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Linfomas e mieloma múltiplo

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Medcurso 2021 
SÉRIE BRANCA 
 
A linhagem linfoide dá origem a linfócitos pré-T e pré-B que amadurecem, 
respectivamente, uns no timo e outros já saem maduros da medula. 
Resposta imunológica 
Imunidade inata (natural ou nativa) 
Proporciona a linha de defesa inicial contra micro-organismos. Respondam da 
mesma forma a exposições repetidas ao mesmo agente. 
 
Componentes: 
• Barreiras físicas e químicas, como os epitélios e as substâncias químicas 
antimicrobianas produzidas nas superfícies epiteliais; 
• Células fagocitárias, células dendríticas e células assassinas naturais (NK); 
• Proteínas do sangue, incluindo membros do sistema complemento e outros 
mediadores da inflamação; 
• Proteínas denominadas citocinas, que regulam e coordenam muitas 
atividades das células da imunidade natural. 
 
Imunidade adaptativa (adquirida) 
Notável especificidade para moléculas distintas e capacidade de “lembrar” e 
responder com mais intensidade em exposições repetidas ao mesmo micro-
organismo. Os principais componentes são os linfócitos e anticorpos. 
 
• Imunidade humoral: mediada por moléculas no sangue e nas secreções das 
mucosas, denominadas anticorpos, que são produzidos por células 
denominadas linfócitos B. É o principal mecanismo de defesa contra micro-
organismos extracelulares e suas toxinas. 
 
• Imunidade celular: mediada pelos linfócitos T. A defesa contra micro-
organismos intracelulares constitui uma função da imunidade celular. 
 
 
 
 
Linfomas 
Tumor originário do tecido linfoide. 
Tecido linfoide Linfonodo 
Realiza a drenagem de líquidos dos 
tecidos, retenção de partículas estranhas 
e células mortas e proteção do 
organismo contra agentes infecciosos. 
 
Órgãos linfoides primários: produzem 
os componentes celulares do sistema 
imunológico. Exemplo: medula e timo. 
 
Secundários: locais onde ocorrem as 
respostas imunológicas. Exemplo: 
linfonodos, baço, tonsilas, agregados de 
linfócitos e células apresentadoras de 
antígenos presentes nos pulmões, 
placas de Peyer. 
Estrutura: ramo arterial e venoso, linfático 
aferente e eferente, córtex (rico em 
linfócitos B), para-córtex (rico em linfócito 
T), medula (plasmócitos) e folículos 
linfáticos. 
 
Folículo linfático: 
• Zona marginal: formação de 
linfócitos B de memória (orquestra 
da resposta imune). 
• Zona do manto: linfócito B virgem. 
• Centro germinativo: lapidação do 
linfócito B de centroblasto para 
centrócito (grandes células B). 
 
OBS: os linfócitos B de memória atingem 
a circulação na forma de plasmócitos. 
Visão geral 
Linfomas são neoplasias de linfócitos B (mais comum) e T (mais agressivo), às 
vezes NK. 
 
Clínica: 
• Linfonodomegalia não dolorosa (cervical e supraclavicular); 
• Sintomas B: febre > 38ºC, sudorese noturna e perda de peso > 10% em 6 
meses. 
 
Hodgkin Não Hodgkin 
Linfoma “nerd”: 
• Centralizado 
• Disseminação por contiguidade 
• Aumento mediastinal 
• Extranodal raro 
• Maior reação dolorosa ao álcool 
• Prurido/eosinofilia 
• Febre de Pel-Ebstein (padrão 
irregular) 
• Melhor prognóstico e mais comum 
em jovens 
• Descentralizado 
• Disseminação hematogênica 
• Periférico (como epitroclear) 
• Extranodal comum 
• Linfoma em anel de Waldayer 
(tonsilares) 
• Sintomas B mais frequentes 
• Menos reação ao álcool 
• Prurido discreto 
• Febre contínua 
• Pior prognóstico e mais comum em 
idosos 
Diagnóstico 
Biópsia excisional (padrão-ouro): indicada se: 
• Linfonodo > 2 cm 
• Supraclavicular ou escalênico 
• Crescimento progressivo 
• Aderido a planos profundos 
 
 
Estadiamento de Ann Arbor 
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 
1 cadeia ou 
estrutura linfoide 
(baço, timo) 
>= 2 cadeias no 
mesmo lado do 
diafragma 
Ambos os lados do 
diafragma 
III1: andar superior 
III2: andar inferior 
Distante (fígado, 
medula óssea) 
Tratamento 
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 
QT + radioterapia QT + radioterapia Quimioterapia Quimioterapia 
Recidivas: transplante de medula óssea. 
Pior prognóstico 
Idade > 60 anos 
Aumento do LDH 
Sintomas B 
Extranodal 
 
1. Linfoma de Hodgkin 
Origem: linfócito B 
Diagnóstico: células de Reed-Sternberg (RS) → não é patognomônica, pois também 
aparecem em mononucleose infecciosa, carcinomas e sarcomas. 
• Pano de fundo reacional associado: histiócitos, plasmócitos, etc, se relacionam 
com Hodgkin. 
 
Células em “olhos de coruja” 
Subtipos 
LH clássico (CD15, CD30) LH com predomínio linfocitário (CD20) 
1ª Esclerose nodular (65%): mais 
comum em mulheres jovens. 
 
2º Celularidade mista (25%): mais 
comum em HIV/EBV. 
 
3º Rico em linfócitos: melhor 
prognóstico. 
 
4º Depleção linfocitária: pior 
prognóstico, maior em idosos. 
5% da doença de Hodgkin 
 
Possui células grandes, muitas vezes 
chamadas células pipoca, que são 
variantes das células de Reed-Sternberg 
 
Geralmente envolve os gânglios linfáticos 
cervicais e axilares 
 
É mais comum em homens e tratado de 
forma diferente dos clássicos 
 
O tratamento cura o LH em cerca de 60-95% dos casos! 
 
2. Linfoma Não Hodgkin 
Origem: linfócito B, T ou células NK 
Paradoxo prognóstico: tumores mais agressivos apresentam melhores chances de 
cura, enquanto os menos agressivos curam pouco 
Subtipos (> 20) 
Indolente Agressivo Altamente agressivo 
Sobrevida: anos 
 
Tumor folicular: 2º mais 
comum, maior em idosa, 
diagnóstico tardio 
 
Taxa de cura: paliação 
Sobrevida: meses 
 
Difuso de grandes 
células B: mais comum, 
incidência em idosos 
 
Taxa de cura: 40-60% 
Sobrevida: semanas 
 
Linfoma Burkit ou 
linfoblástico pré-T: maior 
incidência pediátrica 
 
Taxa de cura: 50-80% 
 
Mieloma múltiplo 
Múltiplos focos tumorais de infiltração da medula (neoplasia de plasmócitos), com pico 
monoclonal de globulinas. 
Características 
IgG (mais comum, melhor prognóstico), IgA, Cadeia leve (em excesso), IgD (pior prognóstico) 
 
Clínica Mieloma osteoesclerótico 
> 50-60 anos, homens, negros 
C: cálcio > 10,5-11 mg/dL (aumento de osteoclastos) 
A: Anemia com Roleaux (ocupação medular/redução 
de eritropoiese) 
R: Rim. Insuficiência renal (aguda: hipercalcemia / 
crônica: cadeia leve – Bence Jones, rim de mieloma 
– Síndrome de Fanconi / Ácido úrico) 
O: Osteólise. Predisposição a fraturas com fosfatase 
alcalina e cintilografia normais (perda de ação 
osteoblástica também). 
Imunossupressão: risco infeccioso! Principal causa 
de óbito. 
 
Síndrome POEMS 
 
P: polinoeuropatia simétrica. 
O: organomegalia (hepatoesplenomegalia). 
E: endocrinopatia (hipogonadismo). 
M: mieloma. 
S: skin (hiperpigmentação). 
Investigação diagnóstica Diagnóstico 
Hemograma: anemia inespecífica. 
 
Cálcio sérico: aumentado. 
 
Proteína total e frações: relação albumina/globulina 
(apresenta inversão). 
 
Eletroforese de proteínas: avalia os componentes 
das globulinas e apresenta componente M >= 3g/dL. 
Biópsia: >= 10% de plasmócitos (M.O) e/ou 
plasmocitoma + 
• 1 do CARO OU 
• 1 dos biomarcadores: 
✓ Plasmócitos na MO >= 60% 
✓ Relação cadeias leves envolvidas/não 
envolvidas >= 100 
✓ > 1 lesão focal na Ressonância 
 
OBS: 
Mieloma indolente (Smoldering) – ausência de 
CARO e biomarcadores. 
Gamopatia monoclonal de significado 
indeterminado (1% da população): inversão A/G 
• Componente M < 3 g/dl 
• Plasmócitos na MO < 10% 
Estadiamento (US) Tratamento 
Albumina (< 3,5 g/dL) 
B2-microglobulina (> 3,5-5,5 mg/L) *principal fator 
prognóstico 
Imunomoduladores + corticoide (RVd) 
Pós-QT: transplante autólogo de M.O (para pacientes 
mais hígidos) 
 
Macroglobulinemia de Waldenström 
Medula com linfócitos plasmocitoides (predomínio de IgM) 
Clínica: adeno + hepatoesplenomegalia 
Síndrome de Hiperviscosidade: cefaleia, vertigem, alterações visuais 
Tratamento: plasmaférese (“lavagem” de anticorpos da circulação) ou Rituximabe (anti-
CD20)

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