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Brasília-DF. 
AvAliAção ClíniCA FACiAl e CorporAl, 
elAborAção de FiChA de AnAmnese, 
 elAborAção de TCle, bioéTiCA e 
responsAbilidAde legAl por 
ClíniCA de esTéTiCA
Elaboração
André Luiz Siqueira da Silva
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
BIOÉTICA NA ESTÉTICA ........................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO DA BIOÉTICA ......................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
HISTÓRIA, PRINCIPAIS PRINCÍPIOS BIOÉTICOS E ATUAÇÃO DA BIOÉTICA NA ESTÉTICA ............... 13
UNIDADE II
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ...... 24
CAPÍTULO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ..................................................... 24
UNIDADE III
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL ............................................................................... 30
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÃO DE ANAMNESE E SEUS PRINCÍPIOS ........................................................................ 30
CAPÍTULO 2
ASPECTOS PSÍQUICOS NA ESTÉTICA ....................................................................................... 35
CAPÍTULO 3
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA 
ANAMNESE FACIAL ................................................................................................................. 42
CAPÍTULO 4
PRINCIPAIS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS DA FACE .......................................................................... 46
CAPÍTULO 5
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA ANAMNESE CORPORAL .......................................................... 58
CAPÍTULO 6
PRINCIPAIS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS ..................................................................... 62
UNIDADE IV
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA ............................................................. 70
CAPÍTULO 1
BIOSSEGURANÇA E OS SEUS PRINCÍPIOS ................................................................................ 70
4
CAPÍTULO 2
TÉCNICAS E MEDIDAS PARA PREVENÇÃO, REDUÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES 
COM MATERIAIS PERFUROCORTANTES .................................................................................... 80
CAPÍTULO 3
DESCONTAMINAÇÃO DOS INSUMOS DE UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA ....................................... 86
CAPÍTULO 4
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIS) E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO 
COLETIVA (EPCS) UTILIZADOS EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA ................................................... 91
CAPÍTULO 5
TIPOS DE RESÍDUOS GERADOS E OS TIPOS DE SEGREGAÇÕES EM CLÍNICAS DE ESTÉTICAS ...... 98
UNIDADE V
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA ............................................. 105
CAPÍTULO 1
PROTOCOLOS PARA REALIZAÇÃO DE INTRADEMOTERAPIA .................................................... 105
CAPÍTULO 2
PROTOCOLOS PARA REALIZAÇÃO DE CARBOXITERAPIA ......................................................... 115
CAPÍTULO 3
PROTOCOLOS PARA APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA ..................................................... 125
CAPÍTULO 4
PROTOCOLO PARA APLICAÇÃO DE ÁCIDO HIALURÔNICO .................................................... 131
CAPÍTULO 5
PROTOCOLO PARA CRIOLIPÓLISE ........................................................................................ 140
CAPÍTULO 6
PROTOCOLO PARA MICROAGULHAMENTO ........................................................................... 144
CAPÍTULO 7
PROTOCOLO PARA INSERÇÃO DE FIOS DE POLIDIOXANONA (PDO) ...................................... 147
CAPITULO 8
PROCEDIMENTO ESTÉTICO INJETÁVEL PARA MICROVASOS (PEIM) .......................................... 151
UNIDADE VI
RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA ......................................................................... 156
CAPÍTULO 1
REGULAMENTAÇÃO DA BIOMEDICINA ESTÉTICA.................................................................... 156
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 164
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 165
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
Introdução
A Biomedicina Estética é a mais recente área de atuação do biomédico. Mediante 
comprovações científicas dos métodos empregados, o biomédico esteta desenvolve 
e aplica os procedimentos para tratar as disfunções estéticas do corpo, tais como: 
rugas, estrias, gordura localizada, lipodistrofia ginoide, flacidez, entre outras.Isso 
disponibiliza para o paciente o retorno da autoestima e confiança por meio dos 
tratamentos estéticos.
Por outro lado, para o profissional alcançar o sucesso nessa área tão concorrida, 
ele deve ter disposição para buscar constante atualização, cursos extracurriculares, 
congressos, simpósios e estágio prático em clínicas, pois todos os dias surgem novos 
procedimentos, cosméticos e equipamentos que prometem revolucionar o setor. Além 
disso, conhecer os princípios bioéticos, saber realizar uma anamnese com segurança 
e compreender quais são os aspectos jurídicos que regem a atuação da biomedicina 
estética, são fatores primordiais para alcançar o sucesso e a satisfação profissional.
Logo, no estudo desta apostila o aluno terá a oportunidade de aprender sobre 
os fundamentos que compõem a biomedicina estética, bem com irá obter os 
conhecimentos necessários para começar a trilhar um caminho promissor e repleto 
de oportunidades.
Objetivos
 » Adquirir conhecimentos fundamentais sobre os princípios bioéticos e 
acontecimentos históricos que desenvolveram essa ciência.
 » Promover o conhecimento das principais técnicas utilizadas nas 
avaliações faciais e corporais. 
 » Aprender a elaborar um Termo de Conhecimento Livre e Esclarecido 
e identificar quais são os principais tipos de disfunções estéticas 
encontrados na rotina clínica.
 » Conhecer quais são as resoluções que regularizam a biomedicina estética 
e os embasamentos jurídicos que auxiliam o profissional na sua profissão.
 » Atualizar os conhecimentos sobre as normas básicas de biossegurança, 
receber as informações necessárias sobre os tipos de rejeitos originados 
em uma clínica de estética e orientações sobre os equipamentos utilizados 
na proteção individual e coletiva dos trabalhadores do setor.
9
UNIDADE IBIOÉTICA NA ESTÉTICA
CAPÍTULO 1
Evolução da Bioética
Linha do tempo da bioética no Brasil 
e no mundo
A Bioética passou por vários processos até ser consolidada como uma ciência. Para 
compreender melhor os fatos que regeram o seu surgimento, é necessário ter um 
conhecimento prévio sobre tais processos. Para isso, a linha do tempo que se encontra 
a seguir lista os principais acontecimentos bioéticos ao longo da história.
1900 – Surgimento do primeiro documento que estabeleceu com clareza os princípios 
éticos relacionando à pesquisa com seres humanos, que foi formulado pelo Ministério 
da Saúde da Prússia. Nesse documento está presente a integridade dos pesquisadores, 
assim como o consentimento formal do indivíduo que irá participar da pesquisa 
(SALLES et al., 2010).
1931 – O documento confeccionado em 1900 teve uma baixa repercussão e os abusos 
nas pesquisas com seres humanos foram os motivos que levaram o Ministro do Interior 
da Alemanha a estabelecer as “14 diretrizes para as pesquisas com seres humanos e 
para novos tratamentos” (SALLES et al., 2010).
1933 – 1945 – Durante a Segunda Guerra Mundial, com o advento do nazismo, três 
episódios importantes levaram as instituições de saúde a se envolverem em políticas 
racistas e eugenistas de acordo com os princípios de Hitler a partir de 1964, no entanto 
os eventos que ocasionaram o envolvimento das entidades ocorreram antes. Foram 
eles: a lei de 14 de junho de 1933, a respeito da esterilização, classificada como uma 
“prevenção contra uma descendência hereditariamente doente”; o memorando 
de outubro de 1939, permitindo a eutanásia em indivíduos portadores de doenças 
incuráveis; e a constituição dos campos de extermínio, em 1941 (SALLES et al., 2010).
10
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
1947 – Criação do Código de Nuremberg, devido aos fatos ocorridos durante a 
Segunda Guerra Mundial. Além disso, foi formando o Tribunal Internacional para 
julgar os nazistas responsáveis pelos experimentos com os prisioneiros nos campos de 
concentração (SALLES et al., 2010).
1948 – Aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos. Ainda que não representasse um dever legal, serviu para a 
formação de dois tratados elaborados pela ONU: o Tratado Internacional dos Direitos 
Econômicos Sociais e Culturais, e o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos 
(SALLES et al., 2010).
1953 - Watson e Crick descobrem a estrutura do DNA, abrindo novos caminhos para o 
desenvolvimento da Engenharia Genética. Consequentemente, questionamentos éticos 
a respeito das aplicações que essa descoberta poderia trazer foram feitos (SALLES et 
al., 2010).
23 de dezembro de 1954 – O primeiro transplante renal do mundo foi realizado, 
trazendo vários questionamentos e polêmicas na esfera ética e jurídica, a respeito dos 
transplantes de órgãos (SALLES et al., 2010).
1960 – Criação do Comitê de Seleção de Diálise de Seattle (GodCommission). Essa 
comissão tinha como objetivo selecionar os pacientes que iriam realizar hemodiálise, 
tratamento que tinha sido descoberto recentemente. No entanto, os integrantes do 
GodCommission não eram especialistas da área de Nefrologia. Este fato ficou marcado 
como a primeira referência à bioética (SALLES et al., 2010).
1960 – O Concílio Vaticano II foi convocado pelo Papa João Paulo XXIII para discutir 
uma reconstrução da Igreja Católica, pois ela iria se tornar mais aberta ao mundo 
moderno e aos problemas éticos (SALLES et al., 2010).
1960 – A igualdade dos diretos civis para todas as pessoas (negros e brancos) é 
defendida por Martin Luther King. Além disso, ele pede o término da segregação racial 
e do preconceito trabalhista (SALLES et al., 2010).
1960 – Ascensão do movimento Hippie. Os integrantes do movimento defendiam a 
liberdade sexual, proteção à natureza, não toleravam qualquer tipo de violência física. 
O capitalismo foi questionado e os hippies defendiam a partilha dos recursos (SALLES 
et al., 2010).
1961 – A vida sexual e social das mulheres foi transformada com o advento da pílula 
anticoncepcional. Com isso, uma Bioética Feminista é criada para defender a autonomia 
da mulher em relação ao seu corpo (SALLES et al., 2010).
1964 – A Declaração de Helsinki foi aprovada pela Assembleia Médica Mundial. Esse 
documento é visto com uma melhoria realizada no Código de Nuremberg. Devido a isso, 
11
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I
seus requisitos de ética médica são utilizados por vários países atualmente (SALLES et 
al., 2010).
1966 – Os periódicos científicos de renome no mundo acadêmico são analisados por 
um artigo intitulado: “New England Journal of Medicine”. O objetivo foi investigar as 
pesquisas com seres humanos. O artigo concluiu que 12% dos estudos continham vários 
desvios éticos (SALLES et al., 2010).
1967 – O primeiro transplante cardíaco do mundo é realizado na África do Sul pelo 
cardiologista Dr. Christian. O conceito de morte é revisto pela sociedade médica 
(SALLES et al., 2010).
1968 -A revista científica “New England Journal of Medicine” apresenta uma nova 
definição de morte cerebral. Com isso, o conceito de parada cardiorrespiratória é 
questionado, estabelecendo intenso debate sobre a origem dos órgãos destinados aos 
transplantes. Os temas eutanásia e distanásia também são discutidos devido ao impacto 
causado pelo artigo publicado na revista (SALLES et al., 2010).
1969/1970 – Daniel Callahan funda o “Hastings Center” nos Estados Unidos. O 
objetivo da entidade é encontrar soluções éticas para determinados problemas (SALLES 
et al.,2010).
1970/1971 – A palavra “bioética” foi utilizada pela primeira em artigos publicados 
pelo oncologista, bioquímico e biólogo Van Rensselaer Potter intitulado: Bioethics: 
The Science of Surviral e Biocybernetics and Survival. Uma compilação de artigos foi 
publicada em forma de livro, Bioethics: Bridge to the Future. O cientista fazia parte 
do corpo docente da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. De acordo com 
muitos autores, foi a partir dos estudos de Potter que nasceu a Bioética (SALLES et al., 
2010).
1971– Sediado na Universidade de Georgetown nos Estados Unidos, o Instituto 
Kennedy é fundado.A entidade torna-se o primeiro centro do mundo destinado 
à leitura e discussão de temas voltados para a Bioética. Funda-se a primeira pós-
graduação em Bioética (SALLES et al., 2010).
1974 – O termo “bioética” é introduzido na Livraria do Congresso Americano (SALLES 
et al., 2010).
1974 – O Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar dos Estados Unidos apresenta 
o Relatório Belmont, devido aos problemas oriundos do Estudo Tuskegge (1932 a 1972). 
Esse estudo realizou uma pesquisa sobre sífilis em uma população negra sem adotar os 
princípios éticos (SALLES et al., 2010).
1978 – A reprodução humana assistida começa a ter renome após o nascimento do 
primeiro bebê de proveta, Louise Brown, com o que novos questionamentos éticos são 
levantados (SALLES et al., 2010).
12
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
1979 – Um livro, Principles of Biomedical Ethic, que pertence à corrente bioética 
chamada Principialismo é publicado pelos autores T. Beauchamp e J. Childress 
(SALLES et al., 2010).
1979 – O livro Ética Prática é publicado por Peter Singer. A obra discute os motivos 
pelos quais a vida de todos os seres vivos precisa ser respeitada (SALLES et al., 2010).
1986 - O livro Fundamentos da Bioética é lançado por H. Tristam Engelhard. Na obra, 
estão presentes as teorias religiosas (SALLES et al., 2010).
1990 – O Projeto Genoma Humano é iniciado (SALLES et al., 2010).
1992 – Na cidade de Amsterdã (Holanda) acontece o primeiro Congresso Mundial de 
Bioética, patrocinado pela International Association of Bioethics (SALLES et al., 2010).
1996 – O Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Brasil publica a resolução n
o 196/1996 
com todas as normas e orientações para a realização de pesquisa com seres humanos 
(SALLES et al., 2010).
1997 – O primeiro mamífero do mundo é clonado, uma ovelha chamada Dolly. A 
clonagem foi realiza através da transferência nuclear. Devido a isso, uma grande 
discussão a respeito da clonagem humana foi realizada, pois a mesma metodologia 
poderia ser empregada para clonar seres humanos (SALLES et al., 2010).
2002 – O Brasil sedia o VI Congresso Mundial de Bioética (SALLES et al., 2010).
2003 – O Conselho Federal de Medicina publica a revista Bioética, abordando a 
bioética de maneira ampla e interdisciplinar (SALLES et al., 2010).
2004 – O Centro Universitário São Camilo, sediado na cidade de São Paulo, cria o 
primeiro mestrado em Bioética do Brasil (SALLES et al., 2010).
2005 – A Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), na cidade de Pouso Alegre em 
Minas Gerais, cria o segundo mestrado em Bioética do Brasil (SALLES et al., 2010).
2008 – O Conselho Federal de Medicina, em parceria com a Faculdade de Medicina 
da Universidade do Porto em Portugal, criam o programa de doutorado em Bioética 
(SALLES et al., 2010).
2010 – A Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), situada na cidade do Rio de Janeiro, , 
introduz o doutorado em Bioética, Ética Aplicada e Saúde (SALLES et al., 2010).
13
CAPÍTULO 2
História, principais princípios bioéticos e 
atuação da bioética na estética
Processos históricos
A bioética é a ciência que mais cresce em todo o mundo. Ela é um campo que integra 
várias matérias cujos pesquisadores chamam de transdisciplinaridade. Ou seja, 
é a junção de vários conceitos de disciplinas diferentes. Estimulada pela mídia, 
temas como células-tronco, clonagem, aborto, eutanásia, banco de órgão, entre 
outros, acabaram por despertar o interesse da sociedade e dos pesquisadores. Os 
conhecimentos e reflexões sobre esses temas polêmicos se difundiram pelo mundo 
inteiro, transformando a bioética na ciência do momento (SAKAGUTI, 2007).
Não existe um consenso entre os cientistas que trabalham com bioética a respeito de 
um acontecimento específico que deu origem a ela. No entanto, existem vários fatores 
e contextos históricos que, somados, levaram ao seu surgimento. Dentre os vários 
acontecimentos que levaram ao surgimento da bioética podemos destacar a Segunda 
Guerra Mundial (SAKAGUTI, 2007).
Além disso, a religião esteve presente no nascimento da bioética, por meio de análises 
realizadas e propostas geradas em torno dos avanços tecnológicos alcançados pela área 
médica. Na década de 1950, a grande maioria dos professores ou autores de bioética 
eram rabinos, pastores ou teólogos católicos (SAKAGUTI, 2007).
Após a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1950 e 1960, observamos o surgimento 
de movimentos de reivindicação dos direitos individuais, tais como: movimentos 
feministas, proteção à criança e à juventude, contra a segregação racial, revolução 
sexual, entre outros (SAKAGUTI, 2007).
Todos esses movimentos foram fundados devido a dois documentos que surgiram com 
o término da Segunda Grande Guerra: O Código de Nuremberg (1947) e a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos (1948) (SAKAGUTI, 2007).
O Código de Nuremberg surgiu devido aos problemas éticos ocasionados pelas 
pesquisas com seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas foram 
julgados e condenados pelo Tribunal de Nuremberg por cometerem os mais perversos 
atos de crueldade contra a humanidade (SAKAGUTI, 2007).
14
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
Já a declaração Universal dos Direitos Humanos, criada pela então recém-constituída, 
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, foi uma conquista da humanidade. 
Essa declaração promove a proteção contra os abusos de poderes autoritários e o direito 
ao livre-arbítrio. Outra diretriz muito importante realizada pela ONU foi a Declaração 
dos Direitos da Criança (1959), ressaltando a proteção pela sociedade daqueles que 
são mais frágeis e desprotegidos, as crianças. O Código de Nuremberg e as declarações 
formuladas pela ONU promulgaram os mesmos objetivos: a liberdade e a dignidade de 
cada ser humano (SAKAGUTI, 2007).
Outro fator de extrema importância que auxiliou o surgimento da Bioética foi a 
alteração da relação entre o médico e o paciente, que muitos autores classificam como 
“desumanização do atendimento aos pacientes”. Ou seja, teríamos um afastamento do 
profissional responsável pelos cuidados individuais de cada doente (SAKAGUTI, 2007).
Nos primórdios do século XX, a relação entre médico e paciente era de total 
confidencialidade. Era muito comum o profissional ir até a casa do enfermo realizar 
consultas e tratar de todos os membros da família. Por isso, as famílias consultavam-
se com o mesmo médico durantes anos. No entanto, no começo da década de 1960, 
essa relação afetuosa mudou devido ao aumento do número de hospitais, à inserção de 
equipamentos de diagnósticos e de análises clínicas, das pesquisas clínicas e ao advento 
das especializações médicas. A facilidade e a comodidade, aliados ao ponto de vista 
econômico de concentrar em um mesmo local todos os profissionais da saúde, onde 
poderiam trabalhar juntos para atingir os melhores resultados, ajudaram a mudar essa 
relação (SAKAGUTI, 2007).
As residências médicas levaram os médicos a concentrar seus conhecimentos em 
uma determinada parte do corpo. Porém, ao mesmo tempo em que se especializavam 
esqueciam-se de como tratar o conjunto, o corpo humano (SAKAGUTI, 2007).
Dessa forma, o paciente passou a ser tratado como um número de série ou de acordo 
com a patologia que portava, perdendo a sua identidade. A mudança na forma de 
tratamento dos médicos não mais permitiu estreitar os laços na relação médico-
paciente e a identificação de médico da família foi perdida por esses profissionais 
(SAKAGUTI,2007).
Em 1969, foi publicado, nos Estados Unidos, o Código de Direitos do Paciente 
Hospitalizado, documento que ratificava os direitos do paciente. Tal declaração garantia 
que o enfermo seria respeitado e teria total autonomia sobre as decisões referentes ao 
seu corpo (SAKAGUTI, 2007).
15
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I
Durante 1969 foi realizada uma reunião organizada pelo psiquiatra Willard Gaylin 
e pelo filósofo Daniel Callahan. Eles reuniram psiquiatras e filósofos para estudar e 
elaborar normas a respeito das pesquisas e experimentaçãono campo da saúde médica. 
Esses atos levaram à formação do Institute of Society, Ethics and Life Sciences, com 
sede em Hastingon Hundson, Nova Iorque – EUA (SAKAGUTI, 2007).
Esta entidade tinha como objetivo estudar sistematicamente a ética e as ciências da 
vida. Além disso, o instituto de pesquisa prezava em ser um centro de estudo totalmente 
laico, sem fins lucrativos, com uma alta atividade educativa com o público geral. Com 
isso, a instituição ficou conhecida como Hastings Center (SAKAGUTI, 2007).
Somente em 1970 o termo “Bioética” foi utilizado pela primeira vez. Esse fato ocorreu 
nos Estados Unidos por meio da publicação do artigo intitulado The sience of survival 
escrito pelo oncologista Van Rensselaer Potter. Em 1971, o bioquímico, biólogo e 
oncologista publicou um artigo que virou referência na área, Bioethics: bridge to the 
future (SAKAGUTI, 2007).
O processo de formação da palavra “Bioética” é baseado na junção dos termos “bio”, 
que significa saber biológico, com a palavra “ética” que faz uma relação com os valores 
humanos. Porém, foi através de uma reportagem realizada pela revista Time que o 
livro de Van Potter tornou-se conhecido pelo público em geral e, desde então, a palavra 
Bioética entrou no nosso vocabulário (SAKAGUTI, 2007).
Filme – Julgamento de Nuremberg - Com o fim da Segunda Guerra Mundial, 
os países aliados reuniram-se em Nuremberg, na Alemanha, para decidirem o 
destino de oficiais nazistas, julgados por seus bárbaros crimes cometidos nos 
campos de concentração, em nome da loucura do III Reich. Entre eles estão o 
notório Hermann Goering (interpretado por Brian Cox, de Coração Valente). 
Com os ombros pesados pela responsabilidade e todos os olhos do mundo 
voltados para aquela corte, o promotor Robert Jackson (Alec Baldwin, de O 
Sombra), questiona os direitos dos acusados. É como fazer valer a justiça no mais 
importante julgamento da história. Com ricos detalhes sobre O Julgamento 
de Nuremberg, este filme – cuja produção executiva é co-assinada por Alec 
Baldwin – manteve-se fiel até às transcrições das fitas gravadas na corte, aqui 
também reproduzida fielmente. Todo o drama e o dilema dos acusadores foram 
minuciosamente recriados nesta produção inquestionavelmente perfeita.
16
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
Princípios bioéticos
Os fundamentos da Bioética ou Ética não são os seus princípios, no entanto, os 
princípios éticos norteiam o caminho referente à reflexão ética e representam um 
conglomerado de referências e meios que contribuem para a construção da ação ética. 
Existem diferentes modelos bioéticos, cada um propõe seus princípios, apresentando-
os em uma determinada ordem. Essa hierarquia não representa uma hegemonia entre 
um e outro princípio, representa apenas a ordem na qual foi construída a reflexão ética 
(RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).
No Modelo Personalista os princípios bioéticos são distribuídos em:
 » Princípio da defesa da vida física: defende a vida física, pois se 
entende que ela é coessencial para promover os valores humanos, e, 
portanto, sempre deve ser preservada (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).
 » Princípio da liberdade e responsabilidade: ressalta a 
responsabilidade do profissional de saúde em tratar o paciente, como 
um fim, uma finalidade e jamais como um meio. Ademais, relata a 
responsabilidade do cuidador, médico ou não, de não aceitar um pedido 
do paciente caso interprete a súplica como inaceitável por sua consciência 
moral (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).
 » Princípio terapêutico: este princípio é conectado com a 
proporcionalidade das terapias para avaliar os riscos e benefícios. 
De acordo com esse princípio, é permitido intervir sobre a vida de 
um paciente fazendo mutilações físicas em uma cirurgia quando isso 
permitir a manutenção da vida. Exemplo: amputação de um membro 
que foi dilacerado em um acidente ou remoção de tumor (RAMOS e 
JUNQUEIRA, 2007).
 » Princípio da sociabilidade e de subsidiariedade: sociabilidade 
respaldada na prerrogativa que cada indivíduo participe de uma 
sociedade, tendo responsabilidade com essa. Cada pessoa tem sua 
incumbência na preservação da ordem social, permitindo que todos 
possam viver de forma adequada. Já a subsidiariedade relaciona-
se com as responsabilidades dos organismos (governamentais) da 
sociedade com cada indivíduo. Por exemplo: um pequeno grupo social 
(ONG), associação, entre outros, está desenvolvendo um projeto social 
e necessita de ajuda. Os gestores públicos devem apoiar essa iniciativa, 
oferecendo recursos para que aquela entidade possa se manter e se 
desenvolver (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).
17
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I
É importante ressaltar que, na literatura, podem ser encontrados outros modelos de 
princípios bioéticos, que nascem de diferentes escolas éticas. Entre os muitos existentes, 
será destacado aquele que é mais utilizado pelos bioeticistas brasileiros. Trata-se 
do modelo bioético intitulado Principialismo, que foi proposto por Beauchamps e 
Childress em 1989. Esses autores demonstram os seguintes princípios: autonomia, 
justiça, beneficência e não maleficência (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).
Princípio da não maleficência
Como o próprio nome já diz, esse princípio da bioética obriga o profissional da saúde 
a não causar nenhum tipo de malefício ao paciente. Muitos autores consideram o 
princípio da não maleficência como o princípio fundamental da escola Hipocrática. 
Além disso, ele é utilizado constantemente para impor uma condição moral ao 
profissional da área da saúde. Trata-se, portanto, do dever ético mínimo que um 
profissional esteta precisa ter para exercer sua profissão. O não cumprimento desse 
princípio coloca o profissional em uma situação de prática negligente (LOCH, 2002).
Este princípio tem grande importância, pois, em muitos casos, os riscos de causar danos 
ao paciente são inseparáveis de determinado procedimento que é destinado a tratar um 
tipo de disfunção. Qualquer procedimento estético envolve riscos e o paciente tem que 
estar ciente dos possíveis problemas.
Por exemplo, um procedimento de pelling pode causar uma queimadura na pele do 
paciente se for executado erroneamente. No entanto, do ponto de vista ético, esse 
malefício pode ser justificado se o benefício esperado com o procedimento for beneficiar o 
paciente por meio da regeneração tecidual ocasionada por uma queimadura controlada.
No exemplo supracitado, os danos ao paciente são relativamente pequenos e 
não oferecem risco de morte. Porém, se o paciente tiver algum tipo de alergia aos 
componentes utilizados pelo pelling, o risco de ocasionar malefícios definitivos é 
elevado. Com isso, o procedimento não poderá ser realizado.
Princípio da beneficência
Este princípio da beneficência apoia-se na proposta de que devemos fazer o bem ao 
próximo. Quando utilizado por profissionais da estética, o trabalhador tem o dever moral 
de zelar pela saúde do paciente, não apenas no que diz respeito à assistência técnica, 
mas também deve ser levada em consideração a ética. Ou seja, todos os conhecimentos 
e habilidades adquiridos pelo profissional ao longo da sua formação devem ser usados 
18
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
para servir o paciente, visando sempre minimizar os riscos e potencializar os benefícios 
do tratamento (KOTTOW, 1995).
O presente princípio obriga o profissional da saúde a não causar danos intencionais à 
saúde do paciente. Além disso, obriga o profissional a promover o bem-estar daquele, 
por meio das seguintes ações (LOCH, 2002):
 » prevenir ou remover algum malefício (LOCH, 2002), neste caso seriam 
as disfunções estéticas;
 » fazer o bem ao paciente. Ou seja, por meio dos procedimentos estéticos 
devolver ao paciente a autoestima.
Esse princípio necessita de ações positivas por parte do profissional esteta. Faz-se 
necessário que o profissional trabalhe para beneficiar o seu paciente. Os procedimentos 
que serão realizados precisam ser avaliados e analisados, levando em conta o benefício 
versus riscos e/oucustos (LOCH, 2002).
Por exemplo, determinado paciente deseja realizar um tratamento com toxina 
botulínica. No entanto, o profissional esteta deve alertar o seu paciente sobre os 
riscos que o procedimento causa e os seus benefícios. Além disso, o profissional deve 
argumentar o motivo pelo qual os benefícios são maiores que os malefícios, o que 
justificaria a realização do procedimento.
Princípio do respeito à autonomia
O respeito à autonomia significa respeitar o livre-arbítrio de cada ser humano. Ou seja, 
uma pessoa deve julgar se determinado tratamento estético é ou não bom para si. Mas, 
para que a pessoa possa exercer a autodeterminação é imprescindível respeitar duas 
condições básicas (LOCH, 2002):
 » o paciente deve ter clareza intelectual para compreender as razões pelas 
quais vai realizar o procedimento (LOCH, 2002) e deliberação para 
escolher com coerência entre as alternativas de tratamentos estéticos 
apresentados;
 » opaciente precisa ter liberdade, ou seja, autonomia sobre as escolhas 
cabíveis (BEAUCHAMP e CHILDRESS, 1994).
O princípio da autonomia baseia-se na relação de proximidade entre paciente e 
profissional da saúde. Este princípio sentencia o profissional esteta a comunicar 
19
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I
todas as informações possíveis sobre o tratamento, com o objetivo de promover uma 
compreensão da disfunção estética e das metodologias empregadas para revertê-la. 
Dessa maneira, o paciente tem condições plenas de tomar a decisão, se irá ou não 
realizar o tratamento. Respeitar a autonomia vai mais além, significa também ajudar o 
paciente a superar seus sentimentos de dependência.
Para formalização das informações passadas pelo profissional esteta ao paciente, é 
necessário apresentar o consentimento informado. Essa declaração é classificada 
com uma decisão voluntária do paciente. O veredito pode ser promulgado de forma 
verbal ou escrita. Por meio dele o paciente é informado dos riscos e benefícios que 
o tratamento estético traz, e confirma que recebeu todas as orientações e teve suas 
dúvidas esclarecidas pelo profissional. O consentimento informado deve ser entendido 
como um documento firmado pelo profissional esteta e pelo paciente, pois contempla 
os fundamentos legais do problema.
O termo deve ser visto como um processo de relacionamento entre as partes, tendo o 
profissional de saúde a obrigação de indicar todos os pontos do tratamento e ajudar o 
paciente a escolher a melhor opção de acordo com os seus dogmas (LOCH, 2002).
Princípio da justiça
A palavra justiça é derivada do latim “iustitia” e expressa o significado de equidade, 
leis, exatidão, bondade, benignidade, justiça. Essa palavra foi introduzida na língua 
portuguesa no século XIII. O seu significado também pode ser interpretado como 
algo que está em conformidade com o que é de direito, com o que é justo (ÂMBITO 
JURÍDICO, 2015).
Na bioética, o princípio da justiça faz referência a respeitar com imparcialidade o 
direito de cada indivíduo. Dessa maneira, não seria ético tomar uma decisão que 
levasse o profissional esteta ou o paciente a se prejudicar. É a partir desse princípio 
que se estrutura a chamada “objeção de consciência”, que representa o direito de 
determinado profissional a recusar-se a realizar um procedimento, aceito ou 
reivindicado pelo paciente, mas que vai contra as convicções éticas desse profissional 
(RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).
20
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
Relação entre o profissional esteta e o 
paciente à luz do paternalismo
O paternalismo é definido como um comportamento impositivo praticado pelos 
profissionais da saúde. Também poderíamos dizer que o paternalismo é um modelo 
de autoritarismo, devido ao fato de uma pessoa exercer sobre outro individuo várias 
decisões sem o seu consentimento (COHEN e MARCOLINO, 2002).
Esta conduta é um problema de difícil avaliação, devido ao fato de quando e quanto 
essa prática é adotada. Dessa maneira, ela se torna o centro de bastantes problemas 
éticos (COHEN e MARCOLINO, 2002).
Analise os comportamentos:
 » cuidar do enfermo sem o seu consentimento;
 » utilizar algum tipo de placebo;
 » não dizer ao paciente algum tipo de informação sobre o estágio da 
patologia que ele apresenta;
 » realizar algum procedimento estético sem informar ao paciente que 
outros profissionais estetas utilizam métodos diferentes.
Os comportamentos supracitados são, na sua plenitude, classificados como 
paternalistas (COHEN e MARCOLINO, 2002).
De acordo com ensinamentos de Dworkin (1971), o paternalismo é o ato de interferir 
no livre-arbítrio, baseado na justificativa de manter o bem-estar, felicidade e 
necessidades da pessoa reprimida.
Por outro lado, Culver e Gert (1982) dizem que o comportamento parternalista deve 
ser empregado somente quando se acredita nos seguintes itens:
 » sua ação beneficia o paciente;
 » sua ação envolve a quebra de uma regra moral do paciente;
 » seus atos não têm o consentimento do paciente, nem no passado, nem no 
presente, nem aparecerá no futuro.
De maneira mais clara, as ideias de Culver e Gert explicam que somente devemos agir 
paternalisticamente em relação a um paciente quando a intenção for beneficiá-lo e não 
ao executor do ato ou a terceiros.
21
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I
Existem duas formas de beneficiar uma pessoa. A primeira é promover algum bem para 
o indivíduo, tais como: produzir prazer, liberdade ou oportunidade. A segunda forma 
é buscar inibir ou amenizar um mal que está acometendo o paciente, pode ser uma dor 
ou incapacidade de realizar algo (COHEN e MARCOLINO, 2002).
É importante salientar que o paternalismo é fundamentando nos princípios da 
beneficência e da não maleficência. Ou seja, no geral, esses princípios priorizam que 
o paciente seja tratado com respeito e dignidade. Para isso, é primordial não causar 
nenhum tipo de malefício ao indivíduo e prezar sempre pelos resultados benéficos.
Por outro lado, também podemos fazer uma análise do paternalismo baseando-se no 
princípio da autonomia. Esse princípio foi formalizado somente em 1947, por meio 
do Código de Nuremberg, no qual foram estabelecidas normas para a realização de 
pesquisa com seres humanos. Desde então, é obrigatória a apresentação do Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido ao indivíduo que participará de determinada 
pesquisa laboral (FREITAS e HOSSNE, 1998).
A palavra autonomia tem sua origem no idioma grego em que “auto” significa “próprio” e 
“nomos” relaciona-se a “leis, regras”. Ou seja, autonomia significa ter autodeterminação 
ou autogoverno sobre as suas próprias decisões que irão afetar a integridade, a saúde, 
as relações interpessoais, a vida, e a integridade (FILHO, 2011).
Indivíduos caracterizados como autônomos são aqueles que têm a liberdade de 
pensamento. Para uma situação ser classificada como autônoma é necessário haver 
alternativas de escolhas. A liberdade de opção tem que estar presente. Não obstante, a 
pessoa deve ser capaz de julgar as alternativas e escolher aquela que for melhor para si 
de acordo com seus princípios (FILHO, 2011).
Seguindo essa linha de pensamento, podemos citar o filósofo Franklin Leopold 
(LEOPOLDO e SILVA, 1998), para quem o paternalismo é o resultado de uma relação 
assimétrica entre o profissional de saúde e o paciente. Evidenciada pela fragilidade 
do paciente à frente do profissional esteta. Nesse tipo de relação encontramos uma 
desproporção, pois o cuidado prestado anula o paciente, que é o objeto da relação. O 
profissional esteta detém o saber dos procedimentos estéticos deixando o paciente à 
mercê das influências do profissional (FILHO, 2011).
Na estética, um exemplo claro de paternalismo é a seguinte situação: um paciente 
pretende realizar uma sessão de ultrassom cavitacional, no entanto, para 
potenciar os efeitos do tratamento o profissional esteta, sem o consentimento 
do paciente, introduz soro fisiológico no abdome.
22
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA
É sabido que a hidrolipoclasia consegueeliminar mais medidas. O profissional 
esteta, quando decidiu realizar esse procedimento, teve como objetivo 
promover um benefício ao paciente (princípio da beneficência), além disso, a 
hidrolipoclasia não causa nenhum malefício (princípio da não maleficência). No 
entanto, o profissional esteta praticou um ato de paternalismo, pois fez a injeção 
de soro sem o consentimento do paciente. Se o paciente tivesse autorizado o 
uso do soro fisiológico, essa situação não seria classificada como paternalista.
Envelhecimento populacional, aparência 
social e benefícios propostos pela estética 
seguindo os princípios bioéticos
Os brasileiros estão gastando cada vez mais com procedimentos estéticos. O Brasil já 
ocupa a segunda colocação do ranking mundial entre os países que mais gastam com 
esses serviços, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Devido a isso, em 2014 foi 
estimado que o mercado brasileiro movimentou cerca de R$ 136 bilhões e, para 2015, 
houve um crescimento de 10%. O aumento do mercado deve-se à ascensão das classes D e 
E, e à crescente participação da mulher brasileira no mercado de trabalho, ocasionando 
a elevação da renda familiar (Estado de Minas. Disponível em: www. em.com.br/app/
noticia/economia/2014/11/02/internas_economia,585899/estetica- deve-fechar-o-
ano-com-crescimento-de-77-mesmo-com-economia-desaquecida.shtml.).
O público masculino também estimulou o aumento do faturamento no setor. Cada 
vez mais preocupados com a aparência, os homens estão investindo constantemente 
no seu bem-estar. Esse público busca um tratamento diferenciado e exclusivo, com 
privacidade, agilidade e conforto. A execução de um serviço regado com pequenos 
agrados, tais como: drinks, sucos, orientações alimentares, entre outros, levam à 
fidelização do paciente (Sebrae, disponível em: https://www.sebrae.com.br/appportal/
reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20
montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410Vg
nVCM1000003b74010a____ > acessado em: 13 jan. 2020.arquivopdf.sebrae.com.br/
customizado/acesso-a-mercados/conheca-seu-mercado/ inteligencia-de-mercado/
servicos-%20mercado%20de%20estetica.pdf).
Um fator bastante significativo que deve ser levado em consideração ao analisar o 
faturamento do setor é o envelhecimento populacional. Dados do Instituto Brasileiro 
de Geografia Estatística (IBGE) revelam que a população brasileira está envelhecendo 
em um ritmo acelerado. Isso se deve aos avanços da medicina, que proporcionaram 
uma maior expectativa de vida. De acordo com o IBGE, em 2025, o Brasil será a sexta 
http://www/
https://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____
https://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____
https://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____
https://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____
23
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I
nação do mundo com o maior número de pessoas com idade superior aos 70 anos. 
Serão cerca de 33 milhões de brasileiros, o que representará aproximadamente 13% da 
população (IBGE).
O processo de envelhecimento não é visto com naturalidade por grande parte dos 
pacientes. Muitos desejam eternizar a beleza que possuíam na juventude, e aqueles 
que se encontram na idade adulta buscam constantemente novas maneiras de burlar 
o ciclo natural da vida. Dessa forma, a autoestima do paciente fica abalada, trazendo 
insegurança, dúvida e incerteza. Com isso, os tratamentos estéticos surgem como 
provedores da resolução dos problemas supracitados (HELOU, 2010).
Os valores da nossa sociedade são pautados nos seguintes referenciais: juventude e 
beleza física. Quando determinado paciente olha para o espelho e as marcas do tempo 
já estão presentes em seu corpo, esse fato pode ser, para muitos indivíduos, apavorante 
ou até mesmo ameaçador. A partir desse momento, o tempo é tratado como o principal 
inimigo, pois, passa e levar consigo todo o frescor da pele, a agilidade dos movimentos 
e a tonicidade dos músculos e tecidos (HELOU, 2010).
A sociedade ocidental é sustentada por dogmas que priorizam a aparência como 
cartão de visitas de qualquer indivíduo. O fato de determinada pessoa ter uma boa 
aparência sentencia se ela será ou não aceita em determinado ciclo social. Tais valores 
são difundidos pelas redes sociais, revistas, jornais, cinemas, desfiles, comerciais, 
entre outros. A propagação midiática quem na maioria das vezes, vende imagens de 
indivíduos bem-sucedidos, associadas a uma beleza e juventude sem igual, estimula 
esse tipo de comportamento. Com isso, essas características tornam-se motivacionais 
para a obtenção de sucesso, seja ele financeiro ou social (HELOU, 2010).
Os gastos com procedimentos estéticos já comprometem uma quantia generosa do 
orçamento familiar. De acordo com um estudo realizado por Helou em 2010, no 
qual a pesquisadora entrevistou várias mulheres indagando porque elas gastavam 
tanto dinheiro com procedimentos estéticos, a resposta foi unânime: “Por causa da 
sociedade”.
Logo, o profissional esteta que irá atender seu paciente deve primeiramente realizar 
uma anamnese com bastante destreza e respeitar os princípios da Bioética.Muitas 
vezes o paciente pode querer fazer determinado procedimento baseado nos resultados 
obtidos por um amigo ou familiar. Pode, ainda, ter visto algo nas mídias sociais que 
determinado tratamento promete realizar milagre. No entanto, cada organismo tem 
suas particularidades e deve sempre ser tratado como um ser único. Assim, é primordial 
individualizar os tratamentos estéticos.
24
UNIDADE II
ASPECTOS GERAIS 
E CONFECÇÃO 
DO TERMO DE 
CONSENTIMENTO 
LIVRE E 
ESCLARECIDO (TCLE)
CAPÍTULO 1
Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE)
Origem do Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE)
O documento intitulado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi criado 
nos primórdios da Bioética, devido à preocupação que existia com as pesquisas realizadas 
com seres humanos. Essa apreensão perdura até os dias atuais e ocupa lugar de destaque 
nas discussões das pesquisas farmacológicas (SAKAGUTI e TRINDADE,2007).
O primeiro relato sobre a utilização do TCLE foi um documento elaborado para 
estabelecer uma relação entre o pesquisador e o pesquisado. O registro é datado de 19 
de outubro de 1833. O médico estadunidense, Willian Beaumount (1785-1853) realizou 
seus trabalhos com o consentimento de Alexis St. Martin, que apresentava um ferimento 
provocado por arma de fogo, no qual era possível observar o seu estômago (SAKAGUTI 
e TRINDADE, 2007).
No documento firmado entre as partes ficou estabelecido que o médico iria custear 
todas as despesas do pesquisado, além disso, forneceria uma remuneração no valor 
de U$ 150,00. O estudo durou um ano e sofreu fortes críticas éticas pela forma como 
foi desenvolvido. O pesquisado não recebeu todas as informações necessárias e o seu 
envolvimento com o experimento não aconteceu de forma voluntária. No entanto, esse 
relato é considerado o vanguardista do TCLE (MINOSSI, 2011).
25
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) │ UNIDADE II
Durante a história da Bioética, observamos que nem sempre houve uma preocupação 
com o participante de um experimento ou até mesmo de um procedimento médico.
Existe uma infinidade de relatos com desrespeito causado por cientistas ou médicos 
que não se preocupavam com a autonomia daspessoas. Esses fatos envolviam dor, 
sofrimento, humilhação e até mesmo mortes. O perfil das pessoas que tinham sua 
autonomia privada era de prisioneiros de guerra, pobres, escravos e condenados à 
morte (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
Foi somente a partir do Código de Nuremberg que o consentimento voluntário passou a 
ser tratado com uma prerrogativa dos pesquisados. Em seu art. 1
o
, o Código destaca que 
o consentimento voluntário do ser humano é essencial para o desenvolvimento de uma 
pesquisa. No entanto, vários médicos e cientistas não respeitam essa diretriz. O motivo 
seria a associação que muitos profissionais faziam com os crimes cometidos durante 
a guerra. Com isso, suas penalidades ou exigências não valeriam para as pesquisas 
realizadas no pós-guerra (SAKAGUTI e TRINDADE,2007).
Também podemos descartar a Declaração Universal dos Direitos do Homem que foi 
assinada em dezembro de 1948, na cidade de Paris, representando a primeira tentativa 
da humanidade em estabelecer paramentos humanitários válidos para todos os 
habitantes do planeta, independente de cor, sexo, classe social, religião, língua, entre 
outros (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
No fim dos anos 1950, nos Estados Unidos, vários pacientes começaram a denunciar 
pesquisadores que omitiram informações a respeito dos procedimentos. Porém, foi 
somente a partir da década de 1960 com a Declaração de Helsinque que os consentimentos 
passaram a receber uma análise mais detalhada (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
Por fim, em 1993, ocorreu a criação das “Diretrizes Éticas Internacionais para 
Pesquisas da Área da Saúde Envolvendo Seres Humanos”, documento que promoveu 
uma valorização dos TCLE em todas as pesquisas com seres humanos (SAKAGUTI e 
TRINDADE, 2007).
Aplicação do TCLE no Brasil
No Brasil, a regulamentação do TCLE começou com a produção de dois documentos 
elaborados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM – Resolução n
o 1081, de 12 de 
março de 1982) e pelo Ministério da Saúde na década de 1980 (Portaria n
o 16, de 27 de 
novembro de 1981). Esses documentos estabeleceram as normas para a utilização do 
TCLE nos primórdios na década de 1980 (MINOSSI, 2011).
26
UNIDADE II │ ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Durante a primeira Conferência Brasileira de Bioética, realizada em julho de 1996, foi 
confirmado que na pesquisa brasileira muitos pesquisados raramente eram informados 
ou até mesmo perguntados se gostariam de participar de um estudo. Devido a isso, o 
Conselho Nacional de Saúde revisou as normas éticas para a realização de pesquisas 
com seres humanos no país, estabelecidas pela Resolução n
o 1/1988. Essa resolução foi 
formulada em 1988, e estabelece que todas as pessoas que participassem de pesquisa 
em território brasileiro deveriam ser informadas por escrito de todos os riscos e 
objetivos do estudo. Elas teriam a sua autonomia respeitada, para decidir se iriam ou 
não participar do estudo (HARDY et al., 2002).
Com isso, uma comissão do Conselho Nacional de Saúde foi formada e ouviu diferentes 
nichos da população para elaborar um documento detalhado e abrangente. Ao fim do 
processo, a Resolução n
o 196/1996 sobre Pesquisas Envolvendo Seres Humanos foi 
publicada e encontra-se atualmente em vigor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).
Essa resolução define TCLE como:
A anuência do sujeito da pesquisa e/ou seu representante 
legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, 
subordinação ou intimidação, após explicação completa e 
pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, 
métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que 
esta possa acarretar, formulada em um termo de consentimento, 
autorizando sua participação voluntária na pesquisa (SAKAGUTI e 
TRINDADE, 2007).
A expressão Termo de Cconsentimento Livre e Esclarecido é uma tradução dos termos 
da língua francesa consentement livre et ésclaire que, por sua vez, deriva da expressão 
inglesa informed consent (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
As instruções presentes na Resolução n
o 196/1996 relatam que todas as pesquisas que 
utilizam seres humanos, independente da área de atuação, devem submeter seu estudo 
a um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Todas as instituições brasileiras que realizam 
esse tipo de pesquisa foram obrigadas a construir um CEP. Na impossibilidade de uma 
instituição construir um CEP, ela deve submeter seus trabalhos ao CEP de outro centro, 
preferencialmente o CEP de uma faculdade, universidade, instituto de pesquisa ou 
outro órgão com indicação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/MS) 
para realização dos seus trabalhos (HARDY et al., 2002).
O TCLE deve ser submetido ao CEP de acordo com as diretrizes da resolução n
o 
196/1996. O comitê irá avaliar se o TCLE esclarece os pontos principais da pesquisa 
27
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) │ UNIDADE II
e se permite que o indivíduo pesquisado apresente autonomia e voluntariedade para 
tomar sua decisão.
No entanto, em procedimentos que são realizados dentro do consultório, não se faz 
necessário que o TCLE passe pela aprovação de um CEP, porque não está sendo realizada 
uma pesquisa científica. Porém, é de extrema importância que o documento seja 
avaliado por um advogado especialista em ética, para garantir que tenha sido redigido 
de acordo com os princípios éticos, além de garantir a idoneidade do documento.
Aspectos legais do TCLE
De acordo com a resolução n
o 196/1996, o TCLE deve ser preenchido em duas vias. O 
documento deve conter a identificação do participante de uma pesquisa e/ou paciente, 
do representante legal (caso exista), nome do pesquisador e/ou profissional esteta, data 
e assinatura de todos em todas as folhas. Uma via fica com o paciente e/ou pesquisado 
e a outra é arquivada pelo profissional (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
Uma das finalidades do TCLE é servir como uma peça contratual entre o(a) profissional 
esteta e o paciente. Conforme os princípios jurídicos, defendendo os direitos das partes 
envolvidas na causa junto à justiça e ao conselho de classe do profissional (SAKAGUTI 
e TRINDADE, 2007).
Por outro lado, de acordo com uma vertente, o TCLE é um documento informativo 
e esclarecedor. Assim, não deveria ser utilizado como instrumento de defesa do 
profissional. Para muitos profissionais da saúde que trabalham com procedimentos 
minimamente invasivos (injetáveis), essa tática é vista como um desvio da prática 
sensata, induzida principalmente por profissionais incompetentes, devido à ameaça de 
processos por negligência profissional. Além disso, apesar do paciente ter assinado o 
TCLE concordando com o tratamento, nada impede que ele entre na justiça e processe 
o profissional esteta em casos de erros ou falta de assistência por parte do profissional 
(MINOSSI, 2011).
Caso o profissional esteta queira utilizar as imagens do paciente em algum congresso 
ou artigo cientifico, é necessária uma autorização especial ou “Autorização do Uso de 
Imagem”, que pode estar embutida em um item dentro do TCLE. Nessa autorização, 
deve estar descrita a maneira pela qual as imagens serão utilizadas e como a identidade 
do paciente será preservada (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
28
UNIDADE II │ ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Elaboração do TCLE
De acordo com as normas da resolução n
o 196/1996, o TCLE é um documento elaborado 
pelo pesquisador ou profissional esteta e precisa ter a assinatura ou impressão digital 
do paciente e/ou responsável legal e visto do profissional. Em alguns casos também é 
utilizada a assinatura de uma testemunha para dar mais credibilidade ao documento. 
Além disso, o termo precisa ser elaborado em uma linguagem acessível, de preferência 
sem a utilização de termos técnicos e deve apresentar os seguintes itens (SILVA et 
al.,2005; SAKAGUTI e TRINDADE, 2007; MINOSSI, 2011):
 » título (nome do procedimento que será realizado);» introdução do experimento ou tratamento;
 » objetivos (finalidade do procedimento);
 » metodologia (descrever a técnica que será utilizada);
 » complicações ou riscos que o tratamento oferece (pré-tratamento, 
durante, após);
 » contraindicações do tratamento;
 » benefícios esperados;
 » orientações para o pré e pós-procedimento;
 » informações do profissional, tais como: nome completo, telefone, 
endereço da clínica, número do Conselho do profissional;
 » identificação do paciente (nome, CPF, RG, endereço);
 » data, cidade e estado onde foi realizado o tratamento;
 » garantia de esclarecimento a qualquer momento sobre o tratamento do 
paciente;
 » termo para o uso de imagem com a garantia de preservação da 
identificação do paciente, caso o profissional queira usar as imagens 
do tratamento em revistas, artigos, congressos, entre outros, mediante 
autorização do uso de imagem;
 » assinatura ou impressão digital das partes envolvidas (paciente, 
profissional esteta e testemunha);
 » declaração de que as informações prestadas foram efetivamente 
entendidas.
29
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) │ UNIDADE II
Para tornar a compressão do texto do TCLE mais fácil, é imprescindível seguir as 
seguintes orientações (ARAÚJO et al., 2010):
 » elaborar frases curtas, com palavras de fácil entendimento, facilitando 
dessa maneira a localização do paciente sobre temática do TCLE;
 » ser direto e breve na redação do texto para que o paciente possa ler todo 
o TCLE e absorver todas as informações necessárias;
 » formular todo o texto em linguagem leiga, ou seja, utilizar expressões que 
são comuns à população e à linguagem estética;
 » colocar as informações mais importantes no começo do parágrafo, 
facilitando a absorção do conteúdo mais importante;
 » elaborar frases na ordem direta e na voz ativa;
 » citar os benefícios do tratamento antes dos malefícios que pode causar;
 » evitar o uso de adjetivos e eufemismo;
 » utilizar títulos e subtítulos em destaque, para introduzir melhor o 
assunto abordado no TCLE e facilitar a compreensão.
30
UNIDADE III
REALIZAÇÃO DE 
ANAMNESE FACIAL 
E CORPORAL
CAPÍTULO 1
Definição de anamnese e seus 
princípios
Anamnese em procedimentos estéticos
A palavra anamnese é originaria do grego, ana significa trazer de volta e mnsese 
refere-se a memória. Ou seja, podemos definir anamnese como sendo uma entrevista 
realizada pelos profissionais da saúde que visa resgatar as informações de determinada 
patologia (PORTO, 2004). Dessa maneira, ela apresenta comunicação não verbal 
(sinais, comportamento), verbal e escrita (SOARES et al., 2014). É por meio dessas 
informações que o profissional esteta vai guiar-se para realizar a entrevista.
Uma boa anamnese é aquela com contato entre o profissional de saúde e o paciente. 
No entanto, para realizar esse procedimento com destreza é preciso dedicação e tempo 
adequado de atendimento. Pede-se para o profissional que antes de começar a consulta 
avalie como está seu humor, atenção e disposição. Caso essas três características 
apresentem déficit, o atendimento poderá ser prejudicado e a relação cordial entre 
profissional esteta e paciente ficará prejudicada. Além disso, cumprimentar o paciente, 
ter um tom de voz adequado e olhar direcionado demonstram interesse e dedicação por 
parte do profissional em ouvir as queixas do paciente (CARRIÓ, 2012).
É durante a consulta que a relação entre o profissional esteta e o paciente começa. A 
arte de realizar uma boa anamnese é adquirida com a vivência no consultório. Cada 
profissional tem suas particularidades na condução de uma entrevista. Há algumas 
regras básicas que precisam ser seguidas, tais como (SENRA e MORAES, 2012):
 » deixar o paciente expor suas queixas livremente. Ouvir com atenção todas 
as informações passadas;
31
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III
 » evitar fazer perguntas de forma mecânica e enfadonha;
 » evitar perguntas sugestivas, que podem ser respondidas com um simples 
“sim” ou “não”;
 » utilizar uma linguagem de fácil entendimento e sem termos técnicos;
 » ser empático com o paciente, isto é, o profissional esteta deve ter 
a capacidade de compreender o sentimento ou reação do paciente 
colocando-se no lugar dele.
Determinados pacientes que apresentam algum tipo de disfunção estética podem 
apresentar transtornos psicológicos que potencializam as imperfeições. No entanto, 
as disfunções que esses pacientes possuem são classificadas como aceitáveis, porém, 
devido aos transtornos, essas imperfeições são multiplicadas pelo indivíduo. Com isso, 
cabe ao profissional ter a destreza para identificar esse tipo de comportamento no 
paciente, para realizar uma anamnese correta e sem influência dos fatores psicológicos. 
Alguns desses comportamentos são (SENRA e MORAES, 2012):
 » ter expectativa bastante elevada sobre o tratamento (fantasia x 
realidade) ou causa obscura que levou o paciente a buscar tratamentos 
estéticos;
 » estar realizando o procedimento estético para agradar outras pessoas;
 » apresentar delírios, perda de contanto com a realidade, alucinações, isto 
é, psicose;
 » ter distúrbio de ansiedade e de afeto;
 » exagerar nos defeitos estéticos (transtorno dismórfico corporal e 
vigorexia);
 » ter distúrbio de somatização. Esse transtorno, quando presente 
nos pacientes, pode causar sofrimento significativo ou prejuízo no 
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes, 
devido às anomalias estéticas. Os sintomas são: palpitações, vômitos, 
náuseas, tonturas, indiferença sexual, intolerância alimentar, entre 
outros.
O profissional esteta deve adotar determinadas atitudes para conduzir uma anamnese 
de forma confortável e segura. Para isso, é importante ressaltar os seguintes 
comportamentos (SENRA e MORAES, 2012):
 » manter a calma e seriedade na consulta para passar conforto ao paciente;
32
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL
 » ter disposição para ouvir as queixas do paciente;
 » explicar com detalhes como planeja reverter a disfunção estética;
 » não apresentar atitudes defensivas, mas formalidade e cordialidade são 
necessárias;
 » ter paciência para definir claramente quais são os comportamentos 
aceitáveis e inaceitáveis.
Algumas perguntas são classificadas como essenciais em uma anamnese. Por meio 
delas é possível obter informações relevantes sobre a vida do paciente e as expectativas 
que tem com a realização dos tratamentos estéticos. Algumas dessas perguntas são:
 » Já realizou algum tipo de tratamento estético?
 › Se a resposta for sim, quais foram os tratamentos?
 › Ficou satisfeito com os resultados obtidos?
 » Nos próximos dias participará de algum evento importante, tais como: 
casamento, formatura, aniversário?
 › A resposta sendo positiva, deve-se explicar o tempo de recuperação do 
procedimento.
 » Está grávida ou pretende engravidar nos meses em que estiver realizando 
os tratamentos?
 › Mulheres grávidas devem evitar a realização de tratamentos estéticos, 
pois os procedimentos podem interferir na gravidez.
 » Trabalha ou vive em um local com exposição ao sol?
 › Pacientes devem evitar exposição ao sol durante os tratamentos 
estéticos, especialmente na realização de peelings, lasers, CO
2 
fracionado, entre outros, para evitar pigmentações na pele.
 » Tem herpes labial?
 › Em casos de pacientes com herpes labial é importante alertá-lo sobre 
o risco da herpes aparecer devido aos procedimentos estéticos. Com 
isso, deve-se tomar o medicamento de costume do paciente antes 
de começar o tratamento, o que ajuda a prevenir o aparecimento da 
herpes.
33
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III
 » Tem algum tipo de dermatite?
 › Pacientes com dermatite têm a pele bastante sensível. Com isso, o 
profissional deve ter um cuidado extra na execução dos procedimentos 
para não lesionar a pele.
 » Tem alergia a algum tipo de medicamento ou substância?
 › Pacientesalérgicos precisam de uma atenção especial, para evitar 
possíveis complicações.
 » Utiliza marca-passo?
 › Pacientes portadores de marca-passo não podem fazer 
radiofrequência, pois o procedimento pode alterar o funcionamento 
do aparelho.
 » Tem hipertensão?
 › Pacientes hipertensos podem ficar nervosos durante a realização 
de algum procedimento estético, ocorrendo elevação da pressão 
sanguínea.
 » Está realizando algum tratamento médico no momento?
 › Alguns tratamentos médicos podem provocar disfunções estéticas 
como efeitos colaterais. Nesses casos, o paciente deve levar na 
consulta uma autorização do médico responsável liberando-o para 
a realização de tratamento estético. Além disso, o profissional esteta 
deve estudar o caso e analisar possíveis interações entre o tratamento 
médico e o estético.
 » Tem algum tipo de distúrbio hormonal?
 › Alterações hormonais podem causar acne, sobrepeso, manchas, 
excesso de pelo, entre outras disfunções estéticas.
 » Tem antecedentes oncológicos?
 › Neste caso deve-se pedir que o paciente leve na consulta uma 
autorização do médico oncologista liberando-o para a realização de 
tratamentos estéticos. Porém, caso o paciente esteja com a neoplasia, 
o tratamento não deve ser realizado.
O profissional esteta pode elaborar outros tipos de perguntas de acordo com a sua 
experiência e necessidade, pois, cada profissional tem suas particularidades que compõe 
a anamnese.
34
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL
O profissional esteta tem capacidade plena para interpretar os laudos de testes 
laboratoriais. Com isso, se possível, o paciente deve levar para a consulta os 
exames laboratoriais realizados nos últimos meses. Caso contrário, o paciente 
deve consultar-se antes com um médico e solicitar exames laboratoriais de 
rotina: hemograma, colesterol total, HLD, LDL, VLDL, triglicerídeos, glicemia, 
entre outros, e levar, posteriormente, na consulta com o profissional esteta.
Essa conduta é extremante importante, pois o profissional tem que saber como está a 
saúde do paciente antes de começar os procedimentos. Isso é necessário especialmente 
para aqueles que promovem a liberação de lipídios, tais como: intradermoterapia, 
ultrassom cavitacional, criolipólise, hidrolipoclasia, entre outros. Dessa maneira, evita-
se uma alteração acentuada nos níveis lipídicos e possíveis patologias.
Já os procedimentos que provocam sangramento como microagulhamento, 
o profissional deve analisar primeiro se o paciente não tem algum problema 
de coagulação. Com isso, surge também a importância de solicitar o exame de 
coagulograma aos médicos e posteriormente levar o resultado na consulta com o 
profissional esteta.
Elaboração da ficha de anamnese
A ficha de anamnese deve ser elaborada de acordo com os procedimentos que o 
profissional realiza. Entretanto, a ficha não dever ser entendida apenas como uma ficha 
cadastral que irá conter os dados do pacientes, mas ser vista como um documento que 
contém informações relevantes sobre o paciente que irão auxiliar na correta escolha do 
procedimento mais indicado para tratar determinada disfunção estética.
Ademais, não existe um modelo pré-determinado para elaboração de uma ficha de 
anamnese. Cada profissional esteta deve elaborar a sua própria ficha de acordo com a 
sua vivência clínica e os procedimentos que realiza. No entanto, os pontos que foram 
abordados no tópico anterior desta apostila são fundamentais, logo, é importante que 
eles estejam presentes, pois norteiam o profissional durante a consulta.
35
CAPÍTULO 2
Aspectos psíquicos na estética 
Um aspecto bastante importante relacionando com a qualidade de vida é a autoimagem. 
A insatisfação com o próprio corpo é responsável por vários comportamentos, como 
perda de peso, aumento de atividade física, aquisição de cosméticos, procura por 
procedimentos estéticos, compra de roupas. Logo, é através do contexto biopsicossocial 
que podemos ir além, conhecendo os vários fatores que interagem e produzem estados 
de saúde e de doença, evidenciando a reciprocidade do corpo e da mente. Os fatores que 
influenciam esta temática podem ser os mais variados possíveis, tais como psicológicos, 
fisiológicos, sociais e ambientais. Todos eles se relacionam com o bem-estar emocional 
e com a qualidade de vida (SENRA e MORAES, 2012). 
Existem várias formas de conduzir uma anamnese em estética com ênfase na saúde 
mental do paciente e, caso o indivíduo apresente algum distúrbio psicológico, é 
contraindicada a realização do procedimento estético, evitando com isso complicações 
posteriores (SENRA e MORAES, 2012).
Nos dias atuais encontramos uma alta prevalência de alterações psiquiátrics na 
população em geral. A detecção de transtornos psíquicos é importante na consulta 
estética dos pacientes que procuram tais procedimentos. A avaliação desses indivíduos 
deve ser focalizada em itens como motivações e expectativas, preocupações acerca 
da aparência e da imagem corporal, além do estado psíquico atual. Alguns pacientes 
fazem uso rotineiro de medicamentos psiquiátricos, dentre os quais podemos destacar 
os antidepressivos. Um parecer, se possível por escrito, da condição estável do paciente 
oferece um pouco mais de segurança ao profissional esteta na condução do caso (SENRA 
e MORAES, 2012). 
Atuação do corpo como objeto estético
Além das características funcionais de um corpo saudável, ele pode ser visto através de 
uma perspectiva estética. Uma imagem negativa sobre o próprio corpo pode desenvolver 
sentimentos de vergonha, baixa autoestima, depressão e ansiedade. A percepção 
subjetiva do paciente sobre o resultado obtido com o procedimento está diretamente 
ligada com a preocupação com a própria imagem, sobre a sua vida afetiva e sexual. Os 
pacientes que apresentam expectativas acima da média com os procedimentos estéticos 
podem estar passando por vários problemas e enxergam naquele procedimento a 
chance de reatar um relacionamento afetivo, por exemplo. Esta teoria é apoiada por 
36
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL
vários estudos que revelam que indivíduos submetidos a procedimentos estéticos em 
demasia têm elevados índices de psicopatologias (SENRA e MORAES, 2012). 
Existe uma clara evidência de comportamento na sociedade à qual pertencemos. O 
contexto atual e cultural diz que “o belo é bom”, portanto, as pessoas atraentes são 
vistas de forma diferente. Elas são reconhecidas como mais inteligentes e de maior 
competência social, especialmente pela mídia (SENRA e MORAES, 2012). 
O paciente na estética
Os procedimentos estéticos atuais estão alcançando resultados maravilhosos, isto 
é inegável. No entanto, quando os procedimentos são mostrados em programas de 
televisão ou nas redes sociais muitos pacientes podem adquirir perspectivas irreais 
sobre os resultados, em muitos casos os pacientes esperam ficar parecidos com outras 
pessoas, em especial celebridades (SENRA e MORAES, 2012). 
A sociedade constantemente impõe padrões estéticos de acordo com o interesse 
mercadológico, que devem ser ponderados para não se tornarem padrões 
obrigatoriamente aceitos e adequados para todas as pessoas. Durante a anamnese, 
os pacientes precisam ser lembrados de que os procedimentos podem melhorar a 
aparência, porém eles não resultarão em perfeição. Normalmente, é necessária a 
realização de várias sessões para atingir os objetivos pretendidos, envolvendo tempo 
para a recuperação e altas despesas (SENRA e MORAES, 2012). 
Logo, essa abordagem é fundamental na anamnese, especialmente na primeira 
consulta. É primordial que o paciente explique com as próprias palavras o que o 
desagrada. O profissional esteta deve ouvir cuidadosamente as queixas do paciente e 
fazer anotações técnicas sobre tais reclamações, para que possa ser analisado se tais 
queixas do indivíduo condizem com o que o profissional está observando. Nesta hora, 
o senso crítico do profissional fará um grande diferencial na condução do caso (SENRAe MORAES, 2012). 
Aspectos gerais de uma anamnese em um 
paciente com aspectos psíquicos
A arte de entrevistar o paciente e conseguir extrair dele informações relevantes é algo 
que se adquire com o tempo e com a experiência ao longo dos vários atendimentos 
prestados durante a carreira. No entanto, é importante que, no decorrer da 
37
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III
anamnese, os sinais e sintomas que serão citados a seguir sejam percebidos (SENRA 
e MORAES, 2012):
 » na aparência: adequada, bizarra, exibicionista;
 » na atitude: amistosa, interessada, hostil, inibida, desconfiada, arrogante, 
teatral, manipuladora, lamuriosa, querelante, simuladora, sedutora;
 » na atenção: memória, linguagem, pensamento, vontade, pragmatismo, 
consciência;
 » nos sintomas gerais: humor rebaixado, fatigabilidade, medo, sono, 
apetite, dores musculares, capacidade de concentração. 
Além disso, deve-se:
 » investigar episódios de choro, irritação, isolamento social, sensação de 
desesperança e pensamentos suicidas;
 » suspeitar de pensamentos e comportamentos obsessivos;
 » destacar as alterações afetivas próprias e os episódios dos 
relacionamentos sociais. 
Transtorno Dismórfico Corporal e suas 
características clínicas
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é caracterizado pela preocupação com defeitos 
inexistentes ou leves na aparência física, de tal forma que os pacientes acreditam que 
parecem anormais, pouco atraentes, feios ou deformados, quando, na realidade, são 
normais. A preocupação com essas supostas falhas leva a comportamentos repetitivos 
(por exemplo, verificar a aparência em espelhos constantemente), que são difíceis de 
controlar e não são agradáveis. O TDC é comum, mas geralmente sub-reconhecido, 
causa sofrimento clínico significativo e é frequentemente associado à ideação e a 
comportamento suicida (UPTODATE, 2019).
Pacientes com TDC podem apresentar-se a profissionais da estética ou da saúde 
mental como psicólogos ou psiquiatras. A maioria dos pacientes procura tratamento 
cosmético e não psiquiátrico para detectar seus defeitos supostamente físicos. Dessa 
forma, o tratamento estético é ineficaz para a maioria dos pacientes e pode ser 
arriscado para os profissionais estetas, uma vez que, mesmo que o procedimento seja 
38
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL
executado de forma perfeita e os resultados sejam ótimos, o paciente pode não ficar 
satisfeito (UPTODATE, 2019).
Pacientes com TDC estão preocupados com defeitos inexistentes ou leves na aparência 
física de uma ou mais partes do corpo. As preocupações com a aparência são difíceis de 
resistir ou controlar e ocorrem por uma média de três a oito horas por dia. As áreas do 
corpo são vistas como pouco atraentes, repulsivas, anormais ou deformadas, e alguns 
pacientes se descrevem como parecendo uma aberração, um monstro, uma vítima de 
queimadura. As preocupações com a aparência são em parte perturbadoras porque 
são inaceitáveis na percepção do eu para os outros, e em muitos casos envolvem a 
crença de que outras pessoas zombam e rejeitam a pessoa por causa de sua aparência 
(UPTODATE, 2019). 
A maioria dos pacientes no curso da doença está preocupada com a exposição de várias 
áreas do corpo, média de cinco a sete áreas diferentes. No entanto, alguns pacientes 
estão excessivamente preocupados com apenas uma área do corpo, enquanto outros 
não gostam de praticamente nenhum dos aspectos de sua aparência. As principais 
partes do corpo mais detestáveis são (UPTODATE, 2019):
 » pele (acne, cicatrizes, manchas, coloração ou rugas);
 » cabelos (calvície ou excesso de pelos faciais ou corporais);
 » nariz (tamanho ou forma);
 » abdômen (gordura localizada);
 » seios (pequenos ou grandes); 
 » olhos.
No entanto, qualquer área do corpo pode ser o foco da preocupação. Além disso, 
aflições com simetria são comuns, por exemplo: narinas desiguais, olhos em um nível 
diferente um do outro (UPTODATE, 2019).
Entre os pacientes com TDC, é mais provável que as mulheres se preocupem com 
o peso, tamanho dos quadris, nádegas, seios, pernas e excesso de pelos faciais ou 
corporais. Os homens são mais propensos do que as mulheres a se preocuparem com 
a queda de cabelo (calvície), tamanho do órgão genital e a ter transtorno dismórfico 
muscular, também conhecido como vigorexia (UPTODATE, 2019). 
Todos os indivíduos com TDC apresentam comportamentos repetitivos em algum 
momento durante o curso de sua doença. Esses comportamentos podem ser pistas de 
39
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III
que uma pessoa tem TDC. Dessa forma, o profissional esteta precisa ficar atento aos 
comportamentos que serão relatados a seguir durante a realização da sua anamnese, 
segundo a UPTODATE (2019):
 » Esconder Áreas Corporais: Cerca de 90% dos pacientes tentam esconder 
ou encobrir as áreas indesejadas do corpo. Isso pode incluir o uso de 
chapéu e óculos de sol, maquiagem pesada, utilização de roupas não 
apropriadas para a época do ano (por exemplo, o uso de casado em pleno 
verão), utilização de um corte de cabelo para esconder uma parte do 
rosto. Cerca de um quarto dos pacientes com TDC se bronzeia demais 
para escurecer a pele “pálida”, para minimizar a percepção de acne ou 
rugas. Este ato de tentar esconder determinadas partes do corpo envolve 
um comportamento repetitivo e compulsivo, como aplicar repetidamente 
maquiagem ou ajustar com frequência a roupa ou a posição do corpo. 
Este comportamento tem como objetivo evitar sentir vergonha quando as 
áreas do corpo “defeituosas” são vistas por outras pessoas.
 » Comparação: Quase 90% dos pacientes frequentemente comparam seus 
corpos aos de outras pessoas ao seu redor ou com pessoas em revistas, 
rede sociais ou na televisão. Esse comportamento pode preocupar 
tanto os pacientes que eles apresentam dificuldade de concentração, 
desenvolvimento de uma conversa e realização de tarefas. Além disso, 
a comparação muitas vezes aumenta o sofrimento porque os pacientes 
com TDC tendem a não apenas subestimar sua atratividade, mas também 
superestimam a atratividade de outras pessoas.
 » Verificação em Espelhos: Quase 90% dos pacientes com TDC verificam 
compulsivamente seus defeitos percebidos em espelhos e em outras 
superfícies refletidas, por exemplo janelas, costas de colheres, telefones 
celulares. Fazendo isso por horas todos os dias, durante a verificação 
no espelho, os pacientes podem adotar outros comportamentos, como 
limpeza excessiva ou palpação da pele.
 » Higiene Excessiva: Mais da metade dos pacientes faz higienização 
excessiva. Os pacientes podem pentear repetidamente os cabelos, aplicar 
maquiagem várias vezes ou arrancar os pelos faciais “excessivos” ou 
“uniformizar” sobrancelhas ou costeletas continuamente. No entanto, o 
fato de arrancar os pelos ou cabelos pode estar associado a outro distúrbio 
psíquico chamado de tricotilomania. 
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UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL
 » Buscando a Segurança de Outras Pessoas: Cerca de metade dos pacientes 
frequentemente buscam garantias de outras pessoas sobre o seu visual. 
Os pacientes desejam saber se a sua aparência é convidativa ou não. 
No entanto, mesmo que a resposta seja positiva sobre o seu visual, eles 
normalmente não acreditam na resposta, pois geralmente têm pouca ou 
nenhuma percepção da realidade. 
 » Troca de Roupa: Quase metade dos pacientes trocam de roupa muitas 
vezes (por exemplo, mais de 4) por dia para tentar camuflar áreas 
corporais não desejadas.
 » Compras Compulsivas: Algumas pessoas compram compulsivamente 
produtos para a pele ou cabelo e maquiagem para minimizar suas “falhas”. 
Em geral, ficam decepcionados com os resultados com esses cosméticos.
 » Ansiedade Social: Ansiedade social é uma característica comum nos 
pacientes TDC. Muitos indivíduos se isolam porque temem que outras 
pessoas vejam a “deformidade”, ou receiam rejeição por causa de sua 
“feiúra”. Assim, alguns pacientes ficam em casa e

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