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TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL Aspectos históricos · Década de 1960: prescrição de estrogenoterapia para todas as mulheres menopausadas. · Foi origem de complicações principalmente em nível endometrial. · Em 1980: o efeito das progestinas foi estabelecido e a THM obteve outra ascensão. · Em 1990: a THM atingiu seu apogeu, os estudos em animais e os observacionais sugeriam que a estrogenoterapia pós-menopausa podia prevenir a doença coronariana e a demência, além de evitar perda de massa óssea. · Em 2002: foram estabelecidos os critérios para tratamento da menopausa · Idade da paciente, tempo de menopausa, sintomas, doses, vias de administração, comorbidades. Riscos x Benefícios – Pós-Menopausa Conclusões com grau de evidência A · Redução de sintomas vasomotores: associação eventual com antidepressivos ou gabapentina · Redução da incidência de sintomas urogenitais · Prevenção da osteopenia · Redução do risco de câncer de cólon · Aumento do risco de fenômenos tromboembólicos · Aumento do risco e hiperplasia endometrial (estrogênioterapia), esquemas combinados reduzem o risco (estrogenoprogestinas) · AVE: aumento mínimo de casos, relacionados à dose · Aumento do percentual de densidade mamária, associado às doses. Conclusões com grau de evidência B · Diminuição no risco de diabetes melito tipo II (DMII) e menor acúmulo de tecido gorduroso abdominal e/ou periférico. · Possível redução de efeitos cardiovasculares. Fármacos (estrógenos) · Valerato de estradiol 1 a 2mg/d · Estradiol micronizado 1 a 2mg/d · Estrogênios conjugados 0,3 a 0,625mg/d · Estradiol adesivo: 20 a 5ug/d · Estrogênios conjugados creme vaginal 0,3 a 0,625mg/d (2 a 3x na semana) · Estriol creme vaginal 1 a 2mg/d (2 a 3x/semana) · Promestrieno 10mg/d (2 a 3x/semana) Receptores nucleares de estrógenos (isoformas) · Receptor estrógeno alfa (REalfa): útero, glândula mamária, hipotálamo, ossos, vasos sanguíneos. · Receptor estrógeno beta (REbeta): próstata, células granulosas, intestino, pulmão e leucócitos. Interações receptor estrógeno-DNA · Mecanismo clássico: ligação direta do estrógeno ao RE e posterior ação na transcrição do DNA. · Mecanismo não direto de ligação ao DNA: interações protéicas com outros fatores de transcrição. · Mecanismo via segundos mensageiros (rápido): ação dos estrógenos mediada por RE associados à membrana (REm). · Ativam cascatas que estimulam os mecanismo genômicos. Vias de administração O estradiol e o progestógeno administrados por via não oral evitam o metabolismo de primeira passagem pelo fígado. Permite assim menor estímulo das proteínas hepáticas, fatores de coagulação e perfil metabólico neutro. Além de menor risco cardiovascular e fenômenos tromboembólicos. A combinação do uso não oral do estradiol combinado ao progestágeno intrauterino pode melhorar a aderência e minimizar os riscos da THM na menopausa. Estrógenos sintéticos Os principais são: etinilestradiol, mestranol, quinestrol e dietilestilbestrol. Não são oxidados pela desidrogenase que oxida o 17-B estradiol, seu efeito no fígado é acentuado, levando-o à produção de proteínas como SHBG, substrato de renina. Naturais Os mais frequentemente utilizados na TRH. Os estrogênios conjugados e o estradiol transdérmico ou percutâneo, seguidos pelo valerianato de estradiol e o estradiol micronizado. O estriol, apesar de provocar poucos efeitos colaterais, não previne a perda de massa óssea. Tanto os estrogênios sintéticos como os naturais, são úteis na preservação da massa óssea e na melhora da sintomatologia. Na reposição hormonal do climatério e da menoapusa, os naturais estão mais indicados. Progestágênos A associação do progestáeno ao estrógeno é obrigatória em pacientes com útero intacto ou em pacientes com histerectomia parcial em que existe resíduo de cavidade endometrial. A indicação primária da adição do progestágeno é para proteção endometrial contra hiperplasia e o adenocarcinoma associados à reposição isolada de estrógeno. Na atrofia vaginal isolada, não está recomendada a associação de progestágênos quando são administradas baixas doses de estrógeno por via vaginal. Risco de câncer Os dados ainda são inconsistentes e controversos, mas a adição de progesterona à terapia hormonal não diminui o risco de câncer de mama. Importante Estar atento para que a adição do progestágeno não prejudique ou atenue os efeitos benéficos do especialmente no sistema cardiovascular e na massa óssea, assim como sobre um bem-estar da paciente usuária da THM. Ainda que seja obrigatória a promoção de atividade secretória em endométrio previamente estrogenizado para que uma determinada substância possa ser caracterizada com progestagênio, as ações específicas sobre outros órgãos e tecidos diferem substancialmente entre os diferentes tipos de progestágenos empregados. Várias moléculas novas de progestágenos foram sintetizadas, sendo consideradas de quarta geração, como Drospirenona, Trimegestona, Nesterona e Acetato de nomegestrol. A segurança e os benefícios baseiam-se na individualização. Esquemas terapêuticos Existem diversas formas de administrar a THM, cujo os objetivos são o alívio dos sintomas e, acima de tudo, a proteção endometrial quando associamos a progesterona ao estrógeno. Os consensos atuais recomendam minimizar a exposição ao progestágeno. Os esquemas combinados podem ser cíclicos ou contínuos. · Cíclicos: o estrógeno é dado de forma contínua e o progestágeno é 10-dias por mês. · Contínuo: ambos são administrados conjuntamente de forma ininterrupta. No esquema cíclico, a mulher apresenta sangramento ao final de cada ciclo de progesterona e, no contínuo, a grande maioria entra em amenorréia. A escolha é individualizada e caso notar alterações, investigar as condições do endométrio. Contra-indicações a estrogenioterapia É variável dependendo das doses, vias e outros fatores. No entanto são: câncer de mama, câncer de endométrio, tromboembolismo agudo, hepatopatia aguda/grave, cardiopatia grave, sangramento uterino sem causa diagnosticada. Reposição androgênica Mulheres com insuficiência androgênica associada a quadros clínicos de falta de motivação, fadiga, mal-estar, humor depressivo, disfunção sexual, diminuição de pelos pubianos, perda de massa muscular, síndrome climatérica e perda óssea não responsiva a estrógenos. Dosagens Laboratoriais · Testosterona total estaria <140pg/ml, a testosterona livre por diálise de equilíbrio <1% (2pg/ml). · Ou S-DHEA (sulfato de dehidroepiandrosterona) <100 ng/ml, devendo as dosagens de testosterona ser colhidas pela manhã e no meio do ciclo em mulheres na pré-menopausa. Existem dificuldades nos kits diagnósticos, pois níveis reduzidos nas mulheres podem comprometer a sensibilidade dos kits. As indicações clássicas e previamente estabelecidas para prescrevermos testosterona na mulher são na esfera sexual, como a diminuição da libido e do prazer sexual. Efeitos como ganhos de massa óssea e aumento da massa muscular também são bem estabelecidos com o uso da testosterona. Evidências de que tanto testosterona como seu derivado deidrotestosterona exercem efeito inibitório no crescimento da célula mamária promovido pelo estradiol. A testosterona pode reduzir em 40% esse efeito através da expressão dos receptores alfa-estrogênicos (ER-alfa). A associação estrógeno/andrógeno na terapia hormonal da menopausa pode reduzir o risco de câncer de mama. A progesterona até o momento sem influência no efeito proliferativo do estradiol na célula mamária. A segurança em longo prazo é incerta. Em altas doses, pode ter relação com acne, hirsutismo, virilização, agressividade, retenção hídrica, elevação da pressão arterial. Pode apresentar também a policitemia, diminuição de HDL, aumento do fibrinogênio, gordura visceral, graxos livres e redução da insulina. Vias de administração x aspectos farmacocinéticos · Pode ocorrer danos hepáticos com as formulações por via oral. Existem várias apresentações disponíveis. · De forma geral, a testosterona parenteral não é recomendada devido à natureza farmacológica dessas vias acarretar variaçõesimportantes nos níveis circulantes bem como no depósito do eseróide. · A via intramuscular é eficiente mulher ooforectomizadas, pois permite que seja liberada aos poucos. · A metiltestosterona, em baixas doses, apresenta eficiência no alívio dos sintomas menopausais (aumento de massa óssea, função sexual). · O undecanoato de testosterona por via oral tem absorção preferencialmente linfática. · Implantes de testosterona (pelets) a cada 4 a 6 meses de intervalo: monitorização dos níveis para não exceder os níveis fisiológicos (70-90g/dL). · Adesivos: opções · O gel hidroalcoólico de testosterona usado para mulheres (1g/dia) na dose de 1/5 do valor utilizado em homens eficiente para a composição corporal, força muscular e função sexual. · O DHEA, embora usado em vários estudos na dose de 50 mg/dia, tem sua única eficácia liberando testosterona. · Até o momento não está recomendado para THM em mulheres com função adrenal preservada. Terapia alternativa A Tibolona que é um esteróide sintético, pode atenuar sintomais menopausais. É metabolizada em compostos com atividade estrogênica. Convertidos no isômero delta 4, o qual tem afinidade com os receptores de progesterona e androgênio. Também diminui os níveis circulantes de SHBG aumentando a testosterona livre e contribuindo para a androgenicidade da droga. Indicações: alívio dos sintomas vasomotores, melhora da função urogenital, prevenção de perda de massa óssea e aumento da densidade óssea. Devido ao seu perfil androgênico, pode melhorar a libido e elevar os níveis de LDL circulantes. A prescrição de tibolona de forma contínua acarreta atrofia endometrial com conseqüente amenorréia.
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