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Alterações do cálcio ∙ Fisiologia do metabolismo ósseo. A remodelação óssea consiste em ativação com a transformação do osteoclasto ativo com fator estimulador coloníco, IL-1, IL-6, TNF. Já na Reabsorção há secreção de ácidos que dissolvem a matriz óssea pelos osteoclastos e formam as Lacunas de Howship é o nome dado as lacunas cavadas na matriz óssea pelos osteoclastos. Na Reversão quando a cavidade já está grande monócitos impedem a erosão adicional e na Formação os osteoblastos amadurecem e vão para a cavidade e sintetizam a matriz óssea orgânica e regulam sua mineralização com colágeno tipo I 90% e proteínas 10% e assim formam o novo osso. No embrião e na criança em crescimento, o osso desenvolve-se principalmente por remodelamento e substituição da cartilagem previamente calcificada (ossificação endocondral) ou, em alguns ossos, sem matriz cartilaginosa (ossificação intramembranosa). Durante a formação do osso endocondral, os condrócitos proliferam, secretam e mineralizam uma matriz, aumentam de tamanho (hipertrofia) e, a seguir, morrem, aumentando as dimensões do osso e proporcionando a matriz e os fatores que estimulam a formação óssea endocondral. Esse programa é regulado tanto por fatores locais, como IGF-I e IGF-II, Ihh, peptídeo relacionado com o paratormônio (PTHrP) e FGF, e por hormônios sistêmicos, tais como hormônio do crescimento, glicocorticoides e estrogênio Hormônios, como o PTH e a 1,25-di-hidroxivitamina D (1,25[OH] 2D), ativam receptores expressos pelos osteoblastos para garantir a homeostase mineral e influenciar uma variedade de funções das células ósseas Vitamina D ● Liga-se ao receptor de vitamina D ● Aumenta eficiência de absorção intestinal de cálcio ● Aumenta expressão RANK (junto com PTH), levando a maior atividade e diferenciação de osteoclastos indução de reabsorção óssea ● Paratireoide: efeito antiproliferativo e suprime síntese de PTH Paratormônio PTH ● Manter concentração de cálcio no LEC ● Atuação direta em osso e rim, indireta no intestino (síntese 1,25(OH)2D) o Aumento de concentrações séricas de cálcio ● Regulado pela concentração de cálcio sérico ionizado ● Acelera o ritmo de dissolução mineral óssea (maior fluxo de cálcio do osso para o sangue): ● Rins: inibição do transporte de fosfatos, aumento da reabsorção de cálcio no túbulo distal e estimulação da 1,25(OH)D-1-alfa-hidroxilase renal ● Ossos: liberação de cálcio, aumento do número de células ósseas (osteoblasto e osteoclasto) a longo prazo Secretado pelas paratireoides. A secreção é regulada pela concentração extracelular de cálcio ionizado. As céls da paratireoide regulam a secreção de PTH através das alterações das concentrações extracelular de cálcio, que se da pelo receptor acoplado a proteína G, conhecido como receptor sensível de cálcio (caR). Ação no receptor PTH1R, abundando em ossos e rim. Nos rins, o PTH apresenta três efeitos principais. Primeiro, de atua nas células tubulares; proximais para inibir a reabsorção de fosfato. O transporte de fosfato depende da ação de cotransportadores de sódiofosfato 2a e 2c (NPT2a, NPT2c), localizados nas membranas luminal; das células tubulares proximais. O PTH age inibindo a reabsorção de fosfato por causar a remoção do NPT2a da membrana luminal e sua degradação. O PTH também estimula a atividade da 1alfa-hidroxilase renal em células tubulares renais. Esta é uma enzima microssomal do citocromo P450 que leva à formação da 1,25(OH), vitamina D biologicamente ativa a partir de seu precursor circulante 25(0H) vitamina D. O PTH também inibe a 24-hidrox.ilasc, evitando a formação do metabólito inativo 24,25(0H),-vitamina D. Ambas ações aumentam a concentração circulante de l,2S(OH) vitamina D, aumento este que, por sua vez, estimula a absorção intestinal de cálcio. Por fim, o PTH atua aumentando a reabsorção de cálcio pelos rins. No osso o PTH libera o cálcio armazenado Calcitonina ● Antagonista de PTH ● Inibição da reabsorção óssea mediada por osteoclastos e estimulação da depuração renal de cálcio atividade hipocalcêmica ● Produção na tireoide (células parafoliculares C- origem na crista neural) ∙ Osteopenia/ Osteoporose Osteoporose Definição OMS: densidade óssea que cai em 2,5 DP (escore T) abaixo da média para adultos jovens sadios do mesmo sexo Osteopenia (baixa massa óssea): densidade mineral entre 1-2,5 DP Osteoporose primaria pós menopausa: deficiência estrogênica—> aumento da expressão de RANKL pelas céls do estroma da medula óssea e pelos linfócitos—> prolonga a fase de reabsorção em razão do maior recrutamento de osteoclastos e a diminuição de sua apoptose, além de encurtar a fase de formação óssea, em função do diminuição do tempo de vida dos osteoclastos. - Fatores de Risco. Idosa, mulher, menopausa, sedentária, tabagista, história familiar, pouca ingesta alimentar e protéica, pouca exposição solar, falta de Ca++ e branca Osteoporose Primária: •Não-modificável: mulheres, idade avançada, raça branca, história familiar de osteoporose e história pessoal de fratura prévia •Potencialmente modificável: deficiência de estrogênio, menopausa prematura, índice de massa corpórea < 19kg/m2, tabagismo Osteoporose Secundária: hipogonadismo, alcoolismo, má absorção intestinal, anorexia nervosa, terapia prolongada com glicocorticóides, uso de anticonvulsivantes, imobilização secundária, hipertireoidismo e DM - Diagnóstico Índice T: número de DPs abaixo ou acima do qual a DMO do paciente difere do pico da densidade óssea de um indivíduo do mesmo gênero e etnia. - comparação de um paciente acima de 40 anos com um banco de dados de pacientes jovens - esse score prediz a chance de fraturas para esse paciente - normal: até - 1,0 - osteopenia: de - 1,1 a - 2,4 - osteoporose: menor ou igual a - 2,5 Índice Z: número de DPs em que a densidade óssea do paciente difere da de um indivíduo de idade, gênero e etnia correspondentes - utilizado para jovens, menores de 40 anos - normal: maior que - 2,0 - baixa massa óssea: menor que - 2,0 Locais mais recomendados para fazer DMO por DXA: quadril e coluna vertebral - coluna lombar (L1 a L4) - colo de fêmur - fêmur total -Tratamento. Em geral, é feito com cálcio e vit. D, embora não haja dados concretos sobre a eficácia na redução da perda óssea com essas medicações; tampouco dispomos de dados sobre a eficácia da TRH ou calcitonina. O uso de bisfosfonatos classicamente e considerado contraindicado durante a gravidez ou no período da amamentação por poder ser prejudicial ao feto ou RN, principalmente no bloqueio do crescimento ósseo. Dieta balanceada com quantidades de proteínas, cálcio, vit. D e outros nutrientes reduzem a remodelação óssea—> menor risco de fraturas. Dieta rica em produtos lácteos, frutas e verduras, além de quantidades adequadas de carne, aves e peixes. Leite tem cálcio. No caso de deficiência de vit D, doses iniciais mais elevadas são necessárias. Nesses casos, recomenda-se utilizar colecalciferol (vit. D3) em dose orais de ataque de 7.000 UI por dia ou 50.000 UI por semana durante 6-8 semanas, seguidas da dose de manutenção. Todos pacientes devem ser estimuladas ao exercício físico e parar de beber e fumar. Tratamento farmacológico: p/ mulheres menopausadas indicado nos casos: (fonte: livro endócrino.clinica-lucio vilar) De acordo com o ultimo Consenso Brasileiro de Osteoporose, as recomendações para tratamento medicamentoso são: ■ Mulheres com osteoporose na pos-menopausa: ■ Mulheres com fraturas atraumaticas e baixa DMO ■ Mulheres com escore T de DMO≤–2,5 ■ Mulheres com DMO baixa limitrofe (escore T≤–1,5) se fatores de risco estiverem presentes ■ Mulheres em que medidas preventivas não-farmacológicas não são efetivas (perda óssea persiste ou fraturas atraumáticas ocorrem). Tratamento farmacológico: Inibidores da reabsorção óssea • Bisfosfonatos: análogos do pirofosfato qu, esse ligam a superfície das unidades de remodelação e são incorporados de modo ativo pelo osteoclasto durante a reabsorção óssea. Dentro dessas céls alteram a via metabólica de atp, além de inibirema enzima farnesil-pirofosfato-sintase da via do acido mevalonio, levando a inibição da função e recrutamento dessas céls e alterações no citoesqueleto—> apoptose • Estrogênios: mulheres menopausadas. Aumento da DMO e redução de risco de fraturas vertebrais • Cálcio/Vitamina D • Calcitriol • Calcitonina: são usadas as de salmão e enguia, mais potentes que as humanas. Efeito protetor sobre as fraturas vertebrais • Moduladores seletivos do receptor de estrógeno (SERM): agonista ou antagonista dependendo do tecido-alvo. • Denosumab: anticorpo monoclonal humano contra o RANKL. Eficaz para diminuir a reabsorção óssea por impedir a ligação do RANKL ao respectivo receptor RANK nos osteoclastos. Estimuladores da formação óssea • PTH 1-84 • Teriparatida: • Esteróides anabolizantes • GH Fármacos com ação mista: ranelato de estrôncio - se incorpora a estrutura cristalina do osso e tem o efeito de desacoplar a remodelação óssea, estimulando a formação e ao mesmo tempo inibindo a reabsorção óssea. Tratamento não medicamentoso: Exercício físico: força biomecânica que os músculos exercem sobre os ossos é capaz de aumentar a densidade mineral óssea—> preserva a massa óssea. E ajuda a prevenir quedas devido a alterações do equilíbrio e diminuição de força muscular e de resistência. Prevenção de quedas: ênfase na população idosa. Revisão de problemas neurológicos, correção de distúrbios visuais e auditivos e medidas ambiental. Fumo e álcool devem ser desestimulados. Tratamento medicamentoso: suplementação de cálcio e vitamina D é o tratamento padrão na prevenção de fraturas. Aconselha-se ingestão de 1.200 -1.500mg de cálcio elementar por dia. Se o consumo for inferior, o cálcio deve ser suplementado. A vitamina D influencia na saúde óssea, no desempenho muscular, equilíbrio e risco de queda, recomenda-se a ingestão diária de 800-1.00 UI de vit D em adultos com 50 anos ou mais. A vit D pode ser encontrado no leite fortificado, cereais, ovo, peixe, agua salgada e fígado, recomenda-se tbm a exposição solar de pelo menos 15 min 2-4x na semana. Tratamento medicamentoso: De primeira linha: bifosfonados, alendronato de sódio, risedronato de sódio, pamidronato dissodico, De segunda linha: raloxifeno, estrógenos conjugados, calcitonina. - Causas de Osteoporose secundária. Acomete igualmente os sexos, em qualquer idade. Causa mais comum é o uso de glicocorticóides crônicos em doses suprafisiológicas Doenças endócrinas: DM, acromegalia, tireotoxicose, sd de Cushing, hipogonadismo, deficiência de GH !6Doenças do tecido conjuntivo: osteogênese imperfeita, sd de marfan, sd de ehlers-danlos, escorbuto, sd de menkes Doenças renais: Insuficiência renal crônica e acidose tubular renal Distúrbios nutricionais, hepáticos e GI: má absorção (doença celíaca), nutrição parenteral total, escorbuto, hepatopatia crônica, anorexia nervosa Distúrbios hematopoiéticos: leucemias e linfomas, doença de gaucher, policitemia Distúrbios cromossômicos: síndrome de Turner. Distúrbios do Cálcio INTRODUÇÃO As alterações do cálcio podem levar a quadros de apresentação dramática, necessitando de cuidados de emergência, ou quadros praticamente assintomáticos. Os pacientes podem apresentar hipocalcemia e hipercalcemia e, para podermos compreender estes distúrbios, comentaremos brevemente a fisiologia do cálcio. Fisiologia Normal do Cálcio O adulto apresenta cerca de 1.000 a 1.500 mg de cálcio, sendo 99% deste em forma de hidroxiapatita no esqueleto e 1% no compartimento extracelular e tecidos moles. O cálcio apresenta 2 papéis fisiológicos importantes no organismo: nos ossos, confere integridade fisiológica e resistência ao esqueleto; já no compartimento extracelular, é responsável pela manutenção e pelo controle de vários processos bioquímicos. O cálcio é um íon que predomina no compartimento extracelular e seus níveis séricos são mantidos por alguns hormônios reguladores, como o paratormônio (PTH), a vitamina D e a calcitonina. O objetivo destes hormônios reguladores é manter a calcemia dentro da normalidade (8,5 a 10,5 mg/dL). A ingestão diária de cálcio é de cerca de 1 g/dia, dos quais 300 mg são absorvidos pelo intestino. O cálcio é absorvido por mecanismo ativo, por meio de metabólitos da vitamina D, principalmente a 1,25 hidroxi-D3, e passivo, por mecanismo paracelular pela ATPase cálcio-dependente. A excreção do cálcio é realizada pelos rins, processo muito influenciado pelo PTH. Os hormônios reguladores apresentam o seguinte papel no controle da calcemia: PTH: tem secreção regulada pela calcemia, com variação inversa a sua concentração. Age nos ossos levando a aumento da atividade de osteoclastos, aumentando a concentração sérica do cálcio; também age nos rins aumentando a absorção tubular distal de cálcio e aumentando a excreção renal de fósforo. vitamina D: a principal fonte é a dieta e a síntese na pele. A luz solar transforma o 7-dihidroxicolesterol em pré-vitamina D, quando, após reação de isomerização, forma a vitamina D3. Em sua via de formação após metabolização hepática e, por fim, renal, é formado o metabólito 1,25 hidróxi-D3, cuja principal fonte é o rim. A principal ação da 1,25 é aumentar a absorção intestinal do cálcio; nos rins, sua ação envolve a reabsorção tubular de fósforo. A depleção de vitamina D está associada à diminuição de reabsorção tubular de cálcio, e a sua reposição está associada com o efeito contrário. No tecido ósseo, estimula a diferenciação de osteoclastos e, nas paratireoides, age diminuindo a secreção de PTH. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hipocalcemia.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hipercalcemia.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/paratormonio.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/vitamina_d.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/calcitonina.htm calcitonina: atua nos osteoclastos, diminuindo sua atividade e, consequentemente, a reabsorção óssea. Quando os níveis de cálcio aumentam agudamente, observamos aumento proporcional de sua secreção. Porém, em situação de hipocalcemia e hipercalcemia prolongada, seus efeitos desaparecem. HIPOCALCEMIA Introdução e Definições A hipocalcemia é definida por cálcio total menor que 8,5 mg/dL ou 2,2 mM, ou cálcio ionizado inferior aos limites da normalidade. Representa condição frequentemente encontrada na medicina. Os pacientes podem apresentar poucos sintomas, mas, em seu extremo, os pacientes podem ter quadros de hiperexcitabilidade neuromuscular grave e tetania. Etiologia e Fisiopatologia A hipocalcemia pode ser subdividida em hipocalcemia com baixos níveis de paratormônio (PTH) caracterizando quadros de hipoparatireoidismo, e pacientes com PTH aumentado, o que caracteriza o hiperparatireoidismo secundário. No compartimento extracelular, 50% do cálcio está sob a forma de cálcio ionizável e o restante ligado a albumina ou formando complexos com outros íons. Porém, esta proporção de cálcio sérico total 2:1 em relação ao cálcio ionizável pode ser alterada por condições como acidose, alcalose metabólica e hiperventilação. Em pacientes com hiperventilação, por exemplo, podemos ter um quadro de parestesias e contrações musculares com estímulo mínimo. Estas são ocasionadas pela redução transitória do cálcio ionizado. As principais causas de hipocalcemia serão discutidas a seguir. Hipoparatireoidismo Distúrbio clínico que se manifesta quando o montante de PTH produzido pela paratireoide é insuficiente para manter o adequado metabolismo do cálcio. O hipoparatireoidismo pode ser causado por alteração no desenvolvimento da paratireoide, destruição das glândulas paratireoides, diminuição de função da glândula com produção alterada de PTH e alteração na ação do PTH caracterizando os quadros de pseudo-hipoparatireoidismo. As anormalidades de desenvolvimento da paratireoide ocorrem mais frequentemente como parte de síndromes com malformações congênitas, por exemplo a síndrome de Digeorge, em que os pacientes apresentam alterações faciais, palato em ogiva, doença cardíaca congênita e anormalidadesorofaringeanas associadas ao hipoparatireoidismo. A causa mais comum de hipoparatireoidismo em adultos é a retirada cirúrgica das glândulas paratireoides, secundária às tireoidectomias realizadas para tratamento de câncer da tireoide. Após cirurgias tireoidianas, pode ocorrer hipoparatireoidismo transitório devido a edema ou hemorragia nas paratireoides e, por vezes, à síndrome do osso faminto ou hungry bone syndrome, causada por severo hiperparatireoidismo e, às vezes, secundária à hipomagnesemia pós-operatória. Outra causa de hipoparatireoidismo é a destruição autoimune das glândulas paratireoides, podendo ocorrer isoladamente ou associada a outras doenças autoimunes. A doença poliglandular autoimune do tipo 1 representa a principal associação de hipoparatireoidismo com outras doenças imunes, que ocorre em 80 a 90% dos casos. Deve-se lembrar ainda as doenças infiltrativas da paratireoide, como hemocromatose, doença de Wilson e doenças granulomatosas. Pseudo-hipoparatireoidismo Também denominada de síndrome de resistência ao paratormônio. Estes pacientes apresentam achados laboratoriais compatíveis com hipoparatireoidismo com hipocalcemia e hiperfosfatemia, com níveis de PTH aumentados e falta de resposta dos tecidos-alvo ao paratormônio. A hipomagnesemia deve ser https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hipoparatireoidismo.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/hiperparatireoidismo.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/pseudo_hipoparatireoidismo.htm descartada antes que o diagnóstico de pseudo-hipoparatireoidismo possa ser feito. Outras Causas A hipoalbuminemia pode levar à mensuração de cálcio total diminuído. Por este motivo, a concentração de cálcio sérico deve ser ajustada para a concentração de albumina, como na fórmula a seguir: Ca corrigido = Ca medido + [(4,0-albumina)x 0,8] Hiperfosfatemia pode induzir o paciente a hipocalcemia, assim como a infusão de citrato também é descrita como causa de hipocalcemia. O aumento da atividade osteoblástica também é descrito como causa de hipocalcemia e pode ocorrer na chamada síndrome do osso faminto, que ocorre após paratireoidectomia e pode ser distinguida do hipoparatireoidismo pós-operatório devido a hipofosfatemia e níveis aumentados de PTH que apresentam. A presença de extensas metástases osteoblásticas pode causar hipocalcemia e ocorre principalmente nos pacientes com carcinomas de próstata. Em pacientes críticos, a hipocalcemia pode ocorrer. Na pancreatite aguda, ocorre por formação de complexos de ácidos graxos com cálcio. A hipocalcemia também pode ocorrer em pacientes com sepse grave. Medicações também são causa de hipocalcemia. Drogas antirreabsortivas, como os bifosfonados, os anticonvulsivantes, entre outros, podem ocasionar hipocalcemia. Causas de hipocalcemia Causas associadas com PTH diminuído Causas associadas com PTH aumentado (hiperparatireoidism o secundário) Agenesia da paratireoide (isolada ou associada a outras anormalidades, como na síndrome de Digeorge) Deficiência de vitamina D Destruição da paratireoide (radiação, cirurgia, metástases e doenças infiltrativas) Resistência à vitamina D (raquitismo e osteomalácia) Autoimune (isolado ou associado à doença poliglandular autoimune tipo 1) Resistência ao paratormônio (pseudo-hipoparatireo idismo ou hipomagnesemia) Defeitos de função da paratireoide (alterações genéticas do PTH, hipomagnesemia, síndrome do osso faminto e alteração dos receptores-sensores do cálcio) Medicações Pancreatite aguda Lise tumoral maciça Metástases osteoblásticas Sepse Hiperventilação Achados Clínicos O determinante dos sintomas de hipocalcemia é a concentração de cálcio ionizável, portanto, em condições como alcalose metabólica, embora o cálcio total possa estar normal, os pacientes podem apresentar sintomas de hipocalcemia. O aparecimento de sintomas também é dependente da velocidade do aparecimento da hipocalcemia. Os sintomas são principalmente de hiperexcitabilidade neuromuscular e também de alterações de dentes e anexos; alterações cardíacas e oftalmológicas ocorrem dependendo da severidade e da cronicidade da condição. A hipocalcemia aguda tem como marca registrada a tetania. Em casos leves, os pacientes apresentam parestesias de extremidades e periorais e, em casos severos, o espasmo carpopedal, laringoespasmo e contrações musculares severas podem ocorrer. Os sintomas de tetania normalmente ocorrem com concentrações de cálcio ionizável menores que 4 mg/dL. Alguns pacientes mesmo com hipocalcemia severa não apresentam sintomas. Os sintomas de tetania incluem o aparecimento de parestesias acrais. A ansiedade e a hiperventilação pode exacerbar as parestesias. Os sintomas motores ocorrem em seguida, com mialgias, espasmos musculares, rigidez muscular e o espasmo da musculatura respiratória, que pode levar ao estridor laríngio e cianose. Os achados clássicos de irritabilidade neuromuscular, como os sinais de Trosseau e de Chvostek, devem ser pesquisados. O sinal de Trosseau consiste na indução do espasmo carpopedal ao se insulflar o manguito de pressão arterial acima da pressão arterial sistólica por 3 minutos. Já o sinal de Chvostek consiste na contração de músculos faciais ipsilaterais ao se percutir o trajeto do nervo facial próximo a orelha. Convulsões na forma de crises de ausência, focais ou crises tônico-clônicas generalizadas podem ser a única manifestação de hipocalcemia. Alterações de movimento semelhantes ao parkinsonismo com distonias, hemibalismo e coreoatetoses podem ocorrer em 5 a 10% dos casos, assim como disartria e ataxia. Sabe-se que pacientes com hipocalcemia crônica podem apresentar calcificações de gânglios da base, mas a contribuição desta lesão para os sintomas neuromusculares é discutível. Em pacientes com hipocalcemia severa, pode-se encontrar papiledema e neurite óptica, que melhoram com a correção da hipocalcemia. Alterações psiquiátricas, como labilidade emocional, ansiedade e depressão, também são descritas. Cataratas e, menos frequentemente, ceratoconjuntivite podem ocorrer, mas a correção da hipocalcemia diminui sua progressão. Hipoplasia dentária e alteração da mineralização dos dentes são manifestações crônicas associadas. Os pacientes podem ainda apresentar disfunção cardíaca sistólica, prolongamento do intervalo QT e arritmias cardíacas secundárias. As alterações esqueléticas são, em grande parte, dependentes da causa da hipocalcemia, e manifestações endocrinológicas autoimune associadas, como insuficiência adrenal, podem estar presentes. Exames Complementares Pacientes com hipoalbuminemia, como os hepatopatas, podem apresentar hipocalcemia laboratorial, sem manifestações clínicas. A fórmula de correção da calcemia de acordo com a albumina já foi comentada previamente. Para avaliação da etiologia da hipocalcemia, devem ser dosados magnésio e fósforo. A hipomagnesemia pode induzir resistência ou deficiência de PTH, levando a hipocalcemia, e a dosagem de fósforo ajuda na determinação do diagnóstico diferencial. As principais causas em pronto-socorro de hipocalcemia são hipoparatireoidismo, deficiência ou metabolismo anormal da vitamina D, insuficiência renal e hipomagnesemia. Nos pacientes com hipoparatireoidismo, o cálcio sérico é baixo, com fósforo alto e PTH indetectável e as concentrações de 25 hidroxivitamina D e 1,25 hidroxivitamina D são usualmente normais. Os pacientes com quadro de pseudo-hipoparatireoidismo apresentam quadro laboratorial semelhante, porém os níveis de PTH se apresentam elevados. Os pacientes com insuficiência renal crônica, que é a causa mais comum de hipocalcemia na maioria das estatísticas, apresentam fósforo elevado, com fosfatase alcalina, creatinina e PTH também elevados. Nestes pacientes, os níveis de 25 hidroxivitamina D estão usualmente normais, mas a 1,25 hidroxivitamina D está diminuída. Tratamento O tratamento depende da etiologia e da severidade da hipocalcemia, e será descrito a seguir. Pacientes com Hipocalcemia Leve Assintomática Pacientescom cálcio iônico acima de 3,2 mg/dL ou cálcio total entre 8 e 8,5 mg/dL são usualmente assintomáticos e podem ser tratados apenas com reposição de cálcio pela dieta ou por meio de formulações de cálcio por via oral. O aumento em 1.000 mg/dia na ingestão de cálcio é usualmente suficiente para controle. https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/insuficiencia_renal_cronica.htm https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/insuficiencia_renal_cronica.htm A suplementação de cálcio pode ser feita com carbonato de cálcio ou citrato de cálcio. Apesar do citrato de cálcio apresentar melhor biodisponibilidade, não foi demonstrado superioridade deste em comparação ao carbonato. Hipocalcemia Sintomática Os sintomas geralmente aparecem quando o cálcio ionizado é menor que 2,8 mg/dL ou o cálcio total é menor que 7 mg/dL. Estes pacientes apresentam parestesias e sinais de irritabilidade neuromuscular, muitas vezes com sinal de Trosseau e de Chvostek positivos. Neste caso, a preferência é realizar o tratamento com cálcio endovenoso repondo 100 a 200 mg de cálcio elementar (equivalente a 1 a 2 g de gluconato de cálcio). Cada mL da solução de gluconato de cálcio a 10% tem 9 mg de cálcio elementar e, da solução de cloreto de cálcio, o correspondente a 27 mg de cálcio elementar. Esta reposição deve ser feita em 10 a 20 minutos, diluída em solução salina e preferencialmente administrada via acesso central. Reposições rápidas de cálcio estão associadas a arritmias e até mesmo parada cardíaca. Após a reposição inicial emergencial de cálcio, deve ser feita reposição lenta de cálcio elementar endovenoso com 0,5 a 1,5 mg/kg/hora. Depois, esta infusão será progressivamente diminuída com a normalização do cálcio, sendo instituída reposição de cálcio por via oral e tratamento conforme a etiologia da hipocalcemia. A reposição de vitamina D também é recomendada nestes pacientes, e o calcitriol em dose inicial de 0,25 a 0,5 mcg/dia é a medicação de escolha em pacientes com hipocalcemia aguda, pois tem início de ação mais rápido. Os pacientes com hipomagnesemia devem corrigir tal alteração, pois ela induz resistência e diminui a secreção do PTH. A reposição de 2 g de sulfato de magnésio (2 ampolas a 10% de 10 mL) em 100 mL de salina fisiologica em 10 minutos costuma ser suficiente. Hipocalcemia Crônica e Hipoparatireoidismo O objetivo do tratamento é restaurar os níveis de cálcio e fósforo para o mais próximo possível do normal, em geral para níveis de cálcio entre 8 e 8,5 mg/dL. O fator limitante para restauração da calcemia normal é o aparecimento de hipercalciúria com a predisposição de formação de calculose renal. Inicialmente, o paciente é tratado com a reposição por via oral de cálcio, em doses iniciais de 1,5 a 2 g de cálcio elementar ao dia. A orientação dietética inclui uso de alimentos ricos em cálcio e pobres em fosfato, sendo estas medidas suficientes para diminuir os níveis de fósforo. Caso a reposição de cálcio seja insuficiente para a correção satisfatória da calcemia e da hiperfosfatemia, é recomendada a reposição de vitamina D em dose inicial de 50.000 unidades/dia ou o equivalente em forma de calcitriol 0,25 a 1 mcg/dia. A calciúria deve ser mensurada rotineiramente nestes pacientes e, caso esteja em níveis elevados, o uso de pequenas doses de diuréticos tiazídicos pode ser efetiva. Pacientes com Insuficiência Renal Crônica Raros pacientes nesta situação apresentam-se com hipocalcemia sintomática. O principal objetivo do tratamento nestes pacientes é prevenir a doença óssea, e não corrigir a calcemia. O objetivo inicial é usar quelante de fósforo, com a preferência pelo uso do carbonato de cálcio (o citrato aumenta a absorção de alumínio). A reposição de vitamina D na forma de calcitriol também é necessária na grande maioria dos casos, principalmente se houver hiperparatireoidismo severo associado. HIPERCALCEMIA Introdução e Definições hipercalcemia é definida como cálcio sérico maior que 10,5 mg/dL ou cálcio iônico acima do valor normal. Vários fatores influenciam na dosagem do cálcio sérico, entre eles as proteínas séricas, gamopatias monoclonais, desidratação, distúrbios do equilíbrio ácido-básico, entre outros; portanto, deve-se ter cuidado ao avaliar o paciente com achado de hipercalcemia laboratorial. Apesar de diminuir o cálcio total, a hipoalbuminemia não interfere na concentração de cálcio ionizável. A calcemia deve ser corrigida conforme a albumina. A ligação do cálcio com as proteínas é pH-dependente. A alcalose aumenta a ligação do cálcio com proteínas e, portanto, diminui o cálcio ionizado; o contrário pode ocorrer em quadros de acidose. Portanto, em pacientes com hipoalbuminemia importante e distúrbios do equilíbrio ácido-básico, é importante verificar o cálcio ionizado e não apenas o cálcio total. Etiologia e Fisiopatologia A maioria dos casos de hipercalcemia é causada por aumento da reabsorção óssea, e o cálcio da dieta e sua absorção não parecem apresentar papel predominante. O hiperparatireoidismo e a hipercalcemia da malignidade correspondem a mais de 90% dos casos de hipercalcemia O hiperparatireoidismo primário é a principal causa de hipercalcemia, ocorrendo na enorme maioria dos casos em ambiente ambulatorial. A maioria dos pacientes é assintomática no momento do diagnóstico. Nestes pacientes, ocorre secreção aumentada de PTH e hipercalcemia como consequência da redução da sensibilidade ao cálcio dos receptores nas glândulas paratireoides.Secundariamente, tem-se aumento da massa das paratireoides. Ocorre 1 caso a cada 500 a 1.000 pessoas. Em 80% dos casos, é causado por adenoma solitário de paratireoide, e em 5% dos casos, o adenoma atinge 2 glândulas paratireoides; em cerca de 15% dos casos, apresenta-se como hiperplasia das glândulas paratireoides, podendo ocorrer de forma esporádica ou dentro das síndromes de neoplasia endócrina múltipla. O carcinoma de paratireoide corresponde a menos de 0,5% dos pacientes. A hipercalcemia hipocalciúrica familiar, a exemplo do hiperparatireoidismo primário, apresenta hipercalcemia e hipofosfatemia, mas o achado diferenciador é a presença de calciúria relativa. Esta é causada por mutações no receptor-sensor de cálcio, e é transmitida por herança autossômica dominante com 100% de penetrância. A hipercalcemia da malignidade pode ocorrer por vários mecanismos: produção tumoral do PTHrp: os tumores que produzem PTHrp são principalmente da linhagem epidermoide e incluem carcinoma de pulmão, cabeça e pescoço, mama, células renais, bexiga, entre outros. O PTHrp mimetiza os efeitos do PTH com hipercalcemia, hipofosfatemia, geração de AMP-cíclico e síntese de vitamina D. A produção tumoral de PTHrp é responsável por cerca de 80% das hipercalcemias em pacientes com neoplasias; metástases osteolíticas: o PTH costuma estar normal, assim como o fósforo. As metástases esqueléticas liberam citocinas e outros fatores que levam à reabsorção óssea mediada por osteoclasto; secreção ectópica de PTH pelo tumor pode ocorrer, mas é um evento raro; os linfomas podem apresentar hipercalcemia devido à produção aumentada de 1,25 hidroxivitamina D pelo tecido linfoide, que resulta em hipercalcemia por aumento da absorção intestinal de cálcio. A hipercalcemia da malignidade é a etiologia mais comum da hipercalcemia em pacientes internados, sendo que o carcinoma de pulmão e mama representam cerca da metade dos casos. Os pacientes com doenças infecciosas granulomatosas, como tuberculose, hanseníase, histoplasmose e outras doenças fúngicas, assim como condições não-infecciosas granulomatosas, como sarcoidose, granulomatose de Wegener e granuloma eosinofílico, apresentam produção aumentada de 1,25 hidroxivitamina D e com absorção intestinal aumentada de cálcio. Algumas medicações são associadas com hipercalcemia. A intoxicação por vitamina D resulta em absorção intestinal de cálcio aumentada; também o uso excessivo de álcalis é descrito como causa de hipercalcemia. O hipertireoidismo aumenta o turnover ósseo. A triiodotironinaé descrita como fator que aumenta a atividade osteoclástica e pode ser causa de hipercalcemia. Em pacientes com insuficiência renal crônica, pode ocorrer hiperparatireoidismo terciário, com função autônoma das paratireoides. hipercalce mia dependent e do PTH hiperparatireoidismo primário hiperparatireoidismo terciário hipercalcemia hipocalciúrica familiar hipercalcemia secundária ao lítio hipercalce mia independe nte do PTH Oncogênica: dependente de PTHrp; metástases osteolíticas e mieloma múltiplo Excesso de vitamina D: intoxicação por vitamina D; doenças granulomatosas (aumento da conversão de 25-hidroxivitamina D em 1,25-hidroxivitamina D por aumento da expressão da enzima 25-hidroxivitamina D1 alfa-hidroxiase na lesão); síndrome de Williams Outras causas: tireotoxicose; insuficiência adrenal; insuficiência renal aguda; insuficiência renal crônica com doença óssea adinâmica; imobilização; feocromocitoma; doença de Jansen; doença de Paget Drogas: intoxicação por vitamina A; síndrome milk-álcali; diurético tiazídico; antiestrogênicos(tamoxifeno); ganciclovir Achados Clínicos A maioria dos pacientes com hipercalcemia leve são assintomáticos e esta é diagnosticada na maioria dos casos como achado incidental em exame laboratorial; nestes casos, o hiperparatireoidismo primário é a maior causa. Alguns pacientes com hipercalcemia crônica leve apresentam-se com mal-estar inespecífico e outros, após resolução da hipercalcemia, referem melhora do estado geral. Em pacientes com câncer, na maioria das vezes, a apresentação é com sintomas relacionados à neoplasia, porém, em alguns pacientes, a hipercalcemia é a primeira manifestação de doença neoplásica. O quadro clínico é representado, em geral, por sintomas inespecíficos como letargia, fraqueza muscular, confusão mental, anorexia, náusea, vômitos, constipação, poliúria e polidipsia. As complicações decorrentes da hipercalcemia são: desidratação, nefrolitíase, nefrocalcinose, insuficiência renal, hipertensão, arritmias cardíacas, úlcera péptica, pancreatite e até coma. Sintomas gastrintestinais resultam do relaxamento da musculatura lisa; constipação é o sintoma mais comum e anorexia, náuseas e vômitos também podem ocorrer. Sabe-se que pacientes com hiperparatireoidismo têm incidência de 15 a 20% de doença ulcerosa péptica, mas não se sabe se em outras situações de hipercalcemia são associadas com aumento de doença ulcerosa. Os sintomas neuropsiquiátricos são variáveis, e os pacientes apresentam desde sintomas vagos, como dificuldade de concentração, até alterações de personalidade e depressão. Quando a hipercalcemia é aguda, a apresentação pode ser dramática, com confusão mental, psicose orgânica e letargia que pode progredir para estupor e coma. Alguns pacientes encontram-se assintomáticos mesmo com calcemia em níveis de 15 mg/dL, enquanto outros se apresentam com sintomas mesmo com calcemia de 12 mg/dL, demonstrando que a apresentação de sintomas é dependente da velocidade em que aparece a hipercalcemia e a presença de outras condições, como uremia. A hipercalcemia pode diminuir os potenciais de ação miocárdica, o que resulta em encurtamento do intervalo QT e miocardiopatia também é descrita. Hipertensão arterial ocorre com maior frequência nestes pacientes; isto pode ocorrer por alterações renais secundárias a hipercalcemia ou vasoconstrição secundária ao cálcio. A descrição original do quadro clínico de hiperparatireoidismo descreve profunda fraqueza muscular e miopatia, mas a maioria das séries de casos recentes descreve os pacientes apenas com leve fraqueza muscular ou sem sintomas musculares. Quadros reumatológicos como pseudogota, condrocalcinose e gota são descritos. O hiperparatireoidismo primário é associado com doença esquelética conhecida historicamente como osteíte fibrosa cística, que se caracteriza por reabsorção subperiosteal das falanges distais e regiões distais da clavícula e em região de escalpo e crânio, tendo a aparência classicamente descrita como ‘sal e pimenta’ e em ossos longos, formando cistos ósseos e os chamados tumores marrons. Manifestações renais, como a nefrolitíase, ocorre em pacientes com hipercalcemia crônica e quase invariavelmente é associada com hiperparatireoidismo primário, embora a sarcoidose possa ser associada com aumento de formação de cálculos renais. A hipercalcemia crônica é associada com defeito na habilidade da concentração renal que pode induzir poliúria e polidipsia em até 20% devido a diabetes insípido nefrogênico induzido pela hipercalcemia. Insuficiência renal secundária pode ocorrer por diminuição da taxa de filtração glomerular causada por vasoconstrição direta e por contração de volume induzida por natriurese. Nefropatia crônica intersticial ainda pode ocorrer por calcificação, degeneração e necrose de células tubulares, atrofia tubular, fibrose intersticial e nefrocalcinose secundárias a hipercalciúria. A crise hipercalcêmica é uma condição emergencial em que os pacientes apresentam-se marcadamente desidratados. Anorexia, náuseas, vômitos e confusão mental ou sonolência são indicativos de gravidade da crise hipercalcêmica. Apesar de profunda desidratação, na maioria das vezes os pacientes não apresentam hipotensão arterial, pois o cálcio aumenta o tônus vascular. Exames Complemetares A hipercalcemia deve ser confirmada em novas dosagens ambulatoriais e deve-se descartar a influência da hipoalbuminemia e do equilíbrio ácido-básico sobre a concentração sérica do cálcio. Após a confirmação da hipercalcemia, deve-se investigar a etiologia desta. A seguir, sserão discutidos os princípios para estabelecer o diagnóstico etiológico da hipercalcemia: Verificar o PTH O PTH só pode ser interpretado conjuntamente com a dosagem de cálcio. A presença de PTH elevado em pacientes com hipercalcemia faz o diagnóstico de hiperparatireoidismo primário. As únicas outras possibilidades diagnósticas são o uso de lítio ou a hipercalcemia hipocalciúrica familiar, que evolui com fração de excreção renal de cálcio menor que 1%. Concentração de PTH diminuída é compatível com as outras causas de hipercalcemia. Verificar o PTHrp A presença de níveis elevados de PTHrp confirma o diagnóstico de hipercalcemia da malignidade, porém este é um teste diagnóstico muitas vezes não disponível na maioria dos serviços. Vitamina D e Metabólitos Níveis elevados de calcidiol indicam ingestão excessiva de vitamina D. A concentração de 1,25 hidroxivitamina D aumentada pode indicar produção deste por doenças granulomatosas ou linfoma e produção renal aumentada da 1,25 hidroxivitamina D secundária ao hiperparatireoidismo. Deve-se observar que a produção de PTHrp não leva a aumento de secreção de vitamina D. Outras Causas A presença de níveis diminuídos de PTH, PTHrp e de vitamina D e seus metabólitos sugere outras causas de hipercalcemia, como hipertireoidismo e doença de Paget, que devem ser investigados. Tratamento O tratamento da hipercalcemia é dependente da sua severidade. Os pacientes com hiperparatireoidismo e hipercalcemia assintomática leve nem sempre necessitam de tratamento cirúrgico e a maioria destes pacientes pode ser manejada clinicamente, permanecendo com densidade óssea e parâmetros bioquímicos por vezes estáveis por muitos anos. O tratamento deve ser particularizado em algumas situações. Por exemplo, pacientes com sarcoidose e doenças granulomatosas devem ser tratados com dieta pobre em cálcio, corticoides e tratamento específico para causa. A dose de prednisona em pacientes com hipercalcemia sintomática e doenças granulomatosas é de 20 a 40 mg/dia. Hipercalcemia Aguda Valores de calcemia maiores que 14 mg/dL classificam o paciente como hipercalcemia grave, que é associada em grande número de casos com confusão mental e necessita de atendimento imediato e agressivo. O tratamento também é recomendado de urgência se calcemia maior que 12 mg/dL e presença de sintomas. A hidratação vigorosa destes pacientes é o primeiro passo no manejo destes doentes. A hipercalcemiapredispõe a desidratação, e a reposição com salina fisiológica é recomendada, sendo frequentemente necessários 4 a 6 litros nas primeiras 24 horas de tratamento, dependendo do grau de desidratação e de comorbidades presentes, como insuficiência cardíaca. Um esquema recomendado é de 300 mL de salina fisiológica por hora, procurando manter débito urinário entre 100 e 150 mL/hora. Os diuréticos de alça podem ser usados conjuntamente, embora sua eficácia para tratamento da hipercalcemia seja questionável; podem, entretanto, prevenir a hiper-hidratação. A dose recomendada é de 20 a 40 mg de furosemida endovenosa ao dia. A terapia antirreabsortiva óssea é de extrema importância, e os bifosfonados são a droga de escolha. O início de ação dos bifosfonados para diminuição da calcemia demora de 1 a 3 dias, ao contrário da salina que diminui a calcemia em horas. O pamidronato é atualmente o agente de escolha para o tratamento da hipercalcemia da malignidade, embora provavelmente o ácido zoledrônico o substitua como agente preferencial. Alguns autores sugerem dose de 30 mg se calcemia menor que 12 mg/dL; 60 mg se calcemia entre 12 e 13,5 mg/dL e 90 mg se calcemia maior que 13,5 mg/dL em dose única. Outros autores sugerem dose de 90 mg/dia para todos os pacientes, que é a dose com máxima resposta em diminuir a calcemia. A medicação é diluída em salina e deve ser usada em infusão de 2 a 4 horas. A normalização da calcemia ocorre em 70% dos pacientes e a medicação não deve ser repetida pelo menos por 7 dias. A medicação controla a calcemia por 2 a 4 semanas, com média de 15 dias. O ácido zoledrônico é o mais potente bifosfonado, de uso intravenoso e com efeito imediato. O ácido zoledrônico consegue uma normalização do cálcio em menos de 3 dias, em 80 a 100% dos pacientes. A dose é de 4 mg, infundidos em 15 minutos, e pode ser repetido outras vezes, até normalização do cálcio. A calcitonina apresenta vantagem de início rápido, podendo ser usada no início do tratamento até o início dos efeitos dos bifosfonados. Entretanto, não deve ser usada isoladamente para tratamento da hipercalcemia, devido à taquifilaxia induzida pelo medicamento. Outras medicações utilizadas para o tratamento da hipercalcemia são o nitrato de gálio, que é um potente agente antirreabsortivo e deve ser usado por 5 dias consecutivos, em dose de 200 mg/m2. Apresenta nefrotoxicidade e tem início de ação após 5 a 6 dias e, por estes motivos, tem sido pouco utilizada no tratamento da hipercalcemia. A mitramicina também tem ação antirreabsortiva. Usada por via endovenosa na dose de 25 mcg/kg EV em 3 a 6 h de infusão. hipercalcemia leve à moderada (cálcio sérico < 14 mg/dL) hipercalcemia grave (cálcio > 14 mg/dL) Hidratação vigorosa com soro fisiológico: 4 a 6 litros em 24 horas. A hidratação isoladamente já causa uma queda significativa da concentração sérica de cálcio Hidratação, pamidronato* e furosemida, conforme descrito Pamidronato*: 90 mg IV, durante 4 a 6 horas. Hidratação, furosemida e pamidronato conseguem normalização do calcitonina: 4 a 8 U/kg de peso IM ou SC a cada 12 horas por 24 horas cálcio em 90% dos pacientes Furosemida: 20 a 38 mg IV a cada 12 horas, até cada 6 horas. Iniciar apenas após se conseguir uma adequada re-hidratação e boa diurese Corticoides: 1 mg/ kg de peso de prednisona. Deve ser prescrito em linfoma e mieloma e evitado em outras condições TÓPICOS IMPORTANTES A interpretação laboratorial da hipocalcemia é dependente de fatores como concentração sérica de albumina e equilíbrio ácido-básico. Para realizar o diagnóstico diferencial das diferentes etiologias da hipocalcemia, é preciso analisar outros eletrólitos, entre eles o fósforo e o magnésio. O tratamento do paciente assintomático é realizado preferencialmente com cálcio via oral e direcionado para a etiologia da hipocalcemia. Pacientes com crise hipocalcêmica devem ser tratados com cálcio parenteral. O hiperparatireoidismo primário é a maior causa de hipercalcemia em pacientes ambulatoriais e as neoplasias são a maior causa em pacientes internados e em unidades de emergência. O PTH deve ser dosado em todos os pacientes; caso aumentado, o diagnóstico é de hiperparatireoidismo primário. A hidratação com salina fisiológica é o tratamento inicial para pacientes com hipercalcemia. Os bifosfonados são a medicação de maior eficácia para o controle da hipercalcemia, destacando-se o pamidronato e o ácido zolendrônico.
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