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1 - conceitos de saúde e doença mental

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SAÚDE MENTAL 
E CUIDADO DE 
ENFERMAGEM 
EM PSIQUIATRIA
Luiza Elena Casaburi
Conceitos de saúde 
e doença mental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir saúde e saúde mental.
 � Explicar o que é doença mental.
 � Discutir a aceitação e o tratamento dados pela sociedade ao indivíduo 
com doença mental.
Introdução
Neste capítulo, você vai compreender e refletir sobre os diversos conceitos 
de saúde e de saúde mental. Tal compreensão será um alicerce para 
enxergar e tratar o cliente de forma holística, como um ser biopsicossocial, 
não se restringindo a uma única dimensão do ser humano e muito menos 
o reduzindo a uma patologia. 
A compreensão sobre a doença mental é fundamental para diferenciar 
o sofrimento psíquico não patológico e o transtorno mental. Não se deve 
tratar como patologia o sofrimento comum, que todos passamos ao 
longo da vida, correndo o risco de fomentar uma indústria da doença. 
Igualmente errado seria deixar de reconhecer a gravidade e necessidade 
de intervenção em uma pessoa que padece de um transtorno mental. 
Por fim, o capítulo encerra como uma análise crítico-reflexiva sobre as 
visões e preconcepções que parte de nossa sociedade tem sobre o por-
tador de mental e como isso influencia no tratamento e no prognóstico. 
Conceituando a saúde e a saúde mental
Não é possível conhecer completamente uma área do conhecimento sem co-
nhecer a sua história. Ao contrário do que podemos acreditar intuitivamente, 
o conceito de saúde e de doença são mutáveis e passaram por diversas trans-
formações ao longo do tempo. Tais definições sofrem influência da cultura, 
da religião, do momento histórico, da política e da ciência. 
O registro mais antigo da concepção biológica da saúde e da doença foi 
traçado por Hipócrates no século V a.C. Na obra intitulada Corpus Hippo-
craticum, Hipócrates delimita uma clara divisão do processo saúde/doença 
com a religião: “Eis aqui o que há acerca da doença dita sagrada: não me 
parece ser de forma alguma mais divina nem mais sagrada do que as outras, 
mas tem a mesma natureza que as outras enfermidades” (CAIRUS; RIBEIRO 
JUNIOR, 2005). Tal natura seria de origem biológica, baseado no equilíbrio 
entre quatro fluidos do corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Ainda 
que muito influente, a escola hipocrática não impediu a influência religiosa 
sobre cuidado em saúde.
Em diversos momentos históricos, a doença era considerada uma punição 
divina pelos pecados cometidos e, portanto, a saúde seria medida pela devoção 
e obediência aos ditames religiosos. Por exemplo, a masturbação já foi tratada 
como uma enfermidade provocadora de desnutrição (pela perda de esperma) 
e de distúrbios mentais.
Outro conceito de saúde tem cunho místico e é visto na cultura oriental. 
Os chakras são vórtices de energia em rotação que ocorrem em sete partes 
do corpo. A saúde ocorre quando há harmonia nessa energia, enquanto a 
doença decorre do desequilíbrio nos chakras (CHASE, 2018). Já a homeopatia 
utilizada a lógica da "cura pelo semelhante". Ela é "[...] uma terapêutica que 
utiliza preparação de substâncias cujos efeitos exercidos no indivíduo saudável 
correspondem às manifestações do transtorno no paciente" (FISHER; ERNST, 
2015, documento on-line). 
Comportamentos que fogem ao preconizado pela cultura vigente também 
já foram tratados como sinal de adoecimento. Nos Estados Unidos do século 
XIX, o desejo de um escravo fugir ou sua falta de motivação para o traba-
lho forçado eram diagnosticados respectivamente como “drapetomania" e 
“disestesia etiópica", ambas “doenças" tratadas com açoite (SCLIAR, 2007).
Conceitos de saúde e doença mental2
Por fim, em 1948, a Organização Mundial da Saúde forja o seguinte con-
ceito: Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não 
apenas a ausência de doença. Tal concepção amplia os horizontes do signifi-
cado de saúde, uma vez que este passa a se alicerçar no tripé físico/biológico, 
psicológico/mental e social/cultural. Também amplia a percepção sobre a 
assistência em saúde, redirecionando o modelo exclusivamente curativista 
(foca unicamente no tratamento de doenças) para a importância da prevenção 
de agravos, promoção de saúde e reabilitação. 
Assim, para existir saúde a nível individual e coletivo, torna-se impres-
cindível a existência de saneamento básico, o acesso a alimentação saudável, 
as políticas de imunização, o acesso a lazer e atividade física, a educação em 
saúde, dentre outros. 
O governo brasileiro e o Ministério da Saúde não têm uma definição autoral 
de saúde ou de saúde mental, mas a Constituição Federal de 1988 assegura a 
universalidade da assistência em saúde em seu art. 196: “A saúde é direito de 
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" 
(BRASIL, 1988, documento on-line). 
Esse direito representa uma ruptura com os modelos de saúde adotados até 
então, no qual o acesso aos serviços de saúde eram exclusividades dos trabalha-
dores com carteira de trabalho assinada e seus dependentes. Também assegura 
que não deverá ocorrer qualquer forma de exclusão por classe social, etnia, 
idade, credo, orientação sexual, naturalidade ou quaisquer outros motivos. 
Uma crítica ao art. 196 argumenta que ele coloca o cidadão em uma posição 
passiva e infantilizada, como se a saúde fosse um bem concreto que pudesse ser 
dado a alguém sem exigir nenhuma ação por parte do indivíduo. O Estado pode 
fornecer assistência, promoção e educação em saúde, pode promover acesso 
à alimentação balanceada e barata, fomentar a prática de atividades físicas, 
garantir saneamento básico, realizar imunização e prevenção de agravos, etc. 
Porém, o indivíduo precisar ser corresponsabilizado pela própria saúde, pois 
somente ele tem o poder de praticar os diversos hábitos de vida recomendados 
para garantir a própria saúde física e mental. 
3Conceitos de saúde e doença mental
Reflexão e implicações da conceituação de saúde e 
saúde mental
O conceito de saúde e de saúde mental é dinâmico e reflete o momento histórico 
de sua construção. Atualmente, vivemos em uma era que almeja a percepção 
holística e integrativa da saúde, incorporando diversas visões sobre a saúde 
e concretizado no conceito de saúde proposto pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS). Não se trata de uma “superação” ou “evolução” dos modelos 
anteriores, mas, sim, da valorização e integração deles. 
Existem críticas a este conceito proposto pela OMS. Uma delas seria de que 
o conceito é idealizado e utópico, já que o completo bem-estar físico, mental 
e social é inatingível a qualquer ser humano. Ninguém pode ser considerado 
saudável se o conceito de saúde for interpretado de forma concreta e literal. 
Alternativamente, pode-se interpretar que cada indivíduo está em um processo 
de saúde/doença contínuo e mutável. 
Outra crítica se refere à possibilidade de o conceito fomentar um Estado 
excessivamente paternalista e intervencionista, podendo assumir posturas 
autoritárias justificadas pela busca do completo bem-estar social (SCLIAR, 
2007). Ademais, diferentes culturas e indivíduos podem ter ideias diferentes 
sobre quais elementos constituem o “bem-estar social”. 
Não é somente no campo teórico que encontraremos implicações da carac-
terização da saúde e saúde mental. As óticas previamente explanadas podem 
ser percebidas no cotidiano clínico ao se entrevistar clientes e seus familiares. 
Os mais diversos sintomas psiquiátricos podem ser interpretados como 
possessão demoníaca, “encosto”, “falta de Deus no coração” ou outras ex-
plicações de cunho religioso, direcionando o tratamento à reza, sessões de 
descarrego, exorcismo ou cirurgia espiritual. Tal interpretação tem potencial 
de ser nociva ao cliente caso o afaste ou atrase o início deintervenções com 
embasamento científico. 
O comportamento grosseiramente desviante do esperado culturalmente 
também pode ser caracterizado como transtorno mental mesmo nos dias de 
hoje. Tomemos como exemplo o transtorno de personalidade dependente, 
caracterizado pela marcante dificuldade de tomar decisões cotidianas, discordar 
de terceiros, tomar iniciativa por conta própria e se assumir como uma pessoa 
autônoma e independente. Uma mulher com tais traços seria considerada 
portadora de transtorno mental na cultura ocidental do século XXI, porém, 
teria status de esposa exemplar pela sua submissão ao marido em culturas 
muçulmanas tradicionais. 
Conceitos de saúde e doença mental4
Devemos tomar o cuidado de não posicionar a compreensão biológica da 
saúde como modelo “correto” ou absoluto. Essa visão trouxe inquestionáveis 
avanços a todas as áreas da medicina. Entretanto, sua utilização de forma 
única e restrita resultou em décadas de aplicação do modelo biomédico, hos-
pitalocêntrico, curativista e centrado no especialista. Suas limitações são 
claras na psiquiatria e na medicina psicossomática, mas mesmo doenças de 
etiologia inquestionavelmente biológica devem ser avaliadas sob a ótica biop-
sicossocial. Uma parasitose, por exemplo, não deve ser tratada exclusivamente 
com a prescrição de anti-helmínticos. Também deve ser realizada educação 
em saúde sobre lavagem de mãos, higiene pessoal, cuidados com alimentos, 
verificação de acesso a água tratada e saneamento básico, rastreio de familiares 
e envolvimento dos pais em todo o processo de tratamento. 
Promoção de saúde mental
Vários hábitos de vida e traços de personalidade estão relacionados à menor 
incidência e prevalência de doenças mentais. Pessoas com maior espirituali-
dade e envolvimento religioso têm menor propensão ao desenvolvimento de 
transtornos mentais (BONELLI; KEONIG, 2013) e autorrelato de maiores 
níveis de felicidade (FERRAZ; TAVARES; ZILBERMAN, 2007). Nunca 
se deve estimular um cliente a exercer uma religião específica, sob o risco 
de minar o relacionamento enfermeiro-cliente ou mesmo realizar conduta 
antiética. Porém, é possível fomentar o cliente a se aproximar de seu credo e 
se reintegrar à sua comunidade religiosa. 
Diversos estudos correlacionam a prática de atividades físicas com maior 
saúde mental (MIKKELSEN et al., 2017), melhora de sintomas depressivos 
(KNAPEN et al., 2015) e melhora de sintomas ansiosos (KANDOLA et al., 
2018). Ademais, a prática de atividade física auxilia nos controles pressórico 
e glicêmico, na manutenção de peso saudável e na menor incidência de câncer 
e doenças cardiovasculares. 
O sono preservado contribuiu para a manutenção e recuperação da saúde 
mental, e a boa higiene no sono tem papel fundamental no sono de qualidade. 
Veja o Quadro 1 sobre as recomendações sobre esse cuidado. 
5Conceitos de saúde e doença mental
Fonte: Adaptado de Poyares e Tufik (2003).
O que fazer O que não fazer
Ter ambiente propício ao sono: 
quarto escuro, silencioso, com boa 
temperatura, cama confortável 
e com tamanho adequado.
Tomar café ou cafeinados, fumar ou 
ingerir bebidas alcoólicas nas horas 
precedentes ao horário de dormir. 
Ter horários regulares para dormir e 
acordar, mesmo aos finais de semana. 
Assistir televisão e usar computador 
ou celular logo antes de dormir. 
Praticar atividades físicas 
preferencialmente pela manhã. 
Realizar exercícios físicos nas três 
horas precedentes ao sono. 
Praticar leitura, atividades calmas 
e relaxantes antes de dormir. 
Fazer grandes refeições próximo 
ao horário de dormir. 
Usar a cama somente para 
dormir e atividade sexual. 
Tirar cochilos ao longo do dia. 
Quadro 1. Higiene do sono
Por fim, a prática da meditação tem ganhado destaque tanto na promoção 
da saúde mental quanto no tratamento de transtornos mentais. Tal prática 
pode ser treinada diretamente ou em conjunto com ioga, reiki ou mesmo 
incorporada dentro de um tratamento psicoterápico. Trata-se de um processo 
que leva a um estado mental caracterizado pela atenção não julgadora ao 
momento presente, incluindo as sensações, os pensamentos, o ambiente, o 
estado corporal e a consciência enquanto encoraja a abertura, a curiosidade 
e a aceitação (HOFMANN; GOMEZ, 2017).
A doença mental e a zona cinzenta que a separa 
da normalidade
A separação dos processos psíquicos normais dos patológicos não pode pres-
cindir dos modelos humanísticos para a completa apreensão dos fenômenos 
mentais. É necessário integrar diferentes referencias teóricos, como o psico-
lógico, o social e o biológico. 
Além disso, o conceito de normalidade e de saúde em psicopatologia é 
muito controverso. Veja o Quadro 2 listando os critérios de normalidade. 
Conceitos de saúde e doença mental6
Fonte: Adaptado de Dalgalarrondo (2008).
Conceito de 
Normalidade
Descrição
Normalidade 
como ausência 
de doença
O normal seria simplesmente aquele que não tem 
um transtorno mental. Trata-se de um critério 
falho ao definir a normalidade por aquilo que 
ela não é. Ademais, é muito estigmatizaste. 
Normalidade 
ideal 
Aqui se estabelece de forma arbitrária uma normal utópica, 
supostamente mais "evoluída", perfeitamente inserida 
a critérios socioculturais e ideológicos arbitrários.
Normalidade 
estatística 
Trata-se de um conceito de normalidade baseado em 
dados quantitativos, e não qualitativos. O normal seria 
aquilo que é menos frequente, nos extremos da curva. 
Normalidade 
como 
bem-estar
Aqui se enquadra o conceito adotado pela OMS. 
É um conceito muito vasto e impreciso, já que 
bem-estar não pode ser definido objetivamente, 
além de ser demasiadamente utópico. 
Normalidade 
como processo 
Aqui leva-se em conta os aspectos dinâmicos do 
desenvolvimento psicossocial, do movimento de 
desestruturação e reestruturação nos ciclos da 
vida. Trata-se de um conceito particularmente 
útil na avaliação de crianças e adolescentes. 
Normalidade 
subjetiva
A decisão da normalidade e da doença fica a cargo da 
percepção do próprio indivíduo. Critério falho em qualquer 
caso de transtorno mental com baixo insight, como ocorre 
na esquizofrenia e fase maníaca do transtorno bipolar. 
Normalidade 
funcional
O patológico acontece na medida em que produz 
sofrimento para o próprio indivíduo e/ou seu grupo 
social. A disfuncionalidade se dá por prejuízos 
acadêmicos, laborais, conjugais, familiares e sociais.
Normalidade 
como 
liberdade
A doença mental seria a perda da liberdade existencial, a 
fossilização das possibilidades existenciais. O normal dispõe 
de senso de realidade, senso de humor, tem capacidade de 
relativizar os problemas e encontrar prazer na realidade. 
Quadro 2. Conceitos de normalidade
Assim, não existe um conceito único e definitivo de normalidade, de forma 
que vários podem ser utilizados de acordo com o contexto clínico. 
7Conceitos de saúde e doença mental
Facetas da psicopatologia 
Diferentemente do que ocorre em outras áreas da saúde, não existe uma única 
teoria ou um único agente etiológico que explique o fenômeno dos transtornos 
mentais. Sendo assim, é importante que o enfermeiro psiquiátrico conheça os 
diferentes referenciais teóricos, apresentados no Quadro 3. 
Conceito de 
psicopatologia
Descrição
Psicopatologia 
descritiva
O interesse está na forma das alterações psíquicas, na 
estrutura dos sintomas e na sua presença ou ausência.
Psicopatologia 
dinâmica 
O foce está no conteúdo das vivências, na 
experiência individual, nos movimentos internos 
e nos desejos e temores do indivíduo, os quais 
não são necessariamente classificáveis. 
Psicopatologia 
Biológica
O adoecimento ocorre por falhas no cérebro, 
com processos neuroquímicos desregulado 
provocando os sintomas clínicos. 
Psicopatologia 
existencial
O indivíduo é visto como uma "existência singular", 
que é essencialmente histórico e humano, apenas 
habitando o corpo biológico. O adoecimento se 
dá como uma forma trágica de ser no mundo, uma 
existência dolorosa para si e para osoutros. 
Psicopatologia 
comportamental-
cognitivista 
A doença se dá por meio de comportamentos 
disfuncionais realizados por representações 
cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas 
pelas experiência pessoal e sociofamiliar. 
Psicopatologia 
psicanalítica
Para a psicanálise, o ser humano é dominado por 
conflitos e desejos inconscientes. A doença se dá pela 
interação entre tais conflitos com as normais culturais 
e com a possibilidade de satisfação desses desejos. 
Psicopatologia 
categorial
As doenças mentais são compreendidas como 
específicas e individualizadas e são constituídas por 
um conjunto de sinais e sintomas específicos, havendo 
uma fronteira nítida entre cada transtorno mental.
Quadro 3. Conceitos de psicopatologia
(Continua)
Conceitos de saúde e doença mental8
Fonte: Adaptado de Dalgalarrondo (2008).
Quadro 3. Conceitos de psicopatologia
Conceito de 
psicopatologia
Descrição
Psicopatologia 
dimensional
Este modelo é antagônico à psicopatologia 
categorial, argumentando ser mais próximo da 
realidade, pois o conjunto de queixas apresentadas 
pelos indivíduos dificilmente se enquadram 
exclusivamente em uma categoria. Cria-se então o 
“espectro bipolar”, “espectro da esquizofrenia”, etc. 
Psicopatologia 
sociocultural
Os transtornos mentais seriam comportamentos 
desviantes que surgem a partir da discriminação, da 
pobreza, da migração, do estresse, da desmoralização, etc. 
(Continuação)
Percebe-se que não existe um único referencial psicopatológico capaz de 
englobar toda complexidade do ser humano. Cada modelo apresentado terá suas 
fortalezas e limitações. Diante das situações clínicas, caberá ao enfermeiro 
compreender o indivíduo da forma mais completa possível e, consequentemente, 
utilizar o referencial mais adequado a cada caso e a cada momento. 
Afinal, o que é doença mental? 
Conhecendo os múltiplos conceitos de saúde mental, normalidade e psicopa-
tologia, fica claro que não é possível realizar um conceito definitivo de saúde 
mental. Qualquer modelo de doença mental será, inevitavelmente, limitado 
e incompleto. 
A classificação das doenças mentais foi realizada por um conselho de 
especialistas da associação américa de psiquiatria e publicado no Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM, do inglês Diagnostic 
and Statistical Manual of Mental Disorders), que atualmente se encontra em 
sua quinta edição (DSM-5), lançada em 2013. A classificação internacional 
das doenças (CID) segue modelo semelhante ao DSM. 
9Conceitos de saúde e doença mental
O conselho elaborador do DSM optou por utilizar o conceito psicopatológico 
categorial: cada transtorno mental é descrito como um conjunto de sinais e 
sintomas descrito ao longo de determinados critérios diagnósticos. São utili-
zados vários conceitos de normalidade, havendo predomínio da normalidade 
funcional, ou seja: o transtorno mental ocorre a partir do ponto em que os 
sinais e sintomas apresentados causam limitações objetivas no trabalho, na 
vida conjugal, no relacionamento familiar, no desempenho acadêmico e no 
convívio social ou ao menos grande sofrimento psíquico subjetivo (AMERI-
CAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014)..
Os sintomas que levam a esse sofrimento nominado “clinicamente signi-
ficativo” podem ser experiências vivenciadas na normalidade (como tristeza, 
medo ou ansiedade), porém em intensidade, frequência e duração exacer-
bados. Também podem ocorrer sintomas que normalmente não ocorrem na 
normalidade, como é o caso das alucinações de delírios. Vale ressaltar que 
qualquer experiência que faça parte de um contexto religioso, cultural ou 
político-partidário nunca pode ser considerada sintoma ou doença mental. 
Veja como exemplo os critérios diagnósticos para mutismo seletivo segundo o DSM-5.
 � Fracasso persistente para falar em situações sociais específicas nas quais existe a 
expectativa para tal (por exemplo, na escola), apesar de falar em outras situações. 
 � A perturbação interfere na realização educacional ou profissional ou na comuni-
cação social. 
 � A duração mínima da perturbação é um mês (não limitada ao primeiro mês da 
escola). 
 � O fracasso para falar não se deve a um desconhecimento ou desconforto com o 
idioma exigido pela situação social. 
 � A perturbação não é mais bem explicada por um transtorno da comunicação 
nem ocorre exclusivamente durante o curso de transtorno do espectro autista, 
da esquizofrenia ou de outros transtornos psicóticos.
Neste exemplo podemos ver a presença de uma experiência relativamente comum 
(dificuldade ou vergonha de falar em determinadas situações sociais) que, em razão da 
sua intensidade (a dificuldade se transforma em incapacidade) e duração, traz alguma 
forma de prejuízo funcional ao indivíduo. Note o cuidado em excluir situações que 
poderiam justificar tal comportamento. 
Conceitos de saúde e doença mental10
Uma desvantagem do diagnóstico categorial é que os transtornos men-
tais nem sempre se enquadram completamente nas fronteiras de um único 
transtorno. Por exemplo, aquele que padece de depressão frequentemente 
terá queixas relacionadas à ansiedade, podendo ou não se enquadrar em um 
diagnóstico adicional. 
Além disso, diversos transtornos mentais ocorrem mais comumente em 
conjunto com outros do que isoladamente, como é o caso dos transtornos de 
personalidade. Se estatisticamente a comorbidade psiquiátrica é mais frequente 
do que um diagnóstico isolado, há de se inferir que ambos os transtornos 
seriam na verdade manifestações de uma única doença, e não dois ou mais 
diagnósticos isolados. 
Como os critérios diagnósticos foram definidos por um conselho de espe-
cialistas, eles são vulneráveis a falhas e vieses humanos. Grupos de pesquisa 
tentam classificar os transtornos mentais de acordo com um mecanismo etio-
patogênico biológico subjacente (como disfunção do sistema serotoninérgico, 
noradrenérgico, etc.), sem sucesso até o momento. 
Apesar de tais limitações, optou-se pelo diagnóstico categorial por conta 
de uma série de vantagens. Primeiramente ele permite uniformizar o diag-
nóstico psiquiátrico ao redor do mundo, possibilitando a troca de informações 
confiáveis por pesquisadores e profissionais de saúde. Sem uma padronização 
diagnóstica não seria possível comparar os achados de um estudo com outro 
(já que cada um utilizou critérios distintos para classificar os enfermos). 
Também permite a realização de pesquisas clínicas sobre a efetividade do 
tratamento (medicamentoso ou não medicamentoso), levantamento de dados 
estatísticos e epidemiológicos e investigação de mecanismos fisiopatogênicos. 
Sem embasamento científico, a psiquiatria não seria diferente do curandeirismo. 
Vale ressaltar que a realização de um diagnóstico formal é apenas uma parte 
da avaliação psiquiátrica. Os demais elementos excluídos do diagnóstico podem 
e devem ser avaliados na prática clínica. Assim, o enfermeiro deve investigar 
o contexto sociocultural, os relacionamentos familiares, as percepções do 
cliente sobre o próprio adoecimento e as características psicológicas (podendo 
utilizar o referencial psicanalítico, cognitivo comportamental, interpessoal, 
sistêmico, etc.). 
11Conceitos de saúde e doença mental
Família e sociedade diante do adoecimento 
mental
Como já exposto, os conceitos de saúde, saúde mental e doença mental sofrem 
influência do momento histórico em que estão inseridos.
Por anos e anos clientes acometidos por transtornos mentais foram isola-
dos da família e da sociedade em instituições hospitalares denominadas de 
manicômios. Esses locais tinham como objetivo proteger a sociedade dos 
perigos advindos da loucura e proteger o próprio paciente de sua família. Faz 
parte da história da psiquiatria um tratamento baseado na intolerância, tendo 
o cárcere dos pacientes com doenças mentais como uma forma de “proteger” 
a sociedade da loucura. 
Essa forma de cuidar foi fortemente influenciada pela concepção de que 
as pessoas com doenças mentais poderiam influenciarnegativamente na 
sociedade e de que sua família poderia ser a causadora de seu adoecimento 
psíquico. Sendo assim, por ser “nociva”, a família foi retirada de cena e o 
cuidado foi delegado a terceiros.
Nessas instituições, o cliente era submetido a diversas formas de tratamento 
e, durante este, ele não poderia manter contato com seus familiares. Com a 
exclusão das famílias do contexto de tratamento, cabia a elas somente duas 
possibilidades: a espera da alta quando os profissionais de saúde achassem 
conveniente ou a aceitação de uma hospitalização para o resto da vida do 
familiar adoecido.
O modelo excludente de manicômios mostrou-se com o passar do tempo 
ser ineficiente e colaborando negativamente para a cronificação de doenças. 
Assim, a partir da década de 1950 iniciou na Europa um movimento político-
-social chamado de desinstitucionalização psiquiátrica. Esse movimento 
buscava defender os direitos dos acometidos por transtornos mentais, exigir 
melhorias nas formas de tratamento e buscar uma reintegração familiar e 
comunitária do paciente. 
O movimento de desinstitucionalização psiquiátrica no Brasil teve início 
apenas duas décadas depois, em 1970. O movimento de mudanças nas práticas 
de cuidados aos acometidos por transtornos mentais foi iniciado e proposto por 
trabalhadores, usuários e familiares dos serviços de psiquiatria, impulsionados 
por condições precárias de trabalho em saúde mental e pela necessidade de 
um atendimento psiquiátrico de base comunitária não excludente. 
Conceitos de saúde e doença mental12
Essa movimentação política e social, a fim de aquisição de novas práticas 
em saúde mental, foi denominada Reforma Psiquiátrica brasileira. A reforma 
propôs uma substituição de um modelo hospitalocêntrico para um pautado 
em atenção em redes, com recuperação, promoção, prevenção de agravos e, 
principalmente, com a ressocialização. 
Essas medidas propostas pela Reforma Psiquiátrica ganharam força a 
partir de 1986, quando realizou-se a oitava Conferência Nacional da Saúde, 
na qual foi formada uma comissão a fim da elaboração de novas propostas 
para a assistência psiquiátrica brasileira. Essa comissão propôs que os aten-
dimentos em psiquiatria fossem com enfoque multiprofissional e disponíveis 
em todos os níveis de atenção (primária, secundária e terciária) e que serviços 
ambulatoriais especializados deveriam ser criados. 
Por fim, a consolidação de todas as alterações nas práticas de cuidado em 
saúde mental foi efetivada em 6 de abril de 2001, por meio da promulgação da 
Lei Federal nº. 10.216. Essa Lei oficializou o atendimento psiquiátrico comu-
nitário no Brasil, dispondo sobre a necessidade de um tratamento humanizado 
às pessoas com sofrimento emocional, criando serviços de base comunitária 
para o atendimento destas como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). 
Após Lei Federal nº. 10.216/2001, outras leis e portarias foram criadas 
para a regulamentação do atendimento psiquiátrico comunitário, contudo, a 
promulgação de leis e portarias não garantiram a efetivação de todas as práticas 
inovadoras no âmbito da saúde mental. A cobertura de serviços na comunidade 
é insuficiente, faltando profissionais qualificados para o trabalho. Além do 
mais, houve uma reinserção do adoecido no meio intrafamiliar sem um preparo 
adequado das famílias e comunidades para o convívio com essas pessoas. 
A literatura evidencia que a reaproximação da família com o portador 
de transtorno mental é permeada de contradições, como a imposição de um 
“retorno para casa” do paciente, sem a oferta de serviços extra-hospitalares 
em números suficientes e sem levar em consideração o desgaste a que ficam 
sujeitos os familiares.
Cuidar de uma pessoa com transtorno mental representa um desafio para a 
família e a aceitação da doença e do adoecido pelos familiares é um elemento 
fundamental para a reabilitação psicossocial. A existência de um ente familiar 
adoecido mentalmente impacta todos os membros da família e a comunidade 
local que ele habita. A rotina da família pode alterar, exigindo uma demanda 
de atenção e de cuidados, gerando uma sobrecarga. 
13Conceitos de saúde e doença mental
É necessário compreender que a convivência com um portador de uma 
patologia psiquiátrica pode não ser harmoniosa a todos os momentos e que os 
familiares devem lidar diariamente com sentimento de insegurança, limitações 
e conflitos, requerendo que a família, como grupo, esteja em constante movi-
mento de repensar e reorganizar suas dinâmicas de convívio. Nesse sentido, 
cada membro familiar deverá adquirir um papel e um significado próprio para 
conseguir administrar o novo cotidiano da vida familiar.
O ato de cuidar de uma pessoa que sofre com um transtorno mental implica 
em aceitar que aquele membro familiar não apresentará mais comportamentos 
já conhecidos e pode manifestar sintomas de autodestruição, agressividade 
e isolamento, por exemplo. Hábitos inadequados de higiene, alimentação e 
gastos financeiros também podem gerar nos familiares sentimentos de raiva, 
ansiedade e frustração. Além disso, os cuidadores também devem ofertar 
cuidados no sentido de acompanhamento em consultas, supervisão medica-
mentosa, organização domiciliar e responsabilidade com custos advindos do 
tratamento (CASABURI, 2016). 
Além disso, estudos apontam que o comportamento imprevisível do ado-
ecido debilita expectativas sócias, fazendo com que os familiares motivados 
pela vergonha e pelo cansaço se distanciem de suas atividades sociais. 
Contudo, por mais que o transtorno mental acarrete diversas modificações 
na rotina das famílias, elas devem ser consideradas como um grupo com 
grande potencial de acolhimento e ressocialização. É no contexto familiar 
que se desenvolvem aspectos relativos à sociabilidade e afetividade, sobretudo 
durante a infância e a adolescência. 
Estudos apontam que a inclusão das famílias nos cuidados em saúde mental 
está relacionada a uma queda no número das reinternações e na cronificação 
de patologias psiquiátricas. À medida que o tempo passa, as famílias vão 
desenvolvendo estratégias para manejo de suas próprias dificuldades e até 
conseguem prever uma possível exacerbação dos sintomas buscando por ajuda 
profissional rapidamente. 
O sofrimento constante pode levar os familiares a uma maior união, na 
qual os vínculos familiares são reforçados, conferindo forças para aceitar e 
enfrentar a caminhada do “cuidar juntos”. 
Entretanto, é necessário que profissionais de saúde auxiliem as famílias 
a compreender o significado de vivenciar um transtorno mental em um ente 
familiar. É preciso que os profissionais de saúde estimulem as vivencias 
saudáveis entre os familiares, mediante diálogo, troca de afeto e comparti-
lhamento de experiências. 
Conceitos de saúde e doença mental14
Infelizmente, nos dias de hoje, a comunidade ainda apresenta a concepção 
de que a pessoa com transtorno mental se encontra sob condição de anorma-
lidade humana, colocando-a em posição de periculosidade e de incapacidade. 
A doença psiquiátrica vai além de um conjunto de sintomas, representando 
uma simbologia moral, psicológica e social.
Não é incomum que a sociedade subjugue a capacidade do adoecido, fazendo 
um movimento de infantilização deste e retirando a possibilidade de ele se 
colocar como protagonista de sua própria história. A imagem de inutilidade faz 
com que o cliente muitas vezes não consiga um emprego, trazendo a família 
mais um ônus: o ônus financeiro. 
Sabe-se que o transtorno mental tem múltiplas casualidades como bioló-
gicas, sociais e psicológicas, mas a concepção de que a pessoa com esse tipo 
de transtorno é alguém incapaz e merecedor de isolamento é ainda arraigada. 
A presunção de incapacidade faz com que o adoecido não obtenha oportu-
nidades de atuação desde atividades como confecção de seu próprio alimento 
até a reinserção no mercado de trabalho. Isso faz com que o mesmo entre 
em um ciclo de não oportunidades, podendo fazer com que sentimentos deautodesvalorização ganhem maiores proporções e, inevitavelmente, migrem 
para o isolamento social. 
O imaginário coletivo negativo é uma condição sine qua non para a efeti-
vação de práticas de cuidados comunitários. O suporte ofertado pelas redes 
sociais na comunidade é um aspecto fundamental na inclusão social de pessoas 
com transtornos mentais.
As redes sociais em uma comunidade proporcionam ao indivíduo a organi-
zação de sua identidade pessoal por meio de trocas e experiências e promove o 
sentimento de pertencimento. Essas interações podem se formalizar nos bairros, 
nas igrejas ou nos trabalhos e a partir da interação com o outro é possível 
que o indivíduo obtenha uma imagem refletida de si próprio, favorecendo um 
processo de autorreflexão das potencialidades e fraquezas. 
Apesar da importância do convívio social, as pessoas com transtornos men-
tais ainda encontram dificuldades em estabelecer e manter suas redes sociais, 
em razão do contexto atual da sociedade que ainda impera a discriminação e 
o preconceito. Há um paradigma emergente na atualidade e que precisamos 
lidar: o sujeito adoecido mentalmente e sua relação com a sociedade. 
Hoje estamos em um cenário que preza uma nova lógica de atendimento, 
que é a lógica da inclusão. Devemos perpassar a concepção de apenas um 
aparelho psíquico adoecido para um indivíduo imerso de um complexo his-
tórico e cultural. 
15Conceitos de saúde e doença mental
O transtorno mental é um fenômeno pouco compreendido e aceito e cabe 
aos serviços de saúde especializados na área a ruptura da casualidade linear 
entre doença e periculosidade. O trabalho deve ser feito de uma forma de atinja 
o maior número de pessoas e espaços distintos, pois o adoecimento mental 
está em todos os lugares. Se almejamos que a lógica excludente seja revista 
e quebrada, nós, como profissionais de saúde, devemos orientar a população 
acerca dos mitos envoltos na temática e como ações comunitárias podem 
auxiliar nos clientes acometidos por transtornos mentais. 
Os serviços especializados em psiquiatria, como CAPS, Residências Te-
rapêuticas, Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Dia, devem orientar 
seus trabalhos para as necessidades do cliente, deslocando as práticas para a 
comunidade por meio da transdiciplinariedade. Deve-se haver uma ampliação 
dos espaços de tratamento em saúde mental para uma rede de atenção à saúde, 
por exemplo, dentro da atenção primária. 
Fortalecendo os espaços de atenção ao portador de transtorno mental, 
conseguiremos efetivar os pressupostos da reforma psiquiátrica e fazer com 
que a sociedade se sinta cada dia mais corresponsável pelos indivíduos que 
adoecem mentalmente. 
Por fim, o que almejamos é esclarecer que retirar os clientes com patologias 
psiquiátricas do modelo de tratamento hospitalocêntrico foi uma prática im-
portante, mas que de nada adianta se não for ofertado um suporte profissional 
à comunidade e à família que estão acolhendo esses adoecidos. 
Retirar do hospital e inserir no âmbito familiar sem suporte é criar um 
ambiente de sofrimento para ambos, cliente e família. A função dos profis-
sionais é identificar as potencialidades da família e da comunidade e utilizar 
isso como um recurso terapêutico que melhorará a qualidade de vida de todos 
os envolvidos.
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção para o aten-
dimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de 
crack, álcool e outras drogas. A RAPS integra o Sistema Único de Saúde (SUS).
Acesse o link a seguir e confira todas as portarias referentes à RAPS: 
https://qrgo.page.link/HHBWp
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Leitura recomendada
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Conceitos de saúde e doença mental18

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