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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 PROBLEMA 2 - “Perninhas tortas” Lucas, 10 meses, trazido pela mãe ao hospital por estar urinando pouco. A mãe refere que a criança vem apresentando fezes amolecidas há vários meses, cerca de 5-6 evacuações/ dia, mas nunca procurou assistência médica especializada. Já foi internado por pneumonia uma vez e está sempre abaixo do peso. Conforme a mãe, a criança não consegue ficar em pé nem mesmo com apoio. Acha que as perninhas estão entortando. Ao exame físico a criança apresentava-se consciente, muito emagrecida, com olhos encovados, pele com turgor e elasticidade diminuída, saliva espessa, palidez importante. Cabelos amarelados e quebradiços. Abdome globoso, distendido, sem visceromegalias. Tórax de conformação normal. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Genu valgo e alargamento de punhos. Peso: 6,5 Kg Est: 72 cm Tax 35,5º Hb 8,2 g/dL Ht = 29% Série branca sem alterações. Plaquetas 280.000/mm3 Na = 130 mEq/L (N = 135-145) K = 2,9 mEq/L (N = 4,5-5,5) Ca = 7 mg/dL (N= 8,5-10,2) Albumina – 2 g/dL (N = 3,5-4,8) Globulina – 2,5 g/dL (N = 3,5-5) Mg = 1,3 mg/dL (N 1,5-2,5) Uréia = 35 mg/dL (20-40) Creatinina = 0,6 mg/dL (0,6-1,3) Ca iônico = 3,6 mg/dL (N 4,8-5,4) P (fósforo) = 3,1mg/dL (4-7) FAL (fosfatase alcalina) = 1917 U/L (<400) PTH (paratormônio) = 470 pg/mL (10-70 pg/ml) TGO = 12 U/L TGP = 18U/L 25(OH)D (25 hidroxivitamina d) = 12 ng/mL (N = 30 a 100 ng/mL) Instrução: Como relacionar cálcio, fósforo e vitamina D com os distúrbios da mineralização óssea? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. VILAR, L. Endocrinologia Clínica. 6 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016 2. SALES, P. et al. O Essencial em Endocrinologia. 1 ed. Rio de janeiro: Roca, 2016 3. HALL, JE.; GUYTON, AC. Tratado de Fisiologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 4. GOLDMANN, B. Cecil Tratado de Medicina Interna. 21 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 5. KRONENBERG, H. M. et al. Williams. Tratado de Endocrinologia. 11 ed. Rio de janeiro: Elsevier, 2010. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 6. MAEDA, S. S.; SILVA, D. M. W. S. Guia Prático em Osteometabolismo. 1 ed. São Paulo: Segmento Farma, 2014 7. Scheffel R.S. et al. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Raquitismo e Osteomalácia. Portaria Ministério da Saúde, 2010. 8. MECHICA, José B. Raquitismo e Osteomalacia. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 43, n. 6, p. 457-466, Dec. 1999. OBJETIVOS: 1. DESCREVER A HOMEOSTASIA DO METABOLISMO DO CÁLCIO E DO FÓSFORO NO ORGANISMO. - O fósforo é um mineral que, combinado com o cálcio, forma a estrutura resistente dos ossos e dos dentes. O fósforo é obtido nos alimentos e se encontra em todas as células do organismo, sendo absorvido com a ajuda da vitamina D - O cálcio é armazenado nos ossos e é essencial para formar os ossos e mantê-los saudáveis e fortes. Muitas das células do nosso organismo precisam de cálcio para funcionar de forma correta. A maior parte do cálcio provém dos alimentos. Se os níveis de cálcio no sangue forem demasiado baixos, o organismo vai buscar aos ossos o cálcio de que necessita - Os rins controlam o equilíbrio entre o cálcio e o fósforo. É importante que os valores de fósforo e de cálcio no sangue se mantenham dentro de níveis normais. - Quando a função renal diminui, se torna difícil a eliminação do fósforo em excesso. O fósforo se acumula no organismo e se liga ao cálcio, o que diminui os níveis de cálcio e obriga as glândulas paratireoides a ir bustar cálcio necessário aos ossos, os tornando frágeis e sujeitos a fraturas fáceis - O cálcio e o fósforo ligados se depositam nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de doença cardíaca e de trombose cerebral, podendo também causar úlceras na pele e nódulos nas articulações - A vitamina D é necessária para absorver o cálcio e o fósforo. Se o organismo não tiver vitamina D suficiente, o cálcio e o fósforo não serão absorvidos no intestino, mesmo que ingira alimentos com elevado teor destes minerais. Para a vitamina D funcionar adequadamente, tem que ser “ativada” pelos rins. Se a função renal se encontra diminuída, esta capacidade de ativar a vitamina D é também afetada. ABSORÇÃO INTESTINAL E EXCREÇÃO FECAL DE CÁLCIO E FOSFATO: CÁLCIO: - Geralmente, ingere-se cerca de 1000mg/dia de cálcio e fósforo, separadamente. Normalmente, os cátions divalentes, como os íons cálcio, são mal absorvidos pelos intestinos, mas a Vitamina D promove a absorçao de cálcio pelos intestivos, e cerca de 35% do cálcio NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 ingerido costuma ser absorvido, o restante remanescente é excretado nas fezes - Quantidade adicional de 250mg/dia de cálcio chega aos intestinos por meio de sucos gastrointestinais secretados e pelas células descamadas da mucosa - Dessa forma, aproximadamente 90% (900mg/dia) da ingestão diária de cálcio é excretada nas fezes FOSFATO: - A absorção intestinal de fosfato ocorre com facilidade - Exceto pela porção de fosfato excretada nas fezes, em combinação ao cálcio não absorvido, quase todo o fosfato da dieta é absorvido para o sangue do intestino e depois excretado na urina EXCREÇÃO RENAL DE CÁLCIO E FOSFATO: - 10% (100mg/dia) de cálcio ingerido são excretados na urina - Normalmente, os túbulos renais reabsorvem 99% do cálcio filtrado e em torno de 100mg/dia são excretados na urina - Aproximadamente 90% do cálcio no filtrado glomerular são reabsorvidos nos túbulos proximais, nas alças de Henle e nos túbulos distais iniciais - Nos túbulos distais finais e nos ductos coletores iniciais, a reabsorção dos 10% remanescentes é seletiva, dependendo da concentração do cálcio iônico no sangue - Quando a concentração do cálcio é baixa, essa reabsorção se mostra acentuada; assim, quase nenhum cálcio é perdido na urina. Inversamente, até mesmo um aumento insignificante da concentração sanguínea de cálcio iônico acima do normal eleva acentuadamente a excreção desse elemento - O PTH representa o fator mais importante de controle dessa reabsorção de cálcio nas porções distais do néfron e, consequentemente, de controle da intensidade da excreção desse elemento - A excreção renal do fosfato é controlada por um mecanismo de transbordamento. Ou seja, quando a concentração de fosfato no plasma está abaixo do valor crítico de aproximadamente 1 mmol/L, todo o fosfato no filtrado glomerular é reabsorvido, não ocorrendo qualquer perda pela urina. No entanto, acima dessa concentração crítica, a perda de fosfato é diretamente proporcional ao aumento adicional. Dessa forma, os rins regulam a concentração do fosfato no líquido extracelular, mediante alteração da excreção desse elemento, de acordo com sua concentração plasmática e filtração pelos rins 2. ANALISAR AS CAUSAS DE RAQUITISMO, SUA FISIOPATOLOGIA, PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. - O raquitismo se refere às mudanças na placa de crescimento causadas pela mineralização deficiente do osso e ocorre antes do fechamento das placas de crescimento - É classificado de acordo com a deficiência nutricional predominante - O calcipênico é causado pela deficiência de cálcio, que geralmente se deve à ingestão insuficiente ou ao metabolismo da vitamina D e, em alguns casos, à ingestão insuficiente ou à absorção de cálcio no contexto de níveis normais de vitamina D. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 - Os níveis séricos de cálcio são frequentemente, mas nem sempre, diminuídos no raquitismo calcipêmico. - O raquitismo fosfopênico geralmente é causado por perda renal de fosfato - O raquitismo por fosfopenia em crianças e adolescentes é quase sempre causado por perda renal de fosfato, que geralmente é um fenômeno isolado, mas pode ser parte de um distúrbio tubular generalizado como a síndrome de Fanconi, ou raramente resultade fósforo dietético inadequado ou má absorção intestinal - A maioria dos casos de raquitismo adquirido é calcipênica. Se a concentração sérica de fósforo for baixa, mas o PTH é consideravelmente elevado, então um diagnóstico provisório de raquitismo calcipênico pode ser feito - O raquitismo calcipênico é geralmente causado por deficiência dietética de vitamina D - Ocasionalmente, o raquitismo nutricional é causado pela deficiência de cálcio na dieta ou por uma deficiência mista de vitamina D e cálcio - Os níveis de 25[OH]D são tipicamente baixos, mas podem ser normais se houver deficiência de cálcio associada - Os achados esqueléticos são semelhantes para o calcipênico e fosfopênico, podendo incluir retardo no fechamento das fontanelas, protusão parietal e frontal, aumento da junção costocondral (rosário raquítico), alargamento do punho e arqueamento lateral do fêmur e tíbia (pernas em arco) - Os achados radiográficos de raquitismo incluem alargamento da placa epifisária e perda de definição da zona de calcificação na interface epifisária/metafisária, progredindo para desorganização da placa de crescimento com escavação, estendimento e formação de esporões corticais. As alterações são melhor visualizadas na ulna distal e nas metáfises acima e abaixo do joelho - A concentração sérica de fosfatase alcalina é elevada em ambos os tipos de raquitismo e é um bom marcador de atividade da doença - Outros achados bioquímicos incluem hipocalemia e hipofosfatemia, mas o padrão varia dependendo do tipo e da gravidade do raquitismo - A concentração sérica de hormônio paratireoideo (PTH) normalmente é bastante elevada no raquitismo calcipênico, mas não no raquitismo fosfopênico - Medições de PTH sérico e fósforo inorgânico servem para distinguir raquitismo calcipênico de fosfopênico Se PTH elevado, PO4 e Ca normais ou baixo, temos a forma calcipênica, a mais comum - Para crianças com raquitismo calcipênico, as medidas da 25-hidroxivitamina D sérica (25OHD) ajudam a distinguir o raquitismo causado pela deficiência de vitamina D (a forma mais comum, quando estará baixa) de outras causas de raquitismo calcipênico NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 - Para evitar, a profilaxia da hipovitaminose D se faz por meio da exposição ao sol e suplementação medicamentosa. A preparação de escolha deve ser o vitamina D3 (colecalciferol), que é um metabolito mais ativo do que o ergocalciferol ou vitamina D2. A dose atualmente recomendada é de 400UI/dia a partir da 1ª semana de vida até os 12 meses, e de 600UI/dia dos 12 aos 24 meses, inclusive para crianças em aleitamento materno exclusivo, independentemente da região do país - Recomenda-se a exposição direta da pele à luz solar a partir da 2ª semana de vida, sendo suficiente a conta semanal de 30 minutos se a criança estiver usando apenas fraldas (6-8 minutos podia 3x/semana) ou de 2h (17min/dia) se só a face e as mãos estiverem expostas ao sol DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Insuficiência renal A disfunção renal é uma causa importante de doença óssea (osteodistrofia renal), que pode incluir o Raquitismo. Em crianças com suspeita de Raquitismo, a função renal deve ser avaliada medindo a creatinina sérica. A doença óssea ocorre em crianças com insuficiência renal por muitas razões, incluindo a formação reduzida de 1,25 [OH] 2D, acidose metabólica, administração de alumínio, e hiperparatiroidismo secundário. Displasia esquelética Displasias esqueléticas (por exemplo, acondroplasia, pseudoacondroplasia, condrodisplasia metafisária) são outra causa de pernas simétricas arqueadas bilaterais. Os aspectos radiográficos podem ser semelhantes aos do Raquitismo; no entanto, fósforo inorgânico no soro e concentrações de PTH são geralmente normais em crianças com displasia esquelética. Doenças hepáticas Elevações da atividade da fosfatase alcalina sérica é vista no Raquitismo, mas também pode ser causada por doenças hepáticas. A possibilidade de doença hepática pode ser avaliada por mensuração das enzimas hepáticas. Crianças com elevações isoladas de fosfatase alcalina sérica, mas enzimas hepáticas normais e nenhuma evidência radiográfica de Raquitismo podem ter hiperfosfatasemia transitória da infância e primeira infância. Isso geralmente é uma condição benigna, que surge após uma doença infecciosa menor, e espontaneamente remete ao longo de um período de vários meses. Hipoparatiroidismo primário O hipoparatiroidismo primário cursa com importante hipocalcemia, mas normalmente não está associado com Raquitismo. Essa observação sugere que níveis baixos de fósforo sérico e/ou do próprio PTH podem desempenhar um papel na mediação de lesão da placa de crescimento. Hipofosfatasia A hipofosfatasia é uma doença genética rara da atividade da fosfatase alcalina; e, como o Raquitismo, caracteriza-se pela desmineralização óssea; em contraste com o Raquitismo, a atividade da fosfatase alcalina sérica é muito baixa. Formas da infância são característicamente pela perda prematura de dentes decíduos. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 Doença de Blount A doença de Blount é uma deformidade em varo patológica do joelho, que resulta da interrupção do crescimento normal da cartilagem na face medial da epífise tibial proximal. Pode ser distinguida do Raquitismo pois os achados radiográficos são distintos. 3. EXPLICAR AS PRINCIPAIS AÇÕES DA VITAMINA D ENFATIZANDO SUAS PROPRIEDADES IMUNOLÓGICAS. - Uma das principais funções consiste em mnater concentrações adequadas de cálcio e fósforo, tanto séricos quanto extracelulares, a fim de garantir uma variedade de funções metabólicas. Para isso, conta com a interação de diversos órgãos, entre eles, suprarrenais, intestinos, rins e paratireoides. É responsável pela absorção intestinal de fósforo e cálcio, pela mobilização desse último a partir do osso na presença do PTH, e pelo aumento da absorção renal de cálcio, regulando, assim, o metabolismo ósseo - Atualmente, acredita-se que esse hormônio seja dotado de várias outras funções além do metabolismo do cálcio e do osso. Teria algum papel na regulação do magnésio, na liberação de insulina pelo pâncreas, na secreção de prolactina pela hipófise, na depuração da creatinina endógena e na inibição da produção de renina. - As funções não endócrinas da vitamina D somente seriam afetadas em estados de extrema deficiência dessa vitamina. Alterações na expressão gênica do VDR (vitamin D receptor), da 25- hidro-xilase da vitamina D e do calcitriol foram implicadas na inibição da carcinogênese. A 1,25 (OH)2D tem ações hormonais e parácrinas descritas em vários tumores: carcinoma de mama, melanoma, alguns tipos de leucemias, carcinoma de próstata e de intestino 4. DISCUTIR A ABORDAGEM TERAPÊUTICA PARA O CASO CLÍNICO APRESENTADO. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: - Enfoque na otimização da qualidade de vida, melhora da mobilidade, redução da dor, evitar cirurgias ortopédicas e minimizar o absenteísmo escolar - Deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, com pediatra, clinico geral, endocrinologista, fisioterapeuta, dentista, nutricionista, ortopedista, geneticista, nefrologista, suporte psicológico, nutricional e social e demais profissionais envolvidos no atendimento de pacientes com estas condições clínicas - Os pacientes deverão receber orientações para melhorar hábitos de vida, incluindo possivelmente a reorganização dos hábitos alimentares, exposição ao sol (desde que não haja contraindicação), cessação do tabagismo, redução da ingestão de bebidas alcoólicas, redução de peso, incentivo à atividade física e redução de estresse - Uma dieta saudável com ingestão nutricional adequada de macronutrientes, cálcio, vitamina D e fósforo é recomendada - Exercícios e fisioterapia devem ter como objetivo prevenir ou melhorar a fraqueza muscular, dores nas costase nas articulações, rigidez e mobilidade limitada, visando a força muscular, estabilidade central, amplitude articular e mobilidade gera - Adicionalmente, deve-se dar enfoque para orientações nutricionais, aconselhamento genético em caso de suspeita ou diagnóstico confirmado de raquitismo genéticos, de acordo com a disponibilidade, além de apresentar a Política Nacional de Saúde Bucal para prevenção, tratamento NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 ou acompanhamento de pacientes com alterações bucais decorrentes de raquitismos e osteomalácia, incluindo especialmente a HLX, na qual o risco de abscessos dentários é maior TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: - O tratamento do raquitismo depende da sua causa subjacente O tratamento do raquitismo por deficiência de vitamina D deve ser feito com a suplementação dessa vitamina. Além disso, doses adequadas de cálcio e exposição solar devem ser orientadas. Suplementação de vitamina D está recomendada para crianças a partir de 1-2 meses de vida até a adolescência (400 UI por dia) para prevenção da deficiência vitamínica. Em regiões onde a ingesta de cálcio é insuficiente, a suplementação da dieta com esse elemento também já se demonstrou eficaz em diminuir achados radiológicos compatíveis com raquitismo. FÁRMACOS: Os fármacos utilizados para tratamento do raquitismo e da osteomalácia são a vitamina D, o calcitriol, as preparações com cálcio e as preparações com fósforo. Vitamina D: No Brasil existem preparações de vitamina D com cálcio e vitamina A e preparações com vitamina D isolada. É importante que a dose de vitamina D seja prescrita de acordo com a apresentação de cada um desses representantes, pois pode haver grandes variações entre eles. Em relação às preparações combinadas com cálcio e vitamina, deve-se ter cuidado para evitar doses excessivas de cálcio e vitamina A. Para crianças com raquitismo por deficiência de vitamina D, a recomendação atual de tratamento é feita conforme a idade: crianças menores de um mês devem receber 1.000 UI por dia, crianças de 1 a 12 meses devem receber 1.000 a 5.000 UI por dia, e crianças com mais de um ano devem receber 5.000 UI por dia. Esses pacientes também devem receber dose adequada de cálcio (30 a 75 mg/kg/dia em cálcio elemento). Para adultos com deficiência de vitamina D, vários esquemas posológicos já foram propostos. Podem ser administradas doses semanais de 50.000 UI por 6 a 12 meses, seguidas de dose de reposição de 2.000 UI por dia. Em pacientes com doenças que cursam com má-absorção, doses maiores podem ser necessárias, de acordo com a resposta clínica e laboratorial. Calcitriol: A dose inicial de calcitriol para o raquitismo dependente de vitamina D do tipo I é de 0,01 mcg/kg dia para crianças com peso menor que 10 kg e 0,02 mcg/kg para criança acima desse peso e adultos. Essa dose é mantida até resolução das lesões ósseas, e após é prescrita dose de manutenção que varia de 0,25 mcg a 1 mcg/dia. As doses de início e de manutenção podem variar de acordo com a gravidade da doença e a resposta ao tratamento. Os pacientes com raquitismo dependente de vitamina D do tipo II devem ser tratados inicialmente com 2 mcg de calcitriol e 1.000 mg de cálcio elemento por dia. As doses devem ser individualizadas nesses pacientes conforme a resposta clínica e laboratorial. Nos casos de raquitismo hipofosfatêmico secundário à perda tubular de fósforo, a dose recomendada de calcitriol é de 0,03 a 0,07 mcg/kg/dia, em uma ou duas doses. Os pacientes com raquitismo hipofosfatêmico hereditário com hipercalciúria não devem receber calcitriol, pois apresentam níveis elevados de 1,25-dihidroxivitamina D. As doses de calcitriol para a resistência à vitamina D são de 0,01 a 0,02 mcg/kg por dose, em duas doses diárias. NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 PREPARAÇÕES DE CÁLCIO: Existem diversas preparações de cálcio disponíveis no Brasil com diferentes sais de cálcio, via de administração (via oral e endovenosa) e dose de cálcio. Seguem as apresentações disponíveis de vitamina D e (colecalciferol) cálcio: Carbonato de cálcio: comprimidos de 1.250 mg; Carbonato de cálcio + colecalciferol: comprimidos de 500 mg + 200 UI; Carbonato de cálcio + colecalciferol: comprimidos de 500 mg + 400 UI ; Carbonato de cálcio + colecalciferol ou fosfato de cálcio tribásico e colecalciferol: comprimidos de 600 mg + 400 UI. Para crianças com raquitismo secundário à deficiência de cálcio, a dose recomendada é de 1.000 mg de cálcio elemento por dia. PREPARAÇÕES DE FÓSFORO: A administração desse elemento é feito com o uso de soluções fosfatadas. A dose de fósforo recomendada para o tratamento de formas de raquitismo com perda urinária de fósforo é de 30 a 60 mg/kg/dia. Deve-se iniciar com doses mais baixas e promover um aumento gradativo. O fósforo deve ser administrado de quatro a seis vezes por dia para pacientes com a forma de raquitismo mencionada acima, com intervalo entre a administração do medicamento e a ingestão de leite. TEMPO DE TRATAMENTO: Nos pacientes com raquitismo e osteomalácia secundários à deficiência de vitamina D, o tratamento com vitamina D deve ser mantido até a normalização das alterações bioquímicas e radiológicas e a resolução dos sintomas. Após esse período, o paciente deve utilizar uma dose de manutenção, não sendo mais necessárias doses para reposição de deficiência. Nos pacientes que apresentam indicação para o uso de calcitriol, o tratamento deve ser mantido até o término do crescimento nas crianças. Na fase adulta, esses pacientes devem ser tratados se apresentarem sintomas de dor óssea ou fraturas que não consolidam. As reposições de cálcio e fósforo em geral devem ser mantidas por toda a vida. MONITORIZAÇÃO: Em crianças e adolescentes que estão sendo tratadas com vitamina D, deve-se monitorar a dosagem de níveis séricos de cálcio, fósforo, fosfatase alcalina e dosagens de níveis urinários de cálcio 4 semanas após o início do tratamento, objetivando-se melhora ou normalização desses parâmetros. Após essa primeira avaliação, esses exames devem ser repetidos em 3 meses juntamente com radiografias dos sítios atingidos, para avaliação de resolução das lesões. As crianças e adolescentes tratadas com calcitriol devem ser monitorizadas mensalmente no início do tratamento com dosagem de níveis séricos de cálcio, fósforo, fosfatase alcalina, PTH e dosagem de níveis urinários de cálcio. Radiografias das áreas atingidas devem ser feitas no primeiro mês e 3 meses após o início do tratamento. Essas avaliações devem ser feitas em menos tempo naqueles pacientes em uso de doses elevadas de calcitriol. Na fase de manutenção do tratamento, as avaliações devem ser realizadas trimestralmente e a dose ajustada para alcance da resposta terapêutica.
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