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SAUDE-MENTAL

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Química AmbientalSaúde MentalTécnico em Enfermagem
BELO HORIZONTE / MG
LILIAN RUTH
MARTHA APARECIDA DA SILVA
SAÚDE MENTAL
AUTORES
............................................................................
LILIAN RUTH
MARTHA APARECIDA DA SILVA
ADASTRA EDITORA LTDA
............................................................................
Avenida Afonso Pena, 941 – 4º andar
Centro
CEP: 30.130-002 – Belo Horizonte – MG 
PROMOÇÃO DA SAÚDE
SAÚDE MENTAL
Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SUMÁRIO
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
.......................... 07
.................... 07
......................................... 09
........................ 11
.............................................. 13
.............. 13
............. 15
................................................ 20
....................................... 20
.................................................... 22
.... 22
.... 27
............ 30
............................... 38
....... 41
........................................................... 49
........................................................... 49
........................................................... 49
........................................ 50
................................................... 51
 UNIDADE I - ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL
1. Psiquiatria x saúde menta
2. A saúde mental na atualidade
3. Políticas públicas
4. Organização da assistência
5. Epidemiologia
6. Promoção e prevenção em saúde 
mental
7. Além da saúde: passos decisivos
 - Ideias-chave
 - Recapitulando
 - Para fixar o conteúdo
 UNIDADE II - PRINCIPAIS CONCEITOS E 
CLASSIFICAÇÕES DOS TRANSTORNOS 
MENTAIS
1. Saúde mental
2. Transtorno mental
3. Psiquiatria
4. Classificação dos transtornos mentais 
e de comportamento
5. Principais tipos de transtorno mental e 
formas de tratamento
6. Aspectos gerais do tratamento de 
transtornos mentais
 - Ideias-chave
 - Recapitulando
 - Para fixar o conteúdo
 UNIDADE III - ABORDAGEM AO DOENTE 
MENTAL
1. Urgência e emergência
2. Condutas do técnico de enfermagem 
no setor de saúde mental
 - Ideias-chave
 - Recapitulando
 - Para fixar o conteúdo
 ESTUDOS DE CASO
• Caso 1
• Caso 2
• Caso 3
 SITES E LINKS ÚTEIS
 BIBLIOGRAFIA
I N T R O D U Ç Ã O
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 6
SAÚDE MENTAL
A enfermagem em saúde mental é uma arte, 
exercida acima de tudo na base da paciência e 
observação cuidadosa de vários aspectos do 
paciente. Constitui-se em uma das especialidades 
mais importantes e atraentes de toda a medicina.
Não raras vezes é curioso observar o interesse 
dispensado pelo aluno de enfermagem a essa 
disciplina, ao tentar identificar sinais e sintomas 
dos transtornos mentais em si próprio. Uma 
contribuição acerca desse assunto é apresentada 
por Ferreira (1993, apud Murta, 2008), que 
lembra que os motivos e conflitos dos pacientes 
psiquiátricos podem não ser nitidamente distintos 
daqueles das pessoas sadias, sendo a principal 
diferença a maneira como o indivíduo encara os 
seus problemas.
“Em sua grande maioria, os transtornos mentais 
são crônicos ou recorrentes e, como consequência, 
o paciente terá de ser acompanhado por longo 
tempo, senão por toda a vida” (Neto, 2007). 
Por isso a abordagem desse tipo de paciente é 
tão importante para o técnico de enfermagem. 
Assim o que se pretende é fornecer subsídios 
para o conhecimento dos principais aspectos 
relacionados ao portador de sofrimento mental e 
contribuir para que o profissional possa ter uma 
postura adequada. Os cuidados vão além da 
“habilidade técnica” e passa a ter outro papel num 
cenário também diferente, em que a escuta atenta, 
a afetividade, o estabelecimento de mediações, 
a aproximação são atitudes requeridas (Zebetto; 
Charge para debate e análise em sala
Pereira, 2005).
O profissional se torna polivalente, ou seja, as 
suas atividades transcendem a área específica de 
sua formação, rompe com a questão do aspecto 
técnico, evita a fragmentação do processo 
terapêutico, assume a responsabilidade individual 
no acompanhamento do caso, trabalha a 
aproximação do usuário e a coleta de sua história 
de vida, o que pode se traduzir em intervenção de 
responsabilidade e afetividade (Zebetto; Pereira, 
2005).
Em seguida são tratados os principais aspectos 
que compõem essa disciplina: saúde mental em 
nosso tempo, políticas públicas, organização 
da assistência, epidemiologia, classificação 
dos transtornos mentais e de comportamento, 
principais tipos de transtorno mental e formas de 
tratamento, urgência e emergência, condutas do 
técnico de enfermagem, promoção e prevenção. 
SAÚDE MENTAL
Introdução
Charge para debate e análise em sala
7Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
UNIDADE I
ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL
1- PSIQUIATRIA X SAÚDE MENTAL
Saúde mental: é uma área de conhecimento que, mais 
do que diagnosticar e tratar, liga-se a um conjunto de 
ações que visam à prevenção e à promoção, referentes 
à restauração, reabilitação e reinclusão do paciente em 
seu contexto social (Brasil, 2003).
Psiquiatria: é um ramo da medicina aplicado às 
alterações psíquicas, ao diagnóstico, ao tratamento e à 
profilaxia das doenças mentais (Ballone, 2005).
Psicopatologia: (do grego: psykhé = alma + patologia 
= morbidade) se propõe a conhecer e descrever os 
fenômenos psíquicos patológicos, servindo de base 
para a Psiquiatria (Ballone, 2005).
“Saúde Mental é muito mais do que uma troca de 
termos; inclui uma diferença de critérios, da doença 
– foco central da Psiquiatria – para a saúde” (Brasil, 
2003). Entende-se então que o foco da saúde mental 
é a reabilitação, a saúde e a reintegração, enquanto 
a Psiquiatria como uma ciência é uma parte desse 
estudo.
Na atualidade a compreensão do doente mental não 
se limita a sua inserção nos hospitais especializados 
em Psiquiatria, mas nos serviços de saúde instituídos 
na comunidade (Murta, 2008).
2- A SAÚDE MENTAL NA ATUALIDADE
Fonte: http://fhemig.mg.gov.br/pt/banco-de-noticias/235-complexo-de-saude-
mental/1553-reforma-psiquiatrica-louco-passado Fotos: Pedro Vilela.
Para a compreensão da saúde mental na atualidade, 
se faz importante tratar dos aspectos históricos da 
Psiquiatria.
História da Loucura
Os registros de distúrbios mentais são antigos (cerca 
de 2000 a.C.). A loucura era considerada de origem 
sobrenatural. Os portadores por vários séculos foram 
asilados em hospitais psiquiátricos fechados, cuja 
finalidade era esconder o que não se devia ser visto. 
Na Grécia não foi diferente. Algumas doenças mentais 
eram apoiadas na magia e feitiçaria, porém, com o 
materialismo grego, procurou-se em causas somáticas 
a origem dos distúrbios mentais.
Nas obras de Hipócrates (460-377 a.C), pai da 
medicina, encontra-se a descrição da histeria, que 
explica o deslocamento do útero (histero) como 
decorrente da falta de atividades sexuais, o que 
acarretaria na subida do útero ao hipocôndrio, ao 
coração ou até o cérebro, provocando dispneia, 
palpitação e até desmaios. A terapêutica recomendada 
era o casamento para viúvas, moças, além do emprego 
de banhos vaginais com ervas para atrair o útero ao 
seu local de origem. 
A melancolia é descrita como um quadro de tristeza 
decorrente do excesso de “bile negra” circulante.
Em Roma, Galeno discordava da tese de migração 
uterina, afirmava que a retenção do líquido feminino pela 
abstinência sexual é que causava o envenenamento 
do sangue, originando as convulsões. 
É assim que pela primeira vez surgiu uma nova 
concepção em relação aos doentes mentais e foram 
criadas leis em que se detalhavam as várias condições 
(insanidade, embriaguez), que, se presentes no ato do 
crime, poderiam diminuir o grau de responsabilidade 
do criminoso (Brasil,2003).
Psiquiatria medieval
A Idade Média, também denominada de “Idade 
das Trevas”, iniciou-se com o fim do Império Romano, 
em 476 d.C. Foi um período de grande expansão 
do Cristianismo em que há a modificação da atitude 
para com os doentes mentais, ou seja, as explicações 
místico-religiosas são retomadas, resultando no 
atraso das descobertas científicas e do conhecimento 
humano.
Então designados como possuídos de demônios, 
os doentes mentais foram perseguidos durante três 
séculos. 
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 8
SAÚDE MENTAL
A ordem absolutista em 1656, pelo rei Luís XIV, que 
teve finalidades policiais: mendigos, ociosos, ladrões, 
dementes e insanos de todas as espécies deviam ser 
eliminados ou levados à reclusão, entra em falência 
(Neto; Elkis, 2007).
 
Primeira revolução psiquiátrica
O progresso científico somente foi retomado no 
final do século XVIII, quando surge a fundação de 
locais para o cuidado de doentes mentais, atitude mais 
humana e esclarecida. 
Neste contexto, destaca-se o médico francês 
Philippe Pinel (1745-1826), que desenvolveu a 
corrente de pensamento de médicos especialistas em 
doenças mentais. O doente mental torna-se objeto da 
Psiquiatria.
A escola francesa, inaugurada por Pinel, trouxe 
muitas inovações neste campo, como, por exemplo, a 
influência de tóxicos nas alterações do comportamento, 
a conceituação de esquizofrenia e a divisão dos 
portadores de doenças mentais em duas classes: os 
degenerados, que apresentariam estigmas morais 
e físicos, sendo propensos a apresentarem acessos 
delirantes; e os não degenerados, que eram indivíduos 
normais, porém predispostos ao transtorno mental 
(Brasil, 2003).
A Psiquiatria surge de uma nova corrente em 
relação aos transtornos mentais, que segue os 
caminhos da medicina, recebendo um reconhecimento 
internacional, e o estabelecimento de um sistema 
moderno de estudo. No entanto, os doentes mentais 
passaram a permanecer toda a sua vida dentro dos 
hospitais sem que houvesse avanço em termos 
terapêuticos.
Merece destaque Sigmund Freud (1856-1939), um 
médico de origem austríaca, que desenvolve a teoria 
do inconsciente.
Os hospitais para doentes mentais crescem em 
número e, com isso, o abandono, os maus-tratos, a 
sedação, o isolamento, resultados da indiferença que 
não permite o desenvolvimento de respeito e iniciativas 
mínimas do paciente. 
A partir do século XIX, são empregadas substâncias 
terapêuticas (Haldol) que agem diretamente no sistema 
nervoso central, sendo várias delas sintetizadas na 
segunda metade do século. 
Introdução do tratamento de choque e psicocirurgia 
(cirurgias mutiladoras do sistema nervoso central) em 
1890.
No século XX surgem os primeiros movimentos de 
Reforma Psiquiátrica.
Reforma psiquiátrica brasileira
No Brasil, o marco institucional da assistência 
psiquiátrica foi à inauguração do Hospital Psiquiátrico 
Pedro II, em 1852, na cidade do Rio de Janeiro. 
Nos anos seguintes, há a proliferação de muitas 
outras instituições semelhantes, construídas em São 
Paulo, Pernambuco, Bahia e Minas Gerais. 
Também no Brasil a instituição psiquiátrica era mais 
uma das modalidades de exclusão.
Ao fim da década de 50, a situação dos hospícios 
no Brasil era grave: superlotação; deficiência de 
pessoal; maus-tratos grosseiros; falta de vestuário e 
de alimentação; péssimas condições físicas; cuidados 
técnicos escassos e automatizados. A maior parte 
dos pacientes só saía dessas instituições quando por 
ocasião do óbito.
Contudo, na 2ª metade do século XIX, continuou-
se a inauguração de vários manicômios, inclusive no 
Norte-Nordeste: Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, 
Paraíba, Salvador e Maceió.
“No final dos anos 80, o Brasil chegou a ter cerca 
de 100.000 leitos em 313 hospitais psiquiátricos, 
sendo 20% públicos e 80% privados conveniados 
ao SUS, concentrados principalmente no Rio em 
São Paulo e em Minas Gerais” (Minas Gerais, 2006).
Ocorre o estabelecimento da divisão da assistência, 
uma destinada aos indigentes (rede pública) e outra 
aos previdenciários e seus dependentes (hospitais 
privados conveniados), porém as condições dessas 
instituições continuavam precárias.
“A Reforma Psiquiátrica nasce com o objetivo 
de superar o estigma, a institucionalização e a 
cronificação dos doentes mentais” (Murta, 2008). 
Surgem denúncias e críticas diversas no Brasil nos 
anos 70 (exemplo: Movimento dos Trabalhadores 
em Saúde Mental – MTSM).
9Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
O movimento de reforma teve o significado de 
mudança do modelo de tratamento, no lugar do 
isolamento, o convívio com a família e a comunidade, 
ou seja, pretendia-se que, em lugar de hospitais 
psiquiátricos fechados, fossem criados serviços 
territoriais de atenção psicossocial e de base 
comunitária.
Em 1987, realiza-se o II Congresso Nacional do 
MTSM (Bauru, SP), cujo lema abordava “Por uma 
sociedade sem manicômios”. 
De 25 a 28 de junho de 1987, no Rio de Janeiro, é 
realizada a I Conferência Nacional de Saúde Mental. 
Os temas abordados foram: 
I – Economia, Sociedade e Estado: impactos sobre 
saúde e doença mental;
II – Reforma sanitária e reorganização da assistência 
à saúde mental;
III – Cidadania e doença mental: direitos, deveres e 
Iegislação do doente mental. 
Nesse mesmo ano, surge o primeiro Centro de 
Atenção Psicossocial (CAPS), na cidade de São Paulo. 
Constituição de 1988: definição ampliada da Saúde, 
afirmada como direito e dever do Estado. 
Sistema Único de Saúde: a criação e a consolidação, 
a valorização de conceitos como descentralização, 
municipalização, território, vínculo, responsabilização 
de cuidados, controle social, etc.
Psiquiatria Mineira
Em Minas Gerais se concentrava grande número de 
hospícios, sobretudo em Belo Horizonte, Barbacena e 
Juiz de Fora. 
O marco da virada decisiva da reforma psiquiátrica 
em Minas Gerais deu-se a partir da realização do III 
Congresso Mineiro de Psiquiatria, em 1979, onde 
as denúncias e propostas de reformas da política de 
saúde mental foram apresentadas. Houve a produção 
de reportagens intitulada “Nos Porões da Loucura” e 
do filme “Em nome da razão”, de Helvécio Ratton. 
A partir dos anos 80, dá-se início a humanização 
da assistência, reforçada pela Reforma Sanitária, 
principalmente em nível básico.
Iniciou-se, então, a implantação de um modelo 
assistencial em Saúde Mental. Várias outras cidades, 
em ritmos diversos, vêm implantando serviços e ações 
substitutivas ao hospital psiquiátrico. 
No Estado de Minas Gerais, contamos hoje 
com mais de 80 serviços substitutivos, mais de 30 
Serviços Residenciais Terapêuticos, mais de 12 
(não pode se usar um número quebrado com 
expressões indefinidas, mas não corrigi porque 
não sei quantos Centros de Convivência existem; o 
mesmo caso se repete no fim da página 11) Centros 
de Convivência, em torno de 300 equipes de Saúde 
Mental na atenção básica, mais de 10 associações 
de usuários e de familiares. Contudo, temos ainda 20 
hospitais psiquiátricos, 3 públicos e os demais privados, 
perfazendo em torno de 3.500 leitos cadastrados ao 
SUS e cerca de 1.500 pacientes internados há mais de 
2 anos (Minas Gerais, 2006).
3- POLÍTICAS PÚBLICAS 
A Saúde Mental no Brasil durante muitos anos 
foi vista como uma problemática. Os portadores de 
distúrbios mentais eram vistos como um transtorno 
para a sociedade: tratados de forma generalizada, 
como se fossem objetos periculosos, todos agressivos 
e perigosos, portadores de doença sem cura, cujo 
único tratamento eficaz era a institucionalização. 
Portanto durante muito tempo (que coincidiu com 
a ditadura militar no Brasil) os manicômios estavam 
presentes. Estes se mostravam em situações 
degradantes onde o descuido era uma coisa frequente, 
juntamente com indivíduoscontidos no leito, higiene 
precária, prédios com grades, terapêutica à camisa de 
força, eletrochoque e medicações inadequadas. No 
Brasil houve uma grande expansão de manicômios 
neste período. Em contrapartida, na maioria dos outros 
países, alternativas já estavam sendo tomadas a fim 
de evitar a institucionalização. Mas o período ditatorial 
no Brasil não permitia este questionamento.
Além do mais enfatizava que os loucos eram 
perigosos, de difícil convivência e representavam o 
diferente do convencional, do aceitável pelas regras 
sociais. Por isso, fazia-se necessário segregá-lo, 
sequestrá-lo e cassar seus direitos civis, submetendo-o 
à tutela do Estado.
Somente durante a VIII Conferência Nacional de 
Saúde os profissionais de saúde e sociedade civil 
começaram a debater e questionar o modelo excludente 
das instituições de saúde mental. Juntamente com a 
constituição de 1988, surgiu espaço para a elaboração 
e aprofundamento das leis referentes à saúde mental. 
Neste momento houve uma intensa mobilização para 
a luta antimanicomial, a fim de obter uma reforma 
do sistema psiquiátrico e inserir a Saúde Mental nas 
ações gerais de saúde. Houve também sucessivas 
conferências de Saúde Mental nos diversos níveis 
(nacional, estadual, municipal e distrital). 
Em 1992 ocorreu a 2ª Conferência de Saúde 
Mental, onde foi resgatada uma proposta anterior de 
substituição do “modelo hospitalocêntrico” por uma 
rede de serviços descentralizada, hierarquizada, 
diversificada nas práticas terapêuticas, favorecendo o 
acesso desse cliente ao sistema de saúde, diminuindo 
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 10
SAÚDE MENTAL
o número de internações, reintegrando-o à família e 
comunidade, resultando, desta forma, na melhoria da 
qualidade dos serviços.
Os delegados presentes nessa conferência 
concordavam em relação a uma atenção mais 
humanizada para com os pacientes com transtornos 
mentais; porém alguns discordavam da substituição das 
hospitalizações por um modelo de reintegração social. 
E estes começaram a fazer pressão no Congresso 
Nacional para que esse projeto não tramitasse.
Os favoráveis à lei justificavam que a 
desospitalização e a desinstitucionalização eram 
formas de promover a cidadania àqueles que passaram 
muito tempo encarcerados em manicômios. Os 
contrários argumentavam que as famílias não teriam 
condições de prover financeiramente o tratamento, 
além do mais possuíam compromissos empregatícios, 
o que dificultaria para levar as seções de tratamento. 
Porém os que eram contrários, na verdade, estavam 
preocupados com a diminuição dos lucros gerados 
pelo encarceramento dos loucos.
Os familiares dos pacientes institucionalizados 
conheciam todas as falhas deste sistema e ainda assim 
se mostravam favoráveis; isso se devia à preocupação 
com a convivência, com os desvios de personalidade 
e do afastamento que desgastou os sentimentos de 
estar junto.
Com todas estas opiniões, esse projeto-lei (também 
conhecido como Lei do Deputado Paulo Delgado) 
demorou a tramitar. Foi sancionada como Lei somente 
em 06 de abril de 2001, como Lei nº 10.216.
Porém toda essa demora na tramitação dessa lei 
não impediu que alguns municípios acrescentassem, 
nas Leis Orgânicas Municipais, dispositivos legais de 
promoção de atendimento fora dos manicômios, já se 
responsabilizando pela desativação gradativa, criando 
uma rede alternativa de atendimento.
A Lei 10.216 estabelece a extinção progressiva 
dos manicômios e sua substituição por instituições 
como: unidades de Saúde Mental em hospital geral, 
emergência psiquiátrica em pronto socorro geral, 
unidade de atenção intensiva em Saúde Mental em 
regime de hospital-dia, Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS), serviços territoriais que funcionem 24 horas 
(NAPS), pensões protegidas, lares abrigados, centros 
de convivência, cooperativas de trabalho e outros 
serviços que preservem a integridade do cidadão.
As novas modalidades de atenção para transtornos 
mentais se baseiam nos princípios da ética, da 
inclusão, da solidariedade e da cidadania. A família, o 
trabalho e a comunidade possuem papel de destaque 
na inclusão social deste indivíduo.
O artigo 2º da lei prevê que o usuário tem o direito de 
receber o maior número de informação a respeito de 
sua doença e de seu tratamento, bem como:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de 
saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratado com humanidade e respeito e no 
interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando 
alcançar sua recuperação pela inserção na família, no 
trabalho e na comunidade;
III - ser protegido contra qualquer forma de abuso e 
exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer 
tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua 
hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação 
disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito 
de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratado em ambiente terapêutico pelos meios 
menos invasivos possíveis;
IX - ser tratado, preferencialmente, em serviços 
comunitários de Saúde Mental.
Outro ponto da lei importante de ser destacado 
é que a mesma proíbe a construção de novos 
hospitais psiquiátricos bem como a contratação de 
leitos psiquiátricos pelo poder público. Para isso, é 
necessária a aprovação dos três níveis de gestão das 
Comissões Intergestoras, o que dificulta um pouco a 
ação dos que pretendiam lucrar e força a criação de 
mecanismos concretos de desospitalização, como os 
hospitais-dia, Lares Abrigados, pensões protegidas e 
os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
A internação só poderá ocorrer quando os recursos 
extra-hospitalares forem insuficientes. Ela pode ser do 
tipo: voluntária: consentida pelo usuário; involuntária: 
a pedido de terceiro, sem consentimento do usuário; e 
compulsória: determinada pela justiça. 
A internação involuntária deve ser comunicada 
ao Ministério Público, à autoridade sanitária e ao 
Conselho Local de Saúde dentro de 48 horas. Deve 
haver uma comissão interdisciplinar para avaliar a 
pertinência da internação. Isto evita o uso indevido 
pela família e classe jurídica da prerrogativa de dispor 
sobre a vida de pessoas com transtornos mentais, 
tendo como finalidade o gerenciamento dos seus bens 
e a liberação de penas judiciais (BRASIL, 2003).
Na 2ª Conferência de Saúde Mental, foi discutido o 
direito à divulgação e à educação; estas devem atingir 
os veículos de comunicação em massa como TVs, 
rádios e jornais. Deve ser feito um debate sobre os 
problemas das drogas, a fim de minimizar as notícias 
distorcidas. Há também a defesa da descriminalização 
do usuário e dependente de drogas, recusando os 
procedimentos penais e apoiando os encaminhamentos 
11Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
para assistência à saúde. 
A finalidade é evitar a exclusão desse grupo do 
convívio social com internações prolongadas em 
clínicas de recuperação, garantindo o acesso e a 
permanência nas escolas, de todos os níveis, dos 
usuários e/ou dependentes de substâncias psicoativas. 
Para isso, é necessária uma alteração no Código Penal 
para penalizar apenas os traficantes.
A propaganda de fumo, álcool, agrotóxicos e 
medicamentos deve ser limitada ou eliminada dos 
meios de comunicação. 
O movimento de reforma psiquiátrica defendeu 
modificações na CLT (Consolidação das Leis do 
Trabalho) e nos estatutos dos funcionários públicos 
municipais, estaduais e federais, no intuito de preservar 
a saúde mental da classe trabalhadora, tais como:
1 – Diminuição das jornadas de trabalho:
Diminuição do tempo de exposição às condições 
de fadiga e tensão, através da diminuição das jornadas 
de trabalho e do aumento do período de tempo livre 
(folgas e férias), de acordocom a natureza das 
atividades;
2 – Descanso durante a jornada cotidiana:
Período de descanso durante a jornada cotidiana. 
Tais intervalos deverão ser em número e duração 
suficientes para tais finalidades, em conformidade com 
as necessidades determinadas pela carga de trabalho 
exigida em cada posto, evitando as patologias do tipo 
lesões por esforços repetidos (LER); 
3 – Diversificação das atividades:
Em se tratando de atividades reconhecidas 
como especialmente desgastantes do ponto de vista 
psíquico, diversificar estas atividades;
4 – Comitê de Saúde e CIPA:
Para a prevenção da fadiga mental será obrigatória, 
sempre que solicitada pelos trabalhadores – através 
de seus sindicatos, comissões de fábricas, Comitê 
de Saúde ou Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes (CIPA);
5 – Avaliação dos condicionantes de fadiga e 
tensão psíquica:
Formação de grupos de avaliação dos 
condicionantes de fadiga e tensão psíquica. Tais grupos 
deverão ser constituídos de forma igual, por técnicos 
especializados e trabalhadores do local, devendo, 
necessariamente, ao final dos estudos, formularem 
sugestões para modificações.
6 – Modificação das condições negociadas:
Os prazos e as alternativas de modificação das 
condições organizacionais e ambientais deverão ser 
objetos de negociação entre empresas e trabalhadores;
7 – Duração da jornada semanal:
A duração normal do trabalho, para os empregados 
que trabalham em regime de turnos alternados e para 
os que trabalham em horário fixo noturno, não poderá 
exceder 35 horas semanais;
8 – Estabilidade provisória e preservação do 
emprego:
A preservação do emprego aos trabalhadores 
alcoolistas, drogadictos e portadores de transtornos 
mentais deve ser assegurada com garantia de 
estabilidade no emprego por 12 meses após o 
retorno ao trabalho, penalizando-se as empresas e 
empregadores que desrespeitarem a lei e garantindo-
se que nenhuma outra dependência cause exclusão 
do trabalho.
A categoria de enfermagem está incluída nos itens 
acima, principalmente no que diz respeito à exposição 
a condições de fadiga e de tensão. Pois além da 
jornada excessiva, seu objeto de trabalho é o cuidar 
de pessoas com sofrimento, com lesões, com resíduos 
(urina, fezes e sangue), o que leva ao desgaste 
emocional do profissional.
Em decorrência disto, normalmente, há profissionais 
de saúde em crise, alcoólatras, drogadictos e 
portadores de transtornos mentais. São pessoas que 
estão doentes, se sentem doentes, mas não podem 
ficar doentes por depender do salário. Talvez a criação 
de um serviço de saúde mental para os profissionais de 
saúde, em particular os de enfermagem, pela natureza 
de seu trabalho, já seria uma solução.
Vale lembrar que em 1993, durante o III Encontro 
Nacional de Entidades de Usuários e Familiares 
de Saúde Mental, foi elaborada a Carta de Direitos 
dos Usuários e Familiares de Saúde Mental. Isso 
representou uma importante conquista para o país.
4- ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA 
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 12
SAÚDE MENTAL
Quando se fala em organização da assistência, 
a primeira coisa que se assimila são os aspectos 
administrativos; no entanto, trata-se de uma dimensão 
que envolve não somente esse aspecto, mas também 
o cuidado, ou seja, a produção de saúde.
No acolhimento, criação de vínculo, não há formas 
específicas para a Saúde Mental, pois esses cuidados 
se aplicam a todos os usuários da Saúde. 
A. ACOLHIMENTO
É a dimensão primária de todo o processo de 
assistência, sendo uma etapa imprescindível para 
um adequado e bem-sucedido atendimento. Dela 
participam toda a equipe de saúde, incluindo o porteiro, 
o motorista, o auxiliar administrativo e o funcionário da 
limpeza.
Quando um paciente e/ou acompanhante chega a 
uma unidade de saúde, seja para solicitar informações 
ou relatar o seu problema, é um cidadão que exerce 
o seu direito e, portanto, deve ser acolhido com 
dignidade, atenção, responsividade, resolutividade e 
postura. 
Tudo quanto for solicitado por parte desse usuário 
é levado em consideração e avaliado independente de 
se ter solução rápida e/ou pronta. A escuta atenta e o 
compartilhamento com a equipe são essenciais nesse 
momento.
Algumas condições nos serviços de saúde 
impedem que os direitos do cliente sejam atendidos 
como, por exemplo, o fornecimento de medicamento 
que está em falta. Muitas vezes, também os problemas 
apresentados não são relacionados à saúde, mas as 
dificuldades pessoais e sociais. 
O acolhimento não significa resolver nem concordar 
com qualquer coisa; no entanto, esse usuário é ouvido 
e orientado com cordialidade. 
Assim, o acolhimento compreende a admissão no 
serviço ou encaminhamento a outro que atenda as 
suas reais necessidades, atendimento imediato em 
casos graves, ou agendamento de horário quando 
se pode esperar. O rosto do outro implica sempre em 
uma resposta, uma atitude, essa costuma ser bem 
recebida quando se baseia numa escuta atenta e 
numa avaliação cuidadosa do seu problema. 
Acolhimento em Saúde Mental
Existem algumas particularidades no acolhimento 
aos portadores de sofrimento mental. Normalmente 
o indivíduo, quando procura um serviço específico 
de Saúde Mental, chega a serviços como Centros de 
Atenção Psicossocial (CAPS) ou Centro de Referência 
em Saúde Mental (CERSAM); as unidades básicas ou 
centros de saúde; hospitais gerais, etc.
Em casos em que o portador de sofrimento 
mental é recebido na unidade básica, a tendência é o 
encaminhamento a um técnico de Saúde Mental e/ou 
serviço especializado, antes mesmo de procurar saber 
o que se passa. 
Considerações sobre o acolhimento
•	 Distinguir o usuário como sendo portador 
de sofrimento mental ou “chato” e realizar o 
encaminhamento com discernimento e não como 
forma de passar o problema adiante.
•	 Uma avaliação inicial baseia-se em saber o motivo 
da procura do atendimento, se é uma marcação 
consulta, receita ou urgência. Então, o usuário 
é encaminhado ou não à Saúde Mental, hoje, 
amanhã, ou daqui a um mês, conforme o resultado 
da avaliação feita. 
•	 O acolhimento e o acompanhamento desse 
indivíduo são feitos pela equipe dos Programas de 
Saúde da Família. Está aí a grande importância 
do acompanhamento. Por exemplo: uma queixa 
de “depressão” ou a apresentação de uma receita 
psiquiátrica não significam que se trate de um 
portador de sofrimento mental; às vezes pode se 
tratar de um diagnóstico equivocado, dado em um 
momento de enfrentamento de dificuldades. 
•	 O acolhimento do portador de sofrimento mental 
não deve ficar apenas a cargo da equipe de Saúde 
Mental. É preciso avaliar não só qual o atendimento 
necessário, mas, também, o grau e a premência 
desta necessidade. 
•	 Quando um usuário age de forma que prejudica 
seu tratamento ou o tratamento dos outros, há 
muitas maneiras de dizer e de mostrar isso a 
ele; desde que não resulte em abandono ou “alta 
administrativa”. É necessário criar estratégias e 
não impor condições. 
B. A ATUAÇÃO EM EQUIPE
Uma equipe multiprofissional é composta por 
profissionais com formações diferentes que assegurem 
um atendimento integral a troca de experiências, 
caracterizando um trabalho coletivo na construção de 
um projeto comum de trabalho. Por exemplo, ao médico 
13Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
compete prescrever, mas nada o impede de passear 
com o usuário; a psicóloga atende individualmente ao 
paciente, por que não coordenar uma oficina?; se o 
técnico de enfermagem está responsável pela sala 
de vacinas, o que o impede de auxiliar na recepção?; 
o enfermeiro supervisiona o trabalho dos técnicos 
de enfermagem, não lhe cabe também escutar e 
acompanhar os seus pacientes?
“Assim, não nos limitamos a aplicar conhecimentos 
técnicos, aliás, indispensáveis; aprendemosa atuar 
coletivamente, sem nos refugiarmos em interesses 
corporativos ou individuais” (Minas Gerais, 2006).
Considerações sobre o trabalho em equipe
•	 A interdisciplinaridade é um importante aspecto 
no trabalho em equipe, pois a saúde abrange 
conhecimentos que partem não apenas de uma 
disciplina, mas da biologia, das ciências humanas, 
da epidemiologia, ou seja, não se restringe apenas 
a conhecimentos e práticas internos à equipe, 
como saberes da enfermagem, da psicologia, da 
medicina. 
•	 A equipe então não deve se organizar em torno 
de um saber de uma categoria profissional, 
como tradicionalmente ainda é visto, quando os 
profissionais se anulam em detrimento do saber 
do médico.
•	 “Uma equipe mínima de Saúde Mental em unidade 
básica de Saúde deve compor-se pelo menos de 
um psicólogo e um psiquiatra – evidentemente, 
trabalhando em parceria com o generalista, o 
assistente social, o técnico de enfermagem, entre 
outros” (Minas Gerais, 2006).
•	 Já os CAPS têm equipes de composição mais 
diversificada: psicólogos, psiquiatras, assistentes 
sociais, terapeutas ocupacionais, profissionais de 
enfermagem e de apoio. 
C. EPIDEMIOLOGIA 
Para o alcance de maior efetividade nos serviços 
de saúde mental, é necessária a elaboração de um 
sistema de informação para a área, para que, assim, 
se torne mais fácil o gerenciamento do setor e a 
programação das ações voltadas para os principais 
problemas. Isso facilita muito o processo de decisão 
dos gestores, pois seria visualizado o alcance e os 
problemas do trabalho. 
Para construção de dados fidedignos, é necessário 
coleta de informações adequadas e necessárias para 
o que se pretende avaliar. O trabalho com indicadores 
de saúde ainda é muito incipiente nesta área. A seguir 
serão citados alguns indicadores bem simples, mas 
que podem contribuir para a avaliação do impacto do 
novo modelo assistencial em Saúde Mental.
INDICADORES
Indicadores de resultado
•	 Redução das internações psiquiátricas.
•	 Identificação e acompanhamento dos transtornos 
mentais graves.
•	 Redução do uso irracional de psicofármacos.
•	 Notificação e acompanhamento das crianças 
vítimas de maus-tratos.
•	 Identificação e acompanhamento dos casos graves 
de uso abusivo de álcool e de outras drogas.
Indicadores de estrutura
•	 Crescimento da rede de assistência substitutiva ao 
hospital psiquiátrico (ou seja, aumento do número 
de CAPS, centros de convivência, moradias, etc.). 
•	 Crescimento de recursos comunitários.
PLANILHA DE PROGRAMAÇÃO LOCAL
A Planilha de Programação Local (PPL) é um 
instrumento para subsidiar a equipe de Saúde da 
unidade básica na elaboração do planejamento das 
ações em Saúde Mental. 
Ela discrimina os resultados esperados, as 
atividades mínimas e os parâmetros que poderão 
contribuir para o dimensionamento dos recursos 
necessários para a implementação do Planejamento 
Local em Saúde Mental.
Nessa planilha, são priorizados os usuários com 
transtornos mentais de risco grave e propostas 
medidas de prevenção e acompanhamento destes 
pacientes. 
REGISTRO NO PRONTUÁRIO DO PACIENTE
O registro de dados para o acolhimento do paciente 
em Saúde Mental é importante porque:
•	 Com isso fica fácil localizá-lo no caso de busca 
ativa.
•	 Possibilita o fornecimento de dados para o sistema 
de informações.
6- PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE MENTAL
Nos últimos anos as ações de saúde passaram a 
ser focadas mais na promoção da saúde do que na 
intervenção curativa e de reabilitação. Assim, ainda que 
a promoção de Saúde Mental esteja invariavelmente 
inserida na compreensão de Promoção da Saúde em 
geral, há que se aprofundar a especificidade deste 
campo de atuação no que diz respeito à atenção 
primária. Assuntos relacionados à prevenção em 
saúde mental são muito delicados. Pois é necessário 
refletir até que ponto se está evitando o sofrimento 
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 14
SAÚDE MENTAL
mental e até onde se desejam indivíduos iguais com 
comportamentos e atitudes previsíveis.
Cada indivíduo tem uma forma de ser, de agir, de 
estar no mundo. Uns são mais alegres e expansivos; 
outros, mais sérios e fechados; uns, mais responsáveis; 
outros, mais “cabeça fresca”; uns vêem o mundo de 
forma mais simples; outros, de forma mais complicada. 
As mudanças que se processam nas pessoas no dia 
a dia são resultado das interações e negociações 
que fazem com outras pessoas e circunstâncias (MS, 
2003). 
Não se pode pensar numa ação preventiva de 
Saúde Mental compulsória, onde são definidas normas 
de como deve ser o sujeito mentalmente saudável e 
se estabeleçam programas com esse fim. Em Saúde 
Mental, é especialmente relevante considerar a 
autonomia e capacidade de autocuidado dos indivíduos 
como indicador de saúde. E cabe ressaltar a autonomia 
e participação dos indivíduos e das comunidades. 
Fica assim claro que, em Saúde Mental, são 
possíveis ações de prevenção e promoção. Entretanto 
estas ações devem se dar em torno de melhorar as 
condições de atendimento com medidas tais como: 
aumentar o número de unidades ambulatoriais de 
atendimento; capacitar melhor os profissionais, a 
fim de que possam, inclusive, fazer menor número 
de prescrições medicamentosas; oferecer uma 
abordagem multidisciplinar; e oferecer maior facilidade 
de acesso a quem necessite de ajuda psicoterápica.
Deve-se atuar em áreas onde a crise está ocorrendo. 
Oferecer atendimento adequado à mãe que deu luz a 
um natimorto ou ao paciente que acaba de receber 
a notícia de uma doença grave ou de uma cirurgia 
mutiladora são exemplos de ações de promoção e 
prevenção em Saúde Mental.
A promoção de saúde mental pode ser fomentada 
através da interlocução das equipes de Saúde da 
Família, Saúde Mental e das estratégias comunitárias 
de produção de condições de vida saudáveis. Devem-
se buscar ações de promoção de saúde mental 
também dentro dos CAPS, policlínicas e hospitais, 
como forma de fomentar a autonomia e qualidade de 
vida dos usuários.
É fundamental que a equipe de saúde mental 
se envolva e colabore com a ESF para identificar 
demandas de Saúde Mental e as potencialidades 
de cada localidade e para elaborar estratégias de 
intervenção, priorizando o que é mais urgente e 
necessário para cada território.
Como se considera que a saúde mental é uma 
dimensão da saúde dos indivíduos e das populações, 
cabe salientar que ações de promoção de saúde de 
maneira geral também promovem saúde mental e 
devem reiterar a integralidade da atenção e do cuidado.
Os profissionais de saúde devem fomentar e 
estimular ações locais e dos recursos comunitários. 
As ações na comunidade se processam na vida 
cotidiana, através do relacionamento entre as 
pessoas, família, amizade, vizinhança, igreja, trabalho, 
escola, entre outros. Além desses, as comunidades 
têm utilizado, para o seu bem-estar, vários outros 
grupos com organização formal, como associações, 
clubes, organizações não governamentais, grupos 
de autoajuda, de jovens, de idosos, de pais, e outros. 
A utilização da infraestrutura de lazer existente 
nos locais, tais como parques, praças, centros de 
convivência, bibliotecas e outros, propicia a realização 
de atividades como oficinas de arte, de literatura, de 
artesanato, esporte, entre outras.
Seguem algumas das atividades que podem ser 
desenvolvidas pela equipe de saúde da família com o 
apoio da equipe de saúde mental:
• Educação em Saúde
• Promoção de Saúde Mental de Crianças e 
Adolescentes:
 - Grupos de cuidadores 
 - Grupo de múlti famílias
 - Grupo de adolescentes
 - Trabalhar questões relacionadas à sexualidade 
(educação sexual)
• Promoção de Saúde Mental na maturidade e 
terceira idade:
 - Preparação para aposentadoria
 - Grupos de cooperação mútua na terceira 
idade
 - Atividade física para idosos• Constituição da família, gravidez e puerpério:
 - Planejamento familiar;
 - Preparação para parto e puerpério 
 - Acompanhamento da família (e não só do 
bebê) durante o puerpério
• Grupo de cooperação mútua
• Grupo de Mulheres 
• Grupo de orientação profissional
• Formação em saúde para lideranças comunitárias, 
religiosas e pastorais.
Também podemos pensar em todas as ações 
informativas (como palestras, grupos de reflexão) que 
podem se dar dentro do hospital ou posto de saúde, ou 
fora deles, como em comunidades, escolas, empresas 
etc.
Assim, pensar em prevenção em Saúde Mental é 
ainda um desafio, seja porque muito se tem a fazer, 
15Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
seja porque, ao programar alguma ação, temos 
que ter o tempo todo em mente a quem estaremos 
favorecendo.
7- ALÉM DA SAÚDE: PASSOS DECISIVOS
Fonte: http://fhemig.mg.gov.br/pt/banco-de-noticias/235-complexo-de-saude-
mental/1553-reforma-psiquiatrica-louco-passado Fotos: Pedro Vilela.
CONCEPÇÃO DE REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL
Tradicionalmente a “reabilitação psicossocial” 
encontra-se compreendida pelo ideal de restituição a 
um estado anterior ou à normalidade do convívio social 
ou de atividades profissionais. Atualmente, Pitta (1996, 
apud Valladares et al., 2003) “considera reabilitação 
psicossocial como o processo que facilita ao usuário 
com limitações, a sua melhor reestruturação de 
autonomia de suas funções na comunidade”.
Assim, entendemos que o indivíduo, desfavorecido 
num determinado plano, possui uma potência a 
ser provocada independente da sua condição ou 
gravidade do quadro atual. Trata-se, não de conduzi-
lo a uma determinada meta estabelecida a priori, 
mas de convidá-lo a exercer plenamente toda a 
sua capacidade, ou seja, a realização como pessoa 
humana (Minas Gerais, 2006).
Reabilitar significa, então, a reconstrução de 
possibilidades de trocas, quer se trate de portadores 
de sofrimento mental, de doenças crônicas, de 
deficiências físicas, idosos, entre tantos outros. 
Considera-se então um processo de cidadania.
Oficinas Terapêuticas
As oficinas terapêuticas caminham no sentido 
de permitir ao indivíduo o encontro e a afetividade 
com outras pessoas em sofrimento psíquico, o 
estabelecimento de cuidado consigo mesmo e o 
exercício de cidadania promovendo a expressão de 
liberdade através da inclusão pela arte, determinando 
a finalidade político-social associada à clínica 
(Valladares et al., 2003).
Segundo Valladares et al., 2003, existem alguns 
princípios básicos que deveriam nortear o processo 
das artes nas oficinas terapêuticas:
•	 Todos os indivíduos podem e devem projetar seus 
conflitos internos sob forma plástica, corporal, 
literária, musical, teatral etc.;
•	 Valorização do potencial criativo, expressivo e 
imaginativo do paciente;
•	 Fortalecimento da autoestima e da autoconfiança;
•	 Reinserção social dos usuários;
•	 Inter e transdisciplinariedade: uma “miscigenação” 
de saberes e intervenções;
•	 Intersecção entre o mundo do conhecimento 
psíquico e o mundo da arte, pela expressão da 
subjetividade;
•	 Reconhecimento da diversidade.
As oficinas terapêuticas podem ser utilizadas em 
diferentes tipos de serviço como CAPS, nos Centros 
de Convivência, nas Unidades Primárias de Saúde.
As oficinas não devem ser entendidas como 
“procedimento” e, sim, como processo de construção de 
cidadania na vida social dos portadores de sofrimento 
mental. Trata-se de novas formas de sociabilidade, de 
acesso e exercício de direitos: lugares de diálogos e de 
produção de valores que confrontem os preconceitos 
de incapacidade, de invalidação e de anulação da 
experiência da loucura (Minas Gerais, 2006).
Centros de Convivência
Alguns municípios dispõem desse tipo de serviço 
de grande importância na reabilitação psicossocial 
em geral e na prática das oficinas terapêuticas em 
particular.
São serviços em que o usuário escolhe participar 
em determinados dias e horários de atividades que 
aprecia. As pessoas que trabalham nessa área não 
são profissionais de Saúde, nem da Saúde Mental: 
são artistas, artesãos, “oficineiros”. Normalmente, os 
portadores de sofrimento mental grave são recebidos 
em um momento posterior à crise mais aguda e 
continuam sendo atendidos pela equipe de Saúde 
Mental.
Em municípios menores, as oficinas terapêuticas 
muitas vezes cumprem o papel de um Centro 
de Convivência, acopladas a um CAPS ou a um 
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 16
SAÚDE MENTAL
ambulatório de Saúde Mental. 
Os serviços substitutivos não são simplesmente 
locais “para fazer oficinas”, mas locais que 
fazem também oficinas, dentre outras atividades 
(assembleias, passeios, festas, bazares, jogos, idas 
ao cinema), sempre com a finalidade de propiciar 
produções, projetos, convívios, encontros, trocas. 
Assim, agenciando espaços de transformação 
cultural, abrem-se caminhos para viver na cidade, 
viabilizando a presença social do portador de 
sofrimento mental. 
“Em suma, pode-se dizer: no Centro de Convivência, 
as pessoas ousam enfim querer coisas que lhes 
pareciam para sempre negadas. Posto em ação o 
desejo, cruzam o umbral da porta que liga o homem 
à cultura” (Minas Gerais, 2006).
Serviços residenciais terapêuticos ou moradias
As moradias correspondem aos chamados Serviços 
Residenciais Terapêuticos (que constam dessa forma 
nas portarias ministeriais). Trata-se de uma forma de 
reinserção social de usuários cronificados por longos 
anos de internação em hospitais psiquiátricos, que 
tiveram seus vínculos sociofamiliares perdidos ou 
seriamente prejudicados. 
“É de responsabilidade do poder público oferecer a 
esses pacientes uma moradia – e cabe aos Programas 
de Saúde Mental dos municípios implantar essas 
moradias, tornando-as casas, na plena acepção da 
palavra” (Minas Gerais, 2006).
Alguns portadores de sofrimento mental dessas 
moradias necessitam de suporte para a construção da 
autonomia. Muitos desaprenderam desde escolher o 
que vão querer para o jantar até o hábito de comprar 
um pão na padaria da esquina. 
Evidentemente, a retomada da vida fora dos muros 
institucionais é um processo difícil e lento com grande 
necessidade de apoio. A firme vinculação de cada 
morador a uma equipe de Saúde Mental é decisiva: 
os serviços e os equipamentos da rede substitutiva ao 
hospital psiquiátrico são de grande importância nesta 
transição. A permanência-dia no CAPS, diária ou mais 
espaçada, pode ser uma etapa importante para aqueles 
usuários cujo quadro é mais grave. A frequência de um 
Centro de Convivência ajuda a reconstituir laços e a 
conquistar novos espaços. O acompanhamento pelo 
técnico de referência, seja no CAPS, seja no Centro de 
Saúde, é imprescindível para que cada um possa falar 
de si e retomar sua própria história.
Assim, o tratamento é realizado nos serviços 
públicos da cidade, ao lado de outros usuários do 
bairro ou da região. O que dá significado a casa de 
“habitação” e não de “hospitalização”.
IDEIAS-CHAVE
Psiquiatria x Saúde mental; Saúde mental na 
atualidade; História da Loucura; Psiquiatria medieval; 
Primeira revolução psiquiátrica; Reforma psiquiátrica 
brasileira; Políticas públicas; Organização da 
assistência; Epidemiologia.
RECAPITULANDO
•	 Saúde mental: é uma área de conhecimento que, 
mais do que diagnosticar e tratar, liga-se a um 
conjunto de ações que visam à prevenção e à 
promoção, referentes à restauração, reabilitação 
e reinclusão do paciente em seu contexto social. 
•	 Psiquiatria: é um ramo da medicina aplicado as 
alterações psíquicas, ao diagnóstico, ao tratamento 
e à profilaxia das doenças mentais. 
•	 Os registros de distúrbios mentais são antigos 
(cerca de 2000 a.C.). A loucura era considerada 
de origem sobrenatural. Os portadores por vários 
séculos foramasilados em hospitais psiquiátricos 
fechados, cuja finalidade era esconder o que não 
se devia ser visto.
•	 Nas obras de Hipócrates (460-377 a.C), pai da 
medicina, encontra-se a descrição da histeria. 
•	 A melancolia é descrita como um quadro de tristeza 
decorrente do excesso de “bile negra” circulante.
•	 Em Roma, Galeno discordava da tese de migração 
uterina e afirmava que a retenção do líquido 
feminino pela abstinência sexual é que causava 
o envenenamento do sangue, originando as 
convulsões. 
•	 É assim que pela primeira vez surgiu uma nova 
concepção em relação aos doentes mentais. 
•	 A Idade Média foi um período de grande expansão 
do cristianismo e em que há a modificação da 
atitude para com os doentes mentais, ou seja, as 
explicações místico-religiosas são retomadas.
•	 O progresso científico somente foi retomado no 
final do século XVIII, quando surge a fundação de 
locais para o cuidado de doentes mentais, atitude 
mais humana e esclarecida. 
•	 A Psiquiatria surge de uma nova corrente em 
relação aos transtornos mentais, que segue 
os caminhos da medicina, recebendo um 
reconhecimento internacional e o estabelecimento 
de um sistema moderno de estudo. 
•	 Os hospitais para doentes mentais crescem em 
número e, com isso, o abandono, os maus-tratos, 
a sedação, o isolamento, resultados da indiferença 
que não permite o desenvolvimento de respeito e 
iniciativas mínimas do paciente. 
•	 No século XX, surgem os primeiros movimentos 
de Reforma Psiquiátrica.
•	 A Reforma Psiquiátrica nasce com o objetivo 
de superar o estigma, a institucionalização e 
17Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
a cronificação dos doentes mentais. Surgem 
denúncias e críticas diversas no Brasil nos anos 
70 (exemplo: Movimento dos Trabalhadores em 
Saúde Mental – MTSM).
•	 O movimento de reforma teve o significado de 
mudança do modelo de tratamento, no lugar 
do isolamento, o convívio com a família e a 
comunidade, ou seja, pretendia-se que, em lugar 
de hospitais psiquiátricos fechados, fossem criados 
serviços territoriais de atenção psicossocial e de 
base comunitária.
•	 No Estado de Minas Gerais, contamos hoje com 
mais de 80 serviços substitutivos, mais de 30 
Serviços Residenciais Terapêuticos, mais de 12 
Centros de Convivência, em torno de 300 equipes 
de Saúde Mental na atenção básica, mais de 10 
associações de usuários e de familiares. 
•	 A saúde mental no Brasil durante muitos anos foi 
vista como uma problemática. Os portadores de 
distúrbios mentais eram vistos como um transtorno 
para a sociedade; tratados de forma generalizada, 
como se fossem objetos periculosos, todos 
agressivos e perigosos, portadores de doença 
sem cura cujo único tratamento eficaz era a 
institucionalização. 
•	 Somente durante a VIII Conferência Nacional de 
Saúde os profissionais de saúde e sociedade 
civil começaram a debater e questionar o modelo 
excludente das instituições de saúde mental. 
Juntamente com a constituição de 1988 surgiu 
espaço para a elaboração e aprofundamento das 
leis referentes à saúde mental. 
•	 Em 1992 ocorreu a 2ª Conferência de Saúde 
Mental onde foi resgatada uma proposta anterior de 
substituição do “modelo hospitalocêntrico” por uma 
rede de serviços descentralizada, hierarquizada, 
diversificada nas práticas terapêuticas. 
•	 Somente em 06 de abril de 2001 foi sancionada 
a Lei nº 10.216, que estabelece a extinção 
progressiva dos manicômios e sua substituição por 
instituições como: unidades de Saúde Mental em 
hospital geral, emergência psiquiátrica em pronto-
socorro geral, unidade de atenção intensiva em 
Saúde Mental em regime de hospital-dia, CAPS, 
serviços territoriais que funcionem 24 horas, 
pensões protegidas, lares abrigados, centros de 
convivência, cooperativas de trabalho e outros 
serviços que preservem a integridade do cidadão.
•	 Na 2ª Conferência de Saúde Mental, foi discutido 
o direito à divulgação e à educação; estas devem 
atingir os veículos de comunicação em massa 
como TVs, rádios e jornais. Deve ser feito um 
debate sobre os problemas das drogas, a fim de 
minimizar as notícias distorcidas. 
•	 A propaganda de fumo, álcool, agrotóxicos e 
medicamentos deve ser limitada ou eliminada dos 
meios de comunicação. 
•	 O movimento de reforma psiquiátrica defendeu 
modificações na CLT e nos estatutos dos 
funcionários públicos municipais, estaduais e 
federais, no intuito de preservar a saúde mental 
da classe trabalhadora, tais como: Diminuição das 
jornadas de trabalho; Descanso durante a jornada 
cotidiana; Diversificação das atividades; Comitê 
de Saúde e CIPA; Avaliação dos condicionantes 
de fadiga e tensão psíquica; Modificação das 
condições negociadas; Duração da jornada 
semanal; Estabilidade provisória e preservação do 
emprego.
•	 Vale lembrar que em 1993, durante o III Encontro 
Nacional de Entidades de Usuários e Familiares 
de Saúde Mental, foi elaborada a Carta de Direitos 
dos Usuários e Familiares de Saúde Mental. 
•	 Quando se fala em organização da assistência, 
a primeira coisa que se assimila são os aspectos 
administrativos; no entanto, trata-se de uma 
dimensão que envolve não somente esse aspecto, 
mas também o cuidado, ou seja, a produção de 
saúde.
•	 Acolhimento: é a dimensão primária de todo 
o processo de assistência, sendo uma etapa 
imprescindível para um adequado e bem-sucedido 
atendimento. Dela participam toda a equipe de 
saúde incluindo o porteiro, o motorista, o auxiliar 
administrativo e o funcionário da limpeza. 
•	 O acolhimento compreende a admissão no serviço 
ou encaminhamento a outro que atenda as suas 
reais necessidades, atendimento imediato em 
casos graves, ou agendamento de horário quando 
se pode esperar. 
•	 Uma equipe mínima de Saúde Mental em unidade 
básica de Saúde deve compor-se pelo menos de 
um psicólogo e um psiquiatra – evidentemente, 
trabalhando em parceria com o generalista, o 
assistente social, o técnico de enfermagem, entre 
outros.
•	 Já os CAPS têm equipes de composição mais 
diversificada: psicólogos, psiquiatras, assistentes 
sociais, terapeutas ocupacionais, profissionais de 
enfermagem e de apoio. 
•	 Para o alcance de maior efetividade nos serviços 
de saúde mental, é necessária a elaboração de 
um sistema de informação para a área, para que 
assim se torne mais fácil o gerenciamento do setor 
e a programação das ações voltadas para os 
principais problemas. Isto facilita muito o processo 
de decisão dos gestores, pois seria visualizado o 
alcance e os problemas do trabalho. 
•	 Em Saúde Mental, são possíveis ações de 
prevenção e promoção. Entretanto essas ações 
devem se dar em torno de melhorar as condições 
de atendimento com medidas tais como: 
aumentar o número de unidades ambulatoriais de 
atendimento; capacitar melhor os profissionais, a 
fim de que possam, inclusive, fazer menor número 
de prescrições medicamentosas; oferecer uma 
abordagem multidisciplinar; e oferecer maior 
facilidade de acesso a quem necessite de ajuda 
psicoterápica.
•	 Atualmente, Pitta (1996, apud Valladares et al., 
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 18
SAÚDE MENTAL
2003) “considera reabilitação psicossocial como o 
processo que facilita ao usuário com limitações, a 
sua melhor reestruturação de autonomia de suas 
funções na comunidade”.
•	 Oficinas Terapêuticas: caminham no sentido de 
permitir ao indivíduo o encontro e a afetividade 
com outras pessoas em sofrimento psíquico, o 
estabelecimento de cuidado consigo mesmo e o 
exercício de cidadania promovendo a expressão 
de liberdade através da inclusão pela arte, 
determinando a finalidade político-social associada 
à clínica. 
•	 Centros de Convivência: São serviços em que o 
usuário escolhe participar em determinados dias e 
horários de atividades que aprecia.
•	 As moradias correspondemaos chamados 
Serviços Residenciais Terapêuticos. Trata-se 
de uma forma de reinserção social de usuários 
cronificados por longos anos de internação 
em hospitais psiquiátricos, que tiveram seus 
vínculos sociofamiliares perdidos ou seriamente 
prejudicados. 
PARA FIXAR O CONTEÚDO
A. Questões discursivas
1. Relacione Psiquiatria x saúde mental.
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2. Defina psicopatologia.
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3. Como era considerada a loucura na antiguidade? 
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4. O que significou a “Idade das Trevas” para a 
Psiquiatria?
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5. Descreva sobre revolução psiquiátrica.
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6. Qual é o objetivo da Reforma psiquiátrica?
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7. Como era a saúde mental no Brasil na época da 
ditadura militar? 
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8. O que ocorreu com a 2ª Conferência de Saúde 
Mental?
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9. O que estabelece a Lei 10.216?
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10. Em epidemiologia, qual é a importância do registro 
no prontuário do paciente?
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19Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
B. Leia atentamente as afirmativas e marque V para 
as verdadeiras e F para as falsas.
( ). O artigo 2º da Lei nº 10.216 prevê a Consolidação 
das Leis do Trabalho e nos estatutos dos 
funcionários públicos municipais, estaduais e 
federais, no intuito de preservar a saúde mental 
da classe trabalhadora.
( ). Um ponto da Lei nº 10.216 importante de ser 
destacado é que a mesma aprova a construção 
de novos hospitais psiquiátricos bem como a 
contratação de leitos psiquiátricos pelo poder 
público.
( ). Acolhimento: é a dimensão primária de 
todo o processo de assistência, sendo uma 
etapa imprescindível para um adequado e 
bem-sucedido atendimento. Dela participa 
exclusivamente o técnico de enfermagem. 
( ). Na 2ª Conferência de Saúde Mental foi discutido 
o direito à divulgação e à educação; estas 
devem atingir os veículos de comunicação em 
massa como TVs, rádios e jornais.
( ). Uma equipe multiprofissional é composta por 
profissionais com formações diferentes que 
assegurem um atendimento integral a troca 
de experiências, caracterizando um trabalho 
coletivo na construção de um projeto comum de 
trabalho.
( ). Uma equipe mínima de Saúde Mental em 
unidade básica de Saúde deve compor-se 
pelo menos de um psicólogo e um psiquiatra – 
evidentemente, trabalhando em parceria com 
o generalista, o assistente social, o técnico de 
enfermagem, entre outros.
( ). A Planilha de Programação Local (PPL) é um 
instrumento que discrimina o crescimento 
da rede de assistência substitutiva ao 
hospital psiquiátrico (CAPS, centros de 
convivência, moradias, etc.), avaliando os 
resultados esperados, as atividades mínimas 
e os parâmetros que poderão contribuir para 
o dimensionamento dos recursos necessários 
para a implementação do Planejamento Local 
em Saúde Mental.
( ). No Brasil, o marco institucional da assistência 
psiquiátrica foi a inauguração do Hospital 
Psiquiátrico Pedro II, em 1852 na cidade do Rio 
de Janeiro. 
C. Questões de múltipla escolha.
1. O artigo 2º da lei 10.216 prevê que o usuário tem 
o direito de receber o maior número de informação 
a respeito de sua doença e de seu tratamento, bem 
como:
I. ter acesso ao melhor tratamento do sistema de 
saúde, consentâneo às suas necessidades;
II. em se tratando de atividades reconhecidas como 
especialmente desgastantes do ponto de vista 
psíquico, diversificar essas atividades;
III. ser protegido contra qualquer forma de abuso e 
exploração;
IV. ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V. ter direito à presença médica, em qualquer tempo, 
para esclarecer a necessidade ou não de sua 
hospitalização involuntária;
VI. ter livre acesso aos meios de comunicação 
disponíveis;
Assinale a opção correta:
a. A afirmativa II está incorreta.
b. As afirmativas I, III, IV e V estão corretas.
c. As afirmativas I, III, IV estão corretas.
d. Apenas as afirmativas II e VI estão incorretas.
2. Sobre as internações psiquiátricas, segundo o 
projeto de lei do Deputado Paulo Delgado, todas as 
afirmativas estão corretas, EXCETO:
a. O término da internação voluntária dar-se-á por 
solicitação escrita do paciente ou por determinação 
do médico assistente.
b. A internação psiquiátrica somente será realizada 
mediante laudo médico circunstanciado que 
caracterize os seus motivos.
c. O término da internação involuntária dar-se-á 
por solicitação escrita do familiar, ou responsável 
legal, ou quando estabelecido pelo especialista 
responsável pelo tratamento.
d. A internação psiquiátrica involuntária deverá, no 
prazo de 48 horas, ser comunicada ao Ministério 
Público Estadual pelo responsável técnico do 
estabelecimento no qual tenha ocorrido.
3. Considerando as diretrizes da Reforma Psiquiátrica 
Brasileira no que diz respeito às internações 
psiquiátricas, assinale a opção correta:
a. Ainternação psiquiátrica é aquela realizada sem o 
expresso consentimento do paciente, em qualquer 
instituição de saúde.
b. O paciente psiquiátrico ou indivíduo suspeito 
que atentar contra a própria vida ou de outrem, 
perturbar a ordem ou ofender a moral pública 
deverá ser recolhido em um estabelecimento 
psiquiátrico para observação e tratamento.
c. O estatuto social do enfermo conferido ao louco 
tem duplo efeito: por um lado o direito à assistência 
e, por outro, sua exclusão social.
d. O risco de heteroagressão, de autoagressão, de 
agressão à ordem pública, de exposição social 
e a incapacidade grave de autocuidados fazem 
parte dos critérios para internação involuntária 
associada a doenças mentais.
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 20
SAÚDE MENTAL
UNIDADE II
PRINCIPAIS CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES 
DOS TRANSTORNOS MENTAIS
1- SAÚDE MENTAL
A OMS afirma que não há definição específica de 
saúde mental, pois esta sofrerá influências de acordo 
com a cultura, julgamentos subjetivos e teorias. 
Frequentemente é utilizada para descrever a qualidade 
de vida cognitiva e emocional. Pode incluir a capacidade 
de um indivíduo apreciar a vida e procurar o equilíbrio 
para atingir a resiliência psicológica. Portanto, nota-se 
que o conceito de saúde mental é bem mais amplo que 
a ausência de transtornos mentais. 
Alguns itens são identificados como critérios para 
a saúde mental, tais como: atitudes positivas em 
relação a si próprio; crescimento, desenvolvimento 
e autorrealização; integração e resposta emocional; 
autonomia e autodeterminação; percepção apurada 
da realidade; domínio ambiental e competência social.
2- TRANSTORNO MENTAL
O conceito atualmente de causa do transtorno 
mental é o da multicausalidade, ou seja, várias são 
as causas que fazem com que o indivíduo venha 
a desenvolver, em determinado momento de sua 
história, um transtorno mental. Muitas vezes é difícil 
trabalhar com esse conceito, pois comumente não se 
avaliam as situações como um todo, além de se achar 
que, se houver uma única causa para o problema, este 
será resolvido mais rápido. 
De forma simplificada, podemos dizer que três 
grupos de fatores influenciam o surgimento da doença 
mental: os físicos ou biológicos, os ambientais e os 
emocionais.
Fatores físicos ou biológicos
O corpo humano funciona de forma integrada. 
Sendo assim, o equilíbrio ou desequilíbrio de um órgão 
ou sistema vai influenciar nos demais. Podem-se 
definir os fatores físicos ou biológicos como alterações 
ocorridas no corpo como um todo, em determinado 
órgão ou no sistema nervoso central, que possam 
levar a um transtorno mental. Dentre os fatores físicos 
ou biológicos que podem ser a base ou deflagrar um 
transtorno mental, existem alguns mais evidentes. São 
eles:
a) Fatores genéticos ou hereditários
O termo genético vem da palavra genes, e 
significa a presença de moléculas que contêm todas 
as informações acerca de um indivíduo. Algumas 
informações são utilizadas, porém outras ficam 
armazenadas. 
Em Psiquiatria, os fatores genéticos ou hereditários 
têm sido muito abordados atualmente. Isso se deve ao 
fato de que, embora popularmente sempre se diga que 
a pessoa com transtorno mental o herdou de alguém, 
há muito tempo os cientistas tentam identificar se essa 
“herança” veio do corpo ou do ambiente. 
Atualmente, os avanços da Medicina têm permitido 
identificar alguns genes que possam ter influência no 
desenvolvimento de transtornos mentais. No entanto, 
é importante deixar claro que quando se fala de 
fatores genéticos em Psiquiatria, estamos falando de 
tendências, predisposições que o indivíduo possui de 
desenvolver determinados desequilíbrios químicos 
no organismo que possam levá-lo a apresentar 
determinados transtornos mentais.
Não se deve acreditar que os fatores genéticos 
são a única causa dos transtornos psiquiátricos, pois 
assim deixa-se de prestar atenção nos outros aspectos 
importantes.
A constituição genética precisa ser vista como 
uma predisposição para desenvolver um determinado 
transtorno mental, mas não determina que, ao longo 
da vida, tal fato ocorrerá, tendo em vista que isto 
dependerá de outros fatores.
Em alguns filmes de ficção do futuro, são observados 
cartões magnéticos contendo informações sobre o 
genoma, utilizados como carteira de identidade. Os 
cientistas afirmam que isso não está muito distante de 
acontecer. Porém se espera que até lá a sociedade 
tenha evoluído o suficiente para não usá-lo de forma 
preconceituosa. Ou talvez se possa descobrir que 
todos possuem uma ou outra alteração genética que 
possa predispor ao transtorno mental.
b) Fatores pré-natais
As condições de gestação, dentre eles os fatores 
emocionais, econômicos e sociais, o consumo de álcool, 
drogas, cigarro e de alguns tipos de medicação podem 
prejudicar a formação do bebê, gerando problemas 
futuros que poderão comprometer sua capacidade 
adaptativa no crescimento e desenvolvimento, 
podendo facilitar o surgimento da doença mental 
(BRASIL, 2003).
c) Fatores perinatais
Perinatal é o período do nascimento do bebê e os 
sete primeiros dias de vida. Em algumas situações, o 
21Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
bebê pode sofrer danos neurológicos neste período 
devido a traumatismos ou falta de oxigenação do 
tecido cerebral. 
Nesses casos, dependendo da gravidade desses 
danos, a criança poderá desenvolver problemas 
neurológicos (como, por exemplo, a epilepsia ou 
diversos tipos de atraso de desenvolvimento) que 
podem formar a base para futuros transtornos 
psiquiátricos.
d) Fatores neuroendocrinológicos
O sistema endócrino é responsável pela regulação 
do equilíbrio de nosso organismo. Este possui estreita 
ligação com o sistema nervoso central, havendo uma 
influência recíproca entre eles.
Muitos estudos recentes têm mostrado a ligação 
entre mecanismos neuroendocrinológicos e reações 
cerebrais. As mudanças hormonais podem influenciar 
nosso estado de humor e deflagrar até mesmo estados 
psicóticos como é o caso da psicose puerperal ou da 
tensão pré-menstrual (TPM).
e) Fatores ligados a doenças orgânicas
O transtorno mental pode também aparecer como 
consequência de determinada doença orgânica, 
tais como: infecções, traumatismos, vasculopatias, 
intoxicações, abuso de substâncias e qualquer agente 
nocivo que afete o sistema nervoso central (BRASIL, 
2003).
Fatores Ambientais
Os estímulos ambientais recebidos são vários e 
com eles se desenvolvem maneiras de reagir, muitas 
vezes supervalorizando as informações e outras vezes 
tornando apáticos a elas. 
As reações a cada estímulo ambiental se darão 
de acordo com a estrutura psíquica de cada pessoa 
e estarão intimamente ligadas às experiências que a 
pessoa teve durante a vida. 
Assim, se estabelece uma relação circular entre 
todos os fatores geradores de transtorno mental na 
qual um ocasiona o outro. Para melhor compreensão, 
podemos dizer que os fatores ambientais podem ser 
sociais, culturais e econômicos.
a) Fatores ambientais sociais
Os fatores sociais são as interações com os outros, 
as relações pessoais e profissionais. Estudos falam 
da importância das pessoas significativas na infância 
e de como ficam marcadas as suas formas de pensar 
e agir, assim como as reações que influenciam o 
comportamento diante de outras pessoas. 
Se, com as pessoas importantes da infância, se 
aprende que existem pessoas que não são confiáveis 
e que se deve estar sempre atentos para não ser 
enganado, possivelmente se terá dificuldades em 
confiar em alguém mesmo na vida adulta.
b) Fatores ambientais culturais
Os fatores ambientais culturais são o sistema de 
regras em que se está inserido. Esse sistema varia 
de acordo com o local e a época. Os mitos, crenças 
e rituais oferecem as noções de beme mal que são 
aceitas pelos grupos ao qual se pertence.
c) Fatores ambientais econômicos
Este fator está relacionado tanto à questão de 
poder aquisitivo, quanto às atuais condições sociais, 
em que a miséria, aliada à baixa escolaridade, pode 
levar ao aumento da criminalidade e esta ao aumento 
de tensão em nosso dia-a-dia.
Fatores emocionais ou psicológicos
Após a abordagem dos fatores físicos e ambientais, 
serão abordados os aspectos emocionais. 
No caso deste, é necessário inicialmente falar sobre 
a formação da personalidade, que é influenciada pelos 
aspectos físicos e ambientais.
Cada pessoa nasce como ser único diferente 
dos demais. Cada indivíduo apresenta uma forma 
de interagir com o mundo a qual influencia o 
comportamento de quem está à volta e é influenciado 
por ele. 
A repetição constante de exposições à frustração, 
por períodos mais prolongados, pode levar o indivíduo, 
no futuro, a desenvolver uma série de transtornos 
mentais. Alguns autores identificam aí as origens 
emocionais das psicoses e da síndrome do pânico. 
À medida que vai estabelecendo trocas positivas 
com as pessoas que cuidam dele, o bebê vai criando 
uma diferenciação entre ele e o restante do mundo 
e vai adquirindo certa tolerância à frustração e maior 
capacidade de espera, pois já consegue “antecipar” 
(fazendo uso da memória) a satisfação de suas 
necessidades.
Com a continuidade de seu crescimento e 
desenvolvimento, a criança vai adquirindo noções 
de julgamento, isto é, vai internalizando as regras 
e proibições de seu ambiente e passando a captar 
a impressão que ela própria provoca no ambiente. 
Assim, entra em contato com o ambiente social mais 
amplo.
Saúde MentalTécnico em Enfermagem 22
SAÚDE MENTAL
MESCLANDO OS FATORES
Neste ponto serão mostrados alguns conceitos 
em Psiquiatria, sendo muitas vezes apontados como 
constitutivos ou provocadores do transtorno mental e 
nos quais se percebe que há uma mescla dos fatores 
físicos, ambientais e emocionais.
Ansiedade 
A ansiedade apresenta reações emocionais e 
fisiológicas. As reações emocionais são ligadas ao medo 
e se apresentam como desconforto, intranquilidade, 
apreensão. As reações fisiológicas são ligadas à tensão 
e aparecem como sudorese, taquicardia, pressão no 
tórax ou epigástrio, dores musculares, cefaleia, boca 
seca, queimação no estômago ou, ainda, diarreia, 
náuseas, vômito, tonturas, turvação na vista. 
A ansiedade torna-se um transtorno quando 
mantém seu grau elevado por um período prolongado 
e/ou quando se torna incapacitante, dificultando ou 
impossibilitando as atividades cotidianas.
Crise
Palavra muito usada atualmente. O termo crise 
foi inicialmente empregado em Psiquiatria em 1963, 
por Caplan e Lindemann, para descrever as reações 
de uma pessoa a situações traumáticas, tais como 
uma guerra, desemprego, morte de alguém querido 
(BRASIL, 2003).
Verificou-se que muitos pacientes com transtornos 
mentais haviam tido seus sintomas intensificados após 
atravessarem um período de crise. Outros tiveram seu 
primeiro episódio relativo ao transtorno mental em 
questão durante ou após o período de crise. 
E outros ainda sofreram alterações importantes de 
personalidade ao entrar em um período de crise, fosse 
ela evolutiva ou acidental.
Estresse
Hoje em dia estresse virou sinônimo de irritação, 
cansaço, nervosismo, ansiedade, raiva e as mais 
diversas sensações e emoções.
O estresse foi conceituado, inicialmente, como 
um conjunto de reações fisiológicas, comandadas 
pelo sistema nervoso autônomo, possivelmente 
desenvolvidas em nossa longa história de adaptação 
ao mundo. Tais reações têm o objetivo de preparar 
nosso organismo para lutar ou fugir diante de uma 
situação de perigo. O estresse é uma resposta de 
adaptação do organismo ao meio.
Tanto o estresse crônico quanto o agudo podem ser 
precipitadores de quadros de sofrimento mental, não 
só pelas inúmeras reações fisiológicas, como também 
pelas emocionais que provocam. 
Id, ego e superego
Sigmund Freud identificou as formas de 
funcionamento da estrutura psíquica com nomes de 
origem na língua alemã. 
Id: ponto de partida do ser humano, fonte básica de 
energia, predomina os impulsos e sensações corporais. 
Será organizado a partir do contato com o ambiente.
Ego: é a parte que lida com a realidade e negocia com 
ela as satisfações das necessidades geradas no id.
O ego tem três tarefas básicas: a autopreservação, 
o autocontrole e a adaptação ao meio ambiente. 
Quando o indivíduo sofre de transtornos mentais, as 
funções adaptativas do ego geralmente são afetadas, 
especialmente nos transtornos psicóticos que se 
caracterizam por um vínculo precário com a realidade 
externa.
Superego: capacidade de julgamento moral (noção 
de certo e errado) que se adquire com o passar da 
infância. Superego é a parte que se liga aos códigos 
morais do ambiente e da espécie. 
Essas três instâncias da mente vivem, assim como 
o corpo, em busca de um nível de equilíbrio que 
permita ter o máximo possível de experiências boas e 
o mínimo de experiências ruins. 
3- PSIQUIATRIA
A PSIQUIATRIA é um ramo da Medicina aplicado 
às alterações psíquicas, ao diagnóstico, ao tratamento 
e à profilaxia de doenças mentais, que através da 
psicopatologia conhece e descreve os fenômenos 
psíquicos e patológicos no contexto sociocultural ao 
qual estão inseridos.
A Psiquiatria procura se desvelar das pressões 
político-sociais e busca o diagnóstico dos “Distúrbios 
Mentais” não apenas pelos atos do paciente, mas, 
sobretudo, em razão de sofrimentos e limitações. 
Isso quer dizer que, enquanto a sociedade tem 
uma preocupação centrada exclusivamente no 
comportamento da pessoa, a Psiquiatria se preocupa 
também, e predominantemente, com o sentir e o sofrer.
Dessa forma, as alterações psicopatológicas ou 
os desvios de normalidade devem ser considerados 
tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo, 
frequentemente ambos e simultaneamente. Dentro 
desse critério, deve-se ter em mente que: nem 
sempre o habitual é normal ou, ainda, nem sempre 
o excepcional é patológico. Portanto, as exceções 
não podem servir como o único parâmetro para se 
23Saúde MentalTécnico em Enfermagem
SAÚDE MENTAL
estabelecer um diagnóstico em Psiquiatria, mas sim o 
prejuízo funcional e emocional pelo qual o indivíduo é 
acometido.
PARA REFLETIR:
O que você acha dessa situação? O que consegue 
perceber da importância do que temos visto até agora 
para a atuação do auxiliar de enfermagem?
4- CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS 
E DE COMPORTAMENTO
A classificação dos transtornos mentais teve seus 
primeiros esboços na época de Hipócrates. Porém a 
classificação hoje vigente é resultado de um trabalho 
de observação do final do século XVIII até o início 
do século XX, quando foram definidas e descritas as 
principais distinções psicopatológicas, assim como os 
quadros clínicos mais importantes. 
No início do século XX, o psiquiatra e filósofo alemão 
Karl Jaspers reorganizou distinções psicopatológicas 
já construídas e introduziu outras; todas descritivas.
O enfoque, predominantemente descritivo, continua 
sendo utilizado nas atuais classificações psiquiátricas. 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais – o DSM-IV –, publicado em 1994, vigora 
nos EUA. Na Europa, utiliza-se a décima revisão da 
Classificação Internacional de Doenças – a CID-10. 
Segundo Kaplan, todas as categorias usadas no 
DSM-IV se encontram na CID-10, mas nem todas as 
categorias da CID-10 estão no DSM-IV; contudo, as 
diferenças são pouco expressivas. Mudança realmente 
maior ocorreu na passagem da CID-9 para a CID-
10 – com o abandono de certos termos e distinções 
tradicionais na clínica psiquiátrica, como neuroses e 
psicoses (MG, 2006).
Inicialmente, é necessário

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