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Leucemia Felina: Causas, Sintomas e Tratamentos

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FELV – VIRUS DA LEUCEMIA FELINA
A leucemia viral felina é uma doença que acomete gatos do mundo todo. O vírus da leucemia felina (FeLV) pode ser transmitido via saliva, pelo leite, via transplacentária ou por meio de transfusões sanguíneas. O FeLV não sobrevive em meio ambiente, e ainda pode ser eliminado por meio do uso de detergentes comuns. Uma vez infectado, o felino pode desenvolver vários sinais clínicos, os quais podem ser inespecíficos como apatia e anorexia, ou mais específicas como leucemias. O vírus pode gerar uma imunossupressão no animal, deixando o mesmo vulnerável a outras doenças. Há vacinas disponíveis no mercado, mas não se sabe a duração da imunidade proporcionada por elas. O FeLV pertence à família Retroviridae, subfamília Oncoviridae, e gênero Gamma retrovirus. Possui como material genético RNA de fita simples, o qual é transcrito em provírus (DNA viral) pela enzima transcriptase reversa na célula do hospedeiro e é integrado no genoma da célula infectada (Figueiredo & Araújo Júnior, 2011).
Os gatos com maior risco à infecção são machos, não castrados, felinos que possuem acesso à rua, que vivem em locais com outros gatos, dos quais não se tem conhecimento se são infectados ou não, e até mesmo gatis. Um gato infectado pode viver por anos, desde que seja fornecido um suporte e tratamento adequado ao mesmo, mas para isso deve-se ter conhecimento da situação do animal.
Dentre os meios de diagnóstico, o que tem sido mais utilizado é o Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay (ELISA) por meio de kits comerciais. Esses testes fornecem um diagnóstico mais rápido. O seu diagnóstico é por meio da detecção do antígeno p27 em plasma ou, pelo soro de gatos infectados. Outros materiais que podem ser usados para o diagnóstico são secreções nasais ou orais, mas esses meios não são uma fonte confiável, pois seus resultados não são muito precisos.
Como se processa a transmissão desta doença?
Os gatos infetados eliminam o vírus em grande quantidade na saliva e secreções nasais. Também é possível encontrar partículas virais na urina, fezes e leite dos animais infetados. As formas preferenciais de transmissão do FeLV são a mordedura e a limpeza mútua entre gatos. A partilha de pratos de comida e de caixas de areão também podem constituir formas de transmissão. As crias duma gata infetada pelo FeLV podem contrair o vírus, quer durante a gestação, quer através do aleitamento. Os gatinhos jovens são muito mais sensíveis à infeção pelo FeLV do que os gatos adultos. Embora possa ocorrer infeção em qualquer idade, a leucemia felina é uma doença de gatos jovens (até 6 anos de idade), não estando descrita nenhuma predileção por raça nem sexo do animal.
Como evolui a infeção? 
Quando um animal contacta com o vírus, este entra na corrente sanguínea e encaminha-se para as células do sistema imunitário. Esta primeira fase da infeção pode ter um de três desfechos possíveis: 
I. O gato consegue combater a infeção e recupera na totalidade. 
II. O organismo do gato consegue controlar parcialmente o vírus e este entra nas células da medula óssea e tem início um período de latência, que pode durar até vários anos. Os gatos em período de latência são saudáveis e têm resultados negativos nos testes específicos para a infeção pelo FeLV. Os vírus destes pacientes podem regressar ao estado de infeção ativa na sequência duma situação de stress ou da administração de determinados medicamentos. 
III. O sistema imunitário do gato não consegue controlar a infeção a nível da medula óssea e são produzidas, células infetadas para a corrente sanguínea, uma situação que se designa viremia persistente. A maioria destes gatos permanecem infetados para o resto da vida e cerca de 85% morre nos primeiros três anos após a infeção. O curso da infeção pelo FeLV depende de vários fatores, que incluem a suscetibilidade do paciente (é mais frequente os gatinhos desenvolverem viremia persistente que os gatos adultos) e do tipo de vírus envolvido (são conhecidos três: FeLV-A, FeLV-B e FeLV-C).
O FeLV-A é encontrado em todos os felinos infectados, sendo o subgrupo predominante (Quinn et al., 2005). Esse subgrupo é o único que pode ser encontrado sozinho em gatos infectados, é menos patogênico comparado aos outros, porém, o único contagioso, transmitido naturalmente de gato para gato, e está associado a imunossupressão nos gatos infectados. Os subgrupos B e C surgem a partir de mutações ou recombinações do DNA viral do subgrupo A. E apesar de serem mais patogênicos, suas replicações são defeituosas, pois suas glicoproteínas gp70 possuem estruturas alteradas, e isso reduz a ligação às células do hospedeiro, diminuindo assim os níveis de replicação. Todo gato em seu genoma apresenta sequências incompletas de DNA pró-viral de um vírus relacionado ao FeLV, chamado de FeLV endógeno (enFeLV). Como essas sequências são incompletas, elas não são capazes de transcrever vírions. Há indícios que o subgrupo B pode surgir a partir de recombinações entre o subgrupo A e o enFeLV, e está relacionado a neoplasias hematopoiéticas, sendo associado à maioria dos gatos com linfoma tímico. O subgrupo C pode surgir dessa mesma maneira, ou apenas através de mutações do subgrupo A, e está associado a anemias arregenerativas no hospedeiro. Os FeLV-B e C só são encontrados em gatos infectados em associação com o A (Sparkes, 1997, Hartmann, 2006). O enFeLV não é patogênico, e é herdado. Há também o chamado FeLV exógeno, o qual é patogênico e pode ser transmitido de gato para gato (transmissão horizontal), e ambos podem estar presentes nos gatos (Hartmann, 2006).
Quais são os sintomas destas doenças? 
Em ambos os casos (FIV E FELV), os sintomas não são característicos da infeção viral. Os gatos infetados, quer pelo FIV, quer pelo FeLV, frequentemente não apresentam nenhuns sinais de doença durante meses, ou mesmo vários anos. A medida que o sistema imunitário se deteriora pela ação do(s) retrovírus, começam a surgir períodos de doença recorrente, intervalados com períodos de aparente saúde. Os sinais de infeção podem corresponder a doença localizada em qualquer local do organismo. 
Pode observar-se: 
- falta de apetite, febre persistente, pelagem em mau estado; 
- perda de peso lenta mas progressiva; 
- inflamação oral (gengivite, tonsilite, estomatite); 
- infeções crónicas ou recorrentes a nível da pele, bexiga e/ou trato respiratório superior; 
- diarreia persistente; 
- diversos processos oftalmológicos; 
- sintomatologia nervosa, que pode incluir o aparecimento de convulsões ou alterações no comportamento; 
- anemia; 
- desenvolvimento de tumores, com destaque para o linfoma (mas não exclusivamente); 
- aborto e infertilidade, em gatas não castradas.
As neoplasias mais comuns relacionadas a essa doença são o linfoma (alimentar, muitas vezes atingindo fígado, intestino delgado ou linfonodo mesentérico; mediastinal; e o multicêntrico) e a leucemia (Quin et al., 2005; Hartmann, 2006). Essas duas neoplasias representam cerca de 30% de todos os tumores de gatos. Felinos infectados pelo FeLV têm mais chances de desenvolver o linfoma que gatos não infectados. O linfoma mediastinal cresce próximo ao timo e pode resultar em efusão pleural, podendo apresentar dispnéia ou regurgitação como sinais clínicos. O linfoma alimentar pode ter como sinais clínicos a diarréia e vômito, e também perda de peso e anorexia. Metade dos gatos com linfoma multicêntrico possuem resultado positivo para FeLV, e qualquer órgão pode estar envolvido nesse tipo de tumor (Hartmann, 2006). Pode ocorrer linfoma renal ou glomerulonefrite, levando à falência renal e sinais como polidipsia, perda de peso, poliúria e incontinência urinária. 
As leucemias mais comumente provocadas pelo vírus em questão são a linfocítica e mielogênica (Mehl, 2004; Hartmann, 2006). Na leucemia eritrocítica o número de eritrócitos nucleados é alto, pode ocorrer trombocitopenia, e até haver supressão da hematopoiese. Os sinais clínicos podem ser apatia, devido à anemia provocada; esplenomegalia e hepatomegalia com icterícia (Hartmann,2006).
DIAGNOSTICO
HEMOGRAMA/BIOQUÍMICA/URINÁLISE 
• Anemia — a anemia é arregenerativa; as anemias regenerativas costumam estar associadas a coinfecções por Mycoplasma haemofelis ou M. haemominutum. 
• Linfopenia ou linfocitose. 
• Neutropenia — pode ocorrer em resposta a infecções secundárias ou doença imunomediada. 
• Trombocitopenia e anemia hemolítica imunomediada — podem ocorrer secundariamente à formação de imunocomplexos. 
• Achados da urinálise e do perfil bioquímico sérico — dependem do sistema acometido e do tipo de doença.
OUTROS TESTES LABORATORIAIS 
• IFA — identifica o antígeno p27 do FeLV em leucócitos e plaquetas em esfregaços fixados de sangue total ou preparados de camada leucocitária; resultados positivos indicam uma infecção produtiva em células da medula óssea; 97% dos gatos positivos no teste de IFA permanecem persistentemente infectados e virêmicos pelo resto da vida; o antígeno p27 pode ser detectado por volta de 4 semanas depois da infecção, embora possa demorar até 12 semanas para se obter um teste positivo; no caso de gatos leucopênicos, usar esfregaços da camada leucocitária, em vez de sangue total. 
• ELISA — detecta o antígeno solúvel p27 do FeLV em amostras de sangue total, soro, plasma, saliva ou lágrimas; mais sensível que o IFA para detectar infecções precoces ou transitórias; um único teste positivo não pode predizer que os gatos carão persistentemente virêmicos; testar novamente 12 semanas depois; os resultados falso-positivos são mais comuns quando se usa sangue total em vez de soro ou plasma; testes positivos com saliva ou lágrimas devem ser checados com sangue total (IFA) ou soro (ELISA). 
• Alguns gatos são persistentemente positivos no teste de ELISA e negativos no teste de IFA; foi detectado material genético pró-viral do FeLV em células sanguíneas circulantes de alguns desses gatos; demonstra infecção, apesar de não haver viremia detectável associada às células. 
• A vacinação contra o FeLV não interfere nos testes, pois eles detectam o antígeno e não o anticorpo.
TRATAMENTO
• Zidovudina (Retrovir®, 5-15 mg/kg VO a cada 12 h) — proporciona melhora clínica, mas não elimina o vírus. 
• Imunomoduladores — podem aliviar alguns sinais clínicos; a alfainterferona recombinante humana (Roferon®, diluído em solução fisiológica, 30 U/dia VO por 7 dias em semanas alternadas) pode aumentar as taxas de sobrevida e melhorar a condição clínica do paciente; Propionibacterium acnes (Immunorregulin®, 0,5 mL/gato IV, 1-2 vezes por semana); acemanana (Carrasyn®, 100 mg/gato/dia VO). 
• Infecção por Mycoplasma haemofelis — suspeita em todos os gatos com anemias hemolíticas regenerativas; oxitetraciclina (Terramycin®, 15 mg/ kg VO a cada 8 h, ou Liquamycin®, 7 mg/kg IM ou IV a cada 12 h) ou doxiciclina (5 mg/kg VO a cada 12 h) por 3 semanas; utilizar glicocorticoides orais a curto prazo se houver necessidade. 
• Linfoma — tratado com os protocolos quimioterápicos combinados-padrão; períodos de remissão variam, em média, de 3-4 meses; alguns gatos podem permanecer em remissão por muito mais tempo. 
• Doença mieloproliferativa e leucemias; para anemia, tentar o uso de eritropoietina (Epogen®, 35-100 UI/kg SC a cada 48 h); para neutropenia, tentar o emprego de G-CSF recombinante humano (Neupogen®, 5μg/kg SC a cada 24 h). 
• É recomendável a vacinação anual contra vírus respiratórios e entéricos com vacinas inativadas.
Como posso evitar que o meu gato seja infetado? 
A melhor e mais eficaz forma de prevenir a infeção consiste em evitar que o seu gato contacte com gatos infetados. Isto apenas pode ser garantido se o gato for confinado ao interior da sua casa. Caso pretenda dar liberdade ao seu gato, existe uma vacina contra o FeLV, que só deve ser administrada aos gatos que tenham obtido um resultado negativo no teste rápido.
Evitar o contado do felino com o vírus por meio do não compartilhamento dos comedouros e bebedouros entre os gatos infectados e os não infectados, mantê-los sem acesso à rua, e o isolamento dos animais soropositivos, são as melhores formas de prevenção da doença. Apesar de a eficácia da vacina ainda ser questionada, seu uso deve ser considerado em gatos que ainda não foram expostos ao FeLV.
Se o meu gato morrer devido a um destes vírus, que devo fazer antes de adquirir um gato novo? 
Apesar de terem efeitos terríveis no organismo dos felinos, tanto o FIV como o FeLV são vírus de constituição frágil e apenas conseguem sobreviver durante algumas horas no ambiente. Os objetos mais utilizados pelo gato (camas, caixas de areia, pratos de água e comida, brinquedos) deverão ser substituídos ou bem lavados e desinfetados com lixívia diluída (30ml de lixívia por litro de água são suficientes). O chão e os tapetes devem ser aspirados e lavados da forma habitual. Se possível, o ideal seria que o novo gato já estivesse corretamente vacinado contra os outros agentes infeciosos (coriza e panleucopénia felinas) antes de ser introduzido em casa.
Corro algum risco se o meu gato estiver infetado? 
Não. Até à data, todos os estudos indicam que nem o FeLV, nem o FIV podem ser transmitidos aos seres humanos. Há apenas uma reserva que deve ser feita: devido à debilidade dos sistemas imunitários destes gatos, eles são portadores de várias doenças. Por esta razão (e não por causa dos vírus neles mesmos), poderão ser necessários alguns cuidados especiais com crianças pequenas, idosos e outras pessoas cujo sistema imunitário não seja perfeitamente funcional.
REFERENCIAS
Dunham SP, Graham E. Retroviral infections in small animals. Vet Clin North Am Small Anim Pract 2008, 38:879-901. 
Jarrett O, Hosie MJ. Feline leukemia virus infection. In: Feline Medicine and Th erapeutics, 3rd ed. Oxford: Blackwell, 2004, pp. 597-604. 
Levy JK, Crawford PC. Feline leukemia virus. In: Ettinger SJ, Feldman EC, eds., Textbook of Veterinary Internal Medicine, 6th ed. St. Louis: Elsevier, 2005, pp. 653-659. 
Levy J, Crawford C, Hartmann K, HofmannLehmann R, Little S, Sundahl E, Th ayer V. 2008. American Association of Feline Practitioners’ feline retrovirus management guidelines. J Feline Med Surg 2008, 10:300- 316. Lutz H, Addie D, Boucraut-Baralon C, Egberink H, Frumus T, Gruff ydd-Jones T, Hartmann K, Hosie MJ, Lloret A, Marsillo F, Pennisi MG, Radford AD, Th iry E, Truyen U, Horzinek MC. Feline leukaemia: ABCD guidelines on prevention and management. J Feline Med Surg 2009, 11:565-574.

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