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O que acredito sobre Deus é o que ele realmente quer para mim? Por: Catharina Parice ALVES, R. Teologia do Cotidiano. São Paulo: Olho dágua, 1994. BIOGRAFIA DO AUTOR Rubem Alves (1933 Boa Esperança - 2014 Campinas) foi um nome conhecido e respeitado no meio intelectual. Ele trabalhou como pastor na comunidade carente de Lavras, mas sua ideologia religiosa fora da caixa deixou algumas pessoas desconfiadas. Após seu casamento, Alves mudou-se para Campinas para estudar teologia no Seminário Presbiteriano. Três anos depois, em 1963, deixou a família no Brasil e mudou-se para Nova York para fazer mestrado em teologia. Após retornar ao Brasil em 1964, interrompeu suas atividades como pastor devido ao golpe militar. Seu estilo de pregação foi considerado perigoso e pouco convencional, e seu nome foi listado como inimigo do regime. Alves tornou-se Doutor em Filosofia em 1965. No final da década de 1980 começou a se formar em psicanálise em São Paulo e passou a combinar sua carreira de escritor e professor com a de psicanalista. Após dificuldades físicas, foi diagnosticado com Mal de Parkinson em 2011, o que o obrigou a abandonar gradualmente suas atividades como cronista e palestrante. Rubem Alves faleceu em Campinas em 2014, deixando para trás seus conhecimentos filosóficos e crônicas publicadas para nosso crescimento intelectual. SÍNTESE A partir do capítulo eternamente (o qual li e refleti), Rubem Alves expõe reflexões diárias sobre a vida, morte, Deus e a beleza da existência do ser humano, de forma sutil crítica as doutrinas do cristianismo, e dá ao leitor outra perspectiva sobre o cotidiano e sobre a vida. Este capítulo foi dividido em 7 crônicas que divergem do pensamento da maioria das doutrinas cristãs, desenvolvendo um conceito de que a espiritualidade é muito mais do que estar presente em igrejas adorando excessivamente, é muito mais do que conquistar almas e muito mais do que querer estar certo sobre o futuro, as crônicas esclarecem que estar conectado com Deus e com a santidade é deleitar das maravilhas feitas por ele, é viver a vida, aproveitar os momentos e entender que já estamos no paraíso cercado de belezas e a vida que já vivemos é eterna e perfeita, para que consigamos entender seu ponto de vista, Rubem utiliza metáforas, poesia, arte, seu conhecimento sobre o tema e acontecimentos do cotidiano que o levam a refletir sobre o que Deus quer para a humanidade. A maioria das crônicas são reflexão de acontecimentos da vida do próprio autor ou de temas que o mesmo acha passíveis de reflexão, sua linguagem é acessível, porém a complexidade das palavras vai além do significado literal das mesmas, para que a total compreensão do livro seja feita, é necessário estar por dentro dos temas discutidos na vida do autor, que é, para a compreensão das críticas feitas nas crônicas, a religião (Cristianismo). Em muitas crônicas pude notar que o autor cita o leitor e o inclui em suas reflexões, isso faz com que ambos se aproximem e compartilhem de reflexões, o autor induz o leitor a refletir sobre os temas abordados. ANÁLISE CRÍTICA Sobre deuses e rezas: Quando comecei a ler essa crônica me lembrei de conversas que tive com alguns religiosos que baseiam sua existência em falar de Deus e em salvar almas, me senti em uma situação onde já estive antes. Gostei muito da leitura, já que de forma bastante educada e sútil, pude perceber que o autor tem um ponto diferente e não convencional, pois afirma que Deus sabe a qual alma quer e não abandona seus filhos e que não devemos incomodá-lo com coisas inoportunas, a leitura fez com que eu tirasse um peso do meu peito que já existia a tempos e de uma pergunta que não se calava dentro de meu coração “Eu estou trabalhando o suficiente para Deus?”, já que em muitos momentos fui criticada por não estar a todo momento dentro da igreja e implorando para que Deus salvasse todas as almas, Rubens de maneira gentil conseguiu responder a essa pergunta com a resposta de que eu não preciso fazer isso, e foi aí que me apaixonei pelas reflexões do autor, como um amor à primeira vista, já que ele me fez perceber que penso igual a ele. O galo: Enquanto eu lia essa crônica, me lembrei de discussões existentes na atualidade sobre qual religião era a certa e qual a que levava à salvação, quando terminei a leitura me senti mais inteligente sobre o livre arbítrio e o amor infinito de Deus que não deixará de me amar mesmo que eu não esteja presa dentro da igreja e de seus dogmas, os caminhos que eu tomar me levarão ao mesmo final, a adoração não deve ser padronizada e monótona, pois Deus não ficará entristecido se eu não estiver dentro da igreja todos os domingos, mas também que ele não mudará por mim, posso amá-lo do meu jeito que Deus continuará trazendo suas bençãos, já que ele conhece meu coração. Gostei da crônica pois me incitou a refletir sobre algumas tolas discussões que já tive sobre religião e consegui entender facilmente a crítica do autor sobre os dogmas criados dentro da igreja por padres e pastores. O paraíso: Senti essa crônica como uma crítica àqueles que buscam vorazmente pelo “paraíso” sendo que já estão nele, que são cegos de não ver que Deus criou tantas belezas para que aproveitássemos em conjunto, como casal e também uma crítica à castidade, pois Deus criou o homem e a mulher para que pudessem desfrutar junto de sua criação para que não se sentissem sozinhos, o homem necessita de uma companhia. Crítica também à quem leva tudo ao pé da letra e não consegue discernir o que é literal e o que não é, tentando fazer com que histórias como crônicas e poesias bíblicas se tornem fatos imutáveis e totalmente verídicos, sem na verdade saberem que nem todas as interpretações devem ser literais, já que Deus é poético, aprecia a beleza e o amor, assim como a arte da natureza e da escrita. Achei essa crônica belíssima, e me identifiquei muito com a doutrina seguida pelo autor, já que também acredito que já estamos no paraíso, foi como se eu estivesse lendo algo que eu poderia ter escrito, caso eu fosse tão boa com as palavras quanto ele, me senti como se estivesse dentro da crônica, mais especificamente como uma observadora invisível, ao lado dele no Lago de Como, e sentindo sua solidão. oãçaracneeR: Acredito que essa foi a minha crônica favorita do livro. No cristianismo não há reencarnação e o paraíso divulgado é incerto, o que farei lá? Como serei? A busca cega pelo futuro não permite o aproveitamento do presente e então quando paro para perceber, parte de minha vida já se foi e sinto falta do passado, e seria de maior prazer que após a morte eu pudesse viver tudo de novo, a vida é preciosa e foi dada a mim como uma graça divina para que eu possa aproveitar e deleitar de seus prazeres, mas fui ensinada a buscar incessantemente aquilo que não tenho e que não conheço, negligenciando o que me foi dado por Deus de bom grado. A vida é boa, e deve ser aproveitada, se não eu não sentir medo da morte e quiser provar só mais um pouquinho da vida, então terei sido ingrata com o presente que Deus me deu, a vida no paraíso que é a terra. Essa crônica foi a minha favorita porque eu já tinha essa reflexão faz algum tempo, que já estamos no paraíso e que a reencarnação seria como voltar ao passado para que eu pudesse aproveitar um pouco mais o que já vivi, como comer de novo a torta de limão que minha avó fazia pra mim na infância, gostei porque a explicação dele foi como tirar palavras que já existiam no meu peito, e quando alguém me perguntar sobre o paraíso ou sobre reencarnação, certamente mostrarei essa crônica. “Valeu a pena?”: Sendo bem sincera, quando li essa crônica não entendi nada e continuo não entendendo muito bem, achei que o texto me levou a nenhuma conclusão e não consegui entender o que o autor quis dizer, foi muito fora domeu contexto de realidade coisas como I-ching e não entendi o significado das parábolas abordadas sobre valeu a pena ou não. No meu pensamento acho que traz um pouco sobre a última crônica criticada e se iremos nos perguntar futuramente se aproveitamos a beleza da vida corretamente. Não gostei da crônica, porque para mim foi complexo e de difícil entendimento. Tempo de Morrer: Fiz uma breve reflexão sobre o que entendi dessa crônica: Apaixonados pela vida, sempre queremos um pouco mais de tempo, porém um debate que se vê muito em filmes e séries é que a eternidade é solitária, a vida se torna monótona e aí percebemos que o eterno deixa de ser bonito, pois não acaba e se torna um ciclo sem fim, devemos entender que a morte existe, um parente seu irá morrer e você ficará triste, mas pelo menos pôde aproveitar enquanto ele ainda estava aqui, vivendo belos momentos ao seu lado e sentindo saudade do tempo que passou, assim como quando comemos uma comida muito gostosa e desejamos comê-la toda hora e todos os dias, sendo que em algum momento iremos enjoar dela e ela perderá a exclusividade e sua “beleza”, logo devemos deleitar da vida enquanto ainda a temos e sentir saudades das coisas que se vão, porém a beleza não é eterna e a vida só se torna bela e única pois é vivida apenas uma vez e nós não sabemos o que vem após ela. Com certeza é o tipo de crônica que eu leria na praia enquanto tenho uma paisagem bonita na minha frente, já que questões sobre a vida e a morte me intrigam um pouco, gostei bastante da crônica e da reflexão que tive sobre eternidade, um tema que essa ela traz, onde a eternidade é bela só para Deus, basicamente, já que ele precisa estar aqui para que as próximas pessoas deleitem de seus momentos antes da morte. “Deus existe?”: Respondendo à pergunta do título da crônica: sim, o autor acredita que Deus existe, mas que essa pergunta apenas é rasa demais para justificar o porquê acredita em Deus e com o passar do tempo ele justifica mesmo sendo controverso em suas palavras. Não gostei da crônica porque ele enrola demais pra falar que sim, que acredita, mas apreciei a leitura já que fiquei com raiva do autor por um breve momento, me senti enganada sobre os ideais dele e ficava pensando “todo esse livro para chegar no final e o autor não acreditar em Deus?”, mas felizmente foi o contrário do que pensei e gostei da conclusão que ele teve sobre a existência de Deus, já que foi justamente dando muito mais significado e beleza para a resposta da pergunta, que seria que Deus é o vazio que existe para dar a explicação para vida. CONCLUSÃO Eu não tenho palavras suficientes para expor a gratidão que tenho ao professor por ter me apresentado essa obra, eu gostei muito e me fez refletir bastante, mesmo que agora eu precise expor minha opinião por conta do trabalho, ainda irei pensar no que li por muitos dias e talvez em algum momento tudo o que eu acredito sobre a obra mude com o meu crescimento pessoal e espiritual. Rubem Alves me apresentou um conceito de espiritualidade belo, que preza pelo amor, pelo aproveitamento da vida, ele dá muito sentido ao que eu chamo de vida e me fez abrir os olhos sobre o que eu quero fazer daqui a alguns anos, com certeza me formarei, e trabalharei para aproveitar todas as belezas espalhadas por esse mundo e irei torcer para que eu tenha tempo o suficiente para aproveitar essa paraíso, me conectei com o autor, gostei de sua biografia e quando fiz a leitura, lembrei de sua história de vida com a desconexão com a Igreja Presbiteriana que tem valores morais bem tradicionais e antigos. Sinto vontade de ler mais e mais obras desse autor por conta da sua escrita e de sua filosofia.
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