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Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB O que é AIDS? - Causa imunossupressão em indivíduos hígidos, destruindo sistema imunológico. - Doença causada pelo retrovírus HIV1 ou HIV2 que leva a depleção linfocitária, principalmente de células TCD4 (receptor por onde o vírus penetra na célula), com consequente imunodeficência celular, permitindo a reativação de infecções, manifestações multissistêmicas, e o desenvolvimento de neoplasias malignas. • No Brasil predomina o HIV1 e na África e outros países predomina o HIV2. • Como nosso organismo alberga uma quantidade enorme de MO que ficam latentes, no indivíduo imunossuprimidos são reativadas. - Doença inflamatória que acelera os processos degenerativos do organismo culminando em envelhecimento precoce. • Envelhecimento celular precoce. - Qual a diferença entre soropositivaidade do HIV/ HIV2 e AIDS? • O indivíduo portador do HIV está infectado e sem doença, quando ele evolui para doença, ela tem AIDS. • Leva de 3 a 10 anos (se não tomar nenhum remédio) para evoluir para AIDS. • A s m e d i c a ç õ e s d i s p o n í v e i s h o j e conseguem manter 90% dos indivíduos infectados com uma boa qualidade de vida. • 10% acaba evoluindo para AIDS. - HIV/ AIDS tem cura? • De um modo geral, não tem cura. • 3 casos na literatura relatados em indivíduos que fizeram transplante de medula e curaram. • Esses vírus se escondem no organismo em várias células que não sabemos exatamente quais são, mas ainda não se descobriu exatamente onde eles se replicam (objetivo dele quem busca a cura do HIV). Histórico: - Quando e onde começou a epidemia? • Começou em 1980, nos EUA (Califórnia e NY). Há evidências de que desde 1960 já tinham casos isolados mais raros de AIDS que passavam desapercebidos. • Percepção da presença de um CA de pele (sarcoma de Kaposi) causado pelo HSV-8. Esse câncer ocorria em indivíduo imunocompetentes em populações tribais da África, que não era invasivo e não causava metástase. Começaram a ocorrer alguns casos nos EUA em homossexuais, que evoluíram rapidamente para morte ( e r a m i n d i v í d u o s q u e e s t a v a m imunossuprimidos). Foi passado para mulheres pelos bissexuais e das mulheres p a s s a m p a r a s e u s fi l h o s ( v i a transplacentária). Também se descobriu a transmissão pelo sangue (transfusões). • Rapidamente atingiu todos os países do mundo. - Quando o agente etiológico foi descoberto? • Em 1983, até então não se sabia o agente. - Quando surgiram os primeiros testes diagnósticos? • Em 1983, rapidamente se desenvolveram testes para detecção do vírus. Em 1984 já existia testes no mundo todo. - Quando surgiram as primeiras drogas antirretrovirais? • Em 1986. Antes disso já existia o AZT, que aumentava a quantidade de linfócitos 13 HIV/ AIDS p!e 1 Dr. Focaccia - DATA: 11/04 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB TCD4, mas rapidamente morriam os pacientes. • O coquetel (3 drogas) começou em 1996. Qual a origem do vírus? - Existem várias teorias, mas a mais aceita é a de que ele teria vindo do macaco (teoria siamesca) • Macaco africano teria a imunologia muito semelhante a dos humanos. • A intimidade entre o macaco e o homem provavelmente é responsável pela adaptação do vírus que estava no macaco ao ser humano. - Teoria siasmesca: o vírus teria vindo do macaco e se adaptado ao homem. • HIV1 = chimpanzé. • HIV2 = mangabey. Pandemia multifacetada: repercussões - Discriminação a gays (associação do AIDS ao homossexualismo). - Revolução social no mundo. - Discriminação social ao paciente com AIDS (indivíduo com erro moral = gay). - Posicionamento da Igreja e das Forças Armadas de forma violenta. - Exames admissionais a empregos (provar que não tinha HIV). - Perda de emprego. - Perda de suporte familiar e nas relações amorosas. - Piora da aparência física (envelhecimento precoce, perda de cabelo…). - Isolamento social. ‣ Lado positivo: ganhos na assistência à saúde. - Ganhos científicos: • Técnicas moleculares. • Mudanças na hemoterapia (HIV alertou as transfusões de sangue = sangue pode transmitir doenças). • Muitos avanços virulógicos. • Maior controle no uso de agulhas e procedimentos invasivos (em países desenvolvidos). - Na política: • Ganhos na política de direitos humanos. • Reformulação dos posicionamentos das igrejas. • G a n h o s i n d i v i d u a i s e d e g r u p o s “defensores das minorias”. - A epidemia de hIV foi uma revolução na história da humanidade. Mudanças epidemiológicas - Heterosexualização (até 1990). - Feminilização (H:M 25:1 —> 7:1). • Houve uma universalidade da infecção. - Interiorização (a rota do tráfego passou a ser a rota do HIV). - Redução das infecções perinatais (pela assistência pré natal) - passou a se identificar a gestantes infectadas no pré natal. • Se reduziu quase a zero a transmissão vertical. - Redução no nível sócio econômico. - Queda acentuada da letalidade geral (medicado novas cada vez melhores e mais potentes). - Aumento de casos de co infecção com HBV/ HCV (pois as vias de contágio são as mesmas). - Elevação da faixa etária. - Aumento entre jovens adolescentes que fazem sexo casual e homossexuais desprevenidos (atualmente). Mudanças clínicas epidemia HIV: - Notável aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos indivíduos soropositivos que não evoluem para AIDS. - Ainda alto percentual de não aderentes ao tratamento (esse são os 10% que evoluem 14 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB para AIDS) ou a medicação se tornou resistente ao indivíduo. - Aumento da letalidade dos co infectados HBV/ HCV. - Redução significativa do Sarcoma de Kaposi (HSV 8). Hoje praticamente restrita a indivíduos que fazem sexo anal. - Redução da infecção perinatal. - Redução significativa das infecções secundárias e internações. Vírus HIV: - Se liga aos receptores para adentrar na célula. - Dupla membrana lipídica. - Utilizam algumas enzimas para se replicar ( t ranscr iptase reversa , protease e integrase). • As medicações, a maioria, inibem esses enzimas. - Os receptores mais importantes são aqueles que tem a proteínas CD4 (no linfócito T). Outros: CCR5, CXCR4 que o vírus pode se acoplar e entrar na célula. • Hoje existe uma medicação que inibe a f u s ã o d o v í r u s c o m o r e c e p t o r (importante). - Existem alguns pontos proteícos, nas espículas (GP120),no envoltório, no capsídeo = se disponibilizam para identificação do vírus. • Teste de Wersten Blot = identifica. - Linfócito T é portador dos receptores. Transmissão do HIV: prova! - Transfusão de sangue e hemoderivados. • Hoje os bancos de sangue fazem uma t r iagem r igorosa de doadores , e atualmente na terapêutica se abandonou o uso indiscriminado de sangue, uso só em último caso. • O sangue pode ser transmitido no compartilhamento de mateais infectados (barbeiro, dentistas, manicures…) = não são adequadamente esterilizados. - Sexual (depende da carga viral). • Anal receptivo (~1 a 500 xs/ relação). • Anal insertivo (~1 a 500 xs/ relação). • Vaginal receptivo (~1 a 1.5 xs/ relação). • Vaginal insertivo (~1 a 2 xs/ relação). • Oral (depende de lesões bucais) - risco não estimado. - Uso de agulhas contaminadas (0,36%/ acidente). • Tem como fazer profilaxia com o coquetel por 28 dias, logo aos primeiras horas. - Transmissão vertical (20 a 30%). - Leite materno (depende da carga viral e da presença de lesões no mamilo). - Transplante de órgãos ou células. Dimensões da epidemia: - No mundo estima-se 38 a 41 milhões de pessoas (existem países que nem notificam). - 1,8 milhões de novos casos infectados/ ano. - Cerca de 1 milhão de óbito/ ano. • 4ª causa de mortalidade no mundo. - Brasil de 1980 a 2021: 1 milhão de casos com quase 300 mil mortes.- Baixada Santista entre 1980 e 2021: 18 mil casos. - No Brasil está havendo uma leva queda no nº de casos devido aos programas de controle. - Q u e m é a t i n g i d o m a i s n o B ra s i l ? Homossexuais, bissexuais, heterossexuai, 15 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB usado de drogas ilícitas, hemofílicos, por transfusão de sangue, por acidente com material biológico, transmissão vertical. HIV/ AIDS em Santos: - Já teve o 1º lugar no ranking no Brasil na década de 80 (auge do comércio do exportação do café): o porto era repleto de pessoas que faziam sexo e usavam drogas = incidência de maior nº de casos de AIDS no mundo. - Tudo isso caiu pelo ciclo econômico. - Em 2018, Santos já estava em 103º lugar e transmissão vertical zero. - Programas de controle: ativo e efetivo. • Maior detecção de soroposi t ivos , participação ativa de ONGs. • Distribuição de preservativos e drogas pré e pós exposição. • Controle neonatal. • Orientação nas escolas sobre atos sexuais seguros. • Controle na aderência ao tratamento. • Combate sistemático ao tráfico de drogas ilícitas. Curso clínico da infecção pelo HIV: - Existem 3 t ipos de indivíduos: sem medicação (história natural de infecção). I. Progressores típicos (80 a 90%): fase aguda seguida de latência clínica de 7 a 10 anos (oligo ou assintomáticos). II. Progressores rápidos: fase aguda seguida de latência clínica de 3 a 5 anos (oligo ou assintomáticos). São usuários de drogas, que não toma remédio, propensão genética. III. Fraco progressores: fase aguda e latência clínica por décadas. - Latência clínica: infecção onde o vírus se replica lentamente e não causa doença. Progressão da infecção pelo HIV: - Carga viral e o CD4 são os fatores pelo quais controlamos a doença. - Como se comporta sem medicação. - A carga viral sobe bastante, caí depois e fica em níveis imperceptíveis (latência clínica). Após 7 a 10 anos, ela começa a se elevar e aparece sintomas condicionais e infecções oportunistas até o óbito. • Quando o indivíduo tem maior carga viral? Inicio e final da infecção. • Transmite mais no começo da infecção e na fase de doença. • N a f a s e d e l a t ê n c i a c l í n i c a a transmissibilidade é muito pequena. - Contagem de CD4: o indivíduo normalmente tem > 1000 (5% da população é < 1000 geneticamente). • Ele começa a cair lentamente até zero. • O CD4 tem tendência a negativar. • O CD4 permite verificar como está o sistema imunológico do indivíduo. - Analogia: • Carga viral = velocidade do trem (rapidez da evolução para morte). • CD4 = distância até o obstáculo (o quanto o paciente está imunossuprimido). Quanto mais caí o CD4 maior o nº de infecções que atingem o indivíduo. - A partir que o cD4 cai, ele tem depleção do SI e vai aparecendo as doenças (infecções, neoplasia). 16 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Quando menor o CD4 maior a probabilidade da reativação de uma doença (não é primo infecção). História natural da infecção: 1. Período de incubação em média de 2 a 4 semanas (varia de 5 dias a 3 meses). 2. AIDS agudo: semelhante ao quadro da mononucleose infecciosa). 3. Latência clínica: 3 a 10 anos (maioria 7 a 10 anos) = não tem doença mas pode ter sintomas (pneumonia, sinusite, alergias, gânglios, mas nada importante…). 4. AIDS doença. 5. Síndrome de reconstituição imune após o início do tratamento. • Recuperação parcial do SI. • Inicialmente pode piorar o quadro, pois ao recuperar o SI, frente a qualquer infecção vai formar um processo inflamatório com sintomas e piora do quadro clínico. • Quando o indivíduo tem alguma doença e foi identificado como HIV, devemos tratar primeiro a doença antes de iniciar o ARV p a r a e v i t a r e s s e f e n ô m e n o d a reconstrução imune (esperar uns 2 meses para iniciar o coquetel). - Podemos interromper essa história natural com o coquetel (medicações antirretrovirais) - 90%. • 10% = resistência, não ardentes, RAM severos das medicações. Manifestação da doença: - Doença neurológica. - Infecções bacterianas. - Linfoma. - Trombocitopenia. - Sarcoma de Kaposi. - Pneumonia intersticial não específica (crianças). - Infecções oportunistas. - Qualquer manifestação clínicas é obrigatório pedir sorologia para HIV, pois ela é muito imprevisível (sorologia para: HIV/ HBV/ HCV). Apresentações clínicas mais frequentes: - Perda de peso: > 10% do peso corporal. - Diarreia crônica: sem etiologia, com duração de + de 1 mês. - Febre: intermitente ou constante, sem etiologia, por > 1 mês. - Candidíase: oral ou traqueopulmonar. - Candidíase vaginal recorrente. - Leucoplasia pilosa oral. - Herpes zoster. - Infecções recorrentes do trato respiratório (pneumonia, sinusite). - Criptococose extrapulmonar. - Critoporidíase com diarreia persistente por > 1 mês. - Doença por CMV. - Pneumonia por Pneumocystis carinii. - Reativação de doença de Chagas. - Sarcoma de Kaposi. - Toxoplasmose cerebral. - Tuberculose extrapulmonar. - H i s t o p l a s m o s e e x t r a p u l m o n a r o u disseminada. - Infecção pelo herpes vírus simples, por > 1 mês, ou visceral de qualquer duração. - Isosporíase com diarreia persistente, por > 1 mês. - Leucoencefalopatia multifocal progressiva. - Linfoma primário do cérebro. - Micobactéúia atípica disseminada. - Outros linfomas não Hodgkin. Comprometimento do SNC: - Toxoplasmose. - Criptococose. - Neurotuberculose. - LEMP. - CMV. 17 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Neurossífilis. - Herpes genital. Manifestações gastrintestinais: - Criptococose. - Candidíase. - Neoplasias. - Criptoporidíase. - Isosporíase. - Microporidíase. - Nonovírus, rotavírus CMV, herpes simples, papilomavírus. Outras manifestações: - Aterosclerose por mudança no padrão de lipoproteínas e alterações metabólicas da medicação. - Nefropatias (7 a 30%): dos casos por efeito direito do HIV e do tratamento. - Demência por ação direta do HIV. - Osteoporose. - Imunocenescênc ia (enve lhec imento precoce). - Lipodistrofia por ação do HIV e dos medicamentos ARV. Diagnóstico da infecção pelo HIV: - Teste rápido : a l ta sens ib i l idade e especificidade (útil em pronto socorro): p r o n t o e m 1 0 m i n u t o s , a v a n ç a a investigação. - Teste ELISA/ quimiluminescência: alta sensibilidade e especificidade. • Positiva em 15 a 30 dias. • Se negativo, repetir em 15 a 30 dias. • Se positivo, confirmar com teste Western Blot. - Teste Wersten Blot: baixa sensibilidade e alta especificidade. • Quando dá positivo, é positivo e fecha diagnóstico. - Pesquisa do RNA viral por testes moleculares (PCR/ NAT p/ banco de sangues): • Alta sensibilidade e especificidade. • Devido ao custo, reserva-se para fazer em RN, testes prévios indeterminados. • PCR positiva após 1 semana do início da infecção. • NAT positiva após 1 semana do início da infecção. - Te s t e s a v a l i a t ó r i o s d e p a c i e n t e s soropositivos ou com AIDS: - Contagem de CD4 e carga viral (6/ 6 meses é o ideal, o SUS para 1x/ ano) = controle do paciente. • Orienta controle e conduta do tratamento. • Se a carga viral vir a subir com o t r a t a m e n t o , p e d i m o s u m a g e n o t i p a g e m p a r a a v a l i a r sensibilidade/ resistência à drogas. - Paciente típico de AIDS: paciente com aspecto envelhecido, emagrecido, pele seca, sarcoma de Kaposi (mechas avermelhadas). • Sarcoma de Kaposi profundo é grave e pode atingir órgãos e sistemas. • Alopécia, queda de cabelo, cabelo branco. • Leucoplasia pilosa (causada pelo CMV): hipertrofia da face lateral da língua. • Os gânglios aparecem/ aumentam. • Candidíase oral, perianal, vaginal. • Condiloma culminado: causado pelo papiloma vírus (comum por sexo anal). • Lipoatrofiafacial. • Giba cervico-dorsal. Prevenção: - Cuidados com retirada de sangue, agulhas e materiais compartilhados. • Recolocar a capa da agulha é uma das principais causas de perfuração do dedo. 18 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Hipoclorito de sódio para áreas de superfície (não pode ser usado em mater ia is metálicos). - Cuidados pelos profissionais (máscara, luva, óculos, touca…). • Mucosa ocular absorve o vírus. - Prostituição. - AIDS não tem vacina, a melhor forma de prevenção é a camisinha. Inativação do HIV: - Glutaraldeído por 5 minutos (para instrumentrais). - Hipoclorito de sódio por 5 minutos (para superfícies e materiais não metálicos). - Álcool a 70% (para assepsia das mãos). - Calor a 56 graus por 30 minutos. Profilaxia pós exposição: - Sorologia no paciente/ parceiro e no acidentado. - Truvada (entracitabine 200mg + tenefovir 300mg) + atazanar 200mg 12/12h por 28 dias. • Antes de 28 dias não funciona. - Se todos forem negativos = suspender. Profilaxia pré exposição: - Truvada (entracitabine 200mg + tenefovir 300mg). • 1 comprimido por dia sem parar. • Inicia a prevenção após 7 dias de uso para relação anal e 20 dias de uso para relação vaginal. • Não protege contra IST, só contra HIV e não impede que tenha que fazer exames periódicos. - Indicações: homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, deixa de usar camisinha em relações sexuais, faz uso repetido de PEP, relações sexuais com HIV sem tratamento. - Epidemia de AIDS vem sendo substituída pela epidemia de crack. - 19 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB Conceitos: - Ter HIV e ter AIDS é diferente: • HIV: contato com o vírus. - Podemos dizer que o paciente HIV+ está doente, pois o vírus HIV gera inflamação s i s têmica ( como se o pac iente envelhecesse mais rápido). - O paciente com HIV + que não trata gera um estado inflamatório contínuo. Reflete em doença CV, r isco de neoplasia (intestino, pâncreas)… - Ele está sim doente, não pela queda de imunidade, mas por esse estado inflamatório contínuo. - E é por isso que não esperamos para tratar o paciente HIV +. • Antigamente a sobrevida de um paciente HIV + era 10 anos menos que a população geral, hoje é igual. • AIDS: tem HIV e que já evolui para imunidade debilitada e desenvolve infecções oportunistas. 3 fases clínicas: - História natural do paciente que não trata: 1. Fase aguda (primo infecção). 2. Assintomático. 3. Fase sintomática (AIDS). - Paciente quando se infecta, em um primeiro momento, tem um CD4 > 1000, ocorre um choque na imunidade, que de forma abrupta o CD4 caí, ao esmo tempo, mais ou menos 2 a 4 semanas da infecção há uma elevação. • Primo infecção: queda abrupta de CD4 e elevação de carga viral. • Muito vírus no sangue = sintoma (fase aguda do HIV). - +/- 3 a 6 semanas o paciente entra em fase de latência clínica (replica de forma mais devagar) = paciente não tem sintomas mas o vírus continua se replicando e o CD4 vai caindo lentamente. • Isso pode durar anos, até que chega um ponto que o CD4 está tão baixo que o p a c i e n t e d e s e n v o l v e i n f e c ç õ e s oportunistas (= AIDS). Fase aguda: - Fase aguda: principal sintoma é febre. • Febre sem foco aparente por > 3 dias (fazer teste HIV!!). - Período de incubação: 5 dias até 3 meses. QUADRO CLÍNICO: - Varia desde síndrome gripal até síndrome monolike. • Toxoplasmose, rubéola, CMV, hepres e HIV (monolikes) = todas clinicamente são iguais ao HIV agudo. • Febre, astenia, faringite, mialgia, artralgia, cefala, dor retrorbital , linfoadenomegalia e exatantema. - Menos comum mas pode acontecer = acometimento do SNC: • Meningite viral. • Neuropatia periférica: desmielinização dos nervos periféricos. 20 HIV/ AIDS p!e 2 Dr. Danilo - DATA: 18/04 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • Síndrome de Guillain Barré (paralisia ascendente, por desrregulação da resposta ao vírus, e nossos Ac acabam desmielinizando nossos nervos de forma ascendente e simétrica). - Mantém força sensitiva, mas perde força motora. - Os sintomas dessa fase podem ter duração de até 4 semanas (importante diagnóstico, pois os linfócitos CD4 ainda estão altos). - Teste rápido de HIV = super fidedignos. - Devemos pedir no PS. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ✓ Toxoplasmose. ✓ Rubéola. ✓ CMV. ✓ Herpes vírus. ✓ Hepatites virais. EXAMES COMPLEMENTARES: - Leucopenia transitória (pouco leucócito). - Linfocitose (muito linfócito). - Plaquetopenia. - Transaminases (TGO/TGP) elevadas. ‣ Qualquer doença viral pode dar esses exames alterados (ex: covid, dengue…), por isso são exames que não são específicos de HIV agudo, mas nos ajuda a pensar em HIV = pensar em infecção viral. DIAGNÓSTICO: - Testes para detecção de Ac anti HIV: demora de 2 a 3 semanas após contato com o vírus para positivar. • Podem ser negativos, tornando-se positivos em alguns dias ou até 2 a 3 semanas após o início dos sintomas. - Testes sorológicos de 4ª geração: detectam mais rapidamente esse AC anti HIV, em até 24 horas depois da infecção. • Detectam o Ac e Ag (p24). Fase assintomática: - Paciente que nunca tiveram manifestações clínicas associadas à imunodeficiência. - Vírus continua replicando (antes chamada de fase de latência). - Pode haver linfoadenomegalia persistente. - Doenças cardiovasculares e certas neoplasias não definidoras de AIDS são mais comuns que na população geral. Fase sintomática: - Em média, após 10 anos (AIDS), começa a desenvolver infecções oportunistas. • Infecções do SNC. • Infecções respiratórias. • Infecções gastrointestinais. • Sarcoma de Kaposi. Infecções do SNC: Neurotoxoplasmose: - Mais comum. - Ocorre por infecção pelo toxoplasma gondii. - Só vemos em paciente com AIDS. - Só o paciente imunodeprimido tem o acometimento do encéfalo pelo toxoplasma. • P a c i e n t e s c o m C D 4 < 2 0 0 (principalmente < 50). • Paciente imnossuprimido não tem substrato para fazer inflamação. • Incidência muito maior antes do uso de TARV. - Quantificação de CD4: • ≥ de 350 = imunocompetente. • < de 350 = suscetível a infecções oportunistas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - Encefalite local = cefaleia, confusão mental, déficit motor focal ou não focal, evoluindo com episódios convulsivos, rebaixamento do nível de consciência e coma (parece quadro de AVC). - Retocoroidite ( tozoplsmose ocular) , pneumonia e envolvimento de outros órgãos é raro em paciente com AIDS. 21 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • Pois ele não tem inflamação. DIAGNÓSTICO: - Sorologia IgG e IgM não servem. • IgG não reagente faz o diagnóstico ficar (pode ser negativo e o paciente ter neurotoxoplasmose). • IgM não fica positivo de qualquer jeito nesse paciente. ‣ Portanto, sorologia, não deve ser usada para diagnóstico. - PCR para toxoplasma gondii no LCR: vê o DNA do toxoplasma no LCR. • Especificidade 96% e sensibilidade 50%. • Problema: poucos laboratórios fazem. • Sensibilidade 50% risco de FN. - Na prática o diagnóstico é: CLÍNICO+IMAGEM. • Clínico (simula AVC, rebaixamento do nível de consciência, paresia) + exame de imagem (TC com contraste ou RNM). - TC (ou RNM): imagem em anel de sinete com realce de contraste principalmente em núcleos da base, periventrículo lateral (imagem clássica de neurotoxoplasmose) = já está autorizado a fazer o tratamento. • Nem sempre é única, única ou múltiplas (geralmente 2). Tem uma doença que é igual a neurotoxoplasmose (principal diagnóstico ≠) = linfoma primário de SNC (jovem, HIV+, acorda de um dia para o outro como AVC, anel de sinete no núcleo da base…). - Biópsia da lesão: padrão ouro para diagnóstico porém procedimento invasivo. • Realizada apenas quando existe dúvida diagnóstica/ falha de tratamento. - Sóda para ter o diagnóstico de certeza com a biópsia = mas não fazemos em todos paciente. Então o que fazemos? Tratamento em paciente com imagem e clínica +. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Linfoma primário do SNC (principal): clínica e exames de imagem semelhantes. - Leucoencefalopatia multifocal progressiva. TRATAMENTO: - Sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico (não trata neurotoxo mas reduz a toxicidade da pirimetamina) = tratamento empírico. - Inicia o tratamento e espera 14 dias. • Após 14 dias o paciente costuma ter melhora clínica e de imagem - repetir exame de imagem (que o anel tenha encolhido) = se tiver ocorrido isso realmente era neurotoxoplasmose. - Continua o tratamento até o final de 6 s e m a n a s ( t e m p o c o m p l e t o d e tratamento). • Se houver piora clínica e de imagem = vai ter que biopsiar para ver se não é linfoma primário do SNC. Criptococose de SNC: - Neurocriptitococose = infecção fúngica causada pelo fungo Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gatti. • C neoformans = mais em HIV +/ AIDS. • C gatti = mais em imunocompetentes. - Não é doença exclusiva de quem tem AIDS, ocorre em pacientes saudáveis. - Principalmente em CD4 < 100. - Relacionado no paciente com AIDS com fezes de aves. 22 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB MANIFESTAÇÃO CLÍNICA: - Meningite subaguda/ meningoencefalite: evolução em 10 a 15 das, até 1 mês. • M e n i n g i t e X m e n i n g o e n c e f a l i t e : a meningoencefalite atinge também o encéfalo, causando mudanças clínicas, só a meningite não esperamos déficit motor, vômitos em jatos, esperamos apenas rigidez de nica, cefaleia, sinal de Lasègue… - Febre, cefaleia, fotofobia, rigidez de nuca (meningismo). - Rebaixamento do nível de consciência, confusão mental, perda de memória, alteração súbita do comportamento, hipertensão intracraniana (se manifesta em vômito em jato) = meningoencefalite. • Pacientes vão à morte pela hipertensão intracraniana. - Atenção para cripitococose disseminada: pode acometer qualquer órgão (pele, pulmão). • Na pele: lesões umbilicadas (pensar também em molusco, diagnóstico final faz com biópsia de pele). • No pulmão: acometimento bilateral com condensações. • Criptococose disseminada = 2 órgãos diferentes (nessa caso, SNC + outro órgão). DIAGNÓSTICO: - Liquor: • C e l u l a r i d a d e p o u c o a u m e n t a d a (linfocitose = aumento percentual de linfócitos). - Normal no LCR: até 2 a 4 células. • Proteína normal ou pouco elevada (depende da forma de apresentação da doença). • Glicose normal ou baixa. Análise do LCR: - Bioquímica (glicose, proteína, lactato, pH…). • Proteína elevada em qualquer LCR = inflamação. • Glicose baixa = patógeno que está consumindo glicose (vírus não consome glicose). - Celularidade (linfócitos, neutrófilos…). - Tinta da China (sensibilidade 75 a 85%). • Cora a lâmina com tinta nanquim = a parede do cripto não absorve a tinta = vemos um fundo todo preto com o cripto branco que não absorve a tinta. • Bom exame para começar. - Detecção do Ag por aglutinação do látex (sensibilidade de 95%): dá em titulação. - Cultura para o fungo (sensibilidade > 95%): padrão ouro (mais específico e mais sensível). Quadro do paciente: idoso, história de 20 dias de confusão mental, agressividade, febre, HIV desconhecido. - P e n s a m o s p r i m e i ro e m m e n i n g i t e bacteriana, fazemos uma TC, pois se tiver hipertensão craniana, não podemos colher o LCR pela pressão alta. - Pensando em neuroinfecção, fazemos primeiro uma TC (exceto em locais onde não há exame de imagem). TRATAMENTO: - F a s e d e i n d u ç ã o : a n f o t e r i c i n a B (deoxicolato, complexo lipídico, lipossomal) + flucitosina ou fluconazol. • A anfoter ic ina por s i só é muito nefrotóxico, sendo a lipossomal a menos nefrotóxico, porém mais cara. 23 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Se o paciente desenvolver uma IRA e ainda precisar do tratamento = diálise e continua com a anfotericina. • Tratamento: anfotericina B + fluconazol. - Tempo de duração: até a cultura do LCR ficar negativa (aproximadamente 2 semanas). • Fase de indução: tira o paciente do estado grave (essa fase trata com anfotericina e fluconazol até cultura do LCR negativa). • Em 2 semanas de tratamento, colhemos outro LCR, se ainda crescer o cripto continuamos o tratamento até parar de crescer (que aí paramos a fase de indução). - Fase de consolidação (após cultura negativa): tira anfotericina e deixa o fluconazol por 8 semanas. - Fase de manutenção: fluconazol até CD4 > 100 por 6 meses e carga viral indetectável = fim do tratamento de neurocriptococose. Tuberculose do SNC: - Neuro TB = uma das manifestações mais comuns extra pulmonar da TB. • Principalmente em imunossuprimido. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA (subaguda): - Meningite tuberculosa ou tuberculoma: • Meningite tuberculosa: inflamação da meningite secundária à bactéria. • Tuberculoma: granuloma no cérebro (d iagnóst ico ≠ : l in foma pr imár io , neurotoxoplamose, outros tumores cerebrais). - Febre, cefaleia, confusão mental, sinais meníngeos, déficit motor local DIAGNÓSTICO: - Liquor: • Celularidade aumentada (linfocitose). • Proteína elevada. • Glicose baixa. • ADA elevada. - C u l t u r a c o m c r e s c i m e n t o d e Mycobacterium tuberculosis. - PCR para tuberculose (Xpert) = teste molecular. - Pesquisa de BAAR (baixíssima sensibilidade, 20%). TRATAMENTO: - Fase de indução por 2 meses: rifampicina + isoniazida + pirazimida + etambutol (RIPE). - Fase de manutenção por 10 meses: rifampicina + ioniazida (RI). ‣ Totaliza 1 ano de tratamento. - Se tiver edema = associamos corticoide (dexametasona/ prednisona). - Tuberculoma = não costumo afazer cirurgia, apenas em casos com hidrocefalia e/ ou compressão estrutural = risco elevado de meningite pós cirúrgica. Outros acometimentos neurológicos na AIDS: - Encefalite herpética (alta mortalidade). - Meningite bacteriana. - Linfoma primário do SNC. - Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP) = causada pelo vírus JC, que só infecta paciente com CD4 < 50, destruindo o córtex cerebral e paciente manifesta como uma demência. • Como se fosse um paciente jovem de 30 anos com Alzheimer. • Não tem tratamento, apenas TARV. - Encefalopatia pelo HIV (quadro igual ao LEMP mas causado pelo próprio vírus HIV). 24 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB Infecções respiratórias: Pneumocitose: - Causada pelo Pneumocystis jirovecii: fungo com características taxonômoicas de protozoário. - Principalmente com CD4 < 200. - Maioria dos casos em pacientes que não sabiam ter HIV. QUADRO CLÍNICO: - Doença subaguda. - Dispneia progressiva. - Tosse seca. - Dor torácica. - Hipóxia importante. - Risco elevado de pnuemotórax espontâneo. DIAGNÓSTICO: - Suspeita clínica + exames laboratoriais sugestivos: • DHL > 500. • Rx de tórax normal na maioria das vezes. • Tc de tórax com imagem em vidro fosco. - Manifestação em imagem de líquido inflamatório (não ocorre só em pneumonia). - A identificação do próprio pneumocystis por pesquisa direta, cultura e biópsia é pouco usada na prát ica > 90% dos casos conseguimos com clínica + exames. TRATAMENTO: - Sulfametoxazol + Trimetoprin (Bactrim) por 21 dias. - Após 21 dias paciente entra em fase de profilaxia secundária = bactrin até o CD4 > 200 por 3 meses. - Se gasometria arterial com pO2 < 70 mmHg = adicionar corticoide ao Bactrim. Tuberculose pulmonar: - Infecção pulmonar pelo Mycobacterium tuberculosis. - Pode se desenvolver logo após o contato ou após uma reativação de uma infecção latente. - Pode acontecer em qualquer contagem de C D 4 p o r é m é m a i s c o m u m e m imunocomprometidos. • Mais comum quanto menor o CD4.QUADRO CLÍNICO: - Depende do grau de imunosspuressão. - Pacientes com CD4 > 350: apresentação semelhante a pacientes imunocompetentes. - Tosse produtiva crônica/ s r u b a g u d a , f e b r e vespertina, perda de peso, infiltrado pulmonar em á p i c e , f o r m a ç ã o d e cavitação. - Em paciente com HIV avançado os achados são diferentes: • Infiltrado intersticial em lobos inferiores e médios são frequentes, c a v i t a ç ã o é m e n o s frequente. • A p re s e n t a ç ã o m i l i a r ( d i s s e m i n a ç ã o hematogênica). • M a i o r c h a n c e d e manifestações extra pulmonares. DIAGNÓSTICO: - Pesquisa de BAAR no escarro (cada vez m e n o s s e n s í v e l e m p a c i e n t e imunossuprimido). - Cultura para Mycobacterium tuberculosis no escarro. 25 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - PCR do escarro. - Biópsia brônquica (padrão ouro): utilizado apenas quando os demais exames não elucidam o diagnóstico. TRATAMENTO: - Fase de ataque por 2 meses: rifampicina + isoniazida + pirazinamida + etambutol (RIPE). - Fase de manutenção por 4 meses : riframpicina + isoniazida. Outras pneumopatias no HIV: - Infecções fúngicas em gerais: • Histoplasmose. • Criptococose. - Pneumonite por CMV. - Micobacterioses. - Pneumonias bacterianas. - Sarcoma de Kaposi. Infecções gastrintestinais: Candidíase orofaríngea e esofágica: - Causada pela Candida albicans. - Indicador de CD4 < 200 = imunossupressão. - Quadro clínico: placas esbranquiçadas em mucosa oral, odinofagia, dor retroesternal. - Diagnóstico: • Clínico na orofaringe, se necessário: raspado das lesões orais. • Esofágica pela EDA com visualização das placas. - Tratamento: fluconazol por 14 dias. Infecção por herpes simples (HSV): - Vírus HSV1/2: • HSV1: por conta com secreções orais. • HSV2: por contato com secreções genitais. - Quadro clínico: febre, mal estar, mialgia, lesões na mucosa oral, podendo haver extensão para o esôfago. - Diagnóstico: clínico, quando necessários, pode ser feito raspado da lesão com pesquisa do vírus. - Tratamento: aciclovir se só na mucosa oral. • Caso gravidade ou lesões extensas, deve ser feito via intravenosa. Infecção por CMV: - Em pacientes com CD4 < 100. - Úlceras orais que podem ou não acometer o esôfago. - Quadro clínico semelhante à esofagite herpética. - EDA com lesões ulceradas múltiplas. - Estudo histplatológico mostrando inclusão viral. • No CMV há células com inclusões virais na mucosa do esôfago. - Tratamento: Ganciclovir via intravenosa. Criptococose/ Microporidiose/ Isosporíase: - Parasitas que tem em todo mundo, mas causam doença em paciente muito imunossuprimido (CD4 <50/20). • Imunodeficiência avançada. - Causa diarreia muito grande levando até hipovolemia e óbito. - Diagnóstico: pesquisa dos parasitas nas fezes. - Tratamento: não há um tratamento eficaz (apenas TARV). • Recuperação da imunidade/ nitazoxanida. Sarcoma de Kaposi: - Desordem angiproliferativa que requer i n f e c ç ã o c o m H H V - 8 p a r a s e u desenvolvimento. • Não é doença infecciosa. • Neoplasia vascular. • Associada à imunosdepressão. - Diminuição dos casos após início da TARV. - Manifestações variáveis, de lesões mucosas m í n i m a s a t é d o e n ç a d i s s e m i n a d a acometendo vários órgãos. • Pele, mucosa oral, linfonodos e órgãos viscerais. 26 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • A maioria dos pacientes tem lesão cutânea nas extremidades, cabeça e pescoço. • Principal: lesões acastanhadas ou avermelhadas na pele que pode ser disseminada pelo corpo todo. • Pode acometer também mucosa e vísceras (pulmão e TGI). - Diagnóstico apenas com biópsia da lesão + história clínica: • Células em fuso. - Tratamento : TARV + quimioterapia sistêmica quando necessário. Para acabar… - Tratamos a primeiros as doenças e depois o AIDS? • Tratamos primeiro a doença e depois a AIDS = síndrome inflamatória da reconstituição imune (SIRI) , pois ao melhorar o sistema imune, o quadro inflamatório vai ser mais exacerbado e piorar os sintomas. • Esperamos o patógenos estar em controle para iniciarmos a TARV (não há um termo determinado). - Pneumopatias esperamos menos (~15 dias), já nas doenças neurológicas em torno de 1 mês (cultura negativa). - Por que não vacinamos pacientes com CD4 muito baixo? • Porque se damos uma vacina de vírus atenuado, colocamos o paciente em risco de desenvolver a doença. • O paciente com CD4 muito baixo, não tem imunidade celular e humoral efetiva = não faz efeito a vacina, ele não consegue produzir Ac. • Quando vacinar? - CD4 < 200: não vacinamos nada. - CD4 de 200 a 350 (área cinza): só vacinamos quando necessário (ex: surto de sarampo, influenza…). - CD4 > 350: vacinamos tudo. • Vacina para covid (exceção): não importa nada disso. Caso clínico: - Paciente masculino, 23 anos, refere que há 20 dias iniciou quadro de dispneia progressiva e tosse seca com piora na última semana. Ainda referiu perda de peso de 8Kg em cerca de 3 meses e sudorese noturna. Nega febre. - AP: tabagista 5 anos-maço. Etilista social. Usuário de Maconha. - EF: REG, corado, hidratado, taquipneico. - AC: normal. - AP: MV + diminuídos globalmente s/ RA. - Abdome sem alterações. - Placas - Hipóteses diagnósticas? Paciente HIV. • Tuberculose pulmonar. • Pneumocistose. • Candidíase oral. • Sarcoma de Kaposi. • Neoplasia pulmonar. - Próximo passo? • Sarcoma de Kaposi = biópsia da pele. • Candidíase oral = raspagem da lesão por se t iver dúvida, mas a pr inc ípio , diagnóstico clínico + EDA. • TB e pneumocistose = raio X de tórax, na pneumocistose normal (fazemos TC = vidro fosco = tratamento c/ bactrin), TB (história). - CD4 < 200 pelas placas orais = esperamos a forma menos clássica de TB (mi l iar) , d iagnóst ico com Rx 27 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB (pontinhos) ou TC, microbiológico (PCR no escarro), ADA, cultura, em último caso, broncoscopia com biópsia. - Exames laboratoriais: • Hb 10,9 Ht 35 = anemia normo/normo. • Leucócito 9.000 (norma = não bacteriana). • Plaquetas normais no limite inferior. • PCR 15 (alto). • Anti HIV +. • CD4 < 1000 cópias. - EDA: presença de candidíase esofágica + lesão vegetante hiperemiada em mucosa de antro gástrico biopsia (Sarcoma de Kaposi). - TC: tinha RX normal, mas na TC padrão em vidro fosco (pnuemocistose pulmonar). - Biópsia do antro gástrico: núcleos celulares achatados (células em fuso) = fecha o sarcoma de Kaposi. - Broncoscopia com lavado = cultura e BAAr negativo. - Diagnóstico: • Candidíase oroesofágica. • Sarcoma de Kaposi cutâneo e gástrico. • Pneumocistose. • Em paciente que não sabia que tinha HIV, esperar pra iniciar TARV. 28
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