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Infecção urinária O trato urinário é habitualmente estéril, e a infecção é o desequilíbrio entre a colonização da flora e a defesa do indivíduo, do rim até o meato uretral. Infecções em estruturas adjacentes, como próstata, pode ser incluída nessa definição por estarem intimamente ligadas. A infecção pode ser por fungo, parasita ou vírus, mas o mais comum é a bactéria. Fatores predisponentes Mulheres jovens tem 30x mais ITU que homens da mesma faixa etária ➢ 50% das mulheres apresentarão ITU em algum momento da vida ➢ Mais prevalente em mulheres sexualmente ativas A ITU é uma causa importante de febre não explicada em crianças abaixo de 3 anos ➢ Mais prevalente em crianças menores de 1 ano Idosos acima de 60 anos: tanto o aumento do tamanho da próstata (em homens) quanto a diminuição do estrogênio circulante (em mulheres) Gestação, DM e imunossupressão Obstrução do trato urinário Refluxo vesico-ureteral Tratamento com antibiótico recente OBS.: ITU em homens é considerada uma infecção complicada, pois frequentemente se associa com anormalidades estruturais do TU. Etiologia ITU é a infecção bacteriana mais frequente. Dentre as nosocomiais, é a primeira em incidência. Curva de incidência: o Na infância H>M, devido as más formações congênitas mais predominantes no sexo masculinmo. o A partir do período pré-escolarM>H (2:1), havendo picos: início da vida sexual; gravidez Gestação: ocorrem alterações anatomofuncionais do aparelho urinário durante a gestação que propiciam as infecções (aumento de 4 - 7%). ➢ Essas pacientes também apresentam maior risco para complicações, as quais são mais frequentes no 3o trimestre da gravidez (7 - 9 meses). ➢ Melhor período para verificar possível bacteriúria: 16a semana (4o mês, início do 2o trimestre). 50 anos, ocorre novamente um pico, no sexo masculino, relacionado com o prostatismo. Populações especialmente susceptíveis: o Gestantes o Crianças pequenas - atenção para a contaminação por colonização fecal. o Idosos o Pacientes com lesão medular e incapacidade de locomoção o Usuários de sonda vesical o Diabéticos Esses pacientes também apresentam maior risco de complicar com pielonefrite, devido à inadequada mobilização dos leucócitos à área afetada, como também à isquemia secundária à doença microvascular. Outras complicações comuns associadas: abscesso renal ou perirrenal. Fatores de proteção Microflora do introito vaginal, peri-ureteral e ureteral (lactobacilos) Osmolaridade urinária (alta ou baixa) pH básico Bexiga e intestino: esvaziamento completo e periódico. A flora do intestino obstipado é mais agressiva. Anticorpos no introito vaginal (lactobacilos, IgA) Estrógenos (uretra mais curta) Etiologia da ITU adquirida na comunidade São causadas principalmente por bactérias Gram negativas: E. coli corresponde a 80% das infecções comunitárias (ITU não complicada) Pseudomonas mirabolis (2%) Staphylococos saprophyticus (gram positiva mais importante) Pseudomonas aeruginosa (infecções nosocomiais) Klebisiella sp (3%) OBS.: apresentam importantes fatores de virulência, com a adesina fimbrias (ou "pili") que promovem uma aderência fundamental para a invasão e colonização bacteriana. Os pilis auxiliam tanto na fixação e locomoção, quanto na resistência das bactérias à fagocitose. Etiologia hospitalar E. coli representa 50% das infecções Klebsiella Citobacter Fisiopatologia A principal via de infecção é a via ascendente, ou seja, as bactérias da pele ascendem para o trato urinário pelos movimentos brownianos (movimentos de partículas armazenadas em um fluido). Pode haver uma colonização periuretral do patógeno da flora intestinal (fatores mecânicos, defecação, sudorese, higiene pessoal) A via hematogênica é mais comum em bebês, nos casos de abscesso renal e infecções fúngicas A via linfática se dá pela comunicação entre o intestino grosso Clínica Os quadros podem variar de assintomáticos a sintomáticos o Bacteriúria assintomática: 2 uroculturas positivas, colhidas na sequência, contendo 100.000 UFC/mL da mesma cepa + ausência de sintomas locais ou sistêmicos. deve ser tratada previamente a manipulação cirúrgica do TU e em gestantes (deve-se tratar pelo risco de pielonefrite, parto prematuro e mortalidade fetal). o Bacteriúria significativa: qualquer [bactéria] na urina é anormal, contudo, para diferenciar bacteriúria de infecção ou contaminação, introduziu-se uma linha de corte para ser considerado significativo: 100.000 UFC/mL. o ITU recorrente: 2x em 6 meses ou 3x em 1 ano. ➢ Por recidiva: infecção das vias urinárias causada pelo mesmo micro-organismo durante ou após a conclusão do tratamento. fala a favor de resistência bacteriana. ➢ Por reinfecção: infecções por novos micro-organismos em intervalos variáveis após a erradicação. devemos realizar uma investigação etiológica. Cistite ITU mais comum, principalmente em mulheres jovens. Se trata da inflamação aguda da bexiga. Durante o período neonatal é mais comum entre os meninos, por conta da fimose. OBS.: tratamentos com ATB recente pode alterar a flora vaginal, deixando mais susceptível á infecção o Polaciúria o Disuria o Dor suprapúbica o Urgência miccional o Febre baixa o Hematúria terminal Pielonefrite Infecção do trato urinário alto (parênquima e pelve renal). Pode ser uma evolução da infecção aguda da bexiga (mais raro) o Febre alta, calafrios, taquicardia o Sinal de Giordano positivo o Dor muscular o Dor lombar ipsilateral o Dor costovertebral o Vômitos e mal estar geral Prostatite o Febre muito alta o Dor pélvica o Dificuldade miccional/ retenção o Aumento do PSA Diagnóstico Exame físico (principalmente o Giordano) Exames complementares: ➢ Cistite: sumário de urina e urocultura ➢ Febre alta: sumário de urina, urocultura, VHS, PCR, leucograma, hemograma, antilograma OBS.: no caso de infecção com febre, acompanhar o tratamento, pois pode ser que o paciente precise de internação Sumário de urina + 20 bactérias/campo +8 leucócitos/campo Hematúria microscópica – comum Proteinúria – rara Nitrito positivo Baciloscopia Urocultura Positivo: 105 UFC/ML 102 em mulher sintomática Coleta asséptica de jato médio, punção supra- púbica ou cateterismo Antibiograma PCR/VHS Para avaliar o grau de infecção sistêmica, podendo ser utilizado como avaliador de prognóstico Exames de imagem Necessários nos casos de: o Infecção urinária febril em crianças o Febre que não cede após 48h de tratamento o Casos recidivais ou recorrentes o Infecções de repetição o Pielonefrite no adulto o História de litíase o Dificuldade miccional USG Exame muito útil na urologia Analisa a anatomia do parênquima renal e do sistema coletor Desvantagens: exame operador-dependente, não visualiza bem o segmento médio do ureter, não avalia função renal Urografia excretora Avalia parênquima renal e anatomia urinária. Avalia a função urinária indiretamente. Exame contrastado Uretrocistografia retrógrada e miccional Avalia estenose da uretra, RVU, obstrução TC/RM Pode ser útil nos casos de obstrução não explicada por outros exames Avalia a presença de abscesso renal e perirrenal Avalia a presença de litíase (complicação mais grave) Cintilografia com DMSA Visualiza cicatriz cortical renal – avaliadas a partir das áreas fotopênicas do parênquima renal – mapeia o parênquima renal Serve para estudar as consequências de uma pielonefrite no parênquima renal; principalmente nas crianças (cicatriz renal) Visualiza hipoatividade ou perda de função (áreas infartadas) Deve ser realizado 2 a 3 meses após o quadro Tratamento Antibioticoterapia o Sulfametoxazol – trimetropim o Nitrofurantoinao Quinolonas o Cefalosporinas o Aminiglicosídeos o Carbamazepinicos o Polimixina B Sintomáticos o Piridazina – analgésico (Pyridium) Cistite 3 dias de tratamento oral empírico. Para gestantes e homens, esse tratamento deve durar 7 dias. Primo-infecção: 3 dias. Tratamento tradicional: 7 dias o Fosfomicina 3g, 1x ao dia o Norfloxacina 400mg 12/12h o Nitrofurantoína 100mg 6/6h o Cefadroxila 250mg 12/12h o Cefalexina 250mg 6/6h o Amoxicilina o Fluoroquinolonas (contraindicado para gestantes) OBS.: estrogênio tópico: muito efetivo para mulheres na menopausa Pielonefrite Na pielonefrite não complicada, o tratamento inicial deve ser empírico oral ou parenteral, com internação hospitalar, de acordo com o estado geral do paciente. Duração: 10 a 14 dias. Repetir as culturas 5 a 6 dias após o início do tratamento, e 4 a 6 semanas após o final do tratamento o Ciprofloxacino: 400mg IV ou 500 mg VO 12/12h o Levofloxacino o Ceftriaxona o Aminoglicosídeo Profilaxia: Pacientes com ITU de repetição; pós- coito ou contínua, auto tratamento. Colher cultura após o tratamento Duração: 2 a 6 meses o Nitrofurantoína o Sulfametazol – trimetoprima o Norfloxacino o Cefalexina Prostatite aguda Tratamento dura 21 dias Importante evitar toque retal, e passar sonda Fatores de risco para complicações o Sexo masculino o Gestação o Extremos etários o DM o Uso prévio de ATB o Imunossupressão o Manipulação das vias urinárias o Febre persistente Principais complicações: abscesso perinefrítico; hidronefrose infectada (pionefrose); pielonefrite enfisematosa ITU em crianças Causa mais comum de febre sem sinais localizatórios Crianças com ITU (principalmente os quadros de repetição) devem chamar atenção para a presença de malformações do trato urinário, que podem inclusive causar DRC. As malformações são as principais causas de transplante renal em criança. Bom manejo: identificar qual o problema que está causando a ITU, e tratar os fatores de risco. OBS.: não é preciso fazer exame de imagem nos quadros agudos Fatores de risco funcionais: BBD (disfunção do trato urinário inferior) e obstipação Conduta: Internação se: o Idade menor que 3 meses o Infecção grave o Suspeita de pielonefrite o Sinais de gravidade: RNC, desidratação, não adesão ao tratamento, vômitos incoercíveis Antibioticoterapia: o Cefalosporina 3 geração 10 a 15 dias o Via parenteral (quando necessário) e havendo melhora do estado geral; tratamento oral o Exceção: oligodramnio prolongado (drenar a bexiga no intra-útero e fazer profilaxia com ATB pós-natal) Antibiótico profilaxia: o Crianças menores de 3 meses: cefalexina ou amoxicilina o Maior que 3 meses: SMT, TTP, nitrofurantoína Investigar causas: Exames de imagem USG: realizado de imediato para afastar uretrografia obstrutiva Citografia miccional: realizada 30 dias após o tratamento, geralmente com a USG Urografia excretora Cintilografia: avaliar a presença de cicatriz renal USG pré-natal: avalia se há dilatação do trato urinário, e qual o tamanho da dilatação. É possível ver a bexiga a partir de 14 semanas
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