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Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 1 Infecção por HIV e doenças oportunistas Os primeiros casos de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foram descobertos e definidos no fim da década de 70, nos EUA, Haiti e África Central – sendo considerada uma nova doença em 1981. Era caracterizada uma doença que ataca o sistema imunológico e associada à uma população de risco composta por usuários de drogas injetáveis, hemofílicos, pacientes de transfusão, imunocomprometidos e homossexuais. O vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) é um retrovírus citopático e não oncogênico com genoma RNA da família Retroviridae e subfamília Lentivirinae. Para se multiplicar necessita da presença da enzima transcriptase reversa. Em sua seu envelope, apresenta glicoproteínas como a GP120, essa que se liga aos receptores CD4 e apresenta afinidade com os receptores celulares CCR5 e CXCR4 das células T CD4+, fato que permite ativação da proteína GP41 e a fusão do envelope externo do vírus com a membrana celular. No citoplasma celular, ocorre o afrouxamento do capsídeo viral e início da síntese de DNA fita dupla com base no RNA viral, processo que ocorre por auxílio da enzima transcriptase reversa. O DNA produzido será adicionado ao material genético do hospedeiro por ação das enzimas integrases, formando o provírus. Assim, o vírus passa a controlar a síntese celular da célula hospedeira, iniciando a produção de RNAm viral que será utilizado na síntese de proteínas e do genoma viral. Uma vez isso acontecendo tem-se quase uma impossibilidade de erradicar a infecção, já que é difícil ‘limpar’ a informação viral do material genético do hospedeiro. Os vírions produzidos são liberados por brotamento e seguem para os linfonodos, onde a replicação se intensifica e permite a disseminação do vírus para todos os tecidos corporais. Todavia, essa ampliação é temporariamente barrada pela ativação do sistema imune do hospedeiro, tendo uma eliminação parcial do HIV. Depois de um tempo, mesmo com a ação do sistema imunológico, a replicação viral continua a acontecer, tendo perda progressiva da resposta imune, destruição do tecido linfoide (LT CD4+ e linfócitos B) e a manifestação da AIDS e de doenças oportunistas como estágio final. Na infecção aguda tem-se liberação de citocinas inflamatórias (TNF, IL-6, IL-1) e marcadores plasmáticos de fase aguda (alfa-1-antitripsina, proteína-C-reativa, amiloide A), produzidos principalmente por células dendríticas da submucosa intestinal, monócitos, macrófagos, células NK e células T. O aumento de linfócitos TCD8+ promove atividade antiviral que modula e lentifica a evolução da doença. Existem alguns fatores associados à persistência de inflamação em pessoas que vivem com o vírus HIV, como replicação viral residual em paciente sem tratamento, estímulo provocado pela infecção por outros patógenos, translocação de LPS pela mucosa intestinal alterada, perda de linfócitos T e outras células regulatórias e fibrose do timo ou da estrutura linfoide. Desse modo, a inflamação pode gerar complicações crônicas não relacionadas diretamente ao HIV, como doenças cardiovasculares e renais – nota-se avanço e melhora na sobrevida dos pacientes em tratamento com terapia antirretroviral. De modo geral, o HIV infecta células que tenham o marcador CD4, principalmente linfócitos TCD4+ naive, linfócitos TCD4+ de memória, macrófagos, monócitos, micróglia e astrócitos – mas não infecta células permanentes, como neurônios ou oligodendrócitos. Também se citam outros alvos, como células dendríticas, megacariócitos, eosinófilos, astrócitos, entre outros. Como santuários do HIV tem-se barreiras hematocelulares (SNC e órgãos genitais), trato gastrointestinal (GALT), medula óssea e linfonodos – locais com carga viral exacerbada. Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 2 Formas de transmissão: sexual (sêmen ou secreções vaginais), sanguínea (receptores de sangue e hemoderivados, assim como usuários de drogas injetáveis), vertical (transplacentária, perinatal ou pós- natal), ocupacional (acidente percutâneo em profissionais de saúde) e transplante de órgãos. Quadro clínico: a infecção por HIV apresenta um amplo espectro de apresentações, desde a fase aguda até a fase avançada da doença, sendo que o tempo médio entre o evento de contágio e a manifestação da AIDS é de cerca de 10 anos. De modo geral, os sintomas estão relacionados com redução da ação do sistema imunológico por depleção de linfócitos TCD4+. A infecção aguda se caracteriza como as primeiras semanas da infecção pelo HIV até o aparecimento dos anticorpos anti-HIV (soroconversão), ocorrendo cerca de 4 semanas após infecção, com carga viral alta e manifestações clínicas de síndrome retroviral aguda (SRA). A SRA ocorre entre a 1º e 3º semana de infecção, geralmente autolimitada com sintomas como febre, adenopatia, faringite, exantema, mialgia, cefaleia, sudorese, linfoadenomegalia, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e exantema – mas também pode ser assintomática. Nesse momento, quase sempre a sorologia para HIV é negativa, mas a carga viral do paciente é alta. Como diagnóstico diferencial tem-se mononucleose infecciosa e outras síndromes monolike – CMV, herpes vírus, rubéola, Epstein-Baar, toxoplasmose, entre outros. Na fase de latência clínica, que dura cerca de 10 anos sem TARV, o exame físico pode ser normal ou com achados como linfadenopatia, plaquetopenia isolada ou anemia normocrômica e normocítica. Durante a fase sintomática, com redução da contagem de CD4 para < 350, tem-se infecções respiratórias, tuberculose, alterações dermatológicas, entre outros. Quando CD4 está entre 200 e 300 tem-se manifestações atípicas e exacerbadas pela supressão do sistema imunológico, em que a candidíase orofaríngea, febre persistente, diarreia crônica, herpes zóster e leucoplasia pilosa oral podem ser indicativos de que a AIDS se aproxima. A síndrome da imunodeficiência adquirida ocorre pela progressão da imunossupressão, em que a contagem de LT-CD4+ está abaixo de 200 células/mm3 – marco de imunossupressão, permitindo a manifestação de infecções oportunistas e neoplasias. Como exemplos, pode-se ter pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada (2 ou + sítios), meningite criptocócica, retinite por citomegalovírus, sarcoma de Kaposi, entre outros. A fase de evolução mais grave da AIDS é a Wasting Syndrome ou síndrome consuptiva, tendo perda de gordura e massa muscular, febre, diarreia, lipoatrofia facial, entre outros – mais rara hoje em dia pelo advento da TARV. Diagnóstico: é feito pelo teste rápido de HIV, esse que tem como objetivo detectar o vírus e garantir o início precoce do tratamento. Se o primeiro teste de rastreio for positivo, deve-se realizar outro teste de Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 3 confirmação de um laboratório diferente. Também pode-se realizar sorologia a partir da 4º semana, em que no laboratório, se o primeiro teste for positivo tem- se a confirmação por outro método laboratorial. Também se realiza contagem de LT CD4 e exame de carga viral de HIV, além de uma genotipagem pré- tratamento (principalmente em gestantes), essa que verifica a presença ou não de mutações e resistência ao tratamento. Além disso, faz-se hemograma completo, glicemia de jejum, perfil lipídico, avaliação hepática e renal, teste imunológico para sífilis, testes para hepatites virais, IgG para toxoplasmose, sorologia para HTLV II e II e Chagas. As sorologias para outras infecções são importantes em quadros de baixo CD4, já que o paciente corre o risco de reativar outros patógenos e manifestar doenças associadas. A prova tuberculínica (PT) é importante, já que o paciente pode ter uma tuberculose latente e ter reativação com a imunossupressão pelo HIV.Desse modo, um PPD > 5mm exige profilaxia para tuberculose – utiliza-se isoniazida (6-9m) ou rifampicina (4m). A radiografia de tórax também é importante para avaliar tuberculose pré-existente. Também se realiza rastreamento de neoplasias, como mamografia bianual em mulheres de 50 a 69 anos, preventivo do câncer de colo uterino, toque retal e preventivo anal anual, além de dosagem de alfa- fetoproteína e ultrassom semestral em pacientes cirróticos e com HBsAg positivo. Tratamento: o início imediato da TARV está recomendado para todas as pessoas vivendo com HIV, independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico, tendo claros benefícios relacionados com a redução da morbimortalidade, diminuição da transmissão e atenuação dos casos de tuberculose. O paciente deve ser informado de seus riscos e benefícios, enfatizando que a TARV não deve ser interrompida após início. O tratamento do HIV atualmente é feito por uma associação de fármacos, possibilitando maior eficácia, menor toxicidade (vários fármacos com doses menores) e sinergismo em efeitos de diferentes fármacos. Será feito por um esquema com dois inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN) ou nucleotídeos (ITRNt) – Lamivudina + Tenofovir – associado a um fármaco inibidor de integrase (INI) – Dolutegravir. Esse tratamento pode promover uma taxa de < 50 cópias de RNA/ml de sangue, reduzindo a chance de transmissão e de evolução para AIDS. Lamivudina (3TC) Tenofovir (TDF) Dolutegravir (DTG) Raltegravir (RAL) Efavirenz (EFV) Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 4 Os inibidores de transcriptase reversa, serão administrados na forma inativa e deverão ser ativados por uma fosforilação por enzimas do hospedeiro em todas as células – infectadas ou não – fato que reduz a seletividade. Desse modo, esses análogos podem inibir outras enzimas dentro do hospedeiro e gerar efeitos indesejados. O Efavirenz tem maior seletividade pela enzima transcriptase reversa e promove menos efeitos colaterais, mas possui efeito teratogênico descrito, não devendo ser utilizado durante a gestação para reduzir a transmissão vertical. Os inibidores da integrase impedem a junção dos materiais genéticos e podem, em associação com outras classes de fármacos, reduzir a carga viral. A TARV reduz viremia abaixo do limite de detecção, mas não é suficiente para extinguir os reservatórios e induzir resposta eficaz contra o HIV, Sabe-se que os reservatórios são fontes estáveis de persistência viral, abrigando cópias latentes de vírus integrados que não são afetadas pela TARV. Como medidas de prevenção e controle tem-se uso de preservativos, a promoção do uso de agulhas e seringas esterilizadas ou descartáveis, o controle do sangue e derivados, a adoção de cuidados na exposição ocupacional a material biológico e o manejo adequado das outras DST. Antes de 1996, a mortalidade de pacientes com HIV era superior a 20% ao ano, taxas que diminuíram para 2% ao ano com a introdução da terapia antirretroviral. Comorbidades e doenças oportunistas associadas ao HIV O HIV atua em diversos sítios do organismo, gerando alterações e comorbidades como: → Alterações metabólicas: perfil lipídico e a indução de alterações vasculares; → Cardiomiopatia pelo HIV; → Síndrome metabólica: dislipidemia, resistência insulínica, anormalidade na distribuição de gordura corporal (lipodistrofia) e hipertensão arterial; → Nefropatia pelo HIV; → Osteopenia e osteoporose; → Alterações neurocognitivas; → Alterações psiquiátricas. Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 5 Além disso, tem-se manifestação de doenças oportunistas em decorrência de uma alteração imunitária do hospedeiro. Estas são geralmente de origem infecciosa, mas também se incluem algumas neoplasias. Tem-se acometimento de diversos sistemas, tendo patologias como citomegalovírus, herpes simples, leucoencefalopatia multifocal progressiva, micobacterioses (tuberculose e complexo Mycobaterium avium intracelular), pneumonias (s. pneumoniae), salmonelose, pneumocistose, candidíase, criptococose, histoplasmose, toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase, sarcoma de Kaposi, linfomas não-Hodgkin, neoplasias intra-epiteliais anal e cervical, entre outros. Neurotoxoplasmose: é a causa mais comum de lesões expansivas cerebrais em pessoas com HIV, geralmente em pacientes com LT-CD4+ < 100. A apresentação clínica é variada, de acordo com a topografia das lesões cerebrais e, habitualmente, tem curso subagudo. Como manifestações clínicas mais comuns tem-se cefaleia e sinais focais (hemiparesia, disfasia e alterações motoras) em decorrência do edema cerebral causado pelo protozoário, gerando efeito de massa no SNC. Além disso, pode- se ter febre, convulsões e alteração do estado mental. O diagnóstico é feito pela tomografia de crânio com e sem contraste endovenoso. O tratamento profilático é feito em pacientes com LT CD4+ < 100 com Bactrim (Sulfametoxazol + Trimetropima) até que o antirretroviral melhore a imunidade do paciente. O tratamento da neurotoxoplasmose é feito por esquema tríplice de Sulfadiazina (1.000mg a 1500mg VO 6/6h) + Pirimetamina (200mg VO no 1º dia e depois 50 a 75mg/dia VO) + ácido folínico (10mg/dia VO) durante seis semanas na dose de ataque, seguindo com profilaxia secundária. Se o paciente não estiver fazendo TARV, deve-se iniciar apenas após duas semanas de tratamento antiparasitário, já que o uso precoce da terapia pode exacerbar a doença oportunista e ser letal. Meningite por criptococos: é a causa mais frequente de meningite oportunista, em que os pacientes tem LTCD4+ < 100 e podem apresentar-se com meningite ou meningoencefalite, habitualmente, de curso subagudo. As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, febre, mal-estar geral, náuseas e/ou vômitos, e rebaixamento do nível de consciência. Além disso, o impacto sistêmico é frequente, podendo C o n ta g e m d e C D 4 Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 6 haver envolvimento pulmonar (por exemplo, consolidação lobar, infiltrados nodulares ou intersticiais) e cutâneo (por exemplo, pápulas umbilicadas semelhantes às lesões de molusco contagioso). Os sinais meníngeos nem sempre estão presentes; entretanto, na manifestação de hipertensão intracraniana (HIC), pode haver vômitos, diplopia, confusão mental (confundidos com quadros psiquiátricos), coma e papiledema. Como fatores de pior prognóstico tem-se contagem de leucócitos < 20 células/mm3 no LCR, rebaixamento do nível de consciência, hipertensão intracraniana não controlada e elevada carga fúngica liquórica. O diagnóstico é feito por punção lombar na suspeita clínica de meningite criptocócica e na ausência de contraindicações ao procedimento – verificar com tomografia prévia para descartar sinais de hipertensão intracraniana. Após coleta, realizar teste de aglutinação com látex, cultura, celularidade e teste de tinta da China – quanto menor a celularidade, maior a gravidade. Na tabela abaixo tem-se o protocolo de manejo da hipertensão intracraniana secundária a meningite ou meningoencefalite criptocócica. O tratamento é feito com anfotericina B associada ao fluconazol. O início imediato da TARV não é recomendado em pacientes com meningite/meningoencefalite criptocócica, pelo risco de SIR. A TARV deve ser iniciada entre quatro a seis semanas após o início do tratamento antifúngico. Retinite por citomegalovírus: geralmente o paciente tem LT CD4+ < 100 com quadro clínico de embaçamento visual e perda da visão. O tratamento é feito com Ganciclovir EV por 21 a 28 dias – droga neutropênica e pode promover insuficiência renal. O exame de escolha para diagnóstico da retinite por citomegalovírus é a fundoscopia. Além disso, o citomegalovírus pode gerar colite, esofagite, gastrite eenterite, geralmente em pacientes com LT CD4+ < 50. O diagnóstico é feito por endoscopia com aspecto clássico por inclusões nucleares pelo CMV (olhos de coruja). O tratamento de primeira escolha é a administração endovenosa de Ganciclovir 5mg/kg a cada doze horas, por 14 a 21 dias. Após o término da fase de indução, recomenda-se terapia de manutenção com Ganciclovir 5mg/kg/dia ou, alternativamente, Foscarnet 90mg/kg/dia. A interrupção da profilaxia secundária deve ser considerada para pacientes com elevação sustentada da contagem de LT-CD4+ acima de 100 céls/mm³ durante pelo menos três a seis meses, em uso regular de TARV. A melhor forma de prevenir a doença por CMV ou sua recidiva é a instituição da TARV e manutenção da contagem de LT-CD4+ acima de 100 céls/mm³. Pneumocistose por P. jiroveci: o paciente apresenta pneumopatia subaguda ou crônica que evolui com dispneia, tosse seca e importante hipoxemia, geralmente com LT CD4+ < 200. O tratamento é feito com Bactrim EV e corticoide, que é associado para reduzir o processo inflamatório pulmonar e melhorar a clínica Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 7 do paciente. Tem-se padrão radiográfico de vidro fosco intersticial difuso e infiltrado peri-hilar simétrico. Costuma evoluir para insuficiência respiratória aguda se não tratada a tempo. O diagnóstico definitivo é realizado pela identificação do agente por meio das colorações de azul de toluidina, Grocott, Giemsa ou técnica de imunofluorescência a partir de espécimes respiratórios. Se escarro amarelado ou purulento, deve-se suspeitar de infecção bacteriana associada e inserir um antibiótico no esquema terapêutico. Como achados sugestivos de pneumocistose tem-se: 1) contagem de LT- CD4+ < 200 ou sinais clínicos de imunodepressão grave, como candidíase oral, 2) dispneia progressiva aos esforços, 3) presença de febre, taquipneia e/ou taquicardia ao exame físico, 4) raio-X de tórax normal ou infiltrado pulmonar difuso, peri-hilar, simétrico, 5) DHL sérica elevada, 6) hipoxemia em repouso ou após esforço e 7) ausência de uso ou utilização irregular de profilaxia para PCP. A profilaxia secundária deverá ser instituída após tratamento e deverá ser realizada com SMX-TMP na dose de 160-800mg três vezes por semana ou 80-400mg/dia até alcançar LT-CD4+ acima de 200 céls/mm³ por pelo menos três meses. Em pacientes ainda sem uso de ARV, recomenda-se o início da TARV após duas semanas de tratamento da PCP. Histoplasmose: é causada pelo fungo Histoplasma capsulatum cuja infecção se dá por inalação de esporos presentes no solo, em que a contagem de LT-CD4+ abaixo de 150 céls/mm³ aumenta o risco de doença por histoplasmose na forma disseminada. A pneumonia é a principal forma de apresentação, sendo o infiltrado pulmonar retículo- nodular difuso o achado radiológico mais característico. Os principais sinais e sintomas clínicos são febre, perda de peso, hepatoesplenomegalia, linfoadenomegalia, alterações pulmonares e lesões mucocutâneas numerosas, que se iniciam como pápulas, progredindo para pequenos nódulos umbilicados e úlceras. O achado de pancitopenia é frequente, sendo menos comum o comprometimento osteoarticular, gastrintestinal e do SNC. Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 8 O diagnóstico laboratorial é feito por cultivo micológico e/ou exame histopatológico de espécimes obtidos por raspado ou biópsia de lesões. O tratamento de fase aguda é feito com anfotericina B e a manutenção ocorre com uso de Itraconazol em doses altas. Candidíase orofaríngea e esofágica: são comuns em pacientes com imunossupressão pelo HIV, sendo observadas, geralmente, em pacientes com contagem de LT-CD4+ < 200, principalmente por Candida albicans. O sintoma mais comum da orofaríngea é o aparecimento de placas removíveis esbranquiçadas, queilite angular ou pápulas eritematosas na mucosa. Os sintomas típicos da esofágica incluem dor retroesternal difusa, disfagia e/ou odinofagia, normalmente sem febre. A candidíase oral está presente na grande maioria dos casos e, geralmente, os pacientes apresentam LT- CD4+ ainda mais baixos (inferiores a 100 céls/mm³). O diagnóstico é clínico, sendo a cultura de material dessas regiões pouco útil em razão da presença do fungo como comensal dessas mucosas. Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 9 Diarreia por Isospora belli: é um germe oportunista em pacientes com HIV que causa um quadro crônico e intermitente de diarreia, perda de peso e desidratação. O diagnóstico é feito pela pesquisa de Isospora nas fezes e o tratamento é feito com Bactrim e TARV. Diarreia por Cryptosporidium: em pacientes HIV + gera um quadro crônico e intermitente com diarreia improtante, perda de peso e desidratação. O diagnóstico é feito pela presença de Cryptosporidium nas fezes e o tratamento é feito com TARV para melhorar a imunidade. Sarcoma de Kaposi: é um tumor causado pelo HVV8, em que o tratamento é feito com TARV e quimioterapia. Herpes zóster: reativação do vírus varicela-zóster com acometimento no curso de dermátomos, tratamento com Aciclovir ou Valaciclovir. Leishmaniose visceral: a doença é caracterizada principalmente pela síndrome de hepatoesplenomegalia febril, associada sobretudo a citopenias. Em pacientes coinfectados, observa-se manifestação clínica semelhante à de pacientes sem infecção pelo HIV; entretanto, manifestações atípicas, com comprometimento de pleura pulmonar, esôfago e intestino também são relatadas. O diagnóstico é feito pela identificação de amastigotas na medula óssea. O tratamento é feito com anfotericina lisossomal. Recomenda-se a profilaxia secundária para todos os pacientes com menos de 350 LTCD4+. Sarcoma de Kaposi Leucoplasia pilosa Herpes zóster Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 10 Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 11 Infecção por HIV e doenças oportunistas – profa Francielle Garcia 12
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