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Propriedades magnéticas e ressonância do spin eletrônico Química Inorgânica A Prof. Hemerson Nascimento Cálculo das energias dos orbitais do hidrogênio por Schrödinger, um grande avanço para a teoria atômica. Em 1925, Samuel Goudsmit e George Uhlenbeck propõem uma explicação para as pequenas diferenças na frequência calculada. O elétron assume dois estados de spin possíveis, paralelo e antiparalelo, associados ao número quântico [magnético] de spin (s ou ms) que assume os valores de +1/2 ou -1/2. Spin do elétron Experimento de Stern-Gerlach Resposta da matéria aos campos magnéticos excitantes externos. A matéria desenvolve um campo magnético próprio, cuja intensidade e orientação dependem tanto do campo externo excitante quanto das propriedades do material de composição. Onde: De outra forma, 𝐵𝑚 é o vetor de magnetização do material (𝑀), dado em A/m, que expressa o seu momento de dipolo magnético. Magnetização 𝐵 = 𝐵0 + 𝐵𝑚 𝐵0 é a indução magnética gerada pela corrente 𝐼 . 𝐵𝑚 é a indução magnética gerada material magnético. A magnetização 𝑀 é proporcional a intensidade do campo magnético e pode ser expressa em função da susceptibilidade magnética (χ), capacidade de um material se magnetizar quando exposto a um campo, ou da permeabilidade magnética (μr). Em escala atômica, a magnetização é gerada pelo movimento orbital dos elétrons (translação); pelo spin dos elétrons e; pelo spin do núcleo dos átomos (mais fracamente). Interpretação atômica da magnetização A magnitude do momento do dipolo magnético devido ao movimento de translação do elétron é o Magnéton de Böhr (mB), que pode ser positivo ou negativo, de acordo com o spin. Distribuição eletrônica do Ferro: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6 Distribuição no subnível 3d: Os quatro elétrons desemparelhados do último subnível do átomo de ferro dão a ele um momento de dipolo magnético de 4mB. Interpretação atômica da magnetização Os elétrons desemparelhados contribuem para a natureza magnética dos metais de transição, definindo as suas propriedades. Interpretação atômica da magnetização Os materiais podem assumir os seguintes comportamentos com base no comportamento dos momentos magnéticos sob a ação de um campo magnético externo: Propriedades magnéticas Materiais magnéticos Momento de dipolo induzido Momento de dipolo permanente Diamagnetismo Paramagnetismo Ferromagnetismo Ferrimagnetismo Antiferromagnetismo Substâncias diamagnéticas, quando submetidas a um campo magnético, tendem a se afastar, pois tem seus ímãs elementares orientados no sentido contrário ao sentido do campo magnético aplicado, produzindo um campo magnético próprio em oposição. O diamagnetismo está presente em todos os materiais, não dependendo da presença de elétrons desemparelhados, mas é dominante em materiais como prata, cobre, ouro, silício, níquel, chumbo, bismuto e nos gases nobres, nos quais M < 0, logo, χ < 0 e μr < 1. O diamagnetismo ocorre em substâncias formadas por átomos, íons ou moléculas sem elétrons desemparelhados. Diamagnetismo Estas substâncias — dentre as quais alumínio, cromo, lítio, platina, plástico, madeira e óleo — tem baixa susceptibilidade magnética (χ) e o alinhamento dos dipolos desaparece logo que o campo é removido. O alinhamento diminui com o aumento da temperatura. Paramagnetismo Substâncias paramagnéticas possuem elétrons desemparelhados que, na presença de um campo magnético, sofrem um pequeno grau de alinhamento, criando um ímã permanente fraco. Nas substâncias ferromagnéticas, as regiões dos spins alinhados, chamadas de domínios, permanecem mesmo após o fim da exposição a um campo magnético — magnetismo remanscente. O ferromagnetismo é muito mais forte do que o paramagnetismo, por isso elementos como ferro, cobalto e níquel (assim como suas ligas) são utilizados na fabricação de imãs permanentes e para recobrir fitas cassete e discos de computador. Possuem elevada susceptibilidade magnética (χ >> 1) e imantam com muita facilidade. Ferromagnetismo Fenômeno físico que produz um alinhamento de todos os momentos magnéticos de uma amostra na mesma direção, mas não no mesmo sentido, criando resultantes que se anulam em parte — a magnetização espontânea não é anulada por completa devido à diferença nas intensidades. Ferrimagnetismo Entre as substâncias ferrimagnéticas estão as ferrites, magnetites, e alguns óxidos metálicos com altíssima resistividade e utilizadas em transformadores de alta frequência. O antiferromagnetismo resulta do alinhamento em sentidos opostos (antiparalelo) dos dipolos magnéticos de mesma intensidade dos átomos ou íons de modo que a resultante é nula. Antiferromagnetismo Materiais antiferromagnéticos, como o manganês, o cromo e o óxido de manganês apresentam χ = 0. Em resumo (a) Diamagnetismo e Paramagnetismo; (b) Ferromagnetismo; (c) Antiferromagnetismo; (d) Ferrimagnetismo Ressonância do spin eletrônico A espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica, EPR (do inglês electron paramagnetic resonance), ou de ressonância de spin eletrônico é uma técnica espectroscópica que detecta espécies contendo elétrons desemparelhados (paramagnéticas). “Dentre o vasto campo de aplicação das técnicas de ressonância paramagnética eletrônica, pode-se destacar a determinação de propriedades estruturais em sistemas complexos, investigação de dinâmica molecular em soluções e sólidos, caracterização seletiva de centros redox-ativos em proteínas e estudo de cinética de reações químicas.” (RIBEIRO, 2002, p. 1) A teoria é análoga à da RMN, ocorrendo excitação dos spins dos elétrons, ao invés dos spins dos núcleos atómicos. Espectro experimental de ressonância paramagnética eletrônica (EPR) da uma amostra de 40mg de esmalte dental irradiado com 45Gy à temperatura ambiente Estrutura dos complexos heptanucleares formados pela coordenação de 6 grupos pentacianoferrato, pentaaminrutênio ou Ru(EDTA) aos nitrogênios periféricos do complexo multi-ponte tridimensional tris(bipirizina)rutênio(II). Referências ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3 ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2006. 968p. Tradução de: Ricardo Bicca Alencastro. KOTZ, J.C. e cols. Química Geral I e Reações Químicas – tradução da 5ª edição norte-americana. São Paulo, SP: Pioneira Thonson Learning, 2005. 672p. LEE, J. D. Química inorgânica não tão concisa. São Paulo, SP: E. Blücher, 2008. 527 p. RIBEIRO, G. A. P. As propriedades magnéticas da matéria: um primeiro contato. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 22, n. 3, p. 299-305, set. 2000. RIBEIRO, R. R. Espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica de onda contínua e pulsada em poli(o-metoxianilina). Dissertação (Mestrado), São Carlos, SP: Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP), 2002, 90p.
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