consumo (CDC, art. 4º).
Ao estabelecer esses princípios, mais uma vez é importante lembrar que 
também os órgãos públicos devem atendê-los, pois, como já foi apresentado, eles 
também são, na qualidade de fornecedores de produtos e serviços, “pessoas jurídicas 
públicas”, estando sujeitos aos ditames do Código. 
O Código estabelece direitos básicos do consumidor, ou seja, condições 
mínimas que devem ser atendidas para que o consumidor possa conviver dignamente 
com o mercado.
São direitos básicos do consumidor, no seu art. 6°, entre outros:
4545
CAPÍTULO 2
1- Educação e divulgação sobre o 
consumo adequado dos produtos e 
serviços, asseguradas a liberdade de 
escolha e a igualdade nas contratações.
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2- Informação adequada e clara sobre 
os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade, 
tributos incidentes e preço, bem como 
sobre os riscos que apresentem.
ESCORREGADOR
GIGANTE
O escorregador é 
gigante e você vai 
se divertir muito!
Compre já o seu!
3- Proteção contra a publicidade 
enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra 
práticas e cláusulas abusivas ou impostas 
no fornecimento de produtos e serviços.
4- Proteção da vida, saúde e segurança 
contra os riscos provocados por práticas 
no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos.
CO N S U M I D O
R
Transporte
aéreo 
Transporte
terrestre
Fornecimento de
energia elétrica 
Abastecimento
de água
Serviços de
telecomunicações 5- Adequada e eficaz prestação dos 
serviços públicos em geral. (CDC art. 6º)
4646
CAPÍTULO 2
Em relação à qualidade de produtos e serviços, o Código define com 
objetividade que:
LEGISLAÇÃO
“os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão 
riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados 
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se 
os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e 
adequadas a seu respeito” (CDC art.8º).
Cabe ressaltar que as informações ao consumidor devem ser claras e são um 
elemento essencial do próprio produto. Ao tratar da informação e por considerá-la 
instrumento fundamental para efetivação dos direitos básicos do consumidor, o CDC 
responsabiliza fortemente o fornecedor que não a disponibiliza de forma ostensiva, 
adequada e oportuna. Nesse sentido, a falha de informação é considerada defeito no 
produto ou no serviço se for capaz de gerar riscos ao consumidor.
 
Ainda na mesma 
esteira, o ar�go 10 do CDC 
prevê que o fornecedor não 
pode colocar no mercado de 
consumo produto ou serviço 
que apresente risco ao 
consumidor. 
 
Caso o fornecedor 
tome conhecimento de tal 
risco, é sua obrigação 
comunicar o fato 
imediatamente às autoridades 
competentes e à cole�vidade 
de consumidores. 
 
 E promover a re�rada 
do risco do mercado, ação 
conhecida como recall ou 
processo de chamamento. 
4747
CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÃO
O Código determina que “a defesa dos interesses e direitos dos consumidores 
e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo”, esclarecendo que, para esse fim, são legitimados concorrentemente 
o Ministério Público; a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; as 
entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem 
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e 
direitos protegidos por este código; as associações legalmente constituídas 
há pelo menos um ano, e que incluam, entre seus fins institucionais, a defesa 
dos interesses e direitos protegidos por este código” (CDC arts. 81 e 82).
Em mais de cem artigos, o CDC define os direitos, a política, as questões sobre 
qualidade de produtos e serviços, a prevenção e a reparação de danos, e caracteriza 
infrações e estabelece penalidades. É com esse instrumento legal que o cidadão 
brasileiro pode fazer valer seus direitos na sua condição de consumidor, não só, mas 
especialmente, no tocante à sua saúde e segurança.
O Código também estabelece a organização das instituições e dos atores que 
participam da Política de Defesa do Consumidor, configurando sua articulação em um 
sistema, o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. 
4848
CAPÍTULO 2
Lei n. 7.347/1985
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao 
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências.
Lei n. 8.078/1990
Dispõe sobre a proteção e a defesa do consumidor. É conhecida como 
Código de Defesa do Consumidor.
Lei n. 12.741/2012
A lei estabelece que deverá constar nos documentos �scais informações 
equivalentes ao valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos 
federais, estaduais e municipais, cuja incidência in�ui na formação dos 
respectivos preços de venda.
Decreto n. 2.181/1997
O Decreto dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa do 
Consumidor (SNDC) e estabelece as normas gerais de aplicação das sanções 
administrativas previstas no CDC.
Decreto n. 7.738/2012
Estabelece, dentre outros, regras para a Secretaria Nacional do Consumidor 
(Senacon), alterando o Decreto n. 2.181, de 20 de março de 1997.
Decreto n. 7.963/2013
Institui o Plano Nacional de Consumo e Cidadania (Plandec).
Decreto n. 8.573/2015
Dispõe sobre o Consumidor.gov.br, sistema alternativo de solução de 
con�itos de consumo.
Leis e Decretos
4949
CAPÍTULO 2
1.2 SISTEMA NACIONAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR (SNDC)
Para que a proteção e a defesa do consumidor sejam efetivadas, o CDC criou 
o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), regulamentado pelo Decreto 
n. 2.181/97. 
O SNDC tem como missão possibilitar que a atividade de proteção e defesa 
do consumidor seja exercida de forma organizada e coordenada, a fim de garantir 
maior “segurança e eficiência nos resultados aos cidadãos” (Manual de Direito do 
Consumidor/Senacon-4ª Ed.).
O referido Sistema integra, sem hierarquizar ou subordinar, a Secretaria Nacional 
do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, os Procons 
Estaduais e Municipais e do Distrito Federal, o Ministério Público, as Defensorias 
Públicas e as entidades civis de defesa do consumidor.
5050
CAPÍTULO 2
01
02
 Além da Senacon, atualmente 
a estrutura do SNDCé 
composta por:
 Procons Estaduais compostos por 26 
unidades, além do Distrito Federal, e 
825 Municipais.
 Ministério Público nas 27 unidades 
federativas e Ministério Público Federal.
 Defensoria Pública nas 27 unidades 
federativas e no Distrito Federal. 
 18 Entidades civis de defesa do 
consumidor.
Os Procons são órgãos públicos que 
elaboram, coordenam e executam a 
política estadual ou municipal de 
proteção e defesa do consumidor, 
integram e coordenam os sistemas 
estaduais ou municipais de defesa do 
consumidor, realizam o atendimento e
a orientação ao consumidor e fiscalizam 
as práticas infrativas aos direitos dos 
consumidores nos estados e municípios.
 O Ministério Público promove a atuação 
na defesa dos interesses difusos e 
coletivos dos consumidores, e contribui 
para a construção e a implementação de 
políticas públicas.
A Defensoria Pública atua no atendimento, 
na orientação e na assistência jurídica e 
judicial aos consumidores de baixa renda. 
Também atua no âmbito coletivo e na 
construção e na implementação de 
políticas públicas.
A participação de Organizações Civis de 
defesa do consumidor também foi 
contemplada no CDC. A Política Nacional 
das Relações de Consumo prevê, 
inclusive, a “concessão de estímulos à 
criação e desenvolvimento das 
Associações de Defesa do Consumidor” 
(art. 5ª, inciso V). Entidades civis de defesa 
do consumidor, desde que obedecidas às 
exigências do CDC, podem, inclusive, 
representar coletivamente os 
consumidores em juízo. 
Senacon
0304
05
06
07
5151
CAPÍTULO 2
O país conta com dezenas de organizações da sociedade civil que atuam na 
defesa dos diretos dos consumidores em praticamente todos os estados brasileiros. 
Várias dessas entidades se articulam em um Fórum de Entidades Civis de Defesa 
do Consumidor (FNECDC), trocando informações, desenvolvendo ações conjuntas e 
fortalecendo o movimento civil de defesa do consumidor. As entidades são originalmente 
plurais, mas todas têm como missão defender os interesses do consumidor, atuando 
dentro dos princípios éticos, como: independência, transparência e democracia, 
solidariedade e compromisso social.
SAIBA MAIS
São entidades do FNECDC: 
- ABCCON/MS – Associação Brasileira da Cidadania e do Consumidor do Mato 
Grosso do Sul
- ABED/CE – Associação Brasileira de Economistas Domésticas do Ceará
- ABRACON – Associação Brasileira do Consumidor do Rio de Janeiro
- ACOPA/PR – Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná
- ACV/RO – Associação Cidade Verde de Rondônia
- ADCB/JE/BA – Associação das Donas de Casa da Bahia – Jequié
- ADECCON/PE – Associação de Defesa da Cidadania e do Consumidor de 
Pernambuco
- ADOC – Associação de Defesa e Orientação do Cidadão de Curitiba
- ADOCON/TB – Associação das Donas de casa, dos Consumidores e da 
Cidadania de Tubarão – Santa Catarina
- ADUSEPS – Associação dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde 
– Pernambuco
- CDC/RN – Centro de Defesa do Consumidor do Rio Grande do Norte
- DECONOR – Comitê de Defesa do Consumidor Organizado de Florianópolis
- FEDC/RS – Fórum Estadual de Defesa do Consumidor – Rio Grande do Sul
- ICONES – Instituto para o Consumo Educativo Sustentável de Belém
- IDEC/SP – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – São Paulo
- MDC/GO – Movimento das Donas de Casa de Goiás
5252
CAPÍTULO 2
- MDCCB – Movimento de Donas de Casa e Consumidores da Bahia
- MDC/MG – Movimento das Donas de Casa e Consumidores de Minas Gerais
- MDCC/RS – Movimento das Donas de Casa do Rio Grande do Sul
Entidades como a Associação Brasileira de Procons (ProconsBrasil), a 
Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCon), o Conselho 
Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege), o Fórum Nacional de Juizados 
Especiais (Fonaje) e o Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon) 
desempenham importante papel na defesa dos interesses dos consumidores.
5353
CAPÍTULO 2
1.2.1 COMPETÊNCIAS DA SENACON
I - Planejar, elaborar, propor, coordenar e 
executar a política nacional de proteção e 
defesa do consumidor.
 
II - Receber, analisar, avaliar e apurar 
consultas e denúncias apresentadas por 
entidades representativas ou pessoas 
jurídicas de direito público ou privado ou 
por consumidores individuais.
III - Prestar aos consumidores orientação 
permanente sobre seus direitos e garantias.
IV - Informar, conscientizar e motivar o 
consumidor, por intermédio dos diferentes 
meios de comunicação.
V - Solicitar à polícia judiciária a instauração 
de inquérito para apuração de delito contra 
o consumidor, nos termos da legislação 
vigente.
VI - Representar o Ministério Público 
competente para �ns de adoção de 
medidas processuais, penais e cívis, no 
âmbito de suas atribuições.
VII - Levar ao conhecimento dos órgãos 
competentes as infrações de ordem 
administrativa que violarem os interesses 
difusos, coletivos ou individuais dos 
consumidores.
VIII - Solicitar o concurso de órgãos e 
entidades da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, bem 
como auxiliar na �scalização de preços, 
de abastecimento, de quantidade e de 
segurança de produtos e serviços.
IX - Incentivar, inclusive com recursos 
�nanceiros e outros programas especiais, 
a criação de órgãos públicos estaduais e 
municipais de defesa do consumidor e a 
formação, pelos cidadãos, de entidades 
com esse mesmo objetivo.
XIII - Desenvolver outras atividades 
compatíveis com suas �nalidades.
Parágrafo único – Para a consecução de 
seus objetivos, a Senacon poderá solicitar 
o concurso de órgãos e entidades de 
notória especialização técnico-cientí�ca. 
 
Conforme estabelece o 
CDC, em seu art. 106, 
posteriormente regulamentado 
pelo Decreto n. 2.181/97, compete à 
Senacon a coordenação do Sistema 
Nacional de Defesa do Consumidor 
(SNDC), cabendo à Secretaria: 
5454
CAPÍTULO 2
Além das atividades definidas no CDC, o Decreto n. 2.181/97 estabeleceu que 
compete à Secretaria: 
“fiscalizar e aplicar as sanções administrativas previstas na Lei n. 8078/90, e 
em outras normas pertinentes à defesa do consumidor; celebrar convênios e 
termos de ajustamento de conduta, na forma do § 6º do art. 5º da Lei n. 7347/85; 
(Redação dada pelo Decreto n. 7.738/2012); elaborar e divulgar o cadastro 
nacional de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e 
serviços, a que se refere o art. 44 da Lei n. 8078/90.”
Em 2012, foi criada a Coordenação de Saúde e Segurança do Consumidor, 
como principais ações:
3
Analisar e encaminhar 
denúncias e consultas 
relativas
às relações de consumo.
2
Analisar, acompanhar e 
monitorar campanhas de 
chamamento (recalls) em 
todo o país.
1
Executar e acompanhar 
ações relacionadas à 
proteção da vida, saúde e 
segurança do consumidor.
4
Analisar e instruir 
procedimentos
administrativos.
5
Analisar e emitir 
informações, notas e 
pareceres de natureza 
técnica nos procedimentos 
administrativos que visem à 
apuração de condutas 
infringentes aos direitos do 
consumidor em questões 
de saúde e segurança. 
7
Acompanhar as atividades 
referentes à proteção e 
defesa
do consumidor.
6
Realizar estudos na área de 
proteção à vida, à saúde e 
à segurança do 
consumidor. 
Saúde e segurança
do consumidor
5555
CAPÍTULO 2
Por meio da Coordenação de Consumo Seguro e Saúde, a Senacon atua no 
desenvolvimento de políticas públicas articuladas, que possibilitam o aprimoramento 
da ação fiscalizatória do Estado. Pela atuação conjunta com outros órgãos 
governamentais, o órgão trabalha na detecção de possíveis riscos à saúde e à 
segurança da coletividade de consumidores, minorando as chances de ocorrência 
de acidentes de consumo e monitorando a ação de fornecedores no cumprimento do 
Código de Defesa do Consumidor.
Na sociedade contemporânea, em que se nota o aumento da quantidade e 
da complexidade das relações de consumo, a definição de uma política de saúde e 
segurança para as relações de consumo apresenta-se especialmente relevante.No 
âmbito da Senacon, a Coordenação de Consumo Seguro e Saúde desenvolve esse 
processo.
Como exemplos, cabe citar que o Brasil administra, hoje, 
por meio da Senacon, o Sistema Nacional de Alertas Rápidos 
de Recall – o único sistema nacional da América Latina por meio 
do qual consumidores e entidades cadastrados recebem, por via 
eletrônica, mensagens de alerta, sempre que um novo recall é 
protocolizado no âmbito da Senacon.
IMPORTANTE
Em 2009 a Senacon e a Anvisa assinaram um Acordo de Cooperação Técnica 
cujo objeto era “atuação integrada no âmbito da relação institucional entre 
os órgãos, com vistas a realizar o intercâmbio de informações e promover 
ações conjuntas que aprimorem o desempenho de atividades que garantam a 
efetiva proteção e defesa do consumidor”, tendo como foco “a necessidade 
de resguardar o consumidor de produtos e serviços colocados no mercado de 
consumo que apresentam riscos à sua saúde e segurança”.
5656
CAPÍTULO 2
Além do exposto, a Senacon conta com o Sistema Nacional de Informações 
de Defesa do Consumidor (Sindec), que é um sistema informatizado que integra 
processos e procedimentos relativos ao atendimento de consumidores nos Procons, 
visando proporcionar um instrumento de gestão adequado ao dinamismo típico de 
seus setores de atendimento. Ele é resultado de um trabalho integrado, realizado 
segundo a lógica da parceria, e se constitui em um instrumento que permite amplificar 
a voz de milhões de consumidores em todo o Brasil.
DICA
Conheça os indicadores do Sindec na página do portal www.defesadoconsumidor.
gov.br 
 Além das competências citadas, a Senacon também possui em sua estrutura a 
Escola Nacional de Defesa do Consumidor que atua na construção do conhecimento 
de proteção e defesa do consumidor, na formação e na capacitação do SNDC e de 
órgãos parceiros que trabalham com a temática da proteção e defesa do consumidor.
5757
CAPÍTULO 2
1.2.2.COMPETÊNCIAS DOS PROCONS
 
Atenção! 
Veremos agora o que 
compete aos Procons e à 
En�dade ou aos órgãos da 
Administração Pública 
federal, estadual e 
municipal. 
Compete aos Procons:
LEGISLAÇÃO
“planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a política estadual, do Distrito 
Federal e municipal de proteção e defesa do consumidor, nas suas respectivas 
áreas de atuação; dar atendimento aos consumidores, processando, regularmente, 
as reclamações fundamentadas; fiscalizar as relações de consumo; funcionar, 
no processo administrativo, como instância de instrução e julgamento, no 
âmbito de sua competência, dentro das regras fixadas pela Lei n. 8078/90, pela 
legislação complementar e por este Decreto; elaborar e divulgar anualmente, no 
5858
CAPÍTULO 2
âmbito de sua competência, o cadastro de reclamações fundamentadas contra 
fornecedores de produtos e serviços, de que trata o art. 44 da Lei n. 8078/90 e 
remeter cópia à Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça 
e Segurança Pública (Redação dada pelo Decreto n. 7738/2012); desenvolver 
outras atividades compatíveis com suas finalidades.” (Dec. n. 2181/97, art. 4º).
Outras competências:
LEGISLAÇÃO
Entidade ou órgãos da Administração Pública, federal, estadual e municipal, 
“destinados à defesa dos interesses e direitos do consumidor têm, no âmbito 
de suas respectivas competências, atribuição para apurar e punir infrações ao 
Decreto n. 2.181/97 e à legislação das relações de consumo”, bem com “poderão 
celebrar compromissos de ajustamento de conduta às exigências legais, 
nos termos do § 6º do art. 5º da Lei n. 7.347/85, na órbita de suas respectivas 
competências” (Dec. n. 2181/97, art. 5º e 6º).
Destacamos dois órgãos de Estado que cumprem funções essenciais à justiça, 
embora não estejam subordinados ao Poder Judiciário: o Ministério Público e a 
Defensoria Pública.
5959
CAPÍTULO 2
1.2.3 COMPETÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Cabe ao Ministério Público da União e dos estados, entre outras funções, zelar 
pela defesa do regime democrático, pela aplicação e pelo respeito às leis, pelos 
interesses sociais, instaurar inquéritos e propor ações coletivas.
O Ministério Público tem cumprido importante papel, representando a 
coletividade de consumidores, especialmente em situações em que é difícil identificar 
quem e quantos são os consumidores lesados ou potencialmente lesados, ajuizando 
Ações Civis Públicas, firmando Termos de Ajustamento de Conduta, instaurando 
inquéritos civis para apuração de infrações à legislação de consumo e promovendo 
ações penais públicas relativas às infrações penais de consumo. 
O Ministério Público conta com a legitimidade exclusiva para promover ação 
penal pública em decorrência de possíveis infrações penais de consumo. Para os 
casos em que a lesão for coletiva, o Ministério Público ajuizará ação civil pública 
(ação coletiva), com o encaminhamento ao Poder Judiciário, para que suas decisões 
atinjam a proteção dos consumidores, inclusive com reparação de danos (materiais 
e morais).
1.2.4 COMPETÊNCIAS DA DEFENSORIA PÚBLICA
No âmbito da advocacia pública, a Defensoria Pública da União, do Distrito 
Federal, Territórios e estados tem como função “fornecer orientação jurídica e defesa, 
em todos os graus, dos necessitados”, (art. 5º, LXXIV da CF). Por necessitados deve-
se compreender as pessoas que não possuem recursos econômicos para recorrer a 
advogados particulares.
Para cumprir sua missão institucional, a Defensoria Pública pode propor ações 
individuais ou coletivas. Ao cumprir esse papel constitucional, a Defensoria Pública 
democratiza o acesso à justiça para aqueles que não têm recursos econômicos para 
contratar advogados que possam defender seus direitos.
6060
CAPÍTULO 2
É importante destacar que a Defensoria Pública tem exercido relevante função na 
defesa coletiva dos consumidores, resolvendo questões de numerosos consumidores 
e garantindo-lhes o acesso à justiça.
DESTAQUE
A Política Nacional de Defesa do Consumidor conta ainda com a participação de 
delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas 
de infrações penais de consumo, e com juizados especiais civis com atribuição 
de processar e julgar lesões sofridas pelos consumidores que envolvem 
danos que não envolvam valores superiores a 40 salários-mínimos vigentes. 
As Agências Reguladoras, responsáveis pelo controle, pela fiscalização e pela 
gestão de políticas, além de suas competências próprias, devem receber reclamações 
fundamentadas de consumidores e tomar as devidas providências administrativas.
1.3 PLANO NACIONAL DE CONSUMO E CIDADANIA (PLANDEC)
Em março de 2013 a Política Nacional das Relações de Consumo passou a 
contar com um Plano Nacional de Consumo e Cidadania (Plandec), que reconheceu 
a proteção e a defesa do consumidor como política de Estado. 
O objetivo do Plano é:
6161
CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÃO
“garantir o atendimento das necessidades dos consumidores; assegurar o 
respeito à dignidade, saúde e segurança do consumidor; estimular a melhoria da 
qualidade de produtos e serviços colocados no mercado de consumo; assegurar 
a prevenção e a repressão de condutas que violem direitos do consumidor; 
promover o acesso a padrões de produção e consumo sustentáveis e promover 
a transparência e harmonia das relações de consumo” (Dec. n. 7963/2013, art. 3º).
Para a efetivação desse propósito, são definidas diretrizes, como:
LEGISLAÇÃO
“educação para o consumo; adequada e eficaz prestação dos serviços públicos; 
garantia do acesso do consumidor à justiça; garantia de produtos e serviços 
com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho; 
fortalecimento da participação social na defesa dos consumidores; prevenção e 
repressão de condutas que violem direitos do consumidor; e autodeterminação, 
privacidade, confidencialidade e segurança das informações e dados pessoais 
prestados ou coletados, inclusive por meio eletrônico” (Dec. n. 7963/2013, art. 1º).
6262
CAPÍTULO 2
No âmbito federal, as ações prioritárias da PNRC previstasno referido Decreto 
devem atender a três eixos principais:
Prevenção e 
solução de 
conflitos de 
consumo
Regulação e 
fiscalização do 
mercado de 
consumo
Fortalecimento 
do Sistema 
Nacional de 
Defesa do 
Consumidor
SAIBA MAIS
Para se aprofundar mais a respeito dos três eixos, sugerimos que realize o 
nosso curso de Introdução à Defesa do Consumidor.
No Plano estão envolvidos diversos órgãos governamentais, compondo a 
Câmara Nacional das Relações de Consumo, que conta com um Conselho de Ministros 
e um Observatório das Relações de Consumo. 
As atividades do Conselho de Ministros e o Observatório das Relações de 
Consumo são regulamentadas pelo Dec. n. 7.963/2013. O Conselho de Ministros 
é presidido pelo Ministro da Justiça e coube à Senacon as funções de Secretaria-
6363
CAPÍTULO 2
Executiva do Conselho. O Conselho tem como atribuição “orientar a formulação, a 
implementação, o monitoramento e a avaliação do Plano” (Dec. nº 7963/2013, art. 10).
O Observatório das Relações de Consumo deve acompanhar a execução das 
políticas, programas e ações do Plano, promovendo estudos e formulando propostas 
para que os objetivos do Plandec possam ser atingidos.
A estrutura do Observatório é composta por uma Secretaria Executiva, cujas 
funções são atribuídas à Senacon, e mais 3 Comitês: Comitê Técnico de Consumo e 
Regulação; Comitê Técnico de Consumo e Turismo; e Comitê Técnico de Consumo 
e Pós-Venda.
DESTAQUE
A Anvisa integra o Comitê Técnico de Consumo e Turismo.
1.4 CONSUMIDOR.GOV.BR
Outra iniciativa que merece destaque é o Consumidor.gov.
br, serviço público lançado pela Senacon, em junho de 2014, que 
permite a interlocução direta entre consumidores e empresas 
para solução de conflitos de consumo pela internet. Monitorada 
pela Senacon, pelos Procons, pelas Defensorias Públicas, pelos 
Ministérios Públicos e também por toda a sociedade, a ferramenta, 
concebida com base em princípios de transparência e controle social 
possibilita a resolução de conflitos de consumo de forma rápida e desburocratizada.
Em síntese, o atendimento realizado por meio do Consumidor.gov.br ocorre da 
seguinte forma: 
6464
CAPÍTULO 2
O desempenho das empresas participantes também pode ser monitorado. Há 
um módulo de indicadores que permite qualquer consumidor pesquisar o conteúdo 
das reclamações dos consumidores, as respostas das empresas e o comentário final 
dos consumidores (na avaliação do atendimento). Inclusive é possível pesquisar a 
informação por meio do uso de filtros diversos, como: palavras-chave, segmento 
de mercado, fornecedor, dados geográficos, área, assunto, problema, período, 
classificação (resolvida/não resolvida/não avaliada) e/ou nota de satisfação. 
A riqueza desse conteúdo permite a qualquer interessado promover a elaboração 
de inúmeras outras análises e cruzamentos então não contemplados pelas consultas 
disponíveis na plataforma.
6565
CAPÍTULO 2
Entre os participantes estão empresas de segmentos historicamente muito 
reclamadas como telecomunicações, bancos, aviação civil, comércio eletrônico, 
varejo e indústria.
IMPORTANTE
Importante registrar que o índice médio de solução das demandas dos 
consumidores é de 80% e o tempo médio de resposta é de 7 dias.
2 VIGILÂNCIA SANITÁRIA NO BRASIL
 Chegada da família real ao Brasil e 
abertura dos portos.
A área de vigilância sanitária é considerada a 
con�guração mais antiga dos serviços 
voltados à saúde pública.
 Cartas Régias 
de�nindo as atividades 
de saúde pública e 
atribuições do 
“Phisico-Mór”.
O Alvará de 22 de janeiro 
de 1810 trazia as 
atribuições de ordem 
santária.
 As atividades 
sanitárias tinham um 
caráter �scalizador, 
julgador e punitivo. Não 
havia um trabalho 
preventivo.
 As autoridades 
detinham o poder de 
tributar e arrecadar as 
taxas sobre os 
respectivos serviços. 
 O poder público 
atuava determinando 
regras que disciplinavam 
comportamentos e 
relações, exercendo a 
�scalização e seu 
cumprimento.
 Intervenções de cunho 
sanitário, a �m de conter 
epidemias e inserir o país 
nas rotas de comércio 
internacional.
 
 Intensi�cação do �uxo de 
embarcações e circulação de 
mercadorias e de 
passageiros no país.
Com a intensi�cação de 
embarcações, circulação de 
passageiros e mercadorias, 
surgiu a necessidade do 
controle sanitário nas áreas 
portuárias, com o objetivo de 
evitar doenças epidêmicas e 
criar condições de aceitação 
dos produtos brasileiros no 
mercado internacional.
6666
CAPÍTULO 2
Veja nas datas correspondentes a trajetória da Vigilância Sanitária.
1820 1950 1961 1976 1980 1990
Em 1820 foi criada a Inspetoria de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro e 
logo foram estabelecidas normas para organizar a vida nas cidades, que regularam 
gêneros alimentícios, açougues, matadouros, casas de saúde, medicamentos, 
cemitérios, entre outros.
Por meio da promulgação de leis, da estruturação e da reforma de serviços 
sanitários e dos rearranjos da estrutura do Estado, as intervenções sanitárias foram aos 
poucos institucionalizadas. Do período monárquico até a transição para a República, 
e acompanhando a instauração da nova ordem política, econômica e social, o que 
hoje denominamos Vigilância Sanitária, foi se formando no âmago do setor da saúde. 
Esse subsetor organizou suas ações sob o esteio do “poder de polícia”, cuja face 
mais visível é a fiscalização e a aplicação de penalidades. 
Ao longo do século XX, os serviços de Vigilância Sanitária passaram por 
inúmeras reformas, de maior ou menor envergadura, e houve uma intensa produção de 
leis e normas concentradas, sobretudo na normatização das áreas de medicamentos 
e alimentos. 
A década de 1950 foi marcada pela criação do Ministério da Saúde (MS), em 
1953 e, no ano seguinte, pela criação do Laboratório Central de Controle de Drogas 
e Medicamentos (LCCDM). 
Em 1961 foi regulamentado o Código Nacional de Saúde e, no final dessa 
mesma década, foi editado o Decreto-Lei n. 986/69, que estabeleceu as normas 
básicas para alimentos, que continuam em vigor até os dias atuais. 
6767
CAPÍTULO 2
Em 1976, com a reestruturação do Ministério da Saúde, foi criada a Secretaria 
Nacional de Vigilância Sanitária. Segundo o Decreto n. 79.056/76, coube à nova 
Secretaria 
“promover ou elaborar, controlar a aplicação e fiscalizar o cumprimento de 
normas e padrões de interesse sanitário relativos a portos, aeroportos, fronteiras, 
produtos médico-farmacêuticos, bebidas, alimentos e outros produtos ou bens, 
respeitadas as legislações pertinentes, bem como efetuar o controle sanitário 
das condições do exercício profissional relacionado com a saúde”. 
A estrutura da Secretaria denotava, claramente, maior ênfase às ações de 
controle da qualidade dos produtos de interesse da saúde: alimentos, cosméticos, 
saneantes (produtos destinados à limpeza e desinfecção de ambientes) e 
medicamentos. 
As relações dos serviços de Vigilância Sanitária federal e estaduais eram 
extremamente frágeis e a insuficiência de recursos não permitiu que os serviços fossem 
adequadamente organizados, nas diferentes esferas de governo, para acompanhar as 
demandas crescentes do parque produtivo. Desse modo, a Vigilância Sanitária limitou 
sua atuação, adotando um modelo cartorial, baseado apenas na análise documental, 
sem a confirmação das informações por meio de inspeção sanitária (LUCCHESE, 2006).
Na década de 1980, no bojo da Nova República e do processo de 
redemocratização do país, surgiu o Movimento de Reforma Sanitária. O Movimento 
foi liderado por um grupo de profissionais de saúde, inclusive da área de Vigilância 
Sanitária, e os debates daquele período formularam as bases para a atual política de 
saúde materializada no Sistema Único de Saúde, o SUS.
Em 1985 foi realizado o Seminário Nacional de Vigilância Sanitária, cujo objetivo 
principal foi firmar a necessidade de definição da Política Nacional de Vigilância 
Sanitária, integrada à Política Nacional de Saúde. 
Em 1986, dois importantes eventos discutiram bases

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