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~ Júlia Dantas ~ Febre, Inflamação e Infecção Módulo XIV RESUMO VOL. 2 Febre de origem indeterminada (FOI) AIDS e doenças oportunistas Calazar Tuberculose H1N1 COVID-19 PRINCIPAIS SEÇÕES DESTE RESUMO SUMÁRIO Febre de origem indeterminada (FOI) Febre de origem indeterminada (FOI) Quadro inespecífico de febre de intensidade maior do que 38,3°C de temperatura oral ou 37,8°C de temperatura axilar que pode estar acompanhada de: cefaleia, mialgia, artralgias, sensação de frio, taquicardia, esplenomegalia, hepatomegalia, adenomegalia Aferida em várias ocasiões Duração de pelo menos 3 semanas 7 dias de investigação hospitalar ou ambulatorial inconclusiva -> não é necessário internação Exclusão de: - Infecções agudas de evolução autolimitada - Viroses endêmicas de áreas em que vive o paciente - Hipertermias fisiológicas Conceito Febre de origem indeterminada (FOI) Etiologia Infecções -> 25 a 52% Neoplasias sólidas e hematológicas -> 2 a 33% Doenças inflamatórias não infecciosas -> 4 a 35% Miscelânea (conjunto heterogêneo de doenças) -> 3 a 31% Sem diagnóstico -> 3 a 33% OBS: a infecção pelo HIV deve sempre ser suspeitada como possibilidade diagnóstica para a FOI. A febre pode ser a única manifestação da infecção viral e pode ser a expressão inicial de uma das muitas doenças oportunistas da AIDS. Febre de origem indeterminada (FOI) FOI clássica FOI nosocomial - Febre > 38,3°C em temperatura oral ou > 37,8°C em temperatura axilar - Duração > 3 semanas - Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação - Pacientes hospitalizados - Decorrente de cirurgias, procedimentos e medicamentos - Doença febril não estava presente nem em incubação antes da internação - Febre > 38,3°C em temperatura oral ou > 37,8°C em temperatura axilar - Duração > 3 dias - Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação Classificação Febre de origem indeterminada (FOI) FOI em imunodeprimidos e neutropênicos FOI nos pacientes com HIV - Pacientes com < 500 neutrófilos por mm³ - Febre > 38,3°C em temperatura oral ou > 37,8°C em temperatura axilar - Duração > 3 dias - Diagnóstico incerto após 3 dias de investigação - Infecção pelo HIV confirmada - Febre > 38,3°C em temperatura oral ou > 37,8°C em temperatura axilar - Duração > 3 dias se internado ou > 3 semanas em ambulatório Classificação Febre de origem indeterminada (FOI) Classificação Outras classificações possíveis são: - FOI em idosos: tuberculose, endocardite, abscessos principalmente intra- abdominais, infecções complicadas do trato urinário, neoplasias sólidas, neoplasias hematológicas, arterite temporal, polimialgia reumática, leucemia, linfomas Hodgkin e não Hodgkin, mieloma múltiplo, tumores do cólon, embolia pulmonar, hipertireoidismo, tireoidite subaguda, febre por drogas Febre de origem indeterminada (FOI) Classificação - FOI em crianças: tuberculose, endocardite bacteriana, pielonefrite, salmoneloses (incluindo a febre tifoide), infecção urinária, osteomielites, sinusite, otite, mastoidite, abscessos, CMV, EBV, HIV, hepatite, malária, toxoplasmose, calazar, doença de Still, poliarterite nodosa, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Kawasaki, linfomas, leucoses, neuroblastoma, febre medicamentosa, febre factícia, disautonomia familiar, displasia ectodérmica, doença de Crohn, febres periódicas, hipertireoidismo - FOI episódica ou periódica ou de muita longa duração ou recorrente: tuberculose, prostatite crônica, colangite, endocardite infecciosa, osteomielite, doença de Still no adulto, doença de Crohn, linfomas principalmente Hodgkin, câncer de cólon, febre medicamentosa, febre factícia, hipertermia habitual, arterite de células gigantes Febre de origem indeterminada (FOI) Conduta Investigar se o paciente tem uma febre real Obter história clínica o mais completa possível 1. 2. - Viagens, hábitos pessoais, exposição a animais ou drogas, história sexual, história patológica, doenças prévias e comorbidades, história ocupacional e a familiar, doenças genéticas 3. Realizar exame físico completo 4. Suspensão ou troca dos medicamentos usados pelo enfermo 5. Hemograma completo, contagem de plaquetas, VHS, PCR 6. Bioquímica: aminotransferases, bilirrubinas, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, glicemia, DLH, CPK, proteínas totais e frações, cálcio e fósforo,TSH, T4, PSA 7. Parasitológico de fezes Febre de origem indeterminada (FOI) Conduta OBS: sorologia para hepatite A, B e C em caso de testes hepáticos anormais 8. Urinocultura e hemoculturas (ao menos 3 e obtenção antes da administração de antibióticos) 9. Pesquisa de FAN e fator reumatoide 10. Sorologia para HIV, CMV, toxoplasmose e vírus Epstein-Barr 11. Ecocardiogra1ia transtorácica e transesofágica 12. US abdominal e pélvica, TC do abdome, pélvis e tórax, de membros inferiores Febre de origem indeterminada (FOI) Razões para o retardo do diagnóstico Falha na anamnese e no exame físico Apresentações atípicas das doenças habituais Uso indiscriminado de antibióticos -> interfere na evolução clínica de algumas doenças causadoras de FOI (febre tifoide, endocardite bacteriana, tuberculose, abscessos) Uso indiscriminado de corticoides e imunossupressores Falta de recursos Febre de origem indeterminada (FOI) Prognóstico Bom prognóstico para maioria dos pacientes adultos e pediátricos que permanecem sem diagnóstico Alguns enfermos têm "cura" espontânea da febre após o início da investigação -> necessário segmento ambulatorial durante 6 meses a 2 anos Alguns doentes permanecem com febre, agravam seu quadro clínico e vêm a falecer com ou sem provas terapêuticas realizadas Febre de origem indeterminada (FOI) Referências BOR, David H. Etiologias da febre de origem desconhecida em adultos. UpToDate. BOR, David H. Abordagem do adulto com febre de origem desconhecida. UpToDate. CURRY, Michael P.; BONDER, Alan. Visão geral da avaliação da hepatomegalia em adultos. UpToDate. PEREIRA, Nelson G.; BORRALHO, Ana Maria V. Febres prolongadas de origem obscura. In: COURA, J. R. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. p. 249-266. AIDS e doenças oportunistas AIDS e doenças oportunistas Gênero Lentivirinae e família Retroviridae 2 cópias de RNA fita simples, capsídeo e envelope externo Genes que codificam as proteínas estruturais e enzimas virais: gag (p55, p24 e p17), env (gp160, gp120, gp41), pol (p66, p51, p31) Tipos: - HIV-1: grupos M (subtipos A, B, C, D, F, G, H, J e K), N, O, P - HIV-2 OBS: O subtipo B do HIV-1 tem sido descrito como o mais prevalente no Brasil Estrutura do HIV AIDS e doenças oportunistas Amplo espectro de apresentações clínicas Fase da infecção aguda: primeiras 4 semanas da infecção pelo HIV, até o aparecimento dos anticorpos anti-HIV (soroconversão) - Níveis elevados de viremia (pico por volta do 21º ao 28º dia) - Indivíduo altamente infectante - Síndrome Retroviral Aguda (SRA): febre alta, sudorese, adenopatia (cadeias cervicais anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar), faringite, exantema de curta duração (face, pescoço, tórax superior), mialgia, cefaleia, dor ocular, esplenomegalia, letargia, depressão, sintomas digestivos (náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso, úlceras orais) - Sorologia geralmente negativa -> fase eclipse (aprox. 10 dias) História natural da doença AIDS e doenças oportunistas Fase da latência clínica: - Exame físico normal (exceção: linfadenopatia continua presente) - Alterações nos exames laboratoriais: plaquetopenia leve, anemia leve (normocômica e normocítica), leucopenia leve - Contagem de linfócitos TCD4+ > 350 células/mm³ -> infecções respiratórias ou tuberculose - Contagem de linfócitos TCD4+ entre 200 e 300 células/mm³ -> febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga, diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite), leucoplasia oral pilosa, herpes- zoster - Imunodepressão grave: candidíase oral, diarreia crônica, FOIHistória natural da doença AIDS e doenças oportunistas Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS): - Contagem de linfócitos TCD4+ < 200 células/mm³ - Infecções oportunistas: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica, retinite por citomegalovírus - Neoplasias: sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin, câncer de colo uterino - Doenças por lesões de órgãos: miocardiopatia, nefropatia, neuropatia História natural da doença AIDS e doenças oportunistas Maioria das infecções pelo HIV-1 ocorre através das mucosas do trato genital ou retal durante a relação sexual Infecção de linfócitos TCD4+, macrófagos e células dendríticas -> a replicação viral é auxiliada, em parte, pela resposta imunológica inata que encaminha uma quantidade adicional de células T suscetíveis ao foco da infecção Vírus é disseminado inicialmente para os linfonodos locais e depois sistemicamente Resposta inflamatória significativa na fase aguda -> aumento dos marcadores plasmáticos de fase aguda Quebra da barreira imune do tecido linfóide associado ao intestino (GALT) -> infecção e destruição dos linfócitos TCD4+ residentes na submucosa intestinal Ativação dos linfócitos TCD8+ citotóxicos Carga viral plasmática apresente uma redução significativa após a fase de infecção aguda Fibrose do timo e da infraestrutura linfoide Infecção e resposta imune contra o HIV AIDS e doenças oportunistas Infecção e resposta imune contra o HIV AIDS e doenças oportunistas Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Exame físico: deve incluir a aferição da PA, peso, altura, cálculo do IMC e medida da circunferência abdominal Exames complementares: hemograma, contagem de LT-CD4+ e carga viral do HIV, avaliação hepática e renal (AST, ALT, Cr, Ur, Na, K, exame básico de urina), exame parasitológico de fezes, testes não treponêmicos (VDRL ou RPR), testes para hepatites virais (anti-HAV, anti-HCV, HBs Ag, anti-HBcT e anti-HBs para verifi cação de imunização), IgG para toxoplasma, sorologia para HTLV I e II e Chagas (considerar triagem na rotina para indivíduos oriundos de áreas endêmicas), dosagem de lipídios, glicemia de jejum, prova tuberculínica (PT), radiografia de tórax Periodicidade das consultas: deve adequar-se à fase do tratamento e às condições clínicas do paciente - Retorno entre 7 e 15 dias após introdução da terapia antirretroviral (TARV) - Retornos mensais até adaptação à TARV - Intervalos de até 6 meses em pacientes estáveis Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Investigação de tuberculose: Investigação de risco cardiovascular: Escore de Risco de Framingham para homens e mulheres Rastreamento de neoplasias: - Deve ser realizada em todas as consultas -> tosse, febre, emagrecimento, sudorese noturna - Prova tuberculínica (PT) - Idade - Fumo - Colesterol e HDL-colesterol - Pressão arterial - Mama -> mamografia - Colo uterino -> papanicolau - Ânus -> toque retal e papanicolau anal - Fígado -> dosar alfa- fetoproteína e realizar ultrassom Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Abordagem inicial do adulto infectado pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Resultados indeterminados ou inconclusivos, falso-positivos ou falso- negativos, podem ser obtidos com a utilização de qualquer teste ou metodologia Existe um período entre a exposição do indivíduo e a detecção do vírus, no qual nenhum teste atualmente disponível pode definir o resultado da amostra Diagnóstico padrão-ouro: imunoensaio enzimático (triagem) + Western blot (confirmatório) Diagnóstico da infecção pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Imunoensaios de triagem: 1ª geração: ensaio imunoenzimático indireto do tipo ELISA - Detecção de IgG humana anti-HIV a partir de proteínas obtidas do vírus cultivado em células humanas - Pouco sensível e pouco específico -> não usado na rotina diagnóstica - Detecção entre 6ª e 8ª semana de infecção 2ª geração: ensaio imunoenzimático indireto tipo ELISA - Detecção de IgG humana anti-HIV a partir de antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos derivados de proteínas do HIV - Mais sensível e específico do que o de 1ª geração - Detecção entre 28º e 30º dia de infecção Diagnóstico da infecção pelo HIV AIDS e doenças oportunistas 3ª geração: ensaio imunoenzimático “sanduíche” do tipo ELISA - Detecção simultânea de anticorpos anti-HIV IgM e IgG - Mais específico e sensível do que gerações anteriores - Detecção entre 22º e 25º dia de infecção 4ª geração: ensaio imunoenzimático “sanduíche” do tipo ELISA - Detecção simultane de antígeno p24 e anticorpos específicos anti-HIV - Detecção a partir do 15º dia de infecção Testes rápidos: dispositivos (ou tiras) de imunocromatografia (ou fluxo lateral), imunocromatografia de dupla migração (DPP), dispositivos de imunoconcentração e fase sólida - Realizados em 30 min - Detecção a partir de 3 meses de infecção Diagnóstico da infecção pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Diagnóstico da infecção pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Testes complementares: Diagnóstico por detecção direta do HIV: - Tiras são incubadas com amostras de soro ou plasma - Anticorpos presentes na amostra se ligam especificamente às proteínas das tiras de WB ou IB e esses anticorpos anti-HIV específicos ligados às proteínas são detectados por anticorpos secundários, conjugados com uma enzima, seguido por um substrato que gera um produto colorido - Western blot (WB) -> tiras de membrana com proteínas nativas do HIV que são separadas por eletroforese - Imunoblot (IB) -> proteínas recombinantes ou peptídeos sintéticos impregnados diretamente nessas membranas OBS: WB considerado reagente apenas quando é detectada a presença de pelo menos duas das seguintes proteínas: p24; gp41; gp120/gp160 - Detecção direta de componentes do vírus (antígeno p24, RNA ou DNA pró-viral) - Especialmente úteis para o diagnóstico em crianças com idade inferior a 18 meses e na infecção aguda em adultos Diagnóstico da infecção pelo HIV AIDS e doenças oportunistas Realizada em casos de exposição de risco para transmissão do HIV -> atendimento de urgência (período < 72h) Pessoa exposta é não reagente para o HIV no momento do atendimento Status sorológico da pessoa-fonte não é obrigatório 28 dias de duração do tratamento Esquema preferencial: combinação de 3 antirretrovirais -> 1 comprimido coformulado de tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) 300mg/300mg + 1 comprimido de dolutegravir (DTG) 50mg ao dia Profilaxia pós-exposição (PEP) AIDS e doenças oportunistas Objetivos: diminuir a morbidade e mortalidade, melhorando a qualidade e a expectativa de vida, e não erradicar a infecção pelo HIV Deve-se estimular início imediato da TARV -> uma vez iniciada, não deve ser interrompida Não elimina a possibilidade de transmissão sexual do HIV -> uso de preservativos deve ser sempre estimulado 6 primeiros meses de tratamento: Primeiro ano de tratamento: - Melhora clínica e imunológica e supressão viral - Síndrome inflamatória de reconstituição imune (SIR) - Elevação da contagem de TCD4+ - Recuperação imune Tratamento antirretroviral (TARV) AIDS e doenças oportunistas 1ª linha: combinações de três antirretrovirais, sendo dois inibidores da transcriptase reversa análoga de nucluosídeo (ITRN/ITRNt) associados a um inibidor da transcriptase reversa não-análoga de nucluosídeo (ITRNN) 2ª linha: em caso de contraindicação do EFV, usa-se 2 ITRN +inibidor de protease (IP/r) - TDF + 3TC + EFV -> tenofovir + lamivudina + efavirenz - Lopinavir/ritonavir (LPV/r) deve ser o IP/r preferencial Tratamento antirretroviral (TARV) AIDS e doenças oportunistas Tratamentoantirretroviral (TARV) AIDS e doenças oportunistas As leishmanioses têm apresentação clínica variada, podendo haver desde comprometimento cutâneo até visceral Leishmaniose tegumentar: nos pacientes com coinfecção Leishmania-HIV o espectro clínico é variado Leishmaniose visceral: a doença é caracterizada principalmente pela síndrome de hepatoesplenomegalia febril, associada principalmente a citopenias - Lesões cutâneas vão de pápulas a úlceras, podendo haver lesões únicas ou múltiplas, sendo as úlceras as mais comuns - Lesões atípicas caracterizadas por máculas ou pápulas disseminadas - Em pacientes coinfectados com imunossupressão severa, as lesões podem ser encontradas não só em áreas expostas (região genital) - Em pacientes coinfectados observa-se manifestações clínicas semelhantes às de pacientes sem infecção pelo HIV - Manifestações atípicas, com comprometimento de pleura pulmonar, esôfago e intestino Coinfecção com leishmanioses AIDS e doenças oportunistas Condições que indicam a necessidade de investigar LT e LV em pessoas vivendo com HIV ou aids: Diagnóstico: métodos utilizados em pacientes coinfectados são os mesmos utilizados para pacientes sem infecção pelo HIV Tratamento: as drogas para o tratamento da coinfecção são as mesmas utilizadas em pacientes não infectados pelo HIV - Qualquer tipo de lesão cutânea ou mucosa com mais de duas semanas de evolução - Hepatomegalia ou esplenomegalia associada ou não a febre e citopenias Coinfecção com leishmanioses AIDS e doenças oportunistas Fator com maior impacto na mortalidade por AIDS e por tuberculose (TB) em países em desenvolvimento Intervenções priorizadas pelo Ministério da Saúde para controle da coinfecção TB-HIV: Apresentação clínica: maior frequência de formas extrapulmonares e disseminadas - Testagem para HIV em todos portadores de TB com uso do teste rápido - Realização da prova tuberculínica - Tratamento da infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB) em pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) - Diagnóstico precoce da TB - Início oportuno do tratamento antirretroviral nos coinfectados Coinfecção com tuberculose AIDS e doenças oportunistas Em PVHA, deve-se solicitar cultura para identificação de espécie e Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos (TSA) em todos os espécimes clínicos obtidos na investigação de tuberculose Tratamento: semelhante ao recomendado para a população geral - TARV deve ser iniciada na 2ª semana após o início do tratamento de TB para pacientes com sinais de imunodeficiência e/ou LT-CD4+ < 200 e para os demais, na 8ª semana, após o término da fase intensiva do tratamento para TB -> contraindicação do início concomitante do tratamento dos dois agravos, uma vez que pode aumentar o risco de intolerância e toxicidade Coinfecção com tuberculose AIDS e doenças oportunistas Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da Aids: II – Os portadores do vírus têm direito a informações específicas sobre sua condição III - Todo portador do vírus da aids tem direito à assistência e ao tratamento, dados sem qualquer restrição, garantindo sua melhor qualidade de vida VI - Todo portador do vírus da aids tem direito à participação em todos os aspectos da vida social. Toda ação que visar a recusar aos portadores do HIV/aids um emprego, um alojamento, uma assistência ou a privá-los disso, ou que tenda a restringi-los à participação em atividades coletivas, escolares e militares, deve ser considerada discriminatória e ser punida por lei VIII - Ninguém poderá fazer referência à doença de alguém, passada ou futura, ou ao resultado de seus testes para o HIV/aids, sem o consentimento da pessoa envolvida. A privacidade do portador do vírus deverá ser assegurada por todos os serviços médicos e assistenciais Direitos das PVHIV AIDS e doenças oportunistas IX - Ninguém será submetido aos testes de HIV/aids compulsoriamente, em caso algum. Os testes de aids deverão ser usados exclusivamente para fins diagnósticos, controle de transfusões e transplantes, estudos epidemiológicos e nunca qualquer tipo de controle de pessoas ou populações. Em todos os casos de testes, os interessados deverão ser informados. Os resultados deverão ser transmitidos por um profissional competente X - Todo portador do vírus tem direito a comunicar apenas às pessoas que deseja seu estado de saúde e o resultado dos seus testes XI - Toda pessoa com HIV/aids tem direito à continuação de sua vida civil, profissional, sexual e afetiva. Nenhuma ação poderá restringir seus direitos completos à cidadania Direitos das PVHIV AIDS e doenças oportunistas Auxílio doença e aposentadoria por invalidez: - A Lei nº 7.670/1988, estende aos portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS benefícios previdenciários, estabelecendo a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria, independentemente do período de carência, para o segurado que, após filiação à Previdência Social, vier a manifestá-la, bem como a pensão por morte aos seus dependentes e o levantamento dos valores correspondentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, independentemente de rescisão do contrato individual de trabalho ou de qualquer outro tipo de pecúlio a que o paciente tenha direito - Auxílio-doença é concedido a qualquer cidadão brasileiro que seja segurado (pague o seguro em dia) e que não possa trabalhar em razão de doença ou acidente por mais de 15 dias consecutivos. A pessoa que vive com Aids ou com hepatopatia grave terá direito ao benefício sem a necessidade de cumprir o prazo mínimo de contribuição e desde que tenha qualidade de segurado, conforme o artigo 26, II, e artigo 151, ambos da lei 8.213/91 e Instrução Normativa INSS/PRES nº 45, de 6 de agosto de 2010, revogada pela Instrução Normativa INSS Nº 77 DE 21/01/2015, sendo esta alterada pela Instrução Normativa INSS nº 117/2021 Direitos das PVHIV AIDS e doenças oportunistas Sigilo no trabalho e sigilo médico: - As pessoas que vivem com HIV/aids têm direito a aposentadoria por invalidez. A Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei nº 8.213/91) permite que o segurado aposentado por invalidez seja convocado para avaliação das condições que motivaram a aposentadoria, concedida judicial ou administrativamente. Porém, a Lei nº Lei nº 13.847, de 19 de junho de 2019, dispensa de reavaliação pericial a pessoa com HIV/aids aposentada por invalidez, alterando a Lei nº Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 - A pessoa vivendo com HIV tem o direito de manter em sigilo a sua condição sorológica no ambiente de trabalho. Isso inclui testes de admissão, testes periódicos ou de demissão. O médico tem a obrigação de somente averiguar a capacidade laborativa do trabalhador nos exames legais (Art.168 da CLT), sem referência a seu estado sorológico. Em caso de violação, deve-se registrar o ocorrido na Delegacia do Trabalho mais próxima Direitos das PVHIV AIDS e doenças oportunistas Testagem obrigatória na relação de emprego: Imposto de renda: Benefício de prestação continuada: - A Portaria nº 1.246/2010 do então Ministério do Trabalho e Emprego, hoje Secretaria do Trabalho, em seu art. 2º estabelece: “Não será permitida, de forma direta ou indireta, nos exames médicos por ocasião da admissão, mudança de função, avaliação periódica, retorno, demissão ou outros ligados à relação de emprego, a testagem do trabalhador quanto ao HIV - Pessoas com HIV têm assegurado o direito à isenção do Imposto de Renda e, inclusive, o ressarcimento de valores retroativos a 5 anos a partir da comprovação da infecção. Tal previsão está prevista no artigo 6º, inciso XIV, da Lei n° 7.713/88 - Garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho, bem como ao idoso com 65 anos ou mais, que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Esse benefício independe de contribuições para a Previdência Social Direitos das PVHIV AIDS e doenças oportunistas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretariade Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pós exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e hepatites virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. 102p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 54p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 215p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Direitos das PVHIV. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/direitos-das-pvha. Referências http://www.aids.gov.br/pt-br Calazar Calazar Leishmaniose visceral (LV) = calazar Kala-azar ("febre negra") -> escurecimento da pele, que é um sintoma comum no sul da Ásia, mas não em outros lugares Agente etiológico: protozoário parasita do gênero Leishmania chagasi (Leishmania infantum) Vetor: fêmeas hematófagas de mosquitos flebotomíneos do gênero Lutzomyia No Brasil: - Mais raramente também pode ser transmitida pelo uso de drogas intravenosas, transfusão de sangue, transplante de órgãos, infecção congênita e acidentes laboratoriais - Infecção zoonótica - Cão doméstico é um dos mais importantes hospedeiros desse parasita e o maior reservatório da infecção humana visceral Conceito Calazar 2º lugar em mortalidade entre as doenças tropicais 7ª causa de incapacidade entre as doenças tropicais Ocorre em 76 países dos quatro continentes -> maioria dos casos em países em desenvolvimento Em torno de 60.000 mortes por ano, principalmente crianças Protozoários: Vetores: Controle: - L. donovani -> sul da Ásia (Índia, Bangladesh e Nepal) e África Oriental (Sudão, Etiópia, Quênia e Somália) - L. infantum -> Mediterrâneo (incluindo Espanha, França e Grécia), Oriente Médio, Afeganistão, Irã, Paquistão e Brasil - Gênero Flebotomo -> Velho Mundo - Lutzomyia longipalpis -> Novo Mundo - Controle de vetores (mosquiteiros, telas, inseticidas) - Manejo de humanos e animais infectados Epidemiologia e controle Calazar Infecção assintomática -> maioria dos casos Calazar: quase sempre letal sem tratamento - Pacientes podem desenvolver doença de reativação no contexto de imunossupressão - Período de incubação de 2 a 6 meses - Início dos sintomas insidioso e subagudo - Sintomas: mal-estar, febre, perda de peso e esplenomegalia (com ou sem hepatomegalia) - Queixa de desconforto abdominal e sensação de plenitude no quadrante superior esquerdo - Dor à palpação do baço - Hepatomegalia é geralmente menos acentuada do que a esplenomegalia - Cargas muito altas de parasitas se acumulam no baço, fígado e medula óssea -> anemia grave pode ocorrer devido à supressão da medula óssea, hemólise e sequestro esplênico - Calazar avançado: caquexia acentuada, hipoalbuminemia, edema, hepatopatia, icterícia, ascite, trombocitopenia, hemorragias - Imunossupressão -> maior risco de infecções bacterianas secundárias Quadro clínico Doença viscerotópica: doença sistêmica semelhante, mas substancialmente mais leve que o calazar -> febre, mal-estar, tosse, diarreia intermitente, dor abdominal, adenopatia e hepatoesplenomegalia leve Insuficiência renal: ocorre em uma proporção significativa de adultos e crianças Linfohistiocitose hemofagocítica: distúrbio sistêmico de ativação imune excessiva que pode ser desencadeada por certas infecções -> complicação incomum da LV Achados laboratoriais: anemia (normocítica e normocrômica), neutropenia, eosinopenia e trombocitopenia Leishmaniose dérmica pós-calazar (PKDL): erupção cutânea crônica observada após resposta clínica ao tratamento para LV devido a L. donovani Calazar Quadro clínico Calazar Ciclo de vida do Leishmania Picada de flebotomíneos fêmeas infectados Flebotomíneo injeta o estágio infeccioso (ou seja, promastigotas) de sua probóscide durante as refeições de sangue As promastigotas que atingem a ferida da punção são fagocitadas por macrófagos e outros tipos de células fagocitárias mononucleares Nessas células, os progmastigotas se transformam no estágio tecidual do parasita (amastigotas) Multiplicam por divisão simples e infecção de outras células fagocitárias mononucleares Parasita, hospedeiro e outros fatores afetam se a infecção se torna sintomática e se resulta em leishmaniose cutânea ou visceral Os flebotomíneos se infectam ingerindo células infectadas durante as refeições de sangue Nos flebotomíneos, como amastigotas se transformam em promastigotas, desenvolvem-se no intestino Migração para a probóscide (aparelho sugador) 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Calazar Ciclo de vida do Leishmania Calazar Picada do flebótomo e inoculação do protozoário Ativação de mecanismos da imunidade humoral e celular Sistema complemento ativado para auxiliar resposta humoral Escape do parasito da linha de defesa Ativação de resposta Th1 -> Produção de citocinas pró-inflamatórias (principalmente IFN-gama) e ativação de macrófagos Ativação da resposta Th2 -> proliferação de linfócitos B e produção das citocinas IL4, IL5, IL6, IL10, promovendo plasmocitose e hipergamaglobulinemia que levam à formação de imunocomplexos, causando uma resposta humoral ineficiente e consequente sobrevivência do parasito Fisiopatogenia Calazar Requer demonstração do parasita por esfregaço ou cultura em tecido (geralmente medula óssea ou baço) Aspiração de medula óssea (para histopatologia, cultura e testes moleculares) é a amostra diagnóstica preferida Histopatologia Cultura do protozoário Reação em cadeia da polimerase (PCR) Testes sorológicos -> testes de anticorpos fluorescentes indiretos (IFA), ensaios imunoenzimáticos (ELISAs), teste de aglutinação direta (DAT) Diagnóstico diferencial: tuberculose extrapulmonar, linfoma, esquistossomose, abscesso hepático amebiano, histoplasmose, malária Diagnóstico Calazar Antimoniato pentavalente -> administração ambulatorial Anfotericina B -> a única opção no tratamento de gestantes e de pacientes que tenham contraindicações ou que manifestem toxicidade ou refratariedade relacionada ao uso dos antimoniais pentavalentes Critérios de cura: essencialmente clínicos e os primeiros sinais de resposta costumam ser inespecíficos como a melhora do apetite e do estado geral ou - Anfotericina B lipossomal: recomendada para pacientes com mais de 50 anos de idade, transplantados renais, cardíacos e hepáticos - Anfotericina B desoxicolato OBS: Na impossibilidade de uso de anfotericina B, os pacientes com LV com maior risco de óbito podem ser tratados com o antimoniato de N-metil glucamina. Nesse caso, deve-se garantir rigoroso acompanhamento de possíveis eventos adversos ou complicações secundárias às comorbidades, uma vez que a sua resposta terapêutica parece ser mais demorada. - Paciente tratado deve ser acompanhado durante seis meses -> se o estado do paciente permanecer estável, ele será considerado clinicamente curado - Recidiva -> quando houver recrudescimento da sintomatologia, em até 12 meses após término do tratamento Tratamento Calazar BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Leishmaniose visceral: recomendações clínicas para redução da letalidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 78 p. BERN, Caryn. Leishmaniose visceral: manifestações clínicas e diagnósticos. UpToDate. BERN, Caryn. Leishmaniose visceral: epidemiologia e controle. UpToDate. Referências Tuberculose Tuberculose Uma das doenças infecciosas mais prevalentes no ser humano Principal causa infecciosa de morte em adultos em todo o mundo Aproximadamente 1/3 da população mundial encontra-se infectada Distribuição de casos concentra-se em grupos sociais desfavorecidos -> pessoasem situação de pobreza e fome, pessoas privadas de liberdade, minorias étnicas (como os indígenas no Brasil) e aquelas vivendo com HIV/aids Expressiva mortalidade Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela OMS para o controle da doença no mundo Principal agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch) Conceito e epidemiologia Tuberculose Bactéria aeróbia estrita -> metabolismo acentuadamente dependente de oxigênio, mas, sob condições adversas, consegue sobreviver mantendo-se viável por longos períodos (anos) Parasitismo intracelular Taxa de crescimento lenta Parede celular rica em lipídios (ácidos micólicos e arabinogalactano) Características estrutural e tintorial de um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) Mycobacterium tuberculosis Tuberculose Transmissão por meio de gotículas > 10 µm de diâmetro, dessecadas na atmosfera “Bacilífero” -> pessoas com TB pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia positiva no escarro Pessoa com baciloscopia positiva infecta de 10 a 15 pessoas em média, em uma comunidade, durante um ano Aqueles com BAAR positivo no escarro são os que mais transmitem a doença Aqueles com baciloscopia de escarro negativa, mesmo com TRM-TB ou cultura positivos no escarro, têm infectividade menor Pessoas com cultura de escarro negativa e as com TB extrapulmonar exclusivamente são desprovidas de infectividade Pacientes com TB pulmonar e infecção pelo HIV, na dependência de maior comprometimento da imunidade, podem ter menos frequentemente acometimento pulmonar e apresentação cavitária da doença e, assim, também menor infectividade O risco de transmissão da TB perdura enquanto o paciente eliminar bacilos no escarro Com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias, ela encontra-se muito reduzida Ambientes ventilados e com luz natural direta diminuem o risco de transmissão Transmissão Tuberculose Infecção primária: ocorre geralmente em crianças Gotículas contaminadas são aspiradas e chegam aos alvéolos pulmonares Bacilos são englobados pelos macrófagos alveolares Macrófagos produzem citocinas e quimiocinas -> atração de outras células fagocitárias Bacilos usam o interior dessas células para se multiplicar, destruindo-as, ficando liberados para posteriores tentativas de fagocitose por outros macrófagos -> formação de estruturas nodulares granulomatosas (tubérculos) Formação do cancro de inoculação (foco de Ghon) -> lesão em região cortical do pulmão Bacilos chegam aos gânglios mediastinopulmonares e formam o complexo primário (complexo de Ranke) -> visíveis à radiografia (adenopatias) 1. 2. 3. 4. 5. 6. Fisiopatogenia Tuberculose 7. Bacilos alcançam os vasos linfáticos maiores 8. Bacilos alcançam a circulação sanguínea 9. Bacilos alcançam órgãos diversos 10. Regressão 2 a 10 semanas após (resposta imune mediada por células) ou progressão da doença com destruição progressiva do pulmão e disseminação hematogênica OBS 1: Grande parte da patologia da tuberculose resulta da resposta imune pró-inflamatória de um hospedeiro infectado ao bacilo da tuberculose OBS 2: A doença disseminada com lesões semelhantes a sementes de milheto tem sido denominada TB miliar OBS 3: A doença crônica é caracterizada por episódios repetidos de cicatrização por alterações fibróticas ao redor das lesões e ruptura do tecido -> a erradicação espontânea completa do bacilo é rara Fisiopatogenia Tuberculose Infecção secundária: ocorre geralmente em adultos Bacilos que causaram a infecção primária e persistiram nos tecidos (patogenia endógena) ou nova inalação de bacilos (patogenia exógena) Reativação do bacilo em um órgão onde ele se instalou na infecção primária e evolução a partir daí (patogenia endógena) ou início e progressão da doença a partir dos pulmões (patogenia exógena) Lesões pulmonares (exudativas) predominantes nos quadrantes posteriores- superiores do pulmão -> maior teor de oxigênio Evolução das lesões exudativas -> necrose e cavernas com grande número de bacilos ou tuberculomas (lesão encapsulada pobre em bacilos) 1. 2. 3. 4. OBS: A imunossupressão está claramente associada à reativação da TB Fisiopatogenia Tuberculose Sintomas clássicos: TB pulmonar primária em crianças: - Tosse persistente seca ou produtiva - Febre vespertina - Sudorese noturna - Emagrecimento - Irritabilidade - Febre baixa - Sudorese noturna - Inapetência - Tosse (nem sempre está presente) Quadro clínico Tuberculose TB pulmonar secundária: TB miliar: - Tosse seca ou produtiva (expectoração purulenta ou mucoide com ou sem sangue) - Febre vespertina até 38,5°, sem calafrios - Sudorese noturna - Anorexia - Fácies de doença crônica e emagrecimento - Diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo normalidade da ausculta pulmonar - Aspecto radiológico pulmonar específico - Forma aguda ou subaguda - Febre -Astenia - Emagrecimento - Tosse - Exame físico: hepatomegalia, alterações do SNC, alterações cutâneas do tipo eritemato-máculo-pápulo-vesiculosas Quadro clínico Tuberculose TB extrapulmonar: depende do órgão ou sistema acometido -TB pleural: torácica do tipo pleurítica, astenia, emagrecimento e anorexia , febre, tosse seca, dispineia em pacientes com mais tempo de evolução - Empiema pleural tuberculoso: decorre da ruptura de uma cavidade tuberculosa para o espaço pleural -> líquido no espaço pleural e pneumotórax secundário - TB ganglionar periférica: aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior, além da supraclavicular - TB meningoencefálica: meningite basal exsudativa é a apresentação clínica mais comum e é mais frequente em crianças abaixo dos seis anos de idade - TB pericárdica: dor torácica, tosse seca e dispneia - TB óssea; dor lombar, dor à palpação local e sudorese noturna Quadro clínico Tuberculose Fase inicial da infecção: não há evidência clínica ou imunológica de anormalidade (ausência de sintomas, reação tuberculínica negativa) As complicações mais importantes da tuberculose primária (pneumonia, derrame pleural, disseminação hemática, meningite) costumam ocorrer dentro do primeiro ano de sua evolução A ativação do mecanismo, desde o aporte alveolar dos bacilos, progride pelo tempo de 3-8 semanas, após o que aparecem os sintomas, geralmente sistêmicos, incluindo febre, e o indivíduo passa a manifestar reatividade à tuberculina (viragem tuberculínica) - Se tal fase for olhada sob a óptica do sangue -> bacilemia assintomática - Se vista pelo lado dos tecidos, onde os bacilos acabam sendo retidos no sistema macrofágico- monocítico -> semeadura precoce - Daí para frente, a reação tuberculínica será positiva enquanto houver bacilos vivos, viáveis, nos tecidos do hospedeiro Quadro clínico Tuberculose Diagnóstico diferencial da TB pulmonar: silicose, infecções fúngicas, neoplasias, infecções bacterianas, outras micobacterioses, doenças autoimunes, embolia pulmonar, entre outras Diagnóstico diferencial da TB pleural: linfomas Diagnóstico diferencial da TB ganglionar: doenças linfoproliferativas, outras micobactérias, infecções bacterianas, infecções fúngicas, toxoplasmose e sarcoidose Diagnóstico diferencial da TB meningoencefálica: outras infecções bacterianas, fúngicas ou virais do SNC, neoplasias, sarcoidose, LES Diagnóstico diferencial da TB osteoarticular: artrite séptica ou osteomielite causadas por outros patógenos, criptococose, histoplasmose e etiologias não infecciosas como osteossarcoma, mieloma múltiplo, linfoma não Hodkin, histiocitose X, Doença de Paget e outras neoplasias ósseas Diagnóstico Tuberculose Diagnóstico bacteriológico: deve ser realizado em sintomático respiratório (pessoa que, durante a estratégia programática de busca ativa, apresenta tosse por 3 semanas ou mais) Baciloscopia direta: - Pesquisa do BAAR -> método de Ziehl-Nielsen - Baciloscopia do escarro - Baixa sensibilidade em crianças - Diagnóstico, acompanhamento e controle da cura - 2 amostrasem dias seguidos - Indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as duas amostras de diagnóstico com resultado negativo -> amostras adicionais - Baciloscopia positiva e quadro clínico compatível com TB fecham o diagnóstico e autorizam o início de tratamento da TB - Diagnóstico de certeza bacteriológica só é obtido com a cultura (que é o padrão ouro) e/ou testes moleculares Diagnóstico Tuberculose Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB): - Indicado, prioritariamente, para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes - Resultado em 2 h - 1 amostra de escarro - Sensibilidade superior à baciloscopia em adultos - Detecta a resistência à rifampicina - Como também pode detectar bacilos mortos ou inviáveis, o TRM-TB não deve ser utilizado para diagnóstico nos casos de retratamento Diagnóstico Tuberculose Cultura para micobacteria, identificação e teste de sensibilidade: - Elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB - Semeadura da amostra em meios de cultura sólidos e líquidos - Meio sólido: 14-30dias - Meio líquido: 5-12 dias - Teste de sensibilidade testa sensibilidade à: estreptomicina, isoniazida, rifampicina, etambutol e pirazinamida - O resultado da cultura confirma o diagnóstico de micobacteriose, sendo necessária a identificação de espécie para caracterizar se é um caso de TB ou outra micobactéria Diagnóstico Tuberculose Diagnóstico por imagem: Radiografia de tórax: - Método de escolha para avaliação inicial e acompanhamento - Solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar - Padrões radiológicos sugestivos de atividade de doença: cavidades, nódulos, consolidações, massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento de mediastino Tomografia computadorizada: - Mais sensível para demonstrar alterações anatômicas dos órgãos ou tecidos comprometidos - Indicada na suspeita de TB pulmonar quando a radiografia inicial é normal Diagnóstico Tuberculose Prova tuberculínica: - Utilizada para diagnóstico de infecção latente da tuberculose (ILTB) - Pode auxiliar o diagnóstico de tuberculose ativa em crianças - Inoculação intradérmica de um derivado protéico purificado do M. tuberculosis para medir a resposta imune celular a esses antígenos - Não há evidências para utilização de PT como método auxiliar no diagnóstico de TB pulmonar ou extrapulmonar no adulto - PT positiva não confirma o diagnóstico de TB ativa, assim como uma PT negativa não o exclui - Leitura deve ser realizada 48 a 72 horas após a aplicação Diagnóstico Tuberculose Diagnóstico Tuberculose Diagnóstico Tuberculose Em caso do paciente ter outras doenças -> fazer os tratamentos corretamente Manter a moradia e os ambientes de convívio bem ventilados e com entrada de luz solar Procurar a unidade de saúde ao apresentar tosse por três semanas ou mais, ou qualquer um dos sintomas da tuberculose Protejer quem está perto consentindo na busca de contatos Ter uma vida saudável -> se alimentar bem, praticar atividades físicas e consultar regularmente a unidade de saúde para os exames preventivos Prevenção Tuberculose Vacina BCG é indicada para crianças até cinco anos -> previne as formas mais graves da doença (tuberculose miliar e meníngea) Não protege contra a tuberculose pulmonar -> forma mais comum e transmissível da doença A prova tuberculínica (PT) pode ser considerada reatora quando superior ou igual a 5 mm em crianças não vacinadas com BCG, ou vacinadas há mais de 2 anos Em crianças vacinadas há menos de 2 anos, PT igual ou superior a 10 mm é considera sugestivo de infecção A PT pode ser considerada reatora quando superior ou igual a 10mm em crianças vacinadas com BCG em qualquer época Vacina BCG Tuberculose Disponibilizado exclusivamente pelo SUS Esquema composto por quatro medicamentos -> rifampicina(R), pirazinamida (Z), isoniazida (H) e etambutol (E) Período mínimo de seis meses, de uso diário e, de preferência, sob observação direta de um profissional da equipe de saúde -> tratamento diretamente observado (TDO) Os medicamentos devem ser tomados em uma única dose (matinal em jejum ou duas horas após o café da manhã), sendo prescritos de acordo com o peso da pessoa em tratamento As reações adversas envolvem desde problemas gastrointestinais leves até hepatite grave -> considerar o uso de medicação sintomática e avaliar a função hepática Necessário coletar mensalmente o exame de escarro -> avaliar o sucesso ou a falência do tratamento Ao abandonar o tratamento, a pessoa corre o risco de não se curar, desenvolver bactérias resistentes e até vir a morrer em decorrência da doença Acompanhamento mensal da pessoa com tuberculose por uma equipe multiprofissional, até o final do tratamento Tratamento Tuberculose Os medicamentos antiTB, em geral, interferem no sistema enzimático do bacilo ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial para o seu crescimento Os fármacos só atuam quando há atividade metabólica -> bacilos em estado de latência não são atingidos pelos medicamentos, mas são destruídos pelo sistema imunológico Tratamento Tuberculose Tratamento Tuberculose Esquema básico: - Apresentação farmacológica para adultos e adolescentes -> comprimidos em doses fixas combinadas com a apresentação tipo 4 em 1 (RHZE) ou 2 em 1 (RH) - Apresentação farmacológica para crianças (< 10 anos) -> apresentações farmacológicas individualizadas (comprimidos e/ou suspensão) Fase intensiva -> reduz rapidamente a população bacilar e a elimina os bacilos com resistência natural a algum medicamento (diminuição da contagiosidade) - 2 meses RHZE (adultos e adolescentes) ou 2 meses RHZ (crianças < 10 anos) Fase de manutenção -> elimina os bacilos latentes ou persistentes e a reduz a possibilidade de recidiva da doença - 4 meses RH (adultos e adolescentes e crianças < 10 anos) Tratamento Tuberculose Tratamento Tuberculose Tratamento Tuberculose Esquema em caso de coinfecção com HIV/Aids: - O tratamento da TB em PVHIV tem a duração de seis meses, independentemente da fase de evolução da infecção viral - PVHIV apresentam maior ocorrência de falha terapêutica, recidiva e de resistência aos fármaco - Reações adversas aos medicamentos antiTB são mais frequentes entre PVHIV - Interações medicamentosas entre os fármacos antiTB, antirretrovirais e outras medicações para infecções oportunistas são frequentes e devem ser prevenidas ou monitoradas - Frente ao diagnóstico de TB ativa em PVHIV, há necessidade do imediato início do tratamento para tuberculose, e todas as PVHIV com TB ativa devem receber TARV, oportunamente, independentemente da contagem de LT-CD4+ Tratamento Tuberculose - Devem ser utilizados os esquemas padronizados para o tratamento da TB na população em geral - A rifabutina está recomendada em substituição à rifampicina, nos esquemas terapêuticos de TB, quando for necessário associar ou manter o inibidor de protease (IP/r) ou dolutegravir no esquema antirretroviral - Tratamento para tuberculose deverá ser instituído imediatamente e os antirretrovirais devem ser introduzidos de acordo com o grau de imunossupressão avaliado através da contagem de LT-CD4+ - Pacientes virgens de tratamento antirretroviral, com contagem de LT-CD4+ < 50 céls/ mm³ -> início do TARV em até duas semanas após o início de tratamento da TB - Pacientes com CD4 ≥ 50 céls/mm³ -> início do TARV deve ocorrer no início da fase de manutenção do tratamento da TB (8ª semana) - Pacientes coinfectados já em uso de ARV com diagnóstico de TB devem ser tratados imediatamente para TB -> observar as possíveis interações medicamentosas e a necessidade de ajustes referentes aos ARVs Tratamento Tuberculose Tratamento Tuberculose Tratamento Tuberculose BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 364 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva.Recomendações para o manejo da coinfecção TB-HIV em serviços de atenção especializada a pessoas vivendo com HIV/AIDS. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. MOREIRA, José S. et al. Micobacterioses. In: SILVA, Luiz Carlos C. Pneumologia: princípios e prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. p. 314-326. RILEY, Lee W. Tuberculose: história natural, microbiologia e patogênese. UpToDate. Referências H1N1 H1N1 Influenzavírus pertence à família Ortomyxoviridae Vírus envelopado de RNA com 8 segmentos Grupos A, B, C e D Grupo A é o mais variável e mais frequentemente relacionado com infecções respiratórias em seres humanos Variabilidade antigênica e produção de novas cepas-> decorrente das proteínas hemaglutinina (H) e neuraminidase (N) Hospedeiros -> aves silvestres e domésticas, suínos, cavalos, felinos, seres humanos e cães - 16 subtipos de H - 9 subtipos de N Influenzavírus H1N1 Variação das cepas de influenzavírus A que infectam seres humanos (normalmente restritas aos subtipos H1, H2, H3, N1 e N2) se dá de forma anual Pandemias por influenzavírus A são graves -> programas internacionais de vigilância da gripe monitoram e prevenim surtos de influenza em dimensões globais Surtos de gripe ocorrem todos os anos -> vírus do grupo A Já foi relatada a cocirculação do grupo B em surtos de influenza Grandes pandemias se desenvolvem em intervalos de, aproximadamente, 30 anos -> infecção zoonótica de seres humanos por um vírus de origem aviária Grandes pandemias do séc XX e XXI: - Gripe espanhola -> 1918/19 - Gripe asiática -> 1957 - Gripe de Hong Kong -> 1968 - Pandemia de influenza A (H1N1) -> 2009/2010 Epidemiologia H1N1 Vírus da influenza penetra no organismo através das mucosas do trato respiratório ou dos olhos Dissemina-se para a corrente sanguínea atacando as células Enzimas hemaglutinina e neuroaminidase reconhecem resíduos de ácidos siálicos nas glicoproteínas presentes na membrana das células do hospedeiro -> indução da fusão destas e incorporação do envelope viral Novas moléculas de proteínas e RNA virais começam a ser produzidas com o auxílio da maquinaria celular Formação de novos vírus Infecção de células subsequentes 1. 2. 3. 4. 5. 6. Fisiopatogenia H1N1 Fisiopatogenia H1N1 Período de incubação de 4 a 5 dias Sintomas gerais: caso não ocorram complicações, a doença termina em até 10 dias após o início dos sinais clínicos - Mialgias - Mal-estar generalizado - Cefaleia - Calafrio - Anorexia - Tosse seca - Febre -> pode se estender por até uma semana OBS: em crianças pequenas, a doença é indistinguível de outros quadros de infecção do trato respiratório inferior Quadro clínico H1N1 Deve-se considerar diagnóstico de influenza em imunocompetentes e pessoas imunocomprometidas em qualquer época do ano Diagnóstico diferencial: rinovírus, vírus parainfluenza, vírus respiratório sincicial, adenovírus e coronavírus Testes laboratoriais: Exames de confirmação - Teste de reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) -> coleta de amostras do trato respiratório nos primeiros cinco dias do início da doença (padrão-ouro) - Cultura viral Exame de triagem - Testes de imunofluorescência direta e indireta Diagnóstico H1N1 Infecção autolimitada em indivíduos saudáveis Tratamento apenas sintomático Repouso Hidratação Antitérmicos Contraindicação ao uso de AAS em menores de 20 anos -> Síndrome de Reye Uso de antivirais em pacientes de alto risco (iniciar até 48h após aparecimento dos sintomas) -> pacientes ambulatoriais com alto risco de complicações, pacientes hospitalizados - Oseltamivir, zanamivir e peramivir -> inibidores de neuraminidase - Baloxavir -> novo inibidor da endonuclease - Esquema preferencial: Fosfato de Oseltamivir 75 mg, VO, de 12 em 12h, por 5 dias, independente da situação vacinal com benefícios mesmo se iniciado depois de 48 horas de sintomas Tratamento H1N1 Recomendas-se a vacinação anual para todos ≥ 6 meses de idade que não têm contraindicação Vacina de influenza é aplicada anualmente para manter títulos de anticorpos e permitir modificação da vacina, para compensar a variação antigênica Vacina é mais bem administrada no outono, de forma que títulos de anticorpos permaneçam altos durante o inverno, a estação de influenza (nos EUA, entre novembro e março) Tratamento H1N1 TEIXEIRA, PAULO J. Z.; SPILKI, Fernando R.; MARTINS, Fernanda W. Viroses respiratórias. In: SILVA, Luiz Carlos C. Pneumologia: princípios e prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. p. 281-289. Referências COVID-19 COVID-19 Família Coronaviridae -> subfamília Orthocoronavirinae e gêneros alfacoronavírus, betacoronavírus, gamacoronavírus e deltacoronavírus Vírus de RNA de fita simples de sentido positivo envelopados Infecção de humanos, outros mamíferos (gado, animais de companhia), aves SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-CoV2 -> altamente patogênicos SARS-CoV-2: tropismo por tecidos que expressam enzima conversora de angiotensina 2 (ACE-2) -> células epiteliais brônquicas, pneumócitos, células do trato respiratório superior Composição do vírion: proteínas estrutural spike (S), envelope (E), membrana (M), nucleocapsídeo (N) Coronavírus COVID-19 Cepas de importância clínica: Alfa (B. 1. 1. 7) - Identificada pela primeira vez no Reino Unido no final de 2020 - Associada à uma maior gravidade de doença até então Beta (B.1..351) - Identificada e predominante na África do Sul no final de 2020 - Evasão imunológica Gama (P.1) - Identificada pela primeira vez no Japão em dezembro de 2020 e prevaleceu no Brasil - Aumento na transmissibilidade Coronavírus COVID-19 Delta (B.1.617.2) - Identificada pela primeira vez na Índia em dezembro de 2020 e desde então tem sido a variante mais prevalente em todo o mundo até o surgimento da variante Omicron - Mais transmissível e maior gravidade de doença e hospitalização em comparação com cepa alfa Omicron (BA.1 e BA.2) - Relatada pela primeira vez em Botswana e África do Sul em 2021 - Maior poder de replicação, transmissibilidade e capacidade de evasão da resposta imune e menor gravidade da doença do que variantes alfa, beta e delta Coronavírus COVID-19 Casos relatados em todos os continentes desde o final de 2019 Mais de 500 milhões de casos confirmados de COVID-19 foram relatados Estima-se que aproximadamente um terço do total de casos tenha ocorrido no sul da Ásia (incluindo a Índia) Minorias raciais ou étnicas podem ter um risco maior de doença grave, incluindo altas taxas de hospitalização, internação em UTI e mortalidade Epidemiologia COVID-19 SARS-CoV2 adentra no corpo através do trato respiratório através dos cílios apicais Vírus faz ligação com o receptor ACE2 presente nos pulmões Vírus se replica no epitélio da mucosa do trato respiratório e nas células epiteliais alveolares Danificação do epitélio da mucosa brônquica e das células epiteliais alveolares Vírus infecta células do sistema imune, como macrófagos, monócitos, células dendríticas e linfócitos, de forma que elas liberem citocinas inflamatórias excessivamente -> tempestade de citocinas Respostas imunológicas do hospedeiro contra o SARS-CoV2 podem também contribuir consideravelmente para a patogênese do Covid-19 -> dano alveolar difuso bilateral com infiltrados exsudativos compostos por células T CD4, Linfócitos T CD8 e macrófagos COVID-19 também pode resultar em diversas complicações extrapulmonares -> receptores ACE2 estão presentes em células do coração, SNC, rins, pâncreas, músculos e sistema vascular Lesão endotelial e produção exacerbada e desregulada de citocinas são os possíveis mecanismos associados aos casos de -> coagulopatias em pacientes infectados 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Fisiopatogenia COVID-19 Fisiopatogenia COVID-19 Fisiopatogenia COVID-19 Quadro clínico inicial da doença é caracterizado como Síndrome Gripal (SG) Sintomas comuns: Pacientes gravemente doentes: - Faringite - Rinorreia - Sintomas semelhantes aos da gripe: tosse, febre, calafrios, cefaleia, mialgias - Sintomas gastrointestinais: náuseas,vômitos, diarreia - Perda de olfato (anosmia) e paladar (disgeusia) - Febre (tende a aumentar e diminuir frequentemente) - Tosse - Dispineia - Insuficiência respiratória hipoxêmica aguda profunda da SDRA -> necessidade de respiração mecânica - Complicações: desidratação e hipovolemia, delírio, acidente vascular cerebral, tromboembolismo venoso, arritmia, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, baixo débito urinário por insuficiência renal aguda, sepse, choque, falência de múltiplos órgãos, infecções secundárias, pneumotórax, barotrauma - Resposta inflamatória exuberante Quadro clínico COVID-19 Diagnóstico pode ser feito por investigação clínico-epidemiológica, anamnese e exame físico adequado do paciente, caso este apresente sinais e sintomas característicos da covid-19 Deve-se considerar o histórico de contato próximo ou domiciliar nos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais e sintomas com pessoas já confirmadas para covid-19 Diagnóstico laboratorial: - Pode ser realizado tanto por testes de biologia molecular, sorologia ou testes rápidos Biologia molecular -> reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR) - Testes de amplificação de ácido nucleico (NAATs) - Detecção direta do RNA do SARS-CoV-2 - Possibilidadde de resultados falso-negativos -> um único teste negativo não exclui infecção por SARS-CoV-2 Diagnóstico COVID-19 Testes rápidos -> de antígeno e de anticorpo - Metodologia de imunocromatografia - De antígeno: detecta proteína do vírus em amostras coletadas de naso/orofaringe, devendo ser realizado na infecção ativa (fase aguda) - De anticorpos: detecta IgM e IgG (fase convalescente), em amostras de sangue total, soro ou plasma - Possibilidade de resultados falso-negativos -> um teste de antígeno negativo não descarta a infecção por SARS-CoV-2 Sorologia -> Imunoenzimático (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay – Elisa), Imunoensaio por Quimioluminescência (Clia) e Imunoensaio por Eletroquimioluminescência (Eclia) - Detecta anticorpos IgM, IgA e/ou IgG produzidos pela resposta imunológica do indivíduo em relação ao vírus SARS-CoV-2 - Pode diagnosticar doença ativa ou pregressa Diagnóstico COVID-19 Diagnóstico por imagem: tomografia computadorizada de alta resolução - Opacidade em vidro fosco periférico, bilateral, com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”) - Opacidade em vidro fosco multifocal de morfologia arredondada com ou sem consolidação ou linhas intralobulares visíveis (“pavimentação”) - Sinal de halo reverso ou outros achados de pneumonia em organização (observados posteriormente na doença) Diagnóstico COVID-19 Pacientes sem comorbidades e com suspeita de COVID-19: Coletar PCR COVID -> se PCR ainda não coletado ou PCR prévio negativo Considerar diagnósticos diferenciais e sua sazonalidade (pesquisa de influenza e oseltamivir conforme protodocolo institucional de Sd Gripal, dengue, amigdalite estreptocócica etc.) Não usar corticosteroides exceteo se indicação clínica (crise asmática) Atestado médico de 7 dias do início de sintomas, com reavaliação posterior Orientações quanto ao isolamento domiciliar e sinais de alerta -> falta de ar aos esforços, febre persistentes, saturação < 94%, dificuldade para respirar, piora quadro geral Indicar seguimento ambulatorial 1. 2. 3. 4. 5. 6. Manejo COVID-19 Critérios de internação hospitalar: - Saturação ≤ 92% - FR ≥24 ipm - Dispneia - Obesidade, diabetes, ICC, HAS, doença pulmonar, gestação, idade ≥ 75 anos - Imunodepressão - Deterioração clínica - Instabilidade hemodinâmica - Hipotensão (PA sistólica <90 mmHg e diastólica <60 mmHg) - TC de tórax ≥ 50% de comprometimento - Disfunção orgânica - Evidência de sepse Manejo COVID-19 ANESI, George. A. COVID-19: Epidemiologia, características clínicas e prognóstico do adulto gravemente doente. UpToDate. CALIENDO, Angela. M.; HANSON, Kimberly E. COVID-19: diagnóstico. UpToDate. COHEN, Pieter; GEBO, Kelly. COVID-19: Avaliação ambulatorial e manejo da doença aguda em adultos. UpToDate. MCINTOSH, Kenneth. COVID-19: características clínicas. UpToDate. MCINTOSH, Kenneth. COVID-19: Epidemiologia, virologia e prevenção. UpToDate. SILVA, C. C. et al. Covid-19: aspectos da origem, fisiopatologia, imunologia e tratamento: uma revisão narrativa. REAS, v. 13, n. 3, p. 1-8, 2021. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/6542. Referências
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