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INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU) AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - O primeiro relato sobre ITU encontra-se no papiro de Ebers de 1.500 anos a.C, o qual relata o uso de ervas e infusões quentes. Definição - A urina é um produto estéril, a contaminação ou colonização de micro-organismos pode ou não produzir manifestações clínicas e culminando numa ITU. - A infecção bacteriana, uma condição frequente no ser humano, pode levar a sintomas de ansiedade (em 60%) e depressivo (em 30%), especialmente nos casos de ITU de repetição. Epidemiologia e incidência - A ITU é a 2ª causa de infecção nas urgências, perdendo para infecções respiratórias - São diagnosticados 150 milhões de pacientes por ano no mundo, e 8% dos pacientes são ambulatoriais · É o tipo mais comum de infecção hospitalar – especialmente entre os com sondas - O tratamento para ITU demanda 15% dos antibióticos - É comum em mulheres grávidas, lesões da medula, diabéticos, esclerose múltipla e HIV · Em gestantes – 1% das gestações tem alguma anomalia estrutural significativa, sendo 50% no SNC, 20% geniturinário, 15% gastrointestinal e 8% cardiopulmonar. - Dentre as mulheres, 1:3 irá ter ITU até 24 anos de idade, e 50% terão ITU em suas vidas. · 15% desenvolvem ITU a cada ano e 25% terão 1 ou mais recorrências - O risco aumenta com a idade – aos 65 anos 20% das mulheres e 10% dos homens terão bacteriúria. - É prevalente em crianças de até 6 anos - É uma causa de considerável morbi-mortalidade · Pode levar a pielonefrite, sepse, lesão renal e parto prematuro - A ITU pode ocorrer em 1% dos RN, sendo mais comum em meninos devido a fimose. Após essa idade, a incidência passa a ser maior em meninas, aumentando com a atividade sexual (0,5-0,7 episódios de cistite por pessoa/ano) e com a gestação. - Fatores que facilitam a ITU · Uso de espermicida – alteram a flora e pH · Simples sondagem de alívio · Sonda de demora – 100% de bacteriúria em 3-4 dias, levando a 10-20% de ITU - Situações especiais que diminuem o nº de bactérias · Uso de ATB · Bactérias com menor poder de replicação · Hiper-hidratação · Colheita após micção Patogenia - A maioria das ITU está relacionada com a flora fecal do próprio indivíduo, comumente gram-negativas - A anatomia influência, motivando a maior frequência em mulheres devido a uretra curta (<5cm) e a menor distância entre a uretra e o ânus (<4,5). - Transmissão · Via ascendente · Na maioria dos casos · Existem condições propícias para a multiplicação bacteriana que no momento que sobe causa alterações inflamatórias. · Insuficiência da junção uterovesical – facilita a ascensão para o rim (pielonefrite) · Liberação de endotoxinas de efeito antiperistáltico. · Virulência bacteriana · Aderência mediada por fímbrias e a produção de toxinas, que quebram a barreira do endotélio e permitem a invasão tecidual. · Aspectos do hospedeiro · Mecanismos de defesa – presença de lactobacilos, fluxo urinário, alta concentração de ureia, diluição urinária e a presença de proteínas de Tamm-Horsfall (THP). · Fatores que facilitam · Relação sexual · Uso de espermicida · Uso prévio de ATB · Disfunção miccional · Litíase · Uso de estrógenos · Gestação · DM · Necrose papilar renal · Adesinas – facilita a criação de uma aderência na mucosa da bexiga, dificultando o tratamento. · Via hematogênica · É incomum, geralmente por S. aureus ou Cândida · Via direta · Ocorre nos com fístulas vesicovaginais e vesicointestinais – por radioterapia ou cirurgia – ou ainda por divertículos rompidos. · Via linfática · Menos frequente (e pouco esclarecida), mais comum em pacientes imunossuprimidos, sendo por infecção intestinal grave ou abscessos retroperitoneais. Etiologia - 85% dos casos na comunidade e 50% dos casos hospitalizados são por Escherichia coli. · E. coli possui várias cepas patogênicas · Foi descoberta e estudada em 1885 por Theodor von Escherich - O Staphyloccocus albus representa 20% das ITUs em mulheres jovens - O Staphyloccocus saprofítico é comum em mulheres jovens sexualmente ativas - O Staphyloccucus epidermidis compõe a flora urovaginal, e, portanto, não causa infecção. - Klebisiella sp. - Proteus mirabilis · Predispõe cálculos renais por elevar o pH - Pseudomonas aeruginosa – é comum em imunodeprimidos, pacientes que fazem procedimentos por via endoscópica · Ex – cistoscopia, cirugia para cálculos ureterais - Serratia marcescens – comum em imunodeprimidos que fazem tratamento parenteral - Bacterioides fragilis – menos frequente - Candida albican – comum em transplantados ou pacientes em uso de corticoides - Anaeróbios · B. fragilis, Fusobacterium, cocos anaeróbios e C. perfringes – cistite enfisematosa · São pouco frequentes na via urinária, mas quando presente costumam dar o mesmo padrão de migração – entra pela uretra distal, períneo e vagina. · 1% a 10% podem ser encontrados em infecções supurativas do trato geniturinário · Abscessos escrotais, prostáticos e perinefrético - Lenda de Pasteur – “o germe não importa, o que importa é o terreno no qual ele se instala. Pois em um imunodeprimido, mesmo uma bactéria simples pode ser muito prejudicial”. - Fatores de risco · Refluxo vesicouretral · Bexiga neurogênica – pacientes com quadros neurológicos que acabam usando sonda · Duplicação do trato urinário · Válvula de uretra posterior · Estenose pielouretral · Uretrocele · Constipação intestinal – proximidade do reto com a uretra e maior colonização na região anal · Início da atividade sexual na adolescência · Divertículo de uretra · Glândula de Skyne dilatada - Mecanismos de defesa · Elevada osmolaridade – principal · pH baixo · Aumento de lactobacilos – degradação de glicogênio – aumento do ácido lático – diminuição do pH local · Elevada concentração de ureia · Elevada concentração de ácido orgânico · Secreção prostática · Proteína de Tamm-Horsfall (THP) · Miccção/hidratação · Estrógenos Refluxo vesicoureteral - Fluxo anormal de urina da bexiga para o TU superior - É um achado isolado associado a outras malformações - Causas – imaturidade da junção vesico-uretral ou túnel mucoso curto no ureter distal - Complicações – ITU de repetição e IR - Classificação internacional do RVU – através da uretrocistografia miccional, necessitando que o contraste deve subir até o ureter · Grau I – ureter não dilatado (87,5%) · Tratamento conservador · Grau II – ureter, pelve e cálices não dilatados (77,6%) · Tratamento conservador · Grau III – sistema coletor com dilatação discreta a moderada (52%) · Tratamento conservador · Grau IV – deformidade importante e o refluxo (12,2%) · Tratamento cirúrgico · Grau V – dilatação acentuada · Tratamento cirúrgico Síndrome de Prune-Belly - Praticamente exclusiva do sexo masculino, tem causa desconhecida - Quadro clínico com a tríade: ausência do músculo reto-abdominal, criptorquidia e alterações do trato urinário. - Pode estar associada a outras malformações - Exemplos de alterações do trato urinário – dilatação da bexiga e uretra, ectasia do ureter, pelve e cálices, refluxo vesico-uretral e displasia renal. Estenose da JUP – junção uretropélvica - Principal causa de hidronefrose em neonatos, massa palpável em flanco no exame físico - Apresentações – hematúria, infecções urinárias, pelve renal dilatada e ureteres de calibre preservado - Diagnóstico com USG obstétrico · Será visto uma pelve >= 7mm após 33 semanas · Geralmente com 2-3 dias já se faz a correção cirúrgica. Válvula de uretra posterior - Sexo masculino - Há pregas mucosas a nível do verumontanum que provoca obstrução importante, levando a alterações vesicais – uretrohidronefrose - Diagnóstico – USG, UCM ou cistoscopia (definitivo) - Tratamento cirúrgico com destruição endoscópico dessas pregas Duplicação pielocalicial e uretral - Inserção ectópica do ureter além do esfíncter, levando a incontinência urinária - Outras alterações renais importantes como o rim em ferradura e afins, associados a ectopia. Uretrocele - É uma dilatação cística do segmento intravesical do ureter que dificulta a saída da urina - Associado a duplicação ureteral em 75% - Diagnóstico · USG – massacística intra-vesical · Urografia excretora – falha de enchimento – cabeça de cobra Hipospádia e epispádia - São malformações nas crianças que podem predispor ITU - Hipospádia – abertura anormal da uretra, em um local abaixo do pênis - Epispádia – abertura da uretra na parte superior do pênis Conceitos - Bacteriúria – presença de bactérias na urina - Bacteriúria significativa – 100.000 UFC/mlr de urina seja em paciente sintomático ou assintomático - Piúria – presença de leucócitos na urina (infecção ou inflamação), cálculos, bactérias, corpo estranho. · Bacteriúria + piúria – infecção · Bacteriúria sem piúria – colonização sem infecção · Piúria sem bacteriúria – tuberculose, cálculos ou câncer - ITU simples - Pielonefrite aguda ou crônica - ITU complicada – fatores de risco · Anormalidade anatômica ou funcional · Sexo masculino · Gravidez – muitas são assintomáticas · Idoso · Diabetes · Imunossupressão · ITU na infecção · Uso recente de antimicrobianos · Instrumentação urinária · Infecção hospitalar - ITU recorrente – definição · É uma ITU que ocorre 2x em 6 meses ou 3x no ano · A reinfecção em 90% dos casos é com agente diferente do inicial · Persistência que ocorre com o mesmo agente não erradicado deve-se a tratamento incorreto, anomalia, corpo estranho, focos crônicos (renais ou prostáticos) Síndrome da bexiga dolorosa (cistite intersticial) - Sua etiologia não é bem definida - Apresenta urgência, disúria, polaciúria e nictúria, além de dispareunia – dor está presente em 100% dos casos - Geralmente encontramos ativação dos mastócitos e inflamação neurogênica DIAGNÓSTICO DE ITU Sintomatologia - RN e crianças de até 1 ano que apresenta sintomas inespecíficos, perda de apetite, febre, vômitos, diarreia, irritabilidade e urina fétida - Após 1 ano de idade – dor abdominal, polaciúria, disúria e hematúria - Infecções altas – dor lombar, febre, calafrios, Giordano positivo - Gravidez – riscos para o feto · Mesmo assintomáticas, e crianças assintomáticas, devem ser tratadas. - Idosos – assintomáticos (quadro camuflado), devendo ser valorizado proteinúria, piúria e hematúria microscópica. Exames complementares - Sumário de urina · Piúria maior – 8 leucócitos/campo na mulher OU 5 leucócitos/campo no homem - Testes químicos – geralmente não se faz, exceto em pesquisas/estudo · Teste de Guies · Identificação de esterase leucocitária · Coloração de Gram de urina na centrífuga - Urocultura qualitativa e quantitativa com antibiograma – demora 5 dias para dar o resultado, de forma que nos casos “graves” já deve-se ter um tratamento empírico. Interpretação do sumário de urina - É um método simples de investigação que fornece dados indiretos de algumas patologias sistêmicas e outras informações úteis sobre patologias do aparelho urinário. · pH · O normal é ser ácido · Proteínas · Proteinúria pode indicar lesão renal · Glicose · Glicosúria – mais comum em gestantes · Corpos cetóticos · Jejum prolongado · Hematúria · Microscopia nos pacientes >50 anos pode indicar neoplasia · Microscopia em jovens pode indicar cálculos · Pigmentos biliares – hepatopatas · Nitrito positivo – indica ITU Cultura quantitativa - Método de Krass · Punção suprapúbica para coleta de urina em crianças com <2 anos, e ter cultura apropriada. - Punção supra-púbica é o Golden-Standard em mulheres e homens não circundados, ou pacientes com quadros febris ou idade <2 anos. - Via uretral não é tão bom, mas pode ser feito: · Cateterismo uretral na criança · Técnica de Quick-Wee – é colocado uma gaze com pouco de soro gelado na região suprapúbica · Uso de saco coletor na genitália da criança ou se percute, o que causará micções espontâneas - Após controle esfincteriano, a coleta do jato médio torna-se possível a apresenta resultados confiáveis. Escala de Bristol de Fezes Diagnóstico - Análise da urina · Leucocitúria é um achado inespecífico podendo ser um falso positivo por contaminação, doença inflamatória ou febre com infecção fora do trato urinário. · É importante a assepsia apropriada, descartas o primeiro jato e usar um coletor limpo e adequado. - Leucocitúria – presente se tiver corpo estranho, tumor, balonopostite, vulvovaginite, cálculo e dermatite amoniacal. - Bacteriúria – presente se a coleta não for adequada, ou se tiver multiplicação de bactérias após a coleta. Teste de localização de ITU - Indireto · Proteína C reativa · Níveis séricos e urinários de interleucina 6 · Anticorpos IgG e IgA · Anticorpo contra antígeno O da bactéria infectante - Diretos · Cateterismo uretral · Lavagem da bexiga Métodos diagnósticos - USG – não visualiza o ureter - Urografia excretora – menos feito - TAC – obtém uma imagem superior a outros, e supera a urografia - Cistouretrografia – importante para avaliar refluxos - Radioisótopos - Cistoscopia – investigar divertículo ureteral - RNM – investigar o estado da uretra, mas o anterior é melhor Complicações da ITU - Imediatas · Pielonefrites · Agudas · Enfisematosas · Xantogranulomatosas (raro) · Abscessos renais e perinefréticos · Orquiepididimite · Bacteremia -> choque -> morte - Tardias · Litíase urinária · Hipertensão arterial · Atrofia renal e IRC Pielonefrite aguda - Diagnóstico clínico, podendo ter contribuição do cateterismo ureteral ou lavado vesical - Enfisematosa · É muito frequente em pacientes imunodeprimidos, cuja etiologia é por E. coli, K. pneumoniae, P. mirabilis e Pseudomonas · Geralmente há uma baixa taxa de oxigênio, com fermentação da glicose e produção de gases · Diagnóstico diferencial – embolização renal, traumas e fístulas urodigestivas · Requer tratamento cirúrgico – pielonefrectomia – na maioria, podendo ser feita abordagem percutânea para retirar o gás em alguns Nefrite bacteriana aguda focal ou multifocal - É uma forma grave e incomum de infecção renal aguda – denso infiltrado de leucócitos - Sintomas semelhantes à pielonefrite grave - Pielonefrite aguda -> nefrite bacteriana aguda focal -> abscesso renal Abscesso renal ou carbúnculo - É a coleção de material purulento confinada ao parênquima renal - Antes dos antimicrobianos, 80% era por disseminação hematogênica dos estafilococos, com predomínio de gram-positivos (1950), e a partir de 1970 teve predomínio de gram-negativos por via ascendente, cálculos e refluxo. Hidronefrose infectada e pionefrose - Hidronefrose infectada – infecção bacteriana em rim hidronefrótico - Pionefrose – hidronefrose infectada com destruição supurativa do parênquima renal · Geralmente requer nefrectomia Abscesso perinefrético - Ruptura de um abscesso cortical agudo para dentro do espaço perinefrico ou disseminação hematogênica - Causas – diabetes, cálculos, doença renal policística e hemodiálise Pielonefrite xantogranulomatosa - É uma forma anatomopatológica de pielonefrite crônica, caracterizada pela presença de macrófagos contendo gordura no seu interior (xantomas) - Apresenta-se por destruição supurativa do parênquima renal associada a granulomas, abscessos e células com inclusões lipídicas – células espumosas. Tratamento geral - O resultado depende do diagnóstico correto, antibiótico apropriado e verificação de recorrências - Qual o ATB a escolher? · Inicialmente avaliar · Início ideal do uso do medicamento – o que permita menos resistência bacteriana e menos efeitos adversos · Medicamento ideal · Dose ideal · Tendência atual de menor tempo de uso · Menor impacto para o meio ambiente · Sendo ainda importante conhecer propriedade farmacocinéticas (absorção, distribuição, metabolismo e eliminação) e farmacodinâmicas (concentração e efeito). · Nem sempre preciso esperar o resultado do antibiograma (embora necessário) para iniciar o tratamento. · Em muitos casos, termino o tratamento antes do resultado - Indicações de tratamento – farmacológico · Infecções assintomáticas em crianças, gestantes e pacientes no pré-operatório · Pielonefrite aguda requer 14 dias de tratamento · Infecções complicadas – 1-2 meses de tratamento · Pacientes com lesão da medula espinhal · A maioria tem bacteriúria e são assintomáticos · Infecção crônica pode ser carcinogênica· Neles a ITU se manifesta com febre, desconforto lombar, vazamento entre os cateterismos, aumento dos espasmos (vesicais ou de MMII), letargia e urina fétida. · Homem idoso · Se bacteriúria assintomática em idosos – não tratar · Trata se sintomas – a partir dos 65 anos, 20% das mulheres e 10% dos homens terão bacteriúria. · Patogenia · Declínio da imunidade · Disfunção vesical neurogênica · Aumento da contaminação perineal – incontinência fecal e urinária mais frequente · Queda de estrogênio nas mulheres · Bacteriúria associada à sondagem vesical · Cateter de demora – 10% a 20%/dia de bacteriúria · Cateterismo intermitente estéril e limpo – 1-3% de bacteriúria/cateterismo · Além de apresentar com frequência biofilme – formado por bactérias mergulhadas em uma matriz extracelular de produtos bacterianos e proteínas do hospedeiro – incrustação do cateter. · Prostatite aguda · Combinação de drogas – Aminoglicosídeos, amoxacilina, cefalosporina de 2-3ª geração · Ciprofloxacino – resistência em <10% · Não utilizar fluorquinolola em pacientes que tenha feito uso prévio há 6 meses. · Tratar fatores de complicação urológica Tratamento cirúrgico das ITU’s - Indicado para casso de obstrução do trato urinário, pionefrose e abscesso renal c/ >5cm Consenso ITU 2019 – SBL, FEBRASGO, SBU - 1ª Opção · Fosfomicina trometamol 3g, dose única · Inibe irreversivelmente a enolpiruvato transferase, impedindo a formação da parede celular de peptidoglicano · Tem posologia de dose única · Atualmente é a droga de 1ª opção para ITU · Nitrofurantoína 160mg 6/6h por 7 dias · Cuidado profilático · Tosse seca – pode indicar fibrose pulmonar irreversível · Hepatite · Risco em pacientes com clearence <30 - Alternativa · Cefuroxima (Zinat) 250-500mg de 12/12h · Amoxacilina + Clavulanato de potássio 875/125mg 12/12h por 5-7dias · Amoxacilina + Clavulanato de potássio 500/125mg 8/8h por 5-7dias · Se cultura sensível a quinolona: · Norfloxacina 400mg 12/12h por 3dias · Ciprofloxacina 250mg 12/12h por 3 dias · Levofloxacina 250mg 1x/dia por 3dias - Cuidados com as quinolonas · Efeitos adversos – SNC, sistemas musculo-esquelético (ruptura de tendão de aquiles), manifestações visuais e renais. · Idosos podem aumentar o intervalo QT, causar hipocalemia e hipomagnesemia · Cuidado com o uso de antiarrítmicos e anticoagulantes. · Exemplos de cada geração · 1ª geração: Ácido nalidíxico · 2ª geração: Norfloxacino, ciprofloxacino, ofloxacino · 3ª geração: Levofloxacino, moxifloxacino · 4ª geração: Trovafloxacino, sitafloxacino - Resistência · Ertapenem 1g 24/24h · Imipenem 500mg 6/6h IM · Meropenem 1g EV 8/8h ITU na gestação - A ITU afeta mais de 10% das mulheres e aproximadamente 50% delas apresentam pelo menos um episódio durante a vida. - Tem maior incidência no 1º trimestre, na 9ª e na 17ª semana de gestação. · 60-75% apresentam no 3º trimestre e 10-20% voltam a apresentar após o parto. - Quadro de bacteriúria geralmente assintomática, 20-40% não tratam a bacteriúria. - 1-4% evoluem para pielonefrite aguda Fisiopatologia - Uropatógeno oriundo da flora fecal, coloniza a vagina e a uretra distal, posteriormente ascende para a bexiga e promove a infecção Fatores predisponentes - Fatores hormonais · Progesterona – diminuição do peristaltismo · Hiperestrogenismo – favorece adesão de certas cepas de E. coli - Fatores mecânicos · Aumento do volume urinário · Redução da capacidade renal de concentrar urina · Mudança química na urina – glicosúria e aminoacidúria - Fatores anatômicos · Aumento de 1cm do rim - Fatores fisiológicos · Aumento da filtração glomerular 30-50% e excreção de proteína · Cr> 0,8mg/dl, Ureia>13mg/dl e proteinúria >300mg/24h - Outros fatores · Diabetes mellitus · Anormalodade do trato urinário · Antecedente de infecção urinária Fatores de risco para infecção recorrente do trato urinário - Frequência das relações sexuais, número de parceiros, novos parceiros e uso de espermicida e diafragma. · Mulheres na pré-menopausa - Deficiência de estrogênio, diminuição de lactobacilos vaginais, prolapso genital, cirurgia vaginal prévia, volume urinário residual elevado e ITU prévia. · Mulheres na pós-menopausa Diagnóstico - Clínico – disúria, aumento da frequência urinária, urgência miccional, dor suprapúbica e hematúria. - DX diferencial – vaginite, uretrite aguda, síndrome da bexiga dolorosa, síndrome da bexiga hiperativa e doença inflamatória pélvica. - Mulher com disuria e polaciúria, sem vaginite, o diagnóstico é feito em 80% dos casos - Presença de febre, sensibilidade ou dor em região lombar (sinal de Giordano) indica comprometimento do TUS. - Cultura de urina apenas para ITU recorrente, na presença de complicações associadas ou na vigência de falha do tratamento inicial. Evolução - Há maior risco de prematuridade, mortalidade fetal (2,4x), baixo peso, crescimento retardado da placenta e óbito. Tratamento - Recomendações base · Não tratar com dose única · Não aguarda cultura para iniciar tratamento · Iniciar o tratamento empírico com derivados de penicilina · Internar os casos de pielonefrite · Sempre fazer cultura de controle - Drogas seguras · Penicilinas – ampicilina, amoxicilina e penicilina V · Cefalosporina – cefalexina, cefazolina, cefuroxima e ceftriaxona - Drogas a serem evitadas · Estreptomicina – neurotoxicidade · Sulfonamidas – kernicterus (deposição de BI nos núcleos da base) · Tetraciclinas – alterações ósseas e dentárias · Cloranfenicol – síndrome cinzenta · Nitrofurantoína – anemia hemolítica · Aminoglícosídeos – surdez · Quinolonas – alteração de cartilagens em desenvolvimento - Medidas preventivas · Comportamental · Profilaxia com antibióticos · Terapia coadjuvante · Suco granberry (contém ácido hipúrico) – interfere com a adesão da E. coli tipo P ao uroepitélio, além de ser rico em proantocianinas. · Aplicação vaginal de lactobacilos · Estrógenos creme/oral – reduz 30% · Ácido ascórbico – in vitro tem efeito bacteriostático · Metenamina – é hidrolisada em amônia e formaldeído em urina ácida (poucos estudos) · D-manose – Inibe aderência bacteriana ao urotélio - Imunoterapia oral · Estimula o sistema imunológico do hospedeiro. · Proporciona melhora das defesas naturais · Propriedades anti-inflamatórias · Produção de anticorpos · Aumenta a imunoglobulina tipo A presente nas mucosas · Melhora sintomatologia urinária · Previne ITUs recorrentes · Apresentação · Oral · Urovaxom cápsulas com 18 cepas mortas de E. coli · Vaginal · Urovac com 6 cepas de E. coli, 1 de P. mirabilis, 1 de M. morgani, 1 de pneumoniae e 1 de E. faecalis
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