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Introdução ao Direito Constitucional

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CERS – COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA - 2014 
Curso “Começando do Zero” 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 1 
 
 
DIREITO 
 
CONSTITUCIONAL 
 
(MATERIAL ATUALIZADO ATÉ A EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 77, DE 11 DE FEVEREIRO DE 2014) 
 
 
OBS. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. NENHUMA PARTE DESTE MATERIAL PODERÁ SER 
REPRODUZIDA POR FOTOCÓPIA MICROFILME, PROCESSO FOTOMECÂNICO OU ELETRÔNICO SEM 
PERMISSÃO EXPRESSA DO AUTOR. 
 
 
PROFESSOR: 
 
 ORMAN RIBEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Curso “Começando do Zero” 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 2 
 
MENSAGEM DO PROFESSOR 
 
 
Amigos, 
 
 
É um grande prazer estar com vocês em mais uma edição do consagrado projeto 
“Começando do Zero”. 
 
Teremos uma longa e árdua jornada, já que a preparação para concurso público é um 
desafio cuja superação requer muito sacrifício. 
 
Nos dias de hoje, a estabilidade financeira proporcionada pelo cargo público é um bem 
desejado por muitos, o que torna a concorrência cada vez maior. 
 
Entretanto, os testemunhos que tenho tido de pessoas que se sacrificaram em 
determinado período de suas vidas e que conseguiram a aprovação nos mais variados 
concursos públicos, me dão a convicção de que vale à pena passar por esse momento 
de renúncia. 
 
Neste curso, estaremos juntos na matéria Direito Constitucional, básica para a grande 
maioria dos concursos públicos. 
 
O material que vocês têm em mãos reúne o conteúdo básico da nossa disciplina, 
juntamente com questões retiradas das mais variadas provas de concurso dos últimos 
anos. Não temos a pretensão de esgotar a matéria, mas tão somente de trazer os 
pontos mais relevantes de cada tema, visando oferecer condições para o acerto das 
questões de direito constitucional nas provas a que se submeterão. 
 
Estou certo de que você perceberá que o direito é algo muito próximo da sua realidade. 
 
Contem comigo e tenham certeza de que estarei à inteira disposição de todos e de 
cada um para fazer com que brilhemos juntos. 
 
O sucesso e a felicidade de vocês nessa empreitada serão também meus. 
 
Um grande abraço, 
 
 
ORMAN RIBEIRO FILHO – março/2014 
 
 
 
“NUNCA DEIXE QUE TE DIGAM QUE NÃO VALE À PENA ACREDITAR NUM 
SONHO QUE SE TEM, OU QUE SEUS PLANOS NUNCA VÃO DAR CERTO, QUE 
VOCÊ NUNCA VAI SER ALGUÉM... QUEM ACREDITA SEMPRE ALCANÇA” 
(RENATO RUSSO / FLÁVIO VENTURINI) 
 
 
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Curso “Começando do Zero” 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 3 
MÓDULO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Elaboração: Prof. Orman Ribeiro 
www.facebook.com/professorormanribeiro 
 
 
CAPÍTULO I – DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
1. CONCEITO 
 
É ramo do direito público interno que estuda a Constituição, ou seja, a lei de organização do 
Estado, em seus aspectos fundamentais (formas de Estado e de governo; sistemas de 
governo; modos de aquisição do poder político; órgãos de atuação do Estado; principais regras 
da ordem econômica e social; limites à atuação do Estado). 
 
O direito constitucional é a base do direito público interno. Direito público porque se refere a 
questões que dizem respeito a interesses imediatos do Estado, e não de particulares. Interno 
porque as normas se referem ao direito de um único Estado, internamente considerado. 
 
Ocupa uma posição de superioridade em relação aos demais ramos do direito, pois os 
princípios fundamentais dos outros ramos jurídicos estão todos inseridos na Constituição. 
Desta forma, existe uma relação de hierarquia entre a Constituição (topo do ordenamento) e as 
demais normas jurídicas, que não podem contrariá-la em hipótese alguma, como será 
estudado no momento oportuno. 
 
 
2. OBJETO 
 
O objeto de estudo do direito constitucional é a Constituição dos diversos países. Assim, o 
direito constitucional brasileiro tem por objeto a Constituição da República Federativa do Brasil, 
promulgada em 05 de outubro de 1988, que será objeto de todo o nosso curso. 
 
 
3. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO 
 
A constituição é a lei fundamental de um país, já que constitui, define, apresenta, concebe o 
próprio Estado. É ela que estrutura e delimita os seus poderes políticos, bem como os 
principais aspectos da sua estrutura. Trata, assim, das formas de Estado e de governo, dos 
sistemas de governo e outras questões fundamentais e estruturais do Estado. 
 
Lembre-se que o Estado, assim como seus agentes, não possui poderes ilimitados, já que 
devem ser exercidos nos limites impostos pelas normas jurídicas, encabeçadas pela 
Constituição Federal. Por isso é que ela tem a importante função de servir de norte, limite e 
guia para o exercício do poder. 
 
No Brasil, a Constituição é também chamada de Carta Magna, Lei Fundamental, Código 
Supremo, Lei Máxima, Lei Maior, Carta Política, Lei das leis etc. 
 
 
4. CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES 
 
São inúmeros os critérios utilizados pela doutrina para classificar as constituições. São 
apresentados a seguir apenas os mais tradicionais e freqüentes nas provas dos diversos 
concursos: 
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4.1 QUANTO À ORIGEM 
 
a) Promulgadas, populares, democráticas ou votadas: Elaboradas por um órgão constituinte 
composto de representantes legitimamente eleitos pelo povo. Ex: Brasil (atual) 
 
b) Outorgadas: São as elaboradas sem a participação popular. São impostas pelo governante 
e típicas de regimes não-democráticos. Ex: Constituição brasileira de 1937 
 
4.2. QUANTO À FORMA 
 
a) Escritas: As regras estão codificadas em um texto único. 
 
b) Não-escritas ou costumeiras: As regras não estão codificadas em um texto único, mas sim 
em leis esparsas, na jurisprudência ou nos costumes. Ex: Constituição da Inglaterra. 
 
4.3. QUANTO À EXTENSÃO 
 
a) Sintéticas ou Concisas: Dispõem somente sobre os aspectos fundamentais de organização 
do Estado, trazendo seus elementos estruturais (formas de governo e Estado, sistemas de 
governo, regime político, principio da separação dos poderes e direitos fundamentais), 
deixando todos os demais assuntos para as leis comuns. Possui sempre poucos artigos. 
Ex: Constituição americana, que tem 34 artigos. 
 
b) Analíticas ou prolixas: Dispõem também sobre os elementos estruturais do Estado, mas vai 
além, tratando de diversos aspectos da organização do Estado que poderiam ser objeto de 
legislação comum. Possui sempre muitos artigos. Ex: Constituição brasileira de 1988, que 
tem 250 artigos na sua parte permanente. 
 
4.4. QUANTO AO CONTEÚDO 
 
a) Material: conjunto de normas que tratam de matéria relacionada à estrutura fundamental do 
Estado e da sociedade, estejam ou não inseridas no texto da Constituição. Ex: Constituição 
Inglesa, justamente por não estar codificada num único texto. 
 
b) Formal: conjunto de normas que estão inseridas no texto escrito e solene denominado 
Constituição, independentemente da matéria tratada. É o caso do Brasil. Aqui só é 
considerado Constituição o que fizer parte do texto solene promulgado em 1988 e 
denominado Constituição da República Federativa do Brasil. Mesmo que não trate de 
matéria afeita à estrutura fundamental do Estado. 
 
4.5. QUANTO AO MODO / MODELO DE ELABORAÇÃO 
 
a) Dogmáticas: São as Constituições fruto de um determinado momento histórico preciso, 
delimitado. A Constituição escrita é sempre dogmática. Ex: Brasil. 
 
b) Históricas ou Costumeiras: São produto da lenta transformação histórica da sociedade, 
baseando-se em costumes, convenções, precedentes jurisprudenciais e textos esparsos. 
Está sempre em elaboração, jamais fica pronta. A Constituição não escrita é sempre 
histórica ou costumeira. Ex: Inglaterra.4.6. QUANTO AO PROCESSO DE ALTERAÇÃO / ALTERABILIDADE 
 
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a) Rígidas: são rígidas as Constituições que exigem um procedimento especial de alteração 
dos preceitos constitucionais mais rigoroso que o das demais normas infraconstitucionais. 
Ex: Brasil atual. 
 
b) Flexíveis ou plásticas: São as que não exigem procedimento especial para modificação. As 
normas constitucionais se alteram pelo mesmo procedimento das leis ordinárias. 
 
c) Semi-rígidas ou semi-flexíveis: Contêm uma parte rígida e outra flexível, ou seja, algumas 
normas constitucionais exigem procedimento especial para modificação e outras não. Ex: 
Constituição brasileira do Império – art. 178. 
 
d) Imutáveis: São as que não permitem qualquer tipo de alteração. Nos dias de hoje é 
inconcebível este tipo de Constituição, dada a dinâmica moderna das relações, que faz 
com que a realidade social se modifique com muita rapidez, sendo necessário que uma 
Constituição tenha mecanismos de alteração que lhe permitam se adequar às constantes 
modificações dos valores da sociedade. 
 
4.7. QUANTO À IDEOLOGIA / CRITÉRIO IDEOLÓGICO 
 
a) Ortodoxas ou Simples: São as Constituições influenciadas por uma só ideologia. Ex: 
Constituição socialista da antiga URSS. 
 
b) Ecléticas, complexas ou compromissárias: São as influenciadas por ideologias e 
tendências diversas, a partir de um pacto entre as forças políticas presentes em 
determinado momento histórico. Ex: Constituição brasileira atual. 
 
 
5. A CONSTITUIÇÃO DO BRASIL 
 
A partir das classificações apresentadas, podemos afirmar que a atual Constituição brasileira 
é: promulgada (qto. à origem); escrita (qto. à forma); analítica (qto. à extensão); formal (qto. ao 
conteúdo); dogmática (qto. ao modelo de elaboração); rígida (qto. ao processo de alteração);e 
eclética (quanto ao critério ideológico). 
 
 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 
 
QUESTÕES: 
 
1) (CGU – 2006) Nem toda Constituição classificada como dogmática foi elaborada por um órgão 
constituinte. 
 
2) (CGU – 2006) Uma Constituição rígida não pode ser objeto de emenda. 
 
3) (ADVOGADO – IRB – 2006) Uma Constituição é classificada como popular, quanto à origem, 
quando se origina de um órgão constituinte composto de representantes do povo. 
 
4) (MPOG – ENAP – ADMINISTRADOR – 2006) Constituições rígidas são as que possuem cláusulas 
pétreas, que não podem ser modificadas pelo poder constituinte derivado. 
 
5) (CGU – 2003) Na história do Direito Constitucional brasileiro, apenas a Constituição de 1824 pode 
ser classificada, quanto à estabilidade, como uma Constituição semi-rígida. 
 
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6) (ANALISTA – TCU – 2004) As Constituições classificadas como não-escritas, produto de lenta 
síntese história, são compostas exclusivamente por normas costumeiras, jurisprudência e 
convenções. 
 
7) (TJMT – 2005) A Constituição flexível é aquela que somente admite a sua reforma por meio de 
emenda à Constituição. 
 
8) (TJMT – 2005) A Constituição é sempre fruto de um processo democrático, não havendo 
Constituição nos países onde há a usurpação de poderes por meio de golpes militares ou 
revolucionários. 
 
9) (ANALISTA – MPU – 2004) Constituições semi-rígidas são as Constituições que possuem um 
conjunto de normas que não podem ser alteradas pelo constituinte derivado. 
 
10) (ANALISTA – MPU – 2004) Constituições populares são aquelas promulgadas apenas após a 
ratificação, pelos titulares do poder constituinte originário, do texto aprovado pelos integrantes da 
Assembléia Nacional Constituinte. 
 
11) (AUDITOR – ES) Em consonância com os critérios adotados para a classificação do texto 
constitucional, a atual Constituição Federal brasileira é escrita, rígida, promulgada, histórica e 
material. 
 
12) (GESTOR – MPOG – 2002) A Constituição brasileira de 1988 pode ser classificada como flexível, 
sintética, promulgada e democrática. 
 
13) (AGENTE – PF – 2000) Toda Constituição escrita é rígida. 
 
(ANALISTA – TCU – 2007) Tendo em vista a aplicação dos diversos critérios de classificação das 
constituições ao modelo brasileiro de 1988, julgue os itens a seguir. 
 
14) A Constituição Federal de 1988 (CF) é considerada pela maior parte da doutrina constitucionalista 
como uma Constituição rígida. Há, no entanto, a visão que – atentando para o fato de a CF ter um 
núcleo imutável, que não se submete a modificações nem mesmo por emenda – a classifica como 
super-rígida. 
 
15) Por expressar apenas as regras básicas de organização do Estado e os preceitos referentes aos 
direitos fundamentais, a CF é considerada como uma Constituição analítica. 
 
16) Quanto à forma, a CF é uma Constituição escrita, pois se acha consolidada em usos e costumes, 
convenções e textos esparsos, bem como na jurisprudência formada sobre os temas constitucionais. 
 
17) (ANALISTA – SEFAZ – CE – 2007) A Constituição Federal de 1988 é considerada, em relação à 
estabilidade, como semi-rígida, na medida em que a sua alteração exige um processo legislativo 
especial. 
 
18) (ANALISTA – SEFAZ – CE – 2007) No que se refere à origem, a Constituição Federal de 1988 é 
considerada outorgada, haja vista ser proveniente de um órgão constituinte composto de 
representantes eleitos pelo povo. 
 
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19) (ANALISTA – SEFAZ – CE – 2007) As Constituições dogmáticas, como é o caso da Constituição 
Federal de 1988, são sempre escritas, e apresentam, de forma sistematizada, os princípios e idéias 
fundamentais da teoria política e do direito dominante à época. 
 
20) (ANALISTA – SEFAZ – CE – 2007) Nas Constituições materiais, como é o caso da Constituição 
Federal de 1988, as matérias inseridas no documento escrito, mesmo aquelas não consideradas 
“essencialmente constitucionais”, possuem status constitucional. 
 
21) (JUIZ – TRT – 7ª REGIÃO – 2005) Chama-se Constituição outorgada aquela que é votada pelos 
representantes do povo especialmente convocados para elaborar o novo Estatuto Político. 
 
22) (TÉCNICO DO TRE – MG – 2009) A constituição de determinado país constitui sua lei 
fundamental, a qual prevê normas relativas a: estruturação do Estado, formação dos poderes, 
forma de governo, aquisição do poder, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres 
dos cidadãos. Portanto, para ser considerado como constituição, é imprescindível que haja um único 
documento escrito contendo tais regras. 
 
23) (TÉCNICO DO TRE – MG – 2009) As constituições rígidas não podem, em nenhuma hipótese, 
serem alteradas. 
 
24) (TÉCNICO DO TRE – MG – 2009) A constituição material contém um conjunto de regras 
escritas, constantes de um documento solene estabelecido pelo chamado poder constituinte 
originário. 
 
25) (TÉCNICO DO TRE – MG – 2009) A constituição de determinado país pode não ser escrita, já que 
tem por fundamento costumes, jurisprudência, leis esparsas e convenções, cujas regras não se 
encontram consolidadas em um texto solene. 
 
26) (TÉCNICO DO TRE – MG – 2009) As constituições outorgadas decorrem da participação 
popular no processo de elaboração. 
 
27) (TÉCNICO DO TRE – MG – 2009) A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF) 
caracteriza-se por ser escrita e rígida. 
 
28) (Auditor da Receita – 2009) A constituição dogmática se apresenta como produto escrito e 
sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípiose idéias fundamentais da teoria 
política e do direito dominante. 
 
29) (AFRF/2003) Da Constituição em vigor pode ser dito que corresponde ao modelo de Constituição escrita, 
dogmática, promulgada e rígida. 
 
30) (Auditor da Receita – 2005) Uma constituição não-escrita é aquela cujas normas decorrem de 
costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais seja reconhecida a condição de 
textos constitucionais. 
 
 
GABARITO: 
 
1 – F 2 – F 3 – V 4 – F 5 – V 
6 – F 7 – F 8 – F 9 – F 10 – F 
11 – F 12 – F 13 – F 14 – V 15 – F 
16 – F 17 – F 18 – F 19 – V 20 – F 
21 – F 22 – F 23 – F 24 – F 25 – V 
26 – F 27 – V 28 – V 29 – V 30 – F 
 
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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 
 
 
CAPÍTULO II – PREÂMBULO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
 
1. PREÂMBULO 
 
Chama-se preâmbulo o texto que precede os dispositivos constitucionais propriamente ditos. 
Faz parte da própria Constituição e tem o seguinte texto: 
 
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia 
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, 
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade 
e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a 
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL”. 
 
Neste texto introdutório, como se observa, estão consagradas basicamente as seguintes 
questões: a) quem fez a Constituição; b) com qual autoridade; e c) quais os princípios 
fundamentais que influenciaram na sua elaboração. 
 
Por ter emanado do mesmo Poder Constituinte Originário, que elaborou a Constituição, o 
preâmbulo possui um importante valor interpretativo das normas constitucionais. 
 
Muito se discute na doutrina constitucionalista se os efeitos do preâmbulo são somente estes, 
vale dizer, interpretativos, ou se possui valor normativo, vinculante das normas 
infraconstitucionais. No Brasil, esta discussão perdeu a relevância, porque todos os valores 
enunciados pelo preâmbulo estão presentes também no restante do texto constitucional. 
 
De qualquer sorte, vale apontar a posição do STF a respeito do tema, que é a de que o texto 
preambular não possui força normativa, estando muito mais no domínio da política do que no 
domínio do direito. 
 
 
2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
2.1. INTRODUÇÃO 
 
O Título I da Constituição brasileira é inteiramente dedicado aos chamados “princípios 
fundamentais”, que nada mais são do que as regras gerais informadoras de todo o sistema 
jurídico brasileiro. 
 
É sobre tais princípios, dotados de inegável força normativa, que se construirá todo o 
arcabouço normativo da própria Constituição, nas suas outras partes, além de toda a 
legislação infraconstitucional, por via de conseqüência. 
 
Na ordem jurídica moderna, os princípios constitucionais possuem basicamente três funções: 
fundamentadora, interpretativa e supletiva. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 9 
 
Pela função fundamentadora, os princípios servem de fundamento de validade para todas as 
outras normas do ordenamento jurídico, que só serão válidas se com eles se mostrarem 
compatíveis. 
 
A função interpretativa é a que tem os princípios como instrumento para que se alcance os 
reais valores e finalidades de cada lei no momento de sua aplicação. 
 
Por fim, a função supletiva revela a importantíssima tarefa atribuída aos princípios 
constitucionais de integrar o ordenamento jurídico, preenchendo as eventuais lacunas legais 
que se apresentarem. 
 
2.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS 
 
O art. 1º, caput, da CF, proclama como princípios informadores do Estado Brasileiro os 
princípios: 
 
- republicano (forma de governo - República); 
 
- federativo (forma de Estado - Federação); 
 
- democrático (regime político - Democracia). 
 
Além disso, estabelece como fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1º, incisos I 
a V): 
 
- a soberania; 
 
- a cidadania; 
 
- a dignidade da pessoa humana; 
 
- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
 
- o pluralismo político; 
 
No art. 2º, a CF proclama também como princípio fundamental constitucional a separação dos 
poderes, ao passo em que, no art. 3º, a CF prevê os objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil, quais sejam: 
 
- construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
 
- garantir o desenvolvimento nacional; 
 
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
 
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer 
outras formas de discriminação. 
 
 
2.3. DENOMINAÇÃO ATUAL DO ESTADO BRASILEIRO 
 
O nome adotado pela CF ao Estado brasileiro, atualmente, é REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL, como se observa logo no caput do seu art. 1º. 
 
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Com isso, revelam-se, de saída, a forma federativa de organização do Estado brasileiro e a 
republicana de organização do governo. Note-se que a forma federativa constitui cláusula 
pétrea (art. 60, §4º, I), não podendo ser, portanto, abolida ou modificada pelo legislador 
constituinte derivado, mas tão somente pelo legislador constituinte originário. 
 
Já a forma republicana de organização de governo não é cláusula pétrea à luz da nossa atual 
CF, valendo lembrar, inclusive, a realização, em 1992, de um plebiscito acerca da questão, 
onde o povo soberano decidiu por ampla maioria pela República como forma de governo. 
 
Os contornos e peculiaridades da Federação e da República já foram dados no início do nosso 
curso, e serão desdobrados no decorrer dos demais pontos. 
 
2.4. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
 
A expressão Estado Democrático de Direito, utilizada pela CF no seu art. 1º, quer significar que 
o Estado brasileiro adotou o regime político da Democracia, cujos contornos essenciais já 
foram estudados, além de se pautar pelo respeito absoluto à legalidade. 
 
Em resumo, diz-se deste tipo de Estado que é aquele regido por leis, em que o governo está 
nas mãos de representantes legitimamente eleitos pelo povo. 
 
2.5. FUNDAMENTOS DO ESTADO BRASILEIRO 
 
Soberania. Como já tivemos a oportunidade de explicar, a soberania constitui um dos 
elementos do Estado, significando a supremacia do Estado brasileiro na ordem política interna 
e a independência na ordem política externa. 
 
Cidadania. Abrange a titularidade de direitos políticos (votar e ser votado, por exemplo) e civis 
(saúde, educação etc). 
 
Dignidade da pessoa humana. É o absoluto respeito aos direitos fundamentais de todo ser 
humano, devendo ser assegurado a todos condições dignas de sobrevivência. 
 
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Revelam a intenção da CF de estabelecer uma 
harmonia entre capital e trabalho, fundamentos do modo de produção vigente (capitalismo). 
 
Pluralismo político. É o respeito à livre formação de correntes políticas no País, vedando-se, 
em regra, qualquer limitação na formação e funcionamento dos partidos políticos, salvo os 
limites impostos pela própria Constituição. 
 
2.6. SEPARAÇÃO DE PODERES 
 
O princípio da separação de poderes do Estado significa a divisão funcional do exercício do 
poder político no seu âmbito interno, atribuindo-se cada função governamental básica aum 
órgão independente e especializado. 
 
Reconhece-se que três são as funções básicas do Estado: legislativa, executiva e judiciária. 
Assim, cada órgão responsável pelo desempenho de uma dessas funções recebe a 
denominação relacionada, qual seja, Poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. 
 
Vale, todavia, explicar que, embora as funções atribuídas pelo Estado a cada Poder, sejam 
bastante nítidas, todos realizam um pouco das funções reservadas aos outros, de maneira 
atípica. Este ponto será melhor tratado quando enfrentarmos, no momento próprio, as 
características de cada Poder. 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 11 
Além disso, convém atentar para o texto da Constituição, que, no art. 2º, declara: “São Poderes 
da União, independentes e harmônicos entre si, O Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” 
 
Fala-se em independência e harmonia entre os Poderes, ou seja, cada Poder desempenha 
suas funções de maneira autônoma e independente em relação aos demais Poderes, não 
havendo que se falar em qualquer relação de subordinação entre um e outro. 
 
Por fim, atente-se que essa independência deve ser permeada pela relação de harmonia entre 
os Poderes, ou seja, as relações devem se desenvolver com o necessário respeito institucional 
de cada Poder para com os demais. 
 
2.7. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS 
 
Como já dissemos no início deste capítulo, a Constituição brasileira estabeleceu quatro 
objetivos para a República Federativa do Brasil, a saber: 
 
a) Construir uma sociedade livre, justa e solidária – O Estado deve desenvolver suas 
atividades baseadas nos princípios da liberdade, justiça e solidariedade; 
 
b) Garantir o desenvolvimento nacional – Deve-se entender desenvolvimento nacional como o 
desenvolvimento em todos os sentidos, incluindo-se aí os aspectos econômico, social, 
educacional, científico etc. 
 
c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais – 
Sendo a pobreza uma característica de todos os países do chamado terceiro mundo, é salutar 
que a CF tenha estabelecido este objetivo, segundo o qual as atividades do Estado devem ter 
presentes a necessidade de se criarem mecanismos para diminuir a pobreza e as 
desigualdades. 
 
d) Promover o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza – Revela a preocupação 
com a garantia do tratamento igual entre as pessoas, o que se encontra desdobrado em muitos 
outros dispositivos constitucionais. 
 
2.8. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
O art. 4º da Constituição brasileira, encerrando o Título I, enumera dez princípios que devem 
ser observados pela República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, a saber: 
 
“Art. 4º. (...) 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 12 
X - concessão de asilo político.” 
 
Note-se que em todos eles está presente o contexto internacional, vale dizer, sempre trarão 
uma idéia ligada à soberania do País. Ressalte-se que os mesmos deverão ser observados 
pelo Brasil nas relações internacionais com qualquer outro País do mundo. 
 
Já o parágrafo único do mesmo art. 4º traz uma orientação a ser seguida pelo Estado brasileiro 
especificamente nas suas relações internacionais com os países da América Latina, ao 
afirmar: 
 
“Art. 4º. 
 
(...) 
 
 Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de nações.” 
 
Exemplo de atuação do País no sentido recomendado pelo dispositivo acima é a sua 
participação no MERCOSUL, que nada mais é do que entidade criada com o propósito de 
integrar econômica, política, social e culturalmente os Países participantes. 
 
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 
 
 
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“PREÂMBULO 
 Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de 
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução 
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
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Curso “Começando do Zero” 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 13 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações 
internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à 
formação de uma comunidade latino-americana de nações.” 
 
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 QUESTÕES 
 
1) ( ) A Constituição Brasileira de 1988 adotou expressamente a forma unitária de Estado, o que fica 
evidenciado pela ausência de repartição de competências legislativas. 
 
2) ( ) O Estado brasileiro historicamente tem tradição presidencialista. A atual Constituição Federal, 
seguindo a regra das anteriores, adota tal sistema de governo. Prova disso pode ser encontrada no seu art. 84, 
que estabelece a separação das funções de chefia de Estado e chefia de governo, que são desempenhadas por 
pessoas distintas. 
 
3) ( ) A Soberania e a Cidadania são valores primordiais para a Constituição de 1988, alçados à condição 
de fundamentos da República Federativa do Brasil. 
 
4) ( ) Deixando clara a opção pelo regime democrático de governo, o legislador constituinte elegeu o 
Pluralismo Político como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil.5) ( ) Sabe-se que a essência da Democracia é o respeito à vontade do povo (demo=povo; 
cracia=governo). A Carta Magna de 1988 fez a opção expressa pela modalidade democracia representativa ou 
indireta, já que estabelece no art. 1º, parágrafo único, que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio 
de representantes eleitos”, não prevendo quaisquer mecanismos de democracia direta. 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 14 
6) ( ) A Democracia brasileira é do tipo semi-direta, já que a nossa Constituição Federal estabeleceu 
tanto elementos de democracia representativa quanto elementos de democracia direta. 
 
7( ) Inspirando-se no ideal pré-revolucionário da França do Século XVIII denominado de Iluminismo, 
especialmente nas idéias de um dos seus principais expoentes (Montesquieu), a Lei Maior consagrou o 
princípio da Separação e Independência dos Poderes, por ela resumido no seu art.2º, segundo o qual “são 
Poderes da União, dependentes e harmônicos entre si, o Legislativo o Executivo e o Judiciário”. 
 
8) ( ) Preocupada em nortear a ação do Estado, com vistas à satisfação das necessidades humanas pós-
modernas, a Constituição de 1988 estabelece que a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, 
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação constitui-se em um dos objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil. 
 
9) ( ) O Estado brasileiro, como ente de direito público externo, está inserido no contexto internacional 
de integração político cultural denominado modernamente de globalização. Assim sendo, relaciona-se 
diuturnamente com outros países, momento em que deverá pautar suas ações, dentre outros, pelos princípios 
da não-intervenção e da prevalência dos direitos humanos. 
 
10) ( ) A defesa da paz e a igualdade entre os Estados são princípios que devem ser respeitados pela 
República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. 
 
11) ( ) (CESPE - Analista do TRT – Área Administrativa - ES – 2009) O Brasil caracteriza-se por ser um 
Estado unitário, o qual possui governo único, conduzido por uma única entidade política, que exerce, de 
forma centralizada, o poder político. 
 
12) ( ) (CESPE - Analista do TRT – Área Administrativa – ES – 2009) A separação dos Poderes no Brasil 
adota o sistema norte-americano checks and balances, segundo o qual a separação das funções estatais é 
rígida, não se admitindo interferências ou controles recíprocos. 
 
13) ( ) (CESPE - Analista do TRT – Área Administrativa – ES – 2009) Segundo a CF, a República 
Federativa do Brasil deve buscar a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América 
Latina, com vistas à formação de uma comunidade latino-americana de nações. 
 
14) ( ) (CESPE - Técnico do TRT – ES – 2009) A República Federativa do Brasil é formada pela união 
indissolúvel dos estados, dos municípios, do Distrito Federal e dos territórios. 
 
15) ( ) (CESPE - Técnico do TRT – ES – 2009) De acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF), todo o 
poder emana do povo, que o exerce exclusivamente por meio de representantes eleitos diretamente. 
 
16) ( ) (CESPE - Técnico do TRT – ES – 2009) Constitui princípio que rege a República Federativa do 
Brasil em suas relações internacionais a concessão de asilo político, vedada a extradição. 
 
17) ( ) (TCE – RN – 2009 - CESPE) De acordo com a CF, são fundamentos da República Federativa do 
Brasil a soberania, a dignidade da pessoa humana e a promoção do bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 
18) ( ) (TCE – RN – 2009 - CESPE) Entre os objetivos da República Federativa do Brasil, destaca-se a 
valorização social do trabalho e da livre iniciativa, pois, por meio do trabalho, o homem garante sua 
subsistência e o consequente crescimento do país. 
 
19) ( ) (TCE – RN – 2009 - CESPE) Constituem princípios que regem a República Federativa do Brasil em 
suas relações internacionais, entre outros, a prevalência dos direitos humanos, da garantia do 
desenvolvimento nacional e da autodeterminação dos povos. 
20) (Técnico da Receita/2003) Considerando os princípios fundamentais da Constituição de 1988, julgue as 
ações governamentais referidas abaixo e assinale a opção correta. 
I – Permissão dada a Nações estrangeiras para que colaborem com a proteção do meio ambiente por meio de 
unidades policiais alienígenas espalhadas em áreas como a Amazônia, patrimônio natural mundial da 
humanidade. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 15 
II – Proposta de legislação que permita a escravidão no Brasil de indígenas perigosos condenados pela 
Justiça. 
III – Ações administrativas que promovam a conscientização política de todos os brasileiros. 
IV – Proposta de legislação complementar para a existência de um único partido político no Brasil. 
a) Todas estão incorretas. 
b) Somente III está correta. 
c) II e IV estão corretas. 
d) I e II estão corretas. 
e) III e IV estão corretas. 
21) (Técnico da Receita/2003) Com relação aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, 
assinale a opção correta relativa a normas-regras que não contradizem os enunciados principiológicos da 
Constituição Federal. 
a) Incentivar o acúmulo de capitais nas mãos dos proprietários dos meios de produção para garantir o 
desenvolvimento nacional. 
b) Permitir o acesso dos cidadãos da região do Piauí e de Pernambuco aos cargos públicos para a redução das 
desigualdades regionais. 
c) Estabelecer mecanismos tributários de justiça social para construção de uma sociedade justa e solidária. 
d) Facilitar nas corporações militares só o acesso a pessoas da raça negra, que possuem biologicamente 
organismos mais resistentes às intempéries do clima brasileiro. 
e) Combater a fome no Brasil privilegiando as mães e esposas, tendo em vista reduzir as desigualdades 
materiais na relação familiar e conjugal. 
22) (Técnico da Receita/2003) Assinale a opção correta, a respeito das relações internacionais do Brasil com 
os outros países à luz da Constituição Federal de 1988. 
a) Repúdio à violação aos direitos humanos para com países nos quais o Brasil não mantenha relações 
comerciais. 
b) Apoio à guerra, quando declarada para a proteção de direitos humanitários desrespeitados por 
determinadas autoridades de determinados países. 
c) Busca de soluções bélicas em repúdio ao terrorismo. 
d) Interferência na escolha de dirigentes de outras Nações que sejam vinculados a grupos racistas. 
e) Colaboração como árbitro internacional na busca de solução pacífica de conflitos. 
 
23) (Auditor da Receita – 2005) Sobre os princípios fundamentais da Constituição de 1988, marque a única 
opção correta. 
 
a) No caso do Federalismo brasileiro, a soberania é um atributo da União, o qual distingue esse ente da 
federação dos estados e municípios, ambos autônomos. 
 
b) A adoção da dignidade humana como fundamento da República Federativa do Brasil tem reflexos, no texto 
constitucional brasileiro, tanto na ordem econômica como na ordem social. 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 16 
c) A forma republicana de governo, como princípio fundamental do Estado brasileiro, tem expressa proteção 
no texto constitucional contra alterações por parte do poder constituinte derivado. 
 
d) A especialização funcional, elemento essencial do princípio de divisão de poderes, implica o exercício 
exclusivo das funções do poder político – legislativa, executiva e judiciária– pelo órgão ao qual elas foram 
cometidas no texto constitucional. 
 
e) Segundo a doutrina, o princípio do Estado Democrático de Direito resulta da reunião formal dos elementos 
que integram o princípio do Estado Democrático e o princípio do Estado de Direito. 
 
24) (AFRB – 2009) Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, segundo preceitua o 
artigo 3º da Constituição Federal da República/88, o respeito aos valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa. 
 
 
GABARITO: 
 
1 – F 2 – F 3 – V 4 – V 5 – F 
6 – V 7 – F 8 – V 9 – V 10 – V 
11 – F 12 – F 13 – V 14 – F 15 – F 
16 – F 17 – F 18 – F 19 – F 20 – B 
21 – C 22 – E 23 – B 24 - F 
 
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CAPÍTULO III – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Título II da Constituição Brasileira de 1988 é dedicado aos direitos e garantias fundamentais. 
É dividido em cinco capítulos: “I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos; II – Dos 
Direitos Sociais; III – Da Nacionalidade; IV – Dos Direitos Políticos; e V – Dos Partidos 
Políticos”. 
 
Todas as Constituições escritas modernas, no particular deste assunto, se inspiraram na 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada após a Revolução Francesa, 
em 1789, que dizia que o Estado que não possuísse separação de poderes e um enunciado de 
direitos individuais não teria Constituição. 
 
 
2. CONCEITO 
 
Direitos Fundamentais são os considerados indispensáveis à pessoa humana, sendo 
necessários para assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. Não basta, contudo, ao 
Estado reconhecê-los formalmente; deve concretizá-los, incorporá-los no dia-a-dia dos 
cidadãos e de seus agentes. 
 
 
3. DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 
A nossa atual Constituição foi a primeira a estabelecer direitos não só de indivíduos, mas 
também de grupos sociais, os denominados direitos coletivos. As pessoas passaram a ser 
coletivamente consideradas. Por outro lado, pela primeira vez, junto com direitos foram 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 17 
estabelecidos deveres fundamentais. Tanto os agentes públicos quanto os indivíduos têm 
obrigações específicas, inclusive a de respeitar os direitos das demais pessoas que vivem na 
ordem social. 
 
 
4. DIREITOS INDIVIDUAIS BÁSICOS 
 
São considerados direitos individuais básicos os expressamente previstos no art. 5º, caput, ou 
seja: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. 
 
Além destes, o próprio art. 5º da Carta Magna traz, nos seus setenta e oito incisos, uma 
extensa relação de direitos individuais, que, diga-se de passagem, não é exaustiva. Isto quer 
dizer que eles existem em outras normas da própria Constituição, a exemplo do art. 150, que 
traz garantias individuais relativas à ordem tributária. 
 
Uma importante característica dos direitos individuais previstos no art. 5º da CF é o seu caráter 
auto-aplicável, ou, relembrando a classificação estudada das normas constitucionais, tratam-
se, na sua maioria, de normas de eficácia plena ou contida, com aplicabilidade imediata. 
Assim, não dependem da edição de norma regulamentadora para que possam ser exercidos, 
salvo algumas poucas exceções. É o que está expressamente previsto no art. 5º, §1º. 
 
 
4.1. DIREITO À VIDA 
 
 
A) ABRANGÊNCIA 
 
O direito à vida é o principal direito individual, o bem jurídico de maior relevância protegido pela 
Constituição, pois o exercício dos demais direitos depende de sua existência. Seria inútil 
proteger a liberdade, a igualdade, o patrimônio de uma pessoa sem que fosse assegurada a 
sua vida. Consiste no direito à existência do ser humano. Segundo o renomado doutrinador do 
Direito Constitucional José Afonso da Silva, o direito à vida deve ser compreendido de maneira 
extremamente abrangente, incluindo o direito de nascer, de permanecer vivo, de defender a 
própria vida, enfim, de não ter o processo vital interrompido senão pela morte espontânea e 
inevitável. 
 
 
B) DECORRÊNCIAS DO DIREITO À VIDA 
 
Do direito à vida decorre uma série de direitos, como o direito à integridade física e moral, a 
proibição da pena de morte e da venda de órgãos, a punição como crime do homicídio, da 
eutanásia, do aborto e da tortura. 
 
EUTANÁSIA 
 
Eutanásia é uma palavra composta de dois termos de origem grega (eu = bom e thanatos = 
morte), significando a chamada morte boa, ou homicídio piedoso, em que se mata alguém para 
abreviar o sofrimento de uma agonia dolorosa e prolongada. No Brasil, onde a vida é um bem 
jurídico indisponível, a eutanásia é crime, punido como homicídio privilegiado, em virtude de 
relevante valor moral na conduta do agente (Código Penal, art. 121, §1º). 
 
Como variação da eutanásia, há a ortotanásia, outra palavra composta de dois termos de 
origem grega (orthos = justo e thanatos = morte), significando a chamada morte justa, ou 
eutanásia passiva, em que o médico deixa de prolongar artificialmente a vida de um doente 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 18 
terminal, desligando os aparelhos que realizam as funções de respiração e circulação. A 
ortotanásia também é crime perante a nossa legislação penal. 
 
PENA DE MORTE 
 
A pena de morte é expressamente vedada pela nossa Constituição, salvo em caso de guerra 
declarada (CF, art. 5º XLVII). Inúmeras são as razões que justificam a proibição constitucional 
de pena de morte. Vejamos algumas. 
 
Seu uso não diminui a criminalidade, conforme comprovam as estatísticas oriundas dos países 
que adotaram essa modalidade de imposição de pena. Há o risco de erro judiciário, sempre 
presente. Ademais, a violência do Estado pode gerar ainda mais violência, pois o criminoso 
que não tem nada a perder poderia tornar-se ainda mais cruel. 
 
DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA 
 
Não basta assegurar às pessoas o simples direito à vida. É imprescindível defender este direito 
com o máximo de dignidade e qualidade na existência do ser humano. A integridade física 
deve ser entendida como o absoluto respeito à integridade corporal e psíquica de todo e 
qualquer ser humano. Em diversos dispositivos do art. 5º a CF reflete esta preocupação. 
 
Estabelece, por exemplo, o inciso III que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante. O inciso XLIX dispõe que “é assegurado aos presos o respeito à 
integridade física e moral”. 
 
Não é demais ressaltar que todo e qualquer ser humano deve ser tratado com dignidade e 
respeito, inclusive os que atentaram contra as próprias leis. O preso só deve cumprir as penas 
que lhe foram impostas na sentença, não permitindo a Constituição a imposição de penas 
cruéis (art. 5º, XLVII, e). 
 
Para assegurar a integridade do preso, a CF estabelece uma série de outros direitos: LXII – 
comunicação imediata de qualquer prisão ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa 
por ele indicada; LXIII – dever de informar o preso de seus direitos, inclusive o de permanecer 
calado, assegurando-se-lhe assistência à família e advogado; LXIV – direito do preso à 
identificação dos responsáveis pela sua prisão, ou pelo interrogatório judicial; e LXV – 
relaxamento imediato pelo juiz da prisão feita de forma ilegal. 
 
DIREITO À INTEGRIDADE MORAL 
 
A vida não deve ser protegida somente nos seus aspectos materiais. Existem atributos morais 
a serem preservados e respeitados por todos. A Constituição assegura expressamente “a 
indenização por dano material, moral ou à imagem” (art. 5º, V). 
 
VENDA DE ÓRGÃOS 
 
Considerando o princípio do absoluto respeito à integridade física, que é um bem jurídico 
indisponível, a CF veda qualquer tipo decomercialização de órgãos, tecidos e substâncias 
humanas para fins de transplantes, pesquisa e tratamento (art. 199, §4º). O absoluto respeito 
ao corpo humano, além de bem jurídico tutelado de forma individual, é um imperativo de ordem 
estatal. Trata-se de bem fora do comércio por expressa previsão constitucional. 
 
O que se permite é a doação de sangue e órgãos, em vida ou após a morte, para fins de 
transplante ou tratamento, respeitados os termos das Leis nº 9.434/97 e 10.211/01. 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 19 
TORTURA 
 
A preocupação com a integridade física é evidenciada em diversos dispositivos constitucionais. 
Considerando a prática corriqueira de tortura em presos comuns e políticos durante os anos do 
regime militar, a Constituição de 1988, em diversos incisos do art. 5º, deixou patente seu 
repúdio a essa forma de investigação. No inciso III, estabeleceu que “ninguém será submetido 
a tortura”, mas em outros dispositivos o tema foi tratado direta ou indiretamente. 
 
A tortura, no nosso sistema penal, deve ser entendida como a imposição de qualquer 
sofrimento físico ou mental, mediante violência ou grave ameaça, com a finalidade de obter 
informações ou confissão; para provocar qualquer ação ou omissão de natureza criminosa; em 
razão de discriminação racial ou religiosa; ou como forma de aplicação de castigo pessoal. 
 
 
4.2. DIREITO À LIBERDADE 
 
 
A) ABRANGÊNCIA 
 
Liberdade é a faculdade que uma pessoa possui de fazer ou não fazer alguma coisa. Envolve 
sempre um direito de escolher entre duas ou mais alternativas, de acordo com sua própria 
vontade. O direito de liberdade não é absoluto, pois a ninguém é dada a faculdade fazer tudo o 
que bem entender, o que fatalmente levaria à sujeição dos mais fracos aos mais fortes. 
 
Para que uma pessoa seja livre, é necessário que os outros respeitem sua liberdade. Em 
termos jurídicos, é o direito de fazer ou não fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Um 
indivíduo é livre para fazer tudo aquilo que a lei não proibir. Considerando o princípio da 
legalidade (art. 5º, II), apenas as leis podem limitar a liberdade individual. 
 
 
B) DIVERSAS LIBERDADES 
 
Alguns autores do direito constitucional preferem tratar de direito às liberdades, pois existem 
diversas modalidades, com conceitos e tratamentos distintos. Há liberdades de pensamento, 
de locomoção, de expressão e de ação profissional. Vejamos os incisos relacionados. 
 
LIBERDADE DE PENSAMENTO E VEDAÇÃO DO ANONIMATO 
 
O pensamento é absolutamente livre. Ninguém possui condições de controlá-lo, de conhecer o 
que o outro pensa. O pensamento pertence ao próprio indivíduo, sendo uma questão de foro 
íntimo. A proteção constitucional surge no momento em que ele é exteriorizado com sua 
manifestação. 
 
Assim é que o art. 5º, IV, estabelece que “é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato”. 
 
Se a CF assegura a liberdade de manifestação de pensamento, as pessoas são obrigadas a 
assumir a responsabilidade por aquilo que exteriorizarem. Ninguém pode fugir da 
responsabilidade do pensamento exteriorizado, escondendo-se sob a forma do anonimato. O 
direito de manifestação do pensamento deve ser manifestado de forma responsável, não se 
tolerando o exercício abusivo deste direito em detrimento da honra das demais pessoas. 
 
DIREITO DE RESPOSTA 
 
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No art. 5º, V, a CF assegura “o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem”. Trata-se do exercício o direito de defesa 
da pessoa que foi ofendida pela imprensa em razão da publicação de uma notícia inverídica. 
 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E CULTO 
 
A liberdade de consciência é de foro íntimo, interessando apenas ao indivíduo. Por sua própria 
natureza, é de caráter indevassável e absoluto e não está sujeita a qualquer forma de controle 
pelo Estado. Abrange a liberdade de crença religiosa (art. 5º, VI) e a liberdade de consciência 
em sentido estrito, que se refere ao pensamento não relacionado a questões religiosas. 
 
A liberdade de crença é de foro íntimo, em questões de ordem religiosa. É importante salientar 
que inclui o direito de professar ou não uma religião, de acreditar ou não numa ou mais 
divindades ou de ser ateu. A liberdade de culto é a exteriorização daquela, na forma da lei, 
como estabelece o art. 5º, VI. 
 
PROIBIÇÃO DA CENSURA E DA LICENÇA 
 
A CF de 1988, preocupada em assegurar ampla liberdade de manifestação de pensamento, 
veda expressamente qualquer atividade de censura ou licença (art. 5º, IX). Por censura 
entende-se a verificação da compatibilidade entre um pensamento que se pretende exprimir e 
as normas legais vigentes. Por licença, a exigência de autorização de qualquer agente ou 
órgão para que um pensamento possa ser exteriorizado. 
 
LIBERDADE ARTÍSTICA E OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
 
A Constituição assegura ampla liberdade na produção da arte, nas suas mais variadas formas: 
literatura, música, teatro, cinema, televisão, fotografia, artes plásticas etc. Determinadas 
expressões artísticas, como artes plásticas, literária e musical, gozam de ampla liberdade, não 
estando sujeita a qualquer restrição por parte do Estado. Contudo, nas expressões artísticas 
feitas por veículos de comunicação social (imprensa, rádio e televisão) ou de forma pública 
(cinemas, teatros, casas de espetáculos), que atingem pessoas indeterminadas, a Constituição 
admite certas formas de controle. Tratando-se de diversões e espetáculos públicos, o Poder 
Público poderá estabelecer faixas etárias recomendadas, locais e horários para apresentação. 
 
Ao mesmo tempo, lei federal deverá estabelecer meios para que qualquer pessoa ou família 
possa defender-se de programações de rádio e televisão que atentem contra os valores éticos 
vigentes (CF, art. 220, §3º, I e II). 
 
DIREITO DE INFORMAÇÃO 
 
O direito de informação contém basicamente duas vertentes: o direito de se informar 
(informação pessoal) e o de ser informado (informação jornalística). A CF, em diversos incisos 
do art. 5º, tutela o direito de informação, a exemplo dos incisos XIV, XXXIII e LXXII. 
 
LIBERDADE DE INFORMAÇÃO JORNALÍSTICA 
 
A CF assegura a “plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de 
comunicação social”. Compreende o direito da imprensa de informar bem como o direito do 
cidadão de ser devidamente informado. Assim, qualquer legislação infraconstitucional que 
constitua embaraço à atividade jornalística deve ser declarada inconstitucional (CF, art. 220, 
§1º). 
 
SIGILO DA FONTE 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 21 
A Constituição, ao mesmo tempo em que assegura o direito de informação, resguarda o sigilo 
da fonte quando necessário ao exercício profissional da atividade jornalística (CF, art. 5º, XIV). 
O sigilo da fonte é indispensável para o êxito de certas investigações jornalísticas, 
possibilitando a ampla apuração de fatos comprometedores. Este direito encontra-se 
regulamentado pela Lei nº 5.250/67. 
 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO 
 
Consiste no direito de ir e vir. Obviamente o direito de permanecer no lugar em que se 
encontra está incluído no de ir e vir. No art. 5º, XV, a Constituição estabelece que “é livre a 
locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da 
lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Somente em tempo de guerra podem 
ser feitas restrições à liberdade de locomoção. 
 
A CF prevê, como garantia da liberdade de locomoção a ação de habeas corpus (art. 5º, 
LXVIII), quepode ser impetrada por qualquer pessoa que esteja sendo impedida de ir, vir ou 
permanecer, independentemente de advogado. 
 
LIBERDADES DE EXPRESSÃO COLETIVA 
 
As liberdades de expressão coletiva são modalidades de direitos individuais, abrangendo o 
direito ou a liberdade de reunião e o direito ou a liberdade de associação (art. 5º, XVI e XVII a 
XXI). São considerados direitos individuais por pertencerem ao indivíduo, e de expressão 
coletiva, porque pressupõem uma pluralidade de pessoas para que possam ser exercidos. 
 
A) LIBERDADE DE REUNIÃO 
 
A liberdade de reunião deve ser entendida como agrupamento de pessoas, organizado, de 
caráter transitório, com uma determinada finalidade. Em locais abertos ao público, a CF 
assegura, no art. 5º, XVI, desde que observados certos requisitos: a) reunião pacífica, sem 
armas; b) fins lícitos; c)aviso prévio à autoridade competente; e d) realização em locais abertos 
ao público. 
 
O aviso prévio de que fala a CF não se confunde com a necessidade de prévia autorização do 
Poder Público. Sua finalidade é unicamente evitar a frustração de outra reunião previamente 
marcada para o mesmo local. O direito de passeata é também assegurado pela CF, pois esta 
nada mais é do que uma reunião em movimento. 
 
B) LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO 
 
Deve ser entendida como o agrupamento de pessoas, organizado e permanente, para fins 
lícitos. Este direito abrange o direito de associar-se a outras pessoas para a formação de uma 
entidade, o de aderir a uma associação já formada, o de desligar-se da associação, bem como 
o de auto-dissolução das associações. É o que está previsto no art. 5º, XVII e XXI. 
 
LIBERDADE DE AÇÃO PROFISSIONAL 
 
Consiste na faculdade de livre escolha de trabalho que se pretende exercer (CF, art. 5º, XIII). É 
o direito de cada indivíduo exercer qualquer atividade profissional, de acordo com as suas 
preferências e possibilidades. Para o exercício de algumas profissões, a CF estabelece que 
podem ser feitas algumas exigências pela legislação infraconstitucional. 
 
 
4.3 DIREITO DE IGUALDADE (ISONOMIA) 
 
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O direito à igualdade está consagrado no art. 5º, caput, da Constituição Federal, que diz: “ 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”. Seu significado é 
intuitivo, vale dizer, proíbe-se toda e qualquer forma de discriminação injustificada entre as 
pessoas. 
 
Em muitos outros dispositivos constitucionais o princípio em tela encontra-se presente, o que 
demonstra a preocupação do legislador constituinte com esta questão, certamente fruto de 
uma lamentável experiência histórica vivida pelo Brasil durante o regime militar, época em que 
o princípio da igualdade, a exemplo de outros, foi sistematicamente desrespeitado. 
 
A idéia fundamental do princípio da igualdade é a que todos devem ser tratados de forma igual 
perante a lei, ou seja, todos nascem e vivem com os mesmos direitos e deveres perante a 
coletividade e o Estado. 
 
É importante notar que o conteúdo deste princípio não impõe uma igualação absoluta entre 
todas as pessoas, já que há situações em que é inegável a necessidade de se desigualar 
pessoas que se encontrem em situações desiguais, visando exatamente conferir aquilo que se 
chama de igualdade material. Por isso é que se fala que respeitar o princípio da igualdade é 
igualar os iguais na medida da sua igualdade e desigualar os desiguais na medida da sua 
desigualdade. 
 
Um exemplo pode facilmente ilustrar a questão. Imagine-se um concurso para o 
preenchimento de vagas na polícia militar feminina, em que o edital traz a exigência de que só 
as mulheres serão aceitas a participar do certame. É induvidoso que tal exigência constitui 
uma discriminação entre as pessoas, pois excluiu todos os homens do concurso. Diante disso, 
poderia algum homem alegar a quebra do princípio da isonomia por ter sido impedido de se 
submeter às provas? A resposta é sem dúvida negativa. Para efeito do cargo que se pretende 
ocupar (polícia feminina), homens e mulheres são sim desiguais, sendo razoável que se limite 
o concurso à participação das mulheres. O que terá feito o edital, numa situação como esta, é 
sim desigualar pessoas, mas na exata medida da sua desigualdade, o que não afronta, e sim 
consagra, o princípio em tela. 
 
Outros muitos exemplos do dia-dia podem ser mencionados, em que se desigualam pessoas 
sem que haja qualquer mitigação do princípio da isonomia: lugar reservado à gestante nos 
ônibus, tratamento diferenciado ao idoso em instituições bancárias etc. 
 
IGUALDADE FORMAL E MATERIAL 
 
Existem duas espécies de igualdades: a igualdade formal e a material. 
 
Por igualdade formal se entende a igualdade de todos perante a lei, sendo, portanto, uma 
igualdade considerada abstratamente. Impede-se que a lei trate de maneira desigual pessoas 
que se encontrem em igual situação. 
 
Já a igualdade material é a efetiva, real, que é observada no caso concreto. É a busca da 
igualdade na vida econômica e social das pessoas. A igualdade material é preocupação do 
legislador constituinte em diversos momentos, já que ele reconheceu que não basta assegurar 
às pessoas a igualdade formal, sendo imperioso que o Estado crie instrumentos hábeis a 
efetivamente conferir igualdade às pessoas. Exemplo: Não basta que a CF tenha assegurado a 
todos o acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV) se não criar mecanismos concretos para 
permitir o efetivo acesso às pessoas àquele Poder. Por isso é que o legislador constituinte 
previu no art. 5º, LXXIV a assistência judiciária gratuita, amparando as pessoas que não 
podem arcar com os custos do processo. Trata-se de típico instrumento em favor da igualdade 
material, efetiva, real. 
 
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IGUALDADE NA LEI E PERANTE A LEI 
 
Os destinatários do princípio da igualdade são tanto o próprio legislador quanto os operadores 
do direito, que são os intérpretes da lei. 
 
Quando se entende a igualdade como direcionada ao próprio legislador, impedindo-o de 
elaborar qualquer ato normativo que discrimine indevidamente pessoas, fala-se em igualdade 
na lei. 
 
Por outro lado, quando se tem em conta a impossibilidade de se utilizar critérios 
discriminatórios na aplicação da lei, atividade desenvolvida não pelo legislador mas todos os 
operadores do direito, fala-se em igualdade perante a lei. 
 
IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES 
 
O art. 5º, I, da CF, estabelece que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, 
nos termos desta Constituição”. O objetivo deste dispositivo é espancar de vez todo e qualquer 
resquício de prevalência masculina em nossa sociedade, construída em cima de valores 
nitidamente machistas. 
 
Tamanha foi a preocupação do legislador, que ele trouxe novamente a questão da igualdade 
entre homens e mulheres proclamada no art. 226, §5º, da CF, com o seguinte texto: “Os 
direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e 
pela mulher”. 
 
Como já foi dito, a regra da igualdade entre homens e mulheres não é absoluta, já que se 
tratam de seres humanos com peculiaridades próprias que, em certos casos, podem ensejar 
justificadamente uma discriminação. Aliás, a própria CF estabeleceu alguns casos de 
discriminação válida entre homens / mulheres, a exemplo das regras de aposentadoria, 
diferentes para um e outro (art. 40 da CF). 
 
IGUALDADE TRIBUTÁRIA 
 
O art. 150, II, da CF, traz, em matéria tributária, um nítido desdobramento do princípio da 
isonomia ao vedar “tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação 
equivalente”. 
 
DISTINÇÕES EM RAZÃO DE RAÇA, COR, ETNIA, RELIGIÃO E PROCEDÊNCIANACIONAL 
 
Qualquer discriminação em razão dos elementos raça, cor, etnia, religião e procedência 
nacional é repudiada pelo nosso ordenamento jurídico, já que é desprovida de qualquer 
razoabilidade. Por isso é que o legislador constituinte previu, no art. 5º, XLII, da CF, que a 
prática de racismo constitui “crime inafiançável, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. 
 
Trata-se, como é evidente, de clara decorrência do princípio da igualdade. 
 
 
4.4. DIREITO À SEGURANÇA 
 
O direito à segurança nada mais é do que o direito de usufruir dos demais direitos 
fundamentais com a necessária tranqüilidade. 
 
Convém, de logo, esclarecer que o sentido de segurança aqui utilizado não é somente o de 
segurança pública, do ponto de vista da integridade física do indivíduo. Envolve também o 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 24 
direito à legalidade, à segurança nas relações jurídicas, o respeito à liberdade pessoal, a 
inviolabilidade da intimidade, do domicílio e das comunicações pessoais e a segurança em 
matéria jurídica. 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 
 
Este importantíssimo princípio constitucional vem proclamado no art. 5º, II, que declara: 
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. É a 
base primordial dos chamados Estados de Direito, como o Brasil, que primam por garantir a 
todos os que estiverem sob sua Soberania a segurança de que só se verão obrigados a 
praticar certa conduta ou a se abster de fazer algo se assim a lei previr. 
 
A idéia deste princípio, consagrado pela Revolução Francesa, é a de que a vontade individual 
das pessoas só pode ser limitada por lei, que é a expressão da vontade coletiva, geral. A 
exemplo de outros, este princípio está presente em diversos outros momentos da ordem legal 
brasileira, a exemplo do princípio da legalidade administrativa, que será estudado mais 
adiante. 
 
SEGURANÇA DAS RELAÇÕES JURÍDICAS 
 
Quando se fala em segurança das relações jurídicas, fala-se no direito que todos têm de saber 
as conseqüências exatas dos atos jurídicos que venham a praticar. É a segurança conferida 
aos indivíduos de que não serão pegos de surpresa por novas e inesperadas situações que lhe 
prejudiquem. 
 
Em nome desta segurança é que o princípio geral acerca da aplicação das leis é o da 
irretroatividade, ou seja, as leis só alcançam as situações posteriores à sua elaboração. 
Poderão retroagir somente nos casos em que não prejudiquem ao direito adquirido, ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI). 
 
Direito adquirido: considera-se adquirido o direito se ele já tiver se incorporado ao patrimônio 
do seu titular, que o pode exercer a qualquer tempo, só não o tendo feito ainda porque não 
quis.Ex: Indivíduo que já cumpriu todos os requisitos legais vigentes para se aposentar, mas 
ainda não o fez. Se advier uma lei nova mudando as regras de aposentadoria e estabelecendo 
um novo requisito que ele não possui, não poderá ser aplicada ao seu caso, sob pena de 
prejudicar um direito adquirido. 
 
Ato jurídico perfeito: é o ato jurídico já realizado e consumado de acordo com todos os 
requisitos que a lei vigente prevê. Ex: Determinado contrato é formalizado sem uma certa 
exigência que só passou a existir depois da sua consumação. Neste caso, deu-se um ato 
jurídico perfeito, que não pode ser alcançado pela lei nova e mais exigente. 
 
Coisa julgada: é a decisão judicial definitiva, ou seja, da qual já não caiba recurso. Depois de 
transitada em julgado (ultrapassadas todas instâncias de recurso), a sentença proferida num 
processo judicial confere às partes a certeza de que não será modificada. Obs. Há exceções 
raríssimas. 
 
SEGURANÇA EM MATÉRIA PESSOAL 
 
Em matéria pessoal, a segurança compreende inúmeros direitos relacionados ao ser humano 
considerado sob o ponto de vista individual, como a inviolabilidade da intimidade, do domicílio 
e das comunicações pessoais, assim como inúmeras garantias em matéria penal e processual. 
 
DIREITO À PRIVACIDADE 
 
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O art. 5º, X, da CF, estabelece que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação”. 
 
Pelo texto da Constituição se percebe que o direito à privacidade compreende a tutela da 
intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. 
 
Intimidade e vida privada - Intimidade é aquilo que é interior de cada ser humano. É o direito 
de estar só, de ser respeitado em sua vida particular. Diz respeito a cada indivíduo 
individualmente considerado, como seus segredos, seu diário, sua lista de e-mails. Já a vida 
privada constitui a convivência do indivíduo com seus amigos e família, ou seja, a que se vive 
no lar ou em locais fechados, É o direito de conduzir a vida familiar e social sem a interferência 
indesejada de terceiros, como vizinhos, jornalistas, curiosos etc. 
 
Honra – É um atributo pessoal de todo indivíduo. Abrange sua auto-estima, ou seja, aquilo que 
cada pessoa pensa de si mesma (honra subjetiva) e o conceito do indivíduo perante os outros, 
a reputação que possui no meio social (honra objetiva). 
 
Imagem – Compreende a imagem-retrato, a imagem-atributo e a imagem-voz. A chamada 
imagem-retrato é a representação gráfica, fotográfica, televisionada ou cinematográfica do 
indivíduo. Neste sentido, é o direito que todos têm de não ver sua representação reproduzida 
por qualquer meio de comunicação sem a devida autorização. A imagem-atributo é o retrato 
moral do indivíduo, o conjunto dos seus traços caracterizadores, seus comportamentos 
reiterados. Por sua vez, a imagem-voz é o timbre sonoro do indivíduo. 
 
INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO 
 
O art. 5º, XI, da CF, proclama que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. 
 
Como se observa no próprio texto constitucional, a inviolabilidade de domicílio não é absoluta, 
já que há casos em que é possível o ingresso na casa do indivíduo sem sua autorização. 
 
Ressalte-se que as três primeiras exceções (prisão em flagrante, prestação de socorro e 
desastre) podem se dar a qualquer hora do dia ou da noite, enquanto que a última 
(cumprimento de ordem judicial) só pode ocorrer durante o dia. 
 
Embora haja discussão acerca do que se considera como sendo “durante o dia”, o STF, 
capitaneado no assunto pelo Ministro Celso de Melo, tem considerado como sendo o intervalo 
compreendido entre o amanhecer do dia (aurora) até o por do sol (crepúsculo). 
 
Ademais, vale ressaltar que, embora a Constituição utilize a palavra “casa”, dando a idéia de 
âmbito residencial, a doutrina e a jurisprudência têm ampliado este conceito para incluir 
também na inviolabilidade os locais privados onde se exerça atividade profissional (ex. 
escritórios de advocacia; consultórios médicos etc.), além dos locais de hospedagem provisória 
(hotéis, motéis, pousadas, hospedarias etc.). 
 
INVIOLABILIDADE DAS COMUNICAÇÕES PESSOAIS 
 
É a segurança conferida a todos os indivíduos de que suas comunicações pessoais não serão 
interceptadas por outras pessoas. Esta garantia está prevista no art. 5º, XII, da CF, que diz: “é 
inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. 
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Curso “Começando do Zero”DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 26 
 
Embora a CF não faça referência expressa aos meios de comunicação virtuais (e-mail, MSN 
etc), hoje muito comuns, é inegável que os mesmos gozam da proteção constitucional quanto 
à inviolabilidade, já que são também comunicações pessoais. 
 
Note-se também que as comunicações telefônicas podem ter seu sigilo flexibilizado por ordem 
judicial, tanto no tocante aos registros das chamadas feitas e recebidas (quebra do sigilo 
telefônico) quanto no tocante ao conteúdo das chamadas (interceptação telefônica). 
 
Segundo a jurisprudência do STF, também a inviolabilidade do sigilo das correspondências, 
das comunicações telegráficas e dos dados não é absoluta, sendo possível sua interceptação, 
sempre excepcionalmente, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina 
prisional ou de preservação da ordem pública, quando este direito estiver sendo exercido para 
acobertar práticas ilícitas. 
 
 
SEGURANÇA EM MATÉRIA JURÍDICA 
 
É o conjunto de garantias concernentes às matérias penal e processual previstas no art. 5º, da 
CF, a seguir enunciadas: 
 
- Princípio da inafastabilidade (inciso XXXV); 
- Proibição dos tribunais de exceção (inciso XXXVII); 
- Julgamento no Tribunal do Júri em crimes dolosos contra a vida (inciso XXXVIII); 
- Princípio do Juiz Natural (inciso LIII); 
- Princípio da anterioridade ou da reserva de lei penal (inciso XXXIX); 
- Princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa (inciso XL); 
- Princípio da personalização da pena (inciso XLV); 
- Princípio da individualização da pena (inciso XLVI); 
- Proibição de determinadas penas (XLVII); 
- Princípios relativos à execução da pena privativa de liberdade (incisos XLVIII a L); 
- Restrições à extradição de nacionais e estrangeiros (incisos LI e LII); 
- Proibição da prisão civil por dívidas, salvo no caso de devedor de pensão alimentícia ou do 
depositário infiel (inciso LXVII); 
- Princípio do devido processo legal (inciso LIV); 
- Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (inciso LV); 
- Proibição de prova ilícita (inciso LVI); 
- Princípio da presunção de inocência (inciso LVII); 
- Proibição da identificação criminal da pessoa já civilmente identificada (inciso LVIII); 
- Garantia da legalidade e da comunicabilidade das prisões (incisos LXI a LXVI); 
 
 
4.5. DIREITO DE PROPRIEDADE 
 
O direito de propriedade encontra-se assegurado no art. 5º, XXII, da Lei Maior, sendo 
conceituado tradicionalmente pelo art. 1.228 do Código Civil (Lei 10.406/02), como sendo o 
direito conferido a todos “de usar, gozar, e dispor de seus bens, e de reavê-los do poder de 
quem quer que injustamente os possua”. 
 
Esta antiga e tradicional definição, todavia, hoje precisa ser revista, tendo em vista que a 
Constituição de 1988 trouxe a figura da função social da propriedade, a teor do seu art. 5º, 
XXIII, que diz: “a propriedade atenderá a sua função social”. 
 
Isto quer dizer que não se concebe mais o direito de propriedade como um direito absoluto do 
seu titular que pode ser exercido à revelia dos interesses sociais. Ao contrário, a função social 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 27 
da propriedade impõe a utilização da coisa de acordo com a conveniência social e os 
interesses da sociedade. Há casos, inclusive, em que prevalecerá o interesse coletivo / social 
sobre o particular. Ex: em razão da função social da propriedade, é prevista pela CF a 
desapropriação, para fins de reforma agrária, de uma propriedade rural improdutiva, com o 
pagamento de indenização. 
 
No art. 5º, da CF, diversos são os incisos que tratam do direito de propriedade, considerado 
nos seus mais variados aspectos, a saber: 
 
- Requisição administrativa (inciso XXV); 
- Pequena propriedade rural (inciso XXVI); 
- Direitos do autor (inciso XXVII); 
- Direitos conexos aos direitos do autor (inciso XXVIII); 
- Propriedade industrial (inciso XXIX); 
- Direito de herança (inciso XXX); 
 
 
5. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS 
 
Costuma-se chamar de remédios constitucionais os instrumentos postos pela Carta Magna à 
disposição dos cidadãos para solucionar situações de eventual desrespeito a direitos 
fundamentais. Com exceção da Ação Civil Pública, que está prevista no art. 129, da CF, 
encontram-se todos previstos no art. 5º da Lei Maior. 
 
São eles: 
 
- Habeas corpus (inciso LXVIII); 
- Habeas data (inciso LXXII); 
- Mandado de segurança individual (inciso LXIX); 
- Mandado de segurança coletivo (inciso LXX); 
- Direito de petição (inciso XXXIV, a); 
- Direito à certidão (inciso XXXIV, b); 
- Mandado de injunção (inciso LXXI); 
- Ação popular (inciso LXXIII); 
- Ação civil pública (art. 129, III). 
 
 
5.1. HABEAS CORPUS (inciso LXVIII) 
 
É a modalidade de ação constitucional prevista para tutelar a liberdade de locomoção do 
indivíduo, seu direito de ir e vir. Desta forma, sempre que alguém se achar cerceado, ou na 
ameaça de sê-lo, no seu direito de se locomover livremente, poderá se valer de habeas 
corpus. 
 
Importante notar que o cidadão comum é legítimo para valer-se de habeas corpus 
independentemente de advogado. Além disso, o HC pode ser impetrado em face de ato de 
autoridade pública e de particular. 
 
Existem basicamente duas modalidades de HC: o HC preventivo e o HC repressivo. Será 
preventivo quando o constrangimento ilegal ao direito de ir e vir ainda não tenha ocorrido, mas 
esteja na iminência de sê-lo, ao passo em que será repressivo, ao contrário, quando o HC for 
impetrado após a prática do constrangimento ilegal. 
 
5.2. HABEAS DATA (inciso LXXII) 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – PROF. ORMAN RIBEIRO 28 
Trata-se de ação posta à disposição do cidadão com o fim de tutelar o seu direito de 
informação pessoal, assegurando-lhe o conhecimento de informações relativas à sua pessoa, 
constantes de bancos de dados públicos ou abertos ao público, assim como o direito de 
retificação desses dados, acaso equivocados. 
 
Este remédio constitucional foi regulamentado pela Lei nº 9.507/97. Qualquer pessoa, seja 
física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, pode valer-se de habeas data. No pólo passivo 
podem estar entidades governamentais da Administração direta ou indireta ou pessoas 
jurídicas de direito privado que mantenham banco de dados aberto ao público (Ex: SPC, 
SERASA etc.). 
 
5.3. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL (inciso LXIX) 
 
É ação constitucional para a tutela de direito líquido e certo do Impetrante, quando 
desrespeitado, ou na ameaça de sê-lo, por ilegalidade ou abuso de direito de autoridade 
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
 
Terá vez o MS sempre que não for cabível o habeas corpus ou o habeas data, ou seja, sempre 
que o direito líquido e certo do Impetrante não for nem sua liberdade de locomoção (HC) nem 
seu direito de informação / intimidade (HD). 
 
O MS poderá ser, assim como o HC, preventivo ou repressivo. Será preventivo se a lesão a 
ilegalidade ou abuso de poder contra direito líquido e certo do Impetrante não tiver ainda 
ocorrido, e repressivo se for impetrado após a efetiva ocorrência da ilegalidade ou abuso de 
poder. 
 
Por último, a impetração do MS está sujeita a prazo decadencial de 120 dias a partir da ciência 
do ato impugnado por parte do interessado. 
 
5.4. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (inciso LXX) 
 
É a ação constitucional prevista para a tutela de direitos coletivos líquidos e certos, que não 
sejam amparados pelo HC e o HD. Enquanto o MS individual tutela direitos individuais, 
pertencentes a um indivíduo, o MS coletivo tutela os chamados direitos coletivos, que são os 
pertencentes a coletividades de pessoas. 
 
Importante notar que a CF conferiu

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