Buscar

CONCEITOS EM EPIDEMIOLOGIA - MEP II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

1 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
↠ A epidemiologia pode ser definida como o ramo da 
ciência destinado a estudar “tudo sobre a população”. A 
origem da palavra é proveniente do grego – epi (sobre) 
+ demos (população) + logia (estudo). Segundo a 
Organização Mundial da Saúde (OMS), a epidemiologia é 
o estudo da distribuição e dos determinantes de estados 
ou eventos relacionados à saúde (incluindo doença) e a 
aplicação deste estudo ao controle de doenças e outros 
problemas de saúde 
O alvo de um estudo epidemiológico é sempre uma população 
humana, que pode ser definida em termos geográficos ou outro 
qualquer. Por exemplo, um grupo determinado de trabalhadores de 
uma clínica de radiologia ou residentes de uma zona rural podem 
constituir uma unidade de estudo. Em geral, a população utilizada em 
um estudo epidemiológico é aquela localizada em determinada área ou 
país em determinado momento do tempo. Isso forma a base para 
definir subgrupos de acordo com o sexo, grupo etário, etnia e outros 
aspectos. 
↠ Vários métodos podem ser utilizados para realizar 
investigações epidemiológicas: a vigilância e os estudos 
descritivos podem ser utilizados para estudar a 
distribuição; já os estudos analíticos são usados para 
estudar os determinantes. Assim, chegamos à primeira 
divisão da epidemiologia: descritiva e analítica. 
➢ Epidemiologia descritiva: tem como base a tríade 
o tempo, o lugar e as pessoas. Ela se preocupa 
em realizar descrições gerais relativas à relação 
de determinada doença com características 
básicas, como idade, sexo, etnia, ocupação, 
classe social e localização geográfica, dentro de 
determinado período de tempo. Ela sempre é 
observacional, nunca experimental. Embora ela 
apenas descreva os dados, a epidemiologia 
descritiva é um antecedente necessário da 
epidemiologia analítica. 
➢ Epidemiologia analítica: tem como base a tríade 
hospedeiro, ambiente e agente. Por meio do 
estudo epidemiológico analítico, subconjuntos de 
uma população definida podem ser identificados, 
classificando quem esteve, está ou estará 
exposto ou não exposto - ou exposto em 
diferentes graus - a um ou mais fatores que 
acarretarão no desfecho final – seja ele saúde 
ou doença. 
↠ A descritiva somente descreve os casos, enquanto a 
analítica mostra por meio de experimentação a 
explicação para esses casos. 
↠ Finalmente, após termos uma ideia geral do que trata 
a epidemiologia, conseguimos estabelecer quais são os 
seus objetivos. Assim, os objetivos principais dessa ciência 
são: 
➢ descrever a distribuição e a magnitude dos 
problemas de saúde nas populações humanas; 
➢ identificar e entender o agente causal e fatores 
relacionados aos agravos à saúde; 
➢ identificar e explicar os padrões de distribuição 
geográfica das doenças; 
➢ estabelecer metas e estratégias de controle; 
➢ estabelecer medidas preventivas; 
➢ auxiliar no planejamento e desenvolvimento de 
serviços de saúde ao elencar as prioridades. 
DESENVOLVIMENTO DA EPIDEMIOLOGIA 
↠ A epidemiologia teve origem na ideia de que fatores 
ambientais podem influenciar a ocorrência das doenças. 
Ela originou-se das observações de Hipócrates, pai da 
medicina grega, feitas há mais de 2000 anos, de que fa 
tores ambientais influenciam a ocorrência de doenças. Há 
indícios de que ele analisava as doenças com base em 
um pensamento racional, como sendo resultado da 
relação da pessoa com o ambiente, ressaltando que o 
clima, os hábitos alimentares e de vida deveriam ser 
considerados ao analisar as doenças. Assim, nesse 
momento começava também a noção de fatores 
determinantes e condicionantes da saúde. 
↠ Entretanto, a quantificação dos problemas de saúde se 
inicia somente no século XVII, com John Graunt, 
considerado o pai da estatística e demografia. Por meio 
de tabulação de dados sobre a mortalidade em Londres, 
ele conseguiu reunir dados de óbitos por sexo, região, 
percentuais de mortes em relação aos nascimentos e à 
população total. 
↠ Anos após, a Revolução Industrial, no século XIX, fez 
com que ocorressem muitos deslocamentos 
populacionais das zonas rurais para as áreas urbanas. Esse 
movimento populacional, que ocorre de forma 
desestruturada, contribuiu para a ocorrência de epidemias 
de cólera, febre amarela, febre tifoide, entre outras. Foi 
nesse contexto que John Snow, considerado o pai da 
epidemiologia, também em Londres, estabeleceu a 
relação entre o contágio por cólera e o consumo de 
água contaminada. Por meio de observações da localização de 
bombas d’água públicas e distribuição da doença na população, ele 
chegou à conclusão de que a água utilizada pela população de uma 
bomba em específico era responsável pela disseminação da doença. 
Isso ocorreu mesmo antes de saber qual o agente etiológico da 
doença. Mas, dessa forma, foi possível sugerir alterações na forma 
2 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
como a água era distribuída à população e também em mudanças no 
saneamento básico. 
↠ Até a primeira metade do século XX, os diversos 
ramos da medicina eram condicionados ao conhecimento 
derivado da microbiologia, porém, já na segunda metade 
do mesmo século ocorrem mudanças na concepção das 
doenças prevalentes. Novas descobertas mostraram que 
além de doenças infecciosas, também poderiam existir 
doenças crônicas e degenerativas, causadoras de 
morbidade e mortalidade, deixando claro que os agentes 
microbianos não eram capazes de explicar a etiologia de 
todas as doenças, assim como o prognóstico delas. 
↠ Diante disso, princípios ambientais, sociais, culturais, 
psicológicos, genéticos, entre outros, foram incorporados 
na elaboração dos muitos conceitos básicos para 
Epidemiologia. Dessa forma, a epidemiologia começa, a 
partir da segunda metade do século XX, a se preocupar 
com as doenças crônicas não transmissíveis, tais como 
problemas cardíacos e câncer, sobretudo nos países 
industrializados. 
↠ A epidemiologia atual é uma disciplina relativamente 
nova e usa métodos quantitativos para estudar a 
ocorrência de doenças nas populações humanas e para 
definir estratégias de prevenção e controle. 
IMPORTANTE 
Existem diferenças entre os termos endemia, epidemia e pandemia: 
Endemia: é a ocorrência habitual de uma doença ou de um agente 
infeccioso, em determinada área geográfica; pode significar, também, 
a prevalência usual de determinada doença nessa área. 
Epidemia: é doença geralmente infecciosa, de caráter transitório, que 
ataca simultaneamente grande número de indivíduos em uma 
determinada localidade. 
Pandemia: é epidemia de grandes proporções, atingindo grande 
número de pessoas em uma grande área geográfica (um ou mais 
continentes). 
INDICADORES DE SAÚDE: TIPOS E APLICAÇÕES 
↠ Indicador de saúde pode ser definido como um dado 
que represente uma situação de saúde; em outras 
palavras, trata-se de um instrumento de mensuração 
utilizado para avaliar situações de saúde, além de ser 
utilizado como base para o planejamento, execução, 
gerenciamento e avaliação de ações e serviços de saúde 
(GOMES, 2015). 
↠ No entanto, para que um indicador tenha todas essas 
aplicações, ele precisa atender a certos critérios, que, 
segundo Pereira (2013), podem ser definidos como: 
(GOMES, 2015). 
 
↠ Para que sejam efetivamente utilizados, os indicadores 
precisam ser organizados, atualizados, disponibilizados e 
comparados com outros indicadores. No planejamento 
local, podem estar voltados para o interesse específico da 
Unidade de Saúde que vai utilizá-los. Quem melhor define 
os indicadores são os profissionais da saúde, a população 
e os gestores diretamente envolvidos no processo de 
trabalho (GOMES, 2015). 
↠ Os indicadores de saúde podem ser classificados como 
negativos (taxa de mortalidade) e positivos (expectativa 
de vida), no entanto estamos mais acostumados com os 
primeiros (GOMES, 2015).↠ Em linhas gerais, os indicadores de saúde podem ser 
categorizados em: (GOMES, 2015). 
➢ mortalidade e sobrevida; 
➢ morbidade; 
➢ nutrição, crescimento e desenvolvimento; 
➢ aspectos demográficos; 
➢ condições socioeconômicas, 
➢ saúde ambiental; 
➢ serviços de saúde. 
Vale salientar que as medidas de mortalidade e letalidade podem ser 
entendidas como casos particulares dentro do conceito de incidência, 
quando o evento de interesse é a morte, e não o adoecimento. Tais 
medidas podem ser definidas como: (GOMES, 2015). 
➢ Mortalidade: é uma medida muito utilizada como indicador 
de saúde porque permite avaliar as condições de saúde de 
uma população. É calculada dividindo-se o número de óbitos 
pela população em risco. 
➢ Letalidade: é uma medida da gravidade da doença. Expressa 
o poder que uma doença ou agravo à saúde tem de 
provocar a morte nas pessoas acometidas. É calculada 
dividindo-se o número de óbitos por determinada doença 
pelo número de casos da mesma doença. Algumas 
doenças apresentam letalidade nula, como, por exemplo, 
escabiose; enquanto para outras, a letalidade é igual ou 
próxima de 100%, como a raiva humana 
3 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
INDICADORES DE MORTALIDADE 
↠ A medida de mortalidade tem sido tradicionalmente 
utilizada como indicador de saúde há mais de um século. 
Historicamente, é o primeiro indicador utilizado em 
avaliação de saúde coletiva; e ainda hoje, o mais 
empregado. Isso pode ser explicado pelas facilidades 
operacionais, pois a morte é definitiva, ao contrário da 
doença, e cada óbito tem que ser registrado (GOMES, 
2015). 
↠ Atualmente, está consolidada esta atribuição para os 
Estados, e, em geral, cabe aos Serviços de Saúde realizar 
a notificação, mensuração e avaliação da causa morte 
(GOMES, 2015). 
TAXA DE MORTALIDADE GERAL 
↠ O indicador de mortalidade mais abrangente é a taxa 
de mortalidade geral, que pode ser calculada da seguinte 
forma: (GOMES, 2015). 
 
↠ O coeficiente geral de mortalidade, ou taxa de 
mortalidade geral, refere-se a toda população, e não ao 
total de óbitos. É calculado dividindo-se o total de óbitos, 
em determinado período, pela população calculada para 
a metade do período (GOMES, 2015). 
No entanto, pode sofre influência da distribuição etária da população, 
o que pode elevar a TMG em situações onde tal mortalidade é 
esperada. Portanto, para evitar a influência das características 
demográficas de cada população e para melhor representar as 
situações de saúde de diferentes populações, é indicado o uso da Taxa 
de Mortalidade Específica (TME), que tem por objetivo medir o risco 
de morte para uma fração da população. As TME mais comumente 
utilizadas são as por: gênero, faixa etária e causa do óbito (GOMES, 
2015). 
MORTALIDADE INFANTIL 
↠ Entre esses indicadores de mortalidade por causa 
específica, destaca-se a TME por faixa etária, onde se 
encontra o coeficiente mais utilizado no mundo para 
avaliar as condições de vida de uma população, a 
qualidade dos serviços de saúde e o nível de 
desenvolvimento de uma população, a Taxa de 
Mortalidade Infantil (TMI) (GOMES, 2015). 
 
 
 
MORTALIDADE MATERNA 
↠ Dentro dessa perspectiva, outro indicador diretamente 
relacionado ao desenvolvimento e à qualidade de vida de 
uma população, e que pode repercutir sobre a TMI, é a 
Razão de Mortalidade Materna (GOMES, 2015). 
A Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998, p.143) definiu mortalidade 
materna como: morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 
dias após o término da gestação, independentemente da duração ou 
da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada ou 
agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não 
devida a causas acidentais ou incidentais. 
↠ Esse indicador pode ser calculado através da seguinte 
equação: (GOMES, 2015). 
 
↠ O número de nascidos vivos é utilizado no 
denominador da razão de mortalidade materna como 
uma estimativa da população de gestantes expostas ao 
risco de morte por causas maternas. Isso ocorre porque 
não existe no país a informação sistematizada sobre o 
número total de gestantes, apenas de nascidos vivos 
(GOMES, 2015). 
A mortalidade infantil e materna são consequências de falta de 
infraestrutura e desorganização dos serviços de saúde, no entanto 
elas podem ser evitadas através da implantação de medidas de 
acompanhamento à saúde da mulher durante a gestação e o parto e 
da criança até completar 1 (um) ano de vida. Tais medidas se adaptam 
perfeitamente à prestação da assistência à saúde no nível da atenção 
básica através da Estratégia de Saúde da Família (GOMES, 2015). 
INDICADORES DE MORBIDADE 
↠ Vale salientar que uma das características das medidas 
de morbidade é que essas são mais sensíveis que as 
medidas de mortalidade para expressar mudanças a curto 
prazo no cenário epidemiológico (GOMES, 2015). 
↠ Um dos principais problemas para se gerar indicadores 
de morbidade está na obtenção de uma fonte de dados 
confiável. Tais dados em geral são obtidos em registros 
rotineiros e inquéritos desenhados para a obtenção de 
determinados indicadores (GOMES, 2015). 
Referências 
Gomes, Elainne Christine de Souza. Conceitos e ferramentas da 
epidemiologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2015. 
MARTINS, A. A. B. Epidemiologia, Porto Alegre: SAGAH, 2018

Continue navegando