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Farmacologia sistêmica - resumo completo [parte 1]

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1 Louyse Morais – Medicina - 108 
FARMACOLOGIA SISTÊMICA – PROVA 1 
Sistema Nervoso Autônomo (SNA) – Aula 1 
 É dito autônomo porque nós temos pouco controle 
sobre ele. O SNA está dividido em duas partes principais: a 
divisão simpática (troncolombar – os neurônios pré-
ganglionares simpáticos emergem da região mais caudal da 
medula) e a divisão parassimpática (craniossacral – os 
neurônios pré-ganglionares parassimpáticos emergem da 
região mais cranial). A maioria das fibras pré-ganglionares 
simpáticas terminam em gânglios paravertebrais, e as pós-
ganglionares nos tecidos enervados. As fibras 
parassimpáticas pré-ganglionares terminam em gânglios 
localizados fora dos órgãos inervados (ciliar, pterigopalatino, 
submandibular, pélvico) ou em rede distribuídos nas paredes 
dos órgãos inervados. Os gânglios simpáticos são chamados 
de paravertebrais, pois são todos localizados na região 
toracolombar da coluna vertebral. 
 Todo neurotransmissor pré-ganglionar é acetilcolina. Já o neurotransmissor pós-ganglionar, no SN 
parassimpático é a acetilcolina, enquanto que no simpático é a noradrenalina. Dizer que acetilcolina não é um 
neurotransmissor simpático é uma mentira, uma vez que ela é pré-ganglionar, nesse caso. 
 Os neurônios pós-ganglionares apresentam sinapses diferenciadas chamadas de varicosidades 
(penetram no tecido que ele inerva – musculatura), as quais liberam os neurotransmissores ao longo da 
extensão axonal, conhecida também como sinapses “en passant”. Quando eu tenho uma descarga simpática 
ou parassimpática, todo o órgão recebe o impacto do neurotransmissor, por causa dessas varicosidades que 
descarregam uma quantidade bastante relevante de neurotransmissor. 
 Uma outra diferença anatômica entre esses dois sistemas é que um deles possui uma fibra pré-
ganglionar longa, assim, o gânglio está próximo ao tecido que ele inerva – ocorre no SN parassimpático. Já no 
sistema simpático, a fibra pré-ganglionar é curta, porque logo ali tem o gânglio paravertebral, e a fibra pós-
ganglionar é longa. 
 
 A acetilcolina é sintetizada a partir de acetil-CoA + colina. A Acetil-CoA deriva do metabolismo do 
neurônio (metabolismo aeróbio). A Acetil-Coa se condensa com a colina, por meio da enzima acetilcolina 
sintetase, formando a acetilcolina, que é transferida para uma vesícula. Quando começa a ter uma onda DIR no 
núcleo, essa onda DIR vai passando pela membrana, abre canais de cálcio voltagem dependentes – ocorre 
influxo de cálcio para a região axonal. Esse influxo permite que o citoesqueleto faça contração e essas vesículas 
vão rolando. Nas regiões en passant, se acumulam vesículas, que se fundem com a membrana e ocorre a 
exocitose da Ach. Essa exocitose ocorre na fenda sináptica (espaço extracelular). Na membrana da célula, há 
receptores colinérgicos. Essa Ach se liga com seu receptor e induz uma modificação bioquímica na célula pós-
 
2 Louyse Morais – Medicina - 108 
sináptica. Essa célula pode ser a membrana do corpo celular do neurônio pós-ganglionar ou a membrana da 
célula do tecido efetor. Os receptores podem ser nicotínicos ou muscarínicos. 
• Receptores muscarínicos: São todos acoplados à proteína G. Existem cinco tipos – M1, M2, M3, M4 e 
M5. Os receptores ímpares têm uma farmacodinâmica acoplada à proteína G cuja produção é IP3 e 
cálcio. Quando a Ach se liga ao M1, por exemplo, sofre uma mudança conformacional, que toca a 
proteína G, cuja subunidade alfa troca GDP por GTP, que ativa a fosfolipase C, que degrada IP3 e DAG. 
O IP3 liga-se ao seu receptor que está nas vesículas de cálcio, abre os canais de cálcio, há um aumento 
na concentração citosólica desse íon, fazendo acontecer muita coisa, inclusive se ligar à calmodulina e 
ativar quinases dependentes de cálcio e calmodulina, fosforilando proteínas. Os muscarínicos pares são 
acoplados à proteína G, mas são G inibitória. Portanto, inibem a adenilato ciclase, diminuindo produção 
de AMPc. 
• Receptores nicotínicos: Há dois tipos, o Nn (o n vem de neuro) e Nm (m vem de músculo). Todos têm a 
mesma farmacodinâmica – são canais iônicos por onde passa sódio. Na hora que a Ach se liga a esse 
receptor, ele sofre mudança conformacional, abre e o sódio passa, ocorrendo despolarização. Os 
receptores nicotínicos neurais estão na membrana dos neurônios pós-ganglionares. Os receptores 
nicotínicos musculares estão na placa neuromuscular. 
No SN simpático há receptores nicotínicos neurais? Sim, pois na membrana do neurônio pós-
ganglionar, a Ach é liberada pelo neurônio pré-ganglionar e se liga a esse receptor. 
Efeitos da atividade parassimpática 
De uma maneira geral, eu encontro receptor muscarínico par no coração ou membrana pré-sináptica, 
que tem um efeito de modulação negativa. À regra, eu encontro receptor muscarínico ímpar. 
 
 
O tempo da ação colinérgica depende do tempo de sobrevida da Ach na fenda. Na membrana da célula 
pós-sináptica há uma enzima ancorada na membrana chamada de acetil colinesterase, a qual degrada a 
acetilcolina. Pode estar na membrana do corpo celular do neurônio pós-ganglionar, assim como na membrana 
da célula muscular. 
Drogas colinominéticas 
• Drogas de ação direta: Ligam-se diretamente aos receptores muscarínicos (quase sempre) ou 
nicotínicos. Atuam como se fosse a própria acetilcolina. 
 
3 Louyse Morais – Medicina - 108 
• Drogas de ação indireta: Inibem a ação da acetilcolinesterase. A concentração de acetilcolina na fenda 
aumenta, havendo uma maior resposta colinérgica. 
Colinérgicos de ação direta: Por sua natureza hidrossolúvel, são pouco absorvidos e mal distribuídos para SNC. 
O carbacol e betanecol são resistentes à hidrólise da acetilcolinesterase e, portanto, têm uma ação mais 
prolongada que a acetilcolina. Os derivados alcaloides são bem absorvidos por via oral. 
• Ésteres da colina: Acetilcolina, betanecol, carbacol. 
• Alcaloides: Muscarina, nicotina, pilocarpina, oxotremorina. A pilocarpina é muito usada como colírio 
para induzir miose. 
Efeitos farmacológicos 
 
! Cialorreia = Produção excessiva de saliva. 
 O efeito colateral não é desejado, porém é esperado. Se um paciente estiver com o rim paralítico, no 
pós-cirúrgico, você pode dar betanecol para estimular a motilidade. No entanto, o paciente pode reclamar de 
bradicardia, cialorreia. Isso ocorre porque o betanecol não é seletivo. 
Colinérgicos de ação indireta: A absorção oral dos carbamatos quaternários é baixa pela sua hidrossolubilidade. 
A fisostigmina é bem absorvida e distribui-se pelo SNC. Os organofosforados são bem absorvidos, distribuídos 
e podem ser tóxicos. 
• Álcool com grupo amino quaternário: Edrofônio. Praticamente não se utiliza na prática médica. 
• Ésteres do ácido carbâmico: Neostigmina, fisostigmina, rivastigmina, donepezila, galantamina (essas 
três são bastante utilizadas na doença de Alzheimer, pois como inibem a acetilcolinesterase, aumentam 
a concentração de Ach, assim, o papel da Ach na memória melhora), piridostigmina (usada em 
pacientes com miastenia gravis, aumentando os níveis de Ach na placa motora, havendo maior 
eficiência da contração). 
• Organosfosforados: Isofluorato. São fármacos que inibem irreversivelmente a acetilcolinesterase. São 
muito usados como praguicidas na lavoura. Se o agricultor não faz uso de EPI, ele tem a possibilidade 
de se intoxicar, com uma concentração de Ach extremamente alta. O paciente morre com insuficiência 
cardíaca e pode ter choque, pois perde bastante líquido (vômitos, diarreia). Um dos tratamentos é usar 
uma droga bloqueadora do receptor colinérgico, como a atropina. Existe uma droga chamada de 
pralidoxima, a qual quebra a ligação covalente entre o organofosforado e o aminoácido do sítio ativo 
da acetilcolina. 
 
4 Louyse Morais – Medicina - 108 
Os efeitos farmacológicos dos inibidores da colinesterase são, em termos qualitativos, muito 
semelhantes à ação do colinomiméticos de ação direta. 
Farmacologia clínica 
• Glaucoma:Aumento da pressão intraocular. Os de ação direta e indireta produzem contração do 
músculo ciliar e facilita o fluxo do humor aquoso. Pilocarpina, carbacol. 
• Trato GI e urinário: Nos distúrbios que envolvem depressão da atividade do músculo liso sem obstrução. 
Íleo paralítico pós-operatório, megacólon congênito, retenção urinária pós-operatória ou bexiga 
neurogênica. Betanecol, neostigmina. 
• Miastenia grave: Processo autoimune que induz a produção de anticorpos contra receptores nicotínicos 
funcionais. Os sinais clínicos incluem fraqueza e fadiga que melhora com repouso. Ptose, diplopia, 
dificuldade na fala e deglutição, fraqueza dos membros. Piridostigimina. Não usa bloqueador direto, 
porque o paciente possui poucos receptores, o ideal é inibir a acetilcolinesterase. 
• Doença de Alzheimer: Demência neurodegenerativa que compromete a memória. Donepezila, 
rivastigimina, galantamina. 
Drogas anticolinérgicas 
 Os agentes antimuscarínicos são frequentemente chamados de drogas parassimpaticolíticas, por 
bloquearem os efeitos da descarga parassimpática. 
Antimuscarínicos: São bem absorvidos e distribuídos. Os derivados quaternários não são bem distribuídos no 
SNC. São rapidamente metabolizados e eliminados. 
• Atropina (usada em ambiente hospitalar), escopolamina (bloqueador muito mais muscarínico do que 
nicotínico; buscopan - antiespasmódico): Alcaloides derivados da Atropa belladonna e Datura 
stramonium. 
• Aminas terciárias e quaternárias: Ipatrópio (potente broncodilatador; lembrar dos efeitos colaterais, 
pois não é seletivo), tiotrópio, oxibutinina. 
 
Tempo de meia vida: Tempo para que a concentração plasmática do fármaco diminua 50%. 
Quantas meias vidas eu preciso contar para que a concentração plasmática da droga no meu paciente 
permaneça constante? 5 meias-vidas. Depois de 5 meias vidas, com tomadas repetidas, a concentração 
plasmática do fármaco no meu paciente tende a ficar constante. 
Farmacologia clínica 
 
5 Louyse Morais – Medicina - 108 
• Cinetose, cólica – distúrbio vestibular: Escopolamina. Sedação e xerostomia. 
• Distúrbios respiratórios – asma, DPOC: Ipatrópio, tiotrópio. 
• Distúrbios cardiovascular – dor do infarto miocárdico da parede inferior é acompanhada por uma 
descarga vagal: Atropina. 
• Distúrbios GI – hipermotilidade: Atropina. 
• Distúrbios urinários – incontinência urinária, bexiga hiper-reativa: Oxibutinina. 
Bloqueadores neuromusculares (BNM) 
 Drogas utilizadas como adjuvantes anestésicos para produzir paralisia neuromuscular – facilitam 
intubação e outros procedimentos cirúrgicos. Interferem na ação pós-sináptica da Ach. 
Classificação farmacodinâmica 
• Não despolarizantes: Impede a despolarização sustentada da placa motora. Músculo fica flácido. 
Tubocurarina. 
• Despolarizantes: São agonistas e produzem o efeito bloqueador a partir da despolarização da placa 
motora. Succinilcolina. Age no receptor, despolariza, o paciente tem um monte de contração repetida, 
mas ele não desgruda, no tempo em que permanece aberto, o receptor fica sem responder, gerando 
uma fase flácida. A desvantagem é que o tempo de meia vida é muito curto, só serve para alguns 
procedimentos ortopédicos e intubações, por exemplo. 
BNM não despolarizantes: São antagonistas competitivos dos 
receptores Nm; necessário bloquear 70-80% dos receptores. São mal 
absorvidos por via oral; distribuição limitada, não atravessando a BHE 
nem a barreira placentária; o atracúrio e o cisatracúrio sofrem 
degradação fisiológica. Exemplos: isoquinolíneos, aminoesteroides, 
amina quaternária. 
! Professor mostra tabela contendo os fármacos com o tempo para 
alcançar bloqueio máximo e a duração do efeito. Acho que não cai na 
prova. 
Efeitos adversos: Hipotensão, pois no procedimento cirúrgico, há uma bradicardia reflexa. Existe uma 
descarga de histamina importante, por isso muitas vezes se associa o uso de um anti-histamínico. 
Usos clínicos: Cirurgias, controle de convulsão, manobras ortopédicas, laringoscopia, broncoscopia. 
BNM despolarizantes: Os agentes desse grupo são decametônio e o suxametônio (succinilcolina). Com início de 
ação rápida e duração ultrarrápida devido sua metabolização pela butirilcolinesterase. O mecanismo de ação 
envolve duas fases – na primeira fase, há abertura do receptor, despolarização da placa terminal, 
despolarização da membrana adjacente e contração muscular desorganizada (fasciculações); na segunda fase, 
há exposição continuada, inativação do receptor e paralisia flácida. A administração é exclusivamente IV. 
Efeitos adversos: Hipertermia maligna (halotano), bradicardia sinusal (tem incidência maior na segunda 
fase, após curto intervalo da primeira dose), hipercalemia, aumento da pressão intraocular, dores musculares. 
Usos clínicos: Intubação endotraquel, pequenas intervenções cirúrgicas, manipulações ortopédicas. 
Transmissão Adrenérgica - Aula 2 
 
6 Louyse Morais – Medicina - 108 
Está relacionada com o Sistema Nervoso Autônomo Simpático. Como a transmissão pré-ganglionar já 
foi vista (pois o neurotransmissor é a acetilcolina), o foco agora será a pós-ganglionar, uma vez que o 
neurotransmissor é a noradrenalina. 
A noradrenalina deriva do aminoácido tirosina. Na verdade, o correto é dizer que começa a partir da 
fenilalanina, precursor da tirosina. A diferença entre elas vai ser a presença da hidroxila. A fenilalanina é 
transformada em tirosina por meio da enzima tirosina hidroxilase. Desse modo, um indivíduo com deficiência 
dessa enzima possui uma doença chamada fenilcetonúria. Além disso, podemos dizer que a tirosina não é um 
aminoácido essencial, uma vez que pode ser obtido a partir da ação da tirosina hidroxilase sobre a fenilalanina. 
O aminoácido tirosina, por 
meio da tirosina hidroxilase, forma 
dopa. Depois que se forma dopa, ela 
sofre uma descarboxilação. Ao perder 
a carboxila, ela fica uma dopa com o 
grupo amino. A partir daí, pode ser 
chamada de dopamina. 
A síntese começa com a 
tirosina, que forma dopa, que forma 
dopamina. A enzima dopamina β-
hidroxilase converte essa dopamina 
em noradrenalina ao hidroxilar o 
carbono beta. 
Apenas a nível de medula de 
adrenal há a atividade da metil transferase – enzima que metila a noradrenalina, metila o grupo amina. Quando 
isso ocorre, a noradrenalina se transforma na adrenalina. Por isso, só há síntese de adrenalina a nível de medula 
de adrenal. 
Todos esses compostos são catecolaminas, pois possuem o grupo catecol – fenil com duas OH. As 
catecolaminas são formadas pela dopamina, noradrenalina e adrenalina (epinefrina). 
As terminações axonais estão passando em nossos tecidos derivados do SN simpático, cujos gânglios 
simpáticos são paravertebrais da região toracolombar. Essas terminações axonais estão cheias de vesículas 
carregadas de neurotransmissores. No corpo celular desses neurônios há a síntese da noradrenalina. A síntese 
começa quando a tirosina é hidroxilada e forma dopa, a qual entra dentro de uma vesícula. Ali dentro, a dopa 
é descarboxilada, formando dopamina e hidroxilada, formando noradrenalina. 
• Via dopaminérgica: Síntese acaba na dopamina. 
• Via adrenérgica: Dopamina sofre hidroxilação e se transforma na noradrenalina. 
A diferença de um trato dopaminérgico para um adrenérgico é a atividade/expressão da enzima, que 
alguns neurônios possuem e outros não. 
No neurônio pré-sináptico, a acetilcolina tem como receptor um receptor nicotínico neural, cuja 
farmacodinâmica é um canal de sódio, que se abre, despolariza a membrana e há uma nova onda dir. Essa onda 
vai passando pelo neurônio, abre canais de cálcio (CAVs), há um influxo de cálcio e esse influxo estimula o 
trânsito das vesículas e secreta a noradrenalina no músculo. Essa noradrenalina que é liberada na fenda 
sináptica (espaço extracelular) pode se ligar a receptores adrenérgicos que estejam nas células próximas ou 
pode ser recaptada. 
 
7 Louyse Morais – Medicina - 108 
Diferençageral na farmacodinâmica da neurotransmissão 
Os neurotransmissores derivados de aminoácidos (tirosina) diferem da neurotransmissão colinérgica, 
pois a acetilcolina é degradada na própria fenda (feita pela enzima acetil colinesterase), já os derivados da 
tirosina quase sempre são recaptados por células, podendo ser a própria célula pré-sináptica ou as células da 
glia ali por perto. Esse neurotransmissor é relativamente solúvel e não pode passar sozinho, portanto, existem 
transportadores que promovem a recaptação. Isso é verdade para noradrenalina, serotonina, histamina, 
dopamina. 
No momento em que a noradrenalina é liberada, ela se difunde e pode se ligar aos receptores 
adrenérgicos ou ser recaptada. Se for recaptada, pode ser reincorporada às vesículas para ser reutilizada ou 
pode ser degradada por um complexo de enzimas mitocondriais da célula que promoveu a recaptação. Assim, 
ao ser recaptada, é transportada para a mitocôndria e degradada pelas enzimas MAO ou COMT. Os produtos 
de degradação da MAO e da COMT são as metanefrinas. O nosso organismo excreta esses compostos na urina. 
Assim, ao colher uma urina de 24 horas e medir a concentração de metanefrinas urinárias, pode-se ter uma 
ideia da produção de catecolaminas no organismo. Uma das metanefrinas mais conhecidas é o ácido 
vanilmandélico, importante para a detecção de tumores secretores de catecolaminas, como o feocromocitoma. 
Portanto, pacientes com esse tumor vão apresentar altos níveis de metanefrinas na urina. 
Por que não medir no sangue? A concentração plasmática de catecolaminas é quase impossível de se 
obter, pois o tempo de meia vida desses compostos é muito curto. 
Além de poder ser recaptada, a noradrenalina secretada na fenda pode se ligar aos seus receptores, 
que são classicamente chamados de adrenérgicos. Os receptores adrenérgicos podem ser α ou β. Os receptores 
α podem, ainda, se subdividir em α1 e α2. Já os receptores β podem ser β1, β2 e β3. 
Os receptores β têm a mesma farmacodinâmica, ou seja, todos têm receptor acoplado à proteína G 
ligada à subunidade alfa estimulatória, portanto, aumentam níveis de AMPc. Os receptores α1 são acoplados a 
uma Gq. Portanto, quando a noradrenalina se liga, aumenta-se os níveis de IP3 e cálcio. Já o α2 quase sempre 
é pré-sináptico e ele tem uma farmacodinâmica de G0, diminuindo AMPc. A gente diz que o α2 é um modulador 
da secreção do neurotransmissor. 
Efeitos da atividade simpática 
 
Quando eu penso em coração, eu penso em β1. Quando eu penso no pulmão, eu penso em β2. A gente 
sabe que na musculatura vascular esquelética, você tem expressão importante de β2. No olho, se tem β2 (essa 
expressão é importante pois há alguns tratamentos de glaucoma que é por bloqueador de β2). Na região 
vascular eu penso em α1, que induz contração, porque a expressão de β no músculo do vaso induz um pouco 
 
8 Louyse Morais – Medicina - 108 
de relaxamento. Se eu penso em α2, eu penso em pré-sináptico, portanto, eu vou encontrar mais na fibra pós-
ganglionar simpática, na região da placa. Eu encontro mais na membrana pré-sináptica, que modula a minha 
resposta simpática. No trato gastrintestinal e urinário, eu encontro basicamente α1, e eles fazem o oposto da 
atividade parassimpática, ou seja, menor motilidade, menor liberação urinária e de fezes. O β3 é mais 
encontrado no tecido adiposo, onde ele promove lipólise, assim como no tecido hepático todos os β induzem 
glicogenólise. A adrenalina tende a ser hiperglicemiante. Em geral, se você não está precisando e tem descargas 
simpáticas, às vezes você engorda, uma vez que a glicose desnecessária é revertida para a síntese de 
triglicerídeos. 
! A farmacodinâmica é a mesma, o efeito tecidual depende das enzimas que aquele órgão produz. 
Drogas simpaticomiméticas 
Podem ser classificadas em de ação direta e de ação indireta. 
• Ação direta: Interagem diretamente com o receptor; são agonistas. Induzem resposta tecidual 
semelhante ao composto endógeno. 
• Ação indireta: Inibem a recaptação de catecolaminas. Assim, a concentração da nora aumenta na fenda. 
Também pode inibir a MAO, diminuindo a atividade dessa enzima, então a concentração de nora 
também aumenta. Podem induzir a liberação de catecolaminas que estão armazenadas. 
 
Agonistas adrenérgicos de ação direta não seletivos (não fazem diferença entre α e β) 
• Adrenalina 
• Noradrenalina 
• Oximetazolina: É parcialmente seletiva, pois tem pouca afinidade pelo receptor β, mas não distingue 
α1 e α2, é muito usada em descongestionante nasal. Ela induz vasoconstrição, fazendo a coriza 
desaparecer. Se usar muito, a pressão do paciente pode se alterar, porque ela é um agonista α1 – se 
eu tenho vasoconstrição periférica, eu vou aumentar a resistência periférica, aumentando também a 
PA (PA = DC * RVP). 
• Isoproterenol: É seletivo, mas nem tanto, pois é seletivo para receptores β, apesar de não distinguir 
entre os subtipos (mais afinidade pelo β2, mas também atua sobre β1). O paciente pode reclamar de 
taquicardia, por exemplo. 
 
9 Louyse Morais – Medicina - 108 
Agonistas adrenérgicos de ação direta seletivos 
• Fenilefrina: É seletivo α1. Há muito descongestionante nasal à base dele, mas ele também aumenta a 
PA. Nesse caso ele aumenta mais ainda, pois não atua sobre α2, que de certa forma modula a secreção 
do neurotransmissor. 
• Clonidina: Pode ser usada como anti-hipertensivo, porque é seletiva para receptores α2, os quais são 
moduladores da secreção de neurotransmissor. Se eu vou secretar menos noradrenalina, a minha 
atividade simpática vascular cardíaca tende a diminuir, e consequentemente há uma melhora da PA. 
• Dobutamina: Ótimo cardiotônico (inotrópico positivo), porque é seletivo β1. 
• Terbutalina: Melhora capacidade respiratória sem provocar efeitos no m. cardíaco, porque é um 
broncodilatador seletivo β2. O paciente pode ter tremor por causa do efeito β2 da musculatura 
esquelética. 
Agonistas adrenérgicos de ação indireta 
• Inibidores de recaptação de noradrenalina 
o Cocaína: Causa grande aumento da descarga simpática. Não é mais utilizada na prática médica. 
Tinha uma certa ação anestésica. 
• Agentes liberadores 
o Anfetaminas: São agentes indiretos, visto que estimulam a secreção de noradrenalina que está 
armazenada. Foram muito utilizadas como anorexígenas, pois a pessoa não sente fome, mas 
alguns dos efeitos colaterais são insônia, taquicardia, hipertensão. Uma anfetamina muito 
usada é a ritalina – como libera muita noradrenalina no circuito de papez no sistema límbico, 
você fica mais focado. Anfetaminas têm tempo de vida muito longo, pois resistem à 
degradação. 
Grupo de drogas de ação mista 
São pouco seletivas e estimulam a liberação de noradrenalina. Muito usadas como descongestionantes 
nasais. 
Farmacocinética 
 
Estrutura básica da noradrenalina 
À medida em que se faz substituições do grupo amino, aumenta a seletividade para receptores β. Já as 
substituições no carbono alfa bloqueiam a ação da MAO e COMT. A substituição no anel benzeno resulta em 
ausência das hidroxilas – menor atividade. 
Agonistas adrenérgicos 
Drogas não seletivas Adrenalina Vasoconstritor e estimulante cardíaco muito potente. 
Elevação da pressão sistólica. Aplicação em reações 
de anafilaxia. 
Noradrenalina Possuem maior afinidade por β1. Em pacientes de 
UTI, se fala muito em nora, para aumentar a atividade 
cardíaca. 
 
10 Louyse Morais – Medicina - 108 
Drogas não seletivas beta Isoproterenol Maior seletividade para receptores β. 
Broncodilatador não seletivo. 
Drogas não seletivas alfa Oximetazolina (afrin), 
nafazolina (sorine) 
Descongestionante nasal, hipertensor. 
Drogas seletivas alfa 1 Fenilefrina Descongestionante nasal. Hipertensor. 
Drogas seletivas alfa 2 Clonidina Antihipertensivo 
Drogas seletivas beta 1 Dobutamina Cardio seletivo 
Drogas seletivas beta 2 Terbutalina, fenoterol, 
albuterol, salmeterol, 
salbutamol 
Broncodilatadores. Tremores eatividade cardíaca. 
 
Ritodrina Inibidor do trabalho prematuro de parto 
Drogas de ação mista Efedrina e 
pseudoefedrina 
Liberação de catecolaminas armazenadas. 
Descongestionante nasal. 
Drogas que estimulam a 
liberação 
Anfetamina, 
femproporex, 
dextraanfetamina, 
metilfenidato 
Efeito estimulante sobre humor e virgília e depressor 
do apetite. 
 
Drogas que inibem a 
recaptação 
Cocaína Inibição da recaptação do neurotransmissor. Inibir a 
captação da dopamina. 
 
Farmacologia clínica 
• Condições que é necessário aumentar o fluxo sanguíneo ou pressão arterial: Hipotensão ortostática 
crônica e choques. Usa noradrenalina e adrenalina. 
• Aplicações cardíacas: Parada cardíaca, bloqueio cardíaco. 
• Respiratório: Broncodilatador; asma brônquica. Usa-se isoproterenol, salbutamol, terbutalina, 
fenoterol. 
• Anafilaxia: Broncoespasmo, congestão de mucosas, colapso cardiovascular, angioedema. Usa-se 
adrenalina. 
• Nasal: Oximetazolina. 
• Genitourinária: Inibidor da contratilidade uterina. Usa-se ritodrina. 
• SNC: Anfetamina. Usa-se femproporex, que causa melhora do humor, obesidade, melhora da vigília. 
Antagonistas dos receptores adrenérgicos 
 
Antagonistas dos receptores alfa não seletivos 
 
11 Louyse Morais – Medicina - 108 
• Fentolamina: Antagonismo competitivo. Vasodilatação. Produz redução da resistência vascular 
periférica e pressão sanguínea. 
• Fenoxibenzamina: Antagonista irreversível. Feocromocitoma. Restrito a ambientes hospitalares. 
Antagonistas dos receptores alfa seletivos 
• α1 seletivo: Diminui a pressão, pois diminui resistência vascular periférica. Exemplos: Prazosina 
(bloqueio dos receptores das arteríolas e veias, provocando uma queda da RVP e do retorno venoso 
provocando relaxamento do músculo liso; o principal efeito adverso é a hipotensão postural e síncope 
após primeira dose); Terazosina Tansulosina – muito utilizada em hiperplasia prostática benigna, pois 
melhora obstrução urinária e polaciúria (urina frequentemente em baixos volumes). 
• α2 seletivo: Não tem na prática clínica. 
Antagonistas dos receptores beta 
São bem absorvidos por via oral, sofrem intenso metabolismo de primeira passagem, ampla distribuição 
e fácil eliminação. No sistema cardiovascular, reduzem a pressão sanguínea e possuem efeitos inotrópicos e 
cronotrópicos negativos. Nos metabólicos, inibem a lipólise e glicogenólise. No olho, reduzem a pressão 
intraocular. 
• Betabloqueador de primeira geração (não seletivos): Propanolol (diminui o débito cardíaco – anti-
hipertensivo, antiarrítmico, “ansiolítico”, tratamento de hipertireoidismo), timolol (betabloqueia para 
o tratamento de glaucoma). 
Principal contraindicação de β-bloqueador: Contraindicado para pacientes que têm dificuldades 
respiratórias (fumantes), porque bloqueia todos os receptores β2. Portanto, se o paciente tiver DPOC não é 
recomendado usar propranolol. A desvantagem do propranolol é que ele tem o tempo de meia vida curto, 
sendo necessária a tomada de várias doses durante o dia. Assim, a adesão do paciente é menor. O propranolol 
deve ser prescrito com muita cautela para quem faz uso de hipoglicemiante, principalmente se for insulina. A 
principal complicação de quem faz uso de insulina são os picos de hipoglicemia, havendo uma descarga 
simpática que alerta para o pico hipoglicêmico. Se você betabloqueou um paciente, o pico hipoglicêmico vai ser 
mascarado. Nesse caso, se usa um betabloqueador de segunda geração, pois são β1 mais seletivos. 
O propranolol é muito utilizado para o tratamento de hipertireoidismo, pois pacientes com essa 
patologia apresentam taquicardia. 
Por que o aumento de T3 dá taquicardia? Os hormônios são divididos em hidrofílicos e hidrofóbicos 
(esteroides – hormônios adrenais e sexuais; T3 e T4). Os hormônios hidrofóbicos atravessam a membrana 
plasmática, no citosol se ligam ao receptor e vão para o núcleo, onde modulam a expressão gênica, podendo 
induzir ou deprimir a expressão de proteínas. O T3 aumenta a expressão de receptor β1 no coração. 
• Betabloqueador de segunda geração (beta 1 seletivos): Atenolol, metoprolol. O tempo de meia vida 
deles é muito maior, portanto, há melhor adesão do paciente. 
• Betabloqueadores de terceira geração: Alguns são seletivos e outros não. Além de betabloquear, 
diminuem a quantidade de espécies reativas de oxigênio. Isso é muito bom para a prevenção de 
doenças ateroscleróticas. Alguns bloqueiam β1 e são agonistas de β2. Assim, melhoram capacidade 
respiratória; aumentam a quantidade de óxido nítrico, gerando vasodilatação. Caverdilol (não seletivo), 
celiprolol (seletivo). 
Efeitos adicionais dos betabloqueadores de terceira geração 
 
12 Louyse Morais – Medicina - 108 
 
Farmacologia clínica 
• Hipertensão: A droga é frequentemente associada a um diurético ou vasodilatador. 
• Cardiopatia isquêmica: Reduzem os episódios de angina e melhoram a tolerância ao exercício. 
• Arritmias: Propranolol. 
• Glaucoma: Timolol 
• Hipertireoidismo: Propanolol 
• Neurológicas: Redução da frequência e intensidade da enxaqueca, manifestações somáticas da 
ansiedade. 
Histamina – Aula 3 
A histamina é uma amina derivada de um aminoácido – histidina. Esta última é um aminoácido básico 
e essencial. A histidina sofre a ação da histidina descarboxilase, perdendo a carboxila e se tornando a histamina. 
A histamina, além de ser uma amina vasoativa, é um neurotransmissor. Há alguns tratos do SNC que são 
histaminérgicos. O principal local de armazenamento e síntese dessa molécula é nos mastócitos tissulares, os 
quais a sintetizam fortemente e a estocam em grânulos. Esses grânulos histaminérgicos dos mastócitos e 
basófilos circulantes possuem não apenas histamina, mas também enzimas e outros compostos. A histamina é 
básica, então esses grânulos são ricos em polissacarídeos sulfatados (possuem carga negativa). A histamina 
(carga positiva), junto com os polissacarídeos, faz a neutralização desses grânulos. 
A histamina possui um tempo de meia vida muito curto, é captada e destruída pela MAO. É por isso que 
os inibidores da MAO são componentes complexos de serem trabalhados, porque aumentam a quantidade de 
nora, dopamina, histamina e outros compostos – o efeito é bem maior. 
Ao ser degradada pela MAO, a histamina forma o ácido imidazolacético, que é excretado pela urina e 
representa a produção endógena dessa molécula. 
Química e metabolismo: A histamina é formada pela 
descarboxilação da L-histidina pela histidina descarboxilase. 
Ela é armazenada em grânulos nos mastócitos e nos basófilos. 
Sua inativação é rápida, formando o ácido imidazolacético pela 
ação da MAO. 
Armazenamento e liberação: Nos mastócitos e 
basófilos humanos, os grânulos de armazenamento contém 
histamina complexada com polissacarídeo sulfatado como 
sulfato de condroitina. A sua liberação pode ser do tipo 
imunológica (células sensibilizadas com IgE) ou liberação 
química (morfina, vancomicina, atracúrio – drogas que 
induzem a liberação de histamina). 
 
13 Louyse Morais – Medicina - 108 
Degranulação dos mastócitos: Proteína na membrana dos mastócitos que se liga ao Fc dos IgE. Um 
mastócito povoado de IgE é chamado de sensibilizado. Ou seja, houve uma produção grande de IgE e ele está 
cheio desse anticorpo em sua membrana. Ao entrar em um novo contato com o alérgeno e pelo menos duas 
IgE estiverem próximas, reconhecem o alérgeno, há um influxo de cálcio que leva à degranulação mastocitária. 
A reposição da histamina em um mastócito desgranulado demora um tempo. Isso tem uma importância 
clínica: você sofre os efeitos da primeira descarga antes de sofrer uma segunda. 
Farmacodinâmica 
Receptores histaminérgicos: H1, H2 e H3. 
Quando eu penso em H2, eu penso na 
mucosa gástrica e no coração. O restante é H1. O H3 
tem uma ação semelhante ao α2 adrenérgico (pré-
sináptico, com ação de controle da secreção do 
neurotransmissor), ele se distribui mais nas vias 
histaminérgicasdo SNC, com uma distribuição pré-
sináptica, no controle da liberação de 
neurotransmissores. A maioria das ações da 
histamina é mediada por receptores do tipo H1. 
Os muscarínicos ímpares, o H1 e α1 têm uma farmacodinâmica de IP3 e cálcio. Os receptores H2 têm a 
proteína G acoplada à Gs e, portanto, aumento de AMPc, assim como todos os beta adrenérgicos. Os H3 são 
inibitórios (proteína G inibitória), assim como o muscarínico 2 e o α2 adrenérgico. 
Efeitos farmacológicos 
 A grande ação da histamina é que ela 
é um potente vasodilatador e, por isso, produz 
hipotensão, causa edema e vermelhidão, pois 
aumenta a permeabilidade capilar. Além disso, 
é um poderoso estimulador cardíaco, pois 
causa taquicardia (receptores H2; embora a 
densidade desses receptores não seja muito 
grande). A histamina também é um poderoso 
broncoconstritor. Ela também tem uma 
atividade importante na musculatura lisa do 
TGI e do TU, induzindo peristaltismo (cólica). 
Ademais, é um poderoso secretagogo de ácido clorídrico, o que faz com que o paciente tenha uma 
maior propensão à vômito, pois ele tem uma hipermobilidade associada com uma secreção gastrintestinal 
elevada. Isso pode levar a uma desidratação tanto por vasodilatação, como por perda de volume associada a 
diarreias e vômitos. No trato espinotalâmico, há uma grande expressão de receptores histaminérgicos – 
percepção de prurido (será melhor discutido na aula de dor). 
 No SNC, a histamina dá uma percepção de tontura, podendo estimular cada vez mais a êmese. Quando 
há uma descarga histaminérgica e se produz esses efeitos sistêmicos, de modo clinicamente visível, chamamos 
de resposta anafilática. É preciso saber distinguir clinicamente o choque anafilático de uma resposta alérgica 
para uma determinada situação. 
Antagonistas 
 
14 Louyse Morais – Medicina - 108 
 A histamina não possui aplicação clínica. Portanto, só se utiliza os antagonistas da histamina. 
• Antagonista fisiológico: Adrenalina 
• Antagonista de liberação: Cromolina, nedocromil (Tilade) – Inibem a degranulação em mastócitos 
pulmonares (asma), diminuindo a descarga histaminérgica. 
• Antagonistas de receptores ou agonistas inversos: H1 – primeira e segunda geração; H2 – seletivos. 
Os anti-histamínicos são antagonistas do receptor H1, são seletivos para receptores H1, embora 
tenham afinidade para outros receptores (não apenas os histamínicos). Possuem pouca afinidade para H2. Os 
anti-histamínicos são divididos em de primeira geração e de segunda geração. São os mais utilizados na prática 
médica. 
Antagonista H1 
• Bloqueiam por antagonismo competitivo reversível. Exibem potência desprezível em receptores H2. 
• São bem absorvidos por via oral, alcançando níveis séricos máximos em 1 ou 2 horas, com alto VD. 
• Possuem meia-vida plasmática em média de 4 a 6 horas 
• Os agentes de primeira geração possuem efeito sedativo forte. 
• Estes antagonistas possuem várias ações que não são atribuídas exclusivamente ao bloqueio da ação 
da histamina, mas de sua interação com outros receptores como receptores colinérgicos muscarínicos, 
alfa-adrenérgicos, da serotonina. 
• Interação farmacológica – potencialização com inibidores do SNC 
• Os de segunda geração possuem efeito sedativo menor devido sua pouca distribuição no SNC. 
Antagonistas de primeira geração 
• Muito potentes, mas possuem grande 
lipossolubilidade – atravessam barreira 
hematoencefálica. 
• Possuem afinidade para bloquear 
receptores colinérgicos do SNC, 
induzindo sedação. 
• Têm um tempo de meia vida mais curto. 
É preciso tomar várias vezes durante o 
dia. 
• Anti-histamínico melhora a gripe, pois 
diminui rinorreia e melhora capacidade 
respiratória. 
• O dimenidranato (dramin) é bastante utilizado em casos de tontura/enjoo (cinetose). 
• Os derivados piperazínicos são muito utilizados em distúrbios do labirinto (vertigem). 
• A dexclorfeniramina, a prometazina (um dos mais potentes), o dimenidranato e a difenidramina são os 
mais importantes. 
• Na prática médica, o prometazina (fenergan) é conhecido como sossega leão, pois o efeito sedativo é 
muito grande. 
Antagonistas de segunda geração 
 
15 Louyse Morais – Medicina - 108 
• São hidrofílicos, ou seja, causam menos 
sedação. Dessa forma, melhoram quadro 
atópico sem provocar sonolência. 
• Aprender pelo menos fexofenadina. 
 
 
 
 
Diferença entre os anti-histamínicos de primeira e segunda geração – essa é a tabela pra fazer a fila 
 
Farmacologia clínica 
• Reações alérgicas: Primeira escolha na prevenção ou tratamento das reações alérgicas, rinite alérgica 
e na urticária. 
• Cinetose 
Antagonistas H2 
• Não chamamos de anti-histamínico, e sim de bloqueador H2. 
• São antagonistas competitivos reversíveis seletivos dos receptores H2. 
• Inibem a secreção ácida estimulada pela histamina. 
• Impotência em homens em doses elevadas. A cimetidina tem afinidade pelo receptor da testosterona, 
bloqueando-o. O uso prolongado e/ou em doses elevadas dos BH2 causam, portanto, impotência e 
perda de libido. 
• Cimetidina, ranitidina, famotidina. 
Em uma célula parietal (está na mucosa gástrica – glândula gástrica que produz HCl), o CO2 reage com 
a água através da anidrase carbônica, formando o ácido carbônico. Esse ácido no pH fisiológico, se dissocia 
formando bicarbonato e H+. Do lado parietal, esse bicarbonato, que tem carga negativa, é lançado no sangue 
e trocado por um cloreto. Do lado luminal, existe uma proteína de membrana que joga o próton para fora em 
troca de um potássio. O cloreto é difundido para o lúmen, formando o HCl. É dessa forma que a célula parietal 
secreta ácido clorídrico. Além disso, essa célula também secreta o fator intrínseco, que é uma proteína 
fundamental para a absorção da vitamina B12. Se eu não tiver fator intrínseco, eu não absorvo vitamina B12. 
O TGI tem uma grande quantidade de células enterocromafins, as quais secretam histamina. Na 
membrana parietal, eu tenho o receptor H2. Quando a histamina se liga ao H2, aumenta AMPc. Este ativa PKA, 
que fosforila a anidrase carbônica e esta última fosforilada, produz muito ácido. Dessa forma, há uma produção 
 
16 Louyse Morais – Medicina - 108 
excessiva de ácido clorídrico. Para diminuir a produção de ácido, eu posso utilizar um BH2 ou um IBP (inibidor 
da bomba de prótons). 
Farmacologia clínica 
• Úlcera péptica duodenal 
• Úlcera gástrica 
• Esofagite erosiva (distúrbio por refluxo gastroesofágico – DRGE) 
• Condições hipersecretoras: Síndrome de Zollinger-Ellison – Tumor secretor de gastrina (hormônio que 
induz a produção de HCl), mastocitose sistêmica e os adenomas endócrinos. 
• A cimetidina inibe o metabolismo de drogas do P450: propranolol, Diazepam, varfarina, carbamazepina, 
etanol, antidepressivos tricíclicos, sulfoniluréia, metronidazol. LEMBRAR DE ANTICOAGULANTE ORAL, 
interage com cimetidina!!! 
Eicosanoides – Aula 4 
Os eicosanoides são substâncias sintetizadas em nosso organismo a partir de ácidos graxos com 20 
átomos de carbono e poli-insaturados – ou um ômega 3 (EPA) ou um ômega 6 (ácido araquidônico). Os 
eicosanoides são muitas vezes chamados de metabólitos do ácido araquidônico, pois os ácidos graxos ômega 6 
são mais frequentes do que os ácidos graxos ômega 3. 
 Dessa forma, podemos definir os eicosanoides como compostos derivados do ácido araquidônico ou 
do EPA que funcionam como mediadores fisiológicos da inflamação, da agregação plaquetária e da quimiotaxia. 
São classicamente classificados em prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanas e leucotrienos. 
 
Não há ácidos graxos soltos em nossas células. Eles são encontrados basicamente esterificados com o 
glicerol, podem estar estocados no tecido adiposo – na forma de triglicerídeo, ou nas estruturas dos 
fosfolipídios das membranas. Na estrutura do fosfolipídio, há uma molécula de glicerol, dois ácidos graxos 
esterificados, um ácido fosfórico e um X. Se esse X for a colina, chama-sede fosfatidilcolina, se for o etanol, 
chama-se fosfatidiletanol, por exemplo. Nos fosfolipídios de membrana, o ácido graxo na posição 1 quase 
sempre é saturado, já o da posição 2 é quase sempre insaturado. O ácido araquidônico (AA) não se encontra 
livre nas células, ele se encontra na posição 2 dos fosfolipídios de membrana. 
Se na membrana da célula, a fosfolipase A2 atuar sobre o fosfolipídio, ela vai quebrar a ligação do ácido 
graxo da posição 2, liberando-o. Se esse ácido graxo for o AA ou o EPA, teremos um substrato para a síntese 
dos eicosanoides. 
 
17 Louyse Morais – Medicina - 108 
O fosfolipídio de membrana, pela ação da fosfolipase A2, libera o AA, que é o ômega 6. O fosfolipídio 
que sobra é chamado de lisofosfolipídio. Portanto, lisofosfolipídio é o fosfolipídio que perdeu o ácido graxo da 
posição 2 e vai dar origem a um composto inflamatório chamado de PAF (Fator de Ativação de Plaquetas). 
Quando se produz prostaglandinas, também se produz PAF, que é uma molécula pró-inflamatória também. 
 O AA sofre a ação de um complexo enzimático chamado de COX (ciclooxigenase), o qual ciclisa o ácido 
graxo, formando um composto chamado prostaglandina (PGH2). Se isso ocorrer na plaqueta, a parada é a 
mesma, mas só nela há a atividade da tromboxana sintetase, que pega o PGH2 e o transforma em um composto 
chamado de tromboxano (TXB2). O único lugar que tem atividade de tromboxana sintetase importante é nas 
plaquetas. A tromboxana é uma poderosa vasoconstritora, estando associada à hemostasia primária, além de 
ser uma poderosa agregadora plaquetária – atividade trombogênica. Se isso acontecer nas células endoteliais 
vasculares, a síntese ocorre do mesmo jeito, mas elas possuem uma forte atividade da enzima fosfaciclina 
sintetase, produzindo um prostanoide chamado de prostaciclina (PGI2), que tem uma ação vasodilatadora – por 
isso é pró-inflamatória, e diminui a agregação plaquetária. 
 Na maioria dos nossos tecidos, nós temos a prostaglandina sintetase, fazendo o tecido produzir 
prostaglandina (PGE2) – poderosa molécula pró-inflamatória. 
 A PGE2 e os seus derivados metabólitos têm uma ação além da atividade inflamatória. As nossas células 
fúndicas gástricas secretam boa quantidade de PGE2, a qual estimula a secreção de mucinas. Quando ela faz 
isso, ela tem um efeito de citoproteção da mucosa gástrica, porque o ácido clorídrico vai ter mais dificuldade 
de atingir as camadas de células do estômago. 
 Uma forma de aumentar a taxa de filtração glomerular é dilatando a arteríola aferente e constringindo 
a arteríola eferente. A arteríola aferente é muito sensível à ação das prostaglandinas. Portanto, as PGE2 
melhoram a taxa de filtração glomerular, pois induzem vasodilatação. 
As prostaglandinas também são poderosas constritoras da musculatura lisa – útero. Além disso, 
induzem desregulação do termostato hipotalâmico, tendo papel importante na indução da febre; a produção 
de PGE2, nesse caso, é induzida por pirógenos. Por fim, a PGE2 também tem papel importante no processo da 
dor, mas será melhor abordado nas próximas aulas. O corpo cavernoso é sensível à ação das prostaglandinas – 
induz ereção. 
Metabólitos do ácido araquidônico 
• Metabólitos da via cíclica do ácido araquidônico: PGE2, PGI2 e TXA2, os quais são formados a partir da 
COX. 
• Metabólitos da via linear do ácido araquidônico: Leucotrienos, os quais são formados a partir da LIPOX. 
Papel dos leucotrienos na fisiopatologia das doenças inflamatórias pulmonares: Os leucotrienos são 
compostos fortemente sintetizados no sistema pulmonar, e são poderosos broncoconstrictores. Além disso, 
são poderosos quimiotáxicos de leucócitos, particularmente de eosinófilos. Boa parte da exacerbação do 
processo de asma, rinites alérgicas e doenças inflamatórias aéreas está relacionada com a produção de 
leucotrienos. 
 Os anti-inflamatórios são drogas que vão tentar inibir a síntese desses compostos. Na prática médica, 
prostaglandinas são utilizadas muito pouco. 
Tipos de eicosanoides 
• Eicosanoides do tipo II: Derivados do AA. 
• Eicosanoides do tipo III: Derivados do EPA. 
 
18 Louyse Morais – Medicina - 108 
Não há diferença entre os eicosanoides do tipo II e do tipo III, a não ser as tromboxanas. As tromboxanas 
derivadas do EPA são muito menos agregadoras plaquetárias do que as derivadas do AA. Isso explica porque 
cardiologista e nutrólogo ama suplemento de ômega 3, porque quanto mais ômega 3 mais EPA, produzindo 
TXA3, que agrega menos plaquetas e tem um efeito trombogênico menor. 
Farmacologia 
• Receptores: Os eicosanoides atuam de modo autócrino e parácrino. Todos os receptores estão 
acoplados à proteína G. A farmacodinâmica das prostaglandinas e das prostaciclinas envolve o aumento 
de AMPc, já a farmacodinâmica das tromboxanas envolve a produção de IP3 e DAG. 
• Músculo liso 
o Vascular: As tromboxanas agem como vasoconstritores e são mitógenas, pois estimulam a 
produção de um composto chamado PDGF – Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas, que 
induz a proliferação da musculatura vascular. Quando PDGF começa a estimular a proliferação, 
o vaso perde a complacência, porque a camada de musculatura lisa fica cada vez mais espessa, 
isso a gente chama de remodelamento vascular. Se esse remodelamento ocorre no pulmão, a 
capacidade de expansão pulmonar vai diminuindo. No vaso, forma placas de ateroma. As 
prostaciclinas e as prostaglandinas são vasodilatadoras. 
o Trato GI: O músculo longitudinal – contração – PGE2, PGF2a 
o Vias aéreas: O músculo liso respiratório é relaxado pela PGE2, PGI2, e contraído pela TXA2. 
• Plaquetas: Agregação plaquetária. 
• Rins: A prostaglandina e a prostaciclina aumenta a filtração glomerular pela sua ação vasodilatadora 
aumentando a excreção de sódio e água. 
• Órgãos reprodutivos femininos: Prostaglandina induz contração da musculatura lisa. 
• Órgãos reprodutivos masculinos: Prostaglandina induz vasodilatação. 
• SNC: Indução da febre – os pirógenos liberam IL-1, que estimulam a formação de prostanoides que 
desregulam o centro da temperatura. 
• Osso: Aumentam a renovação óssea. 
• Leucotrienos: Quimiotaxia de neutrófilos, broncoconstritores, aderência de eosinófilos e degranulação 
e formação de radicais livres. 
Inibidores 
A gente divide os anti-inflamatórios em esteroidais ou hormonais (corticoides) – AIE, e os anti-
inflamatórios não esteroidais – AINES. Nesta aula, estudaremos os corticoides. 
• Corticoesteroides: Inibição da fosfolipase A2, indução de anexinas ou lipocortinas – proteínas inibitórias. 
• AINES: Inibidores de COX – aspirina, indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, 
celeboxib, refecoxib. 
• Zileuton: Inibidor da lipoxigenase. 
• Zafirlukast: Inibidor de receptores. 
Todos os corticoides têm 4 anéis na sua estrutura e derivam do cortisol. A primeira coisa que se deve 
pensar é que o cortisol é um hormônio esteroide e, portanto, hidrofóbico/lipofílico. Os hormônios esteroidais 
circulam ligados a uma proteína, mas o receptor dele não está na membrana, ele passa dentro do citoplasma e 
liga-se ao receptor. O complexo hormônio-receptor migra para o núcleo e lá vai se ligar a elementos responsivos 
– sequência de DNA que reconhece aquele complexo. Na hora que isso acontece, tem-se o que se chama de 
modulação gênica. Em alguns pontos, ele pode aumentar a síntese proteica, mas em outros ele pode reprimir 
essa síntese. O corticoide, portanto, modula a expressão gênica, aumentando a expressão de algumas 
 
19 Louyse Morais – Medicina - 108 
proteínas, mas inibindo a expressão de outras. Uma proteína que tem sua expressão aumentada é a lipocortina, 
a qual age inibindo a fosfolipase A2. Assim, podemos dizer que o corticoide é um poderoso anti-inflamatório. 
Para pacientes asmáticos que possuem um processo inflamatório, só dá certo corticoide, porque ele também 
inibe a síntese de leucotrienos. Os AINEs inibem COX, se você der AINEs para um pacienteasmático, pode ser 
que a crise piore, porque o ácido araquidônico vai inteiramente para a síntese de leucotrienos. 
 
Corticoide é anti-inflamatório porque inibe fosfolipase A2, mas inibe a produção de PAF, que é outra 
molécula que tem parte importantíssima no processo inflamatório e na hipersensibilidade. Ademais, os 
corticoides também inibem a expressão de diversas interleucinas e, portanto, a resposta imune ao processo 
patogênico fica diminuída. Consequentemente, o corticoide, além de modular a resposta inflamatória, também 
vai ter um papel imunossupressor. 
 Para resumir, dizemos que o cortisol inibe a resposta inflamatória por inibir a produção dos metabólitos 
do ácido araquidônico (prostaglandinas e leucotrienos), do fator de ativação das plaquetas (PAF), do TNF e da 
IL-1. 
Principais usos clínicos dos corticoides 
• Terapia de reposição: Insuficiência adrenal. 
• Ação anti-inflamatória: Doenças autoimunes, processos inflamatórios granulomatosos, processos 
inflamatórios pulmonares. 
• Imunossupressão: Transplante de órgãos, doenças autoimunes. 
Principais corticoides 
Todos os corticoides do mercado têm os 
mesmos quatro anéis. A adrenal produz os 
hormônios aldosterona, cortisol e hormônios 
sexuais. O cortisol é muito parecido com a 
aldosterona, a qual é um mineralocorticoide, pois 
promove reabsorção de sódio. Portanto, 
corticoide tem uma ação mineral por ser 
semelhante à aldosterona molecularmente. Se o 
corticoide tem alguma ação mineral, ele retém 
sódio, aumentando a pressão osmótica 
intravascular, fazendo o indivíduo reter mais água 
e ter edema. 
A indústria farmacêutica fez modificações clínicas no cortisol pra aumentar sua capacidade corticoide 
e diminuir a sua atividade mineral. Essas modificações induziram a uma diminuição da atividade mineral e um 
aumento da potência da atividade corticoide. A prednisona, metilprednisolona e dexametasona são os 
principais corticoides, e podem ser absorvidos por via inalatória, importante para asmáticos, pois tendem a ter 
menos efeitos sistêmicos. Além desses, beclometasona, budesonida, trianicilona e fluticasona são muito usados 
como corticoides inalatórios. 
 
20 Louyse Morais – Medicina - 108 
O cortisol (hidrocortisona) tem 
potência igual a 1, porque é o nosso 
endógeno. A dose equivalente à minha 
produção endógena é 20 mg. Se eu tive um 
infarto da adrenal, eu tenho que tomar 20 mg 
de hidrocortisona pelo resto da minha vida. 
Predinisolona é cinco vezes mais potente, a 
dose equivalente é, portanto, 4 mg. A 
prednisona, a dose equivalente é 5 mg. Na 
dexametasona, a dose é 0,75 mg, porque é 25 
vezes mais potente. 
Como o mecanismo de ação dos corticoides é a modulação da expressão gênica, a ação dele vai além 
do tempo em que ele está circulando. 
Efeitos colaterais da hipercortisolemia 
No metabolismo ósseo: Diminuição da atividade osteoblástica, diminuição da absorção de cálcio 
intestinal, aumento da secreção do PTH, aumento da atividade osteoclástica. O corticoide aumenta muito a 
atividade osteoplástica, pois inibe as enzimas que fazem a degradação do osso. O osso vai ficar, portanto, mais 
poroso. Dessa forma, para prescrever corticoide, é preciso saber a densidade mineral óssea do paciente antes. 
Tomar cuidado com idosos que fazem uso de corticoide, pois as fraturas são comuns. 
Terapia crônica com corticoides e o metabolismo de carboidratos 
O corticoide é derivado do cortisol. O 
cortisol é hiperglicemiante, pois é liberado 
para aumentar a glicemia. Esse excesso de 
glicose vai ser estocado na forma de 
glicogênio, assim como no tecido adiposo, por 
isso há aumento de peso. Deve-se lembrar que 
corticoide é gliconeogênico – gliconeogênese é 
feita a partir de aminoácidos. Desse modo e, 
corticoide é proteolítico, pois estimula a 
proteólise das proteínas musculares, 
principalmente as distais (dos membros), para 
que esse aminoácido vá para o fígado e se transforme em glicose. Por isso, os indivíduos que usam corticoide 
há muito tempo parecem um barril – baixo conteúdo proteico em braços e pernas e grande volume abdominal. 
Em longo prazo, essa continuidade de “pico hiperglicêmico – insulinemia – lipogênese” leva ao desenvolvimento 
de diabetes. 
Terapia crônica com corticoides e o SNC 
• Morte ou atrofia neural: Pacientes que fazem uso de corticoides de longa data têm ideação 
suicida/psicose. 
• Principais estruturas afetadas: Hipocampo, núcleos da base. 
• Sintomas neuropsiquiátricos: Cognitivos – memória, aprendizado; humor – irritabilidade, depressão, 
ideação suicida, ideação paranoica; sono – insônia. 
Terapia crônica com corticoides e a função gástrica 
 
21 Louyse Morais – Medicina - 108 
• O uso prolongado de corticoides pode induzir na função gástrica: Aumento na secreção do HCl, 
diminuição na produção de mucinas que fazem a proteção da mucosa gástrica. 
• O uso de corticoides aumenta o risco de desenvolvimento de úlceras gástricas. 
Complicações do uso crônico de corticoide exógeno 
 No hipotálamo, há a produção de CRH, que estimula a produção de ACTH na hipófise e o ACTH na 
adrenal secreta cortisol. Costumamos dizer que, das doenças que comprometem o eixo hipotálamo-hipófise-
glândula, se o distúrbio for na glândula, o distúrbio é primário (tumor de adrenal, por exemplo), se for na 
hipófise, é secundário (para de produzir cortisol, mas o problema é na hipófise – alça maior, pois o cortisol da 
glândula inibe a hipófise e o hipotálamo) e se for no hipotálamo, é terciário. 
 Excesso de cortisol: Inibe alça maior e, consequentemente, a produção de ACTH diminui. 
Os hormônios hipofisários não servem apenas para 
produzir o hormônio glandular, eles também são tróficos, pois 
estimulam a proliferação das células da glândula para manter a 
arquitetura da glândula normal – AÇÃO TRÓFICA. Portanto, se 
você dá corticoide excessivamente, por feedback negativo, a sua 
glândula hipofisária para de produzir ACTH e a sua adrenal vai 
diminuir de tamanho. Quando a adrenal está atrofiada, você não 
pode tirar o corticoide de vez, porque a glândula não vai produzir 
cortisol de maneira adequada. Por isso, em corticoide de longa 
data, tem que desmamar o paciente para que o eixo se recupere. 
A mamada continua até ele se recuperar. 
• Síndrome de Cushing: Conjunto de sinais e sintomas da hipercortisolemia, qualquer que seja a causa. 
• Doença de Cushing: Hipercortisolemia secundária e sua principal causa é um tumor hipofisário 
hipersecretor de cortisol e ACTH. Nessa doença, há hiperpigmentação cutânea, porque o defeito é no 
mesmo gene que codifica o ACTH e o NSH, hormônio estimulador de melanina. 
AINES - Aula 5 
Chamamos de AINES os anti-inflamatórios não 
esteroidais. A farmacodinâmica de todo e qualquer AINE é inibir 
a cicloxigenase (COX). Os metabólitos do AA afetados pelos 
AINES são as prostaglandinas, as prostaciclinas e os 
tromboxanos. 
A COX é uma enzima que possui duas isoformas em 
nosso organismo – COX1 e COX2. São enzimas que catalisam a 
mesma reação, mas com comportamento cinético diferente. Às 
vezes essa isoenzima é tecido-específica, às vezes é órgão 
específica, às vezes a expressão dessas enzimas é diferenciada. 
Portanto, elas diferem pela localização celular, tecidual e pelo 
controle da sua expressão. 
Tanto COX-1 quanto COX-2 transformam o AA em PGE-2, PGI-2 e TXA-2. Há uma diferença na estrutura 
primária delas e na modulação da expressão dessas enzimas. A COX-1 é conhecida por ter uma expressão 
constitutiva, enquanto a COX-2 é conhecida por ter uma expressão induzida. O gene da COX-1 normalmente 
está expresso na célula. A mucosa gástrica, por exemplo, possui uma expressão de COX-1 altíssima, então 
normalmente há a presença de prostaglandinas ali, as quais estimulam a produção de mucinas. A expressão de 
 
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COX-1 nas plaquetas é constitutiva, pois elas precisam produzir tromboxano, o qual é fundamental no processo 
dehemostasia primária. 
A COX-2 é de expressão induzida, pois há moléculas – citocinas e moléculas inflamatórias, que 
aumentam a expressão gênica daquela proteína. No processo inflamatório, há uma maior expressão de COX-2, 
havendo, portanto, uma maior produção de PGE2, PGI2, TXA2. 
Quando há um estímulo inflamatório, com produção de TNF, IL-1 e GM-CSF, a expressão de COX-2 é 
induzida. Nessa hora, vai haver muito mais produção de PGE2, PGI2, PGD2, com maior estímulo doloroso, febril 
e inflamatório. 
O corticoide é anti-inflamatório porque aumenta a expressão de lipocortinas, as quais inibem 
fosfolipase A2. Além de ser modulador da atividade inflamatória – porque inibe a expressão de IL-1, IL-2 etc, 
também age inibindo a expressão da COX-2. Ou seja, o corticoide não apenas inibe a cadeia lá em cima, por 
meio da redução da atividade de fosfolipase A2 e consequente diminuição da disponibilidade de AA, mas 
também reduz a expressão de COX-2, que é a isoenzima mais associada com o processo inflamatório. 
Diferenças estruturais entre 
a COX-1 e COX-2: O sítio catalítico 
tem um canal hidrofóbico. A 
estrutura primária da COX-2 faz com 
que tenha um bolso lateral 
hidrofílico, que faz com que o canal 
hidrofóbico seja mais largo. 
Quando eu coloco a aspirina, 
ela é um bloqueador irreversível de 
COX-1, porque ela se liga na serina 
530 irreversivelmente, então o AA 
não consegue passar. Mesmo 
quando eu tomo aspirina em baixas doses, se eu tiver um processo inflamatório eu ainda consigo ter uma 
produção de PGE-2, porque o canal hidrofóbico é largo. Por isso que para a aspirina ter um efeito anti-
inflamatório muito forte, é preciso doses altíssimas desse medicamento. Para células como plaquetas, em 
baixas doses, a aspirina diminui muito bem a produção de tromboxanos, porque a plaqueta não consegue 
renovar a enzima que foi inibida, uma vez que não possui núcleo. 
Quando eu uso uma droga como o diclofenato, ele ocupa tanto o espaço do canal da COX-1, como 
ocupa bem o espaço do canal hidrofóbico da COX-2. Assim, eu digo que ele é um bom anti-inflamatório, porque 
agora o AA, mesmo no canal da COX-2, não consegue atravessar o canal hidrofóbico adequadamente bem. 
Quando surgiu os inibidores seletivos de COX-2, essas substancias tem um fosfato, o qual é hidrofílico. 
Como esse canal é hidrofóbico, a substância não consegue passar adequadamente bem pelo canal hidrofóbico 
da COX-1, também porque ele é estreito. No da COX-2 ele passa facilmente porque é mais largo e ele se liga no 
canal hidrofílico lateral da COX-2, portanto, ele inibe seletivamente COX-2, que é a isoenzima expressa 
principalmente no processo inflamatório. 
Ações farmacológicas: Anti-inflamatórias, antipiréticas, analgésicas, antitrombóticas (AAS). 
 
Efeitos anti-inflamatórios 
 As drogas anti-inflamatórias não esteroidais agem inibindo a síntese de prostaglandinas por inibirem a 
enzima COX. As prostaglandinas são vasodilatadoras e amplificam a permeabilidade vascular induzida por 
 
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outros mediadores (efeito permissivo). Além disso, elas, por si só, não induzem edema, mas seu efeito 
permissivo as torna crucial para o desenvolvimento da resposta inflamatória. 
Efeito antipirético 
 A inibição da síntese de prostaglandinas no hipotálamo causa uma modificação do ponto de ajuste da 
temperatura corporal para baixo. 
Efeito analgésico 
 A inibição da síntese de PGs impede a sensibilização dos nociceptores. Na ausência de PGs, estímulos 
químicos (mediadores), térmicos e mecânicos de baixa intensidade não causam dor. 
 Assim, os AINES são efetivos em artrites, bursites, dores de origem muscular e vascular, odontalgias, 
dismenorreia, dor pós-parto, dor da metástase óssea no câncer e, quando combinados com opioides, também 
são efetivos na dor do pós-operatório. 
 Efeito antitrombótico 
 Por inibição irreversível da síntese de tromboxano iniciada pela enzima COX nas plaquetas, que são 
incapazes de realizar uma nova síntese a partir da COX. A aspirina inibe irreversivelmente a COX, por isso causa 
efeito antitrombótico mais prolongado. 
Efeitos adversos 
Os principais efeitos adversos 
envolvem irritação gástrica, insuficiência 
renal e dificuldades respiratórias – este 
último ocorre porque os AINEs bloqueiam a 
síntese dos metabólitos da via cíclica, 
disponibilizando mais AA para a síntese de 
leucotrienos. 
Por que causa insuficiência renal? 
Lembra de cabrita? Aumenta a taxa de 
filtração glomerular, se eu tenho 
vasodilatação aferente, eu melhoro a taxa de 
filtração glomerular. As nossas arteríolas aferentes são sensíveis à vasodilatação induzida por PGE-2, se eu 
diminuir os níveis de PGE-2, consequentemente, diminui a filtração renal. Se a taxa de filtração glomerular 
diminui, a produção de urina diminui, isso define, entre outras coisas, o dano renal que o paciente possui. 
Outras questões a serem levadas em conta: Se o seu paciente tem uma doença que induz 
plaquetopenia (baixo número de plaquetas), eu tenho que pensar duas vezes antes de dar um AINE pra ele. 
Hipertensos tem que tomar anti-inflamatórios com cuidado, pois como causa insuficiência renal, pode 
aumentar a pressão arterial. 
Classes de AINEs 
• Ácido acetilsalicílico e salicilatos 
 Para ter uma ação anti-inflamatória, é preciso doses extremamente altas. Hoje em dia, quase não se 
usa o AAS como anti-inflamatório, e sim como antitrombótico. 
 
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O AAS é o protótipo dos AINEs tradicionais e acetila irreversivelmente as COXs. O AAS é rapidamente 
desacetilado pelas esterases que produzem salicilatos, os quais exercem suas funções clássicas. São bem 
absorvidos e sua atividade é dosagem dependente (100mg/500mg; 325mg prevenção de infarto; >4g/dia 
atividade anti-inflamatória). Reações adversas: GI, sangue (o sangue afina), respiração, reações de 
hipersensibilidade (muitas pessoas têm alergia). 
Toxicidade: TGI (principalmente em doses elevadas e/ou tratamento prolongado); intolerância gástrica 
(dor, desconforto epigástrico, náuseas, vômitos); ulceração da mucosa com sangramento; exacerbação com 
uso de etanol. 
Contra-indicação: Pelo efeito anti-coagulantes – uso de anticoagulantes, portadores de trombofilias, 
cirurgias; pelos efeitos no TGI – pacientes com história de dispepsia; gravidez – risco de sangramento materno; 
febre em criança com etiologia de varicela. 
Derivados do ácido propiônico 
• Ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno. 
• Atividade anti-inflamatória, analgésica, antipirética. 
• Sofrem biotransformação hepática e são excretados pelos rins. 
• Reações adversas: GI, sangramento, insuficiência renal. 
• Não são seletivos. 
Derivados do ácido acético 
• Derivados do ácido indolacético: indometacina, etodolaco (comum em 
pessoas com acidentes e traumas). 
• Derivados do ácido fenilacético: certorolaco, diclofenaco. 
• Atividade anti-inflamatória, analgésica, antipirética. 
• Reações adversas semelhantes. 
• Não são seletivos. 
Derivados do oxican 
• Piroxicam, meloxicam. 
• Apresentam meias-vidas longas, o que permite uma administração de uma vez ao dia. 
• Apresentam maior seletividade para a COX-2. 
• Produzem menor irritação gastrointestinal. 
Fenamatos 
• Ácido mefenâmico, ácido flufenâmico. 
• É uma classe cada vez menos utilizada. 
• Reações adversas semelhantes. 
Fenoximetanossufanalida 
• Nimesulida 
• Atividade anti-inflamatória 
• Reações adversas semelhantes. 
COX-2 seletivos 
• Celecoxibe, valdecoxibe 
 
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• Bem absorvido com pico máximo em 3 horas, sendo biotransformado pelo fígado 
• Como inibem muito a produção de PGI-2 e não afeta a produção de TXA-2, aumentam efeitos 
trombogênicos, em uso prolongado e doses elevadas ou em pacientes de risco. 
• Promovem agregação plaquetária 
• Diminuem a taxa de filtração glomerular por inibição da COX-2 renal. 
Paraminofenois 
• Paracetamol/acetominafenol, fenacetina– Inibe a síntese das prostaglandinas no SNC (antipirética e 
analgésica). 
• Tem pouco efeito sobre a COX nos tecidos periféricos, o que contribui para sua fraca atividade anti-
inflamatória. 
• Não afeta o tempo de coagulação. 
• Sofre biotransformação hepática que se conjuga com a glutationa levando em esgotamento que 
contribui para a necrose hepática. A glutationa é fundamental para destruir espécies reativas de 
oxigênio e, portanto, destruir o metabolismo oxidativo hepático. Paracetamol reage com glutationa de 
modo que se eu tomo grandes quantidades de paracetamol eu acabo com o estoque hepático de 
glutationa, deixando o fígado muito mais suscetível a substâncias tóxicas. Se o fígado fica mais suscetível 
a substâncias tóxicas, eu tenho uma hepatite medicamentosa. 
• Pacientes com arboviroses, se trata com paracetamol, pois ele não afeta significativamente a produção 
de tromboxanos. 
Pirazolônicos 
• Dipirona, fenilbutazona, oxifembutazona. 
• Efeito antitérmico e analgésico da dipirona. 
• Mesmo mecanismo de ação do paracetamol, não tem significativa ação anti-inflamatória. 
• Agranolucitose (diminuição da produção de granulócitos), anemia hemolítica. 
Metabolismo dos leucotrienos 
• Zuileuton: Inibidor da lipoxigenase 
• Zafirlukast, montelucaste: Antagonista dos receptores dos leucotrienos. 
• Cefaleia e dores abdominais. 
Farmacologia clínica 
• Aborto: Dinoprostona (PGE2) 
• Facilitação do trabalho de parto – PGE2 
• Dismenorréia: Aumento da síntese de PGE2 – AINES. 
• Disfunção erétil: Alprostadil (Caverject) (PGE1) 
• Hipertensão pulmonar: Epoprostenol (PGI2) 
• Trombose: AINES 
• Asma: PGE2 – broncodilatador, zafirlukast (Accolate) 
• GI: citoproteção – misoprostol (Cytotec) (PGE2) 
• Inflamação: AINES 
• Doenças reumáticas: artrite, espondilite 
 
Ê Ê ÊEEEIIII Ó PRA MIM -> TRANSCREVI GREGO, DOUTOR/DOUTORA??

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