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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Curso de Farmácia Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos APOSTILA DE HOMEOPATIA CURRÍCULO 6115 Disciplina: FA642 Profa. Dra. Mônica Felts R. Soares Esta apostila tem por objetivo, facilitar o estudo dos estudantes do curso de Farmácia da UFPE, vis- to que na biblioteca são disponibilizados poucos livros de Homeopatia. No entanto, em nenhum momento está apostila dispensa a leitura do livro. Estes pontos importantes foram retirados de livro, farmacopeia e formulados pela professora. Referencias: CESAR, A. T. et al. Farmácia homeopática: teoria e pratica (4 edição), 2013, São Paulo: Manole, 2013. ANVISA. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Farmacopeia Homeopatia, 3ª Ed. Brasilia,2011. Em nenhum momento fica disponível a reprodução por qualquer processo, fica apenas disponível para o estudo dos estudantes da disciplina de Homeopatia do curso de farmácia da UFPE. Esta apostila não visa fins lucrativos, apenas a disponibilização e facilitação dos alunos ao conhecimento homeopático. Sumário História, Princípios e Fundamentos da Homeopatia ................................................................................ 5 Concepção Homeopática do processo Saúde-Doença ............................................................................ 13 Farmacologia Homeopática .................................................................................................................. 16 Medicamento Homeopático ................................................................................................................. 19 Formas Farmacêuticas Básicas .............................................................................................................. 28 Lista de Exercício – Formas Farmacêuticas Básicas ........................................................................................... 31 Conceitos e Definições - Escalas e Métodos de preparo de Formas Farmacêuticas Derivadas ................. 33 Lista de Exercício – Escalas e métodos de preparação ...................................................................................... 43 Formas Farmacêuticas de Uso Interno .................................................................................................. 44 Lista de exercício – formas farmaceuticas de uso interno................................................................................. 67 Formas Farmacêuticas de Uso Externo .................................................................................................. 69 Lista de exercício – formas farmaceuticas de uso externo ................................................................................ 76 Gabarito ............................................................................................................................................... 77 Lista de Exercício – Capítulo 5 – Formas Farmacêuticas Básicas ........................................................................ 77 Gabarito ............................................................................................................................................... 84 Lista de Exercício – Capítulo 6 – Escalas e métodos de preparação ................................................................... 84 Gabarito ............................................................................................................................................... 95 Lista de Exercício – Capítulo 7 - FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS ............................................................ 95 Gabarito ............................................................................................................................................. 100 Lista de Exercício – Capítulo 8 – FF de USO EXTERNO ..................................................................................... 100 5 CAPITULO 1 História, Princípios e Fundamentos da Homeopatia 1. HIPÓCRATES E O PRINCÍPIO DA SIMILITUDE Na Pré-História, a medicina se utilizava do instinto para avaliar qualquer expressão da dor. Os sacerdotes eram dotados de poderes pela coletivi- dade e desempenhavam uma medicina mágica e empírica, buscando causas místicas e sobrenatu- rais para as doenças. A enfermidade era primariamente uma en- fermidade moral, castigo. A prescrição se dava através de “medicamentos” a base de flores, fru- tos, cascas e raízes de plantas, parte de órgãos de animais e substâncias minerais. A relação que existia entre o médico e o paciente era de fé. Por volta de 350 a.C. na Antiga Grécia nas escolas médicas foi que ocorreu as primeiras tentativas de se criar uma teoria racional sobre a saúde e a do- ença. O maior representante do pensamento mé- dico grego foi sem dúvida Hipócrates (468 a.C. – 377 a.C.), considerado o pai da medicina, respon- sável pela atividade médica apoiada no conheci- mento experimental, desvinculado da religião, magia e da superstição. Para Hipócrates, a terapêutica tinha por ba- se o poder curativo da natureza, e as doenças in- terpretadas como um quadro particular de cada indivíduo. Ele entendia como doença uma pertur- bação do equilíbrio o qual mantinha o ser humano em harmonia consigo mesmo e com a natureza. Demonstrou ainda que os sintomas são reações do organismo frente a enfermidade, e que o trabalho do médico era ajudar as forças defensivas naturais do organismo. A homeopatia se alicerça no seguinte enunciado de Hipócrates: A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna a saúde. Como exemplo, afirmou que as próprias substâncias que causavam a tosse, a diarréia e provocavam vômitos curavam doenças que apre- sentavam sintomas semelhantes, desde que utili- zadas em doses menores. Em várias obras atribuídas a Hipócrates encontramos em vários trechos referências a asser- tativa similia similibus curantur, embora a tera- pêutica da época adotava a contraria contraris curantur. A medicina ocidental possui 2 correntes te- rapêuticas fundamentadas nos princípios dos con- trários e dos semelhantes: Alopatia: emprega o princípio dos contrá- rios para combater as doenças, através de substâncias que atuam contrariamente aos sintomas como por exemplo os antiinfla- matórios e antitérmicos. Homeopatia: emprega o princípio da simi- litude, apoiando-se na observação experi- mental de que toda substância capaz de provocar determinados sintomas em um indivíduo sadio é capaz de curar, desde que em doses adequadas, um doente que apresente sintomas semelhantes. Embora tenha relatado e observado este fenômeno, Hipócrates não se aprofundou no prin- cípio da similitude. Coube a Hahnemann demons- trá-lo clinicamente e firmá-lo como método tera- pêutico, bem como dotá-lo de uma farmacopéia própria. 2. SAMUEL HAHNEMANN Christian Friederick Samuel Hahen- mann, nasceu em 11 de abril de 1755 em Meis- sen, Alemanha, numa época em que o comércio de porcelana era a maior fonte de riqueza. Filho de artesãos da porcelana, já na primeira infância to- mou gosto pela química por observar seus pais no preparo das tintas e esmaltes. Como na época a profissão de maior pres- tígio era a de mercador de porcelana, foi orientado pelo pai para o aprendizado de várias línguas. Encontrou muitas dificuldades nos estudos por ser de origem humilde e por isto nãopodia usar a biblioteca da escola. Porém recebeu ajuda de seu professor de línguas, Dr. Müller, que era amigo do príncipe da região e pôde aperfeiçoar seus conhecimentos lendo livros de botânica, química, matemática e física. Finalizou seus estu- dos em Meissen aos 20 anos, dominando fluente- mente vários idiomas. Entre eles, Francês, Italia- no, Inglês, Espanhol, Latim, Grego, Árabe e Sírio. Em 1775 foi para Leipzig estudar medici- na, e para sustentar-se ministrava aulas particula- res de língua estrangeira e traduzia obras científi- cas para o Alemão. Além de estudar as patologias e as doenças, Hahnemann pesquisou sobre as cor- rentes filosóficas da época, em especial o vitalis- 6 mo e o organicismo, que acreditavam na força vital e na organização biológica, respectivamente. Para Hahnemann o princípio vital era a causa e não conseqüência da estrutura orgânica, portanto era partidário do vitalismo da época. Após 2 anos de estudo na Universidade de Leipzig, Hahnemann resolveu continuá-los em Viena, pois esta escola proporcionava maiores conhecimentos científicos. Se dedicou a prática médica criando um maior contato com as doenças e doentes, prática não muito comum à época. Em 1779, Hahnemann recebeu o grau de doutor em medicina na Universidade da Alema- nha, neste mesmo ano foi eleito para a academia de ciências da Mongucia, devido às suas pesquisas na área química. Seu Tratado de Matéria Médica, que fala sobre as propriedades medicinais das drogas, tornou-se o manual oficial da época. Além disso, foi responsável pela sistematização da far- macopéia alemã. Hahnemann não se fixava em nenhum lu- gar, sempre buscando novidades científicas e mei- os de ganhar a vida. Entre 1779 e 1787, residiu em várias cidades, conquistando enorme clientela e excelente reputação como médico e farmacologis- ta. Em Dessau, freqüentou a “Pharmacia” do boticário Haesseler onde conheceu a sua primeira esposa, Johanna Henriette Leopoldine Kücheler, que lhe deu 11 filhos. Hahnemann terceu várias críticas a medi- cina da época que se apoiava basicamente, em sangrias, fórmulas complexas e medicamentos tóxicos para o tratamento das doenças. Abando- nou a medicina em 1787 por achá-la empírica de- mais. Desiludido, escreveu a um de seus amigos: Para mim, foi uma agonia estar sempre no escuro quando tinha de curar o doente e prescrever de acordo com essa ou aquela hipótese arbitrá- ria...renunciei a prática da medicina para não correr mais risco de causar danos à saúde alheia e dediquei-me exclusivamente à química e às ocu- pações literárias. Para poder sobreviver, voltou a trabalhar como tradutor, passando a enfrentar grandes dificuldades financeiras. 3. O NASCIMENTO DA HOMEOPATIA Em 1970, ao traduzir a Matéria médica, do médico escocês Willian Cullen, Hahnemann ficou indignado com o fato de esse autor atribuir a efici- ência terapêutica da droga quina ao seu efeito tô- nico sobre o estômago do paciente acometido de malária. Não concordando com essa hipótese, re- solveu fazer experiências ingerindo por vários dias certa quantidade de quina. Para sua surpresa pas- sou a apresentar uma série de sintomas típicos de malária: esfriamento das pontas dos dedos dos pés e das mãos, fraqueza e sonolência, taquicardia, pulsação rápida, ansiedade e tremor intoleráveis, pulsação na cabeça, rubor na face, sensação de entorpecimento, enfim, um quadro que trazia a aparência global da febre intermitente, em paro- xismo de 3 a 4 horas de duração. Ao suspender o uso da droga sua saúde voltou à normalidade. De- veria haver, portanto, uma identidade entre a do- ença e a droga ingerida. O resultado desse experimento chamou a atenção de Hahnemann para o adágio hipocrático similia similibus curantur, ou seja, uma droga reconhecidamente eficiente no tratamento da ma- lária era capaz de produzir sintomas semelhantes aos da doença num indivíduo sadio. Em seguida, experimentou a quina em seus familiares e ami- gos, notando que havia a presença dos mesmos sintomas. A partir daí resolveu fazer observações no homem doente para confirmar se o princípio da similitude funcionava na prática, e ao atender seus pacientes prescrevia drogas que produziam no homem sadio sintomas semelhantes aos dos en- fermos para observar se ocorria o fenômeno da cura. Como a maioria dos resultados foi positiva, sua hipótese foi confirmada. A partir desse fato, reconheceu a necessidade da experimentação hu- mana par poder prescrever cientificamente aos doentes os agentes terapêuticos capazes de curá- los. De 1790 a 1796, Hahnemann experimen- tou diversas substâncias, sempre nas pessoas sadi- as, além de realizar extensa pesquisa a literatura médica sobre sinais e sintomas provocados por drogas tóxicas. Em 1976, publicou no Jornal de Medicina Prática o seu primeiro trabalho científi- co sobre suas descobertas denominado “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as propri- edades curativas das substâncias medicinais”. Com finalidade de diminuir os efeitos tóxicos e nocivos das drogas, adotou as doses infinitesimais para o tratamento dos seus pacientes. Em 1805 publicou a primeira Matéria Mé- dica Homeopática, com 27 substâncias ensaiadas. Em 1810, editou a 1° edição do seu livro básico, ORGANON DA ARTE DE CURAR, no qual en- contramos a doutrina homeopática e seus ensina- mentos, regras minuciosas para exame, entrevista 7 e tratamento do paciente. Entre 1811 e 1826, pu- blicou 6 volumes da MATÉRIA MÉDICA PURA, com 64 medicamentos experimentados. A reputação da homeopatia cresceu rapi- damente por seus resultados e ganhou muitos sim- patizantes. Porém seus tratamentos apresentavam dificuldades diante da doença crônica, que reapa- recia frequentemente com novos sintomas. Passou a estudar estes casos até que encontrou um fator desencadeador destes processos, que denominou “miasmas”. Em 1828 divulgou suas descobertas por meio da obra “As Doenças Crônicas”, com- posto por 5 volumes que fala sobre a causa das doenças crônicas, juntamente com o estudo de novos medicamentos para o tratamento de doen- ças. Hahnemann casou-se de novo aos 80 anos com uma jovem francesa de nome Marie Melaine Derville, indo viver em Paris, onde obteve permis- são para exercer a medicina com muito sucesso. Morreu aos 88 anos, em 2 de julho de 1843, cer- cado de muito respeito e admiração pelo legado que deixou ao mundo científico: 21 livros e 25 traduções. 4. A HOMEOPATIA NO BRASIL Em 1840, a homeopatia foi introduzida no Brasil pelo médico francês, natural de Lyon, Dr. Benoit Jules Mure, mais conhecido em nosso meio como Bento Mure, que logo garantiu discí- pulos entre os colegas brasileiros. As tinturas e as substâncias utilizadas na homeopatia vinham da Europa e os próprios médicos manipulavam-nas devido à inexistência de farmácias especializadas. Por volta de 1851, a Escola Homeopática do Brasil, sob forte pressão dos farmacêuticos, aprovou a separação da prática médica da prática farmacêutica. não existiam, até então, leis que regulamentassem a farmácia homeopática do Bra- sil, facilitando a manipulação de medicamentos homeopáticos aos proprietários leigos. Somente em 1886 com o Decreto n° 9554, surgiu uma Lei que dava o direito de manipular somente a farma- cêuticos. A partir de 1965 surgiram leis mais es- pecíficas para a farmácia homeopática e através do Decreto 78841 aprovou-se a parte geral da 1ª Edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira. Em 1980 com a resolução 1000/80, a homeopatia foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina. Em 1988 no Congresso Brasileiro de Ho- meopatia, foi aprovada a publicação do Manual de Normas Técnicas para Farmácia Homeopática, qe foi revisado 3 anos depois. Em 1997, de acordo com a portaria 1180 foi aprovada a parteI da 2° edição da Farmacopéia Homeopática Brasileira. A 3a. Edição da Farmacopéia Homeopática Brasilei- ra foi publicada em 2011. A 3ª Edição do Manual de normas técni- cas para farmácia homeopática foi publicada em 2003, com o substituto “ampliação dos aspectos técnicos e práticos das preparações homeopáti- cas”. As propostas aprovadas nas assembléias, coordenadas pela diretoria da Associação Brasilei- ra de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), foram sistematizados pela comissão científica e trans- formadas no texto final da 3° edição do manual. Por meio de encaminhamento semelhante, em 2007, foi lançada a 4° edição deste importante compêndio. 5. O QUE É HOMEOPATIA? A homeopatia é uma especialidade médica e farmacêutica que consiste em ministrar ao paci- ente doses mínimas do medicamento, de acordo com a lei dos semelhantes, para evitar a agravação dos sintomas e estimular a reação orgânica na di- reção da cura, ou seja, sobrepujar a força da doen- ça. O termo homeopatia vem do grego “ho- moios-pathos” (sofrimento/doença semelhante) e designa a doutrina que prega a cura de doenças pela administração de substâncias que, aplicadas a um indivíduo são, geram sofrimento semelhante ao do paciente, ou seja, sintomas semelhantes. A missão do clínico homeopata é de pres- crever substâncias que quando administradas em pessoas sadias provoca o mesmo sintoma análogo aos da doença a ser combatida. Essas substâncias são transformadas em medicamento homeopático pelo especialista em homeopatia, através de uma técnica denominada dinamização que permite di- minuir os efeitos tóxicos da substância original. Desta forma, segundo a Farmacopéia Ho- meopática Brasileira, “o medicamento homeopáti- co é toda apresentação farmacêutica destinada a ser ministrada segundo o princípio da similitude, com finalidade preventiva e terapêutica, obtida pelo método de diluições seguida de sucussões e/ou triturações sucessivas”. 6. FUNDAMENTOS DA HOMEOPATIA (4 LEIS) 6.1. LEI DOS SEMELHANTES 8 Também chamado de princípio da similitude ou da analogia, a lei dos semelhantes foi utilizada empiricamente na medicina deste tempos remotos. Hahnemann teve como precursores vários médi- cos, em especial Hipócrates e Paracelso, que por meio de suas obras difundiram a lei dos semelhan- tes. Todavia, foi Hahnemann o descobridor do seu mecanismo de aplicação e de sua utilização cientí- fica na cura de doentes. Trata-se de qualquer substância capaz de pro- vocar em um organismo sadio, porém sensível, em doses adequadas, um conjunto de sinais e sinto- mas capaz de curar um indivíduo que apresente um quadro mórbido semelhante, com exceção de lesão irreversível. Ex. Suponhamos que um doente com úlcera gástrica, durante uma visita ao médico homeopata, afirme ter hemorragias frequentes, eventuais diar- reias explosivas, gosto amargo na boca, sensação de sufocamento com falta de ar à noite, grande inquietude de espírito, ansiedade e muito medo da morte, diminuição da memória, além de queima- ção no estômago, que acalmam com calor e pio- ram com o frio. Por serem sintomas análogos aos da ingestão de Arsenicum álbum, tais sintomas sugerem ao médico a indicação de Arsenicum álbum, que o prescreverá em doses bem diminu- tas. Deste modo, para a aplicação da lei dos seme- lhantes, é necessário saber antecipadamente o que cada droga é capaz de provocar em indivíduos sadios (os chamados experimentadores). (Obs: neste caso o medicamento Arsenicum álbum é o similimum do doente, ver definição de similimum a frente). Um conceito importante para compreender a Lei dos Semelhantes é o de Patogenesia: Patoge- nesia é o conjunto de sinais e sintomas objetivos (físicos) e subjetivos (emocionais e mentais) ob- tidos pela administração experimental de deter- minada substância em indivíduos sadios porém sensíveis e equivale a uma doença “experimen- tal” ou doença artificial. Ex. Administramos ao indivíduo uma substân- cia em dose capaz de perturbar a homeostase or- gânica e o organismo apresentará sintomas relaci- onados a esta substância, os Sintomas Patogenéti- cos. Para um indivíduo apresentar estes sintomas a dose deve ser forte o suficiente para provocar um desequilíbrio ou um alto grau de sensibilidade a substância testada. Similimum: Medicamento cujos sintomas pa- togenéticos no homem sadio coincidem com a totalidade sintomática de determinado quadro mórbido. Representa o medicamento adequado ao doente. Para prescrever um medicamento homeopático o médico deverá observar o conjunto de caracte- rísticas do indivíduo, no aspecto físico, psíquico, emocional – e a partir daí prescrever o Similimum do paciente. Para a homeopatia, a enfermidade é a reação incompleta do organismo com a doença. Ao ad- ministrarmos uma determinada droga a este indi- víduo, num primeiro momento observamos uma piora sintomática, mas que com o fim do efeito farmacológico notaremos um efeito biológico de sinal contrário que é a reação orgânica a droga. Hahnemann expõe assim o princípio da simili- tura no parágrafo 19 do Organon da arte de curar: Visto que as doenças não são mais do que al- terações do estado de saúde do indivíduo sadio, expressando-se por meio de sinais mórbidos, e a cura, igualmente, só é possível com a conversão desse estado em saúde, vê-se, então, sem dificul- dade, que os medicamentos não poderiam curar as doenças de modo algum, se não possuíssem a força de alterar o estado de saúde do homem, baseado em sensações e funções e mais: vê-se que unicamente nesta sua força de alterar o estado de saúde é que se deve basear seu poder de cura. (Hahnemann completa a afirmação no parágrafo 27, do mesmo livro). 6.2. EXPERIMENTAÇÃO EM HOMEM SADIO Para a homeopatia a única forma de co- nhecer de maneira confiável os efeitos farmacoló- gicos de uma substância medicinal é experimen- tando-a no organismo humano sadio (experimen- tação patogenética, homeopática ou pura). Não são utilizados animais, pois cada espécie apresenta uma reação própria, muito diferente da reação dos seres humanos, por serem distintas as suas consti- tuições. Os testes em doentes também não são tolerados, pois a mistura dos sintomas provocados pela droga teste impede uma avaliação correta do experimento. Ex. se administrarmos Belladona a um ele- fante, esta é mortal em pequenas doses, porém inócua a animais pequenos. A Nux vômica e o Aconito são inofensivos a suínos e cães, mas po- dem matar um homem. Além do que em animais 9 só observamos os sintomas mais grosseiros e nos doentes podemos ter uma mistura de sintomas. Quando administramos uma substância medicinal a um indivíduo e os sintomas resultan- tes são compilados, estamos registrando as mani- festações específicas do organismo diante da agressão proporcionada por tal substância. Desse modo, revela-se a farmacodinâmica da substância testada. As drogas devem ser testadas nas doses tóxicas, hipotóxica e dinamizadas para que pos- sam revelar todos os sintomas. Desta forma, os sintomas físicos, emocionais e mentais aparecem com maior riqueza de detalhes. Devem ser utilizados experimentadores sensíveis as substâncias dinamizadas (os medica- mentos) durante os experimentos para a obtenção de quadros completos de sintomas psicomentais. CARACTERÍSTICAS DO EXPERIMENTA- DOR: Indivíduo aparentemente saudável; Indivíduo de ambos os sexos entre 18 a 45 anos; Indivíduo com boa capacidade de expres- são oral e escrita; Conhecimento da sintomatologia homeo- pática; Vida saudável e equilibrada; Leve a experiência a sério. CARACTERÍTICAS DA SUBSTÂNCIA PARA EXPERIMENTAÇÃO Substância pura; Corretamente identificada; Descrição completa da técnica de preparo. REGIME Moderado; Evitar qualquer substância com poder me- dicamentoso, como a cafeína,especiaria, etc; Evitar comidas condimentadas; Evitar excessos físicos e mentais. DOSES Sub-tóxicas; Experimentar o medicamento 3 vezes ao dia até aparecer os sintomas; Pacientes sensíveis passam para uma nova fase onde será aplicado medicamentos em potências mais altas. 6.3. DOSES MÍNIMAS No início das experimentações, Hahne- mann preocupou-se com a intensidade das reações provocadas que eram muito fortes visto que não se utilizava medicamentos divididos e sim tinturas, o que muitas vezes fazia com que o indivíduo desis- tisse da experimentação. Com a finalidade de se diminuir estes sin- tomas Hahnemann passou a diluir o medicamento em água ou álcool, porém observou que se o me- dicamento não fosse forte o suficiente não produ- ziria as reações orgânicas. Com resultados insatis- fatórios continuou a sua pesquisa, e além de diluir o medicamento passou a realizar agitações vigoro- sas que denominou sucussões. E ao administrar este medicamento observou que além de diminuir a agravação dos sintomas e efeitos tóxicos das altas doses ocorria uma aumento da reação orgâ- nica. A partir desse momento Hahnemann pas- sou a utilizar diluições infinitesimais e potenciali- zadas. Esse processo farmacotécnico é conhecido como dinamização. Dinamização: divisão de uma droga pelo- procedimento de diluição + sucussão ou tritura- ção em lactose + trituração, a fim de desenvolve- ra força medicamentosa. Diluição: É dividir uma dada quantidade de droga em 10 (escala decimal) ou 100 (escala centesimal) partes do veículo. Para uma explanação inicial do processo de preparação do medicamento homeopático, apresentamos o seguinte esquema: Uma parte do insumo ativo na forma de tintura mãe (substâncias solúveis) ou tritu- ração mãe (substâncias insolúveis) + 99 partes do insumo inerte + 100 sucussões: 1ª dinamização centesimal hahnemanniana (1CH); Uma parte da 1CH + 99 partes do insumo inerte + 100 sucussões: 2ª dinamização centesimal hahnemanniana (2CH); Uma parte da 2CH + 99 partes do insumo inerte + 100 sucussões: 3ª dinamização centesimal hahnemanniana (3CH); E assim sucessivamente... (Figura 1) Figura 1 10 Tabela 1 Obs. Não é possível a conversão entre escalas, pois sua correlação é apenas matemática. Quanto maior a potência do medicamento, mais diluído está, e menor é a probabilidade de encontrarmos moléculas da droga original na solução. 6.4. REMÉDIO ÚNICO O clínico homeopata procura, sempre que possível, individualizar o quadro sintomático do paciente para encontrar o seu simillimum. Se ele utilizar em um mesmo paciente, de uma só vez, mais de um medicamento, estes mobilizarão con- juntamente os mecanismos de defesa do organis- mo, numa competição. Pelo princípio da similitu- de, apenas um deve cobrir a totalidade dos sinto- mas apresentados pelo doente. Além disso, com o uso simultâneo de dois ou mais medicamentos, fica impossível determinar, cientificamente, qual foi o responsável pela cura. Entretanto, na prática, nem sempre é possível encontrar o simillimum. O remédio único constitui um dos fundamentos mais importantes da homeopatia do ponto de vista médico-científico e o mais difícil de ser realizado na prática, pois exige do clínico conhecimentos bastante profundos da matéria médica homeopáti- ca. 7. ESCOLAS MÉDICAS HOMEOPÁTICAS Existem vários motivos para a criação de dife- rentes escolas médicas, entre eles: Complexidade da doença; Imprecisão dos sintomas; Desconhecimentos dos princípios homeo- páticos; Inexistência de patogenesias capazes de cobrir a totalidade dos sintomas; Necessidade do estudo constante; Experiência clínica particular de alguns homeopatas. As principais escolas homeopáticas são: unicismo, pluralismo, complexismo e organicismo. 7.1. UNICISMO Clínico prescreve um único medicamento, à maneira de Hahnemann, com base na totalidade dos sintomas, independe do quadro fisiológico, corresponde ao simillimum do paciente. Inconveniência: o existência de um medicamento que represente em todos os detalhes o quadro que o paciente apresente; o o médico conheça este medicamen- to; o o medicamento esteja sempre dis- ponível. Exemplo de receita unicista: o Pulsatilla nigrans 6LM. Tomar uma colher (chá) de 2 em 2 horas. o Sepia 12CH. Pingar 10 gotas diretamente na bo- ca, 2 vezes ao dia. Obs: Existe uma variante do Unicismo Hahnema- niano, que trata-se do Kentismo, dos seguidores de James Tyler Kent (1849-1916), médico norte- americano responsável por realizar experiências com altíssimas potências, e dose única, geralmente Potência Diluição Concentração Exponentes 1a. Dinamiza- ção centesimal hahnmanniana (1CH) 1/100 1 para 100 10-2 2a. Dinamiza- ção centesimal hahnmanniana (1CH) 1/10.000 0,01 para 100 10-4 3a. Dinamiza- ção centesimal hahnmanniana (1CH) 1/1.000.000 0,0001 para 100 10-6 4a. Dinamiza- ção centesimal hahnmanniana (1CH) 1/100.000.000 0,000001 para 100 10-8 12a. Dinamiza- ção centesimal hahnmanniana (1CH) 1/1.1023 0,(21zeros)1 para 100 10-24 11 potências superiores a 1000FC (milésima potência preparada por aparelho de fluxo contínuo). Exemplo de receita kentiana: o Phosphorus 10000FC líquida. Tomar todos o conteúdo do frasco, de uma só vez, em jejum. 7.2. PLURALISMO (ou ALTERNISMO) Clínico prescreve 2 ou mais medicamentos para serem administrados em horários alternados ou não, com finalidade de um completar a ação do outro, atingindo assim a totalidade dos sintomas do paciente. Os medicamentos são administrados em frascos isolados, e o clínico leva em conside- ração os sintomas locais, mentais e pode utilizar juntamente o similimum do paciente. Inconveniência: o tendência a polifarmácia, dificul- tando a avaliação correta de cada medicamento; o indução de um segundo estímulo diferente antes de haver se esgota- do a ação farmacodinâmica anteri- or; o emprego simultâneo de estímulos opostos; o prolongamento do tratamento uma vez que a cura é mais rápida com o simillimum. Exemplos de receita pluralista: Barium carbonicum 6CH, 20 mL, 1 frasco Phytolacca decandra 6CH, 20 mL, 1 frasco Pingar 5 gotas de cada medicamento, dire- tamente na boca, de 2 em 2 horas, alter- nando-os a cada tomada. 7.3. COMPLEXISMO Clínico prescreve dois ou mais medicamentos para serem administrados simultaneamente. Podem ser preparados em mesmo frasco ou em frascos isola- dos. Inconvenientes: o impossibilidade de distinguir qual medicamento realmente atuou; o impossibilidade de distinguir qual remédio no complexo é eventual- mente prejudicial; o risco de interação medicamentosa desconhecida; o foge do conceito de homeopatia pois nunca houve experimentação patogenética destes complexos; o estimulam auto-medicação; pro- porcionam resultado de curta dura- ção; visam a paliação dos sintomas; podem desenvolver patogenesias em indivíduos sensíveis; podem in- terferir no tratamento bem condu- zido. Exemplo da receita complexista: - Hydrastis canadensis 6CH, 20 mL, 1 frasco - Hepar súlfur 6CH, 20 mL, 1 frasco - Kalium bichromicum 6CH, 20 mL, 1 frasco Pingar 5 gotas de cada um dos medicamentos, diretamente na boca, de 2 em 2 horas. Eupatorium 5CH Bryonia alba 6CH ãã...qsp...30mL Allium cepa 6CH Tomar 5 gotas, 4 vezes ao dia. 7.4. ORGANICISMO Clínico prescreve o medicamento visando aos órgãos doentes, considerando as queixas mais imediatas do paciente. Bastante próxima da medi- cina alopática. Fixa-se apenas no problema local. Exemplo de receita organicista: Urtica urens 6CH, 20 mL, 1 frasco. Tomar 5 gotas de hora em hora. Referências Bibliográficas Farmácia homeopática: teoria e prática. Olney Leite Fontes.4a. Edição. Editora MANOLE, 2001. ISBN 8520434770, 9788520434772, 389 páginas. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3ª edição, 2011. 12 Organon da arte de curar de Samuel Hahnemann para o século XXI. Marcelo Pustiglione, 286 páginas. ISBN nº 978-85- 86625-39-8. 13 CAPITULO 2 Concepção Homeopática do processo Saúde-Doença FENÔMENO VITAL O modelo conceitual no qual a terapêutica homeopática se apóia é de origem vitalista. So- mente quando aceitamos a noção de um princípio de causalidade para a vida, fora das dimensões físicas habituais, concordamos em considerá-lo um modelo para a homeopatia. Vitalismo é uma doutrina filosófica, se- gundo o qual os seres vivos possuem uma força particular que os mantém atuantes, o princípio ou força vital, distintas das propriedades físico- químicas do corpo. Segundo o modelo filosófico homeopático, a condição do organismo depende apenas da saúde da vida que o anima. Assim conclui-se que a do- ença consiste em uma condição alterada original- mente apenas nas sensibilidades e funções vitais, independentemente de toda consideração química ou mecânica, ou seja, a origem primária das doen- ças está na perturbação da força vital. FORÇA VITAL Hahnemann interpreta a força vital como man- tenedora do equilíbrio orgânico. É a força vital que mantém o organismo em harmonia. Sem ela, o organismo não age, não sen- te e se desintegra, sendo a força vital responsável pela integração dos diversos níveis dinâmicos da realidade humana (físico, emocional e mental). No estado de saúde, a força vital imaterial que dinamicamente anima o corpo material reina com poder ilimitado e mantém todas as suas partes em admirável atividade harmônica, nas suas sensa- ções e funções, de maneira que o equilíbrio dotado de razão, que reside em nós, pode livremente dis- por desse instrumento vivo e são para atender aos mais altos fins de nossa existência. A homeopatia define saúde como um estado de equilíbrio dinâmico que abrange as realidades física e psicomental dos indivíduos em suas inte- rações com o ambiente natural e social. A doença reflete, mediante os sintomas, o esforço da força vital na tentativa de restabelecer o equilíbrio. Concebe, desse modo, a doença como um pro- cesso que pode ter se iniciado nos níveis emocio- nal e mental dos indivíduos suscetíveis, e posteri- ormente se manifesta sob a forma de lesão orgâni- ca. Assim, o ponto final do adoecer para a homeo- patia é o ponto inicial para a alopatia. O ser humano apresenta 3 níveis dinâmicos identificáveis: o físico, o emocional e o mental. Sobre eles age a força vital, mantendo-os equili- brados. O homem pensa por meio do seu nível mental, sente por seu nível emocional, age pelo seu nível físico e encontra-se coeso em seus três níveis pela ação integradora da força vital. Existe uma hierarquia na constituição do ser humano: mental > emocional > físico. Para o ho- meopata é necessário distingui-los para avaliar a evolução da doença. Existe também a hierarquia dentro de cada ní- vel: Físico: órgãos respiratórios > pele; Emocional: depressão > irritabilidade; Mental: delírio ou paranóia > falta de con- centração ou letargia. Quando um órgão nobre é atingido por uma doença, a força vital transfere o problema para um nível mais periférico para aliviar a agressão, como a pele. Ou ainda se esta estiver abalada poderá resultar em uma doença mais grave. A pele é muito importante no contexto geral do organismo, não devendo utilizar medicamentos de forma paliativa, pois removendo os sintomas antes da cura do problema original pode ocorrer uma supressão e dificultar a identificação do si- millimum. Quando suprimimos algum sintoma podemos ter uma evolução no quadro para níveis mais profundos e perigosos, que denominamos metástases mórbidas. PROCESSO DE CURA A primeira constatação de que o tratamen- to está correto é quando ocorre um aumento tran- sitório dos sintomas, que logo a seguir desapare- cem com a cura do paciente. Leis da cura: Os sintomas devem desaparecer na ordem inversa do seu aparecimento; A cura progride do alto do corpo para bai- xo; O corpo procura exteriorizar os sintomas, mantendo-os em suas partes mais exterio- res (mucosas e pele); A cura progride dos órgãos mais nobres para os menos nobres 14 Antigos sintomas podem desaparecer. SEMIOLOGIA HOMEOPÁTICA Numa consulta homeopática bem conduzi- da, o homeopata escuta, interroga, observa e exa- mina o paciente, par obter a mais perfeita totalida- de dos sinais e sintomas capazes de espelhar a imagem do seu estado enfermo particular. Para isto é muito importante que o clínico conheça pro- fundamente a Matéria Médica Homeopática e as técnicas para interrogar o paciente. As fichas clínicas representam o meio mais interessante para anotara as informações disponi- bilizadas pelo paciente e seus acompanhantes para a escolha do simillimum. Esta ficha deve conter, além da data e dos dados pessoais do paciente, um questionário que desperte espontaneamente as informações que individualizam o paciente. Talvez o problema mais difícil da homeo- patia seja a retratação do caso, quando esta é bem feita, o trabalho posterior é mito reduzido, ou en- tão tornar-se-á muito difícil prescrever correta- mente. ROTEIRO DA CONSULTA HOMEO- PÁTICA A. REGRAS Anotar tudo com as palavras empregadas pelo paciente; Não fazer perguntas cuja as respostas se- jam sim ou não; Nunca fazer sugestões de respostas; Observar o temperamento do paciente; Qualificar a queixa com todas as suas nu- ances; Anotar coisas raras, estranhas, peculiares. B. EXAME FÍSICO C. SINTOMAS Gerais: traduzem o organismo no esforço global ou unitário de reação e adaptação frente às agressões. o Categorias: Calor vital – reação global no esforço da homeostase; Desejos, aversões e intole- râncias alimentares; Sinais e sintomas sexuais; Sono e sonhos repetidos; Dores; Modalidades gerais. Locais: se refere a um órgão ou região to- pográfica circunscrita e refletem perturba- ções profundas da Força Vital. o Condições que valorizam o sinto- ma local: Raridade; Intensidade; Modalidade marcante; Alternância com outros sin- tomas. Mentais: são aqueles sintomas psicológi- cos que juntamente com os demis sintomas ajudam a chegar ao similliimum do pacien- te. D. MODALIDADES Modalizar um sintoma é dar a ele um ca- racterística especial, que o individualize. Ex: choro – sintoma mental comum, e pas- sa a ter valor se for modalizado, “choro durante a menstruação”, “choro durante o sono”, etc. Modalidade: piora; melhora; lateralidade E. ANÁLISE DO CASO Após anotar os sintomas do paciente, atra- vés de uma anamnese homeopática, será feita a análise do caso, selecionando os sintomas que serão levados em conta para a escolha do medicamento. A prescrição homeopática não deve ser baseada em sin- tomas comuns das enfermidades, mas so- mente sobre aqueles próprios do paciente. Os sintomas são escolhidos entre aqueles mais raros, mais inexplicáveis, mais inusi- tados, ou seja, os mais individualizantes deste paciente. Serão priorizados os sintomas mentais, de- pois os gerais e os locais, que sempre de- verão ser modalizados. F. ESCOLHA DO MEDICAMENTO Com base na totalidade de sintomas cole- tados, de posse de uma Matéria Médica Homeopática, e de um Repertório Homeo- pático, o médico consegue chegar ao si- millimum do paciente, que será aquele me- dicamento cuja patogenesia melhor coinci- dir com a totalidade sintomática do pacien- te. 15 G. ESCOLHA DA POTÊNCIA DO ME- DICAMENTO Não existemnormas quanto a dinamização a ser prescrita ao paciente, sendo a respos- ta ao simillimum dependente da força vital variável de cada paciente. H. HORÁRIO E FREQUÊNCIAS DAS DOSES Na medicina homeopática, a prescrição do medicamento não está relacionada a pon- derabilidade da dose, mas sim à sua capa- cidade de promover o estímulo da reação do organismo (Reação Vital), que é variá- vel de indivíduo para indivíduo. O medicamento deverá ser administrado preferencialmente ao acordar ou deitar e espaçado das refeições, para melhor conta- to com as mucosas livres, recomenda-se ainda que seja evitada a hora habitual de agravação indicada na Matéria Médica. A frequência da dose se justifica em fun- ção de quadros agudos e crônicos. CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS Doenças Agudas: Tendência espontânea para cura Prescrições são de baixa potência (3CH a 9CH), com freqüência em função da inten- sidade do caso, que deve espaçar ou parar conforme a melhora. Doenças Crônicas: Sem tendência de cura espontânea, de evo- lução progressiva. Segundo Hahnemann, não se considera apenas o tempo para classificar uma doen- ça como crônica, mas leva-se em conside- ração o estudo do terreno do indivíduo e suas predisposições mórbidas. Hahnemann estabeleceu 3 grandes diáteses ou modos reacionais crônicos ou miasmas: o Psora: instala-se quando o orga- nismo esgota suas possibilidades defensivas, procurando alívio por meio de fenômenos episódicos e al- ternantes de descargas de toxinas. O estado reacional da psora refere- se a alergias e manifestações cutâ- neas, serosa e mucosas. o Sicose: instala-se quando o orga- nismo altera a quantidade ou quali- dade das eliinações ou bloqueiaas toxinas em órgãos ou regiões cir- cunscritas, originando neoforma- ções. O estado reacional relaciona- se com as excrescências verrugosas (verrugas, condilomas, etc). o Sífilis: (não confundir com a doen- ça) instala-se quando o organismo tenta livra-se das toxinas ou adap- tar-se ao estresse persistente, sacri- ficando os próprios tecidos. O es- tado reacional da sífilis está relaci- onado com a tendência à destruição dos tecidos (úlceras, furúnculos, fístulas, etc). Prescrições: medias e alas potências (12CH para cima), com frequência espaça- das (1 vez ao dia, semana, mês). Referências Bibliográficas Farmácia homeopática: teoria e prática. Olney Leite Fontes. 4a. Edição. Editora MANOLE, 2001. ISBN 8520434770, 9788520434772, 389 páginas. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3ª edição, 2011. Organon da arte de curar de Samuel Hahnemann para o século XXI. Marcelo Pustiglione, 286 páginas. ISBN nº 978-85- 86625-39-8. 16 CAPITULO 3 Farmacologia Homeopática AÇÃO PRIMÁRIA E REAÇÃO SECUNDÁ- RIA Toda força que atua sobre a vida, todo me- dicamento afeta, em maior ou menor escala, a força vital, causando certa alteração no estado de saúde do homem por um período de tempo maior ou menor. A isto se chama ação primária. A esta ação, nossa ação vital se esforça para opor a pró- pria energia. Tal ação oposta faz parte da nossa força de conservação, constituindo uma atividade automática dela, chamada ação secundária ou rea- ção. Efeito primário: Modificação de maior ou menor duração provocada por toda substância na saúde do indivíduo; Consequência direta da droga no organis- mo; Efeito presente quando a concentração da droga no organismo está elevada. Efeito secundário: Efeito rebote; Intensidade maior e em sentido oposto ao efeito primário; Concentração da droga em baixo limiar sanguíneo; FARMACOLOGIA DOS CONTRÁRIOS Hahnemann fez referência a quatro dife- rentes maneiras de medicar: Alopatia: tende a desenvolver o homem sadio sintomas diferentes em relação àque- les apresentados pela doença a ser curada, ex. antibióticos ou antiparasitários; Enantiopatia: produz no homem sadio efei- tos contrários (antipáticos) àqueles apre- sentados pelo doente, ex. antitérmico ou antiácidos; Homeopático: faz uso de substâncias que produzem no homem sadio sintomas seme- lhantes àqueles apresentados pelo doente, ex. digitalina para tratar cardiopatias; Isopático: é o método terapêutico que promove o tratamento da doença pelo mesmo princípio infeccioso que a produ- ziu, ex. vacinas ou agentes dessensibilizan- tes. Hahnemann combateu o método terapêuti- co dos contrários por jugá-los prejudicial aos do- entes. Afirmou que após uma pequena pausa pro- movida pelos medicamentos alopáticos, a doença piora. Isso porque o efeito primário, promovido pela ação do medicamento paliativo, induz à ma- nifestação de um efeito secundário do organismo semelhante à doença. Exemplo do efeito da farmacologia dos contrários Exemplo evidente da observação do efeito rebote: - Codeína Indicação terapêutica: tratamento da dor. Efeito rebote: dores generalizadas. FARMACOLOGIA DOS SEMELHANTES Atualmente, a cura por meio da terapêutica dos semelhantes pode ser explicada com o concei- to de homeostase – tendência que os organismos vivos apresentam de manter um estado de equilí- brio interno, apesar das variações do meio ambi- ente externo. Sob a ação de estresses internos e externos, o sistema nervoso pode modular o sis- tema imunológico por meio dos nervos e das glândulas. Exemplo do efeito da farmacologia dos semelhan- tes: • Doente "indisposto, sonolento, cansaço" droga "efeito estimulante" • melhora inicial dos sintomas suspensão ou eliminação da droga com "efeito estimulante" • reação do orgnismo "efeito secundário depressor/rebote " PIORA DOS SINTOMAS • doente "indisposto, sonolento, cansado" droga "efeito depressor" • piora inicial dos sintomas suspensão ou eliminação da droga com "efeito depressor" • Reação do orgnismo "efeito secundário estimulante/rebo te" MELHORA DOS SINTOMAS 17 A ENERGIA MEDICAMENTOSA A homeopatia emprega medicamentos diluídos e potencializados por meio do processo de dinamização. Desta forma, é rara a ocorrência de sintomas primários perceptíveis, a não ser em indivíduos muitos suscetíveis. O medicamento dinamizado é o estímulo necessário para despertar a reação vital no sentido da cura. Com a diluição da droga, a agravação é controlada; e com a po- tencialização, a reação orgânica é estimulada ain- da mais no sentido da cura. A concentração de um medicamento ho- meopático é proporcional a 100-n molar, sendo “n” o grau de dinamização (diluições sucessivas se- guidas de agitações). O limite de Avogrado é su- perado quando n>12, ou seja, a parti de uma dilui- ção 100-12 (12CH) não há mais moléculas da dro- ga original. Desse modo, a ação do medicamento ho- meopático não depende da presença de moléculas da droga. Todavia, existe uma “informação”, al- gum tipo desconhecido de energia, uma vez que os organismos vivos reagem a ela. A energia pro- duzida pelas agitações medicamentosas às solu- ções. Existem duas linhas de pesquisa que ten- tam explicar o fenômeno das ultradiluições home- opáticas: a. Molecular: busca associar aos medicamen- tos homeopáticos alterações estruturais nas moléculas do solvente (tamanho e ângulo). Empregando as técnicas de Raman e es- pectroscopia de IV, descreveu-se modifi- cações na auto-organização das moléculas da água após o processo de dinamização, originando quase cristais, formados por li- gações de hidrogênio entre as moléculas da água (clusters). b. Não – molecular: uma substância exerce papel de significante biológico capaz de gerar modificações fisiológicas, após in- terpretação pelo organismo. Propriedades físico-químicas podem ser transmitidas nas dinamizações. Segundo a teoria dos signi- ficados corporais, sistemas em interação podemtrocar informação não molecular. LEIS DE ARNDT DE SCHULTZ Tendo em vista as experimentações cientí- ficas, Hahnemann foi o primeiro médico a afirmar que os efeitos primário e secundário dos medica- mentos dependem da dose em que são administra- dos. Em 1920, essa constatação foi confirmada pelo farmacologista Hugo Schultz, da Universida- de de Greifswald. Ao fazer experiências com levedura obser- vou que seu crescimento dependia da concentra- ção de substâncias tóxicas que recebiam, ou seja, enquanto doses pequenas estimulavam o cresci- mento das leveduras, doses grandes o inibiam. A Lei da Farmacoterapia, que resume o trabalho de Schultz, dispõe: “Toda excitação pro- voca sobre a célula um aumento ou uma diminui- ção de sua função biológica em relação à atividade fraca ou forte de excitação”. Rudolf Arndt, fisiologista da mesma uni- versidade, baseando na Lei da Farmacoterapia de Schultz, após uma série de trabalhos de pesquisa anunciou a Lei Biológica Fundamental, que pode ser resumida da seguinte forma. Pequenas excitações provocam a atividade vital, despertando-a; Excitações médias aumentam-na; MEDICAMENTO HOMEOPÁTICO Informação medicamento- sa depressora /efeito primá- rio depressor Doente “indisposto, sonolento, cansado” Reação do organismo “efeito se- cundário estimulante CURA 18 Excitações fortes anulam-na em parte; Excitações exageradas anulam-na total- mente. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E DE ELIMI- NAÇÃO O medicamento homeopático pode ser administrado pelas mucosas, pela epiderme e pe- las vias áreas superiores e inferiores. O método mais empregado pelos homeo- patas, pela tradição, com relativa ausência de da- nos locais e conveniência para o paciente, é a ad- ministração oral. Além disso, essa forma de admi- nistração é a única utilizada nos experimentos patogenéticos, pois as drogas podem apresentar diferentes ações dependendo da via em eu forem introduzidas. Entretanto os medicamentos homeo- páticos não devem ser engolidos, mas deixados na boca para que sejam absorvidos pela mucosa bu- cal. Essa mucosa absorve muito bem os medica- mentos homeopáticos e evita que estes recebam influências do estômago e do fígado.a absorção por essa via é rápida e segura, sendo a ação medi- camentosa transmitida por todo o organismo. O medicamento homeopático não age pela quantidade de droga presente nas suas diferentes formas farmacêuticas, mas por meio da “informa- ção” que veicula, fazendo o organismo reagir de acordo com a qualidade dessa informação. Portan- to, ele não se acumula no organismo, nem é elimi- nado, como ocorre com os medicamentos alopáti- cos. POSOLOGIA Para medicina alopática, a dose útil de cada droga está diretamente relacionada com a sua quantidade. Nesse caso, prevalecem os efeitos primários, químicos e cumulativos. Entretanto, para medicina homeopática a prescrição do medi- camento não está relacionada à ponderabilidade da dose, mas a sua capacidade de promover o estímu- lo da reação do organismo (reação vital), que é variável de indivíduo para indivíduo, por meio da informação correta que o simillimum veicula. A escolha da potência depende do caso clínico, ape- sar de o simillimum atuar em todas as dinamiza- ções, em menor ou maior profundidade. Referências Bibliográficas Farmácia homeopática: teoria e prática. Olney Leite Fontes. 4a. Edição. Editora MANOLE, 2001. ISBN 8520434770, 9788520434772, 389 páginas. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3ª edição, 2011. Organon da arte de curar de Samuel Hahnemann para o século XXI. Marcelo Pustiglione, 286 páginas. ISBN nº 978-85- 86625-39-8. 19 CAPITULO 4 Medicamento Homeopático 1. O QUE É MEDICAMENTO HOMEOPÁ- TICO? É toda forma farmacêutica de dispensação minis- trada segundo o princípio da semelhança e/ou da identidade, com finalidade curativa e/ou preventi- va. É obtido pela técnica de dinamização e utili- zado para uso interno ou externo (FHB III, 2011). Os medicamentos homeopáticos efetuam a cura mediante sua capacidade dinâmica de atuar sobre a vitalidade. Portanto, o medicamento ho- meopático deve ser compreendido por suas carac- terísticas energéticas, já que não atam diretamente no organismo por meio de átimos ou moléculas. Assim, não basta que as substâncias originais e as preparações básicas sejam apenas diluídas e potencializadas pelos métodos da dinamização para serem consideradas medicamentos homeopá- ticos. Elas precisam ter sido previamente testadas no homem sadio, de acordo com os protocolos de experimentação patogenética, e utilizadas em con- formidade com a lei dos semelhantes. Nenhuma substância dinamizada torna-se homeopática por estar estocada em uma prateleira de uma farmácia homeopática. Nesse local, encontramos apenas medicamentos que serão homeopáticos ou não na razão direta da sintonia da semelhança, pois sem ela o estímulo adicional necessário para a cura não ocorre. Dessa perspectiva, o medicamento home- opático será sempre o “remédio”do paciente, ou seja, o seu simillimum. 2. ORIGEM DO MEDICAMENTO HOME- OPÁTICO A Farmacopeia Homeopática 3a. edição apresenta o seguinte texto: Os medicamentos usados em homeopatia têm ori- gem nos diferentes reinos da natureza, assim co- mo nos produtos químico-farmacêuticos, subs- tâncias e/ou materiais biológicos, patológicos ou não, além de outros agentes de diferente natureza. O Reino Vegetal constitui a maior fonte de dro- gas para a preparação de medicamentos homeo- páticos. O vegetal pode ser usado inteiro e/ou suas partes, nas diversas fases vegetativas, tais como: parte supraterrânea, sumidade, folha, flor, pelo, casca, lenho, rizoma, fruto, e semente. Utili- za-se ainda seus produtos extrativos ou de trans- formação: suco, resina, essência, etc. A parte uti- lizada, o estado vegetal (fresco ou dessecado) são indicados na monografia. O vegetal deve apresen- tar-se em estado hígido, não deteriorado, isento de impurezas e contaminantes microbiológicos, conforme legislação em vigor. O Reino Animal também é uma fonte para a pre- paração de medicamentos homeopáticos, mas em menor quantidade. Os animais podem ser utiliza- dos inteiros, vivos ou não, recentemente sacrifica- dos ou dessecados, como também em partes ou ainda sob a forma de produtos de extração e/ou transformação. A parte usada e o estado do ani- mal são indicados na monografia. O Reino Mineral fornece substâncias em seu es- tado natural e/ou sintéticas, decorrentes de trans- formações químico-farmacêuticas. Os produtos químico-farmacêuticos, soros, vacinas, culturas bacterianas, produtos opoterápicos, medicamen- tos alopáticos, cosméticos e outros também são utilizados na preparação de medicamentos ho- meopáticos. Todos os produtos utilizados na preparação de medicamentos homeopáticos devem ser identifica- dos, de acordo com as regras de classificação ou literatura técnica científica. Contudo alguns outros livros de Farmácia Homeopática podem trazer certas alterações. O livro Farmácia Homeopática: Teoria e Prática (Olney Leite Fontes, 3a. edição), descreve a ori- gem dos medicamentos homeopáticos, como: Medicamentos que provêm dos reinos vegetal, mineral e animal, dos produtos de origem quími- ca, farmacêutica e biológica, bem como dos pre- parados especiais desenvolvidos por Hahnemann. Fungos (reino fungi), bactérias (reino monera) e protozoários (reino protista) também representam importantes fontes de matérias-primas emprega- 20 das na preparação dos medicamentos homeopáti- cos e são classificados a parte, já que, segundo a moderna classificação dos seres vivos, não per- tencem aos reinos animale vegetal. Alguns com- pêndios incluem, ainda, medicamentos cuja ori- gem não se enquadra em nenhuma das fontes ci- tadas acima, sendo pouco utilizados. Estes medi- camentos são chamados de imponderáveis, como Eletricidade, Luna, Magnetis polus articus, Mag- netis polus astralis, Magnetis polus ambos, Raios X, Radium, Sol, etc. Outros livros diferenciam-se pois ao invés de classificar o Reino Mineral como principal, e adicionar a esta origem as substâncias de origem química e farmacêutica, denominam tal origem como ORIGEM QUÍMICA, e a esta origem agru- pam as substâncias inorgânicas (formados por substâncias inorgânicas, que constituem a maioria dos medicamentos homeopáticos de origem quí- mica empregados em homeopatia. Ex: Acidum nitricum, Alumina (alumen), Argetum nitricum (nitrato de prata), Borax (borato de sódio), Iodum (Iodo), etc.), substâncias orgânicas (compreende substâncias orgânicas, que são menos utilizadas que as inorgânicas. Ex: Petroleum (petróleo), Aci- dum carbonicum (fenol), Terebinthinum (tereben- tina)), substâncias minerais (formados também por substâncias inorgânicas, mas por seus miné- rios naturais e não pelos compostos purificados. Sua utilização é rara no cotidiano. Ex: Galena, Pirolusita, etc.), substâncias complexas de ori- gem natural (engloba os metabólitos secundários extraídos de vegetais, em grau PA. Também pou- co utilizados no cotidiano. Ex: Aconitum (aconiti- na), Strychninum nitricum (nitrato de estriquini- na), Pilocarpina nitricum (nitrato de pilocarpina), etc.), produtos e misturas, definidas somente por seu modo de preparo. Ex: Hepar súlfur, Causticum, Mercurius solubilis, etc.) a. DETALHAMENTO DAS ORIGENS I. Origem Vegetal A grande maioria das drogas desta origem é obtida pela forma farmacêutica básica denomi- nada TINTURA-MÃE (substâncias solúveis, de- vido a solubilidade dos constituintes desta origem nos solventes permitidos para a preparação das tinturas mães), embora algumas exceções sejam preparadas pela forma farmacêutica básica deno- minada TRITURAÇÕES-MÃE (substâncias inso- lúveis). As espécies de origem vegetal a serem uti- lizadas em homeopatia devem ser coletadas em épocas e em condições adequadas, seguidas de identificação, sendo essa identificação comple- mentada em laboratório por profissional habilita- do. As drogas vegetais devem ser utilizadas, pre- ferencialmente, no seu estado fresco e, na impos- sibilidade de tal procedimento, podem ser empre- gadas no estado seco. As plantas utilizadas em homeopatia devem estar em estado hígido, isentas de contaminação patogênica ou de outra natureza qualquer e sem sinais de deterioração. A forma de colheita e preparo da tintura- mãe ou da trituração-mãe deve seguir rigorosa- mente a MONOGRAFIA da PLANTA VEGE- TAL da FARMACOPEIA BRASILEIRA 3a. edi- ção. Podemos utilizar: Planta inteira: Ex: Balladonna, Drosera, Pulsatilla nigricans, Hypericum perforatum. Partes vegetais: Ex: Allium cepa (bulbo), Ipecacuanha (raiz), Pae- onia officinalis (raiz), Sanguinaria canadensis (ri- zoma), Coffea cruda, Nux vomica (sementes), Tabacum (folhas), Calendula officinalis (flores ou sumidades floridas). Outras partes: Ex: Lycopodium clavatum (esporos), China offi- cinalis (casca do caule), Thuya occidentalis (ra- mos). Produtos extrativos ou de transformação (sarcó- dios): Ex: Terebentina (óleo ou resina), Colchicum (al- calóide), Opium (látex). Produtos Patológicos (nosódicos): Ex: Sercale Cornutum (esporão de centeio), Usti- lago maidis (doença milho por fungos). Para a preparação das tinturas homeopáticas, o vegetal passa por uma seleção rigorosa em que são retiradas as partes deterioradas e as contaminações 21 grosseiras (penas, casca de ovos, insetos, etc.). Em seguida, o planta é lavada em água corrente e, por último, em água purificada. Cuidados importantes para a preparação de TM Homeopática: - perfeita identificação do vegetal, - parte utilizada, - época da coleta, - seleção e limpeza. Quando não descritas nas respectivas monografi- as, as matérias primas de origem vegetal devem ser coletadas, preferencialmente, obedecendo as seguintes orientações gerais (Farm. Bras. Home- op. III): 1 - Plantas inteiras: coletadas na época de sua flo- ração. 2 - Folhas: após o desenvolvimento completo do vegetal, antes da floração. 3 - Flores e sumidades floridas: imediatamente antes do seu desabrochar total. 4 - Caule e ramos: após o desenvolvimento das folhas e antes da floração. 5 - Cascas de plantas resinosas: no período de desenvolvimento das folhas e brotos, ocasião em que há maior produção de seiva. 6 - Cascas de plantas não resinosas: no período de maior produção de seiva, em exemplares jovens. 7 - Madeira ou lenho: de exemplares jovens, po- rém completamente desenvolvidos. 8 - Raízes de plantas anuais ou bi-anuais: no final do período vegetativo. 9 - Raízes de plantas perenes: antes de completar seu ciclo vegetativo. 10 - Frutos e sementes: na sua maturidade. 11 - Brotos: no momento da sua eclosão. 12 - Folhas jovens: logo após a eclosão dos bro- tos. II. Origem Mineral Além dos minerais obtidos em seu estado natural, consideramos pertencentes ao reino mine- ral os produtos extraídos, purificados e produzidos pelos laboratórios químicos-farmacêuticos, bem como os preparados obtidos segundo fórmulas originais de Hahnmenann. O reino mineral forne- ce grande variedade de substâncias para a prepa- ração dos medicamentos homeopáticos, que po- dem ser simples como Aurum metallicum, Chlo- rum e Bromum, ou compostas, como Natrium chloratum Acidum phoshoricum e Kalium bi- chromicum. Depois do reino vegetal, o reino mineral é o que fornece o maior número de drogas experi- mentadas, sendo alguns medicamentos minerais bastante usados na clínica diária, como Sulfur, Phosphorus e Causticum. Os minerais naturais são assim chamados pois são utilizados na forma que são encontrados na natureza. Para que possam reproduzir fielmente as patogenesias, devem ser recolhidos de prefe- rencia no mesmo local, já que suas características químicas podem variar de um lugar para outro. Na impossibilidade da obtenção do mineral no seu local de origem, podemos lançar mão de drogas vindas de outros lugares, desde que apresentem composição uniforme e compatíveis com aquelas testadas no homem são. O Sulfur, adotado na ho- meopatia, é o enxofre proveniente de minas italia- nas situadas na Silícia; já o Graphites é obtido nas minas inglesas de Borrowdale, que contêm o me- nor teor de ferro; o Natrium cholatum ensaiado no homem sadio é o sal marinho, que apresenta em sua composição vários fármacos, além do cloreto de sódio; o Petroleum homeopático é procedente da Áustria ou do Méxio, pois ambos apresentas as mesmas características físicas e químicas. As drogas de origem industrial são aquelas elaboradas por laboratórios químicos e farmacêu- ticos, como Acidum phosphoricum, Kalium sulfu- ricum e Sulfanilamidum. Elas devem ser empre- gadas na forma mais pura possível e identificadas pelos métodos comuns da química analítica. Nas drogas hidratadas devemos considerar o peso cor- respondente ao da mesma droga anidra, compu- tando a água no peso do veículo a ser utilizado na ocasião da preparação do medicamento. III. Origem Animal 22 Não são tão numerosas quanto as matérias- primas originárias dos reinos vegetal e mineral, mas o reino animal fornece importantes drogas empregadas com frequência em homeopatia, como Sepia officinalis e a Calcarea carbônica. Podem ser utilizados: Animal Inteiro Ex: Apis melifica (abelha européia), Formica rufa (formiga ruiva), Blatta orientalis (barata do orien- te), Bufo rana (sapo), etc. Partes de animais Ex: Carbo animalis(couro de boi carbonizado), Hypophysinum (porção posterior da glândula hi- pófise), etc. Produtos fisiológicos (secreções/excreções – produtos extrativos ou de transformação) – Sarcó- dios (quimicamente definidos) Ex: Lashesis muta (veneno da Surucucu), Mos- chus moschiferus (Almiscar), Sepia officinalis (Sibia Ordinaria/Calamar), etc. Produtos patológicos (ou Nosódios): produtos quimicamente não definidos (secreções, excreções patológicas ou não, certos produtos de origem microbiana, alergenos). Ex: Medorrhinum (pus blenorrágico), Psorinum (conteúdo seroso da vesícula da sarna), Luesinum (raspado do cancro sifilítico). As drogas de origem animal devem ser ob- tidas a partir de exemplares devidamente identifi- cados e classificados zoologicamente, sendo essa identificação complementada em laboratório por profissional habilitado. Salvo descrição diferente na respectiva monografia, devem ser utilizados animais sãos e jovens, mas completamente desen- volvidos. Cuidados importantes para a preparação de TM Homeopática animal: - Perfeita identificação da espécie animal. - Condições em que se encontram. - Quando se tratar de órgãos e glândulas – veteri- nário para localizá-lo e identificá-los. - Usar monografia das farmacopéias. - Época da coleta - Materiais patológicos IV. Drogas de outras origens biológicas, patológicas ou não As drogas de origem microbiológica (bacteri- ana, virótica ou fúngica), tecidos, órgãos e se- creções, devem ser tratadas de forma a garantir biosegurança. Aquelas provenientes de patologias de notificação compulsória deverão cumprir com a legislação em vigor. V. Drogas de outras naturezas São os medicamentos cuja origem não se en- quadra em nenhuma das anteriores, disponibiliza- dos a partir de outros recursos naturais ou físicos. 3. NOMENCLATURA, NOMES ABREVIA- DOS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS, SINONÍMIA (retirado da Farm. Bras. Ho- meopatica, 3a. ed) a. NOMENCLATURA Para designação dos medicamentos homeopá- ticos poderão ser utilizados Nomes Científicos, de acordo com as regras dos códigos internacionais de nomenclatura botânica, zoológica, biológica, química e farmacêutica, assim como Nomes Ho- meopáticos consagrados pelo uso (constantes em Farmacopeias, Matérias Médicas, Repertórios ou obras científicas reconhecidas pela homeopatia). Na nomenclatura botânica, zoológica e bi- ológica, o gênero escreve-se com a primei- ra letra maiúscula e a espécie com letras minúsculas. Exemplos: Apis mellifica. Bryonia alba. Chelidonium majus. Conium maculatum. Digitalis purpurea. Lycopodium clavatum. Em relação aos medicamentos com nomes consagrados homeopaticamente pelo uso, é facultado usar somente o nome da espécie omitindo-se o do gênero. 23 Exemplos: Belladona, em vez de Atropa belladona. Colocynthis, em vez de Citrullus colocynthis. Dulcamara, em vez de Solanum dulcamara. Millefolium, em vez de Achillea millefolium. Nux vomica, em vez de Strychnos nux vomica. Em relação à espécie pouco usada deve-se citar o nome completo. Exemplos: Aconitum ferox, a fim de distinguí-la de Aconi- tum napellus. Clematis erecta, a fim de distinguí-la de Clematis vitalba. Crotalus horridus, a fim de distinguí-la de Crota- lus terrificus. Dioscorea petrea, a fim de distinguí-la de Diosco- rea villosa. Eupatorium purpureum, a fim de distinguí-la de Eupatorium perfoliatum. Lobelia inflata, a fim de distinguí-la de Lobelia purpurea. Em relação à designação de medicamentos de origem química são permitidas, além do nome científico oficial, também aquelas designações consagradas pelo uso na ho- meopatia. Exemplos: Barium e seus compostos - Baryta e seus compos- tos. Bromum e seus compostos - Bromium e seus compostos. Calcium e seus compostos - Calcarea e seus com- postos. Kalium e seus compostos - Kali e seus compostos. Iodum e seus compostos - Iodium e seus compos- tos. Magnesium e seus compostos - Magnesia e seus compostos. Natrium e seus compostos - Natrum e seus com- postos. Sulfur e seus compostos - Sulphur e seus compos- tos. Em relação aos medicamentos químicos, ácidos e sais, de natureza orgânica ou inorgânica, é permitida, além da designa- ção química oficial, aquela consagrada pe- lo uso homeopático, escrevendo-se, de pre- ferência, em primeiro lugar, o nome do elemento ou do íon de valência positiva e, em segundo lugar, o de valência negativa. Exemplos: Acidum aceticum ou Acetic acidum. Acidum benzoicum ou Benzoic acidum. Acidum muriaticum ou Muriatis acidum. Acidum lacticum ou Lactis acidum. Acidum nitricum ou Nitri acidum. Acidum sulfuricum ou Sulphuris acidum. b. NOMES ABREVIADOS O emprego de nome abreviado do medi- camento pode dificultar a compreensão do recei- tuário. O uso de abreviaturas arbitrárias é proibido pela legislação farmacêutica brasileira. Exemplos de notações que podem gerar confu- são: Arsenic. sulf. - Arsenicum sulfuratum flavum = Arsenic. sulf. flav = Sulfeto de arsênio = As2S3 - Arsenicum sulfuratum rubrum = Arsenic. sulf. rub. = Bissulfeto de arsênio = As2S2 Aur. chlor. - Aurum chloratum = Aur. chlorat. = AuHCl4- 4H2O - Aurum chloratum natronatum = Aur. chlorat. natron. = NaAuHCl4-2H2O Kali chlor. - Kalium chloratum = Kali chloratil = Clorato de potássio = KClO3 - Kalium chloricum = Kali chloric. = Cloreto de potássio = KCl Antim. ars. - Antimonium arsenicosum = Antim. arsenic. = Sb2O5-As2O3 - Antimonium arsenicum = Antim. arsenicum = Sb3-AsO3 Exemplos de notações corretas: 24 Aconitum napellus ou Aconitum - Acon. ou Aco- nit. Atropa belladona ou Belladona - Bell. ou Bellad. Mercurius solubilis - Merc. sol. ou Mercur. sol. Mercu- rius sublimatus corrosivus - Merc. corr. Solanum dulcamara ou Dulcamara - Dulc. ou Dul- cam. c. ABREVIATURAS E SÍMBOLOS Comprimido = comp. Diluição = dil. Dinamização = din. Escala centesimal preparada segundo o método hahnemanniano = CH Escala cinquenta milesimal = LM Escala decimal de Hering preparada segundo o método hahnemanniano = DH Farmacopeia Brasi- leira = FB Farmacopeia Homeopática Brasileira = FHB Forma farmacêutica básica, Tintura-mãe = Tint.mãe, TM, Glóbulo = glob. Método de fluxo contínuo = FC Método Korsakoviano = K Microglóbulo = mcglob. Partes iguais = ana = ãã Pastilha = past. Quantidade suficiente = qs Quantidade suficiente para = qsp Resíduo seco tintura-mãe = r.s. Resíduo sólido de vegetal fresco = r.sol. Solução = sol. Tablete = tabl. Título alcoólico da tintura-mãe = tit.alc. Trituração = trit. d. SINONÍMIA O emprego de sinônimos deve restringir-se aos constantes de obras consagradas na literatura científica. Exemplos: Apisinum = Apis vírus. Arsenicum album = Metallum album. Blatta orientalis = Periplaneta orientalis. Bryonia alba = Vitis alba. Calcarea carbonica = Calcarea ostrearum, Calca- rea osthreica. Chamomilla = Matricaria. Glonoinum = Trinitrinum. Graphites = Carbo mineralis. Hydrastis canadensis = Warneria canadensis. Ipeca ou Radix = Cephaelis ipecacuanha. Lycopodium = Muscus clavatus. Mercurius sulf. ruber = Cinnabaris. Nux vomica = Colubrina. Pulsatilla = Anemone pratensis. Rus toxicocodendron = Vitis canadensis. Secale cornutum = Claviceps purpurea. Sterculla acuminata = Kola, Cola. Sulphur = Flavum depuratum. Thuya occidentalis = Arbor vitae. Medicamentos apresentados com denomina- ção de sinônimos arbitrários, não constantes nas obras citadas anteriormente, assim como o uso de código, sigla, número e/ou nome arbitrário não são permitidos. 4. CATEGORIA DOS MEDICAMENTOS a) Medicamentos Policrestos e Semi- policrestosPolicresto (do grego, polys = muitos e khréstos= benéfico; e do latim polycrestus = que tem muitas aplicações), são medi- camentos homeopáticos utilizados com frequência na prática clínica diária. Neste grupos temos também os medicamentos semipolicrestos, que apresentam elabora- da patogenesia, mas não tem utilização tão frequente como os outros. b) Medicamentos Agudos e de Fundo Medicamentos agudos são aqueles que provocam quadros agudos violentos durante o experimento patogenético. Ex.: Belladonna, Aconitum e Cantharis, são utilizados na práti- ca clínica para aliviar sintomas agudos de de- terminadas doenças. Medicamentos de fundo, como Phos- phorus, Silicea e Calcarea carbonica, dentre outros, são os que estão relacionados a estado crônicos, de acordo com a constituição, o temperamento. Contudo, nenhum medicamento poderá ser considerado, de antemão, agudo ou de fundo, pois todos os medicamentos homeopá- ticos poderão ser utilizados como simillimum, 25 independentemente do quadro manifestar-se agudo ou crônico. c) Medicamentos complementares e antí- dotos Medicamentos complementares são aqueles que suprem as deficiências patogené- ticas do outro. Deve ter utilização apenas em casos especiais. Antídotos neutralizam os sintomas da agravação, provocados por outro medicamen- to. Ex.: o Mercurius solubilis inativa o Anti- monium crudum. d) Placebo A palavra placebo deriva do verbo latino pla- cere, que significa agradar. Na medicina é defini- do com substância inerte administrada com a fina- lidade de agir terapêuticamente por meio da su- gestão. Substância inerte, "sem finalidade terapêu- tica“. O placebo é utilizado ainda em pesquisa, vi- sando o grupo paralelo testemunha, de maneira que os sujeitos de pesquisa não possam distinguir entre o ingrediente ativo e o inerte (duplo cego). Organon § 281: “ A fim de se convencer disso, o paciente é deixa- do sem qualquer medicamento por oito, dez ou quinze dias, e, neste ínterim recebe somente um pouco de pó de açúcar de leite.....” Motivos para usar o placebo na Homeopatia: Interromper dependência medicamentosa antes do uso do simillimum; Para satisfazer os impulsos dos hipocon- dríacos, que se encontram sob tratamento homeopático; Nas provas duplo-cego, durante o experi- mento patogenético; Nas agravações iniciais enquanto se aguarda o desenvolvimento de sintomas secundários. Aspectos éticos: "enganar" o paciente Aspectos legais: A Farmacopéia Homeopática Brasileira proíbe o uso de sinônimos arbitrários, não constantes em obras oficiais. Tais medica- mentos são considerados secretos. Identificação de placebos no Manual de Normas Técnicas da ABFH Nome do medicamento, potencia, escala e méto- do, acrescido do número zero, de uma barra e do volume ou peso a ser dispensado. Exemplos: Aconitum 6CH 0/20 ml (para liquidos) Argentum nitricum 6CH 0/15g (para glóbulos, tabletes e comprimidos) Thuya occidentalis 12 CH 0/1 papel (para pós) Quando a prescrição for de medicamento e place- bo, o número antes da barra indicará o papel que deverá conter o medicamento. Exemplos: Phosphorus 30CH 1/10 Papéis Luesinum 12CH 1,5,9,13,17/20 Papéis O número indicado após a barra indica o número total de papéis; Os papéis deverão ser rotulados e numerados se- quencialmente. 5. VEICULOS E EXCIPIENTES USADOS EM HOMEOPATIA Insumos inertes: são substâncias e produtos utilizados em homeopatia para realizar diluições, incorporar dinamizações e extrair os princípios ativos das drogas na elaboração das formas home- opáticas. São: Água purificada. Apósitos inertes (gaze e outros). Bases ou insumos para linimentos. Bases ou insumos para cremes, géis, géis- creme, loções, pomadas e supositórios. Bases ou insumos para pós medicinais. Bases ou insumos para xaropes. Comprimidos inertes. Insumos ou adjuvantes farmacotécnicos para formas farmacêuticas sólidas. Etanol a 96% (v/v) e suas diluições. Glicerol (glicerina) e suas diluições. 26 Glóbulos e microglóbulos inertes ou insu- mos para prepará-los. Lactose. Sacarose. Tabletes inertes. a. Soluções alcoólicas: As soluções alcoólicas serão obtidas a partir da mistura de álcool (etanol) com água purificada, até se obter o teor alcoólico desejado. O etanol e a água purificada utilizados devem seguir as exi- gências farmacopeicas. Na preparação das tinturas-mãe, matrizes e formas farmacêuticas de uso interno ou de uso externo, líquidas, é lícito adotar o critério ponderal (p/p), ou volumétrico (v/v), ou, ainda (v/p) ou, ainda, (p/v), contanto que se conserve o mesmo critério até o fim da operação. Etanol a 20%: é empregado na passagem da forma sólida (trituração) para a forma líquida. Etanol a 30%: é utilizado na dispensação de medicamentos homeopáticos adminis- trados em gotas. Etanol a 70%: é usado nas dinamizações que irão impregnar a lactose, os glóbulos, os comprimidos e os tabletes, bem como na moldagem de tabletes. Etanol a 96%: é empregado na dinamiza- ção de medicamenros preparados na escala cinquenta milesimal (proporção 1/50.000). Diferentes graduações alcoólicas são ado- tadas na elaboração das tinturas homeopá- ticas e na diluição de drogas solúveis, nas primeiras três dinamizações na proporção 1/100 (centesimais) ou nas seis primeiras dinamizações preparadas na proporção 1/10 (decimais). b. Diluições Glicerinadas As diluições glicerinadas serão obtidas a partir da mistura de glicerina com água purificada e/ou etanol. A glicerina, o etanol e a água purificada utilizados devem seguir as exigências farmacopei- cas. Exemplos: Glicerina + água (1:1) Glicerina + etanol (1:1) Glicerina + água + etanol (1:1:1) 6. MATERIAL DE ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM a. Recipientes É permitido o emprego dos seguintes materiais nas operações abaixo relacionadas. PREPARAÇÃO E ESTOCAGEM DE MEDI- CAMENTOS: Vidro: âmbar, classe hidrolítica I, II, III e NP (6.1) FB 5. DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS: Vidro: âmbar, classe hidrolítica I, II, III e NP (6.1) FB 5. Plástico: branco leitoso de polietile- no, polipropileno (6.2.1) FB 5 e poli- carbonato. Papel: papel manteiga ou outro papel semitransparente com baixa permea- bilidade a substâncias gordurosas. Blister. Sachê. Flaconete. b. Acessórios Tampas: polietileno ou polipropileno. Batoques: polietileno ou polipropile- no. Cânulas: vidro, polietileno, polipropi- leno ou policarbonato. Bulbos: látex, silicone atóxico ou polietileno. Gotejadores: polietileno ou polipropi- leno. Rótulos. 7. ROTULAGEM E EMBALAGEM Deve obedecer a RDC 67 de 08/10/2007 da ANVISA e as regras da FHB III Parte fixa do rótulo: nome fantasia e co- mercial do estabelecimento, endereço completo, telefone, CNPJ, IE, nome do 27 farmacêutico responsável, número do CRF. Parte móvel do rótulo: nome do paciente, nome do médico, CRM, nome do medica- mento homeopático com potência, escala e método, modo de usar, FHB III ou MNT 3ª Ed, data de Fabricação e validade, con- teúdo preparado, lote, uso interno/ externo. 8. MEDICAMENTOS TÓXICOS EM BAIXA POTÊNCIA - Tabela de Toxicidade: HPUS - Manual de Normas Técnicas da ABFH - Portaria 344/98: o Proscritos: Cannabis sativa; Can- nabis indica; Cocainum etc. o Codeinum; Morphinum e o Opium. o Referências Bibliográficas Farmácia homeopática: teoria e prática. Olney Leite Fontes. 4a. Edição. Editora MANOLE, 2001. ISBN 8520434770, 9788520434772, 389 páginas. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3ª edição, 2011. Cesar T., Amarilys; Tese de doutorado: O Medicamento Homeopático nos Serviços da Saúde;
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