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1 Bombas e Turbinas Unidade 01 Máquinas de Fluxo Introdução ás Máquinas de Fluxo 2 Bombas e Turbinas Introdução à Máquina de Fluxo 1. Classificação e Principio de Transformação de Energia das Máquinas de Fluxo Máquinas de fluxo são equipamentos mecânicos (Ver figura 01) que promovem a transformação da energia mecânica em hidráulica e/ou hidráulica em mecânica de acordo com o sentido da transformação da energia. As turbinas e moinhos transformam energia hidráulica em energia mecânica que posteriormente é transformada em energia elétrica pelos geradores acoplados ao eixo destas máquinas de fluxo. Já as bombas, ventiladores e compressores transformam energia mecânica em energia hidráulica possibilitando transportar e elevar fluidos a grandes distâncias e elevadas alturas que atendem desde pequenas instalações hidráulicas residenciais até grandes sistemas de irrigação e abastecimento de água industrial nas grandes empresas. Máquina De Fluxo Energia Mecânica Energia Hidráulica Bombas, ventiladores e Compressores. Turbinas e Moinho Figura 01 – Esquema de transformação de energia em uma máquina de fluxo Figura 02 – Classificação simplificada das máquinas de fluxo Máquinas de Fluxo Turbomáquinas Volumétricas Turbinas Bombas Ventiladores Alternativas Rotativas Pistão Diafragma Parafuso Palhetas Lóbulos Engrenagem Hidráulicas Vapor Gás Eólica Centrifugas Axiais Mistas Centrifugas Axiais Mistas 3 Bombas e Turbinas As máquinas de fluxo podem ser divididas em turbomáquinas e volumétricas e/ou de deslocamento positivo (Ver figura 02). As turbo-máquinas direcionam o escoamento através pás solidárias ao rotor e o fluido nunca permanece confinado no interior da sua carcaça, isto é, o fluido esta sempre circulando no interior da máquina de fluxo. Ao contrário numa máquina de fluxo volumétrica e/ou de deslocamento positivo o fluido permanece periodicamente confinado no interior da máquina de fluxo. As turbo-máquinas são dotadas de uma carcaça e no seu interior uma parte móvel denominada de rotor, que se movimenta o fluido. No caso das bombas, ventiladores e compressores, o rotor é acoplado ao eixo de um motor que produz movimento de rotação ao fluido transformando a energia mecânica em energia hidráulica. Por outro lado nas turbinas o fluido ao passar pelo rotor transforma energia hidráulica em energia mecânica. As turbo-máquinas podem ser classificadas segundo a direção do escoamento do fluido ao longo do seu rotor (Ver figura 03), ou seja: a) Maquina de fluxo radial: Nestas turbo-máquinas o escoamento do fluido no seu rotor é predominantemente radial. b) Maquinas de fluxo axial: Nestas turbo-máquinas o escoamento do fluido no seu rotor é axial. c) Maquina de fluxo misto: Nestas turbo-máquinas o escoamento do fluido no seu rotor é dito diagonal, isto é, parte axial e parte radial. 2. Bombas As bombas recebem energia mecânica de motores e transforma em energia hidráulica. Em função da direção que o fluido escoa através de seu rotor no interior da sua carcaça são classificadas em centrifugas, axiais e diagonais. 2.1. Bombas Centrífugas. Uma bomba é denominada centrifuga quando a direção de escoamento do fluído ao longo de seu rotor é incialmente longitudinal e posteriormente perpendicular ao do eixo da bomba. Segue abaixo alguns exemplos das bombas centrifugas (Ver Figura 04, 05 e 06). Os rotores podem ser fechados, semiabertos e abertos. a) Rotor Radial b) Rotor Diagonal c) Rotor Axial Figura 03 – Tipos de Rotores - a)Radial, b) Diagonal, c) Axial. 4 Bombas e Turbinas Figura 05 – Bomba centrifuga –“Rotor Semi-Aberto” Figura 04 – Bomba Centrifuga – “Rotor Fechado” 5 Bombas e Turbinas 2.2. Bomba Axial. Uma bomba é denominada de axial quando a direção de escoamento do fluído ao longo de seu rotor é sempre longitudinal ao do eixo da bomba. Segue abaixo exemplos de bombas axiais (Ver Figura 07). 2.3. Bomba Mista. Uma bomba é denominada de mista quando a direção de escoamento do fluído ao longo de seu rotor é incialmente longitudinal e posteriormente faz uma inclinação com respeito ao do eixo da bomba. Segue abaixo exemplo das bombas mistas (Ver Figura 08). Figura 08 – Bomba Mista –“Rotor Diagonal” Figura 06 – Bomba Centrifuga de Múltiplo Estágio Figura 07 – Bomba Axial –“Rotor Axial” 6 Bombas e Turbinas 2.4. Bombas de Aplicação Especial. Abaixo alguns exemplos de bombas especiais, para aplicação especial, tais como bombas para alimentação das caldeiras, bombas verticais muito utilizadas em estações de captação de água e bomba submersa utilizada em poços profundos (Ver Figura 09). 2.5. Instalações Típicas de Bombeamento Duas instalações típicas de bombeamento são as mais comuns e utilizadas nas instalações de bombeamento (Ver Figura 10): Instalação de bombeamento com sucção positiva Instalação de bombeamento com sucção negativa (Bomba afogada) Figura 09 – Bombas Especiais: Bomba para Caldeira, Bomba vertical e Bomba submersa. Sucção Positiva Sucção Negativa Figura 10 – Instalações típicas de bombeamento 7 Bombas e Turbinas Independente da instalação, seguintes são as singularidades normalmente utilizadas nas instalações de bombeamento (Ver Figura 11): Segue a descrição resumida da função de cada singularidade: Válvula de pé: é uma válvula de retenção que se instala na extremidade inferior da tubulação de sucção, quando a bomba está localizada acima do nível de água do poço de sucção, com o objetivo de impedir o retorno do líquido quando a bomba deixa de funcionar. Desta maneira a bomba e a tubulação de sucção poderão estar sempre cheias de água, ou seja, escorvada sem ar. Caso contrário, a depressão criada na entrada da bomba pode não será suficiente para recalcar o líquido e a bomba trabalha vazia, sem fazer o recalque. Crivo: dispositivo vem acoplado logo abaixo da válvula de pé e tem a finalidade de impedir a entrada de partículas sólidas no interior da bomba. Redução excêntrica: é a peça que se adapta à tubulação de sucção, geralmente de maior diâmetro que a entrada da bomba, de menor diâmetro. A excentricidade exigida nesta peça tem a finalidade de evitar o acúmulo de bolhas de ar na seção de entrada da bomba. Quando estas bolhas ocupam toda a seção, provocam a separação da coluna líquida e contribuem para provocar o fenômeno da cavitação. Motor de acionamento: tem a finalidade de fornecer energia mecânica às bombas. A fonte de energia dos motores, normalmente, é elétrica, podendo-se utilizar também motores de combustão. A união entre a bomba e o motor é realizada por luva elástica, ou por meio de eixo rígido, do tipo monobloco. Bomba: é o dispositivo ou equipamento utilizado para adicionar energia ao escoamento da água, Válvula de retenção: destina-se à proteção da bomba contra o retorno da água e à manutenção da coluna líquida por ocasião da parada do motor. Válvula ou registro: é um o dispositivo que se deve ser instalado logoa seguir da válvula de retenção, visando a manutenção desta, bem como o controle da vazão. O tipo mais utilizado nas instalações de bombeamento é a válvula gaveta. Figura 11 – Instalação Típica de Bombeamento e Singularidades 8 Bombas e Turbinas 2.6. Campo de aplicação O campo de aplicação dos diferentes tipos diferentes de bombas é tão amplo e sujeito a regiões de superposição, que, muitas vezes, torna-se difícil definir qual a melhor bomba para determinada aplicação, no entanto, existem situações em que a supremacia de um tipo de bomba sobre a outra é tão evidente que a seleção pode ser feita já nas etapas iniciais de um projeto. Por outro lado (Ver Figura 12), existe um predomínio das bombas centrífugas, bombas de fluxo misto e bombas axiais para a região de médias e grandes vazões, enquanto as bombas deslocamento positivo dominam a faixa de médias e grandes alturas de elevação e/ou pressão e pequenas vazões. Uma maneira utilizada na escolha adequada do tipo de rotor para atender uma determinada necessidade é o critério do cálculo da rotação específica. Este método leva em consideração experiências e projetos anteriores das bombas utilizando teoria da semelhança mecânica, que se baseia no fato de que existe, para um conjunto de valores de H, Q e n, um formato de rotor de uma máquina de uma bomba que é de menores dimensões e menor custo e que proporciona um melhor rendimento, sendo, portanto, indicada para atender as necessidades especificas requeridas, ou seja, para as bombas a rotação especifica é largamente utiliza equação abaixo: Onde: ns= Rotação especifica (rpm) Q = Vazão da bomba (m3/s) H = Altura de manométrica (m) n = Rotação da bomba (rpm) Figura 12 – Campo de aplicação das bombas 4 3 2 1 65,3 H nQ ns 9 Bombas e Turbinas Após o cálculo da rotação específica, utilizando-se tabela Figura 13, define o tipo de bomba mais adequado para atender as condições características impostas. Figura 13 – Gráfico para escolha do tipo de bomba. 10 Bombas e Turbinas 3. Turbinas As primeiras turbinas surgiram na forma de rodas d’água, utilizando somente a energia cinética dos cursos d’água. Posteriormente passou-se também a utilizar a energia potencial d’água, dando início aos aproveitamentos das quedas d’água em 1827 (Ver Figura 14). As turbinas são constituídas por dois dispositivos principais: O Rotor e o Distribuidor. Os detalhes construtivos tanto do rotor como do distribuidor variam para cada tipo de turbina. O rotor é o órgão móvel das turbinas, sobre o qual atua a água aduzida do distribuidor. É dotado de pás que formam canais ou conchas sobre os quais atua a água em escoamento, sendo que as forças decorrentes da velocidade da água dão origem a um conjugado de rotação que dá ao eixo da turbina a rotação e potencia desejada. O distribuidor é o órgão fixo das turbinas ao qual compete a função de direcionar a água até o rotor, regulando a vazão da turbina e convertendo energia de pressão em energia cinética. Na maioria das Usinas Hidroelétricas em funcionamento utilizam um dos três tipos de turbinas: mais convencionais: Turbina Pelton, Turbina Francis e Turbinas Axiais (Hélice, Kaplan. Bulbo). 3.1. Turbinas Pelton. As Turbinas Pelton são máquinas de ação e escoamento tangencial. Operam em altas quedas e baixas vazões. Podem ser de um jato, dois, quatro ou seis jatos e podem ser de eixo horizontal ou vertical. A energia hidráulica é transferida para o rotor pela ação do jato de água que sai do injetor e incide sobre pás bipartidas em forma de cunha. O controle da vazão é realizado na agulha e no injetor (Ver Figura 15). Figura 15 – Turbina Pelton – “Rotor Tangencial” Figura 14 – Roda de água 11 Bombas e Turbinas 3.2. Turbinas Axiais As turbinas axiais são caracterizadas pelo fato do fluxo escoar longitudinalmente ao eixo do rotor. São máquinas de reação e trabalham com baixas quedas e grandes vazões. As Turbinas axiais mais utilizadas são a Turbina Kaplan,Turbina Bulbo e Turbina Hélice (Ver Figura 16) . A máquina axial foi desenvolvida em 1908 devido à necessidade de se operar em aproveitamentos de baixas quedas. A Turbina Hélice diferencia das Turbinas Kaplan e Bulbo pelo fato de que nas turbinas hélice as suas pás não possuir e/ou permitir movimento para regulagem e ajuste da vazão. A turbina bulbo é uma solução compacta da turbina Kaplan, podendo ser utilizada tanto para pequenos quanto para grandes aproveitamentos e se caracterizam por ter o gerador montado na mesma linha da turbina em posição quase horizontal e envolto por um casulo que o protege do fluxo normal da água. É empregada na maioria das vezes para aproveitamentos de baixa queda Sua concepção compacta de uma turbina Bulbo reduz consideravelmente o volume das obras civis, tornando a mesma de menor custo. Em compensação, o custo do equipamento eletromecânico, turbina e gerador são maiores que os das turbinas convencionais. Figura 16 – Turbina Kaplan e Bulbo – “Rotor Axial” 12 Bombas e Turbinas 3.3. Turbinas Francis As Turbinas Francis são máquinas de reação, com escoamento radial (lenta e normal) e escoamento misto (rápida), (Ver Figura 17). São máquinas ideais para médias vazões e média quedas. O controle da vazão é realizado no distribuidor ou sistema de pás móveis. São turbinas rigorosamente centrípetas. Lento (Fluxo Radial) Normal (Fluxo Radial) Rápido (Fluxo Diagonal) Figura 17 – Turbina Francis – “Rotor Radial e Diagonal” 13 Bombas e Turbinas 3.4. Campo de aplicação A Figura 18 apresenta o campo de aplicação dos principais tipos de turbinas hidráulicas levando em consideração a altura de queda, a vazão e a potência. Embora fique evidenciada a existência de regiões em que prepondera um determinado tipo de turbina, como por exemplo: Turbina Kaplan: Grandes vazões e pequenas alturas de queda Turbina Pelton: Maiores alturas de queda e menores vazões. Turbina Francis: Médias alturas e vazões. Outro critério utilizado para seleção do tipo de rotor de uma turbina utilizando-se equações de semelhança mecânica baseando-se na experiência de projetos bem sucedidos no sentido de buscar balancear e garantir menor custo do gerador elétrico, menor problema de cavitação, menor custo de construção civil, maior flexibilidade de operação, maior facilidade de manutenção, após cálculo da rotação especifica utiliza-se Figura 19 apresentado a seguir, para escolha do rotor: Onde: ns= Rotação especifica no Sistema Internacional (Adimensional) Q = Vazão da Turbina (m3/s) H = Altura de Queda (m) n = Rotação da Turbina (rps) g = Aceleração da gravidade - 9,81 m/s2 Figura 18 – Campo de aplicação das turbinas 4 3 2 1 1000 Hg nQ ns 14 Bombas e Turbinas Figura 20 – Rendimento típico das Turbinas 3.5. Rendimento das Turbinas As turbinas são máquinas que apresentam relativamente bons valores de rendimento. A Figura 20 a seguir apresenta um gráfico onde podemos visualizar o rendimento de vários tipos de turbinas em funçãoda relação da vazão disponível. Figura 19 – Gráfico para Seleção do Tipo de Turbina. 15 Bombas e Turbinas Figura 21 – Exemplo de Usina Hidroelétrica de Fio d’ água Figura 22 – Exemplo de Usina Hidroelétrica de Acumulação 3.6. Classificação das Usinas com Respeito a sua Operação As usinas hidroelétricas podem ser classificadas com respeito ao tipo de operação em: 3.6.1. Usinas de Fio D’água As usinas de fio d’água são usinas sem reservatórios significativos e normalmente operam com altura de queda e vazão não controlada e utilizam diretamente a vazão do sistema disponível (Ver Figura 21). 3.6.2. Usinas de Acumulação As usinas de acumulação são usinas com grandes reservatórios e devido questões operacionais e ambientais devem manter o nível de água constante (Ver Figura 22). http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=MWPrXv7IDMspPM&tbnid=EgVxErTSd4yhSM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.brazilecovip.com.br/passeio/56&ei=Ya7nU5iMH47msATG-oKQCA&psig=AFQjCNGse6u4ej6_j9-j8mhzXAJtALAIGw&ust=1407778723207097 16 Bombas e Turbinas Figura 24 – Principais Usinas Hidroelétricas no Brasil Figura 23 – Exemplo de Usina Hidroelétrica Reversível – (Guangzhou, China) 4.6.2. Usinas Reversíveis As usinas reversíveis são usinas que geram energia elétrica utilizando água através do bombeamento de um reservatório inferior mais baixo para outro mais elevado. Em muitas situações neste tipo de usina as turbinas são reversíveis, ou seja, podem operar com bomba e turbina (Ver Figura 23). Uma usina reversível é a forma mais eficaz tanto do ponto de vista econômico como ambiental de se armazenar energia durante as fases de carga básica para disponibilizar esse excedente à rede em momentos de picos de demanda, ou mesmo para funções de regulação do sistema. Isso tem sido feito pela Empresa Voith desde que essa tecnologia foi inventada. Atualmente, já foram instaladas mais de 400 usinas reversíveis em todo o mundo, com uma potência que soma mais de 24.000 MW. 4.7. Principais Usinas Hidroelétricas, Estimativa de consumo e Geração de Energia no Brasil O quadro abaixo Figura 24, mostra as dez maiores usinas hidroelétricas do Brasil, estado e rio onde é localizada e respectiva capacidade de geração de energia elétrica em ordem decrescente. http://voith.com/br/mercados-e-setores-de-negocios/energia-hidreletrica/usinas-hidreletricas-reversiveis/guangzhou-9801.html http://voith.com/br/mercados-e-setores-de-negocios/energia-hidreletrica/usinas-hidreletricas-reversiveis/guangzhou-9801.html 17 Bombas e Turbinas Figura 25 – Capacidade de Produção x Demanda A energia elétrica produzida pelas grandes Usinas Hidroelétricas sempre teve um papel importante no desenvolvimento do Brasil. Entre 1975 e 2005 a potencia instalada cresceu de 13.724 MW para quase 69.000 MW (Ver Figura 25). O quadro abaixo mostra um mapa do aproveitamento do potencial hidroelétrico Brasileiro: Fonte: Bronzatti, F. L. e Neto, A. I., Matrizes Energéticas no Brasil: Cenário 2010-2030, XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, RJ, 2008 Pode-se verificar que a estimativa de consumo de energia elétrica em 2030 deverá girar entre 950 TWh e 1.250TWh/ano, comparado com o consumo atual que se situa na faixa de 405TWh (Fonte: ANEEL – 2006). Esta diferença exigirá investimentos pesados na expansão da oferta de energia elétrica. No caso deste fornecimento ser realizado por usinas hidroelétricas, mesmo com uma instalação adicional de 120 mil MW, o que eleva para 80% o uso deste potencial, ainda assim poderia não ser suficiente para atender a demanda em 2030. 5. Ventiladores Ventiladores a exemplo das bombas e turbinas são turbomáquinas que se destinam a produzir o deslocamento dos gases. A rotação de um rotor dotado de pás adequadas, acionado por um motor, em geral o elétrico, permite a transformação da energia mecânica do rotor na forma de energia hidráulica que o fluido é capaz de assumir, ou seja, a energia potencial de pressão e a energia cinética. Graças à energia adquirida, o fluido no caso, o ar ou os gases, torna-se capaz de escoar em dutos, vencendo as resistências que se oferecem ao seu deslocamento, proporcionando a vazão desejável de ar ou gases para a finalidade que se destina. Os ventiladores são usados nos projetos em ventilação, exaustão, desempoeiramento, climatização e em processos da indústria siderúrgica nos altos-fornos, sinterização, caldeiras nos queimadores, nos transportes pneumáticos, dentre outras aplicações. O ventilador é estudado como uma máquina de fluido incompressível, uma vez que o grau de compressão que nele se verifica é tão pequeno, que não é razoável analisar seu comportamento como se fosse uma máquina térmica. Quando a compressão é superior a aproximadamente 2,5 kgf./cm 2 , empregam-se os compressores, cuja teoria de funcionamento, em princípio, é igual à dos ventiladores, havendo, porém necessidade de levar em consideração os fenômenos termodinâmicos decorrentes da compressão do ar e os aspectos inerentes ao resfriamento dessas máquinas. Considerando que os ventiladores são turbo-máquinas a classificação segundo a direção do escoamento do fluido ao longo do seu rotor, pode ser radial, diagonal e axial. Twh 18 Bombas e Turbinas 5.1. Ventilador Centrífugo. Um ventilador é denominado centrifugo quando a direção de escoamento do gás ao longo de seu rotor é incialmente longitudinal e posteriormente perpendicular ao do eixo do ventilador. Segue abaixo alguns exemplos das bombas centrifugas (Ver Figura 26, 27 e 28). Os rotores podem ser fechados, semiabertos e abertos. 5.2. Ventilador Axial. Um ventilador é denominado de axial quando a direção de escoamento do gás ao longo de seu rotor é sempre longitudinal ao do eixo do ventilador. Segue abaixo exemplo de ventilador axial (Ver Figura 29). Direção do Escoamento Axial Figura 27 – Ventilador Centrifugo – “Rotor Siroco” Figura 26 - Ventilador Centrifugo – “Rotor Radial” Figura 29 – Ventilador Axial – “Rotor Axial” Figura 28 – Ventilador centrifugo – “Rotor pá reta” 19 Bombas e Turbinas Segue com alguns modelos de ventiladores com respectivas orientações de aplicação e características – (Fabricante: OTAM Ventiladores S/A), (Ver Figuras 30 e 31) Figura 30– Modelos de ventilador 20 Bombas e Turbinas 5.3. Instalações típicas Segue exemplos de instalações onde são utilizados os ventiladores, (Ver Figuras 32, 33 e 34) Figura 31 – Modelos de ventilador Figura 32 – Sistema de desempoeiramento. 21 Bombas e Turbinas 6. Compressores Compressores são máquinas de fluxo utilizadas e destinadas principalmente nas industriais com a finalidade de elevar a energia dos fluidos gasosos, ou seja, aumentar a pressão, principalmente do ar, e são divididas em turbo-máquinas e máquinas volumétricas e/ou de deslocamento positivo. A elevação de pressão requerida pode variar desde cercade 1,0 atm até centenas ou milhares de atmosferas. Há quem utilize ainda a denominação "sopradores" para designar as máquinas que operam com elevação de pressão superior aos limites usuais dos ventiladores. Os compressores volumétricos, de uma maneira geral, em alternativos e rotativos. a) Alternativos podem ser de: De êmbolo; De membrana. B) Rotativos, por sua vez, podem ser: De engrenagens de fluxo tangencial; De engrenagens helicoidais ou de fluxo axial; De palhetas; De pêndulo; De anel de líquido; De pistão rotativo; Figura 33 – Sistema de exaustão Figura 34 – Sistema de ar condicionado 22 Bombas e Turbinas C) Turbo-máquinas, podem ser: Centrífugos; Axiais. As características dos compressores podem variar em função dos tipos de aplicações a que se destinam. Dessa forma, convém distinguir as seguintes categorias de serviços principais: Compressores de ar para serviços ordinários; Compressores de ar para serviços industriais; Compressores de gás ou de processo; Compressores de refrigeração; Compressores para serviços de vácuo. Segue alguns exemplos de compressores: 6.1. Compressor alternativo a pistão Esse tipo de compressor se utiliza de um sistema biela-manivela para converter o movimento rotativo de um eixo no movimento translacional de um pistão ou êmbolo, como mostra a figura abaixo. Dessa maneira, a cada rotação do acionador, o pistão efetua um percurso de ida e outro de vinda na direção do cabeçote, estabelecendo um ciclo de operação. (Ver Figura 35). Etapa de admissão: Na etapa de admissão o pistão se movimenta em sentido contrário ao cabeçote, fazendo com que haja uma tendência de depressão no interior do cilindro que propicia a abertura da válvula de sucção. O gás é então aspirado. Etapa de compressão: A etapa de compressão inicia quando o movimento do pistão se inverte, a válvula de sucção se fecha e o gás é comprimido até que a pressão interna do cilindro seja suficiente para promover a abertura da válvula de descarga. Etapa de descarga: A etapa de descarga ocorre quando a válvula de descarga se abre, a movimentação do pistão faz com que o gás seja expulso do interior do cilindro.e dura até que o pistão encerre o seu movimento no sentido do cabeçote. Etapa de expansão: Ocorre, porém, que nem todo o gás anteriormente comprimido é expulso do cilindro. A existência de um espaço morto ou volume morto, compreendido entre o cabeçote e o pistão no ponto final do deslocamento, faz com que a pressão no interior do cilindro não caia instantaneamente quando se inicia o curso de retorno. Nesse momento, a válvula de descarga se fecha, mas a válvula de admissão só se abrirá quando a pressão interna cair o suficiente. Essa etapa, em que as duas válvulas estão bloqueadas e o pistão se movimenta em sentido inverso ao do cabeçote, se denomina etapa de expansão, e precede a etapa de admissão de um novo ciclo. Podemos concluir então que, devido ao funcionamento automático das válvulas, o compressor alternativo aspira e descarrega o gás respectivamente nas pressões instantaneamente reinantes na tubulação de sucção e na tubulação de descarga. Em termos reais, há naturalmente uma certa diferença entre as pressões interna e externa ao cilindro durante a aspiração e a descarga, em função da perda de carga no escoamento. 23 Bombas e Turbinas 6.2. Compressor de palhetas O compressor de palhetas possui um rotor ou tambor central que gira excentricamente em relação à carcaça. Esse tambor possui rasgos radiais que se prolongam por todo o seu comprimento e nos quais são inseridas palhetas retangulares. Um compressor de palheta em detalhes. Quando o tambor gira, as palhetas deslocam-se radialmente sob a ação da força centrífuga e se mantêm em contato com a carcaça. O gás penetra pela abertura de sucção e ocupa os espaços definidos entre as palhetas. Podemos notar que, devido à excentricidade do rotor e às posições das aberturas (Ver Figura 36) de sucção e descarga, os espaços constituídos entre as palhetas vão se reduzindo de modo a provocar a compressão progressiva do gás. A variação do volume contido entre duas palhetas vizinhas, desde o fim da admissão até o início da descarga, define, em função da natureza do gás e das trocas térmicas, uma relação de compressão interna fixa para o compressor. Assim, a pressão do gás no momento em que é aberta a comunicação com a descarga poderá ser diferente da pressão reinante nessa região. O equilíbrio é, no entanto, quase instantaneamente atingido a pressão requerida para o gás descarregado. Figura 35 – Compressor alternativo de pistão Figura 36 - Compressor de palhetas 24 Bombas e Turbinas 6.3. Compressor de parafuso Esse tipo de compressor possui dois rotores em forma de parafusos que giram em sentido contrário, mantendo entre si uma condição de engrenamento (Ver Figura 37). O gás penetra pela abertura de sucção e ocupa os intervalos entre os filetes dos rotores. A partir do momento em que há o engrenamento de um determinado filete, o gás nele contido fica encerrado entre o rotor e as paredes da carcaça. A rotação faz então com que o ponto de engrenamento vá se deslocando para a frente, reduzindo o espaço disponível para o gás e provocando a sua compressão. Finalmente, é alcançada a abertura de descarga, e o gás é liberado. 6.4. Compressor de lóbulos Esse compressor (Ver Figura 338), possui dois rotores que giram em sentido contrário, mantendo uma folga muito pequena no ponto de tangência entre si e com relação à carcaça. O gás penetra pela abertura de sucção e ocupa a câmara de compressão, sendo conduzido até a abertura de descarga pelos rotores. O compressor de lóbulo desloca o gás de uma região de baixa pressão para uma região de alta pressão e é também conhecido originalmente como compressor “ROOTS”, caracterizando um exemplo típico do que se pode caracterizar como um soprador, uma vez que é oferecida para elevações pequenas de pressão. Figura 38 - Compressor de lóbulos Figura 37 - Compressor de parafuso 25 Bombas e Turbinas 6.5. Compressor centrífugo O gás é aspirado continuamente pela abertura central do rotor e descarregado pela periferia do mesmo, num movimento provocado pela força centrífuga que surge devido á rotação, daí a denominação do compressor. O fluido descarregado passa então a descrever uma trajetória em forma espiral através do espaço anular que envolve o rotor e que recebe o nome de difusor radial ou difusor em anel. Esse movimento leva à desaceleração do fluido e consequente elevação da pressão. Prosseguindo em seu deslocamento, o gás é recolhido em uma caixa espiral denominada voluta e conduzido à descarga do compressor. Antes de ser descarregado, o escoamento passa por um bocal divergente, o difusor da voluta. Os compressores centrífugos não proporcionam grandes elevações de pressão, portanto quando é necessário pressões maiores podem ser utilizados compressores de múltiplos estágios (Ver Figura 39). 6.6. Compressor axial Os compressores axiais são dotados de um tambor rotativo em cuja periferia são dispostas séries de palhetas em arranjos circulares. Os compressores axiais são sempre dotados de vários estágios. O escoamento desenvolve-se segundo uma trajetória axial,(Ver Figura 40). Figura 39 - Compressor centrífugo Figura 40 - Compressor axial 26 Bombas e Turbinas 6.7. Instalações típicas Segue exemplo de instalação onde é utilizado oscompressores. (Ver Figuras 41 e 42) Figura 41 – Instalação de ar comprimido Figura 42 – Transporte pneumático de pó 27 Bombas e Turbinas 7. Campo de aplicação dos ventiladores e compressores Num ventilador, a alteração da massa específica do gás entre a admissão e a descarga é pequena e o gás pode ser considerado como um fluido incompressível, ou seja, diferenças de pressão até 10 kPa ou 1000 mmca. Num compressor, a alteração da massa especifica é significativa, não podendo ser desconsiderada. Para uma faixa de diferença de pressão entre a descarga e a admissão da máquina da ordem de 10 a 300 kPa ou 1000 a 3000 mmca. Tomando-se para análise o caso dos compressores, normalmente caracterizados pela vazão de gás aspirado e pela pressão na descarga, o domínio absoluto dos compressores centrífugos e axiais para regiões de grandes vazões e pressões. Por outro lado, os ventiladores atendem aplicações de pressões menores. (Ver Figura 43) Entretanto, na gama das pequenas e médias vazões e elevadas relações de pressão entre descarga e admissão, os compressores alternativos de êmbolo ou pistão mantêm o seu predomínio, com avanços tecnológicos significativos e um consumo energético favorável. Figura 43 – Faixa de aplicação dos ventiladores e compressores 28 Bombas e Turbinas Para os ventiladores o método utilizando semelhança mecânica e equação da rotação específica é apresentado a seguir: Onde: A rotação específica pode calculada pela equação: Rotação: n - (rpm) Vazão: Q - (l/s) Pressão: H - (mmH2O) Rotação específica: ns - (rpm) Após o cálculo da rotação específica, utilizando-se tabela Figura 44, define o tipo de ventilador mais adequado para atender as condições características impostas. 4 3 2 1 .6,16 H nQ ns Figura 44 – Gráfico para Seleção do Tipo de Ventilador. 29 Bombas e Turbinas 8. Bombas Volumétricas e/ou de Deslocamento Positivo As bombas volumétricas e/ou de deslocamento positivo são assim denominadas por utilizarem a variação de volume do líquido no interior de uma câmara fechada para provocar uma variação de pressão. Esta variação de pressão é realizada pela ação de movimentos rotativos ou alternativos e por causa disto estes equipamentos recebem o nome de bomba alternativa de pistão, bomba de parafuso, bomba de engrenagem, etc. 8.1. Bombas alternativas a pistão A bomba de pistão envolve um movimento de vai-e-vem de um pistão num cilindro resultando num escoamento intermitente. Para cada golpe do pistão, um volume fixo do líquido é descarregado na bomba. A taxa de fornecimento do líquido é função do volume varrido pelo pistão no cilindro e o número de golpes do pistão por unidade do tempo (Ver Figura 45). A bomba alternativa de pistão pode ser de simples ou duplo efeito, dependendo se o pistão possui um ou dois cursos ativos. Na bomba de recalque de duplo efeito, o pistão descarrega água por um dos seus lados, enquanto a água é puxada para dentro do cilindro pelo outro lado do pistão, não havendo tempo de transferência. Dessa forma, a água é descarregada em qualquer tempo, ao invés de ser descarregada em tempos alternados, como nas bombas de simples efeito. Então, a vazão de uma bomba de simples efeito pode ser duplicada numa bomba de duplo efeito que possua cilindro de idêntico deslocamento, ou seja, comparando a bomba de duplo efeito com a de simples efeito, verificamos que o deslocamento de água é maior para um mesmo número de rotações. 8.2. Bombas de Embolo A operação deste tipo de bomba é idêntica a operação da bomba de recalque do tipo pistão de duplo efeito, trocando-se apenas o pistão pelo êmbolo (Ver Figura 46). Figura 45 – Bomba de Pistão Figura 46 – Bomba de Embolo 30 Bombas e Turbinas 8.3. Bombas de Diafragma A bomba de diafragma utiliza uma substância elástica (tal como uma borracha), ao invés de pistão ou êmbolo, para desenvolver operações de bombeamento. Os dois tipos básicos de bomba de diafragma são: aberto e fechado. As bombas de diafragma têm se mostrado eficientes para tarefas tais como: retirada de água de valas, fundações encharcadas, drenos e outras depressões encharcadas, nas quais há uma grande quantidade de barro ou areia na água (Ver Figura 47). O movimento da membrana em um sentido diminui a pressão da câmara fazendo com que seja admitido um volume de líquido. Ao ser invertido o sentido do movimento da haste, esse volume é descarregado na linha de recalque. 8.4. Bombas de Engrenagem A formação de volume ocorre entre os flancos dos dentes e as paredes da carcaça. Na bomba, uma das engrenagens é a motriz acionada pelo eixo a qual gira a outra (Ver Figura 48). As engrenagens giram em sentidos opostos, criando um vácuo parcial na câmara de entrada da bomba. O fluido é introduzido no vão dos dentes e é transportado junto à carcaça até a câmara de saída. Ao se engrenarem novamente, os dentes forçam o fluido para a abertura de saída. A alta pressão na abertura de saída impõe uma carga radial nas engrenagens e nos rolamentos. Esse tipo de bomba é geralmente usado para pressões até 210 bar e vazão até 660 l/min. Vemos, então, que a bomba de engrenagens é mais bem utilizada em circuitos que requeiram baixa ou média vazão e pressão relativamente alta. Figura 47 – Bomba de Diafragma Figura 48 – Bomba de Engrenagem 31 Bombas e Turbinas 8.5. Bombas de Lóbulos O princípio de funcionamento das bombas de lóbulos é similar ao da bomba de engrenagens, exceto em que os elementos giratórios, que engrenam, são rotores em forma de lóbulos e não em rodas dentadas. Ambos os rotores são propulsados, sincronizados por engrenagens ou correntes de distribuição, girando em sentidos opostos, apresentando uma pequena folga efetiva. Também são diferenciadas conforme a quantidade de lóbulos, dois, três ou mais lóbulos (Ver Figura 49). 8.6. Bombas de Parafuso São bombas compostas por dois parafusos que tem movimentos sincronizados através de engrenagens. O fluido é admitido pelas extremidades e, devido ao movimento de rotação e aos filetes dos parafusos, é empurrado para a parte central onde é descarregado. Os filetes dos parafusos não têm contato entre si, porém, mantém folgas muito pequenas, das quais depende o rendimento volumétrico (Ver Figura 50). Essas bombas são muito utilizadas para o transporte de produtos de viscosidade elevada. Há projetos de bombas com uma camisa envolvendo os parafusos, por onde circula vapor, com o objetivo de reduzir a viscosidade do produto. Há casos em que essas bombas possuem três parafusos e os filetes estão em contato entre si, além de um caso particular em que há apenas um parafuso. Figura 43 – Bomba de Lóbulos Figura 50 – Bomba de Parafuso 32 Bombas e Turbinas 8.7. Bombas de Palhetas Uma bomba de palhetas é constituída por um rotor provido de ranhuras nas quais deslizam palhetas que durante o movimento de rotação desse rotor entram em contato com um anel excêntrico devido ao efeito da força centrífuga (Ver Figura 51). O espaço compreendido entre o rotor, o anel e as palhetas enche-se do óleo vindo da tubulação de aspiração. Esse óleo é pulsado para a tubulação de descarga. Então, pelapassagem do conjunto rotor palhetas pela vizinhança da câmara de aspiração, o volume do espaço compreendido entre duas palhetas aumenta, provocando uma depressão, que aspira o óleo; mas quando esta vizinhança da câmara de descarga, o volume compreendido entre as duas pás diminui, obrigando assim o óleo a fluir para a descarga. A variação da vazão neste tipo de bomba é possível com a alteração da excentricidade. Quando (e=0), isto é, excentricidade nula (rotor e estator no mesmo eixo de giro), a vazão será nula. A vazão será máxima para a máxima excentricidade, isto é, quando o rotor é posicionado tangente ao estator. Figura 51 – Bomba de Palhetas
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