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Asma na criança e no adolescente

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• Epidemiologia: cerca de 10-25% da população brasileira são asmáticos, 400 mil 
hospitalizações/ano, 2500 óbitos/ano – ou seja, é um problema de saúde pública 
• Cerca de 1/3 dos asmáticos ja tem sintomas no 1º ano de vida → cerca de 70% dos asmáticos iniciam 
sintomas antes dos 3 anos de idade 
• Quanto mais cedo, mais grave o quadro 
• A atopia está presente na maioria das crianças asmáticas aos três anos de idade 
• A asma é uma doença difícil de ser diagnosticada, levando ao uso excessivo de antibióticos, retardo 
no tratamento específico e piora na qualidade de vida 
 
 
 
• É uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiper-responsividade das vias aéreas, 
limitação variável ao fluxo aéreo, reversível espontaneamente ou com tratamento 
• A clínica da asma é caracterizada por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e 
tosse 
• Tem interação entre a genética e exposição ambiental 
 
 
 
• Ocorre inflamação, ativando certas células, como linfócito T, mastócito, eosinófilos, macrófagos e 
neutrófilos. Também ativam mediadores como quimiocinas, leucotrienos, citocinas, histamina e óxido 
nítrico. Tudo isso leva a obstrução das vias aéreas e hiperreatividade brônquica 
• O excesso de crises leva ao remodelamento, levando a fibrose sub-epitelial, espessamento da 
membrana basal, hipertrofia do músculo liso, proliferação de vasos sanguíneos e hipersecreção de 
muco, diminuindo a função pulmonar do indivíduo 
 
 
 
• A asma também tem influência de fatores como dieta, atopia, imunidade, gênero, idade, função 
pulmonar, etnia, creche, número de irmãos, alérgenos, poluição, infecções de vias aéreas, tabagismo 
passivo, condição sócio-econômica, etc 
o Atopia: formas de hipersensibilidade clínica desencadeadas por reações de hipersensibilidade 
tipo I imediata e com envolvimento de IgE. Nesse processo as células do sistema imune 
interagem com células do próprio sítio inflamatório, culminando em dano tecidual. Existe uma 
predisposição genética para que se tenha atopia → ex de doenças: asma, rinite alérgica, 
reações anafiláticas, eczema atópico e urticária 
 
 
 
 
Asma na criança e no 
adolescente 
DEFINIÇÃO DA ASMA 
FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA 
FATORES ASSOCIADOS 
 
 
 
• Sensibilização – ocorre quando uma pessoa com predisposição genética entra em contato com um 
alérgeno pela primeira vez, estes são processados por uma célula apresentadora de antígenos, a 
qual se liga a um linfócito T e este, através da liberação de citocinas (como IL-4 e IL-13) estimula os 
linfócitos B a se transformarem em plasmócitos e a secretarem IgE 
• Resposta imediata – mediada por mastócitos, ocorre quando a IgE específica se liga à membrana 
dos mastócitos e basófilos. Os mastócitos sofrem degranulação e liberam citocinas (como IL+4, IL-6 e 
IL-13), estimulando linfócitos B a 
produzirem mais IgE, liberar 
histamina, leucotrienos e 
prostaglandinas 
• Resposta tardia – mediada por 
eosinófilos, ocorre quando o 
paciente continua se expondo ao 
alérgeno ou não faz o tratamento 
adequado. A ativação de 
eosinófilos, os quais são atraídos 
para a submucosa por ação de 
interleucinas liberadas pelos 
linfócitos Th2, sofrem degranulação, 
o que gera inflamação e 
continuidade dos sintomas 
 
 
 
• Teste cutâneo de leitura imediata (Prick Test) – é feita uma assepsia na face anterior do antebraço e 
são colocadas gotículas dos antígenos. Depois utiliza-se uma agulha nessa região para que ocorra a 
penetração do antígeno na pele. A liberação de histamina demora cerca de 15 minutos, 
determinando a formação de eritema e pápula. O teste é considerado positivo se a pápula tiver 3mm 
ou mais 
• IgE específica sérica (RAST/Immunocap) – é a pesquisa de IgE in vitro, que tem uma quantificação 
mais precisa, maior segurança e sem interferência de drogas. É usado em casos de alergia alimentar, 
doenças cutâneas e em lactentes 
 
 
 
• O resfriado comum é o principal desencadeante de exacerbação 
• O vírus envolvido com exacerbações de asma são os rinovírus humano (A, B e C), vírus sincicial 
respiratório (VSR), coronavírus, metapneumovírus humano, parainfluenza, adenovírus e bocavírus 
 
 
 
• Exacerbações: episódios recorrentes de tosse, dispneia e sibilos, aperto no peito, dor torácica, 
dificuldade de fala, melhora parcial ou total com tratamento 
• Sintomas sugestivos: tosse e sibilos desencadeados por atividades físicas, tosse noturna mesmo sem 
IVAS, sintomas associados com contato com animais/contato com poeira/exercício 
físico/IVAS/mudança de temperatura 
 
 
 
 
RESPOSTA ALÉRGICA DO TIPO I 
AVALIAÇÃO DA ATOPIA 
IVAS E HOSPITALIZAÇÃO POR ASMA 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
 
 
 
• Diagnóstico funcional – é feito através da espirometria, avalia a obstrução das vias aéreas, resposta 
aos beta2-agonistas e resposta ao corticosteroide oral. Deve ser feito em crianças a partir de 6 anos 
o Na asma ocorre diminuição de VEF1, diminuição de VEF1/CVF e FEF entre 25-75%, aumento 
maior ou igual a 12% do VEF1 em resposta ao broncodilatador 
• Pesquisa de alergia – citados acima 
• Radiografia de tórax – é normal em pacientes com asma 
• Hemograma – é importante para verificar se há desvio à esquerda ou infecção e identificar eosinofilia 
sanguínea 
• Pico de fluxo expiratório (PFR) – útil para avaliar a variação diária da doença, porém, é pouco 
sensível para o diagnóstico de obstrução brônquica e os resultados normais não indicam que os 
outros parâmetros da espirometria também estão. Não é usado para diagnóstico e sim para 
acompanhamento 
 
 
 
• Gravidade: é uma característica intrínseca da doença e que pode ser alterada lentamente com o 
tempo e tratamento. A gravida- de determina a quantidade de medicamentos necessária para atingir 
o controle da doença; 
• Controle: é o objetivo do tratamento. A asma controlada envolve sintomas mínimos durante o dia, 
ausência de sintomas à noite, necessidade reduzida de medicação de alívio dos sintomas, ausência 
de limitação das 
atividades 
físicas e redução 
de riscos futuros 
(exacerbações, 
perda 
acelerada da 
função 
pulmonar e 
efeitos adversos 
do tratamento) 
 
 
• Os sinais subjetivos de gravidade são a alteração do nível de consciência, queda do estado geral, 
cianose, uso da musculatura acessória (tiragem), sibilos intensos e dispneia intensa 
• Os sinais objetivos devem ser avaliados através da frequência respiratória, oximetria de pulso, 
função pulmonar e gasometria arterial 
• Os sinais de 
gravidade da 
exacerbação são 
retração 
supraclavicular, 
contrações de 
músculos cervicais, 
dificuldade de fala, 
pulso paradoxal, 
sudorese, VEF1 
<50% do previsto e 
saturação de 
oxigênio <92% 
após uso de 
broncodilatador 
 
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR 
GRAVIDADE DA ASMA 
 
 
 
• Deve-se utilizar um SABA (beta2-agonista de ação rápida), glicocorticoide sistêmico por 5 dias e 
oxigênio 
• Outros tratamentos que também podem ser usados são os anticolinergicos (brometo de ipratrópio), 
sulfato de magnésio endovenoso, beta2-agonista endovenoso e corticosteroide inalado (budesonida 
+ formoterol) 
 
 
 
 
• Deve ser utilizado quando a criança tiver sintomas muito frequentes 
• É um tratamento difícil que exige um plano de ação adequado a uma parceria entre o paciente e o 
médico 
• É importante identificar e reduzir a exposição aos fatores de risco (os principais são alérgenos e 
poluentes como fumaça de tabaco, drogas, alimentos e aditivos) 
• O grande objetivo é controlar as exacerbações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Baseia-se em corticoides inalados, antagonistas de receptor de leucotrieno e broncodilatadores de 
ação prolongada (em crianças a partir de 5 anos) 
• Outros fármacos utilizados são teofilina de liberação lenta, tiotrópio (LAMA), corticosteroide oral (em 
ultimo caso!) e anticorpos monoclonais humanizados como anti IgE (omalizumabe), anti-IL5 
(mepolizumabe e reslizumabe) e anti IL-4 (dupilumabe) 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO DAS EXACERBAÇÕES 
TRATAMENTODA INTERCRISE E 
MANUTENÇÃO 
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE 
CONTROLE 
 
 
 
 
 
 
• As crianças menores de 3 anos de idade que apresentam sibilância de lactentes sibilantes ou bebês 
chiadores 
Diagnóstico 
• O diagnóstico deve se basear na história clínica 
• Sintomas por mais de 10 dias de durante infecções respiratórias (sibilância, tosse e dispneia), 
apresenta 3 ou mais exacerbações por ano, tem sintomas entre as crises, tem atopia ou história 
familiar de asma 
• Desencadeantes das exacerbações – infecções virais (mais comum), exposição a irritantes 
(tabagismo passivo), exposição a alérgenos, mudanças de temperatura e atividade física (mamar ou 
chorar) 
• Diagnóstico precoce – fundamental para que se possa iniciar o tratamento apropriado, fazer uma 
intervenção ambiental e orientar a família sobre a doença. Além disso, a exclusão do diagnóstico de 
asma também é importante para a redução de custos e prevenção de efeitos adversos de possíveis 
medicamentos que seriam utilizados 
 
 
 
 
 
 
 
SIBILÂNCIA EM CRIANÇAS PEQUENAS 
 
 
Necessário ter 1 critério maior ou 2 critérios 
menores 
Essas crianças possuem 85% de chance de 
desenvolverem asma 
 
 
 
 
Algoritmo de investigação da asma 
• Sugestivo de asma – sintomas intermitentes, história familiar de atopia, outras doenças atópicas, 
resposta à terapeutica → deve-se solicitar RX de tórax, hemograma e IgE específica 
• Não sugestivo de asma – sintomas persistentes, início precoce, outros sintomas associados, baixo 
ganho ponderal, má resposta ao tratamento, infecção crônica ou recorrente → deve-se aprofundar a 
investigação 
Diagnóstico diferencial das sibilâncias no lactente 
• Intermitentes – sibilância pós-viral (transitórios são não asmáticos e persistentes são asmáticos), 
asma, síndromes aspirativas e aspiração de corpo estranho 
• Persistentes – bronquiolite obliterante, displasia broncopulmonar, malformações, tuberculose, 
fibrose cística e imunodeficiências

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