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UNIFAMMA - U1 - Comunicação Oral e Escrita

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Internacional. 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 
Sabemos que a língua é o veículo fundamental de comunicação e o principal 
modo de atuar na sociedade em que vivemos. Sendo assim, ela é estudada 
desde os tempos mais antigos. Nós mesmos a temos estudado, na prática, 
desde quando? Mas, afinal de contas, não é a língua que nós falamos desde 
crianças? Não é a nossa língua materna, a língua oficial de nossa nação? 
Então, por que estudá-la? Por que dizemos que português é tão difícil? E por 
que nós erramos questões de língua portuguesa que estudamos durante tanto 
tempo? Faça estas perguntas a você mesmo e procure respondê-las. 
Em princípio, a resposta pode ser mais ou menos assim: a língua nasceu 
conosco e faz parte do nosso dia a dia, literalmente, ela convive conosco, 
justamente por isso não nos atentamos aos detalhes, as minúcias, as famosas 
pegadinhas e implícitos. Daí, muitas vezes, entendemos o que está escrito 
porque está em português, mas não percebemos a falta de uma vírgula, de um 
acento ou de uma crase, ou não compreendemos o que lemos. É por esse 
motivo que entender ou decodificar um texto é bem diferente de compreendê-
lo. 
 
 
 
Glossário 
Decodificar: [v.t.] Escrever em linguagem clara e comum um texto escrito em código. 
 
 
 
 
Você sabia que no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa o hífen não é mais exigido 
nas palavras compostas que têm entre os termos um elemento de ligação (preposição, artigo 
ou pronome)? Em nosso texto temos a expressão dia a dia que ilustra essa nova regra. Pois é, 
para saber mais sobre essa mudança, acesse: 
http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/2010/11/19/dia-a-dia-ou-dia-a-dia-como-fica-
a-expressao-no-novo-acordo/. 
 
 
 
 
http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/novo-acordo/
http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/2010/11/19/dia-a-dia-ou-dia-a-dia-como-fica-a-expressao-no-novo-acordo/
http://quemtemmedodeportugues.wordpress.com/2010/11/19/dia-a-dia-ou-dia-a-dia-como-fica-a-expressao-no-novo-acordo/
 
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Diante disso, o que podemos fazer para conhecer nossa língua? Na verdade, 
não existe método mágico, todos são lógicos. Para aprender sobre ela é 
preciso estudá-la e a melhor estratégia é disciplina, concentração, assimilação 
e muita, muita prática. No entanto, embora exija dedicação, é importante não 
esquecer que a língua é considerada a sua identidade e contribui para que 
você possa ser o autor de sua própria história de forma competente, 
responsável, crítica e criativa. 
Da próxima vez, então, quando for escrever um e-mail, uma mensagem no 
Facebook, um post num blog ou Whatsapp, ou até mesmo uma redação, releia 
o que escreveu. Não fique com dúvidas, busque no dicionário ou na gramática, 
corrija-se como se fosse o seu próprio professor, pois essa é uma excelente 
maneira de aprender. 
E não esqueça! A leitura e a escrita estão intimamente ligadas, uma depende 
da outra, pois a leitura além de divertir, relaxar e descontrair é a base de 
saberes que você levará consigo para sempre. E depois ler amplia o 
vocabulário, melhora a escrita, a fala, a capacidade de compreender ideias e 
de se expressar. 
Tal visão vai ao encontro da afirmação de Saramago, já que: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://kdfrases.com/frase/153549 
 
Outro autor, também, compartilha desta mesma perspectiva e explica: 
 
Ler e escrever são atos indissociáveis. Só mesmo quem tem o hábito 
da leitura é capaz de escrever sem muita dificuldade. A leitura 
eficiente de livros, revistas e jornais permite-nos refletir sobre as 
http://kdfrases.com/frase/153549
 
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ideias e formular nossa própria opinião. Sem opinião formada é 
impossível escrever qualquer texto (VIANA, 2004, grifo nosso).1 
 
 
 
Como mencionamos antes, a língua nos é tão comum que nem observamos os detalhes. Você 
percebeu que a palavra "ideias" foi, propositalmente, destacada no texto para mais uma dica de 
português? Pois é, embora na citação anterior a palavra "ideias" apareça acentuada, de acordo 
com o novo sistema ortográfico são eliminados os acentos dos ditongos abertos tônicos que se 
encontram na penúltima sílaba das palavras, ou seja, o acento desaparece apenas nas 
paroxítonas. Passamos, portanto, a escrever "heroico", "paranoico", "ideia" e "assembleia", 
todas sem acento. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-
ortografica/dicas/ 
Ainda, para auxiliar a memorização dessa nova regra assista as dicas do Prof. Pasquale em: 
http://www.youtube.com/watch?v=8dshiyagerg. 
 
 
 
É por este motivo que uma das reclamações mais frequentes que ouvimos dos 
nossos alunos é: "Eu não sei escrever!". Você provavelmente já escutou ou, 
até, passou por situação idêntica ou semelhante a esta alguma vez na vida, 
não é mesmo? Saiba que quando não lemos agravam-se as dificuldades na 
escrita. 
Portanto, a leitura e a escrita são capazes de transformar nossas vidas todos 
os dias, ampliando nosso processo cognitivo e o processo de linguagem. E, 
como resultado de tais práticas, você vai internalizar as regras da língua, 
utilizando-se dos mecanismos linguísticos2 de modo consciente, explorando os 
textos, desvendando as estratégias e os efeitos de sentido, identificando as 
vozes e a ideologia presentes no discurso, além de se constituir como sujeito 
responsável pelo processo de construção do sentido. 
Destacamos ainda que a falta da leitura e da escrita refletem, também, nessa 
época em que as tecnologias digitais da comunicação facilitam a disseminação 
da informação e do conhecimento, já que são diagnosticados, constantemente, 
índices alarmantes que revelam o baixo desempenho dos alunos em relação à 
compreensão dos textos que lê. 
Desta maneira, considerando-se a grande importância das várias formas de 
comunicação para que possamos conviver em sociedade e sem perder de vista 
 
1 VIANA, Antonio Carlos (Coord.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: 
Scipione, 2004. 
2Conhecimentos linguísticos necessários a construção textual, ou seja, uma estruturação lógica 
e formal entre as partes do texto garantindo relações de continuidade e sentido. 
https://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-ortografica/dicas/
https://educacao.uol.com.br/portugues/reforma-ortografica/dicas/
http://www.youtube.com/watch?v=8dshiyagerg
 
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essa necessidade do conhecimento da língua portuguesa, a disciplina 
Comunicação Oral e Escrita convida você a fazer desse material a porta de 
entrada para a aquisição de novos conhecimentos. 
Ela está dividida em IV unidades. Na Unidade I, estudaremos alguns conceitos 
como: explícito e implícito, apreensão e compreensão de sentido, 
intertextualidade e conhecimento de mundo. Na Unidade II, focalizaremos a 
linguagem verbal e a não verbal e suas implicações na compreensão do texto. 
Na Unidade III, discutiremos coesão e coerência textual, fatores responsáveis 
para a construção do sentido e, para finalizar, a Unidade IV contemplará alguns 
apontamentos sobre leitura e escrita. Essa relação estreita entre os conteúdos 
serão o objeto de estudo do nosso módulo. 
As unidades, ainda, reúnem vários gêneros textuais selecionados para 
estimular sua reflexão e análise, são textos extraídos de diferentes fontes com 
o objetivo de abordar recortes temáticos relacionados aos conteúdos. Os 
estudos que serão realizados darão melhor entendimento da diversidade que 
permeia nossa língua, além,é claro, de ter como finalidade principal apoiar a 
sua formação geral, estimulando a leitura, a interpretação e a produção textual, 
e incentivando a busca do conhecimento mais aprofundado de nossa própria 
língua. 
Lembre-se: o conhecimento sempre faz a diferença! 
 
ÓTIMOS ESTUDOS! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE I 
APREENSÃO E COMPREENSÃO DE SENTIDO 
 
 
Professora Me. Andrea Escame Brandani 
 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
 
O objetivo, nesta primeira unidade, é entender que o conhecimento só se 
realiza quando somos capazes de compreender que o domínio das práticas 
discursivas não depende apenas do conhecimento do código linguístico, mas 
da importância de saber interpretar eficazmente os recursos da linguagem 
como fator indispensável para a produção de sentido, pois só assim é possível 
atingir uma leitura significativa e crítica, além, é claro, da possibilidade de 
podermos nos posicionar diante de uma sociedade repleta de conflitos e 
contradições. 
 
 
GLOSSÁRIO 
 
Prática discursiva: segundo Foucault (1969, p. 133), é definida como um conjunto de “regras 
anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, que definiram, em uma 
dada época e para uma determinada área social, econômica, geográfica ou linguística, as 
condições de exercício da função enunciativa”. 
 
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 7ª ed. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de 
Janeiro: Forense Universitária, 2005. 
 
Códigos linguísticos: são responsáveis pela representação das ideias, sendo esses códigos 
as palavras que, por meio da fala ou da escrita, associamos a determinadas ideias. 
 
 
 
 
 
 
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Diante disso, introduziremos os conceitos de apreensão e compreensão de 
sentido a fim de destacar a diferenciação existente entre os termos e a 
importância de saber distingui-los para atingir o sentido pleno da leitura. Neste 
percurso outros conceitos serão discutidos, tais como: conotação/denotação, 
explícito/implícito, conhecimento de mundo e intertextualidade. Conceitos 
estes que implicam, diretamente, no processo da interpretação. 
 
PLANO DE ESTUDO 
Serão abordados os conceitos de: 
1. Sentido literal e figurado, denotação e conotação. 
2. Apreensão e compreensão do sentido. 
3. Explícito e implícito. 
4. Conhecimento de mundo e intertextualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre apreensão e compreensão de 
sentido, certamente você deve estar se questionando: Por que preciso estudar 
português em um curso de administração, pedagogia, direito ou em qualquer 
outro? Para que preciso saber esses conceitos? Como eles auxiliarão meu 
aprendizado? Essas perguntas não possuem respostas imediatas e farão parte 
das suas reflexões no decorrer do curso, pois tais dúvidas e indagações são 
normais e contribuem com a aprendizagem de todos nós. 
Você já deve ter observado que a linguagem encontra-se em todas as áreas do 
conhecimento e do saber humano: na troca de ideias ou informações, nas 
negociações (compra e venda) de produtos ou serviços, na roda de amigos, 
nas escolas, no comércio e na indústria, enfim, em todos os lugares onde há 
pessoas. 
Então, é indispensável que você, profissional das mais diversas áreas, se 
conscientize sobre a importância do correto uso da língua materna em seu 
cotidiano, já que este aspecto influencia não só a imagem da empresa em que 
atua ou irá atuar, como também a sua própria imagem como profissional e 
cidadão brasileiro. 
Edgard Murano3 (2009), em seu artigo “Os dez erros de português das 
empresas”, esclarece que: 
 
Uma pessoa que apresente dificuldades para comunicar-se 
tende a ter maior dificuldade numa empresa. Quanto mais se 
evoluir na hierarquia maior será a cobrança. Na expressão, 
essa evolução será medida, entre outros fatores, por um bom 
vocabulário e pela capacidade de se expressar com precisão e 
clareza em situações cotidianas. (MURANO, 2009) 
 
 
 
 
 
 
3 MURANO, Edgard. Os dez erros de português das empresas. Revista Língua portuguesa, 
nº 39, janeiro de 2009. Disponível em: 
<http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf>. Acesso: 
08/2013. 
http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf
 
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Portanto, devemos cuidar da qualidade da nossa comunicação. Veja, nesse vídeo, um 
belíssimo exemplo sobre a importância de saber comunicar-se. 
https://www.youtube.com/watch?v=ZiMBLzcJoyc 
 
 
 
Com certeza você já notou que nem todas as pessoas possuem essa facilidade 
em se expressar, pois são comuns e ocorrem com frequência várias falhas na 
comunicação. Algumas são facilmente identificadas, mas existem aquelas que 
exigem um interlocutor mais atento. Vejamos, então, dois exemplos. 
Observe a charge a seguir e perceba que o desconhecimento do significado 
correto de uma palavra por parte de quem lê/ouve ocasiona a incompreensão e 
fracasso da mensagem, pois ao responder a pergunta o aluno ficou atento para 
outro sentido e demonstra, claramente, que ele não entendeu a pergunta. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.not1.com.br/sujeito-indeterminado-explicacao-clara-e-dicas-de-
lingua-portuguesa/ 
 
Outro exemplo de irregularidade na comunicação que pode acontecer se dá 
pelo fato de que quem escreve ou fala algo faz uso de uma palavra sem ter 
certeza de seu significado dentro de seu real contexto, produzindo assim uma 
mensagem bem diferente da que se deseja produzir. No quadrinho abaixo isso 
é provocado por meio da duplicidade de sentidos (ambiguidade) e esse efeito 
de sentido só é resgatado pela combinação de informações visuais e recursos 
linguísticos. Veja a imagem. 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ZiMBLzcJoyc
http://www.not1.com.br/sujeito-indeterminado-explicacao-clara-e-dicas-de-lingua-portuguesa/
http://www.not1.com.br/sujeito-indeterminado-explicacao-clara-e-dicas-de-lingua-portuguesa/
 
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Fonte: http://www.blogdeassis.com.br/ler.php?idnot=3417 
 
Essas charges são apenas exemplos de alguns dos possíveis desvios da 
linguagem que podem ocorrer no processo comunicacional. No entanto, vale 
destacar que as falhas apresentadas acima não significam erros, mas foram, 
propositalmente, selecionadas para causar tais sentidos, efeitos e impactos. 
Contudo, o que aconteceria se numa entrevista de emprego você utilizasse 
uma palavra incorreta, uma gíria, erros gramaticais ou que gerasse 
ambiguidade? Que imagem você enquanto diretor de uma empresa, que 
objetiva alcançar a qualidade total, transmitiria escrevendo um e-mail comercial 
repleto de erros gramaticais? É indiscutível que, escrever com clareza, 
coerência4 e concisão é uma vantagem competitiva capaz de elevar a imagem 
da empresa perante seus clientes, seus colaboradores, seus fornecedores e, 
também, perante a concorrência. Trata-se de uma competência especial na 
comunicação, uma preocupação em fazer o melhor, produzir produtos e prestar 
serviços que tenham arraigados em si um patrimônio cultural que é a língua 
portuguesa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4E você sabe o que significa coerência? Não se preocupe! Esse conceitotextual que implica na 
interpretação e significação dos textos será discutido na terceira unidade desta disciplina. 
Glossário 
Coerência: [s.f.] 1. qualidade, condição ou estado de coerente; 2. ligação, nexo 
ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão. 
Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. 
http://www.blogdeassis.com.br/ler.php?idnot=3417
 
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1. DENOTAÇÃO X CONOTAÇÃO 
 
Vamos lá, você já deu o pontapé inicial, agora é só apreender. Mas, o que 
significa mesmo apreender? Esse conceito será discutido em seguida, antes 
disso resgataremos o significado de sentido literal e de sentido figurado. O 
sentido literal é aquele sentido original, próprio, básico, usual da palavra, ou 
seja, aquele que é interpretado sem o auxílio do contexto. Analise essa 
imagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pisando em ovos... 
Fonte: http://rolywereando.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html 
 
Nesse exemplo, tanto o verbo “pisar” quanto o substantivo “ovos” possuem o 
mesmo sentido apresentado no dicionário, já que a pessoa está literalmente 
pisando sobre ovos. Sendo assim, qualquer palavra do dicionário que se 
apresenta em seu sentido original adquire valor denotativo. 
Observe que essa mesma expressão “pisar em ovos” pode assumir outro 
sentido e valor. Nesse caso, significa que a pessoa deve ser muito cuidadosa, 
ou seja, a pessoa deve “andar de leve, como de quem tem calos doloridos” 5. 
Daí dizer que a palavra ou expressão está no sentido figurado, isto é, as 
palavras “pisar” e “ovos” não apresentam o mesmo significado existente no 
dicionário e adquirirem outros sentidos em situações particulares de uso. Elas 
assumem, assim, um valor conotativo, já que seu significado é ampliado ou 
alterado sugerindo outras interpretações que dependem do contexto no qual 
estão inseridas para se extrair o real significado. 
 
 
5 Dicionário de Português Online MICHAELIS. Disponível em: 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
portugues&palavra=ovo. Acesso: 08/2013. 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=ovo
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=ovo
http://www.youtube.com/watch?v=5luuBoESSuo
 
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 O quadro abaixo (quadro 1) sintetiza as diferenças fundamentais entre os dois 
sentidos, vejamos: 
 
Quadro 1: Linguagem denotativa X Linguagem conotativa 
LITERAL/DENOTAÇÃO FIGURADO/CONOTAÇÃO 
palavra com significação restrita palavra com significação ampla 
palavra com sentido comum do dicionário 
palavra cujos sentidos extrapolam o 
sentido comum 
palavra usada de modo automatizado palavra usada de modo criativo 
linguagem comum linguagem rica e expressiva 
utilizada, frequentemente, em textos 
acadêmicos, jurídicos... 
encontrada em textos poéticos, 
publicitários... 
Fonte: http://acd.ufrj.br/~pead/tema04/denotacaoeconotacao.html (adaptado) 
 
Agora, com o auxílio desse quadro apresentado, tente identificar na oração a 
seguir o sentido denotativo do verbo "bordar" e o seu sentido com valor 
conotativo ou, ainda, os dois sentidos respectivamente. 
 
[...] Nas paredes, os direitos das crianças bordados em pano mostram que, por 
ali, os meninos aprendem o valor da infância sentados no colo, brincando, 
pintando e bordando6. 
 
 
 
 
DICA: 
Procure sempre associar de Denotação com d de Dicionário. E não confunda nunca mais! 
 
 
 
 
Leia o próximo texto. 
 
Os bichos invadiram o português 
Descubra como os animais foram parar em expressões como "dar zebra" e "lágrimas 
de crocodilo" 
 
 
 
6 CALIXTO, Inês. Aprendizes da palavra. Folha de São Paulo. Folhinha on-line. São Paulo, 
sábado, 6 de novembro de 2010. Disponível em: 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhinha/dicas/di06111006.htm. Acesso: 08/2013. 
 
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FÁBIO FREITAS 
De São Paulo 
Você já pagou um mico? Conhece alguém mão-de-vaca? Ficou igual a uma barata 
tonta? Calma, isso não é conversa para boi dormir! Os bichos estão à solta na língua 
portuguesa. 
Quando uma pessoa diz que está "com um galo", todos entendem que uma parte da 
cabeça está inchada. 
Essas expressões são chamadas de idiomáticas. São difíceis de traduzir para outras 
línguas e variam em cada época e região. Não dá para saber exatamente como ou 
quando a maioria delas surgiu, mas há várias explicações. 
Ficou com a pulga atrás da orelha? A Folhinha revela os significados e as (possíveis) 
origens dessas expressões. 
 
GATO POR LEBRE 
Se você resolve comprar um brinquedo legal, mas lhe vendem um pior do que o 
esperado, você levou gato por lebre. Isto é, foi enganado. A expressão veio de 
Portugal, onde a carne da lebre era considerada nobre, e a do gato, péssima. O poeta 
Luís Vaz de Camões, que viveu no século 16, usa a expressão na peça teatral "Auto 
dos Enfatriões". 
 
OLHA O PASSARINHO! 
Sorria para a foto! Quando a fotografia foi inventada, as pessoas ficavam um tempão 
na frente da câmera até que a imagem fosse fixada. Para a garotada parar quieta, os 
fotógrafos colocavam uma gaiola com um passarinho perto da câmera. 
 
TIRAR O CAVALINHO DA CHUVA 
Se queremos que uma pessoa desista de algo, dizemos para ela tirar o cavalinho da 
chuva. No interior, o cavalo era o principal meio de transporte. Quando alguém visitava 
um amigo, deixava o cavalo amarrado em frente à casa. Se a conversa fosse demorar, 
o amigo dizia "pode tirar seu cavalo da chuva". 
 
CONVERSA PARA BOI DORMIR 
Para aguentar um papo chato ou mentiroso, só sendo paciente como um boi. Ele 
passa a maior parte do tempo comendo. De barriga cheia, fica com sono e se deita 
para fazer a digestão. Esse processo no boi é diferente do nosso: dura horas. A 
comida chega ao estômago e volta para a boca, para ser mastigada novamente. Haja 
paciência! 
 
LÁGRIMAS DE CROCODILO 
É o choro de uma pessoa falsa. Há três explicações. O historiador romano Plínio dizia 
que os crocodilos do rio Nilo, no Egito, choravam para atrair viajantes e comê-los. Uma 
lenda medieval dizia que esses animais choravam depois de comer alguém. E a 
explicação científica: a mastigação do bicho comprime suas glândulas lacrimais e o faz 
chorar. 
 
PAGAR MICO 
No jogo de baralho Mico Preto, o objetivo é formar pares entre os animais. O mico é o 
único que não tem par. No final, quem fica com a carta perde o jogo e tem que fazer 
uma tarefa que te faz passar vergonha, ou seja, pagar um micão7. 
 
7 FREITAS, Fábio. Os bichos invadiram o português. Folha de São Paulo. Folhinha on-line. 
São Paulo, sábado, 6 de novembro de 2010. Disponível em: 
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhinha/dicas/di06111005.htm. Acesso: ago. de 2013. 
 
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E, ainda, mais uma dica da nossa língua. Você entendeu o significado de expressões 
idiomáticas? Sabia que: 
Uma expressão idiomática ocorre quando um termo ou frase assume significado diferente 
daquele que as palavras teriam isoladamente. Assim, a interpretação é captada globalmente, 
sem necessidade da compreensão de cada uma das partes. Usamos expressões idiomáticas a 
todo instante. Elas se encontram no linguajar diário, no noticiário da televisão, em anúncios dos 
jornais, no rádio, na tv, em discursos políticos, campanhas eleitorais, em filmes, em letras de 
música, na literatura, etc.[...] O motivo que leva um falante ou um escritor a usar expressões 
idiomáticas é o desejo de acrescentar à mensagem algo que a linguagem convencional não 
poderia suprir. Uma expressão idiomática pode enriquecer uma frase, dando-lhe força ou 
sutileza, pode enfatizar a intensidade dos sentimentos de alguém e pode ainda atenuar o 
impacto de uma declaração austera, com humor ou ironia. O uso que um falante faz das 
expressões idiomáticas determina o seu grau de domínio da língua, possibilitando-o 
expressar-se de muitas maneiras. 
Expressões Idiomáticas correntes no Brasil. Disponível em: 
http://www.soportugues.com.br/secoes/expressoesIdiomaticas/. (grifo nosso). Acesso: 09/13. 
Agora a necessidade é pensar, analisar e assimilar... Segue, então, um vídeo disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=EPCumfKk9Fk com algumas dicas que servirão de 
auxílio para a memorização dos conceitos apresentados. Bons estudos! 
 
 
 
 
2. APREENSÃO X COMPREENSÃO 
 
Agora sim, precisamos entender um pouco mais do funcionamento da 
linguagem e para isso estudaremos os conceitos de apreensão e compreensão 
de sentido. 
Você já deve ter notado que a leitura de um único texto por várias pessoas é 
muito comum elas divergirem quanto à interpretação. Exemplos disso 
encontram-se a todo o momento no nosso dia a dia. Quem é que nunca passou 
pela experiência de assistir um filme com amigos e, na saída, ouvir os 
comentários mais desencontrados? Imagine, então, quando se trata de textos 
mais complexos, as divergências são ainda maiores. 
 
 
GLOSSÁRIO 
Divergir: do latim divergere, “ir em direções diferentes”, de dis-, mais vergere, “torcer, 
dobrar”. Quando cada um toma um lado numa discussão houve uma divergência. 
Disponível em: http://origemdapalavra.com.br/palavras/divergir/. Acesso: 08/2013 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=EPCumfKk9Fk
http://origemdapalavra.com.br/palavras/divergir/
 
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Internacional. 
 
 
 
Mas, você já pensou como explicar o fato das pessoas entenderem de 
maneiras diferentes o mesmo texto? Acima de tudo, podemos dizer que é a 
multiplicidade de sentidos que explica a divergência de interpretação de um 
mesmo texto, mas isso não quer dizer que o texto não tenha significado 
nenhum, que cada um lhe dá o sentido que considera mais razoável ou que 
devido à possibilidade de mais de uma leitura, o texto aceite quaisquer leituras. 
Olhe esta foto: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://rolywereando.blogspot.com.br/2010/05/maioria-dessas-imagens-foram-
retiradas.html 
 
Perceba que a imagem isolada, por exemplo, pode ser interpretada em seu 
sentido literal assumindo valor denotativo, alguém segurando uma vela. No 
entanto, ela, também, pode assumir o valor conotativo sugerindo outras 
leituras, resgatadas por meio do conhecimento de mundo8 de quem lê, ou seja, 
o leitor recupera as informações exteriores a imagem para complementá-la e 
extrair seu significado. Ela pode significar, também, aquela pessoa que sempre 
está junto de um casal de namorados, fiscalizando, vigiando ou atrapalhando. 
Ou, ainda, pode significar alguém que está participando de algum ritual 
religioso, significados que podem ser resgatados na imagem por meio da 
camisa branca social. 
Sendo assim, o significado de uma imagem isolada pode ser completamente 
diverso daquele que ela assume encaixada em um contexto. 
 
 
 
 
8 Esse conceito será discutido ainda nesta unidade. 
http://rolywereando.blogspot.com.br/2010/05/maioria-dessas-imagens-foram-retiradas.html
http://rolywereando.blogspot.com.br/2010/05/maioria-dessas-imagens-foram-retiradas.html
 
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Glossário 
De acordo com o dicionário do Aurélio, contexto é: "Conjunto do texto que precede ou sucede 
uma frase, um grupo de palavras, uma palavra./ Conjunto de circunstâncias que acompanham 
um acontecimento: julgar um fato em seu contexto histórico". 
Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Contexto.html. 
"O contexto é, portanto, um conjunto de suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores, 
mobilizadas para a interpretação de um texto". 
Fonte: KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender os Sentidos do 
Texto. São Paulo: Contexto, 2006, p.64. 
 
 
 
 
O mesmo pode ocorrer com os textos, pois um texto permite múltiplas 
interpretações, uma vez que é na recepção que ele significa. Todavia, ele não 
está aberto a qualquer interpretação, pois todo texto é carregado de pistas, as 
quais direcionam o leitor, orientando-o para uma leitura coerente9. 
Além disso, o texto traz lacunas que serão preenchidas conforme o 
conhecimento de mundo, as experiências de vida, as ideologias, as crenças e 
os valores que o leitor carrega consigo. 
Por isso, dizemos que a interpretação de um texto ou de uma imagem exige do 
leitor duas operações distintas: 
 
 apreensão e 
 compreensão 
 
A palavra apreender vem do latim apprehendere, de ad, “a”, mais prehendere, 
“agarrar, prender”10. 
 
 
 
GLOSSÁRIO 
O significado de apreender, conforme o dicionário Michaelis, é assimilar mentalmente. 
Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php? lingua=portugues-
portugues&palavra=apreender. Acesso: 08/2013. 
 
 
 
 
9 Para ser coerente, a leitura precisa ser lógica, ter nexo, fazer sentido. 
10 Disponível em: http://origemdapalavra.com.br/palavras/apreensao/. Acesso: 08/2013. 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=apreender
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=apreender
http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1693u12.jhtm
http://origemdapalavra.com.br/palavras/apreensao/
 
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Apreender o sentido é o mesmo que capturar os significados presentes no 
texto, isto é, trazer para o texto os seus significados. Este processo depende 
do reconhecimento do significado das palavras, da identificação das relações 
existentes entre elas e da maneira como foram combinadas (seleção lexical). 
A seleção lexical é o processo correspondente à escolha de uma palavra em 
detrimento de outra, segundo alguns critérios, para produzir um determinado 
efeito de sentido. Daí, que muitos dos objetivos alcançados por meio da 
comunicação decorrem, principalmente, das palavras selecionadas e 
empregadas. 
Como explica Koch (2000, p. 44)11, a seleção lexical é de extrema importância 
para a construção dos sentidos. Para a autora, o uso de gírias ou jargões 
profissionais, de determinado tipo de adjetivação, de termos diminutivos ou 
pejorativos fornece ao interlocutor pistas valiosas para a interpretação do texto 
e a captação dos propósitos com que é produzido. 
 
 
 
Fique por dentro 
Para você entender de uma maneira mais simples esse conceito, acesse o vídeo disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=oKuScIysCO0 
 
 
 
Deste modo, por meio da apreensão capturamos os significados inscritos no 
texto, sem relacioná-lo com informações exteriores a ele. Na apreensão do 
sentido, o leitor busca as marcas (linguísticas, verbais e não verbais) deixadas 
no texto e as pistas explícitas para assim extrair seu significado. Nesta 
perspectiva ele é capaz de dizer com suas próprias palavras o que leu. 
No entanto, há textos fáceis de apreender e difíceis de compreender, isso 
porque compreendervai além dos limites do texto. Desta maneira, apreensão 
não significa a compreensão do todo, mas ela é o primeiro instante da 
interpretação. 
Veja o exemplo abaixo. Você consegue ler o texto? Tente... 
 
 
11 KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2000. 
 
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De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as 
lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm 
no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê cnocseguee anida ler sem 
pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltrea szoinha, mas a plravaa cmoo um tdoo. Lgeal, 
não é msemo? 
 
Fonte: http://www.abin.gov.br/modules/mastop_publish/?tac=Testes 
 
 
 
Note que nesse exemplo é possível apreender o significado do texto, mesmo 
que as palavras não estejam dispostas na ordem comum, pois, sabemos dizer 
com as nossas palavras o que lemos, não é mesmo? 
Agora que você já sabe o que é apreender, vamos entender o que significa 
compreender. A palavra compreensão tem sua origem etimológica no 
latim comprehensio, que significa ação de aprender conjuntamente. Ocorre 
compreensão de um fato quando conseguimos perceber os elementos 
internos que o caracterizam12. 
 
 
 
GLOSSÁRIO 
Compreender: com.pre.en.der [vtd] 1 Conter em si, constar de; abranger 2 Estar incluído ou 
contido 3 Alcançar com a inteligência; entender: 4 Perceber as intenções de 5 Estender a sua 
ação a: 6 Dar o devido apreço a: 
Dicionário Michaelis on-line. Disponível em: 
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=
compreender. Acesso: 08/2013. 
 
 
 
A palavra compreensão é formada da preposição “com” mais o verbo 
“prehendere” (agarrar, apanhar). Se observarmos os compostos de mesma 
origem como apreender, depreender, todos têm esse significado de "apanhar" 
para si, isto é, retirar algo de algum lugar e conservar para si. Portanto, quem 
compreende pega para si um significado. 
Neste sentido, compreender é o mesmo que relacionar o significado do texto 
lido com informações contidas em outros textos, em outros contextos. 
 
12 Disponível em: http://everaldomarini.blogspot.com.br/2010/09/compreensao-e-
explicacao.html. Acesso: 08/2013. 
http://everaldomarini.blogspot.com.br/2010/09/compreensao-e-explicacao.html
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Associando o significado do texto lido com o conhecimento de mundo13 do 
leitor, relacionando esse significado com o conjunto de informações que o texto 
fornece, confrontando o significado apreendido do texto com outros textos já 
lidos (intertextualidade)14, esses últimos integrantes do repertório cultural do 
leitor. 
Justamente por este motivo, concluímos que o texto depende da mobilização 
do universo de conhecimento do leitor para ser atualizado. É um processo 
que implica uma resposta do leitor ao que lê, já que, no ato da leitura, um texto 
leva a outro e orienta o leitor, que, convocado pelo texto, participa da 
elaboração dos significados, confrontando-o com o próprio saber, com a sua 
experiência de vida. 
Desta maneira, o leitor é quem atribui significados ao que lê. Por isso, 
compreender os recursos linguísticos que o texto usa e o sentido que ele 
expressa é refletir sobre a linguagem. 
Outro aspecto importante é que o leitor deve se constituir como sujeito 
responsável pelo processo de construção do sentido do texto, pois para 
compreender ele precisa trazer para o texto seu conhecimento de mundo, os 
conhecimentos linguísticos, o conhecimento da situação comunicativa, dos 
interlocutores envolvidos, dos gêneros, do suporte em que o texto foi publicado, 
de outros textos. 
Então, neste jogo discursivo é de inteira responsabilidade do leitor fazer os 
reconhecimentos e identificações necessários para alcançar a plenitude de 
sentido do texto. Daí que compreender um texto é ir além do que está escrito e 
explícito, é desvendar seu significado. 
Recorreremos a este anúncio, logo abaixo, para melhor ilustrar esse conceito. 
Examine-o com atenção. 
 
 
 
 
 
 
13 Conceito que será discutido logo a seguir. 
14 De forma simplificada, intertextualidade é o processo de produção de um texto que parte de 
vários outros e com eles se relaciona. Conceito que, ainda, será explorado nesta unidade. 
 
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Era uma vez uma garota branca como a neve. Que causava muita inveja não por ter conhecido 
sete anões. Mas vários morenos de 1,80 m. O boticário, você pode ser o que quiser. 
 
Fonte: http://www.putasacada.com.br/wp-content/uploads/2009/09/anmaca_almap.jpg 
 
Considere que para dar sentido ao anúncio publicitário é preciso recorrer, entre 
outros recursos, à intertextualidade, pois se o leitor não tiver conhecimento do 
conto clássico da literatura infantil "Branca de Neve e os Sete Anões" a 
propaganda limitará o sentido e, consequentemente, o leitor terá dificuldade em 
compreendê-la. 
Além desse recurso, o texto nos direciona a vários questionamentos: Quais são 
os valores morais que a maçã simboliza? Qual é a ideia de mulher reforçada na 
cor quente vermelha, presente na fita do cabelo, na alça do vestido e na boca 
da Branca de Neve? O que diz o olhar da Branca de Neve: é um olhar ingênuo 
como o da Branca de Neve do conto tradicional ou um olhar sedutor? Ao olhar 
de quem podemos compará-lo? Com qual intenção na propaganda há uma 
inversão do discurso infantil? Quem é o público-alvo do anúncio? Quais são as 
marcas linguísticas que nos remetem a um discurso moderno, atualizado? 
Como se vê, neste anúncio é possível compreender uma infinidade de 
significados e sentidos. 
Quem entendeu isso compreendeu! 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Indicação de livro: 
 
Fica a indicação do livro “Contos de amor rasgados”, de Marina Colasanti. 
 
 
 
Nestes contos, Marina Colasanti se lança em prosa-poética e aborda as tensões existentes nas 
relações de gênero ao desvelar os domínios do relacionamento amoroso. Do homem com 
remorso depois da traição ao rompimento sem entendimento; do silêncio de um casamento ao 
beijo que esconde a dor, a autora mostra a fragilidade das relações amorosas, desvelando as 
angústias, temores e ansiedades de uma pessoa que já se apaixonou (ou sofreu por amor). 
Lançamento: 2010. 
 
 
 
 
 
Para saber sobre a vida e obras de Marina Colasanti clique aqui: 
http://www.agenciariff.com.br/site/AutorCliente/Autor/31 
 
 
 
 
 
 
 
3. EXPLÍCITO X IMPLÍCITO 
 
Falamos, anteriormente, em pistas explícitas. Você sabe qual o significado de 
explícito? E a diferença existente entre os termos explícito e implícito? Saiba 
que de acordo com o dicionário Aurélio15 explícito significa que está 
perfeitamente enunciado; claro, preciso, formal. Já implícito significa que está 
contido numa proposição sem estar expresso em termos precisos, formais; 
subentendido. 
 
15 Dicionário do Aurélio. Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Implicito.html. 
Acesso: 08/2013. 
http://www.agenciariff.com.br/site/AutorCliente/Autor/31
http://www.dicionariodoaurelio.com/Implicito.html
 
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Nos estudos do texto utilizamos, frequentemente, o termo implícito para 
esclarecer que a leitura eficaz acontece, somente, quando o leitor é capaz de 
resgatar as entrelinhas do texto, ou seja, quando o leitor consegue interpretar o 
não dito no texto, mas que está ali pressuposto, subentendido. 
 
 
 
Glossário 
en.tre.li.nhas: [sf] pl. 1. O que se acha implícito, sugerido, subentendido em mensagem escrita 
ou oral. 
Disponível em: http://aulete.uol.com.br/entrelinhas#ixzz2wzvM3G00 
 
 
 
Ora, um texto amplia consideravelmente a comunicação por meio das suas 
entrelinhas, justamente para poder esconder ou sugerir mais informações. 
Desse modo, ele desafia o seu leitor a decifrá-lo, formulando perguntas a 
respeito dele e mesmo contra ele: O que o texto não disse? O que se encontra 
nas entrelinhas? O que ele está escondendo? 
Vamos compreender tais conceitos a partir da campanha "Saco é um Saco", 
lançada em 2009, por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, que busca 
chamar a atenção do cidadão brasileiro para o consumo consciente de sacolas 
plásticas. Veja o slogan dessa campanha: 
 
Fonte:http://www.senado.gov.br/senado/portaldoservidor/jornal/jornal104/senado_verde.aspx 
Note que podemos observar algumas pistas explícitas, elas estão presentes 
tanto no texto escrito "saco é um saco. pra cidade, pro planeta, pro futuro e pra 
você", quanto na própria imagem que faz alusão clara ao modelo de uma 
http://aulete.uol.com.br/entrelinhas#ixzz2wzvM3G00
http://www.sacoeumsaco.com.br/
 
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Internacional. 
 
 
sacola plástica. Embora o texto, aparentemente, nos apresente apenas uma 
campanha de consumo sustentável e o enorme impacto ambiental causado 
pelo uso de sacos e sacolas plásticas, podemos inferir, através do nosso 
conhecimento de mundo, que mesmo velada, implícita, há uma crítica à 
poluição gerada pelas sacolas plásticas, já que "é um saco". 
Destacamos, ainda, que não pretendemos aqui analisar e esgotar os sentidos 
causados pela campanha, mas a utilizamos para exemplificar os conceitos. 
Todavia, alertamos para o fato que devemos sempre desconfiar de um texto 
por mais simples que ele nos pareça. 
Imbricados nestes conceitos estudados até agora, estão as palavras sentido e 
significado. José Saramago, no romance Todos os Nomes, esclarece que: 
 
[...] Ao contrário do que em geral se crê, sentido e significado 
nunca foram a mesma coisa, o significado fica-se logo por aí, é 
directo, literal, explícito, fechado em si mesmo, unívoco, por 
assim dizer, ao passo que o sentido não é capaz de 
permanecer quieto, fervilha de sentidos segundos, terceiros e 
quartos, de direcções irradiantes que se vão dividindo e 
subdividindo em ramos e ramilhos, até se perderem de vista 
[...].16 
 
Uma bela explicação do que diferenciariam esses conceitos podemos 
encontrar em Vygotsky (2001b, p. 398) citado por Barros (2009): 
 
[...] o sentido de uma palavra é a soma de todos os fatos 
psicológicos que ela desperta em nossa consciência. Assim, o 
sentido é sempre uma formação dinâmica, fluida, complexa, 
que tem várias zonas de estabilidade variada. O significado é 
apenas uma dessas zonas do sentido que a palavra adquire no 
contexto de algum discurso e, ademais, uma zona mais 
estável, uniforme e exata. Como se sabe, em contextos 
diferentes a palavra muda facilmente de sentido. O significado, 
ao contrário, é um ponto imóvel e imutável que permanece 
estável em todas as mudanças de sentido da palavra em 
diferentes contextos. [...]17 
 
 
 
16 Disponível em: http://prosaempoema.wordpress.com/2009/08/05/o-sentido-e-o-significado/. 
17BARROS, João Paulo Pereira et al. O conceito de "sentido" em Vygotsky: considerações 
epistemológicas e suas implicações para a investigação psicológica. Psicol. 
Soc. vol.21 n..2. Florianópolis May/Aug. 2009. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822009000200004. Acesso: 
10/2013. 
 
 
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A partir dessas explicações, entendemos que o significado vem da palavra 
signo, que é o representante de uma ideia, um objeto, etc. Por exemplo, a letra 
"P" é o signo gráfico usado para retratar um som vocálico; o som de uma 
buzina é um signo usado para expressar um alerta; o dedo polegar é um signo 
corporal que pode indicar tanto positivo, que a pessoa está de acordo ou 
indicar negação, desaprovação, dependendo a posição em que ele se 
encontrar. Assim, o significado é o que aquilo realmente representa para 
alguém. 
No entanto, um signo pode ter diferentes sentidos e pode variar entre as 
pessoas, as culturas, entre diferentes idades, espécies e épocas. Quando você 
faz, por exemplo, no Brasil esse símbolo para outra pessoa, ele é 
considerado um gesto obsceno, uma ofensa. No entanto, nos Estados Unidos e 
grande parte da Europa, o “ok” é usado para significar aprovação, satisfação ou 
excelência. 
O sentido, por outro lado, está ligado à interpretação. O sentido não é a 
simbolização de algo, mas a interpretação de uma consequência e seu 
significado. Sendo assim, apesar do sentido de um texto estar previsto ele não 
é estável. Ele se constitui à medida que o texto se constitui e é determinado 
pela atuação de um leitor. Por exemplo: o fato de ter vazado informações 
sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar alguns dos programas de 
vigilância que o país usa para espionar a população americana e vários países 
da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil. Este fato traz a 
possibilidade de diversas reflexões, entre elas a segurança e a privacidade no 
mundo globalizado. O que isso significa? (a) Que a coleta de informações é 
para prever futuras crises econômicas que possam vir afetar os mercados 
internacionais, (b) Que os Estados Unidos querem controlar o resto do mundo, 
(c) Que a rapidez de comunicação se tornou o alvo mais fácil, quando o 
assunto é “bisbilhotar” a vida alheia. E tantos outros sentidos possíveis. 
Em vista disso, os conceitos estudados esclarecem que para compreender o 
sentido de um texto é preciso conhecer o significado das palavras que o 
 
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compõem e, também, o modo como elas estão combinadas, mais ainda, ir 
além do que está dito, buscar o que está subentendido, interpretar o não dito. 
 
 
 
4. CONHECIMENTO DE MUNDO X INTERTEXTUALIDADE 
 
Falamos nesta unidade sobre conhecimento de mundo. O que você entendeu 
sobre isso? Considera-se conhecimento de mundo toda a experiência 
vivenciada pelo leitor, tudo o que ele viveu, viu, ouviu, leu em sua vida. São as 
experiências acumuladas ao longo dos anos que constituem o conhecimento 
de mundo. Tais experiências, socioculturalmente* adquiridas encontram-se 
armazenadas na memória de cada leitor e são ativadas no processo de 
construção de sentido do texto. 
 
 
 
Fique por dentro 
*Com o Novo Acordo Ortográfico todos os nomes compostos com o prefixo “sócio” serão 
escritos sem hífen, EXCETO quando o segundo nome começar com as letras H ou O. 
Exemplos: sócio-histórico, sociopolítico, sociocultural, socioeconômico... 
Para saber mais, clique aqui: 
http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2590542 
 
 
 
Nesse processo, durante o ato da leitura, o leitor é estimulado a ativar os vários 
tipos de conhecimentos que ele possui e estão armazenados em sua memória. 
De acordo com Koch e Elias (2006, p. 40)18, o primeiro deles, o linguístico, 
engloba os conhecimentos relativos ao vocabulário (léxico) e à gramática. O 
segundo, o conhecimento enciclopédico,abrange o conhecimento de mundo e 
é oriundo de vivências pessoais. E o terceiro, o conhecimento interacional, 
"refere-se às formas de interação por meio da linguagem" (KOCH & ELIAS 
2006, p. 45). É a junção desses conhecimentos que leva o leitor a formular 
hipóteses, fazer antecipações, remeter a outros textos e contextos. Tais 
 
18 KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 
São Paulo: Contexto, 2006. 
http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/2590542
 
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conhecimentos são armazenados à medida que vivemos e nos relacionamos 
com o mundo e com as pessoas a nossa volta. 
Para melhor exemplificar o que foi exposto, observe, novamente, esta charge: 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://fabiolaje.blogspot.com.br/ 
 
Perceba que se o leitor não recuperar o que significa a expressão “olha o 
aviãozinho” pelos seus conhecimentos gerais sobre o mundo, isto é, do seu 
conhecimento de mundo, ele não conseguirá interpretar plenamente a charge, 
ou seja, compreender o significado total da mensagem. 
Desta maneira, para interpretar um texto eficazmente, é necessário apreender 
não só seu significado interno, mas perceber em que medida ele se relaciona 
com outros conhecimentos, ou seja, é essencial recuperar as informações 
exteriores a ele para complementá-lo, para dar-lhe sentido. 
Anteriormente, também mencionamos a palavra intertextualidade. Você já deve 
ter escutado falar ou estudado sobre o assunto. Mas, o que é mesmo 
intertextualidade? 
Para entender melhor a palavra, pense em sua estrutura. Ela é formada a partir 
da raiz latina inter, que se refere à noção de relação “entre, no interior de dois”, 
mais textualidade, que veio de texto, do latim textus, que originalmente tinha o 
significado de “entrelaçar”, do verbo texere, “tecer”. Logo, intertextualidade é a 
propriedade de textos se relacionarem. 
O termo intertextualidade foi empregado, em 1969, pela semioticista Julia 
Kristeva, a partir dos estudos realizados por Bakhtin, acerca do dialogismo. A 
autora explica que "Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo 
texto é absorção e transformação de um outro texto" 19. 
 
 
19 KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974, p. 64. 
 
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Sendo assim, a intertextualidade refere-se aos fatores que tornam a utilização 
de um texto dependente do conhecimento de um ou de mais textos 
previamente existentes, ou seja, é uma operação na qual o leitor, usando seu 
conhecimento de mundo e as pistas oferecidas no texto, estabelece uma 
relação entre o explícito e o implícito. Desse modo, um texto só terá 
significação à medida que for compreendida a sua inter-relação com outro 
texto. 
Outro aspecto a se destacar é que o processo de intertextualidade ocorre em 
toda leitura, pois sempre que lemos um texto, o relacionamos com um outro 
que já tínhamos lido anteriormente, com um filme ou até com algo que já 
aconteceu em nossas vidas e é por isso que, como falamos anteriormente, 
cada leitor realiza uma leitura diferente de um mesmo texto. 
Além disso, a intertextualidade é um processo de estabelecimento de sentido 
que se consolida por meio das pistas, lacunas, vazios oferecidos no texto ou 
nas imagens. Neste jogo o texto pressupõe a existência de outros textos e é 
responsabilidade do leitor fazer as inferências, resgatar o conhecimento de 
mundo, as experiências de vida, sua vivência sociocultural, as ideologias, as 
crenças e os valores necessários para alcançar a plenitude de sentido. 
De modo geral, a intertextualidade é facilmente perceptível e identificada pelo 
leitor. Mas, existem intertextos muito sutis, compartilhados ou identificados 
apenas por leitores mais capacitados, que têm um conhecimento de mundo 
muito amplo. 
Justamente por isso, a compreensão de um texto depende assim de nossas 
experiências de vida, de nossas vivências, de nossas leituras. Por isso que 
quanto mais amplo forem os conhecimentos do leitor maior será sua 
competência para perceber que o texto dialoga com outros, por meio de 
referências, alusões ou citações, e, consequentemente, mais ampla será sua 
compreensão. 
E por que esses recursos intertextuais implícitos e explícitos são utilizados? 
Ora, eles têm por finalidade afirmar, refutar, ampliar, modificar, transformar, 
confrontar ou, simplesmente, reproduzir o sentido de um texto. O importante 
 
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para nós é refletir sobre as intenções implícitas nos textos, de como elas são 
combinadas para produzirem determinados efeitos de sentido. 
De qualquer modo, ao entrecruzar palavras, textos pré-existentes, 
recuperando-os para fazer novas ligações, novos textos e novos sentidos - 
tece-se uma teia de relações e, com isso, processa-se a intertextualidade20. 
 
 
 
Fique por dentro 
Para ilustrar esse recurso da linguagem e aprofundar seus conhecimentos, assista ao vídeo: 
https://www.youtube.com/watch?v=TSvX4ZnntZc 
 
 
 
Esperamos, com esta unidade de estudo, ter despertado em você um sujeito capaz de 
construir sentidos não só para os textos, mas para o mundo e que, pelo acesso ao 
conhecimento, seja capaz de posicionar-se criticamente, em uma atitude cidadã e 
transformadora da sociedade. Até a próxima! 
 
 
 
Fique por dentro 
 
A linguagem não verbal (imagens) que será estudada na próxima unidade, com maior ênfase, 
extrapola a linguagem verbal (escrita), possibilitando novas leituras e favorecendo a 
interpretação, visto que a imagem pode ser retomada constantemente de maneira a apresentar 
detalhes implícitos que revelam novas pistas e direcionamentos para a compreensão não 
observados à primeira vista. 
Freire (1994) nos explica melhor como se efetua esse processo de construção do 
conhecimento, que: 
 
[...] se dá quando o leitor desafia cada parágrafo, digere, reinventa, 
cria e aplica-os na construção de novos conhecimentos. E isso exige 
persistência e coragem de pensar e de fazer. Por isso, para ele, um 
texto não deve ser lido com rapidez e indiferença, como se o 
conhecimento fosse um processo meramente acumulativo, pois, um 
'palmo de leitura' não significa necessariamente um 'palmo de 
conhecimento'.21 
 
 
 
20 TOMAZINI, Sueli Aparecida da Costa. Breve reflexão sobre o fenômeno da 
intertextualidade. 2009. Disponível em: 
https://pendientedemigracion.ucm.es/info/especulo/numero43/interef.html. Acesso: 12/2013. 
 
21 FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 29. ed. São 
Paulo: Cortez, 1994. 
https://www.youtube.com/watch?v=TSvX4ZnntZc
 
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 
Internacional. 
 
 
 
 
Fonte: http://www.blogdotony.net/241212 
 
 
 
 
 
Indicação de leitura 
Bakhtin foi o primeiro autor a caracterizar a intertextualidade. Julia Kristeva, a partir da 
influência dos trabalhos de Bakhtin, divulgou suas contribuições na obra Introdução à 
Seminálise. 
 
 
 
 
 
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 9ª Ed. São Paulo: 
Contexto, 2007. 
 
No livro “O texto e a construção dos sentidos” discute-se a intertextualidade, 
a polifonia e se tais fenômenos podem ser vistos como um só. As formas de 
possíveis de cada um desses mecanismos no discurso são apresentação 
tratadas cada uma de maneira isolada, e por fim conclui-se todo texto é 
constituído por diversas vozes para que sepossa concretizar a linguagem 
humana, sendo todos, portanto polifônicos, embora os conceitos de 
intertextualidade e polifonia não possam ser vistos de maneira similar. 
Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2111286 
 
 
 
 
 
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 
São Paulo: Contexto, 2006. 
 
 
 
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Internacional. 
 
 
 
Ingedore V. Koch, uma das mais importantes autoras de obras de Língua Portuguesa e 
Linguística em nosso país, com a colaboração de Vanda Maria Elias, apresenta neste livro seu 
pensamento sistematizado como uma ponte entre teorias sobre texto e leitura e práticas 
docentes [...]. A leitura de um texto exige muito mais que o simples conhecimento linguístico 
compartilhado pelos interlocutores: o leitor é, necessariamente, levado a mobilizar uma série de 
estratégias, com o fim de preencher as lacunas e participar, de forma ativa, da construção do 
sentido. Dessa forma, autor e leitor devem ser vistos como estrategistas na interação pela 
linguagem. O objetivo deste livro é, portanto, apresentar, de forma simples e didática, as 
principais estratégias que os leitores têm à sua disposição para construir um sentido que seja 
compatível com a proposta apresentada pelo seu produtor. Fonte: 
http://www.editoracontexto.com.br/autores/ingedore-villaca-koch/ler-e-compreender.html. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Internacional. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BARROS, João Paulo Pereira et al. O conceito de "sentido" em Vygotsky: 
considerações epistemológicas e suas implicações para a investigação 
psicológica. Psicol. Soc. vol.21 n..2. Florianópolis May/Aug. 2009. Disponível 
em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
71822009000200004. Acesso: 10/2013. 
BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Analisando o Discurso. (USP). Artigo. 
Museu da Língua Portuguesa. Disponível em: 
http://www.museulinguaportuguesa.org.br/ files/mlp/texto_1.pdf. Acesso: 
03/12/2013. 
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 9ª 
Ed. São Paulo: Contexto, 2007. 
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os 
sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. 
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974. 
MURANO, Edgard. Os dez erros de português das empresas. Revista 
Língua portuguesa, nº 39, janeiro de 2009. Disponível em: 
http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf. 
Acesso: 08/2013. 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Departamento de 
Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua 
Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008. 
VIANA, Antonio Carlos (Coord.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. 
São Paulo: Scipione, 2004. 
http://www.companhiadeidiomas.com.br/banco_imagens/midia/midia_7.pdf

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