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COMPLIANCE, ÉTICA CORPORATIVA E PREVENÇÃO A FRAUDES GISLENE CABRAL Sumário AULA 1 PILARES DE PROGRAMAS DE COMPLIANCE ....... 4 AULA 2 CONCEITOS, ABRANGÊNCIA, ELEMENTOS E BENEFÍCIOS DO COMPLIANCE NAS ORGANIZAÇÕES .......................................................14 AULA 3 ROADMAP DE APLICAÇÃO DE POLÍTICAS DE COMPLIANCE ....................................................... 21 AULA 4 REGULAMENTOS INTERNOS COMO APOIO AO PROGRAMA DE COMPLIANCE ...............................28 AULA 5 GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE 35 AULA 6 AMBIENTE REGULATÓRIO .................................. 40 AULA 7 LEI ANTICORRUPÇÃO ..............................................50 AULA 8 PLD – PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO E FINANCIAMENTO AO TERRORISMO ....................................................... 57 AULA 9 ÉTICA CORPORATIVA E SEUS BENEFÍCIOS PARA A GESTÃO ............................................................. 67 AULA 10 FRAUDES CORPORATIVAS ........................................73 AULA 11 COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE COMPLIANCE ....................................................... 79 AULA 12 PRÁTICAS DE MITIGAÇÃO DE RISCOS E COMBATE A FRAUDES CORPORATIVAS ...............85 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................... 92 AULA 1 PILARES DE PROGRAMAS DE COMPLIANCE Fala-se muito em governança corporativa e embora o tema não seja tão novo, recebe cada vez mais destaque no mundo empresarial e contribui com o desenvolvimento de uma maior consciência da alta gestão. Mas onde entram os Programas de Compliance nesse contexto? Compliance não é um ativo fixo pelo qual é possível atestar rapidamente se o bem ainda 5 existe, se está em boas condições de uso ou se está sendo utilizado de acordo com suas características. Refere-se a um conjunto de ações relacionadas ao investimento em pessoas, processos e conscientização, além de ser um dos pilares da boa governança corporativa. Compliance tem origem no termo “Comply” que em inglês significa “agir em sintonia com as regras”, ou seja, possui alinhamento entre suas políticas de gestão, assim controles internos e externos para que estejam em conformidade com as normas e ambiente regulatório. Por meio de um Programa de Compliance, busca-se assegurar que todas as políticas e diretrizes estabelecidas para seu negócio estejam cumprindo as imposições dos órgãos de regulamentação, dentro de todos os padrões exigidos de seu segmento, nas diferentes esferas, seja ética, ambiental, trabalhista, fiscal, contábil, financeira, jurídica, previdenciária, etc. Um Programa de Compliance pode ser definido como um sistema complexo e organizado que 6 integra diversos componentes organizacionais que interagem entre si, tanto internamente quando com o ambiente externos. É um sistema que depende de pessoas, processos, sistemas de informações, documentos, ações e indicadores de gestão. Segundo os requerimentos do Federal Sentencing Guidelines, os componentes ou pilares mínimos de um Programa de 1 Suporte da alta administração 4 Controles Internos 7 Investigações Internas 2 Avaliação de Riscos 5 Treinamentos e Comunicação 8 Due Diligence 3 Código de Conduta de Políticas de Compliance 6 Canais de Denúncias 9 Monitoramento e auditoria Vejamos um pouco mais sobre cada um destes pilares: 7 1 – SUPORTE DA ALTA ADMINISTRAÇÃO Inclui a nomeação de um profissional para o cargo de responsável pela área de Compliance, com autoridade, acesso a recursos e autonomia de gestão suficiente para garantir a implantação do programa que será orientado para prevenir, detectar e punir as condutas empresariais antiéticas. 2 – AVALIAÇÃO DE RISCOS É um pilar muito importante porque permite o levantamento de todos os pontos críticos e como podem impactar negativamente o cumprimento dos objetivos do programa. Em geral ocorre por meio de análise de entrevistas, documentos, coleta e análise de dados e estabelecimento de ações de mitigação, sendo base para a estruturação do Código de Conduta, políticas e ações de monitoramento. 8 3 – CÓDIGO DE CONDUTA DE POLÍTICAS DE COMPLIANCE É um documento que formaliza a postura da empresa em relação a diversos assuntos relacionados a suas práticas de negócios, com parte da documentação do Programa de Compliance e com finalidade prática de orientação das atividades. É a base que guiará as ações e exemplos da alta administração e de todos os funcionários no caminho das práticas éticas e legais, incluindo tópicos como direitos e obrigações dos diretores da empresa, gerentes, funcionários e demais parceiros de negócios. 4 – CONTROLES INTERNOS São procedimentos, em geral formalizados na empresa e orientados a minimizar os riscos operacionais que estabelecem regras para a aprovação de atividades, como revisão e aprovação de despesas, fiscalização de pagamentos por serviços não-prestados, etc). 9 5 – TREINAMENTOS E COMUNICAÇÃO Para que as políticas de Compliance e o Código de Conduta sejam repassados, os treinamentos são essenciais, com diferentes formatos de comunicação (sejam presenciais ou online, concentrados ou por pílulas, com equipe interna de multiplicadores ou contratados externamente). 6 – CANAIS DE DENÚNCIAS Consiste em meios de reporte anônimo em relação a condução ou suspeitas de condução inadequadas e que estejam violam o Código de Conduta ou atitudes antiéticas, seja de funcionários ou terceiros em nome da empresa. 7 – INVESTIGAÇÕES INTERNAS A implantação de procedimentos para investigação interna protege os interesses da corporação, proporciona meios de prevenção e detecção de má conduta e permite identificar áreas de melhorias nas operações internas. 10 8 – DUE DILIGENCE O processo de avaliação prévia à contratação permite entender a estrutura societária e situação financeira do terceiro, bem como levantar o histórico de potenciais agentes e outros parceiros comerciais, permitindo verificação de práticas comerciais antiéticas que possam expor o negócio a riscos legais 9 – MONITORAMENTO E AUDITORIA As ações de monitoramento e auditorias regulares permitem avaliar se as ações ocorrem conforme o planejado, principalmente de forma integrada à gestão dos riscos operacionais. INDICADORES DE MONITORAMENTO E GESTÃO DE PROGRAMAS DE COMPLIANCE Para a efetividade e aferição de cumprimento dos Pilares de Compliance, tão essencial quanto a sua implantação de um programa de integridade corporativa, é a sua gestão por meio de indicadores, que devem ser monitorados e 11 utilizados como ferramenta de melhora da gestão empresarial. Em termos de sua gestão, nada adianta investir nestes pontos sem atribuir indicadores de desempenho para monitoramento das atividades. Sem estas informações, ficará impossível garantir se de fato a empresa está em conformidade. Para tanto, é imprescindível que as empresas determinem KPIs (Key Performance Indicators) de Compliance e realmente possuam um programa efetivo de monitoramento, como abordaremos ao longo de nossas aulas. A organização e os responsáveis pela condução do programa darão suporte na escolha das esferas de monitoramento, como exemplo: financeiro, clientes, colaboradores e processos. Com implantação de um sistema de indicadores (KPIs) para monitoramento e o compromisso de todas as partes para o efetivo cumprimento do programa de Compliance, haverá uma maior segurança dos funcionários, acionistas e stakeholders quanto à prevenção de desvios de conduta e resguardo da integridade da empresa. 12 Um ponto importante a destacar é que independentemente do programa de monitoramento que a empresa decidir adotar, a alta administração deverá ser envolvida desde o início do processo, pois sem o seu apoio é provável que não exista sucesso na adoção do respectivo programa. Se a empresa já possui a consciência de que identificar e monitorar os indicadoresé tema de grande relevância para garantir uma “Cultura de Compliance” na organização, não há dúvidas de que a empresa está no caminho e entende o que significa uma boa governança corporativa. 13 AULA 2 CONCEITOS, ABRANGÊNCIA, ELEMENTOS E BENEFÍCIOS DO COMPLIANCE NAS ORGANIZAÇÕES Ao avaliarmos o poder do exemplo, em uma analogia, recorremos ao início da nossa jornada de vida, quando ainda na primeira infância agimos de acordo com as atitudes de nossos pais. Desde muito cedo, o poder do exemplo é algo forte e que gera resultados em todo o seu entorno. E, expandindo para o viés corporativo, não precisamos retornar a um passado muito distante para perceber a dissonância que existiu 15 na tomada de decisão de alguns executivos entre o que era esperado sob o ponto de vista ético e moral e o que de fato foi decidido. Uma decisão contrária à ética e moral fragiliza qualquer ambiente e quando você está inserido em um ambiente empresarial, onde as regras relacionadas a conduta de seus colaboradores devem ser claras, não adianta ter apenas um Código de Conduta disseminado. A postura das lideranças no dia a dia possui um impacto muito maior do que o conteúdo desse documento que, embora seja importante, não descarta a necessidade de um ambiente repleto de bons exemplos. Seguir o que se fala (“walk the talk”) é a forma mais contundente de solidificar o ambiente corporativo pautado no que se espera a ser seguido. ALINHAMENTO DAS POLÍTICAS DE COMPLIANCE AOS VALORES E OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO O termo Compliance passou a ser adotado com maior frequência no início da década de 90, principalmente em instituições bancárias, inicialmente como sinônimo de adequação jurídica. 16 Aos poucos, percebeu-se que não seria possível implementar procedimentos de conformidade sem integração com demais processos internos, avaliação dos riscos – tanto estratégicos quanto operacionais – e associação com metodologias de trabalho utilizadas para gestão estratégias de pessoas, técnicas de melhoria contínua e gestão de processos, relatórios financeiros, harmonização contábil, etc. Este processo evoluiu para uma abordagem sistêmica, envolvendo todas as áreas, níveis decisórios de produtivos, desde o presidente e alta direção até o chamado “chão de fábrica”. Portanto, uma crescente pressão do ambiente competitivo levou à adoção de padrões éticos orientados à geração de valor a todos os stakeholders (os atores envolvidos) da organização, sejam internos ou externos, impulsionando a criação de programas preventivos e de monitoramento constante. Em termos práticos, a criação de Programas de Compliance tornou-se algo mais profícuo que do uma simples interpretação das leis, mas a adoção integrada de boas práticas de integridade em linha com as estratégias da organização. Uma empresa que deseja se consolidar no 17 mercado no longo prazo deve explicitar suas Políticas de Compliance de forma integrada aos objetivos estratégicos, missão e visão da companhia. Esta percepção permite à empresa alcançar seus objetivos estratégicos com maior solidez e reconhecimento do mercado, seja no cumprimento da legislação (evitando gastos com multas, punições e cobranças judiciais), controles internos eficientes (que representam maior qualidade na atividade empresarial) e fortalecimento da marca no mercado (empresa séria e ética). TONE AT THE TOP: ENVOLVIMENTO DA ALTA GESTÃO E SEUS IMPACTOS PARA PROGRAMAS DE COMPLIANCE Quando pensamos na implantação de um programa de Compliance, é primordial ter o apoio da alta administração para que todas as áreas tenham a possibilidade de assumir o protagonismo neste assunto. Daí deriva-se a expressão “Tone At The Top”, ou “Tone From The Top”, na implementação de 18 Programas de Compliance em âmbito corporativo, que exigem, desde a sua gênese, o envolvimento e o apoio absoluto e irrestrito da Alta Direção para seu sucesso. E, como vivemos num País onde a corrupção tem raízes sólidas e o famoso “jeitinho brasileiro”, os programas de integridade corporativa precisam romper estes paradigmas de demonstrar sua genuína relevância tanto para seus membros internos quanto para o mercado. No Brasil existem vários exemplos onde o ambiente corporativo com a ausência da premissa de fazer o que é correto foi ignorado, onde estar em “compliant” com as regras e 19 com padrões de ética e moral ficaram sem prioridades, importando apenas o resultado da meta ser atingido. Observamos notícias na mídia, processos judiciais e debates sobre casos envolvendo o tema e que demonstram a relevância do assunto. Um fator crítico do programa de Compliance é o comprometimento da liderança, iniciando na alta direção e em forma de “cascateamento” para direcionamento e fomento ao engajamento dos liderados. Assim, é salutar que os líderes deixem claro o valor agregado desta importante linha de defesa. Ter o entendimento do que está sendo disseminado contribui para o fortalecimento do que se espera ser respeitado. 20 AULA 3 ROADMAP DE APLICAÇÃO DE POLÍTICAS DE COMPLIANCE Assim como é necessário o apoio da alta administração para o sucesso do programa de Compliance, ter o envolvimento das demais áreas da instituição é primordial. Em primeiro lugar pelo fato de cada área ser a responsável direta pelas atividades e sem o devido engajamento é difícil acreditar que haverá a correta disseminação de Compliance. 22 Assim como na área de Controles Internos, a área de Compliance precisa identificar, entender e avaliar os riscos e por muitas vezes estas áreas que executam papéis distintos, mas complementares, são interpretadas indevidamente como se tivessem os mesmos papéis. Importante ressaltar que Compliance tem o viés de avaliar a aderência as leis e normas, além de ser o guardião da integridade no ambiente corporativo, por exemplo, promovendo a disseminação do tema e mecanismos para avaliar por exemplo, a interação com agentes públicos. Em outras palavras, a área de Controles Internos visa mitigar os riscos encontrados nos processos críticos, por meio da implantação de controles internos. Os controles internos devem ser efetivos e consistentes com a natureza, complexidade e risco das operações. ALINHAMENTO DE COMPLIANCE COM AS DEMAIS ÁREAS DA INSTITUIÇÃO Há diversas áreas dentro de uma organização, que assim como a área de controles internos, também existem intersecções e a Auditoria 23 Interna é outro exemplo. A Auditoria ganhou relevância no período da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Neste período ficou claro como as demonstrações financeiras eram frágeis. Em 1934, também nos EUA, após a criação da Securities and Exchange Commission (SEC), foi reforçado o papel do auditor tornando-o imprescindível e um pilar relevante para a boa governança corporativa. Já no Brasil, foi o Banco Central o responsável por reforçar a relevância da Auditoria, quando em 1972 tornou pública a Resolução nº 220 do Conselho Monetário Nacional. 24 ROAMAP DE IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPLIANCE O termo roadmap é emprestado do setor de tecnologia e informática, caracterizado como uma espécie de “mapa” que organizar as metas de desenvolvimento de um software, registros das etapas e versões, prazos e pode incluir tarefas do cliente. Transpondo este conceito para a implantação de Programas de Compliance, “roadmap” é um roteiro que busca apresentar os caminhos que uma empresa pode percorrer para alcançar os objetivos e metas traçadas, levando em consideração os riscos internos e também externos como influências que o mercado pode exercer no negócio. É uma ferramenta que ajuda a controlar as ações, permitindo uma visão geral dos processos e de todas as áreas envolvidas. Possibilita o alinhamento entre diretoria com as demais equipes e facilita a materialização do que está sendo desenvolvido. Ao mesmo tempo, também é capaz de capturar todo pensamentoestratégico da organização para que seja incorporado nas ações. 25 Fonte: https://roadmunk.com/guides/business-roadmap-examples/ INTEGRAÇÃO ENTRE AS ÁREAS O plano anual de Compliance deve ser elaborado em parceria com a área da Auditoria Interna, Controles Internos e Risco Operacional. Abaixo destaco algumas outras áreas que possuem grande sinergia com a área de Compliance, a saber: 26 JURÍDICO SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO ÁREA COMERCIAL ÁREA DE PRODUTOS RECURSOS HUMANOS ALTA ADMINISTRAÇÃO RISCO OPERACIONAL O papel do Compliance Officer é transitar por essas áreas e avaliar como poderá reforçar o seu Programa de Compliance fazendo parcerias e otimizando suas avaliações por meio dos trabalhos já realizados por essas áreas. 27 AULA 4 REGULAMENTOS INTERNOS COMO APOIO AO PROGRAMA DE COMPLIANCE Um efetivo Programa de Compliance possui em sua essência algumas características que devem ser observadas. A primeira delas é como a alta administração promove o tema internamente, em relação a este ponto, já foi verificado na aula nº 2 a importância do 29 tone at the top. Aliado a isso, é importante a existência de uma supervisão e estrutura de acordo com a complexidade dos negócios, com ações de monitoramento e controle dos riscos. Ainda, outro ponto importante é como a gestão patrocina o programa e qual é o grau de conscientização dos empregados. No livro Compliance a Excelência na Prática, o autor Wagner Giovanini, reforça que um Programa de Compliance necessita de pilares para definirem a forma como a empresa deseja atuar e compartilha o modelo prevenir, detectar e corrigir. Neste modelo, o pilar da prevenção deve ser sempre priorizado e os regulamentos internos entram como apoio ao Programa de Compliance. 30 PRINCIPAIS POLÍTICAS DE COMPLIANCE ANTICORRUPÇÃO INTERAÇÃO ENTIDADES E SETOR PÚBLICO CORTESIAS COMERCIAIS VIAGENS E ENTRETENIMENTO GESTÃO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL CONFLITOS DE INTERESSES É imprescindível que as regras estejam estabelecidas de forma clara e que exista a publicidade adequada das políticas internas. 31 INTEGRAÇÃO ENTRE AÇÕES ESTRÁTEGICAS DE COMPLIANCE E IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA Frente à existência de tantos comunicados e documentos internos, não é difícil imaginar que a publicação de alguma política interna passe por despercebida ou efetivamente não seja lida pelos empregados. Muitas são as razões para o descumprimento dos procedimentos e a falta do conhecimento pode ser um dos motivos. Assim, para os temas mais relevantes, é importante ser criado um treinamento para cada público, com monitoramento da participação dos que são convocados, incluindo lista de presença e seu arquivamento, gestão dos prazos e temas abordados de forma colaborativa entre as áreas. Para a implantação das políticas definidas no Programa de Compliance, recomenda-se: 32 • Definição de papéis e responsabilidades do Comitê de Ética e Compliance • Monitoramento da legislação e atualização sobre regulamentações e normas • Avaliação e monitoramento de riscos • Condução e documentação dos treinamentos de Compliance • Tratamento dos reportes recebidos pelo Canal(is) de Denúncia(s) O CÓDIGO DE ÉTICA O Código de Ética é um importante documento que integra o Programa de Compliance, além dele as seguintes políticas, por exemplo: • Conflito de interesse • Doação e patrocínio • Brindes, presentes e hospitalidades • Anticorrupção • Segregação de funções • Compliance • Relacionamento com o setor público 33 • Código de Ética para fornecedores • Guia de apuração de denúncias • Prevenção e Combate ao Crime de Lavagem de Dinheiro • Auditoria e Monitoramento de Compliance • Gestão de Consequências / Medidas Disciplinares • Guia de Entrevista de Desligamento • Due Diligence Para ampliar o seu conhecimento neste tema, recomendo a leitura do livro Compliance 360º Riscos, Estratégias, Conflitos e Vaidades no Mundo Corporativo. 34 AULA 5 GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE Segundo o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, entende-se por governança corporativa como o “sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”. 36 De uma forma geral, podemos dizer que a governança corporativa está relacionada com o processo decisório da alta gestão e com o relacionamento entre os executivos, conselheiros e acionistas. Ainda quanto ao conceito de governança corporativa, Alexandre Di Miceli em seu livro Governança Corporativa no Brasil e no Mundo - Teoria e Prática, destaca que esse tema pode ser definido como o “conjunto de mecanismos que visam a fazer com que as decisões corporativas sejam sempre tomadas com a finalidade de maximizar a perspectiva de geração de valor de longo prazo para o negócio”. Ressalta ainda, que os mecanismos de governança devem estar presentes em qualquer companhia em função da existência de três potenciais problemas na cúpula das empresas: conflito de interesses, limitações técnicas individuais e vieses cognitivos. A expressão governança corporativa teve início nos anos 1980 e vem ganhando força, não sendo raro encontrar empresas que independentemente do porte queiram aprimorar o seu modelo de governança. Isso reflete a percepção por parte das organizações de que a adoção das melhores práticas de governança possibilitam maior facilidade de captação de recursos, redução 37 do custo de capital, além do aprimoramento decisório da alta gestão. O IBGC, por meio do seu site, destaca os princípios básicos de governança corporativa, são eles: • TRANSPARÊNCIA – Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir- se ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização; • EQUIDADE – Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas; • PRESTAÇÃO DE CONTAS (ACCOUNTABILITY) – Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis; 38 • RESPONSABILIDADE CORPORATIVA – Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional, etc.) no curto, médio e longo prazos. Assim, podemos entender que um ambiente corporativo que adote boas práticas de governança corporativa, além de ter como foco o atendimento aos princípios acima relatados, deve entre outras coisas, ter um ambiente de Compliance disseminado entre os seus colaboradores. O viés desse ambiente de Compliance vai muito além da conformidade com as leis e normas, expandindo-se de forma mais estratégica quanto aos impactos para o negócio, solidez no mercado, reputação e valorização da marca e reconhecimento como instituição que prioriza transparência e ética entre suas ações e decisões de seus executivos. Um bom modelo de governança corporativa deve levar em consideração a manutenção do tema Compliance nas agendas da Alta Direção e em todos os níveis, de forma estruturada e monitorada. 39 AULA 6 AMBIENTE REGULATÓRIO TRATADOSE CONVENÇÕES E O CONTEXTO BRASILEIRO DE COMPLIANCE Nos últimos anos vem ganhando força um movimento global de combate a corrupção e 41 lavagem de dinheiro que, por meio de Tratados Internacionais tem buscando coibir financiamento ao terrorismo, evasão fiscal e outras ações ilícitas. Seguindo a tendência internacional, o Brasil vem ampliando o seu ambiente regulatório associado à Compliance, em especial pelo crescimento de exigências ocorridas pela complexidade dos negócios, por fatores externos ou por uma necessidade de uma maior transparência no que se refere ao ambiente da governança corporativa das instituições. A FCPA, lei anticorrupção norte-americana, foi precursora sobre o tema, mas destaque também deve ser dado a convenções internacionais de combate à corrupção, em especial ao movimento organizado pela OECD, que culminou na publicação do guia Good practice guidance on internal controls, ethics, and compliance em 2010. Tal guia estabeleceu 12 práticas para garantir que os programas de integridade fossem implantados pelas empresas com objetivo de prevenir e detectar, de forma efetiva, práticas de suborno. No Brasil, a conscientização sobre a importância 42 de Programas de Compliance vem aumentando significativamente nos últimos anos, inclusive com amparo na legislação com o Decreto nº 8.420/15 que regulamentou a Lei Anticorrução Brasileira ou Lei da Empresa Limpa (Lei 12.846/13). O aumento desta preocupação é devida a uma série de fatores, dentre eles a crescente relevância global da economia brasileira, o aumento do investimento estrangeiro direto no país e os recentes escândalos envolvendo empresas nacionais e o sistema político do país. Entretanto, apesar da velocidade destas mudanças no país, ainda há um descompasso na Cultura de Compliance Anticorrupção em terras brasileiras quando comparadas às práticas em mercados maduros, especialmente quando a legislação anticorrupção é confrontada à FCPA (legislação americana). O Compliance está diretamente ligado à Lei Anticorrupção, que submeteu as empresas brasileiras a graves consequências civis e administrativas, caso venham a praticar qualquer tipo de ato lesivo à administração pública nacional ou estrangeira. A criação da lei anticorrupção trouxe muitos 43 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm benefícios à sociedade, tendo em vista que antes de sua criação, somente a pessoa física era responsabilizada criminalmente por atos de corrupção, uma vez que não havia uma legislação específica que a responsabilizasse por atos de corrupção. Com esta normativa, também atos de corrupção e fraudes em licitações e contratos, mesmo que a empresa tenha sido constituída temporariamente, passam a ser incorporados. A Lei Anticorrupção nº 12.846/13, regulamentada por meio de Decreto nº 8.420/15, torna a implementação de Programas de Compliance não apenas desejáveis, mas necessários. Sua principal contribuição para com a legislação já existente é responsabilizar a pessoa jurídica que se envolve em atos de corrupção e fraude. Isso a vincula diretamente à Lei de Licitações e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, as sanções previstas podem chegar a 20% do faturamento bruto do último exercício anterior ou da instauração do processo administrativo de responsabilização. 44 O decreto ainda estabelece as diretrizes para o cálculo da multa, levando em consideração os motivos agravantes e atenuantes que envolvem os ilícitos. Além disso, fornece parâmetros para o estabelecimento do acordo de leniência e para o Processo Administrativo de Responsabilização (PAR) e define aspectos para implantar um programa de integridade eficiente. GESTÃO DO RISCO REGULATÓRIO A gestão de riscos de não conformidade preconiza maior conhecimento da organização sobre o ambiente regulatório que está inserida. Além disso, conhecer os seus riscos regulatórios e mitigá-los é um dos maiores desafios das instituições e certamente está na agenda da alta administração. O primeiro passo para fazer a gestão do risco regulatório é a instituição possuir um inventário de todas as leis e normativos que possuem impactos na instituição, após esse mapeamento ter uma matriz de risco com a análise individual de cada lei e normativo é fundamental. Avaliando um pouco o mercado, quando existe 45 na instituição uma área de Compliance e Jurídico organizadas de forma segregada na empresa, a gestão de leis fica sob a responsabilidade do Jurídico e a gestão de normas – entendidas como as publicações dos órgãos reguladores - geralmente fica sob a responsabilidade da área de Compliance. É importante criar uma metodologia para atribuição do risco da lei ou normativo, pois será a partir do risco atribuído que os esforços serão direcionados de forma adequada para a sua efetiva mitigação. Quando pensamos em um inventário de normas estamos falando do passado, do que já ocorreu. Mas, como devemos acompanhar as novas leis e normas que são publicadas? Recomenda-se existir um processo para a captura das leis e normas (“normativos”) que possuem impactos na instituição, deve- se atualizar o inventário de leis e normas e a área de Compliance deverá fazer um efetivo acompanhamento do processo de implantação dos novos normativos publicados. Uma forma de acompanhamento consiste no 46 registro todos os entregáveis solicitados pela lei ou norma, em uma matriz de risco e estabelecer um processo para garantir que tudo o que é esperado seja de fato implementado. O termo MATRIZ DE COMPLIANCE está diretamente relacionado à conformidade e aceitação das leis e regulamentos internos e externos de uma empresa. Já o RISCO DE COMPLIANCE está relacionado à ameaça de sanções regulatórias ou legais, que podem ocasionar perdas financeiras ou o comprometimento da imagem da instituição. Isso pode também ser derivado de falhas ligadas ao cumprimento da aplicação de regulamentos, legislações, além do não cumprimento do código de conduta e ou boas práticas no contexto da administração e governança da organização. 47 RISCO A RISCO D RISCO E RISCO C RISCO menor re m ot a po ss iv el pr ov áv el m ui to pr ov áv el moderado Impacto Pr ob ab ili da de maior extremo Estabelecer grupos de trabalhos com as áreas envolvidas na implantação dos normativos e ter as reuniões coordenadas pela área de Compliance com o devido acompanhamento de cada fase de implantação é um excelente meio para verificar de forma tempestiva a aderência da norma e o cumprimento dos prazos estabelecidos na lei ou normativo. MATRIZ DE COMPLIANCE Os campos mínimos sugeridos para a Matriz de Compliance são: 48 1 DATA DA PUBLICAÇÃO DA LEI OU NORMA E Nº 2 EMISSOR E TIPO DE NORMATIVO (LEI OU NORMA) 3 DATA PREVISTA PARA IMPLANTAÇÃO (PRAZO DA NORMA) 4 DATA EFETIVA DA IMPLANTAÇÃO 5 MACRO PROCESSO RELACIONADO AO NORMATIVO 6 ÁREA LÍDER DO NORMATIVO 7 TIPO DE RISCO 8 DIRETORIA RESPONSÁVEL 9 PLANO DE AÇÃO E RESPONSÁVEIS Para finalizar, o resultado de aderência e respectivos testes devem ser reportados em comitê específico e indicadores devem ser criados. 49 AULA 7 LEI ANTICORRUPÇÃO A corrupção não é novidade na história da humanidade e muito menos surgiu no Brasil recentemente com o escândalo ostensivamente divulgado, denominado Lava Jato. A corrupção acompanha a história da humanidade e está intimamente ligada ao desvio ético. 51 O ponto crítico do desvio ético e da corrupção encontra-se na ação do ser humano voltada para atingir os objetivos egoísticos, seja de um grupo ou de uma determinada pessoa. Nesse contexto, o ser humano em suas possíveis relações em sociedade prefere adotar todos os meios necessários ao atingimento de seu objetivo, que no sistema capitalista poderia ser facilmente identificado como o atingimento do lucro a qualquer preço e sem levar em conta os impactos para os demais membros da sociedade.Para explicitar mais ainda a afirmação anterior, vamos relembrar de forma bem superficial o que falamos do caso Lava Jato. Esse maior escândalo de corrupção ocorrido na recente história do Brasil, nos mostrou a forma escusa de se fazer negócios envolvendo entidades públicas e o mundo empresarial. Diversas empresas da construção civil foram envolvidas nesse escândalo e com um objetivo bem claro, o de conseguir a maior quantidade de contratos, portanto, liquidez e lucro. No outro extremo, os partidos políticos buscando recursos para financiar as suas atividades e, alguns deles, buscando se perpetuar no poder. As empresas da construção civil passaram a se aliar, formando cartéis, para participar do maior 52 número de licitações possíveis e dividir entre si os resultados desses contratos, mas, se não bastasse atentarem contra a ordem econômica, ofertaram ou até mesmo aceitaram pagar suborno ou propina para políticos ou partidos políticos com influencia nos altos escalões das empresas públicas, por exemplo o setor de distribuição da Petrobras passou a exigir recursos para direcionar determinadas contratações ou até mesmo para revisar os contratos públicos em andamento, o dinheiro pago pelas empreiteiras era rateado entre os funcionários públicos e os partidos políticos, envolvendo, nisso, sofisticados sistemas de remessas de pagamentos ao exterior ou até mesmo o crime de lavagem de dinheiro para o pagamento da propina. Notem quantas ações foram praticadas de forma lesiva ao equilíbrio necessário das relações sociais, que precipuamente deveriam ter o objetivo do bem comum e bem-estar social. Vejam o efeito do desvio ético gerando os atos corruptivos. Nesta altura, podemos explicitar a definição de corrupção. A palavra tem origem no latim e está relacionada à deterioração e decomposição do corpo. Foi empregada nas relações sociais para indicar as ações humanas contrárias ao bem 53 comum, portanto, uma espécie de ato antiético, desvio ético, de atitude antiética ou aética, envolvendo os entes públicos e funcionários públicos. A modalidade mais comum de corrupção reconhecida é o suborno, mas podemos dizer que os crimes mencionados no Código Penal de 1940, em seu capítulo de atos contra administração pública, são espécies de corrupção, por exemplo, abuso de poder, a lavagem de dinheiro ou ocultação de bens oriundos de corrupção, contrabando e descaminho e a corrupção, propriamente dita e nas suas duas modalidades, ativa e passiva. A Lava Jato também demonstrou o efeito nocivo da corrupção, que é a degradação da sociedade. Como resultado da operação, muitas empresas de construção foram impedidas de participar de licitações ou tiveram de assumir compromissos financeiros vultosos para devolver os recursos obtidos nos contratos licitatórios investigados na Lava Jato. Em razão disso, empreiteiras tiveram de demitir e algumas delas pediram recuperação judicial ou até mesmo faliram. Muitos empresários, políticos e até mesmo ex- presidentes foram presos, aliás camadas sociais que sempre acreditaram na impunidade. O estado 54 do Rio de Janeiro assiste a maior crise de finanças públicas em razão dos atos praticados pelos políticos na Lava Jato e o Brasil passa pela maior crise econômica financeira, cuja razão também está relacionada à corrupção, pois a quebra de empreiteiras gerou um expressivo aumento no desemprego e dificuldades de recolocação. Os expressivos resultados das investigações da Lava Jato somente foram conseguidos com os mecanismos existentes na Lei Anticorrupção. A Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/13) estabelece a responsabilidade civil e administrativa para as empresas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. A responsabilidade empresarial vai desde multa expressiva até a dissolução compulsória da pessoa jurídica. A responsabilidade das empresas pode se dar por meio de processo administrativo e judicial. As penas podem ser abrandadas por meio dos chamados acordos de leniências, desde que haja a comprovada cooperação da pessoa jurídica na descoberta do ilícito praticado contra o ente público. O Acordo de Leniência foi muito utilizado na Lava Jato ao lado da delação premiada, utilizado para 55 reduzir as penas a serem atribuídas às pessoas físicas envolvidas no ilícito. A Lei Anticorrupção, nesse pouco espaço de existência, se provou como sendo uma ferramenta importante para prevenir as mazelas decorrentes da corrupção, tornando a condenação dos envolvidos como certa. Nesse sentido e aliado a uma revisão da postura ética, podemos voltar acreditar num Brasil um pouco menos corrupto e mais próspero. 56 AULA 8 PLD – PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO E FINANCIAMENTO AO TERRORISMO O termo Lavagem de Dinheiro tornou-se presente não apenas no contexto jurídico ou corporativa, mas para a mídia e a população em geral devido às notícias de escândalos recentes envolvendo corrupção durante a operação Lava Jato. Se nunca ninguém tinha escutado falar sobre o crime de 58 lavagem de dinheiro, certamente depois deste episódio na história política brasileira, o tema já começou a ser mais familiar. Quanto ao conceito do crime de lavagem de dinheiro, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF1, esse crime caracteriza-se por “um conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada país, de modo transitório ou permanente, de recursos, bens e valores de origem ilícita e que se desenvolvem por meio de um processo dinâmico que envolve, teoricamente, três fases independentes denominadas de colocação, ocultação e integração”. Ainda sobre o conceito desse crime, de acordo com a Lei 9.613/98, alterada pela Lei nº 12.683/12, os crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e valores ocorre quando houver a ocultação ou dissimulação da natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. 1 https://www.fazenda.gov.br/assuntos/prevencao-lavagem- dinheiro#fases-da-lavagem-de-dinheiro 59 Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal: I - os converte em ativos lícitos; II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere; III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. E incorre, ainda, na mesma pena quem: I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal; II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. Importante ler a Lei 9613/98 na íntegra para ampliar o seu conhecimento sobre o tema. Percebe-se a disseminação ao combate ao crime de lavagem de dinheiro no exercício da atividade 60 empresarial, seja por força de lei ou por uma maior consciência das empresas e cidadãos comuns, que desejam contribuir com o combate ao crime organizado. LAVA JATO: UM MARCO NA HISTÓRIA BRASILEIRA E NA COMPREENSÃO SOBRE “CORRUÇÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO” Retomando o tema da operação Lava Jato, foi descoberta a movimentação no mercado financeiro brasileiro de R$ 1 bilhão de reais por doleiros, gerentes, ex-gerentes de grandes instituições financeiras, no período compreendido entre 2011 e 2016, em desrespeito às regras básicas de “Compliance” e de prevenção à lavagem de dinheiro. Outra discussão recente acalorada, envolvendo o tema Lavagem de Dinheiro, foi a edição da Medida Provisória (MP) nº 870, a MP da reforma administrativa do governo Bolsonaro, que retirou o Conselho de Atividades Financeiras (COAF) do Ministério da Justiça e o transferiu ao Ministério da Economia.61 O tema Lavagem de Dinheiro, também, tem sido muito discutido no âmbito do movimento de criar legislação específica para o combate da corrupção privada, por exemplo, existe a) uma proposta de reforma do Código Penal Brasileiro para criar a tipificação da conduta de exigir, solicitar, aceitar ou receber vantagem indevida, como representante de empresa ou instituição privada, para favorecer a si ou a terceiros, direta ou indiretamente, ou aceitar promessa de vantagem indevida, a fim de realizar ou omitir ato inerente às suas atribuições.; b) o Projeto de Lei da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro – ENCCLA, coordenado pelo Ministério da Justiça, para combater a Lavagem de Dinheiro e a Corrupção; e c) o Projeto de Lei nº 4.850/16 de autoria do Ministério Público Federal, que traz mecanismos para a prevenção à corrupção privada, tais como a criminalização do enriquecimento ilícito e combate à Lavagem de Dinheiro (“As Dez Medidas Contra a Corrupção”). 62 PADRÕES INTERNACIONAIS DE COMBATE À LAVAGEM DE DINHEIRO E AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO - AS RECOMENDAÇÕES DO GAFI Internacionalmente, o tema Lavagem de Dinheiro também possui grande relevância para evitar o financiamento de atos ilícios, como combate ao tráfico de drogas e aos atos terroristas, principalmente, após a queda das torres gêmeas em 11 de setembro de 2001. Nesse contexto, destacam-se as 40 recomendações emitidas pelo GAFI – Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento ao Terrorismo - organização intergovernamental cujo propósito é desenvolver e promover políticas nacionais e internacionais de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. 63 Para saber mais sobre os padrões internacionais de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e da proliferação as recomendações do GAFI, acesse: http://www.fazenda.gov.br/orgaos/ coaf/arquivos/as-recomendacoes-gafi Como medida ao combate ao terrorismo, os Estados Unidos criaram medidas para combater a lavagem de dinheiro, como, por exemplo, multas aplicadas aos bancos que fazem operações com países que estão na lista dos que não combatem o terrorismo e a lavagem de dinheiro. Nesse contexto, há que se ressaltar que o Brasil assumiu compromissos em acordo internacional de combate à Lavagem de Dinheiro e que se não cumpridos podem implicar na suspensão de sua participação no GAFI. Outro possível efeito do descumprimento é a saída de capitais estrangeiros do Brasil. 64 http://www.fazenda.gov.br/orgaos/coaf/arquivos/as-recomendacoes-gafi http://www.fazenda.gov.br/orgaos/coaf/arquivos/as-recomendacoes-gafi CORRUPÇÃO E NOVOS CONTEXTOS DE MERCADO COM MUDANÇAS TECNOLÓGICAS Avançando um pouco e saindo da esfera da operação Lava Jato, o assunto lavagem de dinheiro toma destaque, também, quando pensamos nas chamadas TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS, ou seja, qualquer inovação tecnológica, produto ou serviço, com características disruptivas, que provocam ruptura com os padrões, modelos ou tecnologias já estabelecidos no mercado, como, por exemplo, as moedas virtuais (criptomoedas) e operações bancárias realizadas em plataformas digitais, as chamadas Fintech, surgidas no contexto do movimento denominado pelo Banco Central do Brasil de desbancarização. Não há que se negar que o tema Lavagem de Dinheiro é atual e relevante para todo e qualquer cidadão brasileiro, bem como no exercício da atividade empresarial. Para melhor compreensão do tema, recomenda-se análise da operação Lava Jato por meio da leitura de matéria publicada no site da folha, vide abaixo o link, e, se possível, assistir o seriado chamado o Mecanismo, disponível na Netflix. O acesso e análise dos referidos conteúdos serão uma excelente forma 65 de compreensão do maior caso de corrupção e lavagem de dinheiro da história recente do Brasil e do mundo e que possui desdobramentos até hoje. Dentro do que você buscou de informações complementares e levando em consideração o que já aprendeu até agora, avalie se a empresa que você atua poderá ser utilizada para lavagem de dinheiro e caso positivo, se ela possui mecanismos de proteção para combater esse crime. O combate a este crime é de responsabilidade de todos aqueles que acreditam que apenas com ética e sem corrupção poderemos ter um Brasil melhor. 66 AULA 9 ÉTICA CORPORATIVA E SEUS BENEFÍCIOS PARA A GESTÃO O ser humano não consegue desenvolver suas potencialidades se não se relacionar com os outros, senso o Homem um animal social por natureza. Assim, aA vida em sociedade somente é possível se houver cooperação e alinhamento de interesses visando o atingimento do bem 68 comum. A quebra de qualquer desses elos pode gerar a degradação social e impedir o pleno desenvolvimento de seus membros. Ciente de sua limitação, os seres humanos interagem entre si de forma a complementar a sua necessidade, ou seja, estabelecem relações sociais intercambiárias visando ter acesso à determinados bens que geram aos indivíduos a satisfação de suas necessidades. Em decorrência do relacionamento humano em sociedade, algumas ações tornam-se valoradas e passam a ser exigidas por todos os seus membros, por tanto, tornam-se leis ou costumes, ou seja, práticas tidas como morais. Dessa maneira, podemos definir moral como sendo um conjunto de regras definidoras das ações humanas na sociedade tidas como próprias e impróprias. No contexto das ações morais, podemos reconhecer aquelas que são éticas, ou seja, aquelas exigidas pela sociedade ou por um determinado grupo de pessoas como sendo Lei. Lembrando dos ensinamentos do jurista Miguel Reale, “as leis surgem em sociedade “em decorrência de fatos reiterados, tidos com elevado valor, que ao serem reconhecidos pelo órgão social competente e, no caso, o poder 69 legislativo tornam-se normas”. As normas para serem cumpridas devem ter atreladas a si uma sanção, surgindo, assim, as Leis. Diante do quanto já exposto, a ética é o agir de um grupo ou de toda a sociedade de forma a obedecer às leis vigentes e agir, portanto, de acordo com os valores sociais postos, criando um ambiente favorável para o crescimento de todos os indivíduos envolvidos nas relações sociais e atingindo o bem comum. ÉTICA CORPORATIVA E PROGRAMAS DE INTEGRIDADE A vida em sociedade fez com que alguns seres humanos organizassem fatores de produção para a obtenção do lucro, surgindo atividade empresarial. A atividade empresarial pode ser realizada de forma isolada ou em conjunto, surgindo as sociedades empresariais e as corporações, ou seja, estruturas patrimoniais alocadas as atividades econômicas que ganham vida própria e com o objetivo de gerar valor ao longo da cadeia produtiva. A partilha de valor gerado na cadeia produtiva ocorre entre os acionistas ou sócios de um lado e do outro os funcionários, fornecedores e 70 agentes financeiros. O valor partilhado com os Acionistas ou Sócios, os chamados shareholders, é materializado com o pagamento do dividendo, parte do lucro. Quanto aos funcionários, fornecedores e agente financeiros, chamados de Stakeholders, recebem parte do valor gerado por meio do pagamento realizado pela sociedade empresarial e as corporações. Ao analisarmos a cadeia de geração de valor, verificamos uma tensão potencial entre os Shareholders e os Stakeholders decorrente da busca da maximização da atração dos resultados gerados para si de forma isolada e sem se preocupar com a partilha do valor gerado. No desenvolvimento das atividades empresariais, podemos reconhecer a geração de externalidades, que podem de ser positivas ou negativas. As positivas são aquelas que geram benefícios a todos que se relacionam com as entidades empresariais, enquanto, as negativas geram algum malefício a sociedade, como por exemplo um acidente de consumo ou a destruição de uma cidade como ocorrido no caso do rompimento dasbarragens mantidas pela Vale do Rio Doce. Nessa altura, podemos introduzir o conceito de Ética Corporativa como sendo o conjunto 71 de ações empresariais visando o cumprimento das regras postas pela sociedade de forma a gerar o bem coletivo e reduzir a possibilidade da ocorrência de externalidades negativas. São atitudes contrárias à Ética Corporativa aquelas praticadas pelos Stakeholders ou Shareholders no interesse individual e não coletivo, ou seja, aquelas que são atentatórias aos demais envolvidos na cadeia de geração de valor ou para toda a sociedade por meio das externalidades negativas. As empresas precisam estimular e promover ações éticas em todas as suas relações, a fim de evitar destruição de valor, de imagem ou danos na sociedade. No atual contexto, é possível a execução destes princípios por meio de ferramentas de monitoramento e treinamento de Compliance. A implantação de Programas de Integridade Corporativa permite mitigar os riscos de agência ou determinadas ações egoísticas e que prejudicam não apenas a empresa como também a sociedade. 72 AULA 10 FRAUDES CORPORATIVAS Os casos mencionados nesta aula trazem uma nota em comum, qual seja o desvio ético nas relações empresariais. Ficará evidente que há sempre o risco do ser humano adotar ações visando o benefício próprio e não o interesse coletivo. 74 O debate sobre a importância dos controles internos e prevenções a fraudes é antigo, mas somente em 1977 tivemos a primeira regulação legal sobre o tema quando os Estados Unidos criaram sua lei anticorrupção chamada Foreign Corrupt Practice Act (FCPA). Durante os anos 90, despontaram estudos sobre ética e fraudes corporativas, principalmente no ambiente acadêmico norte-americano. No Brasil, os estudos sobre fraudes corporativas são mais recentes, embora várias obras, inclusive relacionadas à Sociologia e Política já tenham abordado as características institucionais, políticas e sociais das práticas corruptas desde o período colonial. O tema “FRAUDES CORPORATIVAS” desperta preocupação nos investidores, tanto em relação à preservação de seu patrimônio quanto a necessidade de possíveis medidas de proteção contra os agentes fraudadores. Temos a tendência de reconhecer as empresas como dissociadas de seus funcionários ou seus acionistas ou sócios, muitas vezes apenas lembramos dos seus nomes, como por exemplo Volkswagen, Petrobras, Panamericano, Siemens, Odebrecht e Vale do Rio Doce. Porém, temos que extrapolar essa tendência e analisar o fenômeno 75 empresarial como ele realmente é, ou seja, fator de produção organizado para gerar lucro e formado por pessoas que podem tomar decisões individualistas e que culminarão em práticas antiéticas. Embora as formas mais conhecidas de fraude estejam relacionadas à contabilidade, há outros meios ilícitos utilizados pelos fraudadores que causam danos à imagem e ao patrimônio da organização, como pessoal, pagamentos de propinas e roubo de ativos, entre outros. Na análise das ações humanas empresariais, devemos investigar a real motivação da ação praticada até mesmo para se alcançar a justa responsabilização, seja por meio de mecanismos punitivos outorgados à área de Compliance ou em processos de maior relevância, como é o caso dos processos penais surgidos ao longo da Lava Jato. Será comum reconhecer com resultado da análise da real motivação da ação e o conflito de interesse envolvido. A TEORIA DA AGÊNCIA está fundamentada no fato dos acionistas entregarem determinado patrimônio para ser gerido pelo agente de forma a gerar resultado positivo. O conflito de agência ocorre quando o agente toma decisões visando 76 a maximização de sua remuneração em prejuízo ao principal. Podemos dizer que esse tipo de motivação esteve presente no Diesel Gate. O CONFLITO DE INTERESSE ocorre quando o acionista, sócio ou administrador toma qualquer ação ou decisão de forma contraria a empresa e os stakeholders. A decisão tem como motivação o interesse particular, visando sempre um benefício, que pode ser desde uma relação contratual sem envolver a empresa até o incremento de lucro por meio de economia em itens de segurança, o que pode gerar menor custo ou despesas e aumentar o lucro, o qual pode ser pago ao acionista ou sócio na forma de dividendo e ao funcionário por meio de PLR – Participação nos Lucros e Resultados e ao administrador por meio de percentual no resultado ou aquisição de participação por meio dos chamados planos de opções ou Stock Options. O conflito de interesse pode ser verificado na análise das investigações ocorridas na Lava Jato e envolvendo as empreiteiras. 77 A Vale do Rio Doce, por exemplo, ao tomar a decisão de não investir em segurança em suas barragens, mesmo tendo um acidente anterior em uma de seus investidas, demonstra a ocorrência de decisão em conflito de interesse, pois a maior decisão estava na busca de atração de novos investidores e demonstração de resultados recorrentes e, ainda, a ocorrência do conflito de agência, em que os administradores receberiam prêmios em remuneração por suas ações. Por fim, a área de Compliance como responsável pelo monitoramento deve estar apta a investigar a real motivação das ações empresariais, a fim de verificar se estão em conflito de interesse ou em conflito de agência, devendo reportar imediatamente as descobertas para o órgão de Governança Corporativa competente. Isso pode impedir que novos caso ocorram e que danos a imagem das empresas ou riscos de continuidade de negócios se concretizem. 78 AULA 11 COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE COMPLIANCE Até um período bastante recente, Compliance era uma palavra limitada a um pequeno círculo de profissionais, em especial aqueles que atuavam em empresas multinacionais e, embora não se limitando, predominante nos setores financeiro, bancário e na indústria farmacêutica. 80 Com o envolvimento do Brasil em vários escândalos, sejam relacionados aos temas de corrupção – em âmbito público e privado -, lavagem de dinheiro ou fraudes corporativas, o tema Compliance começou a permear todas as empresas que estão preocupadas com a sua perenidade e transparência. O autor Wagner Giovanini em sua obra Compliance a Excelência na Prática, ressalta que implementar um programa de Compliance não é uma tarefa fácil, nem se espera um processo de implementação sem desafios ou sem conflitos. Aborda ainda que o importante é a empresa seguir esse caminho e, a partir daí, acreditar na possibilidade de êxito e perseguir, insistentemente, o seu ideal. O primeiro passo a ser dado em busca da implantação de um programa de Compliance é a alta administração ter esse compromisso no seu planejamento estratégico, conforme já apresentado nesta disciplina. Aliado a esta etapa inicial, achar o profissional com as competências técnicas é primordial para o sucesso deste programa, ainda de acordo com o autor Wagner Giovani, as principais competência do líder de Compliance (também chamado de Compliance Officer) são: 81 1 Ter senioridade 2 Poder de ser rígido na aplicação das regras e amável no convencimento 3 Experiência em gestão de pessoas 4 Bom poder de execução 5 Conhecimento dos negócios, dos processos e da empresa como um todo 6 Reputação e reconhecimento pelos colegas 7 Credibilidade em razão da seriedade, qualidade e sucesso nos trabalhos realizados 8 Poder de persuasão e do convencimento 9 Habilidade de comunicação escrita e verbal 10 Foco no resultado 82 Uma vez que o tema Compliance já está inserido como necessário na alta administração e que o profissional responsável por esta cadeira já foi definido, agora é o momento de dar início a construção do programa que deverá ter como motor de funcionamento os temas relacionados a prevenção, detecção e correção. A adoção de um Código de Conduta é um passo essencial na consolidação dos valores organizacionais e daspolíticas internas. Cada instituição possui o seu documento, mas seguem itens que são altamente relevantes para sua composição • Mensagem do presidente • Apresentação dos objetivos do documento • Redação em linguagem acessível • Detalhamento de cada um dos assuntos relevantes para o Programa de Compliance • Perguntas e Respostas Dentro do escopo de prevenção deve-se garantir a existência e publicação de políticas e procedimentos internos, a existência de um plano de treinamento e comunicação. 83 Quanto ao item detecção é necessário existir o acompanhamento dos riscos de Compliance por meio de testes de aderências as normas e a disponibilização para os empregados e terceiros de um canal de denúncias que preferencialmente deve ser gerido por empresa terceira e independente. As empresas devem possuir processos internos que permitam a investigação e atendimento às denúncias de comportamentos ilícitos e antiéticos, garantindo que todos os fatos sejam averiguados e adotadas as devidas sanções (como medidas disciplinares) e ações corretivas. A correção está focada no âmbito de corrigir o que foi encontrado errado, seja em um processo ou em um desvio de conduta de um funcionário. O importante é ter mecanismos para sustentar o programa por meio da correção de rota e indicadores que auxiliarão na avaliação da eficácia e eficiência do programa. 84 AULA 12 PRÁTICAS DE MITIGAÇÃO DE RISCOS E COMBATE A FRAUDES CORPORATIVAS Um termo utilizado em Compliance é “mitigação” de riscos, principalmente associado aos riscos operacionais. Mitigar significa atenuar, abrandar e, quando associa à palavra “risco”, estamos nos referindo 86 à atenuação dos impactos que uma falha pode trazer para a empresa. Esta pode ser processual, como exemplo uma falha de segurança em sistemas de informação e incorrer em vazamento de dados estratégicos, como também pode se referir a fraudes. Já abordamos as fraudes corporativas nas aulas anteriores, mas seguem alguns exemplos: FRAUDE DE SERVIÇO CORPORATIVO • FRAUDE DE PAGAMENTO Criar ou desviar pagamentos falsamente. • FRAUDE DA CONTABILÍSTICA FALSA Alteração do modo como as contas das empresas são apresentadas, de modo que não reflitam o valor real ou as atividades financeiras da empresa. • FRAUDE DE AQUISIÇÕES abrange a aquisição de bens, serviços e projetos de construção. Geralmente envolvem conluio para perpetrar uma fraude que abrange irregularidades de licitação, manipulação de propostas ou pedidos de pagamento. 87 • EXPLORAÇÃO DE ATIVOS E FRAUDE DE INFORMAÇÕES Incluem pessoal de licença médica mas que trabalha em outro local, abusos de sistemas de horários de trabalho flexíveis, mau uso do tempo da empresa e engano ou falsidade ideológica (por exemplo, referências falsas ou falsas qualificações usadas para garantir emprego). • VIAGENS E SUBSISTÊNCIA, PAGAMENTO E OUTRAS LICENÇAS Conclusão de pedidos de pagamento fraudulentos ou a criação de registros falsos de folha de pagamento, reivindicações por viagens que não foram feitas, falsas alegações de entretenimento do cliente, declarações exageradas, assinaturas forjadas autorizando pagamento, falsificação e / ou alterações não autorizadas de planilhas de horas, falha deliberada no pagamento de pagamentos indevidos e criação de pessoal inexistente nas folhas de pagamento) • FRAUDE DE RECEBIMENTO Envolve o uso dos ativos da organização para fins que não sejam oficiais e / ou o fornecimento de informações a pessoas de fora para ganho pessoal - exclui o roubo direto da 88 empresa por pessoas de dentro, como roubar papel de carta ou outros ativos físicos). FRAUDE INSTITUCIONAL DE INVESTIMENTO • PIRÂMIDE OU FRAUDE DE ESQUEMAS PONZI Envolvem um modelo de negócios não- sustentável, no qual de investimentos a outros investidores posteriores são usados para pagar investidores anteriores, dando a impressão de que os investimentos dos participantes iniciais aumentam drasticamente em valor em um curto espaço de tempo. FRAUDE DE NEGOCIAÇÃO COMERCIAL • FRAUDE DE LONGA E CURTA DURAÇÃO DO NEGÓCIO Ocorre quando um negócio aparentemente legítimo é estabelecido com a intenção de fraudar seus fornecedores e clientes, pode ser quando a empresa usa sua boa reputação e histórico de crédito - fraude aproveitando 89 a longa duração do negócio- ou quando o negócio aparente estiver em operação há apenas alguns meses - fraude de curto prazo, geralmente relacionada à Internet. FRAUDE GERAL EMPRESARIAL • INSOLVÊNCIA E FRAUDE RELACIONADA COM FALÊNCIAS Ocorre quando uma empresa está negociando de forma fraudulenta e geralmente ocorre antes da insolvência antecipada da empresa e, embora se aplique à situação financeira de um indivíduo, as vítimas são frequentemente as empresas que forneceram crédito ao indivíduo, por exemplo, empresas de cartão de crédito, fornecedores de compra de aluguel, cartões de loja e empresas de empréstimo pessoal. Fonte: http://www.fraudescorporativas.com.br/2019/05/diferentes- tipos-de-fraudes-corporativas-explicadas/ 90 http://www.fraudescorporativas.com.br/2019/05/diferentes-tipos-de-fraudes-corporativas-explicadas/ http://www.fraudescorporativas.com.br/2019/05/diferentes-tipos-de-fraudes-corporativas-explicadas/ DICAS DE AÇÕES PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS IDENTIFIQUE OS RISCOS (ÁREA, IMPACTOS E PERDAS) ANALISE O GRAU DE RISCO BUSQUE SOLUÇÕES E ENVOLVA AS EQUIPES CONSTRUA UM PLANO DE AÇÃO MONITORE OS RESULTADOS O tipo de impacto decorrente de um risco estratégico ou operacional pode trazer implicações desde as mais localizadas e internas até a perda da credibilidade da instituição, como aconteceu com os bancos na década de 1990 ou a perda financeira, que pode comprometer o futuro e a sustentabilidade da organização. 91 CONSIDERAÇÕES FINAIS A implementação do programa em uma organização vai assegurar a existência de um controle maior nos processos, que serão capazes de mitigar riscos e atuar na verificação de práticas mais transparentes de atuação. Podemos, portanto, dizer que a gestão de riscos alivia o trabalho do Compliance e facilita a sua implementação sem causar rupturas n as atividades da organização, mas integra-se ao gerenciamento de riscos para garantir as melhores práticas de gestão. art1§1i art1§1ii art1§2iii art1§2.0 art1§2i art1§2i.0 art1§2ii art1§3 Sumario 01 Sumario 02 AULA 1 PILARES DE PROGRAMAS DE COMPLIANCE AULA 2 CONCEITOS, ABRANGÊNCIA, ELEMENTOS E BENEFÍCIOS DO COMPLIANCE NAS ORGANIZAÇÕES AULA 3 ROADMAP DE APLICAÇÃO DE POLÍTICAS DE COMPLIANCE AULA 4 REGULAMENTOS INTERNOS COMO APOIO AO PROGRAMA DE COMPLIANCE AULA 5 GOVERNANÇA CORPORATIVA E COMPLIANCE AULA 6 AMBIENTE REGULATÓRIO AULA 7 LEI ANTICORRUPÇÃO AULA 8 PLD – PREVENÇÃO E COMBATE AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO E FINANCIAMENTO AO TERRORISMO AULA 9 ÉTICA CORPORATIVA E SEUS BENEFÍCIOS PARA A GESTÃO AULA 10 FRAUDES CORPORATIVAS AULA 11 COMO IMPLANTAR UM PROGRAMA DE COMPLIANCE AULA 12 PRÁTICAS DE MITIGAÇÃO DE RISCOS E COMBATE A FRAUDES CORPORATIVAS CONSIDERAÇÕES FINAIS Sumario14: Sumario35: Sumario15: Sumario16: Sumario17: Sumario18: Sumario19: Sumario20: Sumario21: Sumario22: Sumario23: Sumario24: Sumario25: Sumario26: Sumario27: Sumario28: Sumario29: Sumario30: Sumario31: Sumario32: Sumario33: Sumario34: Sumario36: Sumario37: Sumario38:
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