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Crimes contra a honra

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CRIMES CONTRA A HONRA 
 
 
I - INTRODUÇÃO 
 
Os crimes contra a honra encontram previsão legal no Capítulo V do 
Código Penal – artigos 138 a 145 do CP. 
 
Antes de se fazer a análise de cada crime separadamente, importante 
consignar qual o bem jurídico tutelado por esses dispositivos, quais sejam, 
a honra objetiva e a honra subjetiva. 
 
A honra objetiva consiste na imagem que a pessoa possui perante a 
sociedade, perante terceiros, trata-se da sua reputação. É como a pessoa é 
socialmente vista. 
 
Por sua vez, a honra subjetiva é a autoestima da pessoa, é a imagem, 
consiste na forma como a pessoa vê a si mesma. 
 
II – DIFERENÇA ENTRE OS CRIMES CONTRA A HONRA 
 
Geralmente há muita confusão por parte dos operadores do direito quanto 
à subsunção fática dos crimes de calúnia, difamação e injúria, vejamos 
então critérios e formas de diferenciá-los. 
 
CALÚNIA – está previsto no artigo 138 do Código Penal, consiste na 
imputação de um fato determinado, sabidamente falso, previsto como 
crime. Importante ponderar que o fato pode ser minimamente 
determinado (nem sempre precisa de muitos detalhes, basta que seja 
suficiente de identificação). 
 
Tutela: o crime insculpido no artigo 139, do CP tutela a honra objetiva. O 
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caluniador ofende a reputação da vítima. 
 
Importante ter em mente que “o agente pode utilizar-se de palavras, gestos 
ou escritos. A falsa imputação de contravenção penal não caracteriza 
calúnia (inventiva imputação de crime), mas difamação.” (CUNHA, 
Rogério Sanches. Código Penal Comentado. Salvador: 12ª ed. JusPodivm, 
2019, p. 440). 
 
É possível calúnia quando a vítima é falecida? Rogério Sanches esclarece: 
 
 “A calúnia contra os mortos também é punida (art. 138, § 2º), mas, sendo 
a honra um atributo dos vivos, seus parentes é que serão sujeitos passivos, 
interessados na preservação da sua memória.” (p. 440). 
 
Exemplo: “Eu vi Carlos vendendo cocaína, às 23h, na esquina da Rua 
Voluntários, na data de hoje”. Isso sabendo o agente que o fato dito é 
mentiroso. 
 
No exemplo acima temos todos os elementos caracterizadores do crime de 
calúnia, há a imputação de um fato mentiroso, determinado, que é definido 
como crime, no caso, tráfico ilícito de drogas (artigo 33 da Lei nº 
11.343/06). 
 
Observe uma tênue, mas, ao mesmo tempo, substancial diferença de dizer 
o seguinte: “Carlos é traficante.” 
 
No exemplo acima, não temos a subsunção ao crime de calúnia, não houve 
a descrição de um fato determinado, mas sim houve a atribuição de uma 
característica pejorativa, que macula a imagem de Carlos, tem-se um 
adjetivo negativo – “traficante”. Logo, aqui ter-se-á crime de injúria (artigo 
140, do CP). 
 
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622653/artigo-140-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
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Consumação e tentativa – como a calúnia é um crime contra a honra 
que tutela a honra objetiva, sendo esta a imagem que a pessoa ostenta 
perante a sociedade, perante terceiros, consuma-se no momento em 
que a calúnia chega ao conhecimento de terceiros. 
 
Frise-se que a consumação não se dá quando a vítima toma conhecimento 
do fato calunioso, mas sim quando outras pessoas tomam conhecimento 
desse fato calunioso. 
 
Deste modo, admite ou não tentativa? Via de regra, a calúnia na 
modalidade verbal (mais comum), não admite tentativa, porque é um 
crime unissubsistente, consuma-se com um só ato, não sendo possível o 
fracionamento do iter criminis, tão logo falou, caluniou. 
 
Todavia, a regra comporta uma exceção, uma hipótese em que é possível 
tentativa de calúnia. Se a calúnia for praticada na modalidade escrita (por 
bilhete, carta, e-mail, etc.) admite sim tentativa. Isso porque o meio de 
comunicação que carrega a calúnia em seu conteúdo pode vir a perder-se, 
deteriorar-se, ou ser interceptado no caminho e que tais ofensas caluniosas 
não cheguem ao conhecimento de terceiros. De modo que houve tentativa 
de calúnia e não calúnia consumada. 
 
Exceção da verdade – auxilia na compreensão do instituto da exceção 
da verdade quando entendida tal expressão no sentido processual, no 
sentido de defesa da verdade. 
 
A exceção da verdade é a possibilidade de o acusado provar que aquilo que 
ele disse contra a vítima é verdade. Caso comprove a veracidade dos fatos, 
ausente a elementar “falsamente”, logo, o acusado será absolvido com 
fulcro no artigo 138, § 3º, do CP. 
 
Há também hipóteses em que não se admite a exceção da verdade para a 
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calúnia, quais sejam, aquelas contidas nos incisos do § 3º, do artigo 138 do 
CP. 
 
DIFAMAÇÃO - crime presente no artigo 139 do CP, que consiste na 
imputação de fato determinado, desonroso, não importando, em regra, se 
é verdadeiro ou falso. É um fato ofensivo que não é determinado como 
crime. 
 
Tutela: a difamação tutela a honra objetiva e, portanto, diz respeito à 
imagem da pessoa perante a coletividade. 
 
Consumação e tentativa: pelo fato de tutelar a honra objetiva, também 
diz respeito à imagem da pessoa perante a coletividade, logo, consuma-se 
quando terceiro toma conhecimento da ofensa. 
 
Do mesmo modo que na calúnia, “a tentativa mostra-se possível apenas na 
forma escrita (carta difamatória interceptada pelo difamado).” (CUNHA, 
Rogério Sanches. Código Penal Comentado. Salvador: 12ª ed. JusPodivm, 
2019, p. 139). 
 
Exceção da verdade: via de regra, não é possível aplicar a exceção da 
verdade no crime de difamação, conforme expõe o artigo 139, parágrafo 
único, do CP. 
 
Porém, há uma exceção à essa regra. É admissível a exceção da verdade na 
difamação se a ofensa for contra funcionário público e tiver relação com a 
função. 
 
INJÚRIA – é a atribuição de uma qualidade negativa, está prevista no 
artigo 140 do CP. Diferentemente da calúnia e da difamação, na injúria não 
há a imputação de fato, há a atribuição de um adjetivo pejorativo. 
Caso haja a imputação a alguém de um fato definido como contravenção 
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penal, o autor responde pelo crime de difamação e não de injúria, pois está 
havendo a imputação de um fato que não é criminoso. 
 
Tutela: visa proteger a honra subjetiva do ofendido, ou seja, a autoestima, 
o decoro, aquilo que a pessoa pensa dela própria. 
 
Consumação e tentativa: a consumação ocorre no momento em que a 
ofensa chega ao conhecimento do ofendido, diferentemente da calúnia e 
da difamação. 
Exceção da verdade: não é cabível exceção da verdade para o crime de 
injúria, pois tutela a honra subjetiva e também porque não há imputação 
de fato, há a opinião negativa do agente emitida sobre o ofendido. 
 
Há a possibilidade de perdão judicial na injúria, conforme § 1º do artigo 
140, CP, em que o juiz deixará de aplicar a pena, pois o perdão judicial é 
uma causa extintiva da punibilidade (artigo 107, IX, do CP). 
 
Caberá o perdão judicial na injúria se o ofendido, de forma reprovável, 
provoca diretamente a injúria (artigo 140, § 1º, I, do CP), ou então se houve 
retorsão imediata que consista em outra injúria, que é quando há revide 
imediato da injúria sofrida com a prática de outra injúria (artigo 140, § 1º, 
II, do CP). 
 
Ademais, há a injúria real, que é uma qualificadora, prevista no artigo 140, 
§ 2º do CP. Trata-se da injúria praticada mediante violência ou vias de fato 
aviltantes. Consiste na injúria em que há agressão física (com ou sem 
lesão), com o intuito de ofender a honra, humilhar a pessoa, e não 
objetivando lesionar. São exemplos de injúria real o tapa na cara ou o 
puxão de cabelo. 
 
No artigo 140, § 3º, do CP há a injúria racial, também conhecida por injúria 
por preconceito, em que o sujeito se vale de elementos de raça, cor, etnia, 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622619/par%C3%A1grafo-1-artigo-140-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
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religião, dentre outros, para ofender e adjetivar negativamente a vítima. 
 
Aqui faz-se mister diferenciar injúria racial do crime de racismo: 
O crime de injúria racial está contido no Código Penal e o racismo, previsto 
na Lei nº 7.716/1989. Enquanto a injúria racial consiste em ofender a 
honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, 
religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade 
indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma 
raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e 
imprescritível. 
 
Geralmente, o crime de injúria está associado ao uso de palavras 
depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra 
da vítima. Enquanto o crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, 
implica conduta discriminatória dirigida a determinado grupo ou 
coletividade e, geralmente, refere-se a crimes mais amplos. 
 
Outro diferenciador entre os crimes é o prazo prescricional, que na injúria 
racial é de oito anos, enquanto no crime de racismo é imprescritível e 
inafiançável, conforme determina o artigo 5º, inciso XLII, da Constituição 
Federal. 
 
Em suma, para fins práticos, pode-se dizer que na injúria racial a conduta 
dirige-se a pessoa ou pessoas determinadas. Por seu turno, no racismo, a 
ofensa dirige-se a um grupo indeterminado de pessoas (coletivo). 
 
III - DISPOSIÇÕES GERAIS: 
 
A partir do artigo 141, o Código Penal traz as disposições comuns aos 
crimes contra a honra acima estudados, vejamos. 
 
No artigo 141, do CP, estão elencadas as causas de aumento de pena. 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035120/lei-do-crime-racial-lei-7716-89
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1035120/lei-do-crime-racial-lei-7716-89
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10729169/inciso-xlii-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622430/artigo-141-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
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Nesse ponto, importante também fazer um esclarecimento, como 
diferenciar o crime de injúria contra funcionário público em razão de suas 
funções (injúria majorada – artigo 140, do CP c.c artigo 142, II, do CP) do 
crime de desacato (artigo 331, do CP)? 
 
Basicamente, a diferença reside na presença ou ausência do funcionário 
público in loco. Se o funcionário público tiver sua honra subjetiva 
ofendida, mas vier a saber dessas ofensas depois, sem estar presente no 
momento do proferimento das ofensas, ter-se-á configurado o crime de 
injúria, nos moldes do artigo 140, do CP c.c artigo 142, II, do CP. Caso as 
ofensas sejam proferidas pelo agressor diretamente, na presença da vítima 
(funcionário público), ter-se-á configurado crime de desacato, nos termos 
do artigo 331, do CP. 
 
O artigo 142 do CP versa sobre as hipóteses de exclusão do crime, 
consistem em excludentes de ilicitude. Não são aplicáveisao crime de 
calúnia, aplicam-se tão somente aos crimes de difamação e injúria. 
 
No mais, o artigo 143 do CP aborda sobre a retratação nos crimes contra a 
honra, também é uma causa extintiva da punibilidade (vide artigo 107, 
inciso VI, do CP). Retratar-se significa retirar o que foi dito, desdizer. 
 
O parágrafo único do mesmo artigo veda a aplicação do juízo de retratação 
ao crime de injúria, sendo cabível somente aos crimes de calúnia e 
difamação. 
 
Nesse aspecto, cabe a abertura de um parêntese. Na hipótese de a ofensa 
dar-se por meio de comunicação, como será feita a retratação? Será 
necessariamente feita pelo mesmo meio de comunicação? A resposta 
obtida da leitura atenta do parágrafo único do artigo 143, do CP, é não! Em 
casos em que o agente tenha praticado o crime utilizando-se de meios de 
comunicação, a retratação dar-se-á pelos mesmos meios em que se 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622653/artigo-140-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622225/artigo-142-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622055/artigo-143-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
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https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10627547/artigo-107-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10627287/inciso-vi-do-artigo-107-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/80615808/par%C3%A1grafo-1-artigo-143-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10622055/artigo-143-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
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praticou a ofensa, se assim desejar o ofendido. 
 
Logo, a retratação pelo mesmo meio não é absoluta, na verdade só ocorrerá 
a pedido do ofendido se assim achar melhor. 
 
Importante o artigo 145 do CP, por trazer a natureza da ação penal nos 
crimes contra a honra, via de regra, privada. Portanto, tais ações penais 
privadas proceder-se-ão mediante queixa-crime. 
 
A exceção consiste em quando se tem ação penal pública condicionada à 
representação nos crimes contra a honra. Vejamos o parágrafo único do 
artigo 145 do CP: 
 
- Quando o crime for praticado contra o Presidente da República e 
mediante requisição do Ministro da Justiça. 
 
- Quando o crime for praticado contra funcionário público no exercício de 
suas funções, mediante representação do ofendido. 
 
Nesse caso, cabe ressaltar o enunciado da Súmula 714 do STF que 
estabelece uma legitimidade concorrente entre o Ministério Público e o 
ofendido para ajuizar a ação penal na hipótese de crime contra honra de 
funcionário público valendo-se de suas funções. 
 
- Por interregno, quando o crime é de injúria racial, a ação penal também 
será pública condicionada à representação. 
 
 
Natalia Cola de Paula – advogada criminalista. 
 
 
 
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Referências: 
 
CUNHA, Rogério Sanches. Código Penal Comentado. Salvador: 12ª ed. 
JusPodivm, 2019. 
 
Doutrina, Volume Único, Exame da OAB – Organizadores: Flávia Cristina; 
Júlio Franceschet; Lucas Pavione. 11 ed. Salvador: JusPodivm, 2019. 
 
https://www.cnj.jus.br/conhecaadiferenca-entre-racismoeinjuria-racial/ 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.cnj.jus.br/conheca-a-diferenca-entre-racismo-e-injuria-racial/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm

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