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1 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE CAXIAS DO SUL/RS. PROCESSO N. 50226059120228210010 OI S.A., em recuperação judicial, (SUCESSORA POR INCORPORAÇÃO DA OI MÓVEL S/A), pessoa jurídica de direito privado, com sede na Rua do Lavradio, nº 71, 2º Andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ inscrita no CNPJ sob o nº 76.535.764/0001-43, por sua procuradora, vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos autos da ação em epígrafe que lhe move FRANCIELI CAMARGO, apresentar C O N T E S T A Ç Ã O pelos fatos e fundamentos de direito a seguir expostos. REQUERIMENTO INICIAL De início, requer a Ré que todas as publicações no Diário Oficial referentes ao presente feito sejam feitas em nome de sua patrona, Dra. TERESA CRISTINA FERNANDES MOESCH, OAB/RS 8.227, com escritório à Rua Washington Luiz, 820 – 2º andar – Sala 201 – CEP. 90.010-460 – Porto Alegre – RS, sob pena de nulidade. DA NARRATIVA DA PARTE AUTORA Alega a parte Autora, em seu pedido inicial, em apertada síntese, que ao efetuar uma compra junto ao comércio local, verificou que seu nome estava inscrito no cadastro de inadimplentes. Afirma que desconhece a dívida que originou a negativação, uma vez que nunca contratou com a parte Ré. Aduz que jamais recebeu qualquer notificação a respeito da negativação. Por tais motivos, ingressou com a presente ação requerendo, que seja declarado a inexistência da dívida com a expedição de oficio aos órgãos de proteção ao crédito a mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 2 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br fim de proceder a baixa na referida restrição, bem como a condenação ao pagamento de uma indenização a titulo de danos morais e a inversão do ônus da prova. Todavia, suas pretensões não merecem prosperar, principalmente porque sua versão dos fatos esbarra na realidade, bem como pelas razões que serão expendidas na presente peça contestatória, culminando, inevitavelmente, na absoluta improcedência do feito. DA REALIDADE DOS FATOS A despeito das alegações tecidas pela parte Autora, tem-se que suas pretensões não merecem abrigo da tutela jurisdicional, eis que desprovidas de verossimilhança e lastro probatório, como restará adiante demonstrado. Analisando os fatos narrados e o sistema interno, se verificou que a reclamação não tem fundamento, tendo em vista que a parte Autora está agindo mediante ardilosa e pura má-fé, uma vez que falta com a verdade dos fatos. Diante disto, cabe esclarecer que o débito reclamado é referente à contratação pela parte Autora de nº 2018441652, que permaneceu ativa na base da Oi de 10/09/2020 até 06/05/2021, momento em que foi cancelada. Vejamos: mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 3 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Nessa vertente, de acordo com o apurado no sistema interno da Ré, os débitos em abero referem-se a faturas geradas no período em que a linha estava ativa na base da Oi, sendo, portanto, legítimos: Ademais, há contrato assinado pela parte Autora, o que resulta mais ainda a relação jurídica entre as partes: mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 4 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Dessa forma, como a parte autora contratou os serviços, os utilizou, a cobrança é consequência lógica. Ainda, não havendo o pagamento, por certo, que a parte autora será inscrita nos órgãos protetivos de crédito; o que de fato ocorreu. Durante o período em que o plano esteve ativo não houve registro de reclamação quanto a não contratação do serviço ou contestação de valores, tanto que a parte Autora sequer cita número de algum protocolo de reclamação via Central de Atendimento (SAC) ou presencial, de modo a comprovar que tenha diligenciado a solução do problema administrativamente junto à empresa Ré. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 5 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Mister ressaltar, que é procedimento padrão da empresa Ré que, uma vez recebida reclamação, seja aberta uma apuração interna, a fim de verificar qualquer irregularidade na origem do contrato que gerou os débitos reclamados, o que foi realizado no presente caso, ocasião em que foi constatado vínculo entre as partes, tendo em vista que há reciprocidade de endereço (serviço foi instalado no mesmo endereço citado na inicial), o que configura uso regular dos serviços. Desta feita, não houve ilicitude nas cobranças emitidas pela parte Ré, tendo em vista que são correspondentes aos serviços solicitados e devidamente disponibilizados, conforme já demonstrado. Cabe esclarecer, que a Ré não adentra no foro íntimo de seus clientes para averiguar os motivos que levam seus usuários a solicitar a contratação ou cancelamento de serviços, a qualquer tempo que seja, estendendo-se somente ao limite de sua obrigação ao atendimento dos pedidos solicitados. Impende esclarecer ainda que, uma vez contratado o produto, enquanto não adimplido eventuais pendências ou solicitado seu efetivo cancelamento, continuam sendo geradas faturas mensais de cobrança, posto que a contraprestação dos serviços oferecidos é, por óbvio, devida enquanto o contrato subsistir. Ressalta-se que o débito que originou a negativação reclamada foi gerado no período em que o plano ainda estava ativo, razão pela qual inexiste cobrança indevida. Ainda que prosperassem os argumentos deduzidos pela parte Autora, quanto a não contratação do serviço, a única hipótese plausível seria a de que terceira pessoa, de forma ilícita e fazendo-se passar pela parte Autora, fez a solicitação de ativação do serviço de posse dos seus documentos, induzindo a empresa Ré a erro e propiciando. Ora, torna-se patente que, se a parte Autora nunca celebrou qualquer contrato com esta empresa Ré, ad argumentandum tantum, somente poder-se-ia entender pela atuação de terceiros de má-fé, os quais teriam vitimado não apenas a parte Autora, mas principalmente esta concessionária, que prestou os serviços de forma habitual e ininterrupta, sem receber as contraprestações devidas pelos mesmos. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 6 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Portanto, não havendo qualquer ilicitude cometida pela Ré, que procedeu dentro dos limites do estrito cumprimento do dever legal, não há que se falar em condenação, eis que a realidade dos fatos, constatada pelos documentos ora juntados, por si só, impõe a improcedência in totum dos pedidos autorais. DA PRELIMINAR DE MÉRITO DA INÉPCIA DA INICIAL A empresa Ré pugna seja declarada a inépcia da inicial no tocante a causa de pedir referente ao dano moral, posto que a parte Autora não indica o valor pretendidoa título de indenização, contrariando expressamente dispositivo legal contido no Código de Processo Civil. Assim, ao pleitear indenização por danos morais para que o Juízo determine o valor da indenização, a parte Autora não demonstrou o valor pretendido, restando inepto o pleito de dano moral por falha na prestação do serviço, conforme dispõe os arts. 291 e 292, V, do Código de Processo Civ i l , in verbis : “Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 7 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;” A parte Autora em momento algum quantifica o valor que pretende receber a título de indenização por danos morais, deixando tal encargo ao Juízo, o que, é vedado pelo Código de Processo Civil, razão pela qual a declaração da inépcia da inicial é medida de império. A informalidade do processo no Juizado Especial Cível não pode ser levada ao extremo de dispensar a parte de concluir a petição com o valor pretendido a título de indenização por dano moral, mormente porque tal determinação resta expressa em lei. Nesse sentido, é o entendimento jurisprudencial: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. AÇÃO ORDINÁRIA. VALOR DA CAUSA. DANO MATERIAL MORAL. O valor da causa corresponde em regra à soma do valor econômico envolvido na lide somando-se as pretensões pecuniárias. Na nova sistemática processual o pedido de condenação em dano moral deve ser indicado em valor certo e não mais como mera sugestão ao julgador, a teor do art. 292, V, do CPC/15. - Circunstância dos autos em que a parte não atendeu ao disposto no art. 292, inciso V, do CPC/15 e se impunha emenda da inicial para quantificação precisa da pretensão por dano moral. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70069616803, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Moreno Pomar, Julgado em 15/07/2016). Assim, resta claro que o pedido da parte Autora, referente ao dano moral, não preenche o requisito disposto no artigo 330, I; e §1º, II, d o Novo Código de Processo Civil. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ELEMENTOS NECESSÁRIOS É de se verificar, preliminarmente, que a parte autora ingressou com demanda contra a Requerida argumentando acerca da cobrança em duplicidade na forma de débito em conta. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 8 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Contudo sequer verificam-se DOCUMENTOS QUE COMPROVEM TAL INSCRIÇÃO, afinal, todo e qualquer elemento necessário a resolução do litigio são inerentes a petição inicial Assim, ausentes as informações indispensáveis à Ação, a extinção do processo é medida que se impõe. Portanto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, ante a inépcia da inicial, com fulcro no artigo 485, IV, do Código de Processo Civil. DO MÉRITO DA IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA - INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 6º, INCISO VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR A parte Autora requer em sua exordial que seja determinada a inversão do ônus da prova. Todavia, é cediço que a inversão do ônus da prova nas relações de consumo é ato discricionário do juiz que dele pode se utilizar para formar seu convencimento em atenção às provas que são produzidas pelas partes. A inversão somente é passível de ocorrer quando (i) as alegações forem verossímeis; ou (ii) quando a requerente for hipossuficiente1, conforme dispõe o inciso VIII, do art. 6º do Código de Defesa do Consumidor, in verbis: “art. 6º - São direitos do consumidor: (...) VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, em seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando ele for hipossuficiente, segundo as regras de experiência”. Entretanto, segundo a melhor doutrina acerca do tema exposto, a regra de inversão do ônus da prova, mesmo nas relações de consumo, não deve ser aplicada incondicionalmente, merecendo, pois, uma análise ponderada por parte do julgador, destinatário que é da prova a ser produzida no processo. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 9 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Assim é o entendimento do Tribunal de Justiça sobre o tema, conforme se depreende da ementa abaixo transcrita, dentre inúmeros outros julgados que caminham no mesmo sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SEGUROS. DPVAT. AÇÃO DE COBRANÇA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. INAPLICABILIDADE 1. Nas ações de cobrança relativas ao seguro DPVAT, cabe à parte autora a prova constitutiva do seu direito, nos termos do art. 373, I, do CPC. Relação jurídica existente entre as partes de cunho obrigacional, sujeita à legislação própria. 2. Impossibilidade de inversão do ônus da prova exclusivamente com base no art. 6º, VIII, do CDC. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento, Nº 70081704132, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel Dias Almeida, Julgado em: 28.08.2019). Assim leciona ZELMO DENARI2: “(...) Fica, portanto, a advertência de que a inversão do ônus da prova não é postulado aplicável a todas as situações jurídicas derivadas do consumo de bens ou serviços, pois supõe o juízo de verossimilhança das alegações do consumidor, em recentes decisões, nossos Tribunais, louvando-se nas regras ordinárias de experiência não acolheram a inversão do ônus da prova, pois consideraram inverossímil a versão dos consumidores (...)”. Ao que se sabe, o requisito da verossimilhança surge de alegações coerentes e concisas e não de meros argumentos ou falácias que não corroboram com o teor dos documentos, como aqueles trazidos à colação pela parte Autora. No que tange ao requisito da “hipossuficiência”, este, genericamente falando, há de ser aplicado em atenção às provas produzidas pelas partes e não apenas em relação à eventual hipossuficiência financeira da parte Autora - até porque não se deve confundir a concessão de gratuidade com a inversão do encargo probatório, restando bem clara a desigualdade entre disparidades financeiras e econômicas. De todo modo, cumpre ressaltar que o caso em comento não deve ensejar na inversão do ônus da prova, haja vista a inexistência de qualquer espécie de hipossuficiência da parte Autora, como disciplinam os arts. 4º, I e 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor, que possui condição de produzir o conteúdo probatório suficiente ao seu intento, não obstante nãoo tenha feito. Ademais, materialmente impossível a prova de fato negativo indefinido, segundo disposto no parágrafo único do art. 373 do CPC, in verbis: “art. 373. O ônus da prova incumbe: mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 10 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o processo.” Dessa forma, não há se falar em inversão do ônus da prova, sob pena de incumbir à Ré o ônus de provar fato que nunca ocorreu, o que, sabidamente, é impossível e inadequado, à luz da legislação processual pátria. Diante de todos esses argumentos, não há que se falar em inversão do ônus, prevista no artigo 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, pelo que se requer seu indeferimento. DA REGULARIDADE DOS DÉBITOS EXISTENTES EM NOME DA PARTE AUTORA Esclarecidos os fatos ocorridos, não se pode aceitar a pretensão de cancelamento de débito existente em nome da parte Autora, sob a alegação de que o valor é indevido, uma vez que os documentos juntados comprovam que o débito é regular e que os fatos narrados pela mesma não procedem. Não há dúvidas, conforme disposto pela ANATEL, que todo usuário deve efetuar o pagamento referente à prestação de serviços de telecomunicações. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 11 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br Ora, é de ciência da parte Autora que, ao deixar de efetuar o pagamento dos valores devidos à Ré, a mesma incorreu em inequívoca violação ao seu dever não apenas contratual, mas principalmente legal. E, inobstante o seu flagrante inadimplemento, reivindica agora uma conduta por parte da empresa Ré, alegando sentir-se lesada em seu foro íntimo. Não se afigura justa tal pretensão, uma vez que a mesma carece de qualquer resquício de bom senso. Não se podem olvidar os termos do artigo 476, do Código Civil em vigor, que trata da exceptio non adimpleticontractus: Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contraentes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Conforme o dispositivo legal acima transcrito, não é viável se exigir o cumprimento do contrato quando a parte não tenha cumprido integralmente sua prestação. Neste sentido, já decidiu o egrégio TJ/RS em julgados recentes: APELAÇÃO CIVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. NEGATIVA DE CONTRATAÇÃO. RELAÇÃO JURÍDICA COMPROVADA. COBRANÇA E INSCRIÇÃO NEGATIVA QUE SE TRADUZEM EM EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ CONFIGURADA. Caso concreto no qual a documentação juntada pela parte ré é idônea e aponta claramente a origem e regularidade do débito contraído pela autora junto à operadora de telefonia. Cobrança e inscrição negativa que se traduzem em exercício regular de direito. Ausência de ilícito, não merecendo acolhimento os pedidos de desconstituição do débito, cancelamento de registro e indenização por danos morais. Litigância de má-fé configurada. Resta evidenciada a má-fé no presente caso, pois o contexto que aportou é de que a autora na inicial nega a relação jurídica com a operadora de telefonia demandada, e do caderno probatório restou sobejamente comprovada a contratação e a inadimplência, sendo propositalmente alterada a verdade dos fatos a fim de obter vantagem indevida, qual seja, esquivar-se de dívida legitimamente contraída. Redução do valor da multa. O valor arbitrado comporta minoração para 1% sobre o valor atualizado da causa, a fim de que sejam observados os parâmetros do art. 81 do CPC. APELAÇÃO mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 12 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70081790115, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Eduardo Richinitti, Julgado em: 28-08-2019) AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO NEGATIVA. RELAÇÃO CONTRATUAL. COMPROVAÇÃO. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. HONORÁRIOS RECURSAIS. I. O conjunto probatório demonstra que o autor efetivamente manteve relação contratual com a parte requerida. Isto porque, a ré cumpriu com o dever previsto no art. 373, II, do CPC, na medida em que juntou a gravação sobre a existência de linha telefônica em nome do demandante, restando comprovada a origem da dívida. II. Consequentemente, não há falar em cancelamento do registro negativo em nome da autora, tampouco em condenação por danos morais, uma vez comprovada a relação contratual e a origem do débito. III. De acordo com o art. 85, § 11, do CPC, ao julgar recurso, o Tribunal deve majorar os honorários fixados anteriormente ao advogado vencedor, observados os limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível, Nº 70082320458, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge André Pereira Gailhard, Julgado em: 28-08-2019). Basta uma análise breve das normas legais e regulatórias trazidas à baila para se chegar à inevitável conclusão de que, em razão da sua injustificada inadimplência, a parte Autora não faz jus ao deferimento do pleito sub judice. Desta forma, impõe-se a improcedência do pedido no que diz respeito à inexigibilidade dos débitos, pelo menos enquanto perdurar a condição de inadimplemento, uma vez que os serviços foram disponibilizados e utilizados. DA INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA RÉ Evidente que, em não efetuando os pagamentos devidos tempestivamente, a parte Autora assumiu o risco de ter seu nome registrado nos órgãos de proteção ao crédito. Conforme demonstra jurisprudência pacífica deste Tribunal: mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 13 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. CONSUMIDOR. TELEFONIA MÓVEL E INTERNET. INEXIGIBILIDADE DE COBRANÇA, REPETIÇÃO DE INDÉBITO E DANO MORAL. DESCABIMENTO. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. A prova trazida aos autos demonstra a existência e a origem lícita da dívida decorrente de serviços efetivamentecontratados e prestados, sendo devida as cobranças, a inscrição do nome da autora nos órgãos de restrição ao crédito configura exercício regular de um direito. Por conseguinte, não faz jus a à repetição de indébito e à reparação por danos morais. Apelação desprovida. (Apelação Cível, Nº 70078828910, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jucelana Lurdes Pereira dos Santos, Julgado em: 28-03-2019). Resta claro que para haver segurança nas relações jurídicas é necessário que haja sanção para aqueles que descumprem com as suas obrigações contratuais, situação em que se colocou a parte Autora no momento em que descumpriu a parte que lhe cabia no contrato, qual seja, o pagamento do mesmo pelos serviços devidamente contratados e prestados pela Ré. Ainda, é claro em nosso ordenamento jurídico, que o constrangimento que o Código de Defesa do Consumidor quis impedir na cobrança de dívidas “não é qualquer constrangimento, mas apenas o constrangimento ilegal ou abusivo. Não é ilegal ameaçar o devedor de negativação dos serviços de proteção ao crédito, de envio de título ao Cartório de Protesto, ou, ainda, do ajuizamento de ação judicial.”1 Portanto, a Ré jamais expôs a parte Autora a qualquer situação constrangedora em seu meio social sem justo motivo ou em desacordo com a legislação e contrato de prestação de serviço. Portanto, a pretensão configura-se tentativa de locupletamento, sob a justificativa de prejuízo moral ante a restrição de crédito ocorrida. 1RizzatoNunes,Rizatto. Curso de Direito do Consumidor, pp. 389-390. Ed. Saraiva. 2004. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 14 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br DA INEXISTÊNCIA DO DANO MORAL PARTE AUTORA DEVEDORA CONTUMAZ Quanto aos supostos danos morais, contesta-se a sua ocorrência, ressaltando-se que, para que uma conduta acarrete a responsabilidade civil do agente, é imprescindível a comprovação do dano dela decorrente. Sem prova de dano, não há responsabilização. Logo, o caso em tela não comporta tal indenização, pois tão somente narra meros aborrecimentos. Com efeito, o dano moral fica caracterizado somente quando a conduta interfere intensamente no comportamento psicológico do indivíduo a ponto de romper seu equilíbrio psicológico, o que não é o caso. Resta claro, no caso, que a parte Autora não sofreu um desequilíbrio no seu estado psicológico que justifique a pretendida indenização. Mesmo que tivesse a Ré cometido um equívoco, o que se admite apenas por argumentação, não haveria a existência de dano moral algum, posto que se enquadraria minimamente como mero aborrecimento cotidiano. Ademais, deve-se ressaltar que a parte Autora é devedora contumaz, havendo inscrições de negativação ativas realizadas por outras empresas, de modo que, a partir de tais constatações, se percebe que a cobrança de faturas em atraso não é mais motivo gerador de constrangimento, que abale a moral da parte Autora, conforme telas colacionadas abaixo, o que torna ilegítima a pretensão indenizatória. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 15 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br O posicionamento deste E. Tribunal de Justiça em relação à ausência de dano moral indenizável ao devedor que possui outras restrições de crédito em seu nome é pacífico, como se vê dos seguintes julgados: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO. INSCRIÇÃO NEGATIVA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. EXIGÊNCIA DO ARTIGO 43, §2º, DO CDC. INOBSERVÂNCIA QUANTO A DUAS NEGATIVAÇÕES DO NOME DA PARTE AUTORA. EXCLUSÕES DOS REGISTROS DECLARADOS IRREGULARES NESTA DEMANDA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. DEVEDORA CONTUMAZ. APLICABILIDADE DA SÚMULA 385 DO STJ. MANTIDA SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. À mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 16 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível, nº 70082117706, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luís Augusto Coelho Braga, Julgado em: 15.08.2019). RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO NEGATIVA INDEVIDA. JUSTA CAUSA NÃO COMPROVADA. DÉBITO DECLARADO INEXISTENTE. DANOS MORAIS INOCORRENTES, NO CASO CONCRETO. EXISTÊNCIA DE INSCRIÇÃO ATIVA EM NOME DA AUTORA. DEVEDORA CONTUMAZ. SÚMULA 385 DO STJ. DANOS MORAIS AFASTADOS. SENTENÇA REFORMADA, NO PONTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Recurso Inominado nº 71008691313, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: José Ricardo de Bem Sanhudo, Julgado em: 23.07.2019). Dessa maneira, postula-se o julgamento de improcedência do feito. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO Na remota hipótese de ser a Ré condenada ao pagamento de indenização a título de danos morais, deverá a eventual condenação ser arbitrada de acordo com os princípios norteadores da razoabilidade e proporcionalidade, evitando assim eventual enriquecimento ilícito à parte Autora. Para tanto, se faz mister ressaltar que a quantificação do valor indenizatório deverá levar em consideração a extensão da ofensa sofrida. Sendo assim, caso V. Exa. entenda pela existência do alegado dano moral sofrido e, ainda, pela responsabilização da ora Ré na reparação deste, deverá o quantum ser arbitrado em montante razoável. Repisa-se que, aos autos não foram juntados quaisquer documentos hábeis a comprovar sequer a existência, quanto mais a extensão dos alegados danos morais. Ora, o requisito da existência real do dano é essencial para a apuração do nexo de causalidade, e mais, também o é para configuração do suposto dano moral, que, para existir, precisa ter repercussão na própria pessoa e no mundo exterior. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 17 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br O direito não tutela danos hipotéticos, e, sendo assim, a real configuração do dano, naquele que se diz ofendido, é requisito essencial, não só para a obrigação de indenizar, mas também para verificação da extensão do dano. A título de argumentação, mostra-se temerária a fixação do quantum em montante elevado tendo em vista o aspecto punitivo, uma vez que esta eventual opção do julgador, poderá determinar como consequência imediata da descaracterização do propósito do instituto do dano moral que é unicamente o ressarcimento e/ou satisfação, violando desta forma, o princípio da proporcionalidade. Frise-se, por oportuno, que inexiste no ordenamento jurídico brasileiro qualquer positivação, quer constitucional, quer infraconstitucional, a colocar balizas fixas para a determinação do montante indenizatório para casos fulcrados na responsabilidade civil. Neste diapasão, na remota hipótese de V. Excelência entender cabível o pagamento de indenização a título de danos morais, estes deverão ser arbitrados nos moldes do art. 944 e seguintes do Código Civil, que assim preleciona, verbo ad verbum: “art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. “Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano,poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.” E o caso em tela está a demonstrar que a condenação, na forma como postulada, mostra-se absurda e temerária, não estando configurado sequer o dano moral a ponto de dar sustentação ao pleito veiculado. Diante de todo o exposto, conforme já mencionado, inexistem critérios fixos no nosso ordenamento jurídico para a quantificação referente ao dano moral. Assim, conclui-se que a recomposição do dano não pode vir a constituir-se em enriquecimento indevido, portanto, requer a parte Ré, caso seja condenada ao pagamento referente à dano moral, a adequação do quantum indenizatório, dentro dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/ 18 Rua Washington Luiz, 820, Sala 201 - Cep. 90.010-460 - Porto Alegre/RS Tel. 55 51 3225-9332 / 3226-9358 desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br www.desouzaadvogados.adv.br DOS REQUERIMENTOS Diante de todo o exposto, requer: a) O acolhimento das preliminares de mérito arguidas; b) A total improcedência dos pedidos vertidos na inicial; visto que demonstrada a regularidade das contratações e suas respectivas cobranças, o que fulmina a pretensão de reparação a título de danos morais; c) Porém, na remota hipótese de acolhimento das alegações autorais, uma vez que os fatos narrados nos autos não se afiguram suficientes para ocasionar abalo emocional capaz de ensejar dever de reparação, requer-se que eventual condenação tenha como parâmetro os princípios da proporcionalidade e razoabilidade; Protesta, outrossim, pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos. Termos em que, Pede Deferimento. Porto Alegre, 19 de julho de 2022. ANELISE DE ANGELI VAZ MARCUS SATTE ALAM SENNA OAB/RS 58.329 OAB/RS 68.752 LUCIANA RODRIGUES FIALHO DE SOUZA OAB/RS 74.531-A mailto:desouzaadvogados@desouzaadvogados.adv.br http://www.desouzaadvogados.adv.br/
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