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Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. CONVERSA INICIAL Sabemos que a língua é o veículo fundamental de comunicação e o principal modo de atuar na sociedade em que vivemos. Sendo assim, ela é estudada desde os tempos mais antigos. Nós mesmos a temos estudado, na prática, desde quando? Mas, afinal de contas, não é a língua que nós falamos desde crianças? Não é a nossa língua materna, a língua oficial de nossa nação? Então, por que estudá-la? Por que dizemos que português é tão difícil? E por que nós erramos questões de língua portuguesa que estudamos durante tanto tempo? Faça estas perguntas a você mesmo e procure respondê-las. Em princípio, a resposta pode ser mais ou menos assim: a língua nasceu conosco e faz parte do nosso dia a dia, literalmente, ela convive conosco, justamente por isso não nos atentamos aos detalhes, as minúcias, as famosas pegadinhas e implícitos. Daí, muitas vezes, entendemos o que está escrito porque está em português, mas não percebemos a falta de uma vírgula, de um acento ou de uma crase, ou não compreendemos o que lemos. É por esse motivo que entender ou decodificar um texto é bem diferente de compreendê- lo. Glossário Decodificar: [v.t.] Escrever em linguagem clara e comum um texto escrito em código. Você sabia que no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa o hífen não é mais exigido nas palavras compostas que têm entre os termos um elemento de ligação (preposição, artigo ou pronome)? Em nosso texto temos a expressão dia a dia que ilustra essa nova regra. Pois é, para saber mais sobre essa mudança, acesse: http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/2010/11/19/dia-a-dia-ou-dia-a-dia-como-fica- a-expressao-no-novo-acordo/. http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/novo-acordo/ http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/2010/11/19/dia-a-dia-ou-dia-a-dia-como-fica-a-expressao-no-novo-acordo/ http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/2010/11/19/dia-a-dia-ou-dia-a-dia-como-fica-a-expressao-no-novo-acordo/ Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Diante disso, o que podemos fazer para conhecer nossa língua? Na verdade, não existe método mágico, todos são lógicos. Para aprender sobre ela é preciso estudá-la e a melhor estratégia é disciplina, concentração, assimilação e muita, muita prática. No entanto, embora exija dedicação, é importante não esquecer que a língua é considerada a sua identidade e contribui para que você possa ser o autor de sua própria história de forma competente, responsável, crítica e criativa. Da próxima vez, então, quando for escrever um e-mail, uma mensagem no Facebook, um post num blog ou Whatsapp, ou até mesmo uma redação, releia o que escreveu. Não fique com dúvidas, busque no dicionário ou na gramática, corrija-se como se fosse o seu próprio professor, pois essa é uma excelente maneira de aprender. E não esqueça! A leitura e a escrita estão intimamente ligadas, uma depende da outra, pois a leitura além de divertir, relaxar e descontrair é a base de saberes que você levará consigo para sempre. E depois ler amplia o vocabulário, melhora a escrita, a fala, a capacidade de compreender ideias e de se expressar. Tal visão vai ao encontro da afirmação de Saramago, já que: Fonte: http://kdfrases.com/frase/153549 Outro autor, também, compartilha desta mesma perspectiva e explica: Ler e escrever são atos indissociáveis. Só mesmo quem tem o hábito da leitura é capaz de escrever sem muita dificuldade. A leitura eficiente de livros, revistas e jornais permite-nos refletir sobre as http://kdfrases.com/frase/153549 Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. ideias e formular nossa própria opinião. Sem opinião formada é impossível escrever qualquer texto (VIANA, 2004, grifo nosso).1 Como mencionamos antes, a língua nos é tão comum que nem observamos os detalhes. Você percebeu que a palavra "ideias" foi, propositalmente, destacada no texto para mais uma dica de português? Pois é, embora na citação anterior a palavra "ideias" apareça acentuada, de acordo com o novo sistema ortográfico são eliminados os acentos dos ditongos abertos tônicos que se encontram na penúltima sílaba das palavras, ou seja, o acento desaparece apenas nas paroxítonas. Passamos, portanto, a escrever "heroico", "paranoico", "ideia" e "assembleia", todas sem acento. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/portugues/reforma- ortografica/dicas/ Ainda, para auxiliar a memorização dessa nova regra assista as dicas do Prof. Pasquale em: http://www.youtube.com/watch?v=8dshiyagerg. É por este motivo que uma das reclamações mais frequentes que ouvimos dos nossos alunos é: "Eu não sei escrever!". Você provavelmente já escutou ou, até, passou por situação idêntica ou semelhante a esta alguma vez na vida, não é mesmo? Saiba que quando não lemos agravam-se as dificuldades na escrita. Portanto, a leitura e a escrita são capazes de transformar nossas vidas todos os dias, ampliando nosso processo cognitivo e o processo de linguagem. E, como resultado de tais práticas, você vai internalizar as regras da língua, utilizando-se dos mecanismos linguísticos2 de modo consciente, explorando os textos, desvendando as estratégias e os efeitos de sentido, identificando as vozes e a ideologia presentes no discurso, além de se constituir como sujeito responsável pelo processo de construção do sentido. Destacamos ainda que a falta da leitura e da escrita refletem, também, nessa época em que as tecnologias digitais da comunicação facilitam a disseminação da informação e do conhecimento, já que são diagnosticados, constantemente, índices alarmantes que revelam o baixo desempenho dos alunos em relação à compreensão dos textos que lê. Desta maneira, considerando-se a grande importância das várias formas de comunicação para que possamos conviver em sociedade e sem perder de vista 1 VIANA, Antonio Carlos (Coord.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2004. 2Conhecimentos linguísticos necessários a construção textual, ou seja, uma estruturação lógica e formal entre as partes do texto garantindo relações de continuidade e sentido. https://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-ortografica/dicas/ https://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-ortografica/dicas/ http://www.youtube.com/watch?v=8dshiyagerg Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. essa necessidade do conhecimento da língua portuguesa, a disciplina Comunicação Oral e Escrita convida você a fazer desse material a porta de entrada para a aquisição de novos conhecimentos. Ela está dividida em IV unidades. Na Unidade I, estudaremos alguns conceitos como: explícito e implícito, apreensão e compreensão de sentido, intertextualidade e conhecimento de mundo. Na Unidade II, focalizaremos a linguagem verbal e a não verbal e suas implicações na compreensão do texto. Na Unidade III, discutiremos coesão e coerência textual, fatores responsáveis para a construção do sentido e, para finalizar, a Unidade IV contemplará alguns apontamentos sobre leitura e escrita. Essa relação estreita entre os conteúdos serão o objeto de estudo do nosso módulo. As unidades, ainda, reúnem vários gêneros textuais selecionados para estimular sua reflexão e análise, são textos extraídos de diferentes fontes com o objetivo de abordar recortes temáticos relacionados aos conteúdos. Os estudos que serão realizados darão melhor entendimento da diversidade que permeia nossa língua, além,é claro, de ter como finalidade principal apoiar a sua formação geral, estimulando a leitura, a interpretação e a produção textual, e incentivando a busca do conhecimento mais aprofundado de nossa própria língua. Lembre-se: o conhecimento sempre faz a diferença! ÓTIMOS ESTUDOS! Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. UNIDADE I APREENSÃO E COMPREENSÃO DE SENTIDO Professora Me. Andrea Escame Brandani OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM O objetivo, nesta primeira unidade, é entender que o conhecimento só se realiza quando somos capazes de compreender que o domínio das práticas discursivas não depende apenas do conhecimento do código linguístico, mas da importância de saber interpretar eficazmente os recursos da linguagem como fator indispensável para a produção de sentido, pois só assim é possível atingir uma leitura significativa e crítica, além, é claro, da possibilidade de podermos nos posicionar diante de uma sociedade repleta de conflitos e contradições. GLOSSÁRIO Prática discursiva: segundo Foucault (1969, p. 133), é definida como um conjunto de “regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou linguística, as condições de exercício da função enunciativa”. FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 7ª ed. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. Códigos linguísticos: são responsáveis pela representação das ideias, sendo esses códigos as palavras que, por meio da fala ou da escrita, associamos a determinadas ideias. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Diante disso, introduziremos os conceitos de apreensão e compreensão de sentido a fim de destacar a diferenciação existente entre os termos e a importância de saber distingui-los para atingir o sentido pleno da leitura. Neste percurso outros conceitos serão discutidos, tais como: conotação/denotação, explícito/implícito, conhecimento de mundo e intertextualidade. Conceitos estes que implicam, diretamente, no processo da interpretação. PLANO DE ESTUDO Serão abordados os conceitos de: 1. Sentido literal e figurado, denotação e conotação. 2. Apreensão e compreensão do sentido. 3. Explícito e implícito. 4. Conhecimento de mundo e intertextualidade. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. INTRODUÇÃO Antes de iniciarmos nosso estudo sobre apreensão e compreensão de sentido, certamente você deve estar se questionando: Por que preciso estudar português em um curso de administração, pedagogia, direito ou em qualquer outro? Para que preciso saber esses conceitos? Como eles auxiliarão meu aprendizado? Essas perguntas não possuem respostas imediatas e farão parte das suas reflexões no decorrer do curso, pois tais dúvidas e indagações são normais e contribuem com a aprendizagem de todos nós. Você já deve ter observado que a linguagem encontra-se em todas as áreas do conhecimento e do saber humano: na troca de ideias ou informações, nas negociações (compra e venda) de produtos ou serviços, na roda de amigos, nas escolas, no comércio e na indústria, enfim, em todos os lugares onde há pessoas. Então, é indispensável que você, profissional das mais diversas áreas, se conscientize sobre a importância do correto uso da língua materna em seu cotidiano, já que este aspecto influencia não só a imagem da empresa em que atua ou irá atuar, como também a sua própria imagem como profissional e cidadão brasileiro. Edgard Murano3 (2009), em seu artigo “Os dez erros de português das empresas”, esclarece que: Uma pessoa que apresente dificuldades para comunicar-se tende a ter maior dificuldade numa empresa. Quanto mais se evoluir na hierarquia maior será a cobrança. Na expressão, essa evolução será medida, entre outros fatores, por um bom vocabulário e pela capacidade de se expressar com precisão e clareza em situações cotidianas. (MURANO, 2009) 3 MURANO, Edgard. Os dez erros de português das empresas. Revista Língua portuguesa, nº 39, janeiro de 2009. Disponível em: <http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf>. Acesso: 08/2013. http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Portanto, devemos cuidar da qualidade da nossa comunicação. Veja, nesse vídeo, um belíssimo exemplo sobre a importância de saber comunicar-se. https://www.youtube.com/watch?v=ZiMBLzcJoyc Com certeza você já notou que nem todas as pessoas possuem essa facilidade em se expressar, pois são comuns e ocorrem com frequência várias falhas na comunicação. Algumas são facilmente identificadas, mas existem aquelas que exigem um interlocutor mais atento. Vejamos, então, dois exemplos. Observe a charge a seguir e perceba que o desconhecimento do significado correto de uma palavra por parte de quem lê/ouve ocasiona a incompreensão e fracasso da mensagem, pois ao responder a pergunta o aluno ficou atento para outro sentido e demonstra, claramente, que ele não entendeu a pergunta. Fonte: http://www.not1.com.br/sujeito-indeterminado-explicacao-clara-e-dicas-de- lingua-portuguesa/ Outro exemplo de irregularidade na comunicação que pode acontecer se dá pelo fato de que quem escreve ou fala algo faz uso de uma palavra sem ter certeza de seu significado dentro de seu real contexto, produzindo assim uma mensagem bem diferente da que se deseja produzir. No quadrinho abaixo isso é provocado por meio da duplicidade de sentidos (ambiguidade) e esse efeito de sentido só é resgatado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. Veja a imagem. https://www.youtube.com/watch?v=ZiMBLzcJoyc http://www.not1.com.br/sujeito-indeterminado-explicacao-clara-e-dicas-de-lingua-portuguesa/ http://www.not1.com.br/sujeito-indeterminado-explicacao-clara-e-dicas-de-lingua-portuguesa/ Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Fonte: http://www.blogdeassis.com.br/ler.php?idnot=3417 Essas charges são apenas exemplos de alguns dos possíveis desvios da linguagem que podem ocorrer no processo comunicacional. No entanto, vale destacar que as falhas apresentadas acima não significam erros, mas foram, propositalmente, selecionadas para causar tais sentidos, efeitos e impactos. Contudo, o que aconteceria se numa entrevista de emprego você utilizasse uma palavra incorreta, uma gíria, erros gramaticais ou que gerasse ambiguidade? Que imagem você enquanto diretor de uma empresa, que objetiva alcançar a qualidade total, transmitiria escrevendo um e-mail comercial repleto de erros gramaticais? É indiscutível que, escrever com clareza, coerência4 e concisão é uma vantagem competitiva capaz de elevar a imagem da empresa perante seus clientes, seus colaboradores, seus fornecedores e, também, perante a concorrência. Trata-se de uma competência especial na comunicação, uma preocupação em fazer o melhor, produzir produtos e prestar serviços que tenham arraigados em si um patrimônio cultural que é a língua portuguesa. 4E você sabe o que significa coerência? Não se preocupe! Esse conceitotextual que implica na interpretação e significação dos textos será discutido na terceira unidade desta disciplina. Glossário Coerência: [s.f.] 1. qualidade, condição ou estado de coerente; 2. ligação, nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão. Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. http://www.blogdeassis.com.br/ler.php?idnot=3417 Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. 1. DENOTAÇÃO X CONOTAÇÃO Vamos lá, você já deu o pontapé inicial, agora é só apreender. Mas, o que significa mesmo apreender? Esse conceito será discutido em seguida, antes disso resgataremos o significado de sentido literal e de sentido figurado. O sentido literal é aquele sentido original, próprio, básico, usual da palavra, ou seja, aquele que é interpretado sem o auxílio do contexto. Analise essa imagem. Pisando em ovos... Fonte: http://rolywereando.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html Nesse exemplo, tanto o verbo “pisar” quanto o substantivo “ovos” possuem o mesmo sentido apresentado no dicionário, já que a pessoa está literalmente pisando sobre ovos. Sendo assim, qualquer palavra do dicionário que se apresenta em seu sentido original adquire valor denotativo. Observe que essa mesma expressão “pisar em ovos” pode assumir outro sentido e valor. Nesse caso, significa que a pessoa deve ser muito cuidadosa, ou seja, a pessoa deve “andar de leve, como de quem tem calos doloridos” 5. Daí dizer que a palavra ou expressão está no sentido figurado, isto é, as palavras “pisar” e “ovos” não apresentam o mesmo significado existente no dicionário e adquirirem outros sentidos em situações particulares de uso. Elas assumem, assim, um valor conotativo, já que seu significado é ampliado ou alterado sugerindo outras interpretações que dependem do contexto no qual estão inseridas para se extrair o real significado. 5 Dicionário de Português Online MICHAELIS. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues- portugues&palavra=ovo. Acesso: 08/2013. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=ovo http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=ovo http://www.youtube.com/watch?v=5luuBoESSuo Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. O quadro abaixo (quadro 1) sintetiza as diferenças fundamentais entre os dois sentidos, vejamos: Quadro 1: Linguagem denotativa X Linguagem conotativa LITERAL/DENOTAÇÃO FIGURADO/CONOTAÇÃO palavra com significação restrita palavra com significação ampla palavra com sentido comum do dicionário palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum palavra usada de modo automatizado palavra usada de modo criativo linguagem comum linguagem rica e expressiva utilizada, frequentemente, em textos acadêmicos, jurídicos... encontrada em textos poéticos, publicitários... Fonte: http://acd.ufrj.br/~pead/tema04/denotacaoeconotacao.html (adaptado) Agora, com o auxílio desse quadro apresentado, tente identificar na oração a seguir o sentido denotativo do verbo "bordar" e o seu sentido com valor conotativo ou, ainda, os dois sentidos respectivamente. [...] Nas paredes, os direitos das crianças bordados em pano mostram que, por ali, os meninos aprendem o valor da infância sentados no colo, brincando, pintando e bordando6. DICA: Procure sempre associar de Denotação com d de Dicionário. E não confunda nunca mais! Leia o próximo texto. Os bichos invadiram o português Descubra como os animais foram parar em expressões como "dar zebra" e "lágrimas de crocodilo" 6 CALIXTO, Inês. Aprendizes da palavra. Folha de São Paulo. Folhinha on-line. São Paulo, sábado, 6 de novembro de 2010. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhinha/dicas/di06111006.htm. Acesso: 08/2013. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. FÁBIO FREITAS De São Paulo Você já pagou um mico? Conhece alguém mão-de-vaca? Ficou igual a uma barata tonta? Calma, isso não é conversa para boi dormir! Os bichos estão à solta na língua portuguesa. Quando uma pessoa diz que está "com um galo", todos entendem que uma parte da cabeça está inchada. Essas expressões são chamadas de idiomáticas. São difíceis de traduzir para outras línguas e variam em cada época e região. Não dá para saber exatamente como ou quando a maioria delas surgiu, mas há várias explicações. Ficou com a pulga atrás da orelha? A Folhinha revela os significados e as (possíveis) origens dessas expressões. GATO POR LEBRE Se você resolve comprar um brinquedo legal, mas lhe vendem um pior do que o esperado, você levou gato por lebre. Isto é, foi enganado. A expressão veio de Portugal, onde a carne da lebre era considerada nobre, e a do gato, péssima. O poeta Luís Vaz de Camões, que viveu no século 16, usa a expressão na peça teatral "Auto dos Enfatriões". OLHA O PASSARINHO! Sorria para a foto! Quando a fotografia foi inventada, as pessoas ficavam um tempão na frente da câmera até que a imagem fosse fixada. Para a garotada parar quieta, os fotógrafos colocavam uma gaiola com um passarinho perto da câmera. TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA Se queremos que uma pessoa desista de algo, dizemos para ela tirar o cavalinho da chuva. No interior, o cavalo era o principal meio de transporte. Quando alguém visitava um amigo, deixava o cavalo amarrado em frente à casa. Se a conversa fosse demorar, o amigo dizia "pode tirar seu cavalo da chuva". CONVERSA PARA BOI DORMIR Para aguentar um papo chato ou mentiroso, só sendo paciente como um boi. Ele passa a maior parte do tempo comendo. De barriga cheia, fica com sono e se deita para fazer a digestão. Esse processo no boi é diferente do nosso: dura horas. A comida chega ao estômago e volta para a boca, para ser mastigada novamente. Haja paciência! LÁGRIMAS DE CROCODILO É o choro de uma pessoa falsa. Há três explicações. O historiador romano Plínio dizia que os crocodilos do rio Nilo, no Egito, choravam para atrair viajantes e comê-los. Uma lenda medieval dizia que esses animais choravam depois de comer alguém. E a explicação científica: a mastigação do bicho comprime suas glândulas lacrimais e o faz chorar. PAGAR MICO No jogo de baralho Mico Preto, o objetivo é formar pares entre os animais. O mico é o único que não tem par. No final, quem fica com a carta perde o jogo e tem que fazer uma tarefa que te faz passar vergonha, ou seja, pagar um micão7. 7 FREITAS, Fábio. Os bichos invadiram o português. Folha de São Paulo. Folhinha on-line. São Paulo, sábado, 6 de novembro de 2010. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhinha/dicas/di06111005.htm. Acesso: ago. de 2013. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. E, ainda, mais uma dica da nossa língua. Você entendeu o significado de expressões idiomáticas? Sabia que: Uma expressão idiomática ocorre quando um termo ou frase assume significado diferente daquele que as palavras teriam isoladamente. Assim, a interpretação é captada globalmente, sem necessidade da compreensão de cada uma das partes. Usamos expressões idiomáticas a todo instante. Elas se encontram no linguajar diário, no noticiário da televisão, em anúncios dos jornais, no rádio, na tv, em discursos políticos, campanhas eleitorais, em filmes, em letras de música, na literatura, etc.[...] O motivo que leva um falante ou um escritor a usar expressões idiomáticas é o desejo de acrescentar à mensagem algo que a linguagem convencional não poderia suprir. Uma expressão idiomática pode enriquecer uma frase, dando-lhe força ou sutileza, pode enfatizar a intensidade dos sentimentos de alguém e pode ainda atenuar o impacto de uma declaração austera, com humor ou ironia. O uso que um falante faz das expressões idiomáticas determina o seu grau de domínio da língua, possibilitando-o expressar-se de muitas maneiras. Expressões Idiomáticas correntes no Brasil. Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/expressoesIdiomaticas/. (grifo nosso). Acesso: 09/13. Agora a necessidade é pensar, analisar e assimilar... Segue, então, um vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EPCumfKk9Fk com algumas dicas que servirão de auxílio para a memorização dos conceitos apresentados. Bons estudos! 2. APREENSÃO X COMPREENSÃO Agora sim, precisamos entender um pouco mais do funcionamento da linguagem e para isso estudaremos os conceitos de apreensão e compreensão de sentido. Você já deve ter notado que a leitura de um único texto por várias pessoas é muito comum elas divergirem quanto à interpretação. Exemplos disso encontram-se a todo o momento no nosso dia a dia. Quem é que nunca passou pela experiência de assistir um filme com amigos e, na saída, ouvir os comentários mais desencontrados? Imagine, então, quando se trata de textos mais complexos, as divergências são ainda maiores. GLOSSÁRIO Divergir: do latim divergere, “ir em direções diferentes”, de dis-, mais vergere, “torcer, dobrar”. Quando cada um toma um lado numa discussão houve uma divergência. Disponível em: http://origemdapalavra.com.br/palavras/divergir/. Acesso: 08/2013 https://www.youtube.com/watch?v=EPCumfKk9Fk http://origemdapalavra.com.br/palavras/divergir/ Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Mas, você já pensou como explicar o fato das pessoas entenderem de maneiras diferentes o mesmo texto? Acima de tudo, podemos dizer que é a multiplicidade de sentidos que explica a divergência de interpretação de um mesmo texto, mas isso não quer dizer que o texto não tenha significado nenhum, que cada um lhe dá o sentido que considera mais razoável ou que devido à possibilidade de mais de uma leitura, o texto aceite quaisquer leituras. Olhe esta foto: Fonte: http://rolywereando.blogspot.com.br/2010/05/maioria-dessas-imagens-foram- retiradas.html Perceba que a imagem isolada, por exemplo, pode ser interpretada em seu sentido literal assumindo valor denotativo, alguém segurando uma vela. No entanto, ela, também, pode assumir o valor conotativo sugerindo outras leituras, resgatadas por meio do conhecimento de mundo8 de quem lê, ou seja, o leitor recupera as informações exteriores a imagem para complementá-la e extrair seu significado. Ela pode significar, também, aquela pessoa que sempre está junto de um casal de namorados, fiscalizando, vigiando ou atrapalhando. Ou, ainda, pode significar alguém que está participando de algum ritual religioso, significados que podem ser resgatados na imagem por meio da camisa branca social. Sendo assim, o significado de uma imagem isolada pode ser completamente diverso daquele que ela assume encaixada em um contexto. 8 Esse conceito será discutido ainda nesta unidade. http://rolywereando.blogspot.com.br/2010/05/maioria-dessas-imagens-foram-retiradas.html http://rolywereando.blogspot.com.br/2010/05/maioria-dessas-imagens-foram-retiradas.html Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Glossário De acordo com o dicionário do Aurélio, contexto é: "Conjunto do texto que precede ou sucede uma frase, um grupo de palavras, uma palavra./ Conjunto de circunstâncias que acompanham um acontecimento: julgar um fato em seu contexto histórico". Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Contexto.html. "O contexto é, portanto, um conjunto de suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizadas para a interpretação de um texto". Fonte: KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006, p.64. O mesmo pode ocorrer com os textos, pois um texto permite múltiplas interpretações, uma vez que é na recepção que ele significa. Todavia, ele não está aberto a qualquer interpretação, pois todo texto é carregado de pistas, as quais direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura coerente9. Além disso, o texto traz lacunas que serão preenchidas conforme o conhecimento de mundo, as experiências de vida, as ideologias, as crenças e os valores que o leitor carrega consigo. Por isso, dizemos que a interpretação de um texto ou de uma imagem exige do leitor duas operações distintas: apreensão e compreensão A palavra apreender vem do latim apprehendere, de ad, “a”, mais prehendere, “agarrar, prender”10. GLOSSÁRIO O significado de apreender, conforme o dicionário Michaelis, é assimilar mentalmente. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php? lingua=portugues- portugues&palavra=apreender. Acesso: 08/2013. 9 Para ser coerente, a leitura precisa ser lógica, ter nexo, fazer sentido. 10 Disponível em: http://origemdapalavra.com.br/palavras/apreensao/. Acesso: 08/2013. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=apreender http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=apreender http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u12.jhtm http://origemdapalavra.com.br/palavras/apreensao/ Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Apreender o sentido é o mesmo que capturar os significados presentes no texto, isto é, trazer para o texto os seus significados. Este processo depende do reconhecimento do significado das palavras, da identificação das relações existentes entre elas e da maneira como foram combinadas (seleção lexical). A seleção lexical é o processo correspondente à escolha de uma palavra em detrimento de outra, segundo alguns critérios, para produzir um determinado efeito de sentido. Daí, que muitos dos objetivos alcançados por meio da comunicação decorrem, principalmente, das palavras selecionadas e empregadas. Como explica Koch (2000, p. 44)11, a seleção lexical é de extrema importância para a construção dos sentidos. Para a autora, o uso de gírias ou jargões profissionais, de determinado tipo de adjetivação, de termos diminutivos ou pejorativos fornece ao interlocutor pistas valiosas para a interpretação do texto e a captação dos propósitos com que é produzido. Fique por dentro Para você entender de uma maneira mais simples esse conceito, acesse o vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oKuScIysCO0 Deste modo, por meio da apreensão capturamos os significados inscritos no texto, sem relacioná-lo com informações exteriores a ele. Na apreensão do sentido, o leitor busca as marcas (linguísticas, verbais e não verbais) deixadas no texto e as pistas explícitas para assim extrair seu significado. Nesta perspectiva ele é capaz de dizer com suas próprias palavras o que leu. No entanto, há textos fáceis de apreender e difíceis de compreender, isso porque compreendervai além dos limites do texto. Desta maneira, apreensão não significa a compreensão do todo, mas ela é o primeiro instante da interpretação. Veja o exemplo abaixo. Você consegue ler o texto? Tente... 11 KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê cnocseguee anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltrea szoinha, mas a plravaa cmoo um tdoo. Lgeal, não é msemo? Fonte: http://www.abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Testes Note que nesse exemplo é possível apreender o significado do texto, mesmo que as palavras não estejam dispostas na ordem comum, pois, sabemos dizer com as nossas palavras o que lemos, não é mesmo? Agora que você já sabe o que é apreender, vamos entender o que significa compreender. A palavra compreensão tem sua origem etimológica no latim comprehensio, que significa ação de aprender conjuntamente. Ocorre compreensão de um fato quando conseguimos perceber os elementos internos que o caracterizam12. GLOSSÁRIO Compreender: com.pre.en.der [vtd] 1 Conter em si, constar de; abranger 2 Estar incluído ou contido 3 Alcançar com a inteligência; entender: 4 Perceber as intenções de 5 Estender a sua ação a: 6 Dar o devido apreço a: Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra= compreender. Acesso: 08/2013. A palavra compreensão é formada da preposição “com” mais o verbo “prehendere” (agarrar, apanhar). Se observarmos os compostos de mesma origem como apreender, depreender, todos têm esse significado de "apanhar" para si, isto é, retirar algo de algum lugar e conservar para si. Portanto, quem compreende pega para si um significado. Neste sentido, compreender é o mesmo que relacionar o significado do texto lido com informações contidas em outros textos, em outros contextos. 12 Disponível em: http://everaldomarini.blogspot.com.br/2010/09/compreensao-e- explicacao.html. Acesso: 08/2013. http://everaldomarini.blogspot.com.br/2010/09/compreensao-e-explicacao.html http://everaldomarini.blogspot.com.br/2010/09/compreensao-e-explicacao.html Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Associando o significado do texto lido com o conhecimento de mundo13 do leitor, relacionando esse significado com o conjunto de informações que o texto fornece, confrontando o significado apreendido do texto com outros textos já lidos (intertextualidade)14, esses últimos integrantes do repertório cultural do leitor. Justamente por este motivo, concluímos que o texto depende da mobilização do universo de conhecimento do leitor para ser atualizado. É um processo que implica uma resposta do leitor ao que lê, já que, no ato da leitura, um texto leva a outro e orienta o leitor, que, convocado pelo texto, participa da elaboração dos significados, confrontando-o com o próprio saber, com a sua experiência de vida. Desta maneira, o leitor é quem atribui significados ao que lê. Por isso, compreender os recursos linguísticos que o texto usa e o sentido que ele expressa é refletir sobre a linguagem. Outro aspecto importante é que o leitor deve se constituir como sujeito responsável pelo processo de construção do sentido do texto, pois para compreender ele precisa trazer para o texto seu conhecimento de mundo, os conhecimentos linguísticos, o conhecimento da situação comunicativa, dos interlocutores envolvidos, dos gêneros, do suporte em que o texto foi publicado, de outros textos. Então, neste jogo discursivo é de inteira responsabilidade do leitor fazer os reconhecimentos e identificações necessários para alcançar a plenitude de sentido do texto. Daí que compreender um texto é ir além do que está escrito e explícito, é desvendar seu significado. Recorreremos a este anúncio, logo abaixo, para melhor ilustrar esse conceito. Examine-o com atenção. 13 Conceito que será discutido logo a seguir. 14 De forma simplificada, intertextualidade é o processo de produção de um texto que parte de vários outros e com eles se relaciona. Conceito que, ainda, será explorado nesta unidade. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Era uma vez uma garota branca como a neve. Que causava muita inveja não por ter conhecido sete anões. Mas vários morenos de 1,80 m. O boticário, você pode ser o que quiser. Fonte: http://www.putasacada.com.br/wp-content/uploads/2009/09/anmaca_almap.jpg Considere que para dar sentido ao anúncio publicitário é preciso recorrer, entre outros recursos, à intertextualidade, pois se o leitor não tiver conhecimento do conto clássico da literatura infantil "Branca de Neve e os Sete Anões" a propaganda limitará o sentido e, consequentemente, o leitor terá dificuldade em compreendê-la. Além desse recurso, o texto nos direciona a vários questionamentos: Quais são os valores morais que a maçã simboliza? Qual é a ideia de mulher reforçada na cor quente vermelha, presente na fita do cabelo, na alça do vestido e na boca da Branca de Neve? O que diz o olhar da Branca de Neve: é um olhar ingênuo como o da Branca de Neve do conto tradicional ou um olhar sedutor? Ao olhar de quem podemos compará-lo? Com qual intenção na propaganda há uma inversão do discurso infantil? Quem é o público-alvo do anúncio? Quais são as marcas linguísticas que nos remetem a um discurso moderno, atualizado? Como se vê, neste anúncio é possível compreender uma infinidade de significados e sentidos. Quem entendeu isso compreendeu! Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Indicação de livro: Fica a indicação do livro “Contos de amor rasgados”, de Marina Colasanti. Nestes contos, Marina Colasanti se lança em prosa-poética e aborda as tensões existentes nas relações de gênero ao desvelar os domínios do relacionamento amoroso. Do homem com remorso depois da traição ao rompimento sem entendimento; do silêncio de um casamento ao beijo que esconde a dor, a autora mostra a fragilidade das relações amorosas, desvelando as angústias, temores e ansiedades de uma pessoa que já se apaixonou (ou sofreu por amor). Lançamento: 2010. Para saber sobre a vida e obras de Marina Colasanti clique aqui: http://www.agenciariff.com.br/site/AutorCliente/Autor/31 3. EXPLÍCITO X IMPLÍCITO Falamos, anteriormente, em pistas explícitas. Você sabe qual o significado de explícito? E a diferença existente entre os termos explícito e implícito? Saiba que de acordo com o dicionário Aurélio15 explícito significa que está perfeitamente enunciado; claro, preciso, formal. Já implícito significa que está contido numa proposição sem estar expresso em termos precisos, formais; subentendido. 15 Dicionário do Aurélio. Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Implicito.html. Acesso: 08/2013. http://www.agenciariff.com.br/site/AutorCliente/Autor/31 http://www.dicionariodoaurelio.com/Implicito.html Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons- Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Nos estudos do texto utilizamos, frequentemente, o termo implícito para esclarecer que a leitura eficaz acontece, somente, quando o leitor é capaz de resgatar as entrelinhas do texto, ou seja, quando o leitor consegue interpretar o não dito no texto, mas que está ali pressuposto, subentendido. Glossário en.tre.li.nhas: [sf] pl. 1. O que se acha implícito, sugerido, subentendido em mensagem escrita ou oral. Disponível em: http://aulete.uol.com.br/entrelinhas#ixzz2wzvM3G00 Ora, um texto amplia consideravelmente a comunicação por meio das suas entrelinhas, justamente para poder esconder ou sugerir mais informações. Desse modo, ele desafia o seu leitor a decifrá-lo, formulando perguntas a respeito dele e mesmo contra ele: O que o texto não disse? O que se encontra nas entrelinhas? O que ele está escondendo? Vamos compreender tais conceitos a partir da campanha "Saco é um Saco", lançada em 2009, por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, que busca chamar a atenção do cidadão brasileiro para o consumo consciente de sacolas plásticas. Veja o slogan dessa campanha: Fonte:http://www.senado.gov.br/senado/portaldoservidor/jornal/jornal104/senado_verde.aspx Note que podemos observar algumas pistas explícitas, elas estão presentes tanto no texto escrito "saco é um saco. pra cidade, pro planeta, pro futuro e pra você", quanto na própria imagem que faz alusão clara ao modelo de uma http://aulete.uol.com.br/entrelinhas#ixzz2wzvM3G00 http://www.sacoeumsaco.com.br/ Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. sacola plástica. Embora o texto, aparentemente, nos apresente apenas uma campanha de consumo sustentável e o enorme impacto ambiental causado pelo uso de sacos e sacolas plásticas, podemos inferir, através do nosso conhecimento de mundo, que mesmo velada, implícita, há uma crítica à poluição gerada pelas sacolas plásticas, já que "é um saco". Destacamos, ainda, que não pretendemos aqui analisar e esgotar os sentidos causados pela campanha, mas a utilizamos para exemplificar os conceitos. Todavia, alertamos para o fato que devemos sempre desconfiar de um texto por mais simples que ele nos pareça. Imbricados nestes conceitos estudados até agora, estão as palavras sentido e significado. José Saramago, no romance Todos os Nomes, esclarece que: [...] Ao contrário do que em geral se crê, sentido e significado nunca foram a mesma coisa, o significado fica-se logo por aí, é directo, literal, explícito, fechado em si mesmo, unívoco, por assim dizer, ao passo que o sentido não é capaz de permanecer quieto, fervilha de sentidos segundos, terceiros e quartos, de direcções irradiantes que se vão dividindo e subdividindo em ramos e ramilhos, até se perderem de vista [...].16 Uma bela explicação do que diferenciariam esses conceitos podemos encontrar em Vygotsky (2001b, p. 398) citado por Barros (2009): [...] o sentido de uma palavra é a soma de todos os fatos psicológicos que ela desperta em nossa consciência. Assim, o sentido é sempre uma formação dinâmica, fluida, complexa, que tem várias zonas de estabilidade variada. O significado é apenas uma dessas zonas do sentido que a palavra adquire no contexto de algum discurso e, ademais, uma zona mais estável, uniforme e exata. Como se sabe, em contextos diferentes a palavra muda facilmente de sentido. O significado, ao contrário, é um ponto imóvel e imutável que permanece estável em todas as mudanças de sentido da palavra em diferentes contextos. [...]17 16 Disponível em: http://prosaempoema.wordpress.com/2009/08/05/o-sentido-e-o-significado/. 17BARROS, João Paulo Pereira et al. O conceito de "sentido" em Vygotsky: considerações epistemológicas e suas implicações para a investigação psicológica. Psicol. Soc. vol.21 n..2. Florianópolis May/Aug. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822009000200004. Acesso: 10/2013. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. A partir dessas explicações, entendemos que o significado vem da palavra signo, que é o representante de uma ideia, um objeto, etc. Por exemplo, a letra "P" é o signo gráfico usado para retratar um som vocálico; o som de uma buzina é um signo usado para expressar um alerta; o dedo polegar é um signo corporal que pode indicar tanto positivo, que a pessoa está de acordo ou indicar negação, desaprovação, dependendo a posição em que ele se encontrar. Assim, o significado é o que aquilo realmente representa para alguém. No entanto, um signo pode ter diferentes sentidos e pode variar entre as pessoas, as culturas, entre diferentes idades, espécies e épocas. Quando você faz, por exemplo, no Brasil esse símbolo para outra pessoa, ele é considerado um gesto obsceno, uma ofensa. No entanto, nos Estados Unidos e grande parte da Europa, o “ok” é usado para significar aprovação, satisfação ou excelência. O sentido, por outro lado, está ligado à interpretação. O sentido não é a simbolização de algo, mas a interpretação de uma consequência e seu significado. Sendo assim, apesar do sentido de um texto estar previsto ele não é estável. Ele se constitui à medida que o texto se constitui e é determinado pela atuação de um leitor. Por exemplo: o fato de ter vazado informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar alguns dos programas de vigilância que o país usa para espionar a população americana e vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil. Este fato traz a possibilidade de diversas reflexões, entre elas a segurança e a privacidade no mundo globalizado. O que isso significa? (a) Que a coleta de informações é para prever futuras crises econômicas que possam vir afetar os mercados internacionais, (b) Que os Estados Unidos querem controlar o resto do mundo, (c) Que a rapidez de comunicação se tornou o alvo mais fácil, quando o assunto é “bisbilhotar” a vida alheia. E tantos outros sentidos possíveis. Em vista disso, os conceitos estudados esclarecem que para compreender o sentido de um texto é preciso conhecer o significado das palavras que o Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. compõem e, também, o modo como elas estão combinadas, mais ainda, ir além do que está dito, buscar o que está subentendido, interpretar o não dito. 4. CONHECIMENTO DE MUNDO X INTERTEXTUALIDADE Falamos nesta unidade sobre conhecimento de mundo. O que você entendeu sobre isso? Considera-se conhecimento de mundo toda a experiência vivenciada pelo leitor, tudo o que ele viveu, viu, ouviu, leu em sua vida. São as experiências acumuladas ao longo dos anos que constituem o conhecimento de mundo. Tais experiências, socioculturalmente* adquiridas encontram-se armazenadas na memória de cada leitor e são ativadas no processo de construção de sentido do texto. Fique por dentro *Com o Novo Acordo Ortográfico todos os nomes compostos com o prefixo “sócio” serão escritos sem hífen, EXCETO quando o segundo nome começar com as letras H ou O. Exemplos: sócio-histórico, sociopolítico, sociocultural, socioeconômico... Para saber mais, clique aqui: http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2590542 Nesse processo, durante o ato da leitura, o leitor é estimulado a ativar os vários tipos de conhecimentos que ele possui e estão armazenados em sua memória. De acordo com Koch e Elias (2006, p. 40)18, o primeiro deles, o linguístico, engloba os conhecimentos relativos ao vocabulário (léxico) e à gramática. O segundo, o conhecimento enciclopédico,abrange o conhecimento de mundo e é oriundo de vivências pessoais. E o terceiro, o conhecimento interacional, "refere-se às formas de interação por meio da linguagem" (KOCH & ELIAS 2006, p. 45). É a junção desses conhecimentos que leva o leitor a formular hipóteses, fazer antecipações, remeter a outros textos e contextos. Tais 18 KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2590542 Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. conhecimentos são armazenados à medida que vivemos e nos relacionamos com o mundo e com as pessoas a nossa volta. Para melhor exemplificar o que foi exposto, observe, novamente, esta charge: Fonte: http://fabiolaje.blogspot.com.br/ Perceba que se o leitor não recuperar o que significa a expressão “olha o aviãozinho” pelos seus conhecimentos gerais sobre o mundo, isto é, do seu conhecimento de mundo, ele não conseguirá interpretar plenamente a charge, ou seja, compreender o significado total da mensagem. Desta maneira, para interpretar um texto eficazmente, é necessário apreender não só seu significado interno, mas perceber em que medida ele se relaciona com outros conhecimentos, ou seja, é essencial recuperar as informações exteriores a ele para complementá-lo, para dar-lhe sentido. Anteriormente, também mencionamos a palavra intertextualidade. Você já deve ter escutado falar ou estudado sobre o assunto. Mas, o que é mesmo intertextualidade? Para entender melhor a palavra, pense em sua estrutura. Ela é formada a partir da raiz latina inter, que se refere à noção de relação “entre, no interior de dois”, mais textualidade, que veio de texto, do latim textus, que originalmente tinha o significado de “entrelaçar”, do verbo texere, “tecer”. Logo, intertextualidade é a propriedade de textos se relacionarem. O termo intertextualidade foi empregado, em 1969, pela semioticista Julia Kristeva, a partir dos estudos realizados por Bakhtin, acerca do dialogismo. A autora explica que "Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto" 19. 19 KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 64. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Sendo assim, a intertextualidade refere-se aos fatores que tornam a utilização de um texto dependente do conhecimento de um ou de mais textos previamente existentes, ou seja, é uma operação na qual o leitor, usando seu conhecimento de mundo e as pistas oferecidas no texto, estabelece uma relação entre o explícito e o implícito. Desse modo, um texto só terá significação à medida que for compreendida a sua inter-relação com outro texto. Outro aspecto a se destacar é que o processo de intertextualidade ocorre em toda leitura, pois sempre que lemos um texto, o relacionamos com um outro que já tínhamos lido anteriormente, com um filme ou até com algo que já aconteceu em nossas vidas e é por isso que, como falamos anteriormente, cada leitor realiza uma leitura diferente de um mesmo texto. Além disso, a intertextualidade é um processo de estabelecimento de sentido que se consolida por meio das pistas, lacunas, vazios oferecidos no texto ou nas imagens. Neste jogo o texto pressupõe a existência de outros textos e é responsabilidade do leitor fazer as inferências, resgatar o conhecimento de mundo, as experiências de vida, sua vivência sociocultural, as ideologias, as crenças e os valores necessários para alcançar a plenitude de sentido. De modo geral, a intertextualidade é facilmente perceptível e identificada pelo leitor. Mas, existem intertextos muito sutis, compartilhados ou identificados apenas por leitores mais capacitados, que têm um conhecimento de mundo muito amplo. Justamente por isso, a compreensão de um texto depende assim de nossas experiências de vida, de nossas vivências, de nossas leituras. Por isso que quanto mais amplo forem os conhecimentos do leitor maior será sua competência para perceber que o texto dialoga com outros, por meio de referências, alusões ou citações, e, consequentemente, mais ampla será sua compreensão. E por que esses recursos intertextuais implícitos e explícitos são utilizados? Ora, eles têm por finalidade afirmar, refutar, ampliar, modificar, transformar, confrontar ou, simplesmente, reproduzir o sentido de um texto. O importante Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. para nós é refletir sobre as intenções implícitas nos textos, de como elas são combinadas para produzirem determinados efeitos de sentido. De qualquer modo, ao entrecruzar palavras, textos pré-existentes, recuperando-os para fazer novas ligações, novos textos e novos sentidos - tece-se uma teia de relações e, com isso, processa-se a intertextualidade20. Fique por dentro Para ilustrar esse recurso da linguagem e aprofundar seus conhecimentos, assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TSvX4ZnntZc Esperamos, com esta unidade de estudo, ter despertado em você um sujeito capaz de construir sentidos não só para os textos, mas para o mundo e que, pelo acesso ao conhecimento, seja capaz de posicionar-se criticamente, em uma atitude cidadã e transformadora da sociedade. Até a próxima! Fique por dentro A linguagem não verbal (imagens) que será estudada na próxima unidade, com maior ênfase, extrapola a linguagem verbal (escrita), possibilitando novas leituras e favorecendo a interpretação, visto que a imagem pode ser retomada constantemente de maneira a apresentar detalhes implícitos que revelam novas pistas e direcionamentos para a compreensão não observados à primeira vista. Freire (1994) nos explica melhor como se efetua esse processo de construção do conhecimento, que: [...] se dá quando o leitor desafia cada parágrafo, digere, reinventa, cria e aplica-os na construção de novos conhecimentos. E isso exige persistência e coragem de pensar e de fazer. Por isso, para ele, um texto não deve ser lido com rapidez e indiferença, como se o conhecimento fosse um processo meramente acumulativo, pois, um 'palmo de leitura' não significa necessariamente um 'palmo de conhecimento'.21 20 TOMAZINI, Sueli Aparecida da Costa. Breve reflexão sobre o fenômeno da intertextualidade. 2009. Disponível em: https://pendientedemigracion.ucm.es/info/especulo/numero43/interef.html. Acesso: 12/2013. 21 FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 29. ed. São Paulo: Cortez, 1994. https://www.youtube.com/watch?v=TSvX4ZnntZc Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Fonte: http://www.blogdotony.net/241212 Indicação de leitura Bakhtin foi o primeiro autor a caracterizar a intertextualidade. Julia Kristeva, a partir da influência dos trabalhos de Bakhtin, divulgou suas contribuições na obra Introdução à Seminálise. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 9ª Ed. São Paulo: Contexto, 2007. No livro “O texto e a construção dos sentidos” discute-se a intertextualidade, a polifonia e se tais fenômenos podem ser vistos como um só. As formas de possíveis de cada um desses mecanismos no discurso são apresentação tratadas cada uma de maneira isolada, e por fim conclui-se todo texto é constituído por diversas vozes para que sepossa concretizar a linguagem humana, sendo todos, portanto polifônicos, embora os conceitos de intertextualidade e polifonia não possam ser vistos de maneira similar. Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2111286 KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. Ingedore V. Koch, uma das mais importantes autoras de obras de Língua Portuguesa e Linguística em nosso país, com a colaboração de Vanda Maria Elias, apresenta neste livro seu pensamento sistematizado como uma ponte entre teorias sobre texto e leitura e práticas docentes [...]. A leitura de um texto exige muito mais que o simples conhecimento linguístico compartilhado pelos interlocutores: o leitor é, necessariamente, levado a mobilizar uma série de estratégias, com o fim de preencher as lacunas e participar, de forma ativa, da construção do sentido. Dessa forma, autor e leitor devem ser vistos como estrategistas na interação pela linguagem. O objetivo deste livro é, portanto, apresentar, de forma simples e didática, as principais estratégias que os leitores têm à sua disposição para construir um sentido que seja compatível com a proposta apresentada pelo seu produtor. Fonte: http://www.editoracontexto.com.br/autores/ingedore-villaca-koch/ler-e-compreender.html. Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. REFERÊNCIAS BARROS, João Paulo Pereira et al. O conceito de "sentido" em Vygotsky: considerações epistemológicas e suas implicações para a investigação psicológica. Psicol. Soc. vol.21 n..2. Florianópolis May/Aug. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 71822009000200004. Acesso: 10/2013. BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Analisando o Discurso. (USP). Artigo. Museu da Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.museulinguaportuguesa.org.br/ files/mlp/texto_1.pdf. Acesso: 03/12/2013. KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 9ª Ed. São Paulo: Contexto, 2007. KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. MURANO, Edgard. Os dez erros de português das empresas. Revista Língua portuguesa, nº 39, janeiro de 2009. Disponível em: http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf. Acesso: 08/2013. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. VIANA, Antonio Carlos (Coord.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 2004. http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf
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