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HISTÓRIA DA MÍDIA (AULA 1 Fundamentos históricos)

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HISTÓRIA DA MÍDIA E 
JORNALISMO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Otacílio Vaz 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! 
Iniciaremos uma caminhada pela história da mídia e pelo jornalismo. 
Quando iniciamos nossa comunicação? Como isso afetou o conhecimento das 
civilizações ao longo do tempo? Como as mídias foram surgindo, e quais 
mudanças elas provocaram? Essas são questões que facilmente surgem ao 
conversarmos sobre história, mídia, e como o jornalismo lançou (e lança) mão 
dessas tecnologias para suas produções. E é sobre isso que vamos conversar 
aqui! 
CONTEXTUALIZANDO 
Comunicação e conhecimento sempre andaram juntos. Você já percebeu 
como aprendemos quando nos comunicamos? Para isso, sempre precisamos 
estar em coletividade: escola, família, amigos etc. Tanto no passado como hoje, 
estar com os outros nos ajuda a ter uma noção do mundo, dos outros e de nós 
mesmos e, assim, precisamos desenvolver diferentes mídias para realizar essa 
tarefa. O homem que pintou nas cavernas é o mesmo homem que publica 
alguma notícia em um blog. A necessidade de se comunicar é a mesma; o que 
mudou foram os recursos para isso. Nunca estivemos tão conectados como hoje 
em dia! 
PROBLEMATIZAÇÃO 
Imagine quanta informação você consome todos os dias. Agora pense em 
quais são suas fontes de informação: quem são as pessoas, quais são os sites, 
jornais, livros, programas de rádio ou de televisão e aplicativos a que você 
costuma recorrer para se informar? 
Relembre cada momento do seu dia anterior e procure lembrar de tudo o 
que você viu, leu ou ouviu e que foi armazenado em sua memória. Tudo isso é 
informação que você adquiriu e que pode ou não ser transformada em 
conhecimento. Livre-se dos preconceitos. Às vezes algo simples, como um 
conselho da avó, pode ser muito valioso! 
Nesta disciplina, você vai encontrar os seguintes temas: 
• Uma história da comunicação e sua relação com o conhecimento; 
 
 
3 
• As mídias de ontem: como o conhecimento colaborou no processo 
comunicacional; 
• As mídias de hoje e a relação informação vs. conhecimento; 
• Comunicação, sociedade e as diferentes experiências; 
• A sociedade digital e a construção de personas. 
Saiba mais 
Antes de começar a leitura dos temas, confira o vídeo “How to be ‘Team 
Human’ in the digital future”, com Douglas Rushkoff, disponível neste link (o 
vídeo tem legendas em português): 
<https://m.youtube.com/watch?v=Is1YUQVYkvY>. Acesso em: 2 out. 2019. 
TEMA 1 – UMA HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O 
CONHECIMENTO 
Quando falamos em história da comunicação, uma primeira questão 
importante a considerar é que estamos pensando em pessoas. As tecnologias 
que irão surgir ao longo do tempo, todas elas, em tese, virão para melhorar o 
processo de comunicação entre pessoas. Desde as pinturas nas cavernas ao 
smartphone, o desejo presente sempre é se comunicar. Somos criaturas sociais 
que precisam da comunicação como forma de ser e estar no mundo. Para isso, 
utilizamos as diversas mídias criadas ao longo do tempo. 
E o processo comunicacional, por meio das mídias, gera frutos: o 
conhecimento. O conhecimento foi algo que conseguimos desde as antigas 
sociedades de tradição oral – isso já era um tipo de mídia. Mais tarde, já com o 
advento da escrita, várias civilizações ao redor do planeta iniciaram processos 
mais sofisticados de armazenar informações, o que deixou um legado: também 
o conhecimento. 
Podemos pensar no conhecimento como um processo individual, mas ele 
é principalmente coletivo. Os grupos humanos, ao trocar suas experiências 
individuais, criaram um acervo que será dividido entre todos daquele grupo, e 
mais tarde para outros grupos. Percebemos aqui como a comunicação está 
presente nesse processo de trocas, de vidas. Assim, montou-se o conjunto de 
conhecimento que a humanidade mantém até hoje e possibilitou tantos avanços 
em áreas como engenharia, agricultura, transporte, tecnologia etc. Portanto, não 
 
 
4 
existe uma história da comunicação sem haver juntamente uma história das 
sociedades e das mídias. 
O conhecimento é uma herança vinda de várias gerações que por aqui 
passaram e deixaram esse “anel” passado adiante, o conhecimento de uma 
cultura que molda as gerações subsequentes. E a cada nova passagem do anel, 
teremos um novo acúmulo de informações que foram sendo desenvolvidas por 
meio da comunicação estabelecida entre pessoas próximas, da mesma cultura, 
ou distantes, de outras culturas. 
Esse modelo arcaico de comunicação, seguindo principalmente o modelo 
da sociedade baseada na oralidade e na escrita, se desenvolve durante a Era 
Moderna e, ao chegarmos no século XIX, teremos as mídias de comunicação 
baseadas no modelo massivo. O jornal (além do próprio livro) pode ser 
considerado uma das primeiras mídias de massa. Podemos ver nos efeitos do 
seu consumo a criação de identidades culturais e a formação da opinião pública. 
O século XX é marcado pela criação da indústria cultural, vinda pelo rádio, 
cinema e televisão. Monta-se uma indústria de sonhos e de consumos, o 
mimetismo originado pela identificação com as estrelas dos filmes e das novelas. 
O rádio e a TV inauguram a informação instantânea, o imediatismo do jornalismo. 
O desejo por visibilidade e participação cresce entre as pessoas do século XX, 
desejo esse percebido pelo artista Andy Warhol, que no início da década de 1960 
lança a profética frase: “todos um dia teriam 15 minutos de fama”. A comunicação 
de massa é uma realidade, a publicidade cria o desejo do consumo, e produtos 
e pessoas são “consumíveis”. 
Figura 1 – Andy Warhol represetando a sociedade de consumo 
Fonte: Warhol, 1962a. 
 
 
5 
Figura 2 – Andy Warhol e sua famosa representação de Marylin Monroe 
Fonte: Warhol, 1962b. 
O século XXI será marcado pela quebra do modelo da comunicação 
massiva para a entrada do modelo pós-massivo. O conhecimento, antes 
produzido por quem possuía tecnologia e canais para divulgação, agora terá 
também o convívio com o conteúdo produzido por pessoas comuns. O 
conhecimento será algo compartilhado por todos, pelas redes sociais. 
Conteúdos são produzidos em casa (música, vídeo, fotos, animações etc.) e 
publicados na web, com alcance planetário. As antigas formas de difusão do 
conhecimento estão sendo lentamente substituídas, e a sociedade se torna na 
mais coletiva na Era Digital. 
Saiba mais 
Para mais informações sobre o conhecimento coletivo e o jornalismo, 
leia o artigo “Jornalismo e conhecimento coletivo na internet”, de Rafael 
Venancio, disponível em: <http://observatoriodaimprensa.com.br/e-
noticias/_ed801_jornalismo_e_conhecimento_coletivo_na_internet/>. Acesso 
em: 2 out. 2019. 
 
 
6 
TEMA 2 – AS MÍDIAS DE ONTEM – COMO O CONHECIMENTO COLABOROU 
NO PROCESSO COMUNICACIONAL 
Está gostando da leitura? E olha que só estamos no início! Até aqui só 
fizemos uma introdução para entendermos um pouco mais sobre qual a nossa 
proposta. A partir de agora, vamos ver com mais cuidado como foi essa trajetória 
entre a comunicação e o conhecimento ao longo do tempo, e de que forma isso 
afetou as sociedades ao redor do mundo. Vamos começar pelo início! 
Figura 3 – A pintura rupestre e o início da comunicação 
 
Fonte: thipjang/Shutterstock. 
O que você sente com essa imagem? O que ela diz a você? O que nossos 
antepassados queriam dizer? Essa é a caverna de Lascaux, na França, com 
pinturas que datam de 17 mil anos atrás. São imagens impressionantes de 
bovídeos, cavalos, cervos, cabras selvagens e felinos. Uma espécie de santuário 
que concentrava as imagens de animais que encantavam nossos ancestrais. 
Eles usaram a comunicação visual para nos dizer algo. Como eles não tinham 
uma linguagem escrita já desenvolvida, as imagens acabaram se tornando um 
recurso natural para se comunicar. Vemos que o homem sempre precisou 
comunicar o que se passava com ele e ao seu redor. 
Mas comoeles conseguiram pintar esses animais? Podemos pensar que 
desde cedo desenvolveram técnicas para conseguir os resultados desejados. Os 
artistas pré-históricos perceberam que poderiam utilizar minerais, raízes e até 
 
 
7 
sangue de animais para conseguir as cores de que precisavam. Ao moer com 
uma pedra a ponta de um galho fino, perceberam que teriam uma espécie de 
pincel para passar nas paredes das cavernas. A comunicação entre as pessoas 
proporcionou a transmissão do conhecimento, possibilitando a criação desse 
magnífico acervo artístico da humanidade. Essas experiências individuais eram 
passadas adiante e se tornavam parte do acervo de uma determinada cultura; 
foi assim que a comunicação colaborou (e colabora) para o conhecimento. 
Era necessário construir uma lembrança, um registro da passagem pela 
Terra, uma forma de dizer “olá, estivemos por aqui”. Formas de melhorar o 
processo comunicacional são constantemente procuradas ao longo do tempo e, 
conforme eram encontradas, transformavam as formas de se comunicar, 
transformando o mundo e as pessoas. A escrita é outro exemplo desse avanço. 
Figura 4 – Exemplo de escrita antiga (cuneiforme) 
Fonte: 
HansFree/Shutterstock. 
Com o desenvolvimento de diversas formas de escrita, como a cuneiforme 
(Figura 4), conseguimos então uma forma mais sofisticada de passar o 
conhecimento ao longo do tempo; criamos a história. Temos agora uma memória 
escrita que será passada adiante e acrescentada de novos conhecimentos a 
cada nova geração. Os hieróglifos (Figura 5) são outro exemplo de escrita, com 
a qual imagens representam informações a serem passadas. Mas é apenas com 
o alfabeto grego (Figura 6) que teremos um conjunto de letras para formar 
 
 
8 
palavras, oferecendo um sofisticado mecanismo para passar informações e 
conhecimentos de forma mais clara. 
Figura 5 – Escrita com hieróglifos 
Fonte: Fedor Selivanov/Shutterstock. 
Figura 6 – Gravura com o alfabeto grego 
 
Fonte: Quinn Martin/Shutterstock. 
No decorrer da Antiguidade, Idade Média e Era Moderna, essas formas 
de comunicação (oral, visual e escrita) estiveram presentes e foram utilizadas 
 
 
9 
para desenvolver o conhecimento e a cultura de diversos povos. A dinâmica do 
desenvolvimento está no homem, na sociedade. Não existe história da 
comunicação sem uma história da sociedade! 
Saiba mais 
Assista à entrevista da professora e vice-presidente da Intercom, Marialva 
Barbosa, falando sobre a história da comunicação. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7vhXckCQgMg>. 
Acesso em: 2 out. 2019. 
TEMA 3 – AS MÍDIAS DE HOJE E A RELAÇÃO INFORMAÇÃO VERSUS 
CONHECIMENTO 
Viu como é legal estudar a história das mídias? Ela nos ajuda a entender 
o mundo e a nós mesmos! Até aqui conversamos sobre uma comunicação no 
passado, mas o que podemos pensar sobre a comunicação hoje? Quando 
falamos em comunicação atual, é impossível não pensar na Era Digital. Os 
computadores, a internet e a telefonia móvel redesenharam o mundo e as 
pessoas. 
No final da década de 1990, deu-se início a uma grande transformação, 
não apenas tecnológica, mas também social. Os computadores se tornaram 
naquela época uma realidade para milhões de pessoas, e juntamente com ele 
chegaram os celulares e a www (world wide web), a internet. Ganhamos a 
possibilidade de nos conectar com o mundo, acessar informações de forma veloz 
e diversificada, entrar em contato com diferentes culturas e trocar conhecimento, 
tudo no seu computador! A telefonia móvel nos permitiu uma mobilidade não 
imaginada até então: a possibilidade de estar em qualquer lugar e poder fazer 
contato com qualquer pessoa. Isso foi fantástico! 
Agora vamos pensar que a web é o resultado do que podemos chamar de 
“convergência” – situação em que duas ou mais tecnologias diferentes se 
fundem, tornando-se uma nova tecnologia. Foi o que aconteceu entre a telefonia 
e a informática, criando a “telemática”. Com ela foi possível usar uma conexão 
discada (com o sinal da linha telefônica) para acessar a internet. No início era 
bastante limitada, mas já era possível entrar em hot sites, blogs, portais de 
 
 
10 
notícias, mandar e-mails ou baixar músicas. Baixavam-se coisas da web, mas 
não se “subia” nada. Era a primeira fase da internet, a chamada “web 1.0”. 
A partir dos anos 2000, novas possibilidades tecnológicas foram surgindo 
e, com isso, a web foi ganhando mais recursos. Começamos a poder “subir” 
dados para a internet, e novas plataformas surgem, como YouTube, Instagram, 
SoundCloud, entre outros, possibilitando o envio de vídeos, fotos, música etc. 
Estamos falando da “web 2.0”, com a qual nós, usuários, nos tornamos não só 
os antigos consumidores de conteúdo, mas também produtores de conteúdo. O 
conceito de produção de conhecimento também sofreu uma mudança com isso. 
Conhecimento não seria mais um processo individual, mas coletivo, formado 
com base no que nós e os outros colocamos à disposição, para um consumo 
comum. A ideia de um saber coletivo ganha um patamar nunca antes imaginado. 
Compartilhar se torna uma prática comum no século XXI: as experiências 
vividas, os aprendizados, o lazer, os estados de espírito, a vida. Nunca houve 
tantas ferramentas que nos estimulassem a essas práticas como hoje em dia. E 
assim fazemos (e dividimos) o conhecimento. 
Saiba mais 
Podemos ver essa dinâmica nas plataformas sociais, tão populares, que 
fazem parte do nosso dia a dia. Na comunicação, temos uma área que estuda 
essas “novas” formas de se comunicar e, mais importante, de construir 
conhecimento. Estamos falando da cibercultura. Leia o artigo “Cibercultura como 
território recombinante”, de André Lemos, texto muito didático e esclarecedor 
sobre o assunto. Boa leitura! 
 
Disponível em: <http://abciber.org.br/publicacoes/livro1/textos/cibercultura-como-territorio-
recombinante1/>. Acesso em: 2 out. 2019. 
TEMA 4 – COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E AS DIFERENTES EXPERIÊNCIAS 
Fizemos até aqui um longo caminho pela história da comunicação e das 
mídias! Vimos também como o desenvolvimento da comunicação não pode ser 
discutido sem conversar também sobre a sociedade; uma alimenta a outra. As 
comunicações se desenvolveram porque a sociedade também se desenvolveu. 
Agora, vamos pensar juntos: o que significa “experiência”? De modo bem 
simples, podemos dizer: é o que se adquire ao aprender, praticar ou vivenciar 
 
 
11 
algo. As experiências vividas por diversas sociedades são diferentes, porém, no 
conjunto, foram essas diferentes experiências que construíram, ao longo do 
tempo, o que possuímos de conhecimento. 
A comunicação pode ser entendida como a cola que uniu e possibilitou 
essas experiências, as quais se perpetuaram no tempo. A troca de experiências 
vividas entre as pessoas nos ofereceu a herança, o “anel”, já citado 
anteriormente. Modificaram a sociedade que, já transformada, cria novas 
demandas por soluções para melhorar seu processo comunicacional. Portanto, 
podemos entender isso como um movimento de retroalimentação: a sociedade, 
ao se comunicar, se transforma; ao se transformar, cria novas necessidades para 
melhor se comunicar. Isso acontece desde as belas pinturas rupestres até o 
Facebook! 
As experiências vividas com as imagens nas cavernas fizeram nossos 
ancestrais perceberem que era possível uma comunicação visual mas, como 
não era possível passar com elas todas as ideias necessárias para uma melhor 
expressão, eles recorreram ao aprimoramento da linguagem, e a comunicação 
oral ganha, aos poucos, melhores recursos para se fazer entender. Isso nos leva 
ao desenvolvimento da linguagem escrita e das linguagens pictográficas (que 
ainda utilizam a imagem), aprimorando-se com o tempo, como visto com o 
alfabeto grego. A Antiguidade, por exemplo, já possuía essas diversas 
tecnologias à disposição. Afrescos decorando o interior de templos e palácios já 
colocavam em prática aquelaantiga comunicação visual, experimentada pelos 
ancestrais nas cavernas; e livros manuscritos medievais são a herança das 
antigas formas de passar conhecimento pela palavra. 
Essa experiência permitiu que Gutenberg transformasse a Era Moderna 
com a possibilidade dos impressos, com os livros, jornais e todas as suas 
variações. Se comunicar com um maior número de pessoas ao mesmo tempo 
trouxe a possibilidade do rádio e da televisão, o que transformou a forma de as 
pessoas experimentarem a comunicação. O que foi vivido pela comunicação 
massiva nos permitiu a comunicação pós-massiva; e a sociedade, já 
transformada, precisou se transformar novamente. Novas experiências estão 
causando novas transformações, e a sociedade e a comunicação não são mais 
as mesmas. Como diria o poeta Cazuza, vivemos “na moda da nova Idade 
Média, na mídia da novidade média”. 
Sugestão de leitura 
 
 
12 
BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: de Gutenberg à 
internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. 
TEMA 5 – A SOCIEDADE DIGITAL E A CONSTRUÇÃO DE PERSONAS 
A nova idade é a idade digital, a Era Digital. Com ela, temos muitas 
transformações, não só no aspecto tecnológico (mais perceptível), mas também 
no aspecto social. A sociedade se transformou (e está se transformando) com a 
Era Digital. Um de seus aspectos mais relevantes é o comportamento das 
pessoas nas redes sociais. Já conversamos sobre a forma de divisão do 
conhecimento na web, mas o que percebemos hoje em dia sobre como o 
indivíduo se comporta com ela? 
A web, por ser um ambiente virtual, é também um ambiente manipulável, 
e nem sempre tão legítimo assim. Nas redes sociais é possível criar perfis com 
a foto e a descrição de nós mesmos, da forma que mais convém. Nisso há a 
possibilidade de criar também perfis fictícios, sem compromisso com a realidade, 
mas com a ideia de um ideal, não do real. Na verdade, as personas que podem 
ser criadas nas redes sociais são lados, faces de nós mesmos, que às vezes 
não aparecem no mundo “off-line”, mas que no universo do “on-line” são 
totalmente possíveis. E o conteúdo produzido por essas personas é dividido com 
todos. 
Mas um outro aspecto que precisamos observar nas redes sociais é sobre 
como as pessoas se expõem nesse ambiente. Já parou para pensar sobre como 
estamos expostos na web? Não? Paula Sibilia, em seu livro O show do eu 
(2008), utiliza um termo batizado como “extimidade”, uma palavra para 
exemplificar algo que seria o contrário de “intimidade”. A autora compara como 
a sociedade do final do século XIX e início do XX valorizava os ambientes íntimos 
(o quarto, o escritório) e como eles foram importantes para uma produção em 
que só era possível com o isolamento em relação aos outros. Cartas, diários e 
livros só eram possíveis, ou funcionavam melhor, se estivéssemos em um 
ambiente isolado, longe da vista dos outros. Mas, o que mudou nas atuais 
práticas das redes sociais? 
A partir da metade do século XX, com a indústria cultural produzindo 
conteúdos principalmente pelo cinema e pela televisão, cresce no público um 
desejo por visibilidade – as pessoas queriam ser vistas. Além da identificação 
com os astros e estrelas, as pessoas queriam também ter a visibilidade dos seus 
 
 
13 
ídolos, porém, as tecnologias que permitiam o vídeo, o áudio e as fotos estavam 
nas mãos de poucos; havia um monopólio da tecnologia. Com esse acesso 
adquirido no final do século XX e início do século XXI, surgem novas tecnologias 
e plataformas que permitirão a qualquer pessoa a possibilidade de produzir, 
editar e publicar conteúdos. 
As vidas antes íntimas agora se tornam públicas com as redes sociais, e 
essa exibição da intimidade vem sendo tratada ao longo deste século como algo 
normal, parte de nossa rotina. Mesmo assim, ainda causa muito incômodo em 
outros. Trata-se de algo que veio para ficar? Isso se tornará uma prática comum 
entre todos? Ainda não temos respostas para essas questões, mas cabe a nós, 
da comunicação, observar esses novos e velhos comportamentos. 
Figura 7 – A exposição da vida pessoal nas redes sociais 
 
Fonte: Studio_G/Shutterstock. 
Saiba mais 
Para mais informações sobre o avanço da tecnologia e as novas formas 
de exibir a vida pessoal nas redes sociais, leia o artigo “Perfis no Facebook agora 
 
 
14 
podem ter vídeo e avatar temporário”, de Rafael Silva (2015), que fala sobre 
como esse site vem incorporando mais ferramentas de compartilhar 
informações. 
 
Disponível em: <http://www.b9.com.br/60998/social-media/perfis-no-facebook-agora-podem-ter-
video-e-avatar-temporario/>. Acesso em: 2 out. 2019. 
TROCANDO IDEIAS 
Vimos, nesta aula, como a trajetória das sociedades implicou grandes 
transformações no processo comunicacional e nos diferentes tipos de mídia. 
Vimos que existe todo um caminho percorrido pelas diferentes mídias, desde as 
mais arcaicas e fundamentais, até as mídias digitais da atualidade. Mas todas 
elas são fruto de uma sociedade transformada por esse constante processo 
entre velhas e novas mídias. 
NA PRÁTICA 
É extremamente importante, para o profissional do jornalismo 
contemporâneo, não apenas ter uma boa compreensão sobre como sua 
atividade se comporta com as novas tecnologias e comportamentos sociais, mas 
também pensar sobre como é importante ter uma visão clara sobre todo o 
caminho evolutivo que a comunicação e as mídias percorreram até os nossos 
dias. Assim, teremos um profissional com visão ampla sobre o que foi, o que é, 
e o que será a atividade jornalística. 
FINALIZANDO 
Este foi o primeiro de muitos encontros! Vimos como somos seres 
comunicacionais, sempre fomos e provavelmente nunca deixaremos de ser. 
Vimos como o processo de se comunicar foi se modificando junto com a 
sociedade, e como um influenciou o outro: a comunicação modifica a sociedade, 
e a sociedade modificada transforma a comunicação. 
Ao longo de diferentes épocas, percebemos como os diferentes povos ao 
redor do planeta foram encontrando novos recursos para se comunicar melhor, 
e como isso os transformou. Trata-se da importância da comunicação para 
formar o conhecimento, algo construído por meio das gerações, possibilitando 
 
 
15 
que as diversas culturas surgissem e fossem passadas adiante. Comunicação, 
conhecimento e tecnologia, como elementos indissolúveis no desenvolvimento 
social. Vimos os avanços tecnológicos que melhoram o processo 
comunicacional, melhorando as trocas de conhecimento e ampliando as 
influências mútuas. 
Viu como a industrialização do mundo ocidental e a consequente criação 
de uma sociedade de consumo afetaram os meios de comunicação? As grandes 
mídias de massa, como o rádio, a televisão e o cinema, transformaram o século 
XX de forma definitiva. A indústria cultural produziu sonhos para as pessoas, 
criou um fascínio pela visibilidade e o desejo de ver e ser visto na multidão. Na 
Era Digital, com as novas possibilidades de produzir conteúdo, as experiências 
pessoais agora compartilhadas e uma democracia digital, aos poucos 
percebemos uma quebra dos antigos monopólios da informação, em que 
pessoas anônimas também produzem conteúdos apresentados nos telejornais 
de todo dia. São aspectos como esses que vamos discutir ao longo dessa incrível 
jornada que é a história da comunicação!

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