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IMUNIDADE CONTRA BACTÉRIAS INTRACELULARES • Uma característica de bactérias intracelulares é a sua capacidade de sobreviver e até mesmo de se replicar dentro de fagócitos • São capazes de encontrar um nicho onde eles são inacessíveis a anticorpos circulantes e sua eliminação requer mecanismos de imunidade mediada pela célula • Em muitas infecções bacterianas intracelulares, a resposta do hospedeiro também causa lesão tecidual. A resposta imunológica inata a bactérias intracelulares consiste em fagócitos e nas células NK, interações entre eles são mediadas por citocinas (IL-12 e IFN-γ). A resposta imune adaptativa típica para estes microrganismos é a imunidade mediada por células, em que as células T ativam os fagócitos para eliminar os microrganismos. A imunidade inata pode controlar o crescimento bacteriano, mas a eliminação das bactérias requer a imunidade adaptativa. IMUNIDADE INATA CONTRA BACTÉRIAS INTRACELULARES • Mediada principalmente por fagócitos e células natural killer (NK) • Fagócitos, inicialmente neutrófilos e posteriormente macrófagos, ingerem e tentam destruir esses microrganismos, mas as bactérias intracelulares patogênicas são resistentes à degradação dentro de fagócitos o Os produtos destas bactérias são reconhecidos por receptores do tipo Toll (TLR) e por proteínas citoplasmáticas da família dos receptores do tipo NOD (NLR), resultando na ativação dos fagócitos o O DNA bacteriano no citosol estimula as respostas do interferon tipo I através da via STING (estimulador de genes IFN) • As bactérias intracelulares ativam as células NK por induzir a expressão de ligantes de ativação de células NK em células infectadas e pela estimulação da produção de IL-12 e IL-15 pelas células dendríticas e macrófagos e ambas são citocinas ativadoras da célula NK. • As células NK produzem IFN-γ ativa os macrófagos e promove a morte da bactéria fagocitada. o As células NK proporcionam uma defesa inicial contra estes microrganismos, antes do desenvolvimento da imunidade adaptativa o A imunidade inata geralmente não erradica essas infecções ela só controla e a erradicação requer a imunidade adaptativa mediada por células. A IMUNIDADE ADAPTATIVA CONTRA BACTÉRIAS INTRACELULARES • A principal resposta imunológica protetora contra bactérias intracelulares é o recrutamento e ativação de fagócitos mediados por células T (imunidade mediada por células). • Indivíduos com deficiência na imunidade mediada por células, como pacientes com AIDS, são extremamente suscetíveis a infecções por bactérias intracelulares (bem como fungos e vírus intracelulares) • As células T fornecem defesa contra infecções por dois tipos de reações: o Células T CD4 + ativam fagócitos através das ações do ligante de CD40 e IFN- γ, resultando na morte de microrganismos que são ingeridos e sobrevivem dentro de fagócitos, e o Os linfócitos T citotóxicos CD8 + (CTLs) que destroem células infectadas, eliminam microrganismos que escapam aos mecanismos de morte dos fagócitos. o Células T CD4 + diferenciam-se em efetoras TH1 sob a influência da IL-12, que é produzida por macrófagos e células dendríticas. o As células T expressam o ligante de CD40 e secretam IFN-γ, e esses dois estímulos ativam macrófagos, induzindo a produção de várias substâncias microbicidas (espécies reativas de oxigênio, o óxido nítrico e enzimas lisossomais) o As bactérias fagocitadas estimulam respostas de células T CD8 + se os antígenos bacterianos forem transportados a partir de fagossomos para o citosol ou se as bactérias escaparem dos fagossomos e entrarem no citoplasma das células infectadas. ▪ No citosol, os microrganismos não são mais suscetíveis aos mecanismos microbicidas de fagócitos, e para a erradicação da infecção, as células infectadas devem ser destruídas pelos linfócitos T citotóxicos CD8 + ▪ Então células T CD4 + que ativam macrófagos e pelos linfócitos T citotóxicos CD8 +, funcionam de forma cooperativa na defesa contra bactérias intracelulares • A ativação dos macrófagos, que ocorre em resposta aos microrganismos intracelulares é capaz de causar lesão tecidual. o Esta lesão pode ser resultado de reações de hipersensibilidade do tipo tardia (DTH) aos antígenos de proteína microbiana. o Devido à evolução das bactérias intracelulares para resistir à destruição dentro de fagócitos, elas muitas vezes persistem por longos períodos e causam estimulação antigênica crônica e a ativação das células T e de macrófagos, o que pode resultar na formação de granulomas em torno dos microrganismos ▪ Este tipo de reação pode servir para localizar e impedir a propagação dos microrganismos, mas está também associada ao comprometimento funcional grave causado pela necrose do tecido e pela fibrose. o A tuberculose é um exemplo de uma infecção por uma bactéria intracelular em que a imunidade protetora e a hipersensibilidade patológica coexistem e a resposta do hospedeiro contribui significativamente para a patologia ▪ Em uma infecção primária por M. tuberculosis, os bacilos se multiplicam lentamente nos pulmões e causam apenas uma inflamação leve. ▪ A infecção é contida por macrófagos alveolares (e provavelmente células dendríticas). Mais de 90% dos pacientes infectados permanecem assintomáticos, mas as bactérias sobrevivem nos pulmões, principalmente em macrófagos. ▪ Cerca de 6 a 8 semanas após a infecção, os macrófagos atingiram os linfonodos de drenagem e as células T CD4 + são ativadas; as células T CD8 + podem também ser ativadas mais tarde. ▪ Essas células T produzem IFN-γ, que ativa macrófagos e aumenta a sua capacidade de destruir bacilos fagocitados. ▪ O TNF produzido pelas células T e macrófagos também desempenha um papel na inflamação local e na ativação de macrófagos ▪ No entanto, o M. tuberculosis é capaz de sobreviver no interior dos macrófagos, pois os componentes de sua parede celular inibem a fusão dos vacúolos fagocíticos com os lisossomos. ▪ Como resultado, as bactérias continuam a provocar as respostas das células T. ▪ A ativação prolongada das células T leva à formação de granulomas, que podem cercar as bactérias e são frequentemente associados a necrose central, chamado de necrose caseosa (que é causada por produtos de macrófagos como enzimas lisossomais e espécies reativas de oxigênio) ▪ Os granulomas necrosantes e a fibrose (cicatrizes) que acompanham a inflamação granulomatosa são importantes causas de lesão tecidual e doença clínica na tuberculose. ▪ Pessoas previamente infectadas apresentam reações cutâneas de hipersensibilidade do tipo tardio (DTH) ao desafio cutâneo com uma preparação de antígeno bacteriano. ▪ Os bacilos podem sobreviver durante muitos anos e estão contidos sem quaisquer consequências patológicas, mas podem ser reativados a qualquer momento, especialmente se a resposta imunológica se torna incapaz de controlar a infecção • As diferenças entre indivíduos nos padrões de respostas das células T a microrganismos intracelulares são determinantes importantes da progressão da doença e da evolução clínica o Um exemplo desta relação entre o tipo de resposta das células T e a evolução da doença em seres humanos é a lepra, que é causada pelo Mycobacterium leprae. o Existem duas formas polares da hanseníase, as formas lepromatosa e a tuberculoide Cooperação de células T CD4 + e T CD8 + na defesa contra microrganismos intracelulares. As bactérias intracelulares tais como L. monocytogenes, são fagocitadas pelos macrófagos e podem sobreviver nos fagossomas e escapar para dentro do citoplasma. As células T CD4 + respondem aos antígenos peptídicos associados ao MHC de classe II derivados das bactérias intravesiculares. Estas células T produzem IFN-γ, que ativa os macrófagos a destruíremos microrganismos nos fagossomas. As células T CD8 + respondem aos peptídios associados à classe I derivados de antígenos citosólicos e destroem as células infectadas ▪ Na hanseníase lepromatosa, os pacientes têm alta titulação de anticorpos específicos, mas fracas respostas mediadas por células aos antígenos de M. leprae. • As micobactérias proliferam no interior dos macrófagos e são detectáveis em grandes números. • O crescimento bacteriano e a persistente, mas inadequada ativação dos macrófagos resulta em lesões destrutivas na pele e no tecido subjacente ▪ Os pacientes com hanseníase tuberculoide têm uma forte imunidade mediada por células, mas níveis baixos de anticorpos. • Este padrão de imunidade se reflete em granulomas que se formam em torno dos nervos e produzem defeitos nos nervos sensoriais periféricos e lesões traumáticas secundárias da pele, mas com menos destruição de tecidos e uma escassez de bactérias nas lesões o Uma possível razão para as diferenças nestas duas formas de doença causada pelo mesmo organismo pode ser a existência de diferentes padrões de diferenciação de células T e produção de citocinas nos indivíduos. o Alguns estudos indicam que os pacientes com a forma tuberculoide da doença produzem IFN-γ e IL-2 em lesões (indicativo de ativação da célula TH1), enquanto os pacientes com hanseníase lepromatosa produzem menos IFN-γ e podem apresentar uma fraca imunidade mediada por células e incapacidade de controlar a propagação das bactérias EVASÃO DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA POR BACTÉRIAS INTRACELULARES • As bactérias intracelulares desenvolveram várias estratégias para resistir à eliminação pelos fagócitos. • Isso inclui a inibição da fusão do fagolisossomo ou escapar para o citosol, o escondendo-se, assim, a partir dos mecanismos microbicidas dos lisossomos, e a eliminação direta ou inativação de substâncias microbicidas como as espécies reativas de oxigênio. • O resultado de infecção por estes organismos, muitas vezes vai depender de as células T estimuladas por mecanismos antimicrobianos de macrófagos ou a resistência à morte levarem vantagem. • A resistência à eliminação mediada por fagócitos também é a razão pela qual estas bactérias tendem a causar infecções crônicas que podem durar anos, muitas são recorrentes após cura aparente e são difíceis de erradicar vesícula - citoplasma
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