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Precarização do Trabalho em Saúde

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16/02/2022 Precarização do Trabalho em Saúde
www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/pretrasau.html 1/5
Denise Elvira Pires
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO EM SAÚDE
Este termo tem sido utilizado para designar perdas nos direitos trabalhistas
ocorridas no contexto das transformações do mundo do trabalho e de retorno às
idéias liberais de defesa do estado mínimo, que vêm surgindo, especialmente,
nos países capitalistas desenvolvidos a partir da terceira década do século
passado. Em termos genéricos refere-se a um conjunto amplo e variado de
mudanças em relação ao mercado de trabalho, condições de
trabalho, qualificação dos trabalhadores e direitos trabalhistas, no contexto do
processo de ruptura do modelo de desenvolvimento fordista e de emergência de
um novo padrão produtivo (Mattoso, 1995).
No final dos anos 60 do último século o modelo fordista de desenvolvimento
entra em crise: cresce a insatisfação dos operários com a organização taylorista-
fordista de execução de tarefas maçantes e repetitivas, ainda que bem pagas;
explodem movimentos sociais, sindicais e extra-sindicais; as empresas
aumentam os preços gerando inflação, questionam os compromissos
estabelecidos no Welfare State, e assumem políticas que prejudicam as
conquistas trabalhistas. Deste processo emergem mudanças marcadas pela
inovação tecnológica, por mudanças nas formas de organização e gestão do
trabalho e pela descentralização da produção, invertendo-se a tendência de
verticalização das empresas. Cresce a terceirização, flexibilizam-se as relações
trabalhistas, bem como muda a estrutura vertical das instituições emergindo um
modelo de rede, com forte colaboração interempresas e intersetorial. A empresa
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ou instituição mantém o que é central e terceiriza parte do seu processo de
produção. Deste modo, o trabalho não é desenvolvido apenas pelo trabalhador
assalariado e protegido pelos benefícios do Estado de bem-estar social. A
flexibilização e estruturação de rede interempresarial possibilita que o processo
de produção envolva trabalhadores submetidos a diversas formas de
contratação, recebendo salários diferenciados para a realização de trabalhos
semelhantes e sem os mesmos benefícios que os trabalhadores da empresa-
mãe. A confecção de um produto pode resultar do trabalho desenvolvido de
diversas formas: prestação de serviço, trabalho por tempo determinado,
trabalho part-time, assalariados de empresas terceiras, membros de
cooperativas, e outras. Essa multiplicidade de formas de contratação difere da
padronização fordista e tem sido chamada pelos defensores de ‘flexibilização’
(Piore & Sabel, 1984). No entanto, porque, majoritariamente, implica perdas de
direitos, tem sido chamada tem pelos críticos de ‘precarização’. A literatura
também registra que a ‘precarização do trabalho’, com múltiplas relações
contratuais, tem contribuído para aumentar as dificuldades de representação e
atuação sindical deixando os trabalhadores desprotegidos e mais vulneráveis às
exigências gerenciais e patronais (Mattoso, 1995; Pires, 1998).
Esse processo tem ocorrido com maior intensidade na produção industrial e
nos setores de ponta da economia, mas tem afetado, de modo diferenciado,
todos os setores da produção na sociedade. É visível no setor de serviços em
geral (Offe, 1991) e na saúde em particular.
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Uma das mudanças recentes, no âmbito do trabalho em saúde no Brasil, é o
crescimento do número de trabalhadores sem as garantias trabalhistas de que
gozam os demais trabalhadores assalariados da instituição. Encontra-se:
contratos temporários; trabalhadores contratados para realizar atividades
especiais (plantonistas em hospitais, por exemplo); flexibilização na contratação
de agentes comunitários de saúde e equipes de saúde da família pelo governo
brasileiro; e o trabalho temporário previsto no Programa de Interiorização
do Trabalho em Saúde.
Como nos demais setores da produção, a terceirização também cresce na
saúde e tem sido utilizada pelos empregadores tanto do setor público quanto do
privado, para diminuir os custos com a remuneração da força de trabalho e para
fugir das conquistas salariais e direitos trabalhistas dos trabalhadores efetivos
da empresa-mãe (instituição-original) (Dieese, 1993; Pires, 1998; Pires,
Gelbcke & Matos, 2004). No entanto, é importante considerar que a
flexibilização nas formas de contratação, bem como a terceirização, não é
sempre sinônimo de ‘precarização’, apesar de, no caso brasileiro,
majoritariamente, essas iniciativas terem o sentido de redução dos custos com a
força de trabalho e de ‘precarização’. Dependendo do contexto institucional e
histórico em que os tipos de contratação ocorrem, flexibilizar pode não ser
sinônimo de precarizar. Na Holanda, por exemplo, o trabalho part-time é um
direito dos trabalhadores que foi conquistado em lei, em 2000, como fruto de
negociação sindical. Os trabalhadores podem optar pelo regime part-time;
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nestes casos, a remuneração corresponde às horas trabalhadas, mas não ocorre
perda de direitos trabalhistas (Pires, 2004). 
O Ministério da Saúde do Brasil reconhece a existência de múltiplas formas de
trabalho precário em saúde e elabora, através da Secretaria de Gestão do
Trabalho e da Educação em Saúde, um “Programa Nacional de Desprecarização
do Trabalho no SUS” com estratégias definidas para a reversão do quadro.
‘Precarização’ é um termo amplo que se unifica pelo sentido de perda de
direitos. Para o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o
Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems), o trabalho
precário está relacionado aos vínculos de trabalho no Sistema Único de
Saúde (SUS) que não garantem os direitos trabalhistas e previdenciários
consagrados em lei. Para as entidades sindicais que representam os
trabalhadores que atuam no SUS, trabalho precário está caracterizado não
apenas como ausência de direitos trabalhistas e previdenciários consagrados em
lei, mas também como ausência de concurso público ou processo seletivo
público para cargo permanente ou emprego público no SUS. 
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PARA SABER MAIS
DIEESE. Os Trabalhadores Frente à Terceirização. São Paulo, maio 1993. (Pesquisa Dieese, n.
7). 
MATTOSO, J. E. L. A Desordem do Trabalho. São Paulo: Página Aberta / Escrita, 1995. 
OFFE, C. Trabalho e Sociedade: problemas estruturais e perspectivas para o futuro da
sociedade do trabalho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991. v.2 – Perspectivas. 
PIORE, M. & SABEL, C. The Second Industrial Divide? Possibilities for Prosperity. New York:
Basic Books, 1984. 
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http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
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PIRES, D. Reestruturação Produtiva e Trabalho em Saúde no Brasil. São Paulo: Annablume,
1998. 
PIRES, D. Relationship between New Technologies and the Health of Health Care Professionals:
a study in a Dutch hospital. Amsterdam, 2004. (Research Report) 
PIRES, D. E.; GELBCKE, F. L. & MATOS, E. Current labour changes and their implications for
the health care workforce. In: 7th World Conference on Injury Prevention and Safety
Promotion, 2004, Viena. Anais…Viena, 2004, p. 612- 613. 
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